Você já teve insônia alguma vez? Se não teve, não queira ter. É uma das piores coisas que pode nos acontecer. Ficamos sem lugar, sem ter com quem conversar, só vem pensamento ruim. Não é uma boa experiência. O livro, por melhor que seja, torna-se chato. Programas de televisão ficam piores do que são. Não conseguimos nem orar direito.
A insônia pode acontecer por muitos motivos. Cada pessoa tem o seu, mas o ruim é que mesmo que não consigamos dormir não resolvemos o problema que a causou.
Agora, imaginemos a situação de um assistido. A começar por se sentir abandonado pela família, por estar com a saúde precária, por ter que receber ajuda até para comprar alimentos e remédios. A solidão é sua companheira de quase todo o tempo. As recordações não o deixam. Pensa muito no fim dos seus dias. O que está acamado, então, sofre muito mais. Impedido, às vezes, até de dar um pequeno passeio fora do seu cômodo para tomar um pouco de sol, passa o dia temendo a chegada da noite.
É verdade que conta com alguma visita semanal feita pelos vicentinos, que estão sempre prontos para atender as suas necessidades, mas não é a mesma coisa. A saudade que ele tem da família é muito grande.
O assistido tem muito mais motivos para ter insônia. Se ele mora sozinho, se não sabe ler ou não tem um livro para ler ou uma revista para folhear, os momentos insones são terrivelmente chatos. Se estiver em um hospital, onde não possa fazer nada para minorar a situação, então, a situação fica insuportável.
Eu tenho um amigo que já bem de idade muitas vezes fica hospitalizado. Um dia ele me disse: “O pior do hospital é a solidão”.
Ele deve saber o que fala. A pessoa quando está doente fica sem paciência. Imagine, então, em um hospital onde todos que estão por perto ou são profissionais que não podem dar muita atenção, ou são doentes que sofrem da mesma impaciência e solidão.
Ao vicentino cabe minorar um pouco essa situação. Nossas visitas devem ser feitas sem pressa, em um clima alegre (mesmo que a situação não seja lá muito boa). Se visitarmos o assistido em sua casa, mais uma razão para que a visita seja bem feita. O pobre adora conversar. Conte para ele as novidades que estão acontecendo no mundo. A minha Conferência tinha um assistido que sabia fazer cestos de bambu. A gente passava muito tempo conversando, enquanto com o canivete ele preparava as tiras do bambu para serem trançadas. Já uma assistida adorava a sua hortinha. A gente não saia de lá sem um pé de alface ou um molho de cebolinha. Ela tinha prazer em ver a oferta ser aceita. Era uma forma de “pagamento” que gostava de fazer.
Se a visita for feita em um hospital, de acordo com a prescrição médica, podemos levar algum biscoito para o assistido e para quem esteja internado na enfermaria junto com ele.
Se for em uma cadeia, umas revistas, uns jornais fazem muito bem. Um bloco e lápis para que escreva uma carta. Talvez a gente mesmo escrever para ele, e a encaminhar. E por falar em insônia, muitos presos ficam com insônia, com medo de dormir e sofrer alguma violência.
Em fim, a insônia está presente em muitas ocasiões e situações. E bem que podemos ajudar de alguma maneira. Tenho a certeza de que no dia em que o assistido recebe uma visita bem feita do vicentino, pelo menos na hora de dormir ele terá algo de bom para pensar. Provavelmente vai dirigir uma oração a Deus agradecendo ter aquela amizade sincera e desinteressada. Quem sabe, assim, seu sono chegue e a insônia não atrapalhe seu merecido descanso.
ALUIZIO DA MATA - Vicentino, Sete Lagoas, Brasil
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