PAZ - Blogue luso-brasileiro
Quarta-feira, 30 de Dezembro de 2009
EUCLIDES CAVACO - IMPONENTES CARAVELAS

 
 
Olá preciosos amigos
 
Entre os diversos temas que as Caravelas Portuguesas me inspiraram
surge mais este que vos deixo hoje como poema da semana
IMPONENTES CARAVELAS
que poderão ver e ouvir aqui neste link:
 
 
As mais calorosas saudações para todos vós.
Euclides Cavaco
cavaco@sympatico.ca
 

 



publicado por Luso-brasileiro às 15:27
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RENATA IACOVINO - NOVAS FORMAS DE VIOLÊNCIA III

                   

 

 

            Tenho discorrido sobre a violência cometida contra crianças, na área consumerista, em especial no tocante à publicidade.

            Coincidentemente caiu-me às mãos matéria publicada, no mês de setembro, num veículo de comunicação, que menciona o estudo da pesquisadora de Harvard, Susan Linn, o qual alerta para os distúrbios comportamentais e alimentares que o excesso de publicidade pode causar no público infantil.

            Ressalta a professora que este advento tem como conseqüências a sexualização precoce, a violência juvenil, problemas familiares, a anorexia e a obesidade.

            O excesso de estímulos ao qual a criança é submetida é o causador em potencial da frustração. Segundo pesquisas apresentadas por Susan, a criança que possui valores voltados às questões materiais, buscando felicidade na aquisição de produtos, é mais infeliz.

            Como dito em artigos anteriores – e isto vale para o adulto, também – a frustração é uma constante em indivíduos que buscam o bem-estar em algo externo, material, onde reside a superficialidade e a ausência de identidade. Isto gera um desejo compulsivo e obsessivo, uma vez que a vontade material é saciada apenas de imediato e pior, ilusoriamente saciada.

            A pesquisadora sueca e coordenadora do International Clearinhouse (observatório que estuda a relação entre mídia e infância), Cecília Von Feilitzen, trouxe para o 2º Fórum Internacional Criança e Consumo, realizado recentemente em São Paulo, algumas experiências e informações importantes. Na Suécia, a publicidade é vetada para menores de 12 anos, ou seja, é proibida a publicidade antes e depois da programação infantil; nem para adultos, tampouco para crianças, já que estas são extremamente suscetíveis a este ato. E durante a programação normal, a publicidade exibida não é dirigida ao público infantil.

            Há um Projeto de Lei semelhante tramitando na Câmara dos Deputados, em Brasília (Brasil). Caso fosse aprovado, todos os tipos de publicidade, em todos os horários e em qualquer tipo de mídia, seriam proibidos.

            Cecília faz a seguinte colocação: “A propaganda tem que ser bastante ética e levar em consideração que as crianças não têm muita experiência, que elas não têm tanto senso crítico quanto o adulto.”.

            Interessante esta observação, especialmente se levarmos em conta que a educação nas escolas, por sua vez, tem – ou deve ter – um compromisso com este princípio. Sabemos que a Pedagogia prima por este cuidado. Da mesma forma, a cultura que é – ou deve ser – transmitida à criança, caminha pelo mesmo fio condutor. E aí esbarramos em tudo o que é ou pode ser cultura. A educação e a cultura estão, também, inseridas no cotidiano familiar e naquilo que lhe é transmitido e absorvido.

            A publicidade insere-se nesse contexto cultural, ou seja, em tudo que é fornecido a esse público que, por natureza, coloca rapidamente em prática o seu radar interior, sua antena parabólica de plantão. O problema é o que ela selecionará disso tudo. E a publicidade, neste aspecto, opera num sentido negativo para a formação do indivíduo.

            O Código de Defesa do Consumidor Brasileiro nos fala sobre a “hipossuficiência”. Caso consideremos a criança hipossuficiente, ela não poderia receber abertamente a gama de informações carregadas de indução contidas numa publicidade.      Se o adulto torna-se vulnerável mediante a publicidade, que fará a criança!

            Cecília ressalta que é perfeitamente possível a mídia subsistir sem apelar a espécies abusivas e enganosas de publicidade. Acho que todos – ao menos os adultos – sabemos disto.

            Este tema vem sendo muito debatido ultimamente, devido à sua gravidade, por envolver saúde pública e problemas sociais.

            Se este é o país do vale tudo, temos uma publicidade que pode tudo. Isto não deve acontecer e até se parece um pouco com uma declaração de um famoso político brasileiro, em que dizia que a ética na política é diferente da ética de uma forma geral.

            Bom, o publicitário pode alegar a mesma coisa. E assim por diante. Desta forma, cada segmento vai criar a sua ética e perderemos de vista... a ética. A ética perdeu sua identidade e estão querendo fazer o mesmo com nossas crianças, futuros dirigentes deste Planeta.  

 

 

RENATA IACOVINO  -   socióloga, escritora e cantora / reiacovino.blog.uol.com.br /
http://reval.nafoto.net

 

 



publicado por Luso-brasileiro às 12:04
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TEREZA DE MELLO - O ZÉ DO TELHADO

                     

 

 

 

Naquele tempo, o Zé do Telhado era apenas um rapazote alto e magricela, com muitas sardas e borbulhas na cara. Jogava ao pião e à bilharda, saltava ao eixo com os outros rapazes da sua idade. Saia sempre vencedor.

Tinha um jeito especial para fazer subir os papagaios e lá ia ele correndo pelos campos, seguido dum bando de garotos, encalorados com a correria.

-- Dá-lhe guita, dá-lhe guita --- gritavam todos excitadíssimos.

O papagaio subia, subia, arrastando consigo um enorme rabo de lacinhos de papel de todas as cores

O Zé do Telhado comandava:

-Agora vamos à quinta chamar pelo menino Francisco.

O “ menino Francisco”, era o pai do meu avô, e lá iam, seguidos pelo papagaio sempre no ar.

Um dia hei-de subir mais alto do que o papagaio !—costumava ele dizer.

Os outros riam-se --- Podia lá ser ! Só se fosse pássaro.

--- Hão-de ver ! Hão-de ver --- respondia confiante.

O Zé do Telhado foi crescendo e nunca deixou de ser amigo do menino Francisco. Iam ambos caçar e tinham longas conversas.

Depois o “menino Francisco” foi para Lisboa e por lá casou, mas, de tempos a tempos, voltava à quinta e o Zé do Telhado ia sempre visitá-lo e levar-lhe umas perdizes.

