Certa vez participava de uma reunião quando lá pelas tantas o coordenador, por sinal uma das grandes inteligências que conheci em minha vida, fez uma colocação aos participantes:
- Espero de vocês durante nossos trabalhos muita empatia.
Os presentes se entreolharam como que surpresos com tal afirmação, entretanto ninguém se manifestou tentado aparentar ter entendido a palavra final da frase, mas que na verdade os participantes tinha duvidas quanto seu significado.
Olhei de um lado, olhei para outro e percebi nos olhares a dúvida que havia no ar. Sem me acanhar, pois na verdade ignorava a palavra empatia sai na frente perguntando ao coordenador o significado.
Tendo ele percebido a interrogação no rosto de cada um disse:
- Não vou falar sobre o significado dessa palavra, quem souber muito bem, quem não souber deve procurar se informar e se inteirando, pois na próxima reunião será assunto para discussão.
Na época, e já se vão mais de 30 anos, consultei vários dicionários, e por desespero meu não encontrei a palavra.
Preocupado, telefonei a TV Cultura em um departamento que prestava serviço de informação ao público apresentando meu questionamento. Após
alguns minutos de espera, atendente me informou que não havia encontrado tal palavra nos dicionários ali disponíveis, mas que eu aguardasse, pois iriam verificar e me dariam o retorno.
Após dois dias recebi um telefonema com a informação:
- Senhor, tem a resposta para sua pergunta, seria interessante anotar;
Empatia = é numa palavra que vem do grego. a preposição em + páthos (estado da alma) que quer dizer: capacidade psicológica para se identificar com o eu do outro, conseguindo sentir o mesmo que este, nas situações e circunstâncias por esse outro vivenciado.
Ou seja, se identificar com a outra e sentir o que ela está sentindo. Ou ainda se colocar no lugar da outra pessoa.
Isso exige acima de tudo que compreendamos a situação em que ela se encontra.
Interessante, que posteriormente ao fazer uma busca mais aprimorada da palavra, vim saber que alguns geneticistas estão afirmando que a empatia é o que nos difere dos animais e que alguns neurocientistas afirmam ter encontrado a área do cérebro responsável por este fenômeno. Agora vem o pior: é que eles dizem que o alelo responsável por isso é diferente nos criminosos do alelo nas pessoas normais. Portanto o criminoso se caracterizaria por uma grande insensibilidade, talvez nula de empatia.
Consequentemente a empatia pode não só estar ligada ao cérebro, mas também as coisas do coração, claro falo do coração psíquico, sendo um sentimento que induz em compreender a situação do outro, a compartilhar naquilo que ele sente. E Isso acontece muito mais na dor, visto que a alegria é fácil compartilhar, pois sempre é contagiante. Nos momentos de alegria contagiamos e somos contagiados facilmente.
Percebemos então que os grandes benfeitores do mundo foram possuidores de uma grande empatia pela humanidade. Aconteceu com Cristo, e seus discípulos bem como seus seguidores autênticos. Também os pacificadores, aqueles que pensam no bem comum, aqueles que se despojam de si mesmo para servirem a outros. Não faltam nomes a serem citados, bem como, os abnegados anônimos.
Dentre os sentimentos que contamina o homem como o ódio, desamor, vingança, insensibilidade, o pior deles é o último. E sobre isso o grande escritor Érico Veríssimo comentou:
“O contrario do amor não é o ódio, é a insensibilidade”.
Essa toma conta dos corações dominadores do mundo, dos governos, dos grandes banqueiros, dos donos das grandes indústrias, ou seja, aqueles que controlam e dirigem o mundo, contaminados pela estupidez e cegueira da ganância, da volúpia pelo dinheiro permanecendo insensíveis ao sofrimento alheio. Como nas guerras, no abandono de crianças, no aumento desenfreado de uma juventude dominada pelas drogas, pela fome no mundo e tudo mais que estamos cansados de saber.
Parece-me que a afirmação dos neuroscientistas não só atinge aos criminosos, mas também a outro tipo de gente.
Aqui no Brasil são nossos íntimos conhecidos os quais estamos bem acostumados a vê-los em nossos jornais, televisão, vésperas de eleições. Freqüentadores eu diria não muito assíduos de nosso Congresso, Câmara de deputados, Palácios Governamentais, etc, etc, etc.
Bem, paro por aqui, mas saliento que na bíblia esse sentimento chamado empatia recheia aquele santo livro. E para finalizar encerro com palavras de Paulo apóstolo aos Romanos que simplifica e põe ponto final:
-“O amor seja sem fingimento. Abominai o mal, aderi o bem. Amai-vos reciprocamente com caridade fraternal adiantando-vos em honrar uns aos outros”. Rom 12, 9-10
SÉRGIO BARCELLOS - Agrimensor e escritor. São Paulo
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