PAZ - Blogue luso-brasileiro
Domingo, 27 de Junho de 2010
PAULO ROBERTO LABEGALINI - VIVENDO E APRENDENDO

 

                        

 

 

A história abaixo veio da França, onde vivem a Sandra e o Ricardo. Ela me encaminhou o texto, com estas palavras no corpo do e-mail: “Oi Paulo, tudo bem por ai? Muita agitação com os jogos da copa? Por aqui tudo tranqüilo, sem agitação, nem parece que estamos tendo uma copa do mundo. Ainda mais agora, com a França fora. Recebi este texto e achei interessante, é por isso que te repasso. Abraço a todos”.

Uma moça tinha um relacionamento difícil com o pai. Quase nunca conversavam, mas surgiu a oportunidade de viajarem juntos de carro e ela imaginou que seria um bom momento para se aproximarem.

Durante o trajeto, o pai comentou sobre a degradação de um córrego que acompanhava a estrada. A garota olhou para o córrego ao seu lado, lembrou um cenário de Walt Disney e teve a certeza de que ela e o pai realmente não tinham a mesma visão da vida. Seguiram a viagem sem trocar mais palavras.

Anos depois, a moça fez a mesma viagem por aquela estrada, dessa vez com uma amiga. Estando agora ao volante, ela surpreendeu-se. Do lado esquerdo, o córrego era realmente feio e poluído como seu pai havia descrito, ao contrário do belo córrego que ficava do lado direito da pista. E uma tristeza profunda se abateu sobre ela por não ter levado em consideração o comentário do pai, que havia falecido no ano anterior.

Pois é, isso acontece sempre: a gente vê o que mostra a nossa janela e quase nunca a janela do outro. A mesma estrada para uns é infinita; para outros, curta. Boa parte dos brasileiros acredita que o país está melhorando, enquanto outra parcela da população perdeu totalmente a esperança. Alguns celebram a tecnologia como um fator essencial da sociedade, outros lamentam que as relações humanas estejam tão frias. Assim, muitos grudam o nariz na sua janela, somente nos seus próprios interesses.

E também pela internet recebi um texto de William Shakespeare – poeta e dramaturgo inglês do século 19. Gostei destes trechos:

“Depois de algum tempo você aprende a sutil diferença entre dar as mãos e acorrentar uma alma. E você aprende que amar não significa apoiar-se e que companhia nem sempre significa segurança. E começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança. E aprende a construir todas as suas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão.

Depois de algum tempo você aprende que não importa o quanto você se importe, algumas pessoas simplesmente não se importam. E aceita que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la por isso. Aprende que falar pode aliviar dores emocionais.

Descobre que se levam anos para se construir confiança e apenas segundos para destruí-la; você pode fazer coisas em um instante, das quais se arrependerá pelo resto da vida. Aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias. O que importa não é o que você tem na vida, mas quem você tem na vida. Bons amigos são a família, que nos permitiram escolher.

Aprende que não temos que mudar de amigos se compreendermos que amigos mudam; percebe que seu velho amigo e você podem fazer qualquer coisa, ou nada, e terem bons momentos juntos. Descobre que as pessoas com quem você mais se importa na vida são tomadas de você muito depressa, por isso sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas – pode ser a última vez que as vejamos.

Aprende que ou você controla seus atos ou eles o controlarão, e que ser flexível não significa ser fraco ou não ter personalidade, pois não importa quão delicada seja uma situação, sempre existem dois lados. Descobre que, algumas vezes, a pessoa que você espera que o chute quando você cai é uma das poucas que o ajudam a levantar-se.

Aprende que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência que se teve e o que você aprendeu com elas do que com quantos aniversários celebrou. Aprende também que há mais de seus pais em você do que você suponha.

Aprende que quando está com raiva tem o direito de estar com raiva, mas isso não lhe dá o direito de ser cruel. Aprende que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas vezes você tem que aprender a perdoar-se. Aprende que com a mesma severidade com que julga, você será em algum momento condenado.

Aprende que o tempo não é algo que se possa voltar atrás; portanto, plante seu jardim e decore sua alma, ao invés de esperar que alguém lhe traga flores. E você aprende que realmente pode suportar, que é forte para ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais.