O Zé do Telhado começava a subir --- come ele dizia – a subir como um papagaio!

Era o terror das pessoas endinheiradas da região, e as suas façanhas, aumentadas de boca em boca, amedrontavam a todos. Somente os pobres não o temiam.

Os anos passavam e a fama das suas aventuras não diminuía, nem a amizade pelo seu amigo.

Um dia foi participar-lhe o casamento de uma filha e pedir-lhe uma jóia emprestada para ela levar à igreja. E, então, o meu bisavô foi buscar um colar de brilhantes, que tinha herdado dos pais.

Desde esse dia o Zé do Telhado não tornou a aparecer na quinta. Ninguém sabia dele. Dizia-se que andava a monte, fugido á justiça.

Todos na minha família perderam a esperança de tornar a ver o colar. Apenas o meu bisavô que confiava ainda no amigo tentava defende-lo e afirmava que um dia, quando menos esperassem, havia de voltar.

Mas os dias passavam. Os dias, os meses e os anos e, pouco a pouco, começou também a desconfiar do seu amigo. Quando o criticavam, já não o defendia, esboçava um gesto vago e começava a falar de outras coisas.

Certa noite, perto das onze horas, ouviu-se ao longe um galopar que deslizava pelas ruas da aldeia adormecida e, atravessando o pátio, parou junto da casa. O Zé do Telhado, a cavalo, acabava de chegar.

Os criados da quinta, gesticulando muito, acorreram de todos os lados e, fazendo grande alarido tentavam detê-lo.

O Zé do Telhado, olhando-os desdenhoso e aborrecido, insistia em ver o meu bisavô. E o meu bisavô, num instante, viu-se cercado pelas cunhadas e pela Mulher que o seguravam, tomadas de pânico.

-- Da outra vez foi o colar, agora o que será ? --- exclamavam elas no auge da indignação. Mas ele nem as ouviu e, irritado, desembaraçando-se das suas mãos, saiu da sala.

O Zé do Telhado esperava-o impaciente e, quando o viu aparecer, olhou-o de soslaio espiando os seus pensamentos. Todos aqueles anos sofrera temendo ter perdido a sua confiança e amizade.

O meu bisavô, impenetrável, e resolvido a não se deixar convencer dessa vez, ouvia o Zé do Telhado. E o Zé do Telhado contava: a filha no dia do casamento tinha perdido o brilhante do fecho e ele correra tudo até conseguir outro igual para o mandar encastoar.

O meu bisavô, pouco a pouco, mudava de expressão e por fim sorria divertido --- pois se o colar já não tinha esse brilhante quando lhe emprestara !

Então o Zé do Telhado, desatando o embrulho que trazia entregou o estojo: --- o brilhante que repusera seria uma lembrança para a Exma Senhora do menino Francisco.

E, logo saltando para o seu cavalo, partiu à desfilada caminho da serra.

O Zé do Telhado, olhava o céu e as estrelas e de novo se sentia a subir … A subir como um papagaio.

 

 

TEREZA DE MELLO   - escritora, Lisboa

Do livro “O Mar do Búzio” 1967

 



publicado por Luso-brasileiro às 11:44
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HUMBERTO PINHO DA SILVA - A EDUCAÇÃO DA ALMA

 

 

 

                   

                                                                                                                

 

 

A propósito do modo como as crianças são educadas pelos progenitores reflecte François Mouriac ( galardoado com o prémio Nobel de Literatura de 1952,) no livro “L’Education des Filles”.Paris,Corrêa, pag.61, e segts:

"Para muitos pais, o essencial é, antes de tudo o mais, que os filhos estejam de saúde: é esse o seu primeiro cuidado:”Estás a transpirar, não bebas ainda…”

Parece-me que estás quente: vou ver se tens febre”(…) primeiro cuidar da saúde da criança; depois, da educação:”Põe-te direito: estás a fazer corcunda…Não limpes o prato…Não te sabes servir da faca...Não te espojes no chão dessa maneira…Põe as mãos em cima da mesa! As mãos, não os cotovelos…Com a idade que tens, ainda não sabes descascar um fruto?…” Sim, é preciso que sejam bem educados! E  o sentido que todos nós  damos a esta expressão “bem educados” mostra até que ponto nós a rebaixamos. O que conta é a impressão que possam causar aos outros, ou seja, a fachada. Desde que, exteriormente, não traiam nada que o mundo não aceita, achamos que tudo esta a correr bem.”

Os únicos educadores dignos desse nome - mas quantos há que o sejam ? São aqueles para quem conta aquilo a que Barrés chamava a educação da alma. Para esses ,o que importa naquela jovem vida, que lhes é confiada, não é só a fachada que dá para o mundo, mas as disposições interiores, aquilo que, num destino, só Deus e a consciência conhecem.”

Quantos, mesmo entre os crentes mais inflamados, preocupam-se a educar a alma? Tão poucos que a sociedade nem sente o fruto dessa educação.

Todos cuidam da “fachada”, das aparências: embelezam-na para que seja agradável à vista; incutem elementares regras de etiqueta, para que frequentem os salões sem desdouro; ensinam-no a vencer; a ganhar dinheiro, olvidando que a verdadeira educação é a da alma: a que plasma a índole, tornando-a virtuosa, nobre de sentimento, briosa na honra, digna e prestável.

E como assim não se faz, topa-se, nas encruzilhadas da vida, alçados a elevados cargos,  figuras públicas, que não passam de asquerosos “sepulcros caiados”.

São, como bem disse a raposa de Esopo ao presenciar máscaras de teatro:”Bonitas cabeças…mas nada têm dentro”.

 

 

HUMBERTO PINHO DA SILVA  -  Porto, Portugal

humbertopinhosilva@sapo.pt

 

 



publicado por Luso-brasileiro às 11:33
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OCTÁVIO SÉRGIO - FRANCISCO DA SILVA GOUVEIA, 1944

             



publicado por Luso-brasileiro às 11:25
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Segunda-feira, 28 de Dezembro de 2009
JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI - UM ÓTIMO 2010 PARA TODOS, PRESERVANDO-SE A BIODIVERSIDADE E ELIMINANDO-SE TODO TIPO DE PRECONCEITO !

