PAZ - Blogue luso-brasileiro
Segunda-feira, 29 de Março de 2010
PAULO ROBERTO LABEGALINI - A CRUZ SAGRADA

                         

 

 

Continua circulando na internet as palavras do Frade Demetrius dos Santos Silva, publicadas no jornal ‘Folha de São Paulo’ de 09/08/2009:

“Sou padre católico e concordo plenamente com o Ministério Público de São Paulo, por querer retirar os símbolos religiosos das repartições públicas. Nosso Estado é laico e não deve favorecer esta ou aquela religião. A Cruz deve ser retirada!

Jamais  gostei de ver a Cruz em tribunais, onde os pobres têm menos direitos que os ricos e onde sentenças são vendidas e compradas. Não quero ver a Cruz nas Câmaras Legislativas, onde a corrupção é a moeda mais forte. Não quero ver a Cruz em delegacias, cadeias e quartéis, onde os pequenos são constrangidos e torturados. Não quero ver a Cruz em prontos-socorros e hospitais, onde pessoas pobres morrem sem atendimento.

É preciso retirar a Cruz das repartições públicas, porque Cristo não abençoa a sórdida política brasileira, causa da desgraça dos pequenos e dos pobres.”

 Foi uma resposta ao Ministério Público que, em 4 de agosto de 2009, ajuizou ação pedindo a retirada dos símbolos religiosos das repartições publicas. Eu não concordo em generalizar a opinião de que a maioria dos políticos é ruim e os profissionais de direito também. É preciso analisar cada caso para um melhor julgamento, porém, em se tratando da Cruz de Cristo, todo respeito ainda é pouco.

São Bento rezava uma oração que continua sendo repetida milhares de vezes a cada hora em todo o mundo: “A Cruz Sagrada seja a minha luz, não seja o dragão o meu guia. Retira-te Satanás, nunca me aconselhes coisas vãs. É mal o que tu me ofereces, bebe tu mesmo o teu veneno”.

E a medalha de São Bento onde está gravada esta famosa oração é considerada um sacramental, quer dizer, um sinal poderoso de fé. Acredito que o uso da medalha protege contra as artes do demônio e concede graças – como a vitória sobre os inimigos perigosos e a tentação.

Na frente da medalha aparece uma cruz e as letras CSPB – são abreviações da frase em latim: ‘Cruz Sancti Patris Benedicti’ ou ‘Cruz do Santo Pai Bento’. No alto da cruz está gravada a palavra PAX, ou Paz, que é o lema da Ordem de São Bento. A imagem do santo aparece no verso da medalha; ele segura na mão esquerda o livro da Regra que escreveu para os monges beneditinos. Na outra mão, ele segura a cruz. Ao redor da medalha, lê-se ‘Eius in Obitu nro Praesentia Muniamur’, que quer dizer: ‘Que São Bento nos conforte na hora da nossa morte’.  

É representada também a imagem de um cálice do qual sai uma serpente e um corvo com um pedaço de pão no bico, lembrando as duas tentativas de envenenamento, das quais São Bento saiu milagrosamente ileso.

Com certeza, o santo seguia os ensinamentos de Jesus, que dizia a todos: “Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia, tome a sua cruz e siga-me” – São Lucas, 9,23. E sabemos, as cruzes são diferentes nas costas de cada ser humano que vive: umas leves, outras muito pesadas, mas nenhuma que não possa ser carregada com fé.

Havia um homem que tanto se queixou de seu sofrimento que o Senhor lhe apareceu em sonho. Então, aproveitando a oportunidade, o queixoso indagou:

– Senhor, por que tenho que sofrer tanto?

Jesus respondeu:

– Você acha que sua cruz está pesada? Quer escolher outra?

– Sim, Senhor, eu gostaria!

Então, o homem foi levado ao lugar das cruzes. Ali havia um monte delas, de diversas variedades: cruzes de pedras preciosas, ouro, prata, tronco de árvores etc. E o homem viu uma cujo brilho se destacava das outras. Apontou-a e disse:

– Senhor, esta é a cruz que eu quero...

E Jesus, sorrindo, exclamou:

– Mas esta é a sua cruz! Por ser de ouro é muito brilhante, mas também muito pesada.

O homem finalmente compreendeu que sua cruz não lhe fora imposta por Deus, mas carregava a cruz que era fruto de sua própria escolha. Aceitou então aquela cruz para sempre, e ela já não lhe pesou tanto.

Pois é, muita gente escolhe uma cruz de ouro, não e mesmo? E muita gente, com o passar do tempo, serra sua cruz e a torna mais leve para suavizar a caminhada; porém, a parte que fica no caminho é o ‘serviço a Deus’ que, por ser pesado para alguns, reduzia a velocidade desenfreada em direção ao pecado. Terá valido a pena?

Nas procissões desta Semana Santa, se as cruzes imaginárias fossem materializadas, veríamos algumas grandes e pesadas sendo conduzidas por pessoas de almas iluminadas. Quanto maior a confiança na salvação, maior a força interior de alguém que almeja o Céu, sem se importar com o peso da cruz.

Enfim, a cruz é o instrumento de redenção do mundo. Sua representação desperta em nós os sentimentos de gratidão para com Deus, pelo benefício de nossa salvação. Segundo o nosso vigário, Pe. Maristelo, passaram 500 anos após a morte de Jesus até os cristãos fabricarem a primeira cruz. Deixou de ser sinal de maldição e se tornou o maior símbolo do cristianismo.

Na Páscoa e sempre, a Cruz Sagrada seja a minha luz... E que a Cruz de Cristo não seja para você apenas um amuleto, mas também a tua verdadeira luz!

 

PAULO ROBERTO LABEGALINI --    Escritor católico, Professor Doutor da Universidade Federal de Itajubá-MG. Pró-reitor de Cultura e Extensão Universitária da UNIFEI



publicado por Luso-brasileiro às 11:29
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MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE - AUTOESTIMA E AMOR PRÓPRIO

 

 

                       

 

 

 

Quaresma é tempo de “Subir a Jerusalém”, disposta a colocar na Cruz o que me impede de uma aproximação maior com Deus, minha resistência ao bem. E, aos poucos, vejo uma faceta dessa realidade. O tempo é de Deus. Há meses rezo uma oração que creio ser da Espiritualidade Inaciana: “Aqui estou, meu Deus, diante de Ti, tal como sou agora. Estou sentada diante de Ti, Senhor, tranquila e pacificada. Estou na Tua presença e deixo-me conduzir. Abro-me à Tua proximidade. Deixa que Tua paz me habite. Concede-me a graça de me deixar ‘limpar’ por Ti, ser uma concha que se enche de Ti, meu Deus...”

Na conversa com Deus, na quarta-feira de Cinzas deste ano, no aspecto de me deixar purificar por Ele, roguei-Lhe que me diminuísse o amor próprio. Atendeu-me de imediato. E como se esmerou, nestas últimas semanas, em me mostrar a intensidade de meu amor próprio, que me impede sentimentos virtuosos, coerentes com a caridade. Nos primeiros acontecimentos, não notei de imediato que era Deus. Foi como se passasse um rolo compressor em meu coração. Chegou a doer. Pensei em fugir de certas situações que considerei humilhação. Senti-me desolada. Em seguida, recordei-me de meu pedido em prece e, mesmo que sangrasse, olhei para o Céu e sorri. Amor de Deus, que me abraçou, no caminho a Jerusalém, para pregar meus defeitos tantos na Cruz e me oferecer a morte de minhas mortes. E tem sido assim: um acontecimento que fere meu ego, o pus que escorre e o bálsamo do Espírito Santo. Uma experiência muito rica da Palavra, que me faz mais consciente do que é ser testemunha da bondade de Deus que é tão misericordioso comigo.

Vejo, agora, com lucidez possível, a diferença entre amor próprio e autoestima elevada. Amor próprio é me endeusar, autoestima positiva é reconhecer que tenho minhas habilidades e capacidades, mas todas elas são dons que Deus me concedeu para viver em plenitude e partilhar vida aos que se encontram próximos.

Em uma das reflexões do livro “Intimidade Divina” de Frei Gabriel de Santa Maria Madalena, O.C.D. – Edições Loyola -, para a quarta semana da Quaresma, li que Jesus Cristo, verdade eterna, aceitou ser tratado como mentiroso; bondade infinita, como malfeitor; sabedoria incriada, como louco; mansidão sem limites, como subversivo; Filho de Deus, como endemoninhado. E conclui o autor: “As humilhações de Cristo resgatam o homem do orgulho e, ao mesmo tempo, lhe dão força para segui-Lo no caminho da humildade”.

Santo Inácio nos ensina a contemplar Jesus, entrando nas cenas do Evangelho, pois no mundo da imagem, como disse alguém, “percebemos melhor que o ser humano se transforma naquilo que contempla”. Olho embevecida a luz de Deus em mim, meus limites e dificuldades e anseio por ser melhor. Peregrino, sem me deter em meus obstáculos, ao Monte Calvário, onde o Senhor me aguarda, a fim de me levar à madrugada da Páscoa. Bendito seja o Ressuscitado, que está conosco todos os dias até o fim dos séculos!

  

MARIA CRISTINA CASTILHO DA ANDRADEÉ coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher e autora de “Nos Varais do Mundo/ Submundo” –Edições Loyola



publicado por Luso-brasileiro às 11:19
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CINTHYA NUNES VIEIRA DA SILVA - EDUCAÇÃO ?

                       

 

 

            Sempre ouvi dizer que a Educação é o único caminho para a evolução de uma sociedade. Com o passar do tempo, acumulando experiências pessoais e profissionais, essencialmente na área acadêmica, isso se tornou quase um mantra para mim. É notório o poder transformador da educação. A educação liberta, abre horizontes, amplia as possibilidades e, acima de tudo, lapida o ser humano.

            Creio ser importante deixar claro que, ao falar de educação, não estou me referindo somente à formal, mas também àquela que se aprende em casa, que se herda da família. Seria “chover no molhado” e, no mínimo injusto, alegar que só gente sem estudo é responsável pelas mazelas do mundo. Em meu sentir, ao contrário, infelizmente, alguns dos maiores lesadores da humanidade eram pessoas instruídas, cultas e, inclusive, isso é que tornou os seus atos mais dignos de recriminação.

            O que penso, contudo, é que, ao menos no nosso país, porque esse é o meio no qual estou inserida, as pessoas padecem da falta de educação, de educação para a vida. Alguma coisa está muito errada, muito fora de lugar.

            Talvez, no fundo, eu esteja fora de moda. Talvez, por outro lado, eu é que esteja equivocada, fora de lugar. Não sei... Fico, contudo, questionando alguns comportamentos que vejo e não os consigo explicar.

            Dia desses, peguei um táxi e vi que a motorista já era conhecida minha de “outras corridas”. Logo, ela, que também me reconheceu, começou a puxar papo e me perguntou se eu havia visto que uma árvore caíra sobre um rapaz que fazia corrida em uma avenida da cidade. Antes mesmo que eu respondesse, ela seguiu dizendo que, não era contra as árvores, que achava ótimo que elas existissem, mas que deveriam ficar em parques, tão somente. Lá, de fato, seria o lugar apropriado. Nas ruas, de outra feita, só mesmo teríamos calçadas e asfalto. Confesso que fiquei sem saber o que responder.

            É óbvio que me sensibilizei com o acidente que, inclusive, retirou a vida do homem. Também me perguntei se a árvore estava em condições adequadas ou se fora atingida por um raio, algo imprevisto e inevitável. Imaginei a dor da família e em quanto era lastimável que uma vida se perdesse assim, mas não pude deixar de ficar chocada com a idéia que a mulher tem de meio ambiente.

            Em um momento no qual as escolhas ambientais que fizermos poderão ser definitivas para a questão de nossa sobrevivência enquanto espécie, em um momento no qual a natureza revela toda sua força e revolta, com temperaturas extremas e desastres naturais de grandes proporções, como é que alguém pode imaginar a hipótese de que as árvores deveriam apenas se restringir a parques, como se fossem algo a ser somente admirado nos fins de semana? Será que mais pessoas pensam dessa forma? Para mim, quiçá no ápice da minha ignorância, se algo está no lugar errado, por certo não são as árvores...

            Daí eu penso que isso mais reflete a falta de educação, de uma educação ambiental, por exemplo, do que a qualquer adjetivo que se pensasse em atribuir à motorista em questão. Ao que me consta, ela é uma pessoa trabalhadora, boa, cumpridora dos seus deveres. Não me incomoda saber o que ela pensa, até porque isso é direito dela, mas somente se muitos mais compartilham esse tipo de idéia.

            Os seres humanos me importam e muito, até porque, sendo parte da humanidade, nem poderia pensar diferente, mas o descaso, a ignorância quanto ao mundo em que vivemos, em relação a todos os seres que nele habitam, acredito, será nossa condenação...

           

 CINTHYA NUNES VIEIRA DA SILVA - Advogada, mestra em Direito, professora universitária e escritora - São Paulo

 



publicado por Luso-brasileiro às 11:10
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Domingo, 28 de Março de 2010
UNIÃO BRASILEIRA DE TROVADORES - CONCURSO
- Secção de Taubaté - SP

Taubaté, 15 de março de 2010

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Prezado( a) trovador( a) vicentino( a)

Louvado Seja Nosso Senhor Jesus Cristo!

A União Brasileira de Trovadores- Seção de Taubaté-SP- dirige-se a Vossa Senhoria a fim de convidá-lo(a) a participar do nosso Concurso Vicentino de Trovas, cujo tema é: ESPERANÇA, tendo como base o nosso trabalho vicentino.

O Regulamento é o seguinte:

1. Cada concorrente pode enviar no máximo 02 trovas.

2. O sistema de envio é o de envelopes, ou seja: escrever a trova na face externa de um envelo- pinho de cerca de 8cm por 11cm (tamanho cartão de visita). Apenas a trova. Mais nada. Dentro desse envelopinho colocar um cartão ou folhinha de papel contendo: nome e endereço completos do partici- pante, Conferência a que pertence, Conselho Particular e Conselho Central. Um telefone para contato, se possível. Assinatura. Lacrar o envelopinho e colocá-lo dentro de um envelope maior, tamanho de carta comum, endereçando para: Rua Francisco Xavier de Assis, 36-Jardim Morumbi- Taubaté.-SP12060-460 - alc de Angelica Villela Santos- Concurso Vicentino de Trovas.

3. Prazo para envio: até dia 30 de junho de 2010.

4. Como remetente, o mesmo endereço acima. Não é permitida nenhuma identificação

externa do concorrente.

5. Lembrando: Trova é a composição poética composta de 04 versos, de sete sílabas poéticas cada um, rimando o 1o. com o 3o. e o 2o. com o 4o. e tendo sentido completo.

Exemplo: Tema: AMOR .

Só um amor tem a magia

de colocar sem demora

um sorriso de alegria

entre os lábios de quem chora.

Maria Reginato Labruciano - SP

6. Cada concorrente deverá enviar também em anexo a

taxa de R$ 5,00 para as despesas normais de concurso.

Agradecemos sua atenção e pedimos a divulgação deste concurso entre os

confrades e consócias.

Um abraço

Angelica Villela Santos- Presidente




publicado por Luso-brasileiro às 18:02
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Sábado, 27 de Março de 2010
EUCLIDES CAVACO - TEMPO DO NOSSO TEMPO
Olá caríssimos amigos
 
O TEMPO
Esse quotidiano e eterno tema,  marca hoje aqui lugar como poema
da semana  em TEMPO DO NOSSO TEMPO que poderá ouvir e ver em: 
http://www.euclidescavaco.com/Recitas/Tempo_do_Nosso_Tempo/index.htm
 
Cordiais saudações
Euclides Cavaco
cavaco@sympatico.ca


publicado por Luso-brasileiro às 18:52
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JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI - A SEMANA SANTA SE CONSTITUI NUM PRIVILEGIADO TEMPO DE REFLEXÃO.

 

                      

 

           

            A semana que ora se inicia tem um profundo significado, quer religioso, quer   histórico, por que marca o final da trajetória de Jesus Cristo na Terra. A sua importância transcende os aspectos que os cristãos lhes outorgam: mesmo os             ateus e àqueles que professam outras crenças reconhecem o valor daquele que             morreu pregando os princípios da igualdade, da liberdade e da solidariedade que          até hoje se revelam na base das três gerações dos Direitos Humanos.

 

            A semana que se inicia com o Domingo de Ramos, para os cristãos, notadamente os católicos, é chamada de “santa. E assim a designam em razão dos grandes acontecimentos da história e da própria Igreja relembrados neste período. A sua celebração, no entanto, se revela em ótima oportunidade para uma busca maior de conversão e mais que simples representação religiosa, os fatos que se revivem despertam nos homens, o significado divino de que vêm carregados, atualizando em cada um de nós, os sentidos de solidariedade, de fraternidade e de Justiça Social.

            Infelizmente, vale reiterar, muitas pessoas transformam esses dias em simples feriadão, numa espécie de pequeno veraneio e, até, em tempo de mera diversão ou coisa semelhante, afastando-se de seu real sentido. Nesta trilha, invoquemos D. Geraldo Majella:- “Na atmosfera atarefada na qual vivemos, em nosso ambiente secularizado e laicista, a grande Hora de Cristo, a sua doação de Amor sem reserva, essas realidades que mudaram não a face do mundo, mas o valor de nossa alma e sua perspectiva de vida correm o risco de serem desperdiçadas como uma espécie de fim de semana prolongado, como um tempo para não pensar, quando devia ser um tempo de pensar e, se possível, um tempo de rezar” (“A Tarde- Bh.- pág. 02- 16/04/2000).

            Com efeito, a Semana Santa se constitui num privilegiado tempo de encontro com Deus; época de pararmos e fazermos uma revisão de vida, de aprofundarmos a nossa vivência pessoal e compará-la à própria trajetória de Cristo; e momento de destacarmos o ato supremo de Amor. Seus ritos cheios de beleza, de encantamento litúrgico e de mistério, são celebrativos de ocorrências que têm muito a ver com as esperanças e angústias dos dias atuais.

            Desta forma, deveríamos nos focar nas mensagens que se podem e devem extrair desse período, no qual são recordados os sofrimentos, os constrangimentos e principalmente as injustiças impostas a alguém que só pregou o bem, a ordem social e principalmente o respeito ao próximo, fazendo-nos crer que ainda hoje, as pessoas bem intencionadas, éticas e idealistas são vítimas de constantes de agressões e ofensas semelhantes, pois prevalece uma manifesta inversão de valores. No entanto, o enfrentamento também caracteriza àqueles que se dispõe a lutar pelo respeito irrestrito à dignidade da pessoa humana.

            Com efeito, numa sociedade cada vez mais individualista, onde o consumo parece ditar todas as normas, necessitamos de momentos de coragem para tentarmos mudar o sórdido quadro que prevalece, a partir de uma consciente participação comunitária e de uma renovação nas nossas formas cristãs de viver, convencidos de que o cristianismo é sinônimo de comprometimento humilde com o exercício do serviço fraterno, buscando construir uma sociedade justa e solidária.

            Citemos, a título de meditação, trechos do documento “Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil”, editado em setembro de 1999 pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), durante uma ação evangelizadora:-  “A sociedade concreta em que vivemos, em nosso país e em grande parte do mundo, está marcada pelas desigualdades, egoísmo e injustiças”. – “O empenho consciente do trabalho social da Igreja levará a questionar e lutar por transformar as estruturas e as decisões políticas e também contra o absolutismo da economia de mercado que sobrepõe às outras dimensões da vida humana e gera a exclusão daqueles que não são economicamente úteis”. – “Defende-se uma ‘nova evangelização’ para superar os limites históricos do nosso cristianismo por um empenho mais profundo na articulação entre a fé e vida; pela superação do mais devastador e humilhante flagelo da miséria extrema a que são submetidos milhões de brasileiros, atingidos por diversas formas de exclusão social, étnica e cultural através da promoção da justiça e da libertação integral”. 

            Num ano em que a própria Campanha da Fraternidade prega a prevalência das questões sociais sobre as financeiras, nada mais sereno do que priorizar as coisas do espírito em detrimento das materiais, valorizando os princípios da igualdade, da liberdade e da solidariedade, que embasam as gerações dos Direitos Humanos em geral.

 

JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é advogado, jornalista, escritor e professor universitário 



publicado por Luso-brasileiro às 18:25
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RENATA IACOVINO - E A VANGUARDA DE CHIQUINHA ABRIU ALAS...

                       

 

 

            “Pois, senhor meu marido, eu não entendo a vida sem harmonia!”. E assim separou-se de um oficial da Marinha Mercante, após casamento arranjado pelos pais dela, em 1863. O pedido de escolha entre ele e a música selou o que a musicista tanto desejava...

            A música e a busca incessante pela liberdade deram o tom à vida de Francisca Edwiges Neves Gonzaga, nascida em 1847, no Rio de Janeiro, filha de um tenente com a mestiça Maria.

            Após o feito da separação e grávida do terceiro filho, o pai a considerou morta.

            Amiga do grande compositor e flautista Calado – principal figura do choro – passou a conviver com músicos populares, fato nada popular à época, especialmente para uma mulher.

            Foi enfrentando as adversidades e os preconceitos que Chiquinha Gonzaga tornou-se célebre, admirada e respeitada por seu talento e sua coragem.

            Enquanto maestrina foi pioneira; autora da primeira canção carnavalesca; foi também a primeira pianista de choro, introduzindo a música popular nos salões elegantes da sociedade da época.

            De suas mãos nasceram, além das 77 peças musicadas (quase todas encenadas) e das centenas de músicas pautadas nos mais variados gêneros – como polca, tango brasileiro, valsa, habanera, maxixe, lundu, fado, serenata, schottisch, mazurca e modinha – a iniciativa para fundação da SBAT, em 1917, sociedade pioneira na arrecadação e proteção dos direitos autorais.

            A intensidade que empregava em tudo o quanto acreditava era um marco de sua personalidade e não hesitava ao investir em fatos que a pudessem colocar numa situação delicada. Dedicou-se à campanha abolicionista ao lado de Quintino Bocaiúva e José do Patrocínio.

            Com o dinheiro obtido na venda da partitura de sua obra “Caramuru” comprou, em 1888, a alforria do músico (e então escravo) Zé Flauta.

            Parece-nos tão longe um tempo em que uma peça teatral musicada pudesse ser vetada em razão de ter sido composta por uma mulher. Isto ocorreu em 1883, com “Viagem ao Parnaso”, uma parceria com Artur Azevedo.

            No entanto, persistente, dois anos depois, ainda compondo operetas, obteve grande sucesso com “A Corte na Roça” e, então, conquistou reconhecimento no meio teatral.

            Quando compôs a marcha de carnaval “Ó Abre Alas” (obra inaugural da produção carnavalesca), em 1899, por encomenda do “Cordão Rosa de Ouro”, Chiquinha Gonzaga já era uma artista consagrada. Ao que tudo indica, foi esta marchinha que garantiu ao Cordão o primeiro lugar no desfile daquele ano.

            Um dos momentos históricos na carreira da maestrina foi o sucesso do tango “Gaúcho”, também conhecido como “Corta-jaca”, e sua execução, ao piano, por Nair de Teffé, esposa do então Presidente da República, Hermes da Fonseca, em recepção oficial no Palácio do Catete, gerando escândalo político e crise ministerial.

            Sua precocidade fez com que estivesse à frente de seu tempo, abrindo alas a tantas conquistas posteriores, que só se tornaram factíveis devido a todo caminho anteriormente percorrido por Chiquinha.

            Compôs pela primeira vez, aos 11 anos, a “Canção dos pastores”. E foi de maneira improvisada que nasceu seu primeiro sucesso, a polca “Atraente”, em meio a uma festa em que se apresentava.

            A “madrinha de todos os valores novos” atuou na música e na política, foi detentora de sensibilidade arrebatadora e de força inesgotável; emprestou seu talento e sua inteligência a uma época que não tinha na figura da mulher alguém capaz de pensar por si só ou de realizar algo que se acreditava ser exclusivo de mentes e atitudes masculinas.

            Foi às vésperas da festa popular que tanto amava – o carnaval – que, em 1935, Chiquinha Gonzaga ouviu os últimos acordes em vida, transcendendo à harmonia terrena e compartilhando com outros merecedores, em outras plagas, sua genialidade.

 

Renata Iacovino, cantora, escritora e poetisa, membro das Academia Jundiaiense de Letras, Academia Feminina de Letras e Artes de Jundiaí, Academia Infantil de Letras e Artes de Jundiaí, Sociedade Jundiaiense de Cultura Artística e do Grêmio Cultural Prof. Pedro Fávaro. reiacovino.blog.uol.com.br   / reval.nafoto.net / reiacovino@uol.com.br

 

 



publicado por Luso-brasileiro às 18:06
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Cfd. ALUIZIO DA MATA - VALORIZAR O SACRAMENTO DA CONFISSÃO

                                

 

 

Existem alguns ditados que nos dão idéia do que quero falar.

Um deles é: “Nem tanto a terra, nem tanto ao mar”.  Ele quer dizer que ser extremo não é bom.

Fico pensando sobre este aspecto com o que está acontecendo com o Sacramento da Confissão. Antigamente era costume de o católico fazer sua confissão várias vezes por ano. A própria Igreja nos alertava dessa necessidade e dessa graça dada por Deus. Os padres, às vezes, eram até bem duros ao pregarem sobre o assunto.  Constantemente a gente ouvia nas pregações falarem sobre os pecados e da necessidade de confessá-los. Nossa consciência ficava alertada pelos sermões, como era chamada a atual homilia que ouvíamos.

As filas dos confessionários estavam sempre com bastante gente à espera do perdão de Deus.   Os padres passavam horas e horas nessa missão santificadora, tal era o sacrifício que faziam.

Hoje tudo mudou.

Dificilmente a gente ouve nas pregações o sacerdote falar sobre pecado ou sobre a necessidade da Confissão. Parece que os padres têm uma orientação sobre isto, pois todos, ou quase todos, agem assim. Somente por ocasião da Páscoa costumamos ver fila diante do confessionário, assim mesmo não tão grandes como antigamente.

Nos quadros de avisos das igrejas vemos muitos avisos, muitos programas de festas, mas não vemos neles a informação dos dias e horas que o fiel poderá fazer a sua confissão. Em alguns lugares agenda-se a confissão na secretaria da paróquia.  

E o leigo parece gostar do que vê, pois ninguém fala sobre o assunto. Até os vicentinos estão nessa. Faça uma pesquisa em sua Conferência e veja se tenho ou não razão!

Aliado ao silêncio dos padres, a própria consciência das pessoas está amortecida pelos costumes e ensinamentos impostos pela mídia. Nada mais é pecado. Tudo é permitido. O que antes era pecado, hoje é natural, é moda. Para citar apenas dois aspectos, vejam o que se pensa hoje sobre a virgindade e a castidade. Quem é virgem, quem é casto é motivo de chacota entre os amigos e colegas.  A pressão sobre os que ainda são virgens e castos é muito grande. E a Igreja pouco vem em socorro deles. Os próprios pais têm facilitado para que os filhos deixem de sê-los. “Ficar” com mais de um e dormir juntos na época do namoro são coisas comuns. Troca-se de par com muita facilidade. É como se fosse trocar de camisa ou de vestido. E ninguém mais liga se ontem seu par atual dormiu com outra pessoa.

O outro aspecto é se achar que o que vale hoje é “levar vantagem em tudo”. Não interessam os meios utilizados. Se trouxer vantagem financeira, tudo pode ser feito, tudo é permitido.

E tem gente, vendo nos noticiários a impunidade de quem é corrupto, fica até com um pouco de inveja por não ser ela quem está levando vantagem.     

Infelizmente, a televisão é mais ouvida e seguida do que as homilias. Aliás, poucos vão à igreja ouvir as homilias, enquanto a audiência aos programas, novelas e filmes deseducadores aumentou em proporção infinitamente maior.

A igreja não consegue chegar até àqueles que não a freqüentam.     E mesmo aqueles que a freqüentam, quando alertados sobre algo errado, costumam achar que “não é bem assim”.

Talvez a Igreja não precise ser tão enfática como era antigamente, mas não pode achar que nada deve ser dito.

Tenho a certeza de que alguns que estão lendo este artigo estão pensando que estou fora do tempo. Que hoje tudo é diferente. Que o tempo mudou.

Será mesmo?

Deus não mudou com o passar dos tempos e com a modificação dos costumes. O que era pecado para Ele, continua sendo.

Por isso a Igreja precisa descobrir um meio de o ser humano valorizar o Sacramento da Confissão.

Já imaginaram se Deus, através de Jesus, não tivesse instituído a Confissão?

Quem se salvaria?

Mas o não utilizar deste instrumento de salvação é perder uma oportunidade que pode não aparecer novamente.

Embora Deus seja misericordioso, Ele nos deu o instrumento para obter o seu perdão.

Usá-lo ou não é uma decisão nossa.

Aí, poderá não haverá mais tempo de voltar atrás. E não adiantará se lamentar.

 

ALUIZIO DA MATA - Vicentino, Sete Lagoas, Brasil

 

 



publicado por Luso-brasileiro às 18:01
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Sexta-feira, 26 de Março de 2010
HUMBERTO PINHO DA SILVA - UM PITÉU PORTUENSE

                    

 

 

Pela manhã ao abrir o computador deparei com a receita da      “Francesinha” enviada pelo Cândido. O Cândido é um velho amigo, que graças à Internet redescobri nos últimos meses.

Por certo alguns leitores do Brasil e africanos, carecem que lhes explique o que é esse pitéu, já que em Portugal não há quem o  não conheça.

A “Francesinha” nasceu no Porto na década cinquenta, na velha rua do Bonjardim, no conhecido restaurante “ Regaleira”.

O inventor, Daniel David da Silva, que, se não erro, era poveiro, emigrou para terras de França e dai para a Bélgica.

Regressado à pátria permaneceu algum tempo em Lisboa, donde veio para o Norte, mais precisamente para a cidade do Porto, para supervisionar a cervejaria da “ Regaleira”.

De inicio a “ Francesinha” destinava-se a servir de merenda ou refeição ligeira. Como levava molho picante, “ puxava” a bebida, o que era vantajoso para a cervejaria.

No intuito de ser bem acolhida pelos portuenses deram-lhe o nome de “Francesinha” criando a ideia que o petisco não era português.

Foi imenso o sucesso e não faltaram imitadores que introduziram novos ingredientes, entre eles: marisco e cogumelos.

Faleceu Daniel David da Silva com 84 anos e o seu nome ficou ligado à gastronomia portuguesa, como o de Gomes de Sá e Baltasar Castanheiro, proprietário da Confeitaria Nacional (Lisboa), que introduziu, no inicio do século XX, o Bolo-rei, doce apresentado pela primeira vez, em França, na corte de Luís XVl, em dia de Reis.

Existem várias receitas espalhadas em livros de culinária e até na Internet, mas a que recebi de autoria de Luís Santos, do “Instituto das Artes e Ciências “, Dezembro de 2009, parece-me a melhor, motivo que a levo ao conhecimento do amigo leitor:

 

Ingredientes:

2- Fatias de pão de forma

3- Fatias de fiambre

7- Fatias de queijo

1- Linguiça

2- Fatias de paio

1- Bife 150 a 200gr.

 

Ingredientes - Molho (4 pessoas):

1- Sopa de marisco

1- Sopa de rabo de boi

3- Cebolas médias

6- Dentes de alho

2- Folhas de louro

     Salsa q.b.

     Azeite q.b.

     Sal q.b.

     Piripiri q.b.

     Farinha tipo “Maizena” para engrossar q.b.

2- Colheres de sopa de polpa de tomate

1- Cerveja

1- Cálice de brandy ou whisky ou água ardente

1- Cálice de Vinho do Porto

1- Copo de vinho branco (maduro ou verde)

 

Preparação e Confecção da Francesinha – da base para o topo:

Fatia de pão de forma (1unid.)

Fiambre (1 unid.) + queijo (1 unid.)

Paio (1 unid.)

Bife (1unid)

Fiambre (1unid.) + queijo (1unid.) + paio (1unid.)

Linguiça aberta (1 unid.)

Queijo (5 unid.)

Nota: Preferência grelhar a linguiça e o bife

 

Preparação e Confecção (Molho):

1- Colocar num tacho de azeite, os alhos picados, a cebola picada, as folhas de louro, sal e salsa

2- Deixar refogar, acrescentando um pouco de água e mexendo de vez em quando.

3- Quando começar a alourar, adicionar a cerveja, a polpa de tomate, o piripiri, as bebidas espirituais, o vinho do Porto e o vinho de mesa.

4- Deixar ferver aproximadamente 10 minutos, mexendo de vez em quando.

5- Retirar as folhas de louro.

6- Ralar tudo muito bem com varinha mágica.

7- Preparar as sopas, de marisco e rabo de boi, separadamente e de forma individual, (demora cerca de 15 minutos).

8- Acrescentar as sopas ao “molho” principal (estrugido)

9- Ralar novamente com a varinha (cerca de 2 minutos).

10- De forma a apurar, deixar ferver 10 minutos, mexendo continuamente e servir bem quente.

11- Se necessário, engrossar o molho com farinha tipo “ Maisena”.

 

Acompanhamento:

 

Originalmente, a francesinha era servida de forma simples, todavia, actualmente é ou pode ser, servida e/ou acompanhada por: ovo frito, batata frita, lagostim.

A bebida que melhor acompanha é a cerveja.

 

HUMBERTO PINHO DA SILVA  -  Porto, Portugal

 



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PINHO DA SILVA - ARCO DAS VERDADES, PORTO, PORTUGAL

                      



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Terça-feira, 23 de Março de 2010
Dom GIL ANTÔNIO MOREIRA - JOSÉ, ESPOSO DE MARIA

              

            Para celebrar São José, esposo da Virgem Maria, tutor de Jesus, a Igreja faz uma pausa nas celebrações quaresmais. A 19 de março, destaca-se a solenidade litúrgica na qual ela louva o Senhor, festejando aquele que foi escolhido para a santa missão de cuidar, como pai, do Filho de Deus encarnado.

 Ao narrar o nascimento de Jesus, o evangelista Mateus, destaca a figura de José, colocando-o em estreita relação com Abraão, o pai de povo hebreu e com Davi, de cuja descendência nasceria o Salvador. (Cf. Mt, 1, 1-24). Em sua descrição genealógica, demonstra que entre Abraão e Davi, houve quatorze gerações e de Davi até o exílio da Babilônia, mais quatorze gerações e desde aí até o nascimento de Cristo, mais quatorze, sinalizando o simbolismo do número sete, o número da plenitude, duplamente presente nas três partes da ordem genealógica. Passa a descrever a forma espiritual e miraculosa com que se deu o nascimento de Jesus Cristo, narrando a experiência vital de José, o homem justo, demonstrando que mais importante que o puro dado genealógico, é a descendência na linha da fé, cuja origem maravilhosa está em Abraão aquele que acreditou contra toda esperança. São Paulo, na carta aos Romanos (cf. Rom.4, 1-25), discorre sobre a justificação de Abraão pela fé, uma vez que não se salvou pela observância da lei só revelada bem mais tarde no Sinai a Moisés. Tal fé tem seu ponto máximo ao momento do nascimento do Messias, e para ela se abrem de forma esplendorosa José e Maria de Nazaré. José, ao lado da santa esposa, está posto nos umbrais do momento messiânico, provado por Deus e mostrado como modelo de fé e disponibilidade diante o plano do Altíssimo. Mateus classifica José como homem justo, aquele em cuja alma se dava a justificação do alto, aquele cujo espírito estava ajustado de forma madura e plena com o Senhor do Universo, Deus Pai amoroso e onipotente que cria e salva a humanidade. Pela sua fé, na condição de esposo legal e casto de Maria, se realiza a paternidade espiritual pela qual o Salvador, gerado pela força do Espírito Santo no seio virginal da jovem de Nazaré, cumpre a promessa feita aos primeiros pais e confirmada na profecia de Natan a Davi.

Em José se evidencia de forma eloqüente a vocação do homem maduro que se realiza em ser fiel a toda prova, ao não abandonar Maria na concepção extraordinária do Menino de Belém. Nele se pode contemplar a integridade de alma, ao despojar-se de si mesmo diante do plano de Deus, disponibilizando-se total e indivisamente para a missão de ser pai legal, adotivo, do Menino Deus. Ao lado da Virgem esposa, José é modelo de pai que cuida do filho, na certeza de estar servindo humildemente a Deus e de estar diante de um mistério que só pode ser entendido dentro do prisma da mais genuína fé e do mais completo amor.

            Na vida da Igreja, José sempre ocupou lugar de distinção, respeito e veneração. Os documentos do século VII, a festa litúrgica introduzida no século XII, a expansão de sua devoção no ocidente, sobretudo a partir do século XV e as várias distinções dadas ao seu nome nos tempos modernos, fazem de São José um dos santos mais queridos e populares do mundo cristão. O papa Pio IX (1846-1878) o declarou Patrono Universal da Igreja, por ter sido escolhido por Deus para cabeça da família de Nazaré, a primeira Igreja Doméstica. Sendo esposo de Maria Santíssima, pai putativo de Jesus, se torna também patrono da Igreja, Corpo Místico de Cristo.

            Mediante a confiança depositada por Deus neste homem justo e bom, o fiel encontra razões para submeter-se ao seu patrocínio e à sua intercessão, em Cristo, para que suplique ao Pai em todas as suas necessidades, sobretudo as relacionadas com a família, a educação dos filhos e a manutenção geral dos lares. Muitos seminários e outras casas de formação dos futuros sacerdotes são postos sob o patrocínio de São José, bem como mosteiros e conventos, pois ele é modelo de alguém que se entregou total e indivisivelmente à obra do Senhor, não querendo nada para si, mas tudo para Deus.

 

                                         Dom GIL ANTÔNIO MOREIRA

                                                               ARCEBISPO DE JUIZ DE FORA

                                                  19 de março de 2010

 



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PAULO ROBERTO LABEGALINI - UM GRANDE HOMEM

                         

 

 

Falar de um grande Homem é falar de Jesus Cristo! Em química, Ele transformou água em vinho; em biologia, Ele nasceu sem uma concepção normal; em física, Ele superou a gravidade quando ascendeu ao Céu; em economia, Ele impressionou ao alimentar 5000 pessoas com cinco pães e dois peixes; em medicina, curou doentes e cegos sem administrar nenhum remédio; em, história, Ele é  o começo e o fim de tudo; em religião, falou que ninguém chega ao Pai  se não for por meio Dele.

O maior Homem da história não tinha servos, ainda assim O chamavam de Mestre; não tinha escolaridade e O chamavam de Professor; não tinha remédios, mas O chamavam de Curador; não tinha exércitos e reis O temiam. Ele não venceu batalhas militares, porém conquistou o mundo; não cometeu crimes, e crucificaram-No; foi enterrado numa tumba, contudo, continua vivo!

Acredito que isto não é segredo para ninguém porque, graças à nossa fé, acreditamos na salvação por meio da misericórdia de Cristo. Mas, exceto Ele, há outros grandes homens que continuam vivos? Talvez esta história nos ajude a responder:

Sabendo que a filha chorava por ter rompido o namoro, seu pai lhe falou:

 – Minha filha, apaixone-se por um grande homem e nunca mais voltará a chorar.

Com o passar dos anos, a moça descobriu que se todos os homens lutassem por ser grandes de espírito e grandes de coração, o mundo seria completamente diferente. Ela compreendeu que um grande homem também não é aquele que compra tudo o que a mulher deseja – ainda que muitos maridos conquistem com presentes o respeito das esposas.

Um dia, o pai morreu, mas a jovem continuava a lembrar de suas palavras:

“Apaixone-se por um homem que se interesse por você, que conheça suas ilusões, suas tristezas e que a ajude a superá-las. Não creia nas palavras de um homem cujos atos dizem o oposto. Afaste de sua vida o homem que não constrói com você um mundo melhor.

Não se agarre a um homem que não seja capaz de reconhecer sua beleza interior e suas qualidades morais. Não se enamore de um homem que, ao conhecê-lo melhor, sua vida tenha se transformado em um problema a resolver e não em algo para comemorar. Não creia em alguém que tenha carências afetivas de infância e que trata de preenchê-las com a infidelidade, culpando-a quando o problema não está em você, e sim nele, porque não sabe o que quer da vida, nem  quais são suas prioridades.

Por que querer um homem que a abandonará se você não for como ele pretendia ou se já não é mais ‘útil’? Por que querer uma pessoa que a trocará por uma cor de pele diferente, ou por uns olhos claros, ou por um corpo mais esbelto? Por que querer alguém que não saiba admirar a beleza que há em você, a verdadeira e única beleza do coração?”

E, assim, as palavras do pai ecoavam na cabeça da moça. Ela, então, concluiu:

“Quantas vezes me deixei levar pela superficialidade das coisas, colocando de lado aqueles que realmente me ofereciam sua sinceridade. Custou-me compreender que grande homem não é aquele que chega no topo, nem o que tem  mais dinheiro, casa, automóvel, nem quem vive rodeado de mulheres, muito menos o mais bonito.

Um grande homem é aquele ser humano transparente, que não se refugia atrás de cortinas de fumaça, que abre o coração sem rejeitar a realidade, que admira uma mulher por seus alicerces morais e grandeza interior. Grande homem é o que caminha sem baixar os olhos, é aquele que não mente e, sobretudo, sabe chorar sua dor com humildade.”

Hoje, a moça está feliz. O grande homem com quem se casou não era o mais solicitado pelas mulheres, nem o mais rico ou o mais bonito. Era simplesmente aquele que nunca a fez chorar e que, no lugar de lágrimas, lhe roubou sorrisos. Sorrisos por tudo que conquistaram juntos, pelos  triunfos alcançados, pelas lindas recordações e por cada alegria que preencheu suas vidas.

Esse homem a ama tanto que daria tudo por ela sem pedir nada em troca. Ele a quer pelo que ela é – por seu coração bondoso e pela sua dignidade marcante. Ele a fez compreender que, ao lado de um grande homem, sempre existe uma grande e única mulher. Juntos e com Jesus Cristo no coração, nada os separará.

Também podemos julgar um grande homem no sacerdócio: aquele que dedica seu tempo a Deus, tem paciência com as mazelas do povo, participa da Comunidade, abre o coração para a Palavra e confia na ação do Espírito Santo. Temos exemplos maravilhosos em nosso meio, mas, em especial, quero citar o padre Francisco Tarcísio. Neo-sacerdote, vem dando sinais de um grande homem!

Ele participou da Semana da Família – lindas celebrações na Matriz da Soledade –, presidiu com competência sua primeira missa na Comunidade Nossa Senhora do Sagrado Coração – último sábado –, confraternizou-se conosco na ‘festinha’ que lhe preparamos no Instituto Padre Nicolau – conversando e sorrindo para todos –, enfim, está conquistando o respeito que merece.

Assim como Jesus, gostar de conviver com pessoas e celebrar a vida, também são características de um grande homem!

 

PAULO ROBERTO LABEGALINI --    Escritor católico, Professor Doutor da Universidade Federal de Itajubá-MG. Pró-reitor de Cultura e Extensão Universitária da UNIFEI

 



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MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE - EXERCÍCIO DO OLHAR

 

                      

 

Conhecemo-nos em 1992. Acolhia-nos, na cela onde morava, com alegria. De conversa fácil, atento ao anúncio do Evangelho. No braço, uma única tatuagem, com o nome da amada. Era a sua identidade.

Transferido para o sistema penitenciário em 1994, não soube e nem me lembrava mais dele. São tantos os que se fazem presença em nossas visitas, e que se vão pelo mundo ou pelos corredores cinza e insalubres, que é impossível guardá-los na memória. Coloco-os, contudo, todas as manhãs, com a lembrança da fisionomia ou não, em minhas preces, no coração de Deus, que observa, individualmente, os filhos Seus. Desejo-lhes a experiência do arrependimento e da bondade. Há aqueles que enviam cartas ou acenos, ou nos procuram nas “saidinhas”, e, de certa forma, se tornam mais próximos.

Passaram-se quase dezoito anos e o reencontro na cadeia na semana passada. Recebeu-nos efusivamente. Disse aos demais sobre o tempo em que a Pastoral dava os primeiros passos dentre as grades e, em seguida destacou nomes diversos, naquela época meninos ainda, indicando os que haviam morrido e a causa da morte. Surpreendi-me com o número dos que partiram ainda na juventude ou no início da idade adulta. Poucos em confronto com rivais na criminalidade e em rebeliões, a maioria vitimada por doença lúgubre. Grande parte das enfermidades prisionais decorre dos desequilíbrios – incontáveis vezes, desde a infância, pela desestrutura familiar -, das dependências funestas, do vazio que não se consegue preencher, das feridas provocadas, pelos delitos que sangram em conhecidos e desconhecidos. Tudo isso deteriora a pessoa e a torna vulnerável a doenças contagiosas e à desintegração do corpo. 

Contou-me que saíra do sistema presidiário no final do ano passado e, no momento, estava preso por um delito menor. Não se casara e não possuía filhos. As irmãs com os sobrinhos formam a família que o acolhe.

 Notei seus braços repletos de tatuagens. Algumas com formas definidas e outras não. O nome da amada não se encontrava mais. No braço esquerdo, distinguia-se a pintura de uma estrela azul. Contou-me que era a estrela de Belém. Encantara-se, em 92 e 93, com a Celebração de dezembro promovida pela Pastoral no presídio e com os brinquedos que levávamos para os detentos oferecerem aos seus filhos. Observava os pacotes coloridos e o sorriso das crianças ao recebê-los. Nos cárceres, por onde passou, encontrava sempre um caminho para conseguir presentes que pudessem ser distribuídos aos filhos dos detentos. Ocupava-se com isso o ano inteiro. Tornou-se conhecido como Papai do Natal pelos filhos que não eram seus. Por certo foi essa atitude para o bem que o salvou da morbidez.

Comovi-me. Compreendera que a Palavra de Deus, que levávamos, poderia ser lamparina nas masmorras de sua história. Não falara sobre a Palavra, mas exercitara o amor em seu olhar além das grades.

 

MARIA CRISTINA CASTILHO DA ANDRADE- É coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher e autora de “Nos Varais do Mundo/ Submundo” –Edições Loyola



publicado por Luso-brasileiro às 18:15
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