E aprende finalmente que a vida tem valor e que você tem valor diante da vida!”

Eu completaria Shakespeare, dizendo: ‘com Cristo, por Cristo e em Cristo alcançaremos a salvação’. Isto significa: aprender a viver.

 

PAULO ROBERTO LABEGALINI --    Escritor católico, Professor Doutor da Universidade Federal de Itajubá-MG. Pró-reitor de Cultura e Extensão Universitária da UNIFEI

 



publicado por Luso-brasileiro às 19:06
link do post | comentar | favorito

mais sobre mim
arquivos

Março 2024

Fevereiro 2024

Janeiro 2024

Dezembro 2023

Novembro 2023

Outubro 2023

Setembro 2023

Agosto 2023

Julho 2023

Junho 2023

Maio 2023

Abril 2023

Março 2023

Fevereiro 2023

Janeiro 2023

Dezembro 2022

Novembro 2022

Outubro 2022

Setembro 2022

Julho 2022

Junho 2022

Maio 2022

Abril 2022

Março 2022

Fevereiro 2022

Janeiro 2022

Dezembro 2021

Novembro 2021

Outubro 2021

Setembro 2021

Julho 2021

Junho 2021

Maio 2021

Abril 2021

Março 2021

Fevereiro 2021

Janeiro 2021

Dezembro 2020

Novembro 2020

Outubro 2020

Setembro 2020

Agosto 2020

Julho 2020

Junho 2020

Maio 2020

Abril 2020

Março 2020

Fevereiro 2020

Janeiro 2020

Dezembro 2019

Novembro 2019

Outubro 2019

Setembro 2019

Agosto 2019

Julho 2019

Junho 2019

Maio 2019

Abril 2019

Março 2019

Fevereiro 2019

Janeiro 2019

Dezembro 2018

Novembro 2018

Outubro 2018

Setembro 2018

Julho 2018

Junho 2018

Maio 2018

Abril 2018

Março 2018

Fevereiro 2018

Janeiro 2018

Dezembro 2017

Novembro 2017

Outubro 2017

Setembro 2017

Agosto 2017

Julho 2017

Junho 2017

Maio 2017

Abril 2017

Março 2017

Fevereiro 2017

Janeiro 2017

Dezembro 2016

Novembro 2016

Outubro 2016

Setembro 2016

Julho 2016

Junho 2016

Maio 2016

Abril 2016

Março 2016

Fevereiro 2016

Janeiro 2016

Dezembro 2015

Novembro 2015

Outubro 2015

Setembro 2015

Agosto 2015

Julho 2015

Junho 2015

Maio 2015

Abril 2015

Março 2015

Fevereiro 2015

Janeiro 2015

Dezembro 2014

Novembro 2014

Outubro 2014

Setembro 2014

Agosto 2014

Julho 2014

Junho 2014

Maio 2014

Abril 2014

Março 2014

Fevereiro 2014

Janeiro 2014

Dezembro 2013

Novembro 2013

Outubro 2013

Setembro 2013

Agosto 2013

Julho 2013

Junho 2013

Maio 2013

Abril 2013

Março 2013

Fevereiro 2013

Janeiro 2013

Dezembro 2012

Novembro 2012

Outubro 2012

Setembro 2012

Agosto 2012

Julho 2012

Junho 2012

Maio 2012

Abril 2012

Março 2012

Fevereiro 2012

Janeiro 2012

Dezembro 2011

Novembro 2011

Outubro 2011

Setembro 2011

Julho 2011

Junho 2011

Maio 2011

Abril 2011

Março 2011

Fevereiro 2011

Janeiro 2011

Dezembro 2010

Novembro 2010

Outubro 2010

Setembro 2010

Agosto 2010

Julho 2010

Junho 2010

Maio 2010

Abril 2010

Março 2010

Fevereiro 2010

Janeiro 2010

Dezembro 2009

Novembro 2009

Outubro 2009

Setembro 2009

Agosto 2009

Julho 2009

favoritos

JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINEL...

pesquisar
 
links