 

 

 

                   

 

 

         

 

Os especialistas concordam que o desmatamento é atualmente a principal causa da perda de biodiversidade no planeta. Mas o peso do desmate deve mudar até 2050, quando as mudanças climáticas terão relevância ainda maior. “É preciso aumentar o nível de conscientização sobre o que significará para o planeta a perda de tantas espécies”, afirmou recentemente Anne Larigauderie, diretora executiva do Diversitas, programa estabelecido pelo Conselho Internacional para a Ciência em parceria com a Unesco.

 

A ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS – ONU deliberou 2010 como ANO INTERNACIONAL DA BIODIVERSIDADE, também o indicando como o ANO INTERNACIONAL DA APROXIMAÇÃO DAS CULTURAS. Ao justificar a primeira celebração, o órgão internacional expressa a sua preocupação com as graves repercussões “sociais, econômicas, ambientais e culturais” derivadas da perigosa situação de diminuição da biodiversidade, que sempre foi a base da vida destacando os empobrecimentos geral, material e espiritual que ela provoca. Nesta trilha, ressalte-se que, ao participar de um seminário sobre economia da biodiversidade em Campinas em setembro último, o economista e pesquisador do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), Pavan Sukhdev, defendeu que a sua preservação é “a verdade inconveniente” no planeta – é um tema que poucos procuram discutir. Enquanto as mudanças climáticas, segundo ele, representam “a verdade conveniente” – as pessoas levam o assunto para o debate, embora ninguém queira assumir sua cota de responsabilidade. “A culpa é sempre de outro”, disse.

“Devemos reconhecer que estamos lidando com vida e que temos de ter cuidado com a maneira com que fazemos isso. Uma das perguntas a serem feitas é o que vai acontecer se os negócios permanecerem como estão. Se continuarmos, acabaremos com uma perda significativa de biodiversidade, algo do tamanho da Austrália”, alertou. Para ele, é preciso que os líderes se antecipem e evitem mudanças no lugar de apenas contabilizar perdas de biodiversidade. “Não é apenas uma questão de dinheiro. É preciso olhar para a questão humana do problema. Em 40 anos, vamos acabar tendo de comer plâncton, algo não muito atraente”, completou.

            Com efeito, o ritmo de perda da biodiversidade ao redor do mundo se acelerou nos últimos anos e será impossível cumprir com os compromissos internacionais de reduzir essa tendência até 2010, advertiu um grupo de cientistas em Toronto, Canadá no último dia 11 de outubro. Em abril de 2003, ministros de 123 países se comprometeram a reduzir de forma significativa até o ano que vem a taxa de perda local, nacional e regional. A intenção do compromisso era atenuar a pobreza e beneficiar toda a Terra.

            Seis anos depois, no entanto, o ritmo não só não diminuiu como aumentou e chegou a extremos alarmantes. “Com toda certeza não vamos conseguir reduzir a perda da biodiversidade até 2010 e, portanto, descumpriremos as metas ambientais dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio de 2015”, afirmou Georgina Mace, vice-presidente do “Diversitas”, programa  estabelecido pelo Conselho Internacional para a Ciência em parceria com a Unesco. “O ritmo de extinção de espécies é pelo menos cem vezes mais elevado do que o que existia antes da aparição do ser humano”, alertou.

            Os especialistas concordam que o desmatamento é atualmente a principal causa da perda de biodiversidade no planeta. Mas o peso do desmate deve mudar até 2050, quando as mudanças climáticas terão relevância ainda maior. “É preciso aumentar o nível de conscientização sobre o que significará para o planeta a perda de tantas espécies”, disse Anne Larigauderie, diretora executiva do Diversitas (O Estado- “Perda da biodiversidade aumentou, alerta entidade” – 12/10/2009- A -13).

            Por outro lado, a Declaração da Unesco de 1978 sobre Raça e Preconceito Racial afirma que todos os seres humanos provem de um tronco comum e são iguais em dignidade e direitos. De acordo com o prof. Celso Lafer, “este reconhecimento da unidade do gênero humano não exclui, prossegue a Declaração, o pluralismo do direito à diversidade, ou seja, o direito à diferença, que não pode servir de pretexto ao preconceito racial. A Declaração da Unesco de 2001 retoma o tema  da diversidade cultural, considerando-a tão necessária para a humanidade quanto a biodiversidade o é para a natureza. Registra também a importância de assegurar, num mundo compartilhado, uma interação harmônica entre povos e grupos com identidades culturais distintas. Neste contexto, aponta que a diversidade cultural não pode ser invocada para desrespeitar direitos humanos garantidos pelo direito internacional” (O Estado de São Paulo – 19.12.2004-p. A-2).

Assim, os nossos sinceros votos de que o Novo Ano que se avizinha traga maior conscientização de todos sobre as importantes questões para o equilíbrio ecológico e que prevaleça um respeito consciente sobre a diversidade cultural, em benefício da própria consolidação do Direito!

                        REFLEXÃO

o mundo completa outra volta ao redor do sol e marca o início de um novo ano. Vivemos a expectativa de encará-lo com otimismo e esperança, pois faz parte do coração humano esperar sempre. Entretanto, não podemos acreditar que as coisas vão melhorar só porque sexta-feira já é 2010. Ao contrário, o momento é de profunda reflexão na busca do aprimoramento da cidadania, ainda mais que ocorrerão importantes eleições no ano que vem. Não podemos, perder de vista por isso, que a efetiva participação de todos é imprescindível ao processo democrático, que não é um objeto pronto e, portanto está longe do ideal a se aperfeiçoar. Além do mais, o crescimento e o desenvolvimento do país e de seus cidadãos deve ser uma constante, independentemente de uma página virada no calendário.

            DIA MUNDIAL DA PAZ

Aproveitamos o ensejo para reiterarmos que a paz não pode ser vista como um simples intervalo entre conflitos quer no espaço ou na rua, quer na posse de armamento ou poder, mas como procura incansável de uma convivência geral mais fraterna. Ela acontecerá, sobretudo, quando o ser humano acreditar no seu semelhante e lutar pela verdade, fazendo florescer o direito e a dignidade humana, em lugar da omissão, da prepotência, do egoísmo e do conformismo gratuito.

Por ocasião do Dia Mundial da Paz, Primeiro de Janeiro, invocamos o saudoso Papa João Paulo II que no início de 1992, definiu a paz “como um bem fundamental que comporta o respeito e a promoção dos valores essenciais do homem: o direito à vida, em todas as fases do seu desenvolvimento; o direito à estima, independentemente de raça, sexo e convicções religiosas; o direito aos bens materiais necessários à vida; o direito ao trabalho e a uma eqüitativa distribuição dos seus frutos, tendo em vista uma convivência ordenada e solidária. Como homens, como crentes e mais ainda como cristãos, devemos sentir-nos empenhados na vivência desses valores de justiça que encontram o seu coroamento no preceito supremo da caridade: ‘Ama o teu próximo como a ti mesmo’ (Mt, 22,39)”.

 

CARLOS JOSÉ MARTINELLI -  é advogado, jornalista, escritor e professor universitário - Jundiaí, Brasil

 



publicado por Luso-brasileiro às 11:26
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TEREZA DE MELLO - MALEITAS

 

 

 

 

 

                

 

 

 

 

Hoje deu-me para pensar nas minhas maleitas, mesmo sabendo que falar delas é de mau gosto, ainda se fosse para falar dos cães, contar as doenças da Arisca, a gata, ou a do cavalo, como os ingleses, ainda teria perdão, mas a Arisca está de perfeita saúde, apesar da sua provecta idade, assim como os cães e não tenho cavalos, nem sequer um burro como tinha em pequena. Bem, não era bem meu, mas do Tone moleiro que mo emprestava sempre com mil recomendações que eu mal ouvia e lá íamos os dois, o burro e eu, caminhos fora todos contentes.

 

Os sarampos, as varicelas, as papeiras, as tosses convulsas ainda não tinham chegado. Nessas alturas a Mãe juntava os três filhos no mesmo quarto porque assim podia tratar de nós ao mesmo tempo. Mas não é disso que venho falar agora. O que eu queria contar foi o que me aconteceu há dias. Uma gata, que não era a Arisca, nada de calúnias, estando eu a puxar-lhe pelo rabo, a ensiná-la a dar-me a pata, como faço com os cães, deu-me uma enorme dentada numa mão. As minhas mãos ultimamente tem andado com azar, não há mal que não lhes aconteça, precisam de ir à bruxa.

 

Pois, dizia eu, a Celestina mordeu-me, não, não me arranhou não senhora. Mordeu-me como se fosse um cão, coisa que os meus nunca me fizeram porque esses aprenderam a educação que lhes dei. Tenho de confessar que ela tinha razão. Nunca lhe tinha feito malvadezes, mas naquele dia deu-me para isso, vá lá saber-se porquê. E a dentada fez um buraco na minha mão, jorrou o sangue e vieram as dores. Lá a levo ao hospital, antibiótico, analgésico etc. No dia seguinte começou a inchar, a inchar, que mais parecia uma bola. Lá vamos de novo para as urgências, espera de horas, uma saída de vez em quando, para a rua para o maldito cigarro, mais espera, outro médico, novo remédio e outra noite sem dormir. No dia seguinte além da bola, era o meu braço que tinha virado pomar. Debaixo da pele eles eram nêsperas e cerejas por todos os lados. E as dores … Apeteceu-me castigar a Celestina, mas ela já não se devia lembrar, pois aquela sem vergonha enroscava-se nos meus pés e saltava para o meu colo como se nada tivesse acontecido.

 

Tentei dominar a minha zanga, não pensar nas dores e fiquei-me por um ralhete dos grandes. E lá volto para o hospital, de braço ao peito. Nova espera de horas, nova escapadela para o cigarro até que finalmente chamam por mim. Entro no consultório e deparo com uma rapariga novíssima, certamente acabada de se formar, sem experiência, sem saber nada. Fiquei aterrada. Sou do tempo em que quase só os homens tiravam um curso superior. As raparigas ficavam-se pelas línguas, bolos e bordados. Ora se nem os médicos tinham acertado comigo, como iria ela resolver o meu problema ?

 

Voltei para casa desanimada e só por descargo de consciência comecei a tomar o remédio que me tinha receitado. E qual não é o meu espanto quando passado dias as dores desapareceram e o pomar começou a secar...

 

 

TEREZA DE MELLO    - escritora, Lisboa.

 



publicado por Luso-brasileiro às 11:16
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PAULO ROBERTO LABEGALINI - RECAPITULANDO

 

 

 

                       

 

 

As festas de final do ano desviam nossa atenção de coisas importantes, tipo: refletir nos erros e acertos dos últimos doze meses. Para a maioria das pessoas, os pecados cometidos voltarão a acontecer no ano seguinte. Mas, como fazer essa reflexão?

Parar para pensar na vida é virtude de poucos porque quase ninguém tem tempo de ficar revendo fatos passados. O ser humano tem a capacidade de processar rapidamente as experiências armazenadas na mente e acha que isto já é o suficiente para tomar decisões acertadas. Se fosse verdade em todos os casos, não erraríamos tanto em tão pouco tempo.

Que bom seria se conversássemos mais em família, respeitando opiniões de cada um e revendo paradigmas que só constroem a infelicidade. Que bom seria se procurássemos aqueles que magoamos e pedíssemos perdão. Como seria bom rezarmos para doar mais amor ao próximo, principalmente ao mais próximo de nós e ao mais próximo de Deus – que sofre pelos nossos erros.

Se eu fosse orientar alguém a escolher um tema para analisar os pontos positivos e negativos de 2009, apontaria para a caridade. Aqueles que ajudamos não esquecemos jamais, mas e os que desprezamos, sabemos ao menos quem são? Alguém pode negar que ouviu falar do sofrimento que existe em muitas famílias por falta de dinheiro? Infelizmente, a pobreza de espírito de alguns causa a exclusão de muitos.

Um dia, ouvi isto: ‘Somos o que fazemos, mas somos principalmente o que fazemos para mudar o que somos’. Pois é, a inteligência do homem às vezes se destaca com frases simples porque quase ninguém pensou em praticar certos ensinamentos, como este outro: ‘É melhor estar preparado para dar uma oportunidade e não ter nenhuma, do que ter uma oportunidade e não estar preparado’. Não custa lembrar que a escola de caridade acontece em comunidade – movimentos e pastorais da Igreja. Lá, aprendemos a planejar, rezar e trabalhar em grupo para o bem comum. Os vicentinos ajudam os pobres, a Pastoral Familiar orienta os casais, os cursilhistas resgatam corações para Deus; enfim, na oração e na ação dos agentes a caridade acontece.

