A Beata Elisabeth da Trindade, beatificada por João Paulo II em 1984, é uma mística que reconheceu que nós somos templos vivos e casa da Santíssima Trindade e se deixou habitar como Casa de Deus pela Trindade de Amor. Como disse, encontrou seu céu na terra, posto que o céu é Deus e Deus estava em sua alma. “Crer que um ser que se chama Amor habita em nós a todo instante do dia e da noite, e nos pede que vivamos em sociedade com Ele, eis aqui, garanto-vos, o que tem feito de minha vida um céu antecipado”.
Nascida em acampamento militar de Avord, perto de Bourges, coração da França, em 18 de julho de 1880, herdou da mãe a emotividade e do pai, capitão José Catez, o idealismo e a tenacidade. Distinguia-se, desde criança, por seu temperamento um tanto agressivo, mas também marcado pela sensibilidade, fidelidade e autenticidade nas palavras e gestos. Pianista de talento, em 1893, com somente 13 anos, obteve o primeiro prêmio de piano no Conservatório de Dijon. Entendia que, como afirmou o poeta Keats: “A thing of beauty is a joy for ever”, ou seja: “Uma coisa bela será para sempre um motivo de alegria”. Seu fascínio maior, contudo, era pelo Amor de seus amores: Deus. Escreveu em seu diário de adolescente: “Tu cativaste meu coração, tu vives constantemente nEle e tens feito nEle tua morada. Tu, a quem sinto e a quem vejo com os olhos de alma no mais fundo deste pobre coração”.
Com 14 anos, já experimentava uma vida interior intensa e, de acordo com os estudiosos de sua vida, experimentava um fogo abrasador que a impulsionava a dar-se sem reservas. Aos16 anos, tomou uma firme decisão: escolher de uma forma absoluta e coerente a vontade de Deus. Em 1901, entrou para o Carmelo. Dentre os dez pontos para estar presente, diante do “Grande Presente”, segundo ela: “Jesus não se mostra fisicamente. (...) Ele não tem de vir, já está aqui. Eu, porém, me coloco a caminho, me aproximo do que me espera. A fé é o face a face nas trevas”. E, continuando, testemunha que Deus está em toda parte e devemos “cercá-Lo” com nosso amor. Convida-nos a nãos nos fixarmos em experiências e sentimentos negativos. Não pensar com tristeza no passado, mas começar hoje, consciente de que Jesus é um amigo compreensivo e rico em misericórdia. e que sejamos, para Ele, uma humanidade de acréscimo, na qual Ele renove todo o Seu Mistério.
Em 1906, tuberculosa, contraiu a enfermidade de Addison. Parte para a contemplação plena de Deus em novembro. Suas últimas palavras: “Eu vou à Luz, ao Amor, à Vida...”
Monjas, como ela – em Jundiaí temos as queridas da Ordem da Bem-Aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo – velam sobre nós, aumentam a consciência de somos templos de Deus, conduzem-nos ao santuário de nosso interior e nos convidam a sermos dóceis às moções do Espírito Santo.
O Carmelo São José, de nossa Diocese, que glorifica incessantemente Aquele que lá habita, muito tem ajudado a Pastoral da Mulher/Associação “Maria de Magdala” a receber e a compartilhar as abundâncias do Amor que não passa.
Maria Cristina Castilho de Andrade
É educadora e coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher/ Magdala
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