PAZ - Blogue luso-brasileiro
Sábado, 27 de Maio de 2017
JORGE VICENTE - MAIS CONFIANÇA

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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                   As saudades que eu sinto,

                   De quando eu era criança,

                   Podem querer, não minto,

                   Foram de muita esperança.

 

                  Os dias eram bem passados,

                  Tudo batia muito certo.

                  Nunca fomos ignorados,

                  Livravam-nos do deserto.

 

                  Hoje, adultos ignorados,

                  Nem tudo é um mar de rosas.

                  Estamos ultrapassados,

                 Transformados mariposas.

 

                 Assim passam as gerações,

                 Confiantes na esperança...

                 De um dia verem as atenções,

                 Viverem com mais confiança.

 

 

 

 

JORGE VICENTE    -   Fribourgo, Suiça

 

 

 

***

 

FALANDO DA HISTÓRIA DO ROTARY NO BRASIL

ROTARY CLUB RIO DE JANEIRO

 

 

Matéria selecionada pelo Companheiro Boaventura Nogueira – Torres Vedras/Lisboa

 

 

 

 

História

 

Em 29 de janeiro de 1921, um grupo de homens de negócios e profissionais liberais fundou, na cidade do Rio de Janeiro, o que pretendia que fosse o primeiro Rotary Club do Brasil. Rotary International, entretanto, ao receber o pedido de filiação do novo clube e verificando a predominância de nacionais de outros países entre aqueles dezessete membros fundadores, desaprovou a sua constituição e sugeriu que viessem a ser convidados mais brasileiros.

Os signatários daquela primeira ata logo se dispersaram e, somente em 15 de dezembro de 1922, quase dois anos depois, veio o Rotary Club do Rio de Janeiro a ser, efetivamente, criado, mediante notável trabalho realizado por Heriberto Percival Coates, então membro do Rotary Club de Montevidéu e representante do Rotary International para a fundação do primeiro clube em país de língua portuguesa. Dentre os seus fundadores, apenas Herbert Moses havia assinado a ata de 29 de janeiro de 1921: Richard P. Momsen, ausente do país, somente ingressou no clube onze meses mais tarde.

Cumpre destacar a atuação de Robert Shalders, secretário geral do clube durante os cinco primeiros anos. Shalders, por seu entusiasmo e persistência, foi, certamente, o grande responsável pela consolidação da nova unidade rotária e o seu grande arquiteto.

A Década de Vinte
Como disse Alberto Amarante em seu precioso livro Contribuição à História do Rotary no Brasil, editado em 1973 ao ensejo do aniversário de cinquenta anos do Rotary Club do Rio de Janeiro, pouco se sabe das atividades do clube durante os dois anos iniciais de sua vida, pois os seus anais somente começaram a ser escritos em 14 de novembro de 1924, com a publicação do primeiro boletim de suas reuniões, na época chamado Notícias Rolarias. A partir de então e até hoje, as atas dos trabalhos do clube vêm registrando, cuidadosamente, os fatos mais notáveis ocorridos em nossa cidade e no próprio país. A constatação de haver o clube preservado esse acervo já evidencia um relevante serviço prestado à cultura brasileira, pois os acontecimentos ali relatados, muitos dos quais não perpetuados alhures, demonstram que os primeiros rotarianos, e os que os seguiram, além de vivenciarem episódios históricos importantes, sobre eles exerceram, algumas vezes, fundamental influência, estimulando-os, motivando-os e, até mesmo, provocando-os.

Na verdade, o Clube do Rio foi criado em época de grandes transformações.

Na velha Europa, o espetro da guerra parecia estar definitivamente afastado e os estadistas, debruçados sobre as mesas de negociações, teciam acordos e tratados, com os quais acreditavam assegurar a paz por que ansiava uma humanidade tão sofrida.

Erasmo Braga, em nosso clube, acompanhava de perto todas essas tratativas, apoiando-as ou criticando-as, mantendo os seus companheiros sempre bem informados.

