Para quem tem como lema de vida: ‘O Céu é o meu limite’, parabéns! Desde que pratique isto com coerência, é sinal que está no caminho certo: do bem, da verdade e do amor.
Ao contrário, aquele que guarda pedados mortais na alma, nunca poderia dizer algo semelhante, pois está cada vez mais se afastando do Céu. Menos mal saber que a qualquer momento poderá se aliviar da carga pecaminosa que carrega nas costas, mas, para isso, é preciso se reconciliar com o Criador.
Isto só será possível por meio da Confissão Sacramental. Com arrependimento, fé e penitência, a remissão dos pecados fará de nós homens novos. Novos para a família, para os amigos, para a Igreja, na sociedade e novos para o Céu. Basta querer mudar e perseverar na graça de Deus.
No mês passado, o reitor da UNIFEI nos lembrou a história dos operários que passavam o dia arrebentando pedras no canteiro de obras de uma igreja. Quando questionados sobre o tipo de trabalho que desenvolviam, respondiam simplesmente: estamos quebrando pedras. Um dia, um deles respondeu: estou construindo uma catedral; e a visão do grupo mudou para melhor.
E nós, simplesmente empurramos a vida com a barriga ou caminhamos para o Céu? Quem escolheu a segunda opção, lembre-se que: os obstáculos devem ser superados com amor no coração; os passos não podem se desviar da caridade; e a esperança na salvação jamais deve faltar. Não é preciso pressa nem promessas, apenas um pouco mais de alegria pela vitória que virá.
E por falar em promessas, o porteiro do prédio onde moro contou à minha filha Soraia o caso do homem que era apaixonado por uma moça e, para conquistá-la, disse-lhe com entusiasmo:
– Vou provar o meu amor por você. Se quiser se casar comigo, atravessarei parte do oceano a nado, percorrerei milhares de quilômetros a pé no deserto e até subirei o Monte Everest!
Ela respondeu:
– Você acha que eu vou me casar para ter um marido que não pára em casa?
Da mesma forma, não adianta prometer o impossível a Deus e, principalmente, coisas sem importância para o crescimento espiritual. Prometa, por exemplo, que vai perdoar aqueles que lhe ofenderam e, inclusive a eles, fará sempre o bem. A fé cristã passa pelo amor a Jesus e ao próximo.
Talvez você se lembre da novela ‘Gabriela’ da Rede Globo, em que o tema musical foi composto por Dorival Caymmi e interpretado por Gal Costa. Uma estrofe era esta: ‘Eu nasci assim, eu cresci assim, eu sou mesmo assim, vou ser sempre assim’. Pessoa desse tipo é séria candidata a viver infeliz e perder o Céu. Sem mudanças para corrigir o rumo do pecado, as ‘Gabrielas’ não se salvarão!
Alfredo Gontijo de Oliveira, Presidente do Centro Tecnológico de Minas Gerais, fez uma palestra na UNIFEI na semana passada e chamou a isto de ‘Síndrome da Gabriela’. Segundo ele, por trás de uma grande verdade universal existe sempre um oposto, que muitos dizem também ser uma grande verdade. Baseados nisto, as pessoas insistem no erro e relutam em mudar de vida.
Aliás, para não precisar seguir Cristo, cidadãos se apegam a qualquer tipo de crença e até acreditam em ‘futurologia’! Enquanto uns dizem que viver com Deus é bom, outros dizem que viver com Ele é perigoso... e por aí vai.
Ainda bem que as orações nos ajudam a refletir na vida que levamos e, ao mesmo tempo, nos fortalecem com bênçãos diversas. Veja esta:
“Senhor, se um dia eu estiver sufocado, cheio da vida, com vontade de sumir, insatisfeito comigo e com o mundo em torno de mim, pergunta-me se eu quero trocar a luz pelas trevas ou se eu quero trocar a mesa posta pelos restos que tantos buscam no lixo. Pergunta-me se quero trocar meus pés por uma cadeira de rodas.
Se eu reclamar de coisas banais, pergunta-me se desejo trocar minha voz por gestos, se eu quero substituir o mundo dos sons pelo silêncio dos que nada ouvem, ou trocar o jornal que leio e depois jogo no lixo pela miséria dos que vão buscá-lo para fazer dele seu cobertor.
Pergunta-me se eu quero trocar minha saúde pelas enfermidades de tanta gente, pergunta-me até quando não reconhecerei as Tuas bênçãos a fim de fazer da minha vida um hino de louvor, hino de gratidão, para dizer sempre do fundo do meu coração: Obrigado, Senhor, por mais este dia!”
Concluindo as orientações de hoje, espero que você saiba, leitor, que existe um reservatório infinito de vagas no Céu. Reconhecendo o amor que Deus tem por nós e ajudando a construir um Reino de Amor, seremos fortes candidatos a assumir algumas dessas vagas no Paraíso: onde não há choro nem ranger de dentes.
Mas, para fazer do Céu o seu limite, você precisa cumprir os 10 Mandamentos e evitar os 7 Pecados Capitais. Por exemplo: você tira de letra o 8º Mandamento? E o 5º Pecado Capital, não é problema em sua vida? Recordando os dois: ‘não levantar falso testemunho’ e ‘preguiça’. Se concorda que nem sempre é fácil seguir os passos de Jesus, pratique cada vez mais as ações que deseja viver na eternidade.
PAULO ROBERTO LABEGALINI -- Escritor católico, Professor Doutor da Universidade Federal de Itajubá-MG. Pró-reitor de Cultura e Extensão Universitária da UNIFEI
Só tenho que me congratular com a publicação de A economia em Pessoa/Verbetes contemporâneos, organizada por Gustavo H. B. Franco, porque, ao lado de antologias gerais, passamos a ter um estudo realmente especializado sobre os textos pessoanos versando as questões econômicas. O leitor não deve se surpreender com o interesse do poeta pela economia; com efeito, o criador dos heterônimos não era tão jejuno como alguns pensam nesta área, pois freqüentou desde 1902 a Commercial School de Durban e manteve-se fiel ao tema quando, na autobiografia de 30-3-1935, se declarou apenas "tradutor" ou "correspondente de casas comerciais", já que traduziu centenas de cartas e outros textos para mais de uma dezena de firmas: "O ser poeta e escritor - confessou - não constitui profissão, mas vocação." E foi com esses trabalhos que ele pôde atender suas necessidades financeiras mais prementes até à morte, aos 47 anos.
Os textos de Fernando Pessoa sobre economia foram escritos, quase todos, em 1926, quando o poeta fundou e editou a Revista de Comércio e Contabilidade. Esses textos reapareceram depois nos volumes Fernando Pessoa/textos para dirigentes de empresas, de 1969, organizados por seu primo Eduardo Freitas da Costa, em Lisboa; Sociologia do comércio, organizado por Petrus; e Fernando Pessoa, o comércio e a publicidade, organização de Antônio Mega Ferreira, de 1986. Cremos que a última e mais ampla edição dos referidos textos foi a que fizemos em 1992 sob o título de Fernando Pessoa: estatização, monopólio, liberdade e outros estudos sobre economia e administração de empresas, da qual se fez nova publicação em Lisboa, pela Universitária Editora, em 2004.
Entretanto, a fortuna crítica dos estudos econômicos de Fernando Pessoa assume postura autorizada com esta nova coletânea, que faz uma interpretação competente e original dos conceitos pessoanos em torno dos temas "Estatização, monopólio, liberdade", "A evolução do comércio", "Contra as algemas do comércio", "A essência do comércio", "Projetos de concentração industrial", "Organizar", "Quando a lei estimula a corrupção", "Os preceitos práticos de Henry Ford", "As regras de vida" e "Conceitos e preconceitos".
Em resumo, diremos que dispomos agora de uma visão crítica dos estudos econômicos de quem se julgava que fosse apenas Poeta. Quer dizer, doravante, ficamos rigorosamente bem informados, apesar dos cerca de 70 anos sobre os textos de Pessoa, que assume novas dimensões, a par das literárias. E o que ocorre com a Economia acontecerá também com a visão do escritor português sobre Política, Ocultismo e outros temas por ele sugeridos, nas múltiplas facetas de Alberto Caieiro, Ricardo Reis, Álvaro de Campos, Bernardo Soares e Raphael Baldaya, além de outros heterônimos de menor dimensão, mas que enriquecem ainda mais o escritor ortônimo Fernando António Nogueira Pessoa.
(*) Foi durante 1993-1999 foi secretário adjunto de política econômica adjunto do Ministério da Fazenda, diretor de Assuntos Internacionais e presidente do Banco Central do Brasil
- fonte: www.pt.wikipedia.org/wiki/Gustavo_Franco
JOÃO ALVES DAS NEVES - Escritor português, radicado no Brasil. Foi redactor – editorialista de “ O Estado de S. Paulo”, durante trinta e um anos e professor - pesquisador da Faculdade de Comunicação Social Gásper Libero ( São Paulo), durante um quarto de século. Autor de cerca de três dezenas de livros publicados, seis dos quais sobre a obra de Fernando Pessoa. O seu último livro foi lançado em em Lisboa, pela Editora Dinalivro, sob o titulo de “ Dicionário de Autores da Beira- Serra”, região onde nasceu.
O acesso à cultura, em especial à literatura e, mais especificamente à poesia, é preocupação recorrente em projetos desenvolvidos por mim e minha parceira, Valquíria Gesqui Malagoli.
A poesia, há muito, encontra-se num ostracismo, considerada linguagem de difícil compreensão. Mas, o que vemos, é uma falta de interesse geral em apropriar-se dela, em senti-la, difundi-la e fazê-la instrumento para saciação de fomes outras, que não a do mero utilitarismo. Aí reside a dificuldade, pois acabam por não encontrar utilidade em versos...
No estudo “POESIA NA ESCOLA: educação para a fruição estética”, os autores Adair Neitzel e Blaise Duarte nos dizem que “Oportunizar o contato com a poesia é um exemplo de atividade de como o educador pode auxiliar o aluno a construir a função social da escrita e promover o interesse e crescimento pela leitura.”. O objetivo do livro literário deve estar além das finalidades didáticas, caso contrário, a poesia, por exemplo, não será aproveitada naquilo que tem de fundamental. Ruth Rocha afirma: “o bom livro educa artisticamente, educa o caráter, estimula a busca do conhecimento, mas tudo isso pelo que ele tenha de mais artístico. Educar as crianças é cuidar do todo, não só da educação formal, mas também da sensibilidade, da criatividade, da formação do caráter e do gosto pela arte.” Há, então, uma necessidade de criar possibilidades para que o texto literário seja trabalhado enquanto arte e não como livro paradidático.
Em nossas atividades, envolvendo poesia e música, com os públicos infantil, juvenil e adulto, buscamos o viés da sensibilidade, esta formadora em potencial de seres humanos.
A CircuitoTeca (biblioteca itinerante) é um dos nossos projetos que visam não a só a democratização da leitura, mas principalmente o estímulo e interesse pelo livro físico, pelo manuseio e contato com esse insubstituível objeto transformador. Como bem ressalta o escritor Caio Riter, “Brincar com palavras não é luta vã. Ao contrário, é condição essencial para fazer brotar em corações ainda ternos, ainda fechados aos preconceitos, o amor pela leitura, o desejo de descoberta.”.
Renata Iacovino, escritora, poetisa e cantora/ reiacovino.blog.uol.com.br
Não tem jeito. Parece que eu não aprendo.
Como vicentino sou um dos primeiros a incentivar que ninguém dê esmola na rua, pois conhecemos bem as maneiras que algumas pessoas encontram para inspirar a nossa piedade e conseguir sempre alguns trocados que nem sempre sabemos se serão bem utilizados.
Em várias ocasiões prometi a mim mesmo que não daria esmola na rua e sempre que posso tenho cumprido tal promessa. Quando me pedem dinheiro para comida levo a pessoa até um bar, compro o almoço ou o lanche e espero que ela o coma, para depois ir embora. Tem dado resultado.