Mas, e no trabalho, é possível planejar uma grande festa para Jesus Cristo? É claro que sim! Neste mês de dezembro, realizamos a 5ª edição do Natal no Campus UNIFEI. Não foi fácil organizar sete lindos shows e instalar enfeites luminosos nos postes, árvores e edificações, contudo, nos momentos de maior cansaço vinha à minha mente que Nossa Senhora estava à frente de tudo e abriria novas portas para o sucesso do evento. E foi o que aconteceu: problemas que pareciam sem solução foram resolvidos no devido tempo de Deus.

Na noite do primeiro show, quando o Moacyr Franco chegou ao Palácio de Cristal, fingi que não o vi e perguntei em voz alta: ‘O Moacyr não veio ainda? Acho que vou cancelar o show’. Ele imediatamente se virou para mim e disse: ‘O Moacyr não vem, eu sou o pai dele, muito prazer’. E me deu um forte abraço, como se nos conhecêssemos há muito tempo. Na simplicidade e no talento desse grande artista, o espetáculo foi maravilhoso! Eu não soube uma só pessoa que não tivesse gostado e, aquelas que conversaram comigo, pediram que ele voltasse em 2010. Não faltou oportunidade para quem quis tirar foto ou pegar autógrafo, pois ele não teve pressa para se ausentar do local após o show. Grande Moacyr Franco!

O Teatro de Bonecos Armatrux divertiu crianças e adultos. Eu fiquei de boca aberta vendo a magia dos movimentos acontecendo enquanto o maestro Amaury se arrebentava de rir ao meu lado. Foi muito gratificante presenciar milhares de crianças sorrindo num evento preparado especialmente para elas.

E o Dunga, o que dizer? O Brasil e outros países viram ao vivo o público se deixar contagiar pelo carisma do missionário da Canção Nova. Ele próprio ficou tão feliz que prometeu a 3000 pessoas voltar nos anos seguintes. Naquela noite, com certeza, Deus estava presente e derramou bênçãos sobre todos nós.

A apresentação da Adriana Calcanhoto foi tão aguardada que fez a platéia esquecer o corpo molhado. Pelo fato de ela passar o som antes do show, não pudemos abrir a portaria com antecedência e a chuva pegou os fãs na fila. Mesmo assim, fiquei encantado de ver a compreensão de todos e os aplausos abundantes nas músicas. Também não faltou o carinho do público para o humorista Sérgio Rabello, para os artistas amadores de nossa cidade e muito mais para o ilusionista Issao Imamura. Valeu a pena diversificar os shows; teve evento para todos os gostos.

Fechando a semana, a cantora que veio com a Orquestra Sinfônica de Campinas brilhou tanto quanto os músicos. Foi uma apresentação surpreendente, pois não esperávamos tamanha qualidade de voz. E se não bastasse, 77 cantores de Itajubá subiram no palco e mostraram por que somos reverenciados em canto coral.

Assim, o espírito de Natal prevaleceu. Alguns números mostram isso: mais de 1500 pessoas assinaram o livro de visitas na Exposição de Presépios e Mesas Postas Natalina; mais de 1000 pessoas foram recebidas com alimentos e presentes no Almoço Solidário; mais de 30 mil pessoas visitaram o Campus em 15 dias – 5 a 20 de dezembro.

Eu disse que, quando escrevesse este artigo, agradeceria nominalmente a todos que ajudaram, mas Jesus Cristo sabe o nome de cada um que preparou sua Festa de aniversário e os guardará em seu imenso Coração. Por tudo e por todos: Deus seja louvado!

 

PAULO ROBERTO LABEGALINI- Escritor católico, Professor Doutor da Universidade Federal de Itajubá-MG. Pró-reitor de Cultura e Extensão Universitária da UNIFEI

E-mail: labega@unifei.edu.br



publicado por Luso-brasileiro às 11:05
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Domingo, 27 de Dezembro de 2009
ANTÔNIO J. C. DA CUNHA - HISTÓRIAS QUE ME TRAZEM EMOÇÃO

 

 

 

Hoje, 26 de dezembro, tenho coisas para lembrar.

 

São coisas que me trazem saudade, mas que acrescentam à minha existência.

 

Lembro-me de minha prima Regina Maria, que estaria Soprando velinhas ao som da música "Parabéns para você", pois hoje é o dia de seu aniversário. Deus limitou seu tempo de passagem por este mundo ea convocou com 60 anos de idade. Era alegre, extrovertida, apesar da dura-Existência nos anos criando Viveu que, sem o marido, seus dois filhos, Orlando e Maria Regina. Viuvara, aos 26 anos de idade. Através dela, lembrava-me de nossa avó Beatriz Ribeiro Valrego, de Trástola (Geraz) que, também jovem, ficara sem o seu marido, Antônio Joaquim Coelho (da Pena), que lhe deixou 5 filhos, ainda crianças: Maria, Lídia, Manuel Evaristo, Rosa e Silvina. Lídia (Lidinha da Pena), a minha mãe.

 

26 de Dezembro de 1954! Dia em que me tiraram do lugar de Guichomar (Geraz), onde nasci em (1940) e onde retornei para o reencontro, 30 anos depois. Tudo era igual, menos as pessoas. Como morreram mais antigas,; os jovens cresceram e muitas outras nasceram. Senti-me como que retornando tempo não. Um verdadeiro túnel do tempo conduzindo-me ao passado! As casas mesmas! Os mesmos campos. Muitas das minhas árvores Existiam ainda. Outras Porém, como algumas oliveiras, abriram espaço para novos Vinhedos nos campos REAL. Os mesmos montes! As fontes mesmas!

 

Os passarinhos! Esses igual cantavam ainda! Não evoluíram na música!

As estradas da minha aldeia, com algumas alterações conservavam as curvas mesmas. O Lugar das Alminhas, que antes era só de Campos, já me Apresentou uma nova casa, a do Manuelzinho de Fijo. Depois a Pena de Baixo, a Pena de Cima e Santa Tecla, onde ainda existem as ruínas de uma velha Igreja.

 

Naquele tempo, na casa de meus pais, minha casa, a figura do Natal era o menino Jesus. Diziam-me que ele entrava pela chaminé e trazia presentes para os meninos que se comportassem bem. Ele os deixaria sobre a mesinha de cabeceira. Algumas noites de Natal, fiquei acordado esperando por ele! Ficava intrigado com tal proeza: a chaminé de minha casa era alta e estreita. Tinha um ar sinistro quando se olhava para ela a partir da Pedra da lareira. Tudo negro. Um túnel sem fim. Difícil imaginar um menino um descer por ali, durante a noite, quase sempre chuvosa e de muito frio.

