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Terça-feira, 29 de Março de 2011
MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE - LEMBRANÇAS DE MEU PAI

 

 

Dia 28 de março fez 24 anos que meu pai suspirou macio e seguiu viagem para a Eternidade. É a lembrança dele, nesta data, que me dá a consciência de que estamos no Outono. O Outono é o período em que a euforia do verão dá lugar a um sabor mais consistente aos dias. Há intensidade no cinza da atmosfera, mas cinza azulado. Época de frutos que contêm sementes para a vida se prolongar. E, no mês de março, durante alguns ou todos os dias, é Quaresma. Preparação para refletir sobre a Cruz e ouvir o anúncio da Ressurreição.

Foi de Outono e Quaresma a partida de meu pai. Os limites e o sofrimento na doença, que doeram muito também em nós; a serenidade, após a Unção dos Enfermos, na travessia da noite para a madrugada e o amanhecer por caminhos com flores lilases. No luto, Deus, diariamente, sentava-se ao meu lado e punha, em minhas úlceras, o bálsamo de Sua ternura e compreensão. Fazia-me, como até hoje, encontrar meu pai querido em Sua Palavra.

Meu pai me impregnou de lições e acontecimentos agradáveis e profundos. Minha mãe foi a mulher que ele mais amou.  No casamento, ela lhe ofereceu a sua juventude de 23 anos e ele lhe retribuiu com a maturidade dos 48. Minha mãe o compreendeu em seu entusiasmo, contentamento, dificuldades e nostalgia. Assumiu as lembranças ternas da família que era dele. Meu pai me afirmou, quatro meses antes de partir, que minha mãe jamais o abandonara no sofrimento e na doença e que fora parceira nos passos com alma. Ele testemunhou, inúmeras vezes, que se decidir pelo Matrimônio, aos quase 50 anos, foi um bem porque a esposa era ela.

Bom pai. Teria tanto a dizer sobre ele em nossos 33 anos de convívio. Basta, contudo, lhes contar que ele foi fiel à família, pleno na paternidade e se colocou, como construtor exímio, em todos os seus dias, na edificação do caráter dos filhos. Mesmo que me distancie de algum dos princípios dele, não aguento não retornar, tão forte foi a vida dele de homem virtuoso em minha vida. Possuía fragilidades, porém não era do egoísmo. Aquilo que recebia partilhava com os seus.

Gostaria muito de poder lhe dizer aquilo que vi e aprendi nos 24 anos sem ele. Quais as paisagens e abraços novos que levo comigo. Quais as atitudes que não me fizeram melhor e destinei às chamas. Às vezes, enquanto enfeito com violetas azuis e girassóis o seu túmulo, conto-lhe sobre o que Deus tem feito em minha vida, sobre a mamãe, meu irmão, minha cunhada, os netos que vieram, recentemente, pela misericórdia de Deus e carregam o sobrenome que ele honrou.

Recordo-me que, em 1959 e no início da década de 60, em dezembro, a figura central não era Papai Noel, mas o Menino. Acompanhávamos a imagem maior do presépio, no Advento, de casa em casa, cantando pelas ruas: “O meu coração é só de Jesus,/ a minha alegria é a Santa Cruz” e na despedida: “Lenta e calma sobre a terra/ desce a noite e foge a luz,/ quero agora despedir-me,/ boa noite, meu Jesus”. Ecoa em mim a voz forte dele no cântico que anunciava em quem havia depositado a sua fé. Ele se orgulhava de amar a Deus e a Igreja.

Tenho grande saudade de meu pai! Há outras datas, além de 28 de março, que me comovem ao pensar nele. Em todas elas, dentro de mim, bendigo ao Altíssimo pelo homem de verdade que Ele me deu como pai.

 

Maria Cristina Castilho de Andrade

É educadora e coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher/ Magdala - Jundiaí, Brasil



publicado por Luso-brasileiro às 14:30
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CINTHYA NUNES VIEIRA DA SILVA - FOBIAS

 

 

                 Todo mundo, ou ao menos a maior parte das pessoas, tem alguns medos secretos ou algumas fobias. Eu, por óbvio, não sou diferente. Tenho medos que remontam a tempos nos quais ainda nem me conhecia, bem como outros que não sei sequer explicar, pois são irracionais.

                Agora, se tem uma coisa da qual não gosto e ponto final, é de ir ao dentista! Não se trata de nada pessoal contra a classe, longe disso. Tenho muitos amigos e parentes que exercem essa nobre profissão, mas eu simplesmente não consigo me animar com a perspectiva de ter que ir ao dentista. Ainda bem que eles existem e que não andamos por aí banguelas ou com os dentes pobres, mas se eu pudesse evitar, não iria nunca.

                Acho que esse verdadeiro pavor remonta à minha infância e adolescência. Com mais dentes do que minha boca podia suportar, tive que extrair milhões (assim me pareceram!) de dentes permanentes e usar, por um século e meio, aproximadamente, um aparelho odioso que não só me machucava, como me deixava como meio irmã do homem de ferro.

                O único argumento que me convenceu a suportar aquilo, no auge de todas as inseguranças da adolescência, foi a outra opção, que era ficar com uma boca de crocodilo. Em nome da vaidade, cedi diante do medo e da dor. Minha pobre mãe, contudo, era obrigada a me acompanhar e se sentar do meu lado, para que eu pudesse segurar a mão dela (na verdade eu mais que beliscava, não me perguntem a razão) enquanto me arrancavam um dente que parecia ter raízes nas profundezas da minha alma.

