PAZ - Blogue luso-brasileiro
Domingo, 31 de Janeiro de 2010
PAULO ROBERTO LABEGALINI - FÉRIAS DE VERÃO

 

 

 

 

As férias de janeiro foram muito abençoadas para mim; primeiro porque eu precisava descansar um pouco depois da correria do final de ano, e também porque convivi com pessoas maravilhosas o mês inteiro. Nem as chuvas que castigaram tantas regiões atrapalharam meus passeios. Isso não significa que não fiquei triste com tantas desgraças ocorridas no Haiti, em Angla, São Paulo etc. Rezei algumas vezes pelas vítimas da nossa natureza tão agredida.

Iniciando os relatos pelo dia 19, estive na Matriz Nossa Senhora da Soledade para agradecer os 54 anos de vida e, quando lá chegava, o CD no carro começou a tocar ‘Graças Pai’. Fiquei arrepiado porque era exatamente o que eu queria dizer a Deus naquele momento. E sozinho no banco da igreja após o almoço, rezei um terço em agradecimento a tantas coisas boas em minha vida. Aproveitei para pedir bênçãos às pessoas que solicitam minhas orações e também a você, leitor deste renovado jornal. Não tenho dúvidas que o Santiago e o Trotta presentearão a região com grandes trabalhos.

No mesmo dia, alguns amigos foram ao meu apartamento me dar um abraço. Comentei que aquilo era inédito para mim porque sempre passei a noite do aniversário na missa. Gastamos bastante saliva e só falamos de coisas boas; também pudera, onde estão o Amaury, o Lenarth, o Elzo e o Wlamir, bons papos fluem com naturalidade. Ah, e ainda acabei combinando um retorno a Ubatuba no final de semana.

Antes, porém, fui com a família a Taubaté e resolvemos passar na Basílica de Aparecida para saudar a Mãezinha. Ao entrar no templo sagrado, o bispo que presidia a Celebração da Eucaristia se preparava para a distribuição da comunhão e a bênção do Santíssimo. Minha filha, Soraia, ainda comentou que não foi coincidência a nossa presença no Santuário naquele momento.

Chegou o sábado, dia 23, e descemos para a Praia das Toninhas. No mesmo condomínio estava a família do grande amigo Lenarth – um exímio cozinheiro! O macarrão com atum que ele nos recebeu foi elogiado por todos. Comentei que nunca mais comerei outro igual, e acharam que eu disse isso porque não gosto de atum. A verdade é que desceu gostoso. A fome também ajudou a ingestão. Hehehe...

Foram dias maravilhosos, mas quero enfatizar o que aconteceu na noite de 25 de janeiro. Chegamos à praça central de Ubatuba às 19h30 e reparei que a missa estava por começar na igreja matriz. Era dia de São Paulo, padroeiro dos cursilhos de cristandade; data importante para mim porque nasci na cidade de mesmo nome e me chamo Paulo. Participei da missa e me senti privilegiado por ter passado pelo local exatamente no início da Celebração. Também não foi simples coincidência, mas outro chamado para eu estar mais próximo de Deus nas férias.

E no dia seguinte, quando eu e minha esposa pegávamos a estrada de volta, atendi o sinal de um veículo que vinha atrás, pedindo que eu parasse. O motorista veio até meu carro com estas palavras: ‘O senhor é de Itajubá? Puxa, que sorte! Meu sogro, o doutor Renato, tem um carro igual ao seu e está voltando agora para Pouso Alegre com meus filhos gêmeos. Acontece que, por engano, levaram a minha carteira e me deixaram sem nenhum dinheiro. Preciso pagar o borracheiro e colocar gasolina para retornar a Santa Rita do Sapucaí. Sou professor lá há muitos anos! Pode me emprestar alguma quantia para me tirar desse apuro? Anotarei seu telefone e o pagarei assim que chegar’.

Moral da história: caí no golpe que nem um pato e perdi setenta reais! Foi tudo tão rápido, no meio da chuva, que acabei compadecendo daquele cidadão em dificuldade. Hoje, vejo que poderia ser pior. Depois que parei o carro, muita coisa ruim teria para acontecer se não tivéssemos proteção do Céu. Com certeza, o terço que rezamos no caminho nos ajudou a não sofrer mal maior.

Nestas férias também visitei minha netinha em Rio Negro, minha mãe e minha irmã em Monte Sião. Foram viagens muito agradáveis que me deram força para agüentar mais um período de saudades. Como é bom ser querido pela família e estimado pelos amigos! Mesmo não merecendo tantos presentes, a infinita misericórdia Divina me concede prêmios que nunca imaginei receber. Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo por isto também!

Enfim, há anos eu não jogava pebolim, ping-pong, baralho, frescobol e disco na areia. Há bastante tempo eu não mudava tantas vezes de ambientes no mesmo mês. Nem me lembro se algum dia piquei cebolas para fazer vinagrete, mas executei com perfeição essa tarefa na praia! E além disso tudo, conheci três cursilhistas de Cachoeira Paulista e o padre Daniel de Cruzeiro. Ficamos amigos e irão ler este artigo também.

Estou lembrando agora da história do  menino que viu a mãe pôr um prato de lingüiça e torradas bastante queimadas defronte ao pai. O garoto nunca se esqueceu que o pai comeu as torradas com alegria e ainda perguntou a ele como tinha sido o seu dia na escola. No final do jantar, quando a mãe se desculpou por ter queimado a torrada, o pai sorriu e respondeu: ‘Eu adoro torradas queimadas’.

Qualquer semelhança da história com o macarrão com atum que comi na praia é mera coincidência.

 

 PAULO ROBERTO LABEGALINI- Escritor católico, Professor Doutor da Universidade Federal de Itajubá-MG. Pró-reitor de Cultura e Extensão Universitária da UNIFEI



publicado por Luso-brasileiro às 18:51
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Sábado, 30 de Janeiro de 2010
EUCLIDES CAVACO - O TEMPO
Olá caríssimos amigos
 
O TEMPO
Esse quotidiano e eterno tema,  marca hoje aqui lugar como poema
da semana  em TEMPO DO NOSSO TEMPO que poderá ouvir e ver em:
 
http://www.euclidescavaco.com/Recitas/Tempo_do_Nosso_Tempo/index.htm
 
 
Cordiais saudações
Euclides Cavaco
cavaco@sympatico.ca


publicado por Luso-brasileiro às 11:51
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JOSÉ RENATO NALINI - CRIANÇAS AMESTRADAS

A criança de hoje sofre mais do que a de ontem. É o que parece ocorrer de fato, nada obstante as conquistas científicas e tecnológicas facilitadoras da aventura humana sobre a face terrestre. Tudo aparentemente preordenado a tornar a vida mais fácil. E não estou pensando na criança abandonada, aquela que mais cedo colhe os frutos da imprevisão e da insensatez. 

