Conta D. Francisco Manuel de Melo, in “ Carta de Guia”, que certo nobre estando a acusar sua mulher “ de mal acostumada, diante de seu príncipe, foi dele perguntado, de que anos entrara em seu poder; como lhe disse o marido que de doze, respondeu aquele rei: Pois vós sois o que mereceis ser castigado, que tão mal a criastes.”
A resposta foi acertada, porque ao nascer, todos somos iguais, é a educação que nos plasma e encaminha.
A frondosa árvore, quando jovem, facilmente é moldada pelos dedos de criança. Sem esforço a retorce e guia-lhe o tronco e os ramos, mas tornando-se adulta, nem homem musculoso consegue dobrar.
Assim acontece também com as crianças: se as mães as educam a respeitar os mais idosos, a serem obedientes e cumpridoras, se inculcam os valores que acreditam, os meninos crescem moldando a índole pelos princípios maternos.
Se as mães – digo mães porque são, em regra, elas que criam os filhos, – souberem orientá-los pelas veredas do bem, incutindo-lhes elementares regras de civilidade, ensinando-os a serem honestos e respeitadores, o mundo seria bem melhor.
A mãe do escritor Julien Green preocupava-se com a sua formação espiritual e levou-o, de menininho, a decorar o Salmo 1 e 22 e a recitá-los diariamente, bem como “ A Caridade” de S. Paulo. Também a Rainha Sílvia, da Suécia, elaborou pequeno devocionário para que os filhos rezassem, porque, a seu parecer, não podiam ser homens dignos e capazes de dirigir o destino do país, sem possuírem sólida formação religiosa.
Daqui se conclui que, quando a mulher se lamenta do desrespeito e desonestidade masculina, devia antes censurar as mães que não souberam ou não quiseram educar os filhos.
Como disse Plínio Salgado, in “ A Mulher no Século XX”: Se a mulher é sob certos aspectos, um produto do homem, também o homem é, geralmente o que sua mãe quis que ele fosse e muitas vezes o que sua esposa quer que ele seja.”
HUMBERTO PINHO DA SILVA - Porto, Portugal
Passei três dias em Vila minhota, onde havia romaria rija em honra da padroeira, e potentes alto-falantes vomitavam música de inspiração popular. As letras das cançonetas, quase todas impregnadas de erotismo, a rondar pornografia, fariam enrubescer de pejo a santa, se as pudesse escutar.
A sociedade está imbuída de sexo, desde a televisão à imprensa, e nem as revistas, ditas femininas, escaparam à desenfreada escalada: raras são as que não apresentam textos perversos, ilustrados de impudicas cenas, que empalideceriam de vergonha as nossas avós, para não dizer mães.
Certa ocasião o celebre cineasta português António Lopes Ribeiro, asseverou-me que o cinema não era mais que o espelho da sociedade. Durante anos acreditei; mas, com o rodar do tempo, conclui o inverso: a sociedade tornou-se o espelho da mass-media.
Adolescente, contristado, desabafava no diário carioca “O Globo”: Com a TV que temos, as revistas que existem e o mau exemplo de figuras públicas, é difícil para o jovem ser casto!
Em meados do século XX, jornal descuidado dos Estados Unidos, iniciou a publicação de anúncios indignos. Levantou-se onda de indignação, que levou o director a ponderar e a excluir das páginas do seu periódico tal publicidade, e contudo estavam a léguas de distância dos que aparecem na secção Relax de certa imprensa.
Curiosamente não se escuta, agora, voz de reprovação. As mães levam esses jornais para o lar, e “ingenuamente” permitem que as filhas de tenra idade, os leiam e comentem com frases brejeiras! …
Lamentam-se, depois, essas senhoras, que os jovens sigam comportamentos despudorados e libertinos.
A solução para os desmandos é, no entender de certas mães, o uso do preservativo; útil para prevenir doenças e não atiçar a promiscuidade na escola.
Em si o sexo não é bom nem mau; o mal está no uso que se faz dele. Ao erotizar a sociedade, degradam a imagem da mulher, acicatam relações precoces e ressurgimento de meninas-mães.
Dizia-me amigo, entrado em anos: Se não arrepiarmos o descaminho, o sexo aniquilará a família e com ela a civilização ocidental.
Receio que tenha razão.
HUMBERTO PINHO DA SILVA - Porto, Portugal
Estava num modesto restaurante, no Sumaré, em amena conversa com amigos, mais precisamente na Avenida Prof. Afonso Bovero, em São Paulo, quando me contaram a seguinte historieta, bem elucidativa que Deus serve-se do homem para auxiliar o homem:
Viajava, em tarde invernosa, de automóvel, crente convicto, quando foi surpreendido por desabrido temporal. Como estivesse em plena estrada, junto a riacho, este transbordou inundando a via.
Perpassou por ele um camionista, homem experiente, e verificando perigo iminente, aconselhou-o a abandonar a viatura, afastando-se do local, já que as águas ameaçavam subir rapidamente. Ofereceu-lhe ajuda, mas este recusou, declarando que tinha muita fé e que Deus não deixaria de cumprir o que prometera no Evangelho.
Decorrido minutos e como o temporal não abrandasse, chegaram os bombeiros; mas o homem, mantendo-se sereno, não deu passo para colaborar, afirmando, que tinha muita fé e confiava em Deus, acrescentando que Este nunca falha aos que recorrem em Seu auxilio.
Finalmente apareceu um helicóptero, mas como não cooperasse, veio a parecer afogado, levado pela forte corrente do regato.
Diante do Tribunal Divino, interrogou, admirado, a razão de Deus não ter vindo em seu auxílio, já que deprecara intensamente.
Respondeu-lhe Jesus, sisudamente:
- Mandei auxílio três vezes e três vezes rejeitaste. O que querias?! Porventura pensavas que fosse à Terra salvar-te!? Não sabes que cabe aos homens acudirem e auxiliarem-se mutuamente!?
HUMBERTO PINHO DA SILVA - Porto, Portugal
OS MEUS LINKS