Mas existem outras situações que me pegam “de jeito”. Uma dela é quando envolve pessoas idosas ou crianças doentes. Nesses dias passados tive ocasião de viver duas situações. Numa delas eu estava passando perto de um hospital e uma senhora idosa me parou para pedir alguns reais para comprar remédios. Conversei com ela, me inteirei de qual era o seu problema. Ela me mostrou uma receita com três medicamentos que deveria tomar. Seguindo a minha regra de não dar dinheiro na rua, peguei a receita e fui com a mulher até uma farmácia. Pedi ao atendente que aviasse um dos remédios receitados. Tive o cuidado de pedir a ele que carimbasse a receita informando que aquele medicamento já fora adquirido. Creio que ela estava dizendo a verdade quando disse que não tinha como comprá-los, pois na mesma hora tomou um dos comprimidos que lhe comprei. Ah! Só para efeito de uma comparação que farei a seguir, o remédio custou pouco mais de R$ 25,00.
Dias depois estava em frente da minha casa aguando uma jardineira, quando uma mulher aparentemente nova se acercou e m e perguntou:
— Moço, o senhor compra rifa beneficente?
Eu lhe respondi: — Depende qual seja o motivo.
Ela que estava com uma criança de dois anos no colo disse que era para pagar um exame de ultra-sonografia pedido por um médico (que sei quem é) que iria operar a criança. Tinha o umbigo bem estofado e o médico não tinha conseguido localizar os testículos do menino. O exame custaria R$ 120,00, mas seria feito por R$ 100,00. E ela me mostrou o pedido médico. A operação ficará em mais de R$ 2000,00. O marido dela, trabalhador na roça, não tem como arcar com as despesas.
Comprei o bilhete da rifa e já pensava em falar com ela que daria a metade do custo do exame(eu o faria através da Conferência), mas resolvi ficar calado. Disse apenas que ela me procurasse no dia que viesse fazê-lo, para ver se eu poderia ajudar em mais alguma coisa.
Como ela mora em uma pequenina cidade vizinha, perguntei-lhe como iria embora. Ela disse que iria usar do dinheiro da rifa para pagar a passagem que era de R$ 8,00. Para ajudá-la um pouco mais, tirei R$ 10,00 e lhe dei para pagar o bilhete. Ela agradeceu muito e ficou de me procurar quando voltasse.
Aí que me fez escrever este artigo: ela não voltou. Pelo menos ainda! Não me pareceu que ela estivesse mentindo. Quem sabe ainda não arranjou todo o dinheiro necessário para o exame?
Fico agora pensando: É! Eu não aprendo mesmo!
Mas logo a seguir me vem outro pensamento: Não adianta, sou assim mesmo, quando fala mais alto o coração. Em certas circunstâncias, principalmente quando envolvem idosos e crianças, prefiro agir como agi.
ALUIZIO DA MATA - Vicentino, Sete Lagoas, Brasil
Agradeço –Te, Deus, o meu andar,
O raciocínio, o dom da percepção;
Os sentidos da mente, o palpitar,
A voz que sente vivo o coração!
Agradeço, Senhor, a vida em flor,
A Terra, o Sol, o ar, a luz celeste!
A Esperança que acalenta a minha dor,
A graça de escrever que Tu me deste!
Agradeço a lição do sofrimento,
O auxílio divino de viver.
E, nos dias mais tristes, o alento
Que faz a minha alma enternecer!
Agradeço, Senhor, o Teu olhar
Para os pobres que choram a má sorte,
Sofrendo nas palhotas do seu “lar”...
E pedem doce alívio ou mesmo a morte.
Por todos estes bens, santa partilha,
Me curvo de joelhos, meu Senhor;
Rogando -Te, com Fé, e como filha,
Que derrames no mundo o Teu Amor!
CLARISSE BARATA SANCHE - Goís, Portugal
Teresa aos quinze anos
No dia 30 de Setembro faz cento e treze anos que faleceu Maria Francisca Teresa Martin, mais conhecida por Irmã Teresa do Menino Jesus.
Teresa aos três anos e meio
Menina de grande beleza, ficou célebre pela autobiografia escrita no Carmelo.
O texto, impregnado de poesia – se não tivesse falecido a 30-09-1897, aos vinte e quatro anos, tornar-se-ia, por certo, numa notável poetisa – narra sua vida e o ambiente familiar da família Martin.
Alençon. Rua de S. Brás,36. Ca-
sa natal de Teresa
Alençon. Relojoaria e joalharia de Luís Martim,na rua
Ponte Nova,15
Foi na Rua de São Brás, 36, em Alençon, pelas 22h30, que Teresa Martin nasceu. Filha de Luís José Alosio Estanislau Martin e de Azélia Maria Guérin.
Zélia Guérim. Mãe de Teresa
Luís Martin . Pai de Teresa
Os pais, profundamente crentes – segundo Teresa “mais dignos do Céu do que da Terra “ , – educaram-na no amor a Deus e aos Mandamentos.
Após a morte de Zélia, em 1877 (mãe de Teresa), esta vira-se para a irmã Paulina e diz-lhe em lágrimas: - “Tu serás a mamã!”Tinha quatro anos e oito meses!
Mudam-se, então, para Lisieux, pai e cinco filhas – Maria Luísa, Paulina, Leónia, Celina e Teresa.
Teresa aos oito anos com a
irmã Zélia
Lisieux. Os Buissonnet, casa arrendada pelos Martins
Teresa é a preferida, a que recebe mais carinhos; ternamente, o pai, trata-a por “rainhazinha”.
À tarde sai com ele em passeio, e visitam igrejas. Após o jantar o Sr. Martin senta-a no colo e entoa canções e declama poemas de inspiração cristã.
Rezadas as orações da noite, em família, Teresa despede-se:
- "Boa noite papá! Boa noite, dorme bem! …"
Lisieux. Sala de Jantar da família Martin
Lisieux. Os Buissonnet, jardim das traseiras
Um dia adoece gravemente. As irmãs aflitas permanecem no quarto, receosas. De súbito Teresa vê Nossa Senhora, sorrindo-lhe…e o mal, que tanto a fazia sofrer, desaparece por encanto.
Quer guardar segredo, mas a irmã Maria massacra-a com perguntas e acaba por lhe confessar a visão. Ao saberem do sucedido, todos pensam em milagre.
Teresa é agora adolescente e jovem de grande beleza. Dizem-lhe que é formosa, mas os elogios não a envaidecessem, e continua a persistir no intento de entrar no Carmelo.
As irmãs tinham abraçado a vida religiosa, como carmelitas. Ela sente igual vocação.
Obtêm o consentimento paterno, ainda que fosse duro sofrimento para o Sr. Martin, mas o Carmelo não concorda. Só com vinte e um anos! …
Nessa conjuntura acompanha o pai a Roma, numa excursão de comboio.
Teresa anima-se ao saber que será recebida pelo Papa. Quem sabe se pedisse a Sua Santidade, não lhe concederia a mercê?!
Persistindo, auxiliada pelas irmãs, acaba por se tornar religiosa. Estamos em 1888. Teresa tem quinze anos…
Teresa aos vinte e dois anos e meio
Teresa aos vinte e três anos e meio
Mais importante que a biografia, é a mensagem que Teresa nos deixou. Seu jeito de ver as coisas do Céu.
À cabeceira da cama, no Carmelo, há:“A Imitação de Cristo”,”O Cântico Espiritual” de S. João da Cruz, e o “Novo Testamento “. ”É sobretudo o Evangelho que me vale durante as minhas orações. Nele encontro tudo o que é necessário…” – escreve.
Teresa afirma que o melhor caminho para ser perfeito é o Amor.”O amor pode fazer tudo, as coisas mais impossíveis não lhe parecem difíceis”
Noutro passo do manuscrito, declara:”Um sábio disse:”Dai-me uma alavanca, um ponto de apoio e levantarei o mundo.”O que Arquimedes não pode obter, porque seu pedido não se dirigia a Deus, e ser feito sob o ponto de vista material, os Santos obtiveram-no em toda a plenitude: o Todo-Poderoso, deu-lhes, como ponto de apoio a oração, que abrasa como fogo de amor. E foi assim que levantaram o mundo; é assim que os santos, que ainda militam na terra, o levantam, e que, até ao fim do mundo, os futuros santos o levantarão também “.
Ao abordar sua acção como educadora, escreve: “Se a tela pintada por um artista pudesse falar, certamente não se lamentaria por ser incessantemente tocada e retocada por um pincel, e não invejaria tão pouca sorte desse instrumento, pois saberia que não é o pincel, mas ao artista, que deve a beleza de que está revestida.” E acrescenta: “Sou um pincelzinho que Jesus escolheu para pintar a Sua imagem, nas almas que vós me confiaste”. - Lembro aqui a nobre missão de mãe e a responsabilidade, desta, perante Deus.
Dois meses antes de falecer, confidencia à Madre Inês:”Sinto que minha missão vai começar…Passarei o meu Céu sobre a terra, até ao fim do mundo. Sim, quero passar o meu Céu, fazendo o bem sobre a terra…Não, não poderei ter descanso até ao fim do mundo, enquanto houver almas para salvar.”.
Cela de Teresa
Lisieux. Igreja do Carmelo. Urna com
os restos mortais de Teresa
Maria Francisca Teresa Martin, faleceu no Carmelo de Lisieux a 30 de Setembro de 1897. Foi canonizada a 17 de Maio de 1925, por Pio XI e considerada Doutora da Igreja, pelo Papa João Paulo II, a 19 de Outubro de 1997.
Teresa vestida de Joana d'Arc. Protagonista de uma obra
de teatro de sua autoria
HUMBERTO PINHO DA SILVA - Porto, Portugal
Se fizéssemos uma pesquisa com comentaristas de futebol que acompanharam a seleção brasileira desde a Copa de 1970 no México, acredito que alguns dos 11 nomes mais lembrados seriam estes: Taffarel, Carlos Alberto Torres, Lúcio, Juan e Roberto Carlos; Falcão, Gerson e Rivelino; Zico, Pelé e Romário.
A seleção B também contaria com muitos craques: Leão, Cafu, Luiz Pereira, Amaral e Leonardo; Júnior, Sócrates e Kaká; Tostão, Ronaldo e Rivaldo.
Imaginando isto como verdade, assim que o resultado da pesquisa fosse divulgado, muita gente ficaria indignada por não ver seus ídolos na relação, tais como: Júlio César, Carpeggiani, Ronaldinho Gaúcho, Clodoaldo, Jairzinho, Careca, Edmundo, Robinho e outros. Sem querer polemizar, eu escalaria Waldir Peres, Ademir da Guia, Edu (ponta esquerda do Santos) e César Sampaio, quatro dos maiores jogadores que vi jogar.
Os torcedores mais antigos diriam que é um crime não considerar os magníficos das Copas de 58 e 62 na pesquisa. Ficaram de fora: Gilmar, Djalma Santos, Mauro Ramos, Nilton Santos, Zito, Didi e Garrincha! Mas, quem tirar do time para considerar mais estes na pesquisa?
Enfim, em cada cabeça uma sentença, não é mesmo? Principalmente na religião, existem crenças de todo tipo – algumas fundamentadas em história e tradição, outras sem o menor cabimento. Hoje em dia, se alguém disser que tem uma receita mágica para resolver algum tipo de problema, rapidamente haverá um grupo interessado em saber, praticar e divulgar.
Na missa de sábado passado, o Padre Maristelo contou o caso de um pregador que dizia ter a solução para a aquisição da casa própria: doando um mês de aluguel à igreja, no final de 12 meses conseguiria comprar o seu imóvel. Conclusão: o problema de habitação estaria resolvido no mundo inteiro!
Pois é, sabemos que não é assim que alcançamos graças. Por isso é importante sermos orientados espiritualmente por pessoas sérias, éticas e de boa fé. Um coração recheado de ensinamentos bíblicos vive e caminha mais alegremente.
Leia esta história:
No consultório localizado perto da residência de um médico, um homem bastante doente falou isto em momento de desespero:
– Doutor, tenho muito medo de morrer. Diga-me, o que há do outro lado?
Calmamente o médico respondeu:
– Não sei, meu amigo.
– Você não sabe? E fala com essa tranqüilidade?
Neste momento, ouviram ruídos de arranhões e ganidos do lado de fora do consultório. Quando o médico abriu a porta, um cachorro entrou e pulou festivamente sobre ele. Virando-se para o paciente, o médico comentou:
– Notou o meu cachorro? Ele nunca veio a esta sala, não sabia o que havia aqui, apenas imaginou que seu dono estava presente. E quando a porta se abriu, ele entrou sem medo. Da mesma forma, não sei quase nada a respeito do que há depois da vida, mas uma coisa eu tenho certeza: o meu Senhor estará lá me esperando. Isto para mim já é o suficiente.
E para você, leitor, é suficiente?
Eu quero, sim, encontrar com Jesus Cristo e Nossa Senhora um dia, mas não tenho pressa. Também não digo isto só por brincadeira, é verdade! Enquanto estou aqui na Terra, tenho oportunidades de ajudar o próximo, amar minha família, servir a Igreja Católica, receber graças da Virgem Maria, evangelizar o nosso povo, fortalecer a minha fé e participar dos Sacramentos. Assim, espero chegar mais depressa no Céu!
Pode parecer incoerência dizer que não tenho pressa e, ao mesmo tempo, afirmar que quero chegar depressa, mas é assim que a coisa funciona. Quanto mais obras na construção do Reino, menor será o tempo de purgatório e mais rapidamente chegaremos ao Paraíso. Para isso, precisamos vencer o grande desafio comum a todos os cristãos: viver as coisas do alto com os pés no chão!
Infelizmente, há gente que pensa diferente e procura tirar pessoas do caminho do bem, da verdade e do amor. Esta semana recebi pela internet o texto que segue. Encarei como piada, mas sei que há muitas cabeças que pensam mais ou menos assim:
Quando uma manada de búfalos é caçada, os mais fracos e lentos – que estão atrás do rebanho – são mortos primeiro. Essa realidade é boa para a manada como um todo, porque aumenta a velocidade média e a saúde de todo o rebanho – pela matança dos mais doentes.
De forma parecida opera o cérebro humano: beber álcool em excesso mata neurônios, mas, naturalmente, a bebida ataca os neurônios mais fracos primeiro. Neste caso, o consumo regular de cerveja, cachaça, uísque, vinho, rum e vodka, eliminam os neurônios mais lentos, tornando o cérebro uma máquina mais rápida e eficiente.
E ainda: 23% dos acidentes de trânsito são provocados pelo consumo de álcool. Isso significa que os outros 77% dos acidentes são causados pelos canalhas que bebem água, sucos, refrigerantes e outras porcarias!
PAULO ROBERTO LABEGALINI -- Escritor católico, Professor Doutor da Universidade Federal de Itajubá-MG. Pró-reitor de Cultura e Extensão Universitária da UNIFEI
Vinte e um de setembro é Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência. Uma data de manifesta reflexão. Sejam dotados de problemas físicos, visuais, auditivos ou mentais, os portadores de necessidades especiais vêm, pouco a pouco e com grande sacrifício, ampliando seus espaços de participação na vida social. Deixando de lado o preconceito, a sociedade deve colaborar para que exerçam em plenitude os seus direitos de cidadania e se integrem comunitariamente. Nesta trilha, eles vêm demonstrando grande capacidade no mercado de trabalho, provando que não são sinônimos de invalidez ou incapacidade.
O Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência, celebrado em 21 de setembro, é uma ótima oportunidade para refletirmos sobre a situação das pessoas portadoras de necessidades especiais. Evidentemente, elas fazem parte da população e são titulares de todos os direitos humanos, garantias e liberdades fundamentais. Por isso, está mais do que na hora de afastarmos quaisquer tipos de preconceitos contra eles. A própria palavra deficiente carrega consigo uma gama enorme de discriminação, sugerindo a imperfeição. Incorporada a um indivíduo, ela tem o poder de estigmatizá-lo como um ser incompleto, o que não traduz a realidade. Ao contrário, a sociedade não pode impedi-lo de exercer em plenitude as suas aspirações de cidadania.
Efetivamente, sejam portadores de problemas físicos, visuais, auditivos ou mentais, por esforço próprio, organizados em torno de objetivos comuns, vêm, pouco a pouco e com grande sacrifício, ampliando seus espaços de participação na vida social. Tanto que, uma das situações mais difíceis e complexas era a do trabalho em geral. Até alguns anos atrás, praticamente só conseguiam extrair sua sobrevivência da economia informal e muitos deles, viviam da caridade alheia ou do amparo de familiares e de instituições beneficentes. Com o advento da Lei 8.213/91, a situação se modificou.
O mencionado diploma legal, que completou dezenove anos em julho, determina que empresas com mais de cem funcionários ocupem de 2% a 5% do seu quadro de colaboradores com portadores de necessidades especiais. Dos vinte e sete milhões de cidadãos que existem no país nesta situação, 323,2 mil estão colocados no mercado formal, de acordo com a pesquisa Relação Anual de Informações Sociais (Rais), divulgada em 2009 pelo Ministério do Trabalho e Emprego (TEM), ressaltando-se que só podem ser demitidos, após a contratação de substitutos de condições semelhantes, com base no parágrafo 1º do artigo 93 da legislação específica.
Assim, eles mesmos estão derrubando a visão equivocada de que são incapazes de assumir serviços mais qualificados. Agarrando-se às raras oportunidades oferecidas, têm mostrado um desempenho profissional igual ou até superior ao de muitas pessoas classificadas como normais. Revelam ainda um processo de amadurecimento bastante intenso, alcançando grande evolução no decorrer dos últimos tempos e inúmeras conquistas. Tanto que são muitas as entidades criadas de defesa de seus direitos e o próprio Poder Público, face às pressões deles recebidas, começou a atender as suas reivindicações. No Brasil, mais do que uma conquista, a contratação desses cidadãos se constitui numa determinação legal que ao mesmo tempo começa a ser amplamente difundida,
Entretanto, o trajeto que têm a percorrer é manifestamente extenso. Embora incluídos como titulares dos mesmos direitos e serviços oferecidos à população, ainda é precário o atendimento às especificidades de cada deficiência, embora haja previsão legal de natureza constitucional, constantemente desrespeitada ou negligenciada. Por outro lado, a barreira do preconceito é uma marca infamante difícil de ser removida. Felizmente, porém, um horizonte mais digno começa a se vislumbrar quando vitoriosos em suas reivindicações e no constante aumento e na percepção de muitos, de que todos são iguais perante a Lei.
Vale reiterar a indicação feita pela psicóloga Maria Helena Brito Izzo, em artigo publicado pela revista “Família Cristã” (10/1994- p.54) na qual expressou:- “No dia em que cada um souber respeitar o próximo, não haverá lugar para a discriminação. Então, o mundo será mais harmonioso e feliz. Cada grupo terá a liberdade de viver a seu modo, sem representar uma ameaça para o outro. Com certeza, ainda existirão erros e acertos, mas haverá também mais tolerância, solidariedade e paz”.
Maria de Lourdes Guarda, um exemplo
de luta e de perseverança cristã.
Maria de Lourdes Guarda (1926-1996), em razão de sérias lesões na coluna, ficou paralisada da cintura para baixo, após sofrer seis operações em cinco anos, tendo ainda a perna amputada do joelho para baixo. Embora jovem e dotada de inúmeros planos para o futuro, assumiu sua condição de portadora de necessidades especiais e se constituiu num exemplo de abnegação, de trabalho e principalmente, de fé em Deus. Mesmo deitada, numa forma de gesso, trabalhou para pagar sua diária na enfermaria de um hospital em São Paulo, fazendo tricô e bordados sob encomendas. Seu quarto sempre foi um ponto de encontro e de atração, reunindo não só amigos e parentes, mas pessoas que buscaram consolo e ajuda para suas carências. Sua paz de espírito e sua alegria de viver “fazendo a vontade de Deus”, se irradiaram para além das paredes do quarto hospitalar, vindo a se engajar ao movimento “Fraternidade Cristã de Doentes e Deficientes”, de caráter internacional fundado na França, que ajudou a difundir no Brasil e da qual foi eleita coordenadora nacional. Nesta trilha, a partir de 1980 viajou pelo território nacional, consolidando a instituição em todo o País. Até o fim de sua vida, mesmo com outros sérios problemas de saúde, permaneceu com uma grande energia interior, sempre voltada a ajudar o próximo.
Tramita perante a Igreja Católica Apostólica Romana o seu processo de canonização, já tendo sido beatificada. Em 02 de dezembro de 2008, seu nome foi outorgado ao Núcleo de Assistência à Pessoa com Deficiência em nossa cidade, órgão da Prefeitura do Município localizado no bairro do Anhangabaú. Por ter residido em nossa Diocese e ter parentes em Jundiaí, como a sobrinha Maria Inês Tafarello, pessoa extremamente solidária e amiga, sua atuação e seu nome são constantemente destacados, notadamente em face de seu constante empenho em fazer o bem. Todos que obtiverem graças por sua intercessão devem comunicar à Causa de Canonização SD. Maria de Lourdes (Caixa Postal 21 – CEP: 13208-970 – Jundiaí /SP).
JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é advogado, jornalista, escritor, professor universitário e Mestre em Ciências Sociais e Jurídicas.
Em 1985, a convite do então Promotor de Justiça, Dr. João Bosco, que se empenhava na reintegração social dos detentos, adentrei a Cadeia Pública de Jundiaí no Anhangabaú. Impressionou-me a atmosfera cinza que envolvia o espaço e os latões na calçada que transbordavam, mais do que o lixo, restos da miséria humana. Não imaginava que, em 1992, eu ali voltaria, e pelos próximos 18 anos, para dizer da claridade da madrugada da Páscoa.
Retornei, a partir de janeiro de 1992, com o propósito de visitar duas assistidas da Pastoral da Mulher. Dom Roberto Pinarello de Almeida, naquele tempo nosso Bispo Diocesano, dispôs-se a ir comigo em uma da visitas. Impressionado com o número de jovens, pediu-me que reiniciasse o trabalho da Igreja junto ao presídio, com o nome de Pastoral Carcerária. Dom Joaquim Justino Carreira aderiu de imediato como assessor espiritual. Apenas reiniciasse, pediu-me Dom Roberto, mas permaneci, nestes 18 anos, por desígnio de Deus, a fim de que eu pudesse identificar o Seu Amor além do entendimento humano e passasse a julgar menos e a exercitar a paciência nas diferenças e com os diferentes, ouvindo-os primeiro para anunciar o Evangelho depois.
Recordo-me de muitos fatos daquela época. Um grupo de pessoas fez uma visita à cadeia, motivado pela caridade. Rapidamente passaram pelas celas e observavam mais o que nela havia do que as pessoas que ali estavam. Não fizeram por mal, faltou-lhes preparo. Um detento me falou: “Visita ao zoológico. Faltou-lhes jogar amendoins”. Não me despertara ainda para a curiosidade que se agiganta a ponto de tornar as pessoas invisíveis. O mesmo encarcerado, semanas mais tarde, quando lhe perguntei se estava bem, respondeu-me que, embora a angústia fosse enorme, a cadeia pesasse, as paredes continuavam azuis. Compreendi, prontamente, que, se as paredes permaneciam “azuis”, a possibilidade de reconstruir-se para o Reino dos Céus era real.
A cadeia do Anhangabaú contém não somente as pegadas de presidiárias e presidiários, que por ela passaram com suas histórias, muitas delas de abandono, de desestrutura familiar, mas também o lamento doloroso de mães, pais, esposas, filhos... O grito de socorro das vítimas e de seus familiares. As aflições de inúmeros policiais. A canção triste do entardecer escuro de inverno.
Uma vez, encontrei-me, em uma das celas, com o matador de integrante da Pastoral da Mulher, a mesma que me chamou a entrar lá e se tornou semente da Pastoral Carcerária. Eu tinha com ela laços de carinho materno. Assimilei, dentro de mim, que Deus, que a chamara da prostituição à conversão, desejava igualmente salvar o violentador, o seu assassino. Anunciei-Lhe a Boa Nova do perdão divino, que transforma a pessoa e dá sentido à vida. Choramos juntos por ela, pelo bebê que ela carregava na barriga, por ele e por mim que vivencio tão pouco a misericórdia de Deus.
Da Pastoral Carcerária, nos arquivos da memória da Cadeia do Anhangabaú, que agora se transfere para o CDP, ficará a esperança de que todas as pessoas, mesmo que maculadas pelos delitos, busquem a santidade de Deus.
MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE - É educadora, coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher/ Magdala e cronista
Há exatos três anos eu resolvi me aventurar pelo mundo das artes marciais, coisa que eu nunca fizera antes. Embora não fosse nem de longe uma pessoa sedentária, eu jamais experimentara nada parecido.
As primeiras aulas pareceram deixar claro que eu tinha sérios problemas no quesito “coordenação motora em movimento”. Eu até que já deveria ter me convencido disso quando minhas aulas de jazz não demonstraram uma carreira propriamente promissora, mas eu estava estranhamente determinada a não me deixar desanimar, a não desistir.
Com as minhas habituais dificuldades quanto à noção de espaço, eu cometi muitas gafes, recebi alguns apelidos, falei demais, acertei de menos, mas nunca deixei de comparecer aos treinos, de buscar entender o que é que me mantinha ali, o que tanto me fazia gostar do aikido. De início, minha atenção, equivocadamente, direcionou-se para as faixas que eu teria que conquistar, bem como quanto tempo isso me custaria.
O tempo foi passando e eu fui persistindo. Faixa por faixa, fui avançando no meu aprendizado, no meu Budô (Caminho). O que fui aprendendo nesses anos, contudo, foi exatamente o contrário do que eu esperava. Em alguma medida eu me tornei mais corajosa, mas não no sentido da valentia, da violência, da bravata. Passei a ter mais confiança em mim, porém não pelo fato de que agora, potencialmente, eu poderia ser capaz de me defender ou de machucar alguém...
O que me municiou desses sentimentos foi o percurso. Na verdade, é o percurso. Percurso que não se finda em conta de faixas ou de anos, mas de passos e do olhar que se aprende a dar a eles. Descobri foi é que sou capaz de superar os meus próprios limites. O dos outros não tem importância. Nada me significa, a não ser pelo respeito, o fato de ser pior ou melhor do que alguém, sob a ótica das técnicas ou da graduação.
Percebi, na prática, que não dá para sabermos se somos ou não capazes sem que ao menos tentemos. Aprendi que sempre há mais um passo, mais um pouco de tempo, mas um pouco de fôlego, mais uma lição a ser assimilada. A cada dor sentida em um golpe, eu julgava ter chegado ao limite, mas no próximo golpe meus julgamentos iam irremediavelmente abaixo. Entendi que às vezes precisamos dar pausas, esperar que as dores nos deixem ou que passemos a dominá-las. Entendi que não adianta ir com sede demais à fonte, e que, na maior parte das vezes, o sucesso é a conjugação da vontade com a persistência...
Também aprendi que o talento, sozinho, é só uma face, mas não a moeda. Não se pode desperdiçá-lo, eis que ele cobra seu tributo. Perdi o medo dos desafios, porque entendi que, no máximo, posso não conseguir, mas não me permito mais a inércia, a ausência de passos... Entendi que quem pode se defender tem o dever moral de evitar, de prevenir.
Nessa semana fiz meu exame para faixa marrom. De repente eu tive a sensação de que o tempo passou rápido demais... É fato que não sou a mesma que um dia amarrou na cintura uma faixa branca, mas, curiosamente, nunca me senti tão paradoxalmente perto e igualmente distante, da faixa preta...
CINTHYA NUNES VIEIRA DA SILVA- Advogada, mestra em Direito, professora universitária e escritora - São Paulo
Uma das matérias publicadas na revista Língua Portuguesa de agosto de 2007 que me chamou atenção, diz respeito à “escrita feminina” e se há ou não traços que a caracterizem.
A abordagem relacionada a este gênero, não necessariamente reside exclusivamente em mentes femininas. Os escritores Moacyr Scliar e Loyola Brandão lembram que Flaubert – segundo o próprio – identificou-se com sua personagem “Madame Bovary”. Certamente, encontraremos dezenas de exemplos neste campo, assim como na música.
Mas olhando para a literatura produzida por mente e sensibilidade femininas, temos que, historicamente registra-se um atraso, não muito difícil de se compreender. Antes do século XX, as mulheres só conseguiam publicar algo por meio de pseudônimos masculinos ou de forma anônima. Sim, neste campo, como em todos os outros, o preconceito sobrepujou o qualidade da obra produzida, subestimando-a por longos anos e – pior – ignorando sua existência.
Virginia Woolf, em 1928, declarou que “uma mulher deve antes possuir dinheiro e casa própria se quiser escrever ficção”. Assim, a francesa Aurore Dupin, nascida em 1804, apenas conseguiu popularidade por estar sob pseudônimo de George Sand. Editou três livros que abordavam o direito da mulher de ter um amor sincero e dirigir a própria vida. Confinadas em ambientes domésticos, as mulheres registravam secretamente seus anseios literários em diários guardados a sete chaves.
No cenário brasileiro muitas escritoras merecem destaque. Como forma de homenageá-las, deixarei que algumas, elas mesmas, se pronunciem. Ecléticas em suas origens geográficas, como também no que expressam.
Cecília Meireles (1901-1987) nasceu no Rio de Janeiro. Numa crônica de 1948, teceu de maneira lúcida: “A minha pena é que não ensinem as crianças a amar o Dicionário. Ele contém todos os gêneros literários, pois cada palavra tem seu halo e seu destino (...). E como o bom uso das palavras e o bom uso do pensamento são uma coisa só e a mesma coisa, conhecer o sentido de cada uma é conduzir-se entre claridades, é construir mundos tendo como laboratório o Dicionário, onde jazem, catalogados, todos os necessários elementos.”.
Hilda Hilst (1930-2004) é natural de Jaú-SP. Contundente e polêmica, diz num poema: “Porque tu sabes que é da poesia/Minha vida secreta.Tu sabes, Dionísio,/Que a teu lado te amando,/Antes de ser mulher sou inteira poeta. (...)”.
Clarice Lispector (1920-1977) nasceu em Tchetchelnik, uma aldeia da Ucrânia, mas com dois meses chegou ao Brasil. Desvendou a alma humana como ninguém, inaugurando um estilo que não encontrou par: “Escrever é tantas vezes lembrar-se do que nunca existiu. Como conseguirei saber do que nem ao menos sei? Assim: como se lembrasse. Como um esforço de “memória”. Nunca nasci, nunca vivi, mas eu me lembro e a lembrança é em carne viva.”.
Lygia Fagundes Telles, nascida em 1923, em São Paulo, é uma de nossas maiores intelectuais, imprimindo em sua escrita a manifestação de emoções desprovidas de repressão, num profundo entrelaçamento entre “personagem” e “mundo”, atingindo camadas profundas do ser humano: “Para escrever, você precisa se entregar a seu personagem, a seu enredo e a sua ideia. Tem de ser um ato de amor, uma doação absoluta, e você não sai do transe enquanto não dá por acabado, enquanto não decifra o humano. Ocorre que o ser humano é indefinível. Por mais que tente, você não consegue defini-lo. O ser humano é inalcançável, inacessível e incontrolável, ele está sujeito a esses três is.”.
Adélia Prado, mineira de Divinópolis, nasceu em 1935. Dona de uma linguagem despojada, lírica e intensa. Disse: "O transe poético é o experimento de uma realidade anterior a você. Ela te observa e te ama. Isto é sagrado. É de Deus. É seu próprio olhar pondo nas coisas uma claridade inefável. Tentar dizê-la é o labor do poeta.".
Pra essas mulheres, a literatura é o elemento mais próximo do coração. Ou ainda, o alimento que sustenta a pulsação da vida e o que tinge de cores paisagens outrora mortas.
Renata Iacovino, poetisa, escritora, cantora e membro da Academia Jundiaiense de Letras, AFLAJ, AILA e do Grêmio Cultural Prof. Pedro Fávaro. Blog: http://reiacovino.blog.uol.com.br
O que caracteriza um vicentino autêntico? Ser assíduo, participativo e caridoso.
Conheço algumas pessoas que são autênticas vicentinas, sem nunca terem sido proclamadas ou participado de uma reunião de Conferência. Quero falar de um grupo de pessoas que passei a admirar, pelo tanto que elas fazem e pela caridade que praticam. Entre essas pessoas algumas são Ministras Extraordinárias da Comunhão. São também pessoas que participam diariamente da Celebração da Missa ou da Palavra, além de participarem de diversas Pastorais e Movimentos Paroquiais.
Uma delas me chama especial atenção. Ela, além de ser uma administradora do lar e trabalhar em uma empresa, faz questão de estar presente em todas as celebrações e festividades que acontecem na sua paróquia.
Na última semana de junho ela estava presente, como toda semana faz, no Lar do Idoso, onde participa da celebração da Missa. Naquele começo de noite notei seus olhos brilharem quando na hora da Primeira Leitura viu que quem a fez foi um dos internos lendo em Braile um trecho do Antigo Testamento. Aquele senhor cego tem mais coragem do que muitos de nós que nos esquivamos de participar como leitor em Missa ou Celebração mesmo tendo perfeito o sentido da visão. Aliás, a admiração não foi só dela. Quando os participantes da Assembléia também notaram que ele lia com os dedos, houve um murmúrio geral.
Acho que é por fatos como esse que fazem com que ela goste de estar sempre presente naquela instituição. É de chamar atenção na hora da distribuição da Comunhão como ela o faz aos internos daquela Obra vicentina. Com todo desvelo ou distribui a Sagrada Hóstia ou dá água àqueles que necessitam para comungar, já que nem todos têm condições de mastigar a partícula e engoli-la.
Quando terminou a Celebração, aconteceu uma festividade junina e como não poderia deixar de ser, foi dançada uma quadrilha. E quem estava lá, com seu vestido de chita todo enfeitado, de mãos dadas com um senhor bem velhinho? Sim, ela mesma!
Quando resolvi escrever este artigo, pedi a ela permissão e que me contasse um pouco de sua vida. Eis o que ela me revelou:
“É maravilhoso sentir o amor de Deus. Sou muito privilegiada. Tenho um nome maravilhoso - Celeste- que vem do alto, sou afilhada de JESUS de batismo e filha amada de Maria.
Não tive vida fácil - vim de uma família muito pobre. Quando meu pai morreu eu tinha 03 meses, e minha mãe quando morreu eu tinha 18 anos de idade. Sofri muito na vida, mas uma alegria sempre me invadiu a alma - O amor de Deus - Em cada pessoa, em cada sorriso, em cada amanhecer, no meu trabalho, na minha casa, enfim, por onde eu passo o Senhor caminha comigo. Muitas vezes sinto que eu poderia e deveria fazer mais, mas mesmo que tente nem sempre consigo. Mas aí o meu padrinho JESUS sempre dá um jeito e me manda um recadinho. Sou muito feliz, amo a minha família, o meu trabalho, os meus amigos e acima de tudo amo o meu Deus”.
As dificuldades moldaram seu espírito e fizeram-na pensar em minorar os sofrimentos de outras pessoas. Ela caminha e ajuda outros a trilhar o caminho estreito, aquele que Jesus disse que vai dar direto na presença de Deus.
Agora eu pergunto: É ou não é uma perfeita vicentina? É ou não é participativa? É ou não é caridosa?
Certamente Deus vai levar em consideração tudo isto que ela pratica.
Que ela sirva de exemplo para todos, principalmente para nós vicentinos, para que participemos com mais entusiasmo e sem esmorecimento em muitas das nossas tarefas. Existem muitas oportunidades de exercermos nossa caridade nos asilos, nas creches e nos casebres onde moram aqueles que representam o Cristo sofredor.
ALUIZIO DA MATA - Vicentino, Sete Lagoas, Brasil
OS MEUS LINKS