                O caso é que, além de não gostar daquele barulhinho insuportável, eu também odeio, com todas as minhas forças, tomar injeção. Acho que mais do que tudo. Tenho fobia de agulhas. Tomo qualquer remédio só para não ter que tomar uma maldita agulhada. Por causa disso (e eu culpo os pobres dentistas, injustamente), eu preferia obturar sem anestesia, sentindo todo o processo de desgaste do dente. Lógico que isso não poderia ter deixado qualquer boa lembrança.

                Outra causa possível é que, por conta do aparelho, eu tinha que praticamente ir toda semana ao dentista. Sinto como se tivesse feito isso por vezes suficientes por toda uma vida! Houve épocas nas quais eu tinha que ir para colocar uns elásticos que deviam fazer tração nos meus dentes, para que eles se apertassem e abrissem vagas para os outros que vinham. Eu me perguntava quantos dentes uma pessoa podia ter!!! Eu devia ser alguma espécie de tubarão, sei lá... O fato é que cada elástico mais apertado deixava minha boca toda dolorida, sem que sequer eu conseguisse mastigar, e tudo isso em uma época que meu estômago vivia roncando de fome...

                Esse tema me veio a mente hoje porque, por mais que eu escove e passe fio dental nos dentes, tive que consultar o dentista e iniciar um tratamento. Ele é ótimo, mas minhas lembranças não são  e isso sempre vai interferir. Depois de tomar uma anestesia, dividida entre chorar e dar um golpe de aikido nele, eu fiquei durante duas horas rezando para o tempo passar ou para eu entrar em um estado de inconsciência momentânea. Nessas horas, sempre parece que foi ontem mesmo que eu já tinha estado lá. Agora, escrevo sem sentir minha língua e meu queixo. Estou com fome e mal posso engolir. Estou num mal humor daqueles!!!

                De toda forma, olho no espelho, com um sorriso torto pela anestesia e vejo dentes bonitos, saudáveis e em uma quantidade normal. Que Deus abençoe os dentistas e me livre de todas as cáries, AMÉM!

 

 

CINTHYA NUNES VIEIRA DA SILVA- Advogada, mestra em Direito, professora universitária e escritora - São Paulo



publicado por Luso-brasileiro às 14:26
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Segunda-feira, 28 de Março de 2011
JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI - NOIVA SEM BOLO GANHA AÇÃO INDENIZATÓRIA. É A JUSTIÇA REPARANDO DANOS MATERIAIS

                           

 

 

Numa sociedade extremamente consumista, individulaista e egoísta, onde a ausência de solidariedade vem fortalecendo a desconsideração pelo próximo, é de suma relevância, que se consagrem e se aprimorem as reivindicações no campo moral, como a da noiva que ficou sem bolo, doces e salgados em seu casamento por falha da cerimonialista do evento, que não cumpriu com o que prometeu.

 

A noiva Roberta Cristina Machado, que ficou sem bolo, doces e salgados em seu casamento, conseguiu na Justiça indenização de R$ 6.000,00 (sei mil reais) por danos morais da cerimonialista do evento, que não entregou o pedido. Os seguranças e as recepcionistas também não apareceram, além de outros itens que comporiam a festa para 300 convidados. O bolo teve de ser substituído por outro, de isopor. A decisão é do desembargador Marcelo Lima Buhatem, da 4ª Câmara Cível do TJ do Rio, conforme notícia divulgada pelo jornal “O Estado de São Paulo” (12/03/2011- C-4).

Trata-se de mais uma importante solução jurisdicional, na trilha de outras semelhantes, que valorizam os direitos da personalidade, reconhecidos ao ser humano por si mesmo e em suas projeções na sociedade e que ainda visam a defesa de valores que lhes são inerentes, como a vida, a intimidade, a honra, o respeito em geral e a higidez física. São inúmeras as agressões a esses atributos: atos de humilhação, de assédio, de ofensa, de preconceito, até de ingratidão, e tantos outros que provocam a chamada “dor da alma”.

Muitos criticam decisões desta natureza, alegando que se está criando uma “verdadeira indústria” de reparações por danos morais em nosso país. Ledo engano. Reitere-se que o convívio social nos dias de hoje, cada vez mais diversificado e complexo, integrado por alguns indivíduos que não conhecem com exatidão os limites de sua ação, afeta o patrimônio moral dos seus semelhantes e tolhe-lhes a aspiração ao recato e à identidade. Tais lesões acarretam danos de natureza íntima nas vítimas, passíveis de processo judicial. È por isso que nos tempos atuais, têm sido consagrados pela lei, pela doutrina e pela jurisprudência e sua evolução vem propiciando-lhe ampla proteção.Tanto que a própria Constituição de 1988, passou a defender concretamente os direitos do espírito humano e os valores que compõem a personalidade.

Além do mais, a finalidade do ressarcimento nestas circunstâncias  se assenta em fatores de compensação, não de recomposição, já que o  dinheiro não poderá recuperar a integridade física, psíquica ou moral lesada, capaz apenas de  neutralizar de alguma forma o sofrimento, entendendo-se que ao mesmo tempo, serve como punição para aquele que causou o dano.

 Efetivamente, precisamos renovar a nