Os especialistas concordam que o desmatamento é atualmente a principal causa da perda de biodiversidade no planeta. Mas o peso do desmate deve mudar até 2050, quando as mudanças climáticas terão relevância ainda maior. “É preciso aumentar o nível de conscientização sobre o que significará para o planeta a perda de tantas espécies”, afirmou recentemente Anne Larigauderie, diretora executiva do Diversitas, programa estabelecido pelo Conselho Internacional para a Ciência em parceria com a Unesco.
A ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS – ONU deliberou 2010 como ANO INTERNACIONAL DA BIODIVERSIDADE, também o indicando como o ANO INTERNACIONAL DA APROXIMAÇÃO DAS CULTURAS. Ao justificar a primeira celebração, o órgão internacional expressa a sua preocupação com as graves repercussões “sociais, econômicas, ambientais e culturais” derivadas da perigosa situação de diminuição da biodiversidade, que sempre foi a base da vida destacando os empobrecimentos geral, material e espiritual que ela provoca. Nesta trilha, ressalte-se que, ao participar de um seminário sobre economia da biodiversidade em Campinas em setembro último, o economista e pesquisador do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), Pavan Sukhdev, defendeu que a sua preservação é “a verdade inconveniente” no planeta – é um tema que poucos procuram discutir. Enquanto as mudanças climáticas, segundo ele, representam “a verdade conveniente” – as pessoas levam o assunto para o debate, embora ninguém queira assumir sua cota de responsabilidade. “A culpa é sempre de outro”, disse.
“Devemos reconhecer que estamos lidando com vida e que temos de ter cuidado com a maneira com que fazemos isso. Uma das perguntas a serem feitas é o que vai acontecer se os negócios permanecerem como estão. Se continuarmos, acabaremos com uma perda significativa de biodiversidade, algo do tamanho da Austrália”, alertou. Para ele, é preciso que os líderes se antecipem e evitem mudanças no lugar de apenas contabilizar perdas de biodiversidade. “Não é apenas uma questão de dinheiro. É preciso olhar para a questão humana do problema. Em 40 anos, vamos acabar tendo de comer plâncton, algo não muito atraente”, completou.
Com efeito, o ritmo de perda da biodiversidade ao redor do mundo se acelerou nos últimos anos e será impossível cumprir com os compromissos internacionais de reduzir essa tendência até 2010, advertiu um grupo de cientistas em Toronto, Canadá no último dia 11 de outubro. Em abril de 2003, ministros de 123 países se comprometeram a reduzir de forma significativa até o ano que vem a taxa de perda local, nacional e regional. A intenção do compromisso era atenuar a pobreza e beneficiar toda a Terra.
Seis anos depois, no entanto, o ritmo não só não diminuiu como aumentou e chegou a extremos alarmantes. “Com toda certeza não vamos conseguir reduzir a perda da biodiversidade até 2010 e, portanto, descumpriremos as metas ambientais dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio de
Os especialistas concordam que o desmatamento é atualmente a principal causa da perda de biodiversidade no planeta. Mas o peso do desmate deve mudar até 2050, quando as mudanças climáticas terão relevância ainda maior. “É preciso aumentar o nível de conscientização sobre o que significará para o planeta a perda de tantas espécies”, disse Anne Larigauderie, diretora executiva do Diversitas (O Estado- “Perda da biodiversidade aumentou, alerta entidade” – 12/10/2009- A -13).
Por outro lado, a Declaração da Unesco de 1978 sobre Raça e Preconceito Racial afirma que todos os seres humanos provem de um tronco comum e são iguais em dignidade e direitos. De acordo com o prof. Celso Lafer, “este reconhecimento da unidade do gênero humano não exclui, prossegue a Declaração, o pluralismo do direito à diversidade, ou seja, o direito à diferença, que não pode servir de pretexto ao preconceito racial. A Declaração da Unesco de 2001 retoma o tema da diversidade cultural, considerando-a tão necessária para a humanidade quanto a biodiversidade o é para a natureza. Registra também a importância de assegurar, num mundo compartilhado, uma interação harmônica entre povos e grupos com identidades culturais distintas. Neste contexto, aponta que a diversidade cultural não pode ser invocada para desrespeitar direitos humanos garantidos pelo direito internacional” (O Estado de São Paulo – 19.12.2004-p. A-2).
Assim, os nossos sinceros votos de que o Novo Ano que se avizinha traga maior conscientização de todos sobre as importantes questões para o equilíbrio ecológico e que prevaleça um respeito consciente sobre a diversidade cultural, em benefício da própria consolidação do Direito!
REFLEXÃO
o mundo completa outra volta ao redor do sol e marca o início de um novo ano. Vivemos a expectativa de encará-lo com otimismo e esperança, pois faz parte do coração humano esperar sempre. Entretanto, não podemos acreditar que as coisas vão melhorar só porque sexta-feira já é 2010. Ao contrário, o momento é de profunda reflexão na busca do aprimoramento da cidadania, ainda mais que ocorrerão importantes eleições no ano que vem. Não podemos, perder de vista por isso, que a efetiva participação de todos é imprescindível ao processo democrático, que não é um objeto pronto e, portanto está longe do ideal a se aperfeiçoar. Além do mais, o crescimento e o desenvolvimento do país e de seus cidadãos deve ser uma constante, independentemente de uma página virada no calendário.
DIA MUNDIAL DA PAZ
Aproveitamos o ensejo para reiterarmos que a paz não pode ser vista como um simples intervalo entre conflitos quer no espaço ou na rua, quer na posse de armamento ou poder, mas como procura incansável de uma convivência geral mais fraterna. Ela acontecerá, sobretudo, quando o ser humano acreditar no seu semelhante e lutar pela verdade, fazendo florescer o direito e a dignidade humana, em lugar da omissão, da prepotência, do egoísmo e do conformismo gratuito.
Por ocasião do Dia Mundial da Paz, Primeiro de Janeiro, invocamos o saudoso Papa João Paulo II que no início de 1992, definiu a paz “como um bem fundamental que comporta o respeito e a promoção dos valores essenciais do homem: o direito à vida, em todas as fases do seu desenvolvimento; o direito à estima, independentemente de raça, sexo e convicções religiosas; o direito aos bens materiais necessários à vida; o direito ao trabalho e a uma eqüitativa distribuição dos seus frutos, tendo em vista uma convivência ordenada e solidária. Como homens, como crentes e mais ainda como cristãos, devemos sentir-nos empenhados na vivência desses valores de justiça que encontram o seu coroamento no preceito supremo da caridade: ‘Ama o teu próximo como a ti mesmo’ (Mt, 22,39)”.
CARLOS JOSÉ MARTINELLI - é advogado, jornalista, escritor e professor universitário - Jundiaí, Brasil
OS MEUS LINKS