A Igreja celebrou, em 22 de julho, a festa de Santa Maria Madalena. Foi ela grande colaboradora de Jesus Cristo, seguiu-O até a cruz. Presenciou a crucificação, a sepultura, o túmulo vazio e a ressurreição.
A teóloga holandesa Esther de Boer, em seu livro “Maria Madalena - A Discípula Amada” – 2005, Paulus Editora, analisa essa discípula do Senhor nos quatro Evangelhos a partir da ressurreição. Em MARCOS, destaca o medo. Grande foi o susto dela, de Maria mãe de Tiago e Salomé ao entrarem no sepulcro e verem sentado um jovem vestido de branco que lhes anunciou que Jesus havia ressuscitado. Para MATEUS, a fé ocupa o lugar central. O anjo lhes disse que não temessem, mostrou o lugar onde repousara o corpo de Jesus. Com alegria, elas foram anunciar aos discípulos que Ele ressuscitara. LUCAS recorda que Maria Madalena era a mulher de quem Jesus expulsara sete demônios. O número sete pode indicar a totalidade. Nesse caso, Maria Madalena teria sido possuída totalmente e curada plenamente. Para os helenistas, segundo Boer, a alma era constituída por oito partes: a faculdade de sentir, ouvir, tocar, saborear, ver, desejar e falar. A oitava era a que comandava. Possuía, como tarefa, dominar as outras faculdades e orientá-las. Cada uma delas, porém, pretendia chegar a uma harmonia com o Divino. Nessa perspectiva, Jesus teria restituído a Madalena a capacidade de discernir e agir com equilíbrio em comunhão com o Criador. Em JOÃO, o elemento mais característico dela é a sua constância. Mesmo quando os outros se foram, ela ficou junto ao sepulcro, à procura da consolação por meio de sua proximidade física. E se fez sinal de coragem perante as autoridades hebraicas e romanas.
Com maior ou menor frequência, experimentamos a angústia de Santa Maria Madalena. Madrugada obscura, perturbação, deserto e solidão, embora possa haver outras pessoas por perto. A inquietude aperta o peito, vinda de um acontecimento doloroso, de uma perda, de uma vivência cinza, de uma derrota, de um temor maior, da constatação da fragilidade, de um limite físico... Às vezes, nem mesmo conseguimos dar nome à agonia que nos toma, porque fantasmas pessoais despertam e nos confundem. A alma se fecha com uma pedra ou está aberta, porém vazia. Não se pode, nesse tempo, abdicar da fé, da perseverança e da coragem. É preciso mastigar as ervas amargas e repelir a desarmonia para ouvirmos o nosso nome, proclamado com doçura pelo Ressuscitado, que nos consola e nos faz reagir.
Maria Cristina Castilho de Andrade
É educadora e coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher/ Magdala, Jundiaí, Portugal
OS MEUS LINKS