O ano de 1922, que viu surgir o rotarismo no Brasil, foi particularmente significativo. Em São Paulo, na Semana de Arte Moderna, os artistas e intelectuais brasileiros rompiam com os estilos tradicionais, numa demonstração da maturidade da cultura de vanguarda em nosso país. A preocupação com a arte, no terreno da música, da pintura, da caricatura, da literatura, da poesia e do teatro, foi sempre uma constante entre os rotarianos. Todas as nossas grandes festas, como se verá adiante, foram sempre emolduradas com representações artísticas dos maiores nomes da cultura brasileira, como Coelho Netto, Eleazar de Carvalho, Villa-Lobos, Bensazoni Lages, Stella Leonardos e tantos e tantos outros.

Mas tínhamos também nossos próprios artistas: Lucílio de Albuquerquer e sua esposa Georgina, cujos quadros acham-se ainda expostos no Museu de Arte Moderna, como obras características da pintura brasileira do século XX; Mattos Pimenta, o reformador da cidade; José Marianno Filho, que cuidava da preservação de nosso patrimônio histórico, opondo-se a todos que o quisessem ameaçar, inclusive a Lúcio Costa, que, no seu entender, estava trazendo para o Brasil uma arquitetura inadequada ao nosso clima; Rodrigo Octavio Filho, o grande acadêmico e orador; Raul Pederneiras, o mestre da caricatura no Rio de Janeiro; Bastos Tigre, o poeta, somente para citar os primeiros.

Em nossa cidade, um novo Rio surgia em contraposição ao velho Rio das epidemias, que, antes, até mesmo, lhe valera o apelido de "cidade necrópole." A obra de Pereira Passos e de Oswaldo Cruz havia resultado numa metrópole saneada, com seus jardins, praças e boulevards clamando para serem exibidos a quem aqui chegasse.

Para tal, um singular evento havia sido concebido, uma grande festa internacional, destinada a congregar gentes de toda a parte, a pretexto de se celebrar o aniversário de cem anos do Grito de Ipiranga. E foi certamente durante a grande Exposição do Centenário, em 1922, que os rotarianos fundadores, percorrendo encantados os imponentes pavilhões de cada nação, construídos especialmente na área que se tornou disponível com o desmonte parcial do morro do Castelo, encontraram inspiração para convencer empresários e governo a organizar, anos depois, um novo evento internacional, este já voltado, então, para- a divulgação de nossos produtos e de nossa potencialidade econômica. A Eeira de Amostras do Rio de Janeiro, a primeira que se realizou no Brasil, perseguida que foi pêlos rotarianos durante alguns anos, insere-se no rol das grandes realizações do Rotary do Rio de Janeiro em prol do desenvolvimento do Brasil. E quando a idéia finalmente se concretizou, foi no Pavilhão da Argentina que se fez realizar, no dia da inauguração, a reunião semanal do Conselho Diretor de nosso clube.

No campo da política, nesse mesmo ano, era fundado o Partido Comunista Brasileiro, cuja ideologia, por abrigar a privação da liberdade e a supremacia do Estado sobre os direitos dos cidadãos, esfacelou-se antes mesmo do final do século, em decorrência da explosão do império soviético. E, certamente, as gerações futuras irão aprender, no grande livro da História, que o ideal rotário de "Servir, Antes de Pensar em Si" maiores benefícios vem trazendo para a humanidade do que as convicções políticas radicais e o fanatismo religioso, advindos eles da direita ou da esquerda.

A década de vinte foi, também, a época das grandes aventuras aéreas, em que os heróis alados, "por ares nunca dantes navegados", ousaram rasgar céus e nuvens, mostrando aos pobres mortais que, maravilhados, os contemplavam, que o homem se tornara em um novo pássaro a voar, mas, nas palavras do poeta, num "pássaro com alma." Gago Coutinho, que naquele mesmo memorável ano de 1922 realizara a primeira travessia aérea sobre o Atlântico Sul, unindo o Tejo à Guanabara, para glória da brava gente lusitana, sempre que esteve no Brasil, freqüentou as reuniões de nosso clube. Seus relatos entusiasmavam a todos e, saciando a sede dos rotarianos com relação às novas aventuras aéreas, permitia que se acompanhasse, mais de perto, os reides de Ramon Franco, Pinedo, Del Prete, Lindenberg e tantos outros. Na década seguinte iria Gago Coutinho trazer-nos o Dr. Ugo Eckner, que, comandando o Graff Zeppelin, chegava ao Rio navegando com o sextante inventado por seu amigo almirante português e, podemos dizer, seu anfitrião em nosso clube. O interesse pelo dirigível foi tanto, que alguns rotarianos e jornalistas brasileiros logo se propuseram a viajar pelo mundo naquela aeronave sem asas, entre eles Anna Amélia de Queiroz Carneiro de Mendonça, a Rainha dos Estudantes, esposa de nosso companheiro Marco Carneiro de Mendonça. Mais tarde, ainda com a lembrança viva das imagens deslumbrantes que, lá dos céus, pôde ver, escreveu um livro chamado Quatro Pedaços do Planeta no Tempo do Zepelim, em que divide com quem quer que o leia aquela bela e singular experiência.

O amor pela aviação não durou apenas uns poucos momentos. Logo os rotarianos perceberam que estavam no limiar de um novo tempo e para que não se sentissem ultrapassados, logo propõem como sócios do clube dois grandes aviadores do Brasil: Godofredo Vidal que, poucos anos antes, participara do histórico reide sobre os Andes, e António Guedes Muniz, hoje considerado o Patrono da Indústria Aeronáutica Brasileira. Quantas e quantas reuniões plenárias de nosso clube foram enriquecidas com palestras sobre aviação. 

 

 

 

***

 

 

https://sol.sapo.pt/noticia/564979/brasilia-protestos-terminam-com-exercito-nas-ruas-49-feridos-e-oito-detidos-

 

 25 de maio 2017

 

Brasília. Protestos terminam com exército nas ruas, 49 feridos e oito detidos

 

Manifestação contra Temer na capital brasileira desencadeou confrontos violentos e atos de vandalismo nas ruas e em edifícios de alguns ministérios. Presidente convocou Forças Armadas para conter a violência

 

 

António Saraiva Lima
antonio.lima@newsplex.pt

 

Convocada pelas centrais sindicais brasileiras para reivindicar a demissão de Michel Temer e protestar contra reformas da Previdência social, a manifestação que teve lugar ontem em Brasília deveria ter ocorrido de forma pacífica. Mas passada apenas uma hora do início dos protestos – que duraram quatro horas, entre as 13h30 e as 17h30 locais (mais quatro horas em Portugal continental) – a zona da Esplanada dos Ministérios já estava transformada num verdadeiro palco de guerra, que apenas voltou à normalidade quando o presidente autorizou o destacamento das Forças Armadas para o local.

De acordo com a organização dos protestos, participaram na manifestação mais de 100 mil pessoas, embora as autoridades brasileiras falem em cerca de 35 mil. O início da violência terá começado quando um grupo de manifestantes começou a lançar garrafas contra a polícia que bloqueava o acesso à área mais próxima do Congresso Nacional e do Palácio do Planalto. O “Estado de São Paulo” refere que os agentes responderam com gás e spray pimenta e instaram os protestantes a dispersar. A decisão não foi acatada e a situação descontrolou-se rapidamente, pese os pedidos incansáveis de calma dos responsáveis máximos dos sindicatos, através dos megafones trazidos para o protesto.

Os manifestantes atearam fogo às casas de banho públicas e às paragens de autocarro daquela área e conseguiram invadir as zonas de acesso aos edifícios dos ministérios da Agricultura, do Planeamento, dos Transportes e da Fazenda, que tiveram de ser evacuados. No primeiro ministério também foi ateado fogo, que resultou num incêndio de largas proporções. O balanço final aponta para 49 feridos, oito detenções e incontáveis estragos materiais. 

O descontrolo em Brasília e o receio de que aquele clima de violência se pudesse estender a outras cidades levou o governo a tomar medidas drásticas. Cerca de 1500 soldados do exército foi destacados para as ruas para conter a violência e por lá se manterão nas próximas horas. “O presidente entende que é inaceitável a baderna e o descontrolo, e não permitirá que atos como este venham a perturbar um processo que se desenvolve de maneira democrática e em respeito com as manifestações”, explicava ontem o ministro da Defesa, Raul Jungman, citado pela “Folha de São Paulo”, na hora de justificar a decisão de chamar as Forças Armadas.

No Brasil especula-se cada vez mais sobre a hipótese da abertura de um novo processo de “impeachment”a um presidente – Dilma Rousseff foi afastada do cargo em agosto de 2016, de acordo com essa mesma moldura constitucional –, muito por culpa da revelação das gravações, levadas a cabo por dois administradores da empresa JBS, e nas quais se sugere que Temer terá tentado comprar o silêncio do ex-líder líder da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, detido no âmbito da Operação Lava Jato. O presidente do Brasil garante que não se vai demitir.

 

Semanário “SOL” - 25 de maio 2017 - Lisboa

 

***

 

 

http://issuu.com/itaqueraemnoticias/docs/ed663jornalin

 

PONTO DE VISTA

 

A MEMÓRIA DO BOLSO

 

*Almir Pazzianotto Pinto

 

 

O excelente artigo “Páscoa eleitoral de Lula”, do jornalista José Roberto de Toledo (O Estado, 20/4/2017, A6), analisa as razões de o petista apresentar o maior eleitorado cativo entre possíveis candidatos à presidente em 2018. O jornalista apoia-se em recentes pesquisas de opinião pública para demonstrar a dianteira do ex-presidente nesta fase de estudos e preparação, contra pré-candidatos como Marina Silva, José Serra, Joaquim Barbosa, Geraldo Alckmin, Aécio Neves, Ciro Gomes, Jair Bolsonaro, João Dória. Mais do que as pesquisas mencionadas, sujeitas a erros e flutuações, impressionou- -me o argumento segundo o qual o “ex-presidente renasceu por três motivos: governo Temer, a memória de bolso e, paradoxalmente, a Lava Jato”. “Quanto pior a avaliação do governo Michel Temer, maior fica o capital político acumulado de Lula”, escreve José Roberto de Toledo. A comparação parece-me inevitável. O eleitorado popular, avesso à política e enojado diante do que vê e ouve, antes de decidir em quem votar consultará o bolso, olhará para o desemprego e levará em conta o aumento do custo de vida. Quem argumenta coloca- -se em posição de inferioridade, disse alguém. Argumentar com quem se encontra desempregado, ganha minguada aposentadoria ou pensão, perdeu o convênio médico, tem o aluguel e as prestações atrasadas ou quitadas com pesados sacrifícios, mais do que inútil será ridículo. “A Lava Jato acabou por nivelar o campo da corrup- ção”, adverte o articulista. “A elite política do País sob investigação”, é o título da matéria de O Estado, na edição de 12 de abril, página A10. Basta olhar as fotografias e os nomes de ministros, senadores, governadores, deputados federais, prefeitos, para nos darmos conta de que poucos entre aspirantes á presidência da República escaparam à peneira das delações. Luís Inácio Lula da Silva está mais enredado do que os demais acusados. Nos depoimentos é repetidamente citado como cérebro e comandante da maior rede de corrupção da História brasileira. Chegará ileso ao ano que vem? É a dúvida que aflige possí- veis adversários. Se chegar e disputar, o povo decidirá de maneira pragmática. Entre os candidatos escolherá aquele que lhe é mais familiar ou em quem ainda acredita. Vejam o exemplo de Getúlio Vargas. Despojado pelos militares da presidência da República no golpe de 29 de outubro de 1945 e confinado em São Borja, no distante interior do Rio Grande do Sul, com uma carta aos trabalhadores elegeu presidente da República o general Eurico Dutra. Numa época em que as comunicações eram precárias, sem deixar a fazenda elegeu- -se senador pelo Rio Grande do Sul e São Paulo, e deputado federal pelo Rio Grande do Sul, São Paulo, Distrito Federal, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia e Paraná, como permitia a legislação da época (Dicionário Histórico- -Biográfico, Ed. FGV, RJ, 2ª Ed., 2001, vol. V, pág. 5944). Autor da Consolidação das Leis do Trabalho, com a qual resgatou os trabalhadores da exploração a que eram submetidos no inicio da industrialização, Vargas voltou à presidência aos 67 anos em janeiro de 1951. Na iminência de ser mais uma vez deposto, suicidou-se em 24/8/1954. Deixou carta-testamento que reverteu a crise política e assegurou a eleição de Juscelino Kubitscheck e João Goulart. Os latino-americanos adoram cultuar os mortos. Vejam- -se os casos de Juan Domingo Perón (1895-1974) e Carlos Gardel (1890-1935). O peronismo segue sendo o grande eleitor argentino e Gardel canta cada vez melhor, segundo os admiradores do tango. Longe estou de comparar o gênio de Vargas com o oportunismo de Lula. São personalidades e caracteres radicalmente opostos. Nenhuma vaga semelhança há entre ambos. Não se lhes pode negar, entretanto, que nas duas vezes em que se elegeram contaram com o decisivo apoio das camadas populares. O regime democrático tem por fundamento a soberania popular, “exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos”, prescreve a Constituição no art. 14. Valessem os votos do Jardim América mais do que os sufrágios da favela de Paraisópolis não haveria democracia, mas regime aristocrático. As eleições presidenciais continuarão sendo decididas pela economia e pelas esperanças. Dos 13,5 milhões de desempregados e 12 milhões de subocupados, quantos terão recuperado o emprego perdido na crise dos últimos 4 anos? É impossível responder. O Partido dos Trabalhadores está em frangalhos, mas os demais partidos, como o PSDB, o PMDB, o DEM, vivem igual situação. Como observa José Roberto de Toledo, “A Lava Jato acabou por nivelar o campo da corrupção. Se todos são moralmente iguais, o custo- -benefício favorece Lula.” A situação é desconfortá- vel. Sob a pressão de monumental dívida pública, Michel Temer sente-se obrigado a adotar medidas impopulares como a Reforma da Previdência. A maioria dos políticos conhecidos foi remetida à vala-comum. São apenas 16 meses até as eleições. Lá pelo mês de maio as campanhas ganharão as ruas. Muitas surpresas nos aguardam. Se Lula puder ser candidato, surgirá alguém capaz de derrotá-lo? É a pergunta que paira no ar.

 

*Advogado; foi Ministro do Trabalho e presidente do Tribunal Superior do Trabalho

 

Trancrito do:Jornal Itaquera em Notícias Ed. 663 – 26 de Maio a 2 de Junho de 2017

 

 

 

***

 

https://sol.sapo.pt/noticia/565126/ex-presidentes-lideram-dialogo-com-vista-ao-pos-temer

 

 

NTERNACIONAL 26 de maio 2017

 

Ex-presidentes lideram diálogo com vista ao pós-Temer

 

 

Lula da Silva, José Sarney e Fernando Henrique Cardoso têm conversado sobre solução para o futuro.

 

 

 

Michel Temer agarra-se como pode à presidência do Brasil e por lá se mantém. Mas já estão em marcha planos para o futuro do país sem o atual presidente, concebidos por três das maiores forças políticas do país.