Penso é na criança de um lar estruturado, cujos pais estão imersos naquela cultura da competição e que pretendem se realizar nos filhos. Li um artigo recente de filósofo escocês que, ao participar de uma reunião de pais na escola do filho de 6 anos, ficou sabendo que o rebento era chegado a desenhar. Já imaginou ser pai de um futuro Picasso. 
Sem perguntar para o filho, matriculou-o numa escola de artes. Para desgosto da criança, que via o desenho como diversão, não como compromisso. Algo semelhante ocorre com muitas outras crianças. A competitividade é a regra e os pais acreditam preparar sua prole para os desafios futuros se eles forem exímios polivalentes. Têm de dar conta de escolas de requisição crescente. 

Não se preocupam tanto em fazer feliz o aluno, mas em prepará-lo para vestibulares. Agora, então, com o sistema de avaliação permanente, essa vocação foi significativamente enfatizada. Mas isso é insuficiente. Ainda é preciso se devotar aos esportes, dominar outro idioma, enfronhar-se na informática. As requisições contemporâneas são crescentes e intensas. A cobrança é externa, mas não deixa de existir no próprio lar. Os pais se espelham nos filhos e querem sublimar aquilo que não conseguiram a seu tempo. 

Com o intuito de propiciar futuro melhor, atormentam a cria. Querem-na perfeita, vitoriosa, à frente de todos os da mesma faixa etária. Nem sempre se perguntam se a pessoa que estão a construir será feliz, contente consigo mesma, equilibrada e resignada com as insuficiências próprias à condição humana. Sim. 

O homem é um ser frágil, finito, efêmero. Tem mais imperfeições do que atributos. O incomensurável é o sonho. A realidade está mais próxima e palpável. Decepciona. Por isso é que a melhor lição a ser ministrada ao filho seria ensiná-lo às derrotas. Estas são certas. As vitórias costumam ser incertas.

José Renato Nalini é Desembargador da Câmara Especial do Meio Ambiente do Tribunal de Justiça de São Paulo e autor de “Ética Ambiental”, editora Millennium. E-mail: jrenatonalini@uol.com.br.

 



publicado por Luso-brasileiro às 11:26
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CINTHYA NUNES VIEIRA DA SILVA - TERRA DA GAROA ?

                 

 

            Desde criança eu ouvia alguns parentes que, ao se referirem à cidade de São Paulo, davam-lhe o apelido de “Terra da garoa”. A maior parte deles tinha passado por São Paulo nas décadas de 50 ou de 60 e tinham dela a lembrança de uma cidade de temperatura amena, chuvosa e romântica.

            De minha parte, contudo, eu não tinha a menor vontade de vir morar em São Paulo. As poucas vezes que por aqui tinha circulado, somente tinha visto miséria, favelas e, pela televisão, tudo o que eu conseguia ver era a violência.

            As contingências da vida acabaram me trazendo para cá no fim da década de noventa, para dar continuidade aos estudos depois da faculdade. Vim, mas vim morrendo de medo. Na primeira semana de aula, na minha estréia nos metrôs, sozinha, eu não somente me perdi, entrando em pânico quando não reconhecia absolutamente nada no lugar em que descera, como também fiquei com dores pelo corpo por mais de semanas, só por conta da tensão que eu passara, do medo de ser assaltada, violenta e morta em plena rua e luz do dia.

            Naquela oportunidade eu fiquei na cidade por dois anos e tudo em que eu pensava era em ir embora logo. Sentia falta da tranqüilidade do interior, do sol e do céu azul, bem como do silêncio que vinha a ausência das sirenes de polícia e ambulância. Novamente por conta das necessidades de trabalho, acabei voltando para São Paulo, mas foi como se uma nova cidade eu descobrisse.

            Engraçado como tudo depende mais do nosso olhar, do momento em que vivemos, do que qualquer outra coisa. Claro que a violência, infelizmente, ainda existe e muita, mas eu já posso conviver com ela com menos pavor, sendo mais realista. Hoje eu encontro o céu azul em muitos dias, e, ao contrário do que me levou daqui, não sei mais viver sem a agitação das pessoas que vão e vem a todo momento, da cidade que nunca para.

            São Paulo, agora, como, aliás, o são muitas outras cidades do Estado, não é mais da garoa, simplesmente. As chuvas vem caindo incessantes e impiedosas todos os dias e já nem tem muito um horário certo. Não dá para sair de casa sem uma sombrinha estrategicamente posicionada ou um guarda-chuva de prontidão. Nesse quesito, quanto mais o guarda-chuva se aproximar de uma tenda, tanto melhor.

            A chuva que dava um charme e clima especial à cidade, hoje a castiga fortemente. Muitas pessoas perderam suas casas, seus pertences e até mesmo suas vidas. A falta de trabalho, de esclarecimento e de políticas públicas adequadas faz com que áreas de risco ou de proteção ambiental sejam irregularmente ocupadas, o que só aumenta os números das tragédias anunciadas.

            Aos poucos, quem vive em São Paulo vai mudando de hábitos. Não dá para sair com hora marcada e o trânsito já nem é mais o único culpado. Muitas vezes vale ter em mente uma alternativa esquematizada para o caso de não se conseguir voltar para casa, ou de ficar ilhado sem ter o que comer ou como se locomover.

            Em que pese tudo disso, da cidade da garoa já quase poder ser apelidada de cidade do dilúvio, eu me sinto estranhamente em casa. Já ando até em comprar um barquinho ou esperar a próxima geração de carros anfíbios...

 

 CINTHYA NUNES VIEIRA DA SILVA - Advogada, mestra em Direito, professora universitária e escritora - São Paulo

           

 

 

 



publicado por Luso-brasileiro às 11:00
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JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI - O CUSTO REAL DA CORRUPÇÃO: CRIANÇAS SEM EDUCAÇÃO E DOENTES SEM ACESSO A SERVIÇOS DE SAÚDE.

 

 

                                                                                                                                                  “A corrupção é o mal que exaure a dignidade e a cidadania dos povos,  drena a riqueza das nações e desvia recursos que proporcionariam o bem-estar e o processo de todos para o bolso e privilégio de alguns poucos” (Paulo Adib). O nosso país é um dos mais tolerantes do mundo com práticas desta natureza, que são constantes e infelizmente, perdem-se no espaço e no tempo da impunidade e morosidade da Justiça brasileira.

 

 

            A ONG “Transparência Internacional” divulgou no dia 17 de novembro de 2009, seu relatório anual de percepção de corrupção no mundo, para servir de base a reflexões durante a comemoração do Dia Internacional Contra a Corrupção, celebrado a 08 de dezembro. O ranking reúne 180 países, classificados em um índice de 0 a 10, calculado a partir de pesquisas de 13 organizações. O Brasil, que no ano passado ocupava o 72°, desta vez ficou em 75º lugar. “Em uma época em que enormes pacotes de estímulo, rápidos desembolsos de fundos públicos e tentativas de garantir a paz estão sendo implementados em todo o mundo, é essencial bloquear a boa governança e prestação de contas, para que se quebre seu ciclo corrosivo”, disse Huguette Labelle, presidente da entidade em entrevista ao jornal “Folha de São Paulo” (17.11.2009-A15).

            A corrupção é um problema mundial, verificando-se em todos os níveis, dos pequenos delitos diários aos grandes desvios financeiros no poder público e privado. Tanto que se estima que ela propicia um movimento superior a US$ 1 trilhão por ano em todo o planeta.  Entretanto, em nosso país, face à impunidade e a morosidade do Poder Judiciário, ela é desenfreada e infelizmente, manifestamente tolerada pela população.

Como muito bem acentuou Paulo Adib, “a corrupção generalizada, cínica, quase inconsciente e de uma crueldade sem limites, é considerada uma praga. A tese de que as pessoas são susceptíveis a ceder a alguma forma de corrupção já foi defendida em congressos mundiais de psiquiatria. Ives Pelicier disse que “tudo está à venda e é uma questão de preço, de mercado e de oportunidade”. A ganância é a principal motivação, bastando esperar o momento ideal. Entende que isso é um fenômeno humano que em alguns momentos assume um caráter patológico. O psiquiatra Allan Beigel reconhece que a corrupção exerce uma fascinação mórbida sobre as pessoas. Essa fascinação é reconhecida também por outros psiquiatras que acham “que existe muita gente que se sente frustrada por não ter a astúcia de um corrupto”. Seria uma “massa imensa, desonesta e silenciosa”. A Fundação Getúlio Vargas, por exemplo, já calculou que, se a corrupção fosse reduzida em 10% no Brasil,  o Produto Interno Bruto (PIB) aumentaria em R$ 50 bilhões ao longo dos próximos dez anos (“Correio Popular”- 06.09.2009- A-3)

O livro “A Cabeça do Brasileiro” de autoria do sociólogo Alberto Carlos Almeida, escrito a partir de uma pesquisa que captou os “core values” (valores enraizados) da sociedade brasileira, demonstra que quanto mais baixa a escolaridade, maior a aceitação das práticas corruptas, que não existem, portanto, por culpa exclusiva de uma elite política perversa, mas são aceitas por amplos segmentos sociais. A referida obra literária mostra ainda que a educação é o grande corte social e ético do Brasil: os 57% de brasileiros que têm até o ensino fundamental são mais autoritários, mais estatísticas revelam menos valores democráticos; à medida que a escolaridade aumenta, os valores melhoram – o que, prova, segundo o autor, que a educação é a principal matriz a transmitir valores republicanos às pessoas.

            Em nível internacional, existe a Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção (Uncac, na sigla em inglês), em vigor há quatro anos, tendo em pouco tempo, modificado o mapa global da corrupção. De acordo com Stuart Gilman, “as nações têm um marco estratégico, não só com leis mais efetivas e procedimentos criminais, mas também com instrumentos de prevenção e controle. O que precisamos agora é de governos com vontade política para combatê-la de forma efetiva” (Folha de São Paulo- 09.12.2007- A-3). Realmente, pesa sobre o poder público a responsabilidade de tornar a engrenagem burocrática mais transparente e mais ágil, ao mesmo tempo em que deve fortalecer os processos de revisão e fiscalização. Concretizar a Uncac é como Victor Hugo via o futuro: “Para os fracos, inatingível; para os corajosos, uma oportunidade”.

No momento, há mais de cem países que ratificaram a Uncac. Espera-se, quando  implementada, que não haverá lugar para corruptos se esconderem. O instrumento prevê cooperação internacional para rastrear, bloquear e devolver dinheiro origem ilícita aos países de origem. O Brasil aderiu à convenção em junho de 2005. Desde então, o Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crime (UNODC, na sigla em inglês) vem trabalhando com respeitáveis instituições do governo, principalmente a CGU (Controladoria Geral da União), para dar vida a muitos elementos da convenção.

            Invocando novamente Stuart Gilman, “o mais nocivo custo da corrupção é humano. A corrupção corrói o elo da sociedade, degrada instituições públicas e enfraquece o ambiente de investimentos. E o impacto maior recai sobre a população mais vulnerável. Este é o culto real: crianças sem educação, doentes sem acesso a serviço de saúde, pequenos negócios que não conseguem sobreviver”.

Eliminar a corrupção por completo não será possível, mas devemos controlá-la e preveni-la. A população precisa combatê-la, denunciá-la e principalmente, não aceitá-la como se fosse uma espécie de característica de nossa cultura. A sua estagnação se inicia com a conscientização de impedi-la, cobrando punição coerente dos órgãos responsáveis aos infratores e evitando políticos já condenados por esses delitos.

 

 

JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é advogado, jornalista, escritor e professor universitário

 

   

 

 



publicado por Luso-brasileiro às 10:53
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Cfd. ALUIZIO DA MATA - POR QUE MUDAR DE IGREJA ?

 

       

 

 Ouvi, em uma palestra, uma explicação interessante sobre a diferença  de significados dos termos “religião” e “igreja”. Costumamos dizer que uma pessoa mudou de “religião”, quando na verdade ela mudou de igreja. Todas as religiões que acreditam em Jesus Cristo são cristãs, mas verdadeira só existe a Religião Católica, que foi fundada por Jesus Cristo, Filho único de Deus e que tinha poder para criá-la. Esta é a verdadeira Igreja.

As demais igrejas, embora cristãs porque acreditam em Cristo, foram fundadas por homens comuns, nem sempre com bons intuitos. A maioria foi fundada baseada em interesse próprio e em  interpretações  de trechos do Evangelho que lhes interessavam. Vejam os casos, por exemplo, do anglicanismo e dos luteranos.  

No Brasil, principalmente,  fundar igreja virou negócio.  É impressionante o número de novas igrejas fundadas em cada cidade. E elas prosperam pois usam bem a psicologia de massa.

As  “novas igrejas” investem no treinamento dos seus “pastores”, estudam e praticam a psicologia de massa. Com poucos meses de treinamento, eles conseguem atingir mais a população do que os padres que estudam  quatorze anos.

Alguma coisa está errada. E não é a Doutrina Católica.

A nossa timidez fica patente até na divulgação via rádio, televisão e até nos serviços de sons motorizados que encontramos pela cidade. Parece que temos vergonha de falar sobre Deus em praça pública. Aliás, quase não falamos nem em particular.

Onde já se viu católicos se reunirem em praça pública para falar sobre Jesus? Onde vemos católicos ir de casa em casa, que seja apenas em sua rua,  convidando para celebrações?  Exemplo disto tive dias atrás: Na celebração de uma novena preparatória para o dia de Pentecostes, as reuniões em cada casa se restringiam aos seus moradores e aos coordenadores. As pessoas vizinhas não apareciam.  

Os evangélicos não se perturbam em reunir muitas pessoas prometendo até milagres. E eles têm estratégias para “pegar”  um público específico.       

Vejam por exemplo o que dizem para chamar pessoas para as suas reuniões: “você tem problemas financeiros? Problemas de saúde? problemas no seu casamento? Sua empresa está endividada”?

Quem não tem problemas financeiros, de saúde, ou no casamento? Quais firmas não estão endividadas?

Quem não quer resolver tais problemas?

Acontece que o que elas querem é a presença das pessoas nas reuniões.

E lá, com psicologia de massa, induzem a todos que ali é o lugar certo. Claro que dizem que tudo leva um tempo para se ajeitar, mas que só conseguirão se forem assíduos às reuniões e fiéis dizimistas. E dizem que Deus só dará se o fiel contribuir com até o que não pode. As reportagens de jornais e revistas atuais provam tudo isto.

E elas ainda usam outros  meios para impressionar.

Os templos delas são espaçosos, com cadeiras confortáveis, show de luzes, falam apenas em coisas boas, que Deus quer que sejamos ricos e felizes aqui na terra, sem termos que sofrer, etc.

Olha, em minha opinião, alguns até conseguem sair da situação em que estavam, mas  não pela ação dos pastores

Quem não se impressiona com tudo isso?

“Milagres” nessas reuniões “acontecem” às dezenas, e tudo registrado por câmaras de TV e testemunhos pessoais... Milagre virou comércio. A fé virou negócio, em muitas igrejas.

Deus, na sua bondade, olha o coração de quem precisa de ajuda. Como muitas dessas pessoas passam a orar com real fé, Deus concede a ajuda. Mas isto Ele faz até para as pessoas que não freqüentam religião alguma e não pelos shows e exigências dos seus pastores.

Voltemos ao meio católico.

Sem que seja uma crítica a quem quer que seja, até o Vaticano já percebeu que se precisa investir mais na formação do clero. 

A cultura dos novos padres não pode ser comparada a do clero mais antigo. A “modernidade” que alguns novos querem implantar na Igreja, só faz prejudicá-la.

Vejam o caso dos padres que querem introduzir cultos  diferentes em suas missas! Veja o caso dos padres que se dizem favoráveis ao aborto ( mesmo que sejam em apenas alguns casos)! Vejam os casos dos sacerdotes que se dizem favoráveis à união homossexual! Vejam o caso dos padres que aceitam críticas á Igreja, ao Papa, sem nada fazer para defendê-los?

Sei que o número de fiéis a serem atendidos é maior na nossa Igreja, mas vejo também certo comodismo em muitos padres e bispos. Isto inclui Ordens religiosas também e muitos leigos consagrados ou vocacionados. A maioria de nós não se espelha nos exemplos que nos dão os Papas, principalmente os últimos, que não se cansaram e não se cansam de sair para pregar o Evangelho em terras até  perigosas para suas vidas. Dá  gosto ver cristãos e mulçumanos se irmanando nas reuniões e nas celebrações das quais o Papa atual  participou. De João Paulo II, nem preciso falar.

Em se olhando muito pelo aspecto financeiro e material, que é necessário, pouco se tem feito pelo verdadeiro trabalho árduo de evangelização em terras distantes. As agruras dos nossos missionários são grandes, e eles não desanimam.

Claro, existem exceções, embora Jesus já tivesse alertado que  seus discípulos  iriam ter dificuldades, mas disse também que não deveriam se preocupar tanto com o que iriam comer ou vestir. Mas, de maneira geral,  os católicos ajudam pouco, não se lembrando que tudo que temos recebemos de Deus. E Jesus também ensinou: “Dai de graça o que de graça recebestes”.

Não quero que a Igreja Católica copie as coisas negativas de outras igrejas, mas precisamos aprender com elas a atingir o público, como os papas têm feito, mas que não são acompanhados por muitos do clero e dos católicos.

E  o que me preocupa mais é uma frase dita por Jesus: “Será que quando o Filho do Homem voltar encontrará fé sobre a Terra?”

Parece que estamos caminhando rapidamente para esse dia. E tudo porque muitos de nós somos comodistas e acomodados.

 

ALUIZIO DA MATA - Vicentino, Sete Lagoas, Brasil

 



publicado por Luso-brasileiro às 10:40
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HUMBERTO PINHO DA SILVA - QUEM SALVA A CASA DA JOANINHA ?

 

 

 

 

Entre os numerosos países que desprezam o património, Portugal deve estar nos primeiros lugares. Não somos tão ricos - nisso estou de acordo, - em monumentos, como a maioria das nações europeias, mas ainda conservamos importante património que é dever, diria melhor, obrigação, perseverar.

Justiça seja feita que nas últimas décadas, quiçá acicatados pela indignação de intelectuais ou interesse turístico - entenda-se comercial, - tem-se restaurado algumas igrejas, palácios e castelos; mas ainda muitas belas obras arquitectónicas encontram-se ao abandono, para não falar de moradias que se tornaram notáveis por nelas haverem vivido destacadas figuras da nossa vida artística e literária.

Várias vezes, e ao longo de anos, venho deplorando o abandono a que foi votada a casa de Soares dos Reis, na rua de Camões, em Gaia. Uma vergonha para os gaienses e em particular para os santamarinhenses.

Igualmente, em Gaia, encontra-se delapidada ou encontrava-se - receio que já não exista, - a casa onde viveu a infeliz Fanny Owen (1) , a menina de Vilar do Paraíso e que ganhou celebridade graças a Camilo Castelo Branco, ao narrar no “ Bom Jesus do Monte” a sua tragédia e morte prematura.

Também no Porto, a casa onde nasceu Garrett foi restaurada, e julgo - pelo menos a última vez que por lá passei não descobri, - que foi retirada a placa comemorativa.

Já que falo de Garrett é oportuno referir-me à casa da Joaninha, a menina dos rouxinóis, que conhecemos das “ Viagens da Minha Terra” e lemos, pelo menos, quando frequentávamos os bancos liceais.

Pois essa casa - que pertencera ao escritor Luís Augusto Rebello da Silva, sita na Quinta do Desembargador ou dos Rebelos, acolheu Garrett em 1843, quando viajou do Terreiro do Paço a Santarém, a convite de Passos Manuel, - era a residência da Joaninha e encontra-se em ruínas, - ou estava no ano transacto, - aguardando que o camartelo a derrube para dar lugar a moderna urbanização, e parece que não há quem a salve de morte certa, nem Câmara nem Junta de Freguesia de Vale de Santarém. (2)

Coberta de mato e silvas, assim permanece a casa que tanto impressionou Garrett e que o inspirou a escrever uma das mais belas páginas da literatura portuguesa.

Se houvesse interesse pelo património, por certo que a célebre casa do Vale de Santarém seria restaurada e transformada em museu garrettiano; mas não há.

E deste modo assistimos, placidamente, à delapidação do pouco que nos lembra as nossas raízes e o orgulho de sermos portugueses. Se ainda há orgulho.

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1 – “ Notícias de Gaia” de 24/10- 7/11 e 21/11 de 2002

2 – “ Correio do Ribatejo” de 20/02/2009

 

HUMBERTO PINHO DA SILVA -- Porto, Portugal



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O PINTOR JÚLIO RAMOS NO ATELIER DE FRANCISCO DA SILVA GOUVEIA, EM PARIS



publicado por Luso-brasileiro às 10:20
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Segunda-feira, 25 de Janeiro de 2010
Dom GIL ANTÔNIO MOREIRA - A LIÇÃO DO HAITI

                  

 

            Um crucifixo ficou intacto. Ao lado de escombros e de centenas de mortos, o sacrifício de Cristo torna-se, mais uma vez, símbolo que salva, que resgata, que anima. É apenas um símbolo. Mas como viver sem símbolos? Tudo, em questão de comunicação, é símbolo. Há símbolos insignificantes, há símbolos fortes. Há símbolos que assustam, há símbolos que restituem a esperança e impulsionam à reconstrução do ser. Um crucifixo não é símbolo de morte, mas aponta para a ressureição, a vida feliz que não terá fim. Cristo, o amor de Deus que se fez pessoa, venceu a morte e proclamamou, com a sua páscoa, que a última ação da existência humana não é o aniquilamento do ser, mas a vida que se perpetua, apesar dos sinais de morte e de destruição, que são sinais frágeis, embora impresionantes. São mais frágeis que os sinais da vida, que, mesmo na terrível tragédia, vibram e conseguem trazer sorriso, como o sorriso da médica que fez, num hospital de campanha, o parto de quatro crianças, entregando-as ao abraço caloroso de suas mães que logo as amamentam.

            A receber a terrível notícia da tragédia do Haiti e do falecimento de sua irmã Zilda, o Cardeal Paulo Evaristo Arns, no alto de seus quase 90 anos de vida e 65 de Apóstolo de Jesus, terminou suas poucas palavras com a eloquente expressão: Não é hora de perder a esperança. São palavras que só podem sair dos corações que entendem a dignidade da vida, creem em Deus que é amor e compreendem com extadião o valor do ser humano. Não é hora de perder a esperança, pois a ressurreição de Cristo, reluzente no crucifixo que ficou de pé, ao lado do espaço onde tombaram Zilda Arns e centenas de outras pessoas, se faz viva na força da Pastoral da Criança  e da Pastoral da Pessoa Idosa, que prosseguirão seu caminho de solidariedade, de amor. A ressurreição de Cristo, acontecida no simbólico terceiro dia, se faz evidente no festival de solidariedade que estamos assitindo pelo mundo inteiro, unido para socorrer e para reconstruir o Haiti. Maravilhas do amor de Deus que, como semente do Verbo presente nas várias culturas, vai despertando a humanidade para os verdadeiros valores, os únicos pelos quais vale a pena viver e por eles, se necessário, dar a própria vida.

Certamento o sinal do crucifixo intacto pesa na consciência dos derrotistas, e até mesmo dos que não creem, pois mesmo desprezando tais sinais religiosos, nunca poderão admitir que não houve, entre tanta destruição, um símbolo sagrado, forte para a maioria das pessoas. Ao menos a lógica lhes poderá socorrer.

            Não há dúvida que os sinais de vida, que surgem entre os mortos e os símbolos de doação sacrifical e de ressureição que se erguem como num milagre no meio da tragédia, aninham esperança no coração, unem rostos sofridos, criam força para a reconstrução de tudo. Isto é possível pela fé na vida, pela esperança de dias melhores e pela caridade que tudo resolve. Estas são lições de Cristo, o mesmo que morreu tragicamente numa cruz, mas que venceu a morte, ressuscitou, vive para sempre e continua trazendo vida para as pessoas, e afirmando ainda hoje: Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundânica.    

Vivam a fé, a esperança e a caridade! Viva a vida que vem de Deus e para ele voltará, pois somos dele e isto nos basta. Eis a mensagem viva do crucifixo intacto, eis a lição do Haiti.

 

        Dom Gil Antônio Moreira

 

                 Arcebispo de Juiz de Fora

 



publicado por Luso-brasileiro às 19:18
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MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE - A DOR QUE VEM DO HAITI

                  

 

 

 

Do Haiti nos chegam notícias da tragédia geológica cujo sangue escorre na humanidade.. Mas não sangra tanto quanto no povo que lá habita. Vimos, através de imagens, os corpos na superfície das ruínas e os que residem em Porto Príncipe, ao encontro de cadáveres conhecidos/desconhecidos, enquanto experimentam o coração massacrado por perdas de todos os tipos. O presságio, a respeito dos que não foram localizados, é sempre fúnebre.

Cidade devastada. Acampamentos construídos sob o odor de corpos enfileirados à espera de uma vala comum. Edificações que desmoronaram como castelos de cartas. A partida de Da. Zilda Arns, que, com sua fé na prática, é símbolo de que a solidariedade pode mudar os caminhos dos desprezados. É referência de virtude para os séculos XX e XXI.

Comovem-me todas as situações. Crianças órfãs vagando pelas ruas. Brigas e saques motivados pela fome. E tudo isso em um dos países mais pobres e voláteis do mundo, onde as pessoas não possuíam condição alguma de utilizar placas de metal na construção de suas casas, de acordo com as regras sísmicas. As edificações eram inadequadas para um lugar onde há lajes rochosas que estão em permanente deslocamento, acumulam energia e é ela liberada em terremotos.

Em tragédias assim há o êxodo dos mais atingidos, dos que gostariam de ficar, dos que sonham em retornar. Estavam ali as raízes de muitos, o seu teto, roupas, fotos, lembranças... Passam a se ver como um deserto cercado de mortos e mortes.

Lamento por tudo. Lamento pelas 37 mil mulheres grávidas, de acordo com a Ong Care, que estão espalhadas pelas ruas, expostas às falta de atendimento médico. Pelas mães que acabaram de dar à luz e por seus recém-nascidos sem berço. Pelas mães que amamentam seus filhos em meio a entulhos e por aquelas, próximas ao parto, que tentam, sem sucesso, um leito de maternidade.

Que triste! Alguns perguntam onde estava Deus e eu me pergunto onde estávamos nós, que éramos indiferentes aos riscos que o povo pobre de lá corria? Sofremos um impacto ao vê-los mortos ou necessitando de água, comida e roupas, mas e a placa de metal, para as casas, que lhes ofereceria uma segurança maior numa calamidade como a que ocorreu? Seríamos capazes de oferecê-la, abrindo mão de nossos acúmulos?

O povo do Haiti caminha pela amargura. Quando colônia mais rica da França foi escravizado. Montesquieu explicou: “O açúcar seria demasiado caro se os escravos não trabalhassem na sua produção”. Passou por mãos de ditaduras sanguinárias. Concordo, portanto, com o escritor uruguaio, Eduardo Galeano, autor do livro “As veia abertas da América Latina”, quando ele diz em seu artigo “Os pecados do Haiti”, que a história daquele país é também uma história do racismo na civilização ocidental. E os frutos do racismo e do preconceito, creio eu, estão sempre envoltos em desgraças.

 

 

MARIA CRISTINA CASTILHO DA ANDRADE- É coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher e autora de “Nos Varais do Mundo/ Submundo” –Edições Loyola

 



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Sábado, 23 de Janeiro de 2010
PAULO ROBERTO LABEGALINI - A TERCEIRA IDADE

                       

 

 

 

Resolvi escrever este artigo porque algumas pessoas que mais rezam por mim são senhoras de 80, 82 e 93 anos: minha mãe, D. Sebastiana e D. Onofra. Inicio por uma história que corre na internet:

No primeiro dia de aula, nosso professor nos desafiou a apresentar alguém que não conhecêssemos ainda. Eu fiquei em pé para olhar ao redor quando uma mão suave tocou meu ombro. Olhei para trás e vi uma velhinha enrugada sorrindo para mim. Ela disse:

– Ei, bonitão, meu nome é Rosa. Tenho oitenta e sete anos de idade. Posso lhe dar um abraço?

Eu concordei e perguntei:

– Por que você está na faculdade em idade tão avançada?

– Eu sempre sonhei em ter estudo universitário e agora estou tendo um!

Após a aula, caminhamos para o prédio da união dos estudantes e nos tornamos amigos instantaneamente. Eu ficava extasiado ouvindo aquela ‘máquina do tempo’ compartilhar sua experiência e sabedoria comigo. Ela tornou-se um ícone no campus e fazia amigos onde quer que fosse.

No fim do semestre, convidamos Rosa para falar durante o nosso banquete de futebol. Ela pegou o microfone e disse:

Nós não paramos de amar porque ficamos velhos, aliás, nos tornamos velhos porque paramos de amar. Existem segredos para continuarmos jovens de sucesso: você precisa rir e ter um sonho. Vemos tantas pessoas caminhando por aí que estão mortas e nem desconfiam! Se você tem dezenove anos e ficar deitado na cama por um ano inteiro sem fazer nada de produtivo, ficará com vinte anos. Se eu tenho oitenta e sete e ficar na cama por um ano e não fizer coisa alguma, ficarei com oitenta e oito. Portanto, ficar velho não exige talento nem habilidade. A idéia é crescer feliz, encontrando oportunidades de mudar. E não tenha remorsos. As únicas pessoas que têm medo da morte são aquelas com muitos remorsos.

Uma semana depois da formatura, Rosa morreu tranqüilamente em seu sono. Mais de dois mil alunos da faculdade foram ao funeral em tributo à maravilhosa mulher que nos ensinou isto: ‘Nunca é tarde para ser tudo aquilo que você deseja ser’.

Agora, para quem gosta de fatos reais, pode se espelhar na neurologista Dra. Rita Levi-Montalcini, Presidente Honorária da Associação Italiana de Esclerose Múltipla, que completou 100 anos no dia  22 de abril de 2009. Em 1951, veio ao Brasil para realizar experiências de culturas in vitro no Instituo de Biofísica da Universidade do Rio de Janeiro onde, em dezembro do mesmo ano, conseguiu identificar o fator de crescimento das células nervosas. Foi esta descoberta que lhe valeu o Premio Nobel de Medicina junto com Stanley Cohen.

Eis uma entrevista que concedeu em 2005:

Como vai celebrar seus 100 anos?

Ah, não sei se viverei até lá e, além disso, não gosto de celebrações. Gosto do que faço a cada dia.

E o que você faz?

Trabalho para dar bolsas de estudo às meninas africanas. Quero que estudem e prosperem. E continuo investigando, sigo pensando, porque jamais vou me aposentar. Aposentar-se é destruir o cérebro! Possuímos grande plasticidade neural; e quando morrem neurônios, os que restam se reorganizam para manter as mesmas funções, mas para isso é conveniente estimulá-los. Mantenha seu cérebro com ilusões, sempre ativo, faça com que  trabalhe e ele nunca se degenerará. A chave é manter curiosidades, entusiasmos, paixões.

E o que tem sido o melhor da sua vida?

Ajudar aos demais cada vez mais.

Já pensou no que faria hoje se tivesse 20 anos?

Exatamente o que eu estou fazendo! Minha idade não prejudica meu trabalho.

Também a idade de Zilda Arns não a impediu de ajudar o povo do Haiti. Aos 75 anos, morreu trabalhando e servindo o próximo, por amor a Deus.

Médica pediatra e sanitarista, fundou a Pastoral da Criança, Organismo de Ação Social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Irmã de Dom Paulo Evaristo Arns, cardeal arcebispo emérito de São Paulo, viúva desde 1978, teve cinco filhos. Para ser indicada ao Prêmio Nobel, Zilda percorreu um longo e dedicado caminho.

Em 1955, começou sua vida profissional como médica pediatra do Hospital de Crianças Cezar Pernetta, em Curitiba. Suas participações em eventos internacionais são diversas: de Angola à Indonésia, Estados Unidos e Europa, Zilda Arns representou a Pastoral da Criança. Proferiu centenas de palestras, acompanhou comitivas brasileiras a outros países, levando a Pastoral para o mundo. Sua participação em eventos nacionais é praticamente incontável; desde 1994 são aproximadamente 27 eventos ligados à Pastoral da Criança e inúmeros outros pela Pediatria.

Tanta dedicação teve seu reconhecimento. Desde 1978, são diversas menções especiais e títulos de cidadã honorária. E da mesma forma, a Pastoral da Criança já recebeu diversos prêmios pelo trabalho que vem sendo feito desde a sua fundação.

Que esse grande exemplo de amor, cidadania e fé possa nos animar a praticar a caridade. Recordo o que me disse o amigo vicentino de Curitiba, padre Maikol: ‘Zilda Arns será santa!’

 

 PAULO ROBERTO LABEGALINI- Escritor católico, Professor Doutor da Universidade Federal de Itajubá-MG. Pró-reitor de Cultura e Extensão Universitária da UNIFEI

 



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Cfd. ALUIZIO DA MATA - MANEIRAS DE VER AS COISAS

                  

 

 
Existem três tipos de pessoas: as que vêem só o negativo; as que vêem
só o positivo e os que vêem os dois lados.
Esta reflexão veio ao deparar-me com uma daquelas lagartas grandes
que encontramos em algumas árvores.
Na verdade existe pessoa que vê a lagarta e não pensa que dentro de um
pouco tempo ela se tornará uma bela borboleta. Acha-a feia, pouco
atrativa, às vezes até perigosa por ter “pêlos” que queimam nossa
pele.
Existe outra pessoa que só vê uma bela borboleta e não se lembra que
ela já foi uma feia lagarta. Acha-a bonita, muito atrativa e nem um
pouco perigosa, pois se esquece do pó que ela tem nas asas e que,
dizem, pode cegar um homem.
Mas existe ainda a outra pessoa que vendo uma lagarta sabe que ela se
tornará uma bela borboleta, mas vendo uma borboleta não se esquece
que ela já foi uma lagarta não muito charmosa.

A pessoa do primeiro grupo acha que tudo é ruim, que todos estão
contra ela, que nunca conseguirá atingir seu sonho. Tem inveja das
pessoas dos outros grupos. Enfim, são pessoas de difícil convivência.
São pessoas que acham que Deus se esqueceu delas.

A pessoa do segundo grupo acha que só irão acontecer coisas boas. Que
todos estão a seu favor; que ela conseguirá ter tudo o que sonha. Tem
pena das pessoas do primeiro grupo, mas nada faz para ajudá-las, pois
está muito ocupada com o seu narcisismo. São pessoas que acham que
Deus deve ser monopólio delas. Não admitem ver Deus ajudando a outras
pessoas que não elas.

Já a do terceiro grupo é aquela pessoa de pés no chão. Sabe que
algumas coisas vão dar certas, outras vão dar erradas. Luta por
conseguir o que sonha, mas não se desespera se não o consegue. É
pessoa pronta para dar a mão a Deus na implantação do seu Reino e aos
irmãos que dela precise. Talvez por isto mesmo é cumulada de graças.
Se as coisas dão ou não dão certo, mesmo assim agradece a Deus o Dom
da vida.
É, ainda, pessoa que aceita as mudanças e nuances da vida e se
aproveita delas para viver melhor.

Dentro da Sociedade de São Vicente de Paulo existem pessoas também
“divididas” nesses três grupos.
Para umas a sua Conferência está sempre ruim, mas nada faz para
melhorá-la. Para outras a sua Conferência é sempre melhor que as
outras, mas pouco faz para ajudar a que mais precisa.
E as do terceiro grupo são os confrades e consócias que estão sempre
com vontade de ajudar, não importa as dificuldades que encontrem. Se
uma conferência está fraca de membros, vão para lá por uns tempos até
que ela se firme. Se outra conferência está com o caixa negativo,
transferem para ela algum valor do dinheiro que está “sobrando” em seu
caixa. Se uma conferência tem muitas famílias assistidas e poucos
recursos, se oferecem para assistir algumas daquelas famílias.

Vicentino ou não, em que grupo cada um de nós está inserido?
 

 

ALUIZIO DA MATA- Vicentino, Sete Lagoas, Brasil

 



publicado por Luso-brasileiro às 13:57
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Sexta-feira, 22 de Janeiro de 2010
HUMBERTO PINHO DA SILVA - SOARES DOS REIS

                   

 

 

     O MAIOR ESCULTOR PORTUGUÊS SUICIDOU-SE HÁ 121 ANOS

 

 

Em vésperas de Santo António, o atelier de Soares dos Reis, sito na Rua de Camões, em Gaia, visitas engalanava-se para Receber. Arrimavam-se as esculturas, cobriam-se de panos brancos, os esboços, penduravam-se vistosos balões; Acendiam-se as velas, e para concluir, o artista suspendia enfeites, de papel crepom, de várias cores.

Sobretarde, ao declinar do dia, os convidados chegavam, entre eles, apareciam: Henrique Pousão, Sousa Pinto, Tomás Costa, Teixeira Lopes, Marques Guimarães, Diogo José de Macedo.

Serviam-se, bonitas em bandejas de porcelana, doce de Chã da "Palaia" - Estabelecimento que ficava na Rua do Bonjardim, no Porto, - e Biscoitos de Valongo; Abriam-se garrafas de "Porto", da Companhia Geral de Agricultura dos Vinhos do Alto Douro; E quando a festa atingia o auge, o Anfitrião dedilhava, nas cordas de violão velho, trechos da "Marcha de Luís XIV".

Conversava-se sobre Arte, e de conhecidos artistas plásticos que residiam na Cidade da Luz; os que pretendiam estar à la page, Liam e comentavam o folhetim de "A Palavra", onde jornalista experimentado, desassombradamente, desancava na política e nos políticos da capital.

Modestas Eram festas, mas de intelectuais, onde imperava respeito e dignidade.

Tinha o escultor índole amarga, frontalidade que se confundia de grosseria e agressividade. Os íntimos - e poucos mais, - conheciam-lhe o coração terno ea apurada sensibilidade hipersensível.

Insignificante falta de atenção, frase não concluída, era bastante para o deixar em ansiedade atroz.

Tinha de Soares dos Reis Numerosos detractores. Contribuiu para isso, o jeito rude e agreste como se exprimia.

Frequentemente citava Boileau: "Un sot, trouve toujours un plus sot qui l'admire".

Ao analisar trabalho alheio, não se inibia de declarar, se não fosse de seu agrado: "É uma Borracheira! ... "

Detestava os políticos, mormente os hipócritas, que para ele eram quase todos, considerava-se católico e democrata, mas poucas vezes ia à missa. Escrevia muito carteava e pouco-se ainda menos.

Em por Dias Santos realizava longos passeios a pé,: Paço de Rei, Quebrantões, Gervide e Lavandeira. Levava casaco comprido, botas enlameadas-de-elástico e cabelo desamanhado.

Fascinava-se com uma beleza campestre, o sossego das Bouças, dos passarinhos Trinar o, o embalador SUSSURRAR dos córregos ea beleza das flores silvestres que atapetavam Os Verdes Campos de Oliveira do Douro.

Quando se apaixonou pela delicada esposa, mudou por completo. Mandou fazer, na Alfaiataria Rocha, fraque bonito e substituiu as botas cambadas-de-elástico, por modernas de cordão. Passou um cabelo o cuidar e amiúde frequentava o barbeiro.

Se o tempo não permitia andar pelo campo, recolhia-se no Clube Recreativo de Mafamude, jogando bilhar e dominó.

Numa hora de extremo desespero, que o levou ao suicídio, escreveu nenhum papel de parede do quarto: "Sou cristão, porém nestas Condições, a vida, para mim, é insuportável. Peço perdão a quem ofendi injustamente, mas não perdoo a quem me fez mal ".

Soares dos Reis - o maior escultor português nasceu em Santo Ovídio (Gaia), numa terça-feira, a 14 de Outubro de 1847. Foram seus pais, Manuel Soares Júnior - proprietário de mercearia, onde o marcano era Filho, - e D. Rita do Nascimento.

Foi baptizado na Igreja de Mafamude pelo Padre Francisco Ribeiro de Moura, e teve como padrinhos: Santo António e D. Ana Maria de Jesus.

Desde cedo mostrou tendência pelo desenho. Na escola (a do Cabeçudo) retratou, escondidas como o professor, o, o Sr. Matos. Descoberta uma falta de atenção, o mestre não lhe bateu, e terminada a aula andou mostrar um, admirado, o talento do aluno.

Pouco depois, os pintores Francisco José Resende e Diogo de Macedo, este último, avô da esposa de Soares dos Reis, ao conhecerem o valor extraordinário do rapaz, convenceram o pai a matricula-lo na Academia de Belas Artes.

Entrou na Escola de 1 de Outubro de 1861, seis anos depois partia para Paris, como bolseiro do Estado. Devido à guerra franco - prussiana, desloca-se, após três anos, para Roma, onde na Rua de S. Nicolau, 4, esculpiu O Fabuloso "Desterrado".

Regressa à Pátria, em 1872, torna-se em 1881, professor da Academia Portuense de Belas Artes.

A16 de Fevereiro de 1889 suicida,-se na sua casa da Rua de Camões, em Gaia.

Casou a 15 de Julho de 1885, com D. Amélia Aguiar de Macedo. Do matrimónio nasceram: Fernando de Macedo Soares dos Reis, que faleceu com 27 anos (Estudou Colégio dos Órfãos não. Foi empregado da Foto - e Bazar do Banco Comercial do Porto. Era um entusiástico pelo Esperanto) e Raquel Soares dos Reis, que morreu Solteira.

Quarenta e dois anos após a morte sua - em Portugal é assim que se tratam os artistas de Nomeada, porque os outros morrem à fome, se não se Tornam políticos à força, - concederam à viúva e filha, uma pensão de mil e quinhentos escudos mensais, por despacho de 2 de Março de 1931, do Presidente Óscar Fragoso Carmona, como gratidão da Pátria, à família do escultor genial.

 

 

HUMBERTO PINHO DA SILVA  - Portro, Portugal  

 

 

 

                        

 

 

             INTERIORES DA CASA DE SOARES DOS REIS

 

               

              

              

              

                           



publicado por Luso-brasileiro às 17:17
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