  

Esforçava-me pelo bom comportamento.

Queria muito alguns brinquedos.

Nunca os tive. Sempre os confeccionava com cascas de cortiça ou de pinheiro manso. O máximo que ganhava era uma roda nova, de madeira, que meu pai produzia, pois ele era carpinteiro, nascido em Águas Santas e criado em Moure. Com uma haste apoiada ao ombro, onde pendurava uma sacola de pano com os cadernos e livros, lá ia eu. Ela era a minha companhia nas minhas idas e vindas da Escola do Olival, onde aprendi a escrever e ler, sob os cuidados do Professor Joaquim Guimarães. Nas manhãs de Inverno, com as mãos geladas e os dedos duros, na parte da manhã era destinada à leitura e interpretação de textos.

  

Em um dos natais da minha infância decidi que estava na hora de ter uma caneta tinteiro. Eu só conhecia aquelas penas em Cabo de laranjeira eram Molhadas que não Tinteiro colocado nenhum canto da carteira escolar, que nós produzíamos com tinta com pó de permanganato adquirido na farmácia. Tínhamos uma farmácia entre o Largo de Monsul ea Igreja!

  

Então decidi, pedi-la nesse ano. Escolhi o papel mais bonito que tinha em casa e escrevi uma longa carta a explicar porque precisava tanto da caneta tinteiro e porque eu a merecia. Pousei a carta na lareira junto e deixei-lhe alguns "Pinhões" e "nozes", como que um presenteá-lo, e volta e meia ia espreitar para ver se ele já a tinha vindo buscar. A carta desapareceu de lá e fiquei radiante . Ele agora já sabia e iria atender ao meu pedido.

  

Esperei pela Grande de hora. A caneta não veio. Fiquei confuso. Afinal, o que eu teria feito eu de errado?

Passados uns tempos descobri uma carta guardada numa das gavetas da minha mãe.

 

Foi assim que descobri que não havia Menino Jesus nem Pai Natal. Que nunca ninguém me iria dar nada. E foi assim que comecei a grande luta com a vida. A Conquista da dos meus sonhos. Sonhos que vim realizar nesta terra chamada Brasil. Mas sem esquecer a terra onde nasci e os amigos e parentes que lá deixei e que agora aproveito para envolver num saudoso e apaixonado abraço. São muitos, e hoje estão espalhados pelo mundo: Estados Unidos da América, Canadá, Martinica, França, Suíça, Itália e em muitos pontos de Portugal.

 

Boas festas. Um Bom e Feliz Ano Novo.

 

ANTÔNIO JOAQUIM COELHO DA CUNHA        ajccunha@openlink.com.br

Do Rotary Club Duque de Caxias.

Da Academia Duquecaxiense de Letras e Artes.

Vice-Presidente do Conselho Consultivo da CNEC/RJ

Campanha Nacional de Escolas da Comunidade

Residente no Brasil há 55 anos. Natural da freguesia de Geraz do Minho, – Lugar de Guichomar.

    

 



publicado por Luso-brasileiro às 17:27
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Cfd. ALUIZIO DA MATA - O QUE JESUS PENSAVA E FAZIA ?

 

 

                     

 

 

 

 

 O que será que Jesus pensava e fazia, durante o período em que viveu
na Terra?
O que será que se passava em seu íntimo? Quais eram os anseios dele,
enquanto criança, adolescente ou jovem?
Quando será que Ele tomou consciência de fato da sua Missão?
São perguntas que me levam a raciocinar como teria sido a vida comum
de Jesus.
Mas será que Jesus foi tão sério como sempre o vemos retratado em
ícones imaginados pelos artistas, pelos escritores que contam o que
Ele fez, inclusive os evangelistas e os autores das Cartas e dos Atos
dos Apóstolos?
Nunca li nenhum relato que dissesse ter Jesus sorrido... Nunca vi
nenhuma de suas imagens com pelo menos um leve sorriso...
Teria sido assim?
Jesus nunca teria sorrido para Maria, para José, seus pais ou mesmo
para os seus amigos?
É difícil de imaginar Jesus ter sido tão sério durante toda a sua
vida.
Que o tenha sido no final dos seus dias, até que não seria de
estranhar, pois Ele já estaria exercendo seu ministério e prevendo
tudo o que iria passar. Realmente não havia muita coisa que pudesse
alegrá-lo.
A dificuldade dos apóstolos em apreender os seus ensinamentos, a
hipocrisia dos doutores e chefes religiosos, a negação de Pedro, a
traição de Judas, a farsa do seu julgamento, o sentimento de abandono
que teve... Tudo isto era motivo para não ter nenhuma vontade de
sorrir.
Mas, eu fico pensando sobre os momentos anteriores ao seu trabalho de
evangelização, acontecido nos três últimos anos de sua vida.

Vamos pensar em Jesus, quando criança:
Teria Ele tido cólica quando bebê? Teria vomitado alguma mamadeira?
Teria tido alergia pela picada de algum mosquito? Teria feito xixi na
fralda? Teria gostado de tomar banho na bacia, batendo mãos e pés,
molhando José e Maria? Teria machucado o dedão do pé, por ter
tropeçado em uma pedra no caminho e chorado e amarrado o machucado com
uma tira de pano? E tendo machucado, teria vindo nele a vontade de
xingar? Teria Jesus pescado piabas no Rio Jordão ou no Mar da Galiléia
com José, seu pai? Teria deixado Maria limpar seu rostinho sujo de
guloseimas? Teria ido dormir sem lavar os pés? Teria Ele comemorado
aniversário? Teria Ele ganho algum presente naquelas datas? Teria tido
alguns amigos dos quais gostava mais? Teria ganhado de José um
carrinho de boi feito em sua carpintaria? Teria ficado de “castigo”
por ter feito alguma coisa que seus pais não queriam que Ele fizesse?
Será que nunca espantava as ovelhas só para vê-las correr em
desabalada carreira?
Jogar pedras em passarinhos eu acho que Ele não fez, pois não passava
por sua mente fazer qualquer criatura de Deus sofrer.
Mas, será que nunca brincou de fazer pequenos animais com barro tirado
da beira do rio, imitando os bois e os jumentos que faziam parte
daquela paisagem?
Alguma vez, Maria e José teriam “fingido” não ver alguma pequena arte
de Jesus?
Duvido. Eles também devem ter escondido um leve sorriso...
Jesus foi igual a todas as crianças e todos os jovens. Apenas não era
igual a eles no fato de nunca ter pecado.
Mas, quem disse que ser alegre, brincalhão, aventureiro era motivo de
pecado?

Acho que Jesus foi uma criança alegre, um jovem espirituoso, com
inteligência que despertava a curiosidade de muita gente.
Ele, certamente, não foi uma criança infeliz. Não tinha motivos para
ser sempre triste.
Assim como ele teve momentos tristes e chorou (como na morte de
Lázaro, ou quando chegou a Jerusalém), eu realmente acredito que Jesus
teve muitos momentos alegres e sorriu. Pode ser que tenha dado até
gargalhadas.


E quando jovem? Teria tido alguma menina interessada nele? Teria Ele
pensado em namorar? Será que Ele nunca percebeu, bonito que era, os
olhares das mocinhas que gostariam de namorá-lo? Será que nenhuma
mocinha não tenha ido à carpintaria de José comprar um banquinho, só
para ver Jesus?
Será que nunca fez uma “gozação” com alguns de seus amigos que
paqueravam as mocinhas da cidade de Nazaré?
O que Ele teria conversado com seus amigos? Teria Ele gostado de
estudar? Teria Ele ido "jogar bola" ou praticado algum esporte com os
amigos? Teria ido nadar escondido de Maria no Rio Jordão ou em algum
riacho que passasse perto de sua cidade? Teria Ele feito serenata com
os amigos? Teria Ele sonhado em trabalhar para ajudar seus pais na
velhice? Será que Jesus nunca teve amigos, quando menino? Mesmo que
Ele não tenha conhecido João Batista quando pequeno, certamente teria
brincado com outros dos seus primos e primas, filhos dos parentes de
Maria e José e que eram da mesma idade...
Será que Ele nunca ficou sentado em uma pedra olhando o entardecer no
horizonte, pensando, pensando... em nada?
Será que nem nesses momentos um leve sorriso não aflorou em seus
lábios?

E quando adulto? O que teria Jesus feito ou pensado e que não se
encontra narrado na Bíblia?

Interessante: Achei que seria mais fácil escrever sobre o período em
que Jesus já era adulto, mas foi um engano. É difícil raciocinar.
Talvez em outro artigo...
Tem tanta coisa que eu gostaria de saber...

ALUIZIO DA MATA- Vicentino, Sete Lagoas, Brasil

 



publicado por Luso-brasileiro às 15:56
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Sexta-feira, 25 de Dezembro de 2009
MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE - SOBRE UM ANO NOVO

 

 

 

 

                   

 

Em suas reminiscências não existem anos novos. Ela reconhecia as festividades de dezembro, com passagem para janeiro, nas comemorações dos outros. Enquanto menina, imaginava que seria bom se assim acontecesse em sua família. O desejo não era pela boneca que nunca veio. Ouvia, nas ruas, o som de risos felizes e, através das janelas, observava abraços apertados de quem se queria bem. A sua vontade maior fora sempre a de carinho grande na família, não de cuidados displicentes, apenas para manter a sobrevivência. Quem sabe foi isso que fez brotar nela o sentimento de inferioridade. O menosprezo por si mesma tirou-lhe de certa forma os sonhos e ela procurava, por onde caminhasse, passar despercebida. Notava-se isolada em seu mundo. Os pais não se amavam e muito menos se respeitavam. Relacionavam-se aos gritos. O pai retornava embriagado e a mãe, amargurada com as tarefas domésticas que realizava sem sabor algum, recebia-o com impropérios. Os irmãos, com medo das surras, pulavam a janela e desapareciam na noite. Apareciam sujos pela manhã, dependuravam nos ombros o bornal e iam à escola, com a cabeça preenchida por tumultos, sem espaço algum para aprender. A irmã mais velha reagia. Gritava como a mãe e com ela. Ameaçava bater no pai com o que tivesse nas mãos. Rangia os dentes de raiva. Ela era dócil e se julgava covarde. Encolhia-se em um canto qualquer, pedindo proteção a Deus.

Invejava o que considerava força na irmã, diante dos fracassos da família. Procurava imitá-la no que alcançava. Irritava a irmã a presença da menor, como espectro que a perseguia. Na fronteira entre a adolescência e a juventude, acompanhou em lamento, o caixão do pai e pouco tempo depois o da mãe. Havia, em um canto de seus sentimentos, um diminuto vaga-lume a lhe dizer que as coisas mudariam. Era através da luz desse pirilampo que ela enxergava, com seus olhos em pântano, uma casa pintada de branco, os batentes da janela azuis e a sala repleta de gente dela a se abraçar na passagem do ano. Se houvesse essa oportunidade, seriam apagados os anos anteriores.

Após enterrar o pai e a mãe, trilhou os passos da irmã na prostituição. Confundira as gargalhadas ébrias da irmã com felicidade. Imaginou que com o corpo exposto, nas boates e ruas, teria preenchido o vácuo da falta de carinho. A Beata Madre Teresa de Calcutá, com vivência profunda em meio aos marginalizados, afirmou: “A mais terrível pobreza é a solidão e o sentimento de não ser amado (....), sentimento de não ser reconhecido.”

Não se sabe exatamente o motivo e nem o autor, mas em uma das noites perdidas de seus dias, a labareda iluminou o cômodo no qual repousava e a atingiu. Incêndio criminoso de autor desconhecido.

Meses mais tarde, com a cópia do documento da alta médica na bolsa, dispersos os de sangue, sem alguém que se importasse com ela e com a pele marcada, estendeu de imediato as mãos com desgraças e pediu a primeira esmola de tantas outras.

Transcorreu uma década com lembranças e fatos ulteriores tristes, até que a idade avançou sem expectativa alguma. Inesperadamente, neste ano, se deparou com um homem sozinho, de cabelos brancos, sequelas de uma doença neurológica e em busca de um olhar que compreendesse o dele. No bolso, o comprovante do benefício de um salário mínimo. Decidiram juntar as dores e transformá-las em consolação. Ele pouco sabe dela: unicamente que o fogo queimou o seu corpo de alma lesionada. Ela não sabe quase nada dele: somente que a doença o limitou e , como ela, não possui alguém para chorar ou rir com ele. O benefício financeiro e o da convivência tornaram-se dos dois.

Moram em um cômodo de pensão, vão juntos à Unidade de Saúde e um espera pelo outro na sala de espera das consultas médicas. Ele observa se ela toma na hora certa o remédio e ela cuida da data dos exames dele.

Contaram-me, sorrindo, enquanto compravam roupas em um brechó, que decidiram, vestidos de amarelo, esperar 2010 de mãos entrelaçadas, em um banco na praça da Catedral, defronte aos anjos iluminados.

Eu, que os conheço – da história sei apenas a dela -, não posso dizer que não é história triste, mas admito que para eles é celebração da vitória para um ano novo.

Feliz Ano Novo, querida leitora, querido leitor, nos encontros inéditos e nos reencontros.

 

MARIA CRISTINA CASTILHO DA ANDRADE   - É coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher

 

 

 

É coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher

 



publicado por Luso-brasileiro às 20:07
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JOÃO PAULO PUTINI - NO OLHO DO FURACÃO

 

            Uma das cenas mais repercutidas no país, recentemente, não foi manchete de jornal nem notícia das grandes redes de TV. Ainda assim, foram poucos os deslocados que não a viram, seres alheios ao avanço das mídias! É assim que são taxados, grosso modo, os que não acompanharam a deliciosa trapalhada da cantora Vanusa, ao cantar o Hino Nacional num evento ocorrido na Assembléia Legislativa de São Paulo.

Como explicar tamanha divulgação de uma ocasião tão restrita? A resposta é o popular acervo de vídeos da web, o Youtube. Seus maiores sucessos não são exemplos de produção e planejamento sofisticados, como é o padrão das mídias tradicionais. Ao contrário: proliferam gravações caseiras, distorcidas, de má qualidade e curta duração. O importante é captar o momento decisivo: a gafe, a fatalidade, o erro. São cenas que elegem e dão visibilidade ao cotidiano das pessoas comuns, imagens ocasionais, não planejadas, mas que atravessam furiosamente o mundo.

            Dessa forma, os famosos não têm mais como fugir de seus deslizes. Prováveis descartes de alguma ilha de edição têm potencial para se tornar um “hit”. “Ruído” se torna matéria-prima. Assim, o Youtube, por meio dos usuários que o alimentam, promove um escrutínio da fama, cumprindo a vocação social de trazer à luz aquilo que deveria permanecer oculto. Vanusa não foi a primeira vítima a entrar no olho do furacão midiático, tampouco será a última.  

            Configuram-se novas modalidades de tratamento com o público. A audiência passa a ter poder de escolha sobre o que e quando quer ver. Não é mais suficiente imaginar o espectador como um ser passivo, em meio à massa, que recebe conteúdos sem qualquer tipo de resistência.

            O Youtube, portanto, propõe novas formas de conduta e participação nas comunicações, onde todos tenham a liberdade de receber, produzir, interagir e compartilhar. É uma alternativa desafiadora e autêntica de autorepresentação, sobretudo para aqueles que estão marginalizados dos grandes circuitos.

 

 

JOÃO PAULO PUTINI   -  graduando em Comunicação Social - Hab. em Midialogia pela UNICAMP

jputini@gmail.com

 



publicado por Luso-brasileiro às 19:58
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CINTHYA NUNES VIEIRA DA SILVA - MARCAS DE 2009

 

 

 

 

 

 

                   

 

 

 

            Quando eu era mais jovem, adolescente mesmo, do alto da petulância dos meus 15 anos, costumava achar que as pessoas mais velhas viviam se repetindo. Vira e mexia e eu encontrava aquela tia que contava sempre a mesma história de quando me deu o primeiro banho ou de como era a cidade no tempo dela e assim por diante. Como se diz por aí, ninguém aprende com a experiência do outro e eu precisei mesmo ver o tempo passar para entender que vamos, sim, nos tornando repetitivos, mas que isso está mais ligado ao amor do que a qualquer outra coisa.

            Eu mesma, escrevendo, creio que já voltei a alguns temas como muita freqüência. É comum se falar do que se gosta, da mesma forma que é mais simples criticar aquilo que não se gosta ou não se entende. Assim, meus cachorros, minha sobrinha, flores, amigos e situações inusitadas costumam ser algo constante dos meus textos.  A saudade, igualmente, também o é.  Esse sentimento que me invade quando estou desprevenida, assalta minha mente e se apodera de meu coração de tal forma, com tal intensidade que logo sou sua refém.

            Na minha já habitual repetição de temas, o passar ligeiro que o tempo parece ter desenvolvido é assunto recorrente. Eu tenho simplesmente a sensação de que os dias me atropelam, como se eu estivesse em meio a uma roleta doida, lutando somente para não ficar tonta, mas vendo os números que passam e que eu mal consigo assimilar.  A sorte pode até fazer a roleta pausar em pontos estratégicos, mas quando ela para, ao contrário, é sinal de que nossa jogada acabou.

            Nesse suceder maluco do tempo, lá já se vai o ano de 2009. Dia desses falavam que o mundo acabaria no ano de 2000... Embora agora se fale no término em 2012, para muita gente o mundo, ao menos o terreno, realmente acabou. Em 2009 mesmo, perdi amigos, vi idosos queridos se despedirem lentamente, bem como outros, mais novos, que foram levados de forma abrupta, sem avisos ou sinais. Infelizmente, tantos outros passaram pelas mesmas experiências, por dores de despedidas sem sentido.

            Tenho saudades daqueles que perdi, daqueles que deixaram no mundo um espaço que jamais será preenchido. Entendo, hoje, não sem certa dor, as sem razões das pessoas se tornarem, com o passar dos anos, repetitivas. Falar sobre o que foi, sobre como as pessoas, as coisas e os lugares eram, dá a sensação de que o tempo retrocede, ao menos nas sensações que as lembranças provocam nos corações.

            Em 2009, por outro lado, também vi nascerem sonhos, personificados em novas amizades, em crianças que chegaram ao mundo, em gestos que se transformaram em esperanças.  Repetitiva, com saudades, deixo 2009 partir. Não porque me fosse possível outra opção, mas porque em meu íntimo, eu preciso deixar que ele se vá...

            Desejo a todos que em 2010 as chegadas suplantem as partidas e que sejamos perdoados por nossos defeitos, sobretudo aqueles que nascem dos velhos hábitos, das saudades do que não podemos mudar...

 

CINTHYA NUNES VIEIRA DA SILVA --Advogada, mestra em Direito, professora universitária e escritora - São Paulo

 



publicado por Luso-brasileiro às 19:51
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