Segundo a “Folha de São Paulo”, os antigos presidentes Lula da Silva (PT), Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e José Sarney (PMDB) têm liderado, nos últimos dias, as conversas informais entre os partidos com vista à procura de um consenso para a formação de um novo governo, no caso de Temer cair.

Lula e o seu partido defendem a realização de eleições diretas – que facilitariam o seu regresso à presidência –, ao passo que os outros dois ex-chefes de Estados se mantêm favoráveis às eleições indiretas, tal como previsto na Constituição brasileira, em caso de renúncia ou perda de mandato do presidente. Este modelo eleitoral pressupõe que, se Temer for afastado do cargo, serão os 513 deputados e os 81 senadores do Congresso a escolher o seu sucessor, passados 30 dias.

Face a este cenário, PMDB e PSDB sugerem Nelson Jobim para o cargo de presidente e Tasaso Jereissati para a vice-
-presidência, mas estes nomes continuam a merecer oposição do PT, mesmo tendo em conta que Jobim foi ministro de Dilma Rousseff e de Lula da Silva. De qualquer forma, o ex-presidente petista não fecha portas ao diálogo e continua empenhado em participar na procura de uma solução. Henrique Meirelles, Rodrigo Maia e Cármen Lúcia são outros nomes apontados pela comunicação social brasileira como estando no centro do debate interpartidário liderado pelos três ex-presidentes.

As probabilidades da abertura de um processo de impeachment a Michel Temer, tendo em conta a abertura das investigações sobre a alegada prática de três crimes, no âmbito das revelações trazidas pelo acordo entre o empresário Joesley Batista e a justiça, são cada vez maiores. Ontem à tarde foi a vez de a Ordem dos Advogados do Brasil entregar à Câmara dos Deputados um parecer jurídico favorável ao pedido de destituição do presidente.

 

Transcrito do Semanário "SOL"

 

 

***

 

http://visao.sapo.pt/visaomais/2017-05-25-Privacao-de-sono-leva-cerebro-a-comer-se-a-si-proprio-1

 

 

Falta de sono crónica pode aumentar o risco de demência

 

SARA SÁ

Jornalista

 

 

Já se sabe que o sono afeta o funcionamento do cérebro. Depois de uma noite mal dormida, faltam-nos as palavras, temos dificuldade em recordar acontecimentos, ficamos irritadiços. Mas, à partida, depois de uma noite boa de sono volta tudo ao normal.

Quanto à falta de sono crónica, esta pode ter efeitos mais graves e definitivos. Já se tinha percebido, em estudos com ratinhos, que a privação de sono aumenta o risco de aparecimento de Alzheimer, ao promover a formação de placas da proteína beta-amilóide, que estão na origem desta grave forma de demência.

Agora, outro estudo, também em ratinhos, veio tornar mais clara a relação entre o tempo de descanso e os neurónios. Um grupo de investigadores da Universidade Politécnica delle Marche, em Itália, percebeu que, nos animais obrigados a ficarem acordados, a taxa de "limpeza" é maior, pondo em risco estruturas cerebrais importantes para a memória - afetada na doença de Alzheimer.

Em todos os órgãos, há células especializadas em eliminar detritos - operação essencial para manter tudo a funcionar em pleno. No cérebro, esta função é desempenhada pelas células da microglia, que digerem as células que já estão muito gastas e que por isso precisam de ser eliminadas.

Em ratinhos privados de dormir, verificou-se um excesso de atividade destas células, o que está relacionado com uma série de problemas cerebrais. "Já sabíamos que em doentes de Alzheimer e com outras formas de doenças neurodegenerativas se observa uma atividade sustentada da microglia", explicou o investigador responsável pelo estudo, Michele Bellesi, à revista New Scientist.

No estudo, publicado no Journal of Neuroscience, também se dá conta do impacto do sono na atividade dos astrócitos, que são responsáveis pela limpeza das ligações sinápticas desnecessárias. Depois de uma normal noite de sono, 6% dos astrócitos estavam ativos. Nos ratinhos que foram obrigados a ficar acordados durante mais oito horas, esta taxa de atividade foi de 8 por cento. Em ratinhos que estiveram acordados cinco dias seguidos, 13,5% dos astrócitos andavam a destruir as ligações cerebrais.

O próximo passo, avança a equipa, é tentar perceber se uma terapia de sono pode reverter os eventuais danos causados por noites em claro.

 

 Transcrito da: VISÃO MAIS

 25.05.2017 às 12h10

 

 

***

 

http://visao.sapo.pt/opiniao/bolsa-de-especialistas/2017-05-13-Para-alem-da-Baleia-Azul-o-mal-estar-de-adolescentes-e-jovens

 

 

PARA ALÉM DA BALEIA AZUL, O MAL-ESTAR DE ADOLESCENTES E JOVENS

 

 

13.05.2017 às 8h30

 

José Morgado

 

É essencial reflectir sobre o conjunto de razões pelas quais adolescentes e jovens se envolvem em situações desta natureza com riscos graves

Agora trata-se de algo que é conhecido por Baleia Azul e que recuso firmemente designar por jogo. Logo depois, já se conhecem outras referências, surgirá outro fenómeno da mesma natureza.

Muita coisa já foi divulgada a este propósito, sobre a forma como se desenrola, sobre os riscos das redes sociais e cuidados a ter por pais e educadores, sobre a intervenção das autoridades que já transformou o episódio também num caso de polícia, etc.

Assim e neste contexto, não me parece necessário insistir na referência ao episódio Baleia Azul, parece-me essencial, isso sim, reflectir sobre o conjunto de razões pelas quais adolescentes e jovens se envolvem em situações desta natureza com riscos graves, incluindo automutilação e suicídio e que atingem dimensões verdadeiramente preocupantes.

Segundo os últimos dados do estudo “A Saúde dos adolescentes Portugueses”, divulgado no ano passado e que integra o estudo internacional Health Behaviour in School-aged Children, da responsabilidade da OMS, um em cada cinco alunos (20,3%), entre os 13 e os 15 anos já se magoou a si próprio, de propósito, nos últimos 12 meses, sobretudo cortando-se nos braços, nas pernas, na barriga... Referiram que se sentiam “tristes”, “fartos”, “desiludidos” quando o fizeram.

Este indicador, preocupante como é evidente, é-o tanto mais quando representa um aumento de quase cinco pontos percentuais do grupo dos que fazem mal a si próprios considerando o Relatório anterior.

Na verdade, os comportamentos de automutilação em adolescentes são mais frequentes e graves do que muitas vezes pensamos e devem ser encarados com preocupação. E os casos que vão sendo conhecidos são apenas isso, os conhecidos, a ponta do iceberg.

É justamente por esta dimensão e as suas potenciais consequências que me parece fundamental entender tudo isto como um sinal muito forte do mal-estar que muitos adolescentes e jovens sentem e a verdade é que em muitas situações não conseguimos estar suficientemente atentos. Este mal-estar e o que daí pode emergir decorre de situações de sofrimento com as mais diversas origens, relações entre colegas, bullying por exemplo nas suas diferentes formas ou relações degradadas na família que facilitam a instalação de sentimentos de rejeição, ausência de suporte social que serão indutoras de comportamentos autodestrutivos.

Começa também a surgir como causa deste mal-estar a dificuldade que algumas crianças e adolescentes sentem em lidar com situações de insucesso escolar. Estas dificuldades são frequentemente potenciadas pela pressão das famílias e pelo nível de competição que por vezes se instala.

Os tempos estão difíceis e crispados para muitos adultos e também para os miúdos a estrada não está fácil de percorrer.

Como disse, alguns vivem, sobrevivem, em ambientes familiares disfuncionais que comprometem o aconchego do porto de abrigo, afinal o que se espera de uma família.

Alguns percebem, sentem, que o mundo deles não parece deste reino, o mundo deles é um espaço, nem sempre um espaço físico, insustentável que, conforme as circunstâncias, é o inferno onde vivem ou o paraíso onde se acolhem e se sentem protegidos mas perdidos.

Alguns sentem que o amanhã está longe de mais e que um projecto para a vida é apenas mantê-la ou que nem isso vale a pena.

Alguns convencem-se ou sentem que a escola não está feita para que nela caibam e onde podem ser vitimizados.

Alguns sentem que podem fazer o que quiserem porque não têm nada a perder e muito menos acreditam no que têm a ganhar fazendo diferente.

Alguns transportam diariamente um fardo excessivamente pesado e que os torna vulneráveis.

Depois das ocorrências torna-se sempre mais fácil dizer qualquer coisa mas é necessário pois muitos destes adolescentes e jovens terão evidenciado no seu dia-a-dia sinais de mal-estar a que, por vezes, não damos atenção, seja em casa ou na escola, espaço onde passam boa parte do seu tempo. Aliás, alguns testemunhos ouvidos no âmbito dos recentes e mediatizados casos mostram isso mesmo.

De facto, em muitos casos, designadamente, em comportamentos de automutilação ou estados mais persistentes de tristeza e isolamento, pode ser possível perceber sinais e comportamentos indiciadores de mal-estar. Estes sinais não podem, não devem, ser ignorados ou desvalorizados. É também importante que pais e professores atentos não hesitem nos pedidos de ajuda ou apoio para lidar com este tipo de situações.

O sofrimento e mal-estar induzem uma espiral de comportamentos em que os adolescentes causam sofrimento a si próprios o que promove mais sofrimento num ciclo insuportável e com níveis de perplexidade, impotência e sofrimento para as famílias também extraordinariamente significativos.

Não, não tenho nenhuma visão idealizada dos mais novos nem acho que tudo lhes deve ser permitido ou desculpado. Também sei que alguns fazem coisas inaceitáveis e, portanto, não toleráveis. Só estou a dizer que muitas vezes a alma dói tanto que a cabeça e o corpo se perdem e fogem para a frente atrás do nada que se esconde na adrenalina dos limites.

Alguns destes miúdos carregam diariamente uma dor de alma que sentem mas nem sempre entendem ou têm medo de entender.

Espreitem a alma dos miúdos, sem medo, com vontade de perceber porque dói e surpreender-se-ão com a fragilidade e vulnerabilidade de alguns que se mascaram de heróis para uns ou bandidos para outros, procurando todos os dias enganar a dor da alma.

Eles não sabem, eu também não, o que é a alma. Um adolescente dizia-me uma vez, “dói-me aqui dentro, não sei onde”.

Muitos pais, mostra-me a experiência, sentem-se de tal forma assustados que inibem um pedido de ajuda por se sentirem impotentes e perplexos.

O resultado de tudo isto pode ser trágico e obriga-nos a uma atenção redobrada aos discursos e comportamentos dos adolescentes e dos jovens.

(Texto escrito de acordo com a antiga ortografia)

 

 Transcrito da Revista "VISÃO "

 

JOSÉ MORGADO

EDUCAÇÃO

 

Doutorado em Estudos da Criança. Professor no Departamento de Psicologia da Educação do ISPA - Instituto Universitário. Membro do Centro de Investigação em Educação do ISPA - Instituto Universitário. Colaborador e consultor regular de Programas de Formação de Professores e de Projectos de Investigação e Intervenção. Colaborador regular em Programas de Orientação Educativa para Pais. Autor de diversas publicações nas áreas da qualidade e educação inclusiva, diferenciação pedagógica, etc.

Blogue – http://atentainquietude.blogspot.com

 

 

 

 



publicado por Luso-brasileiro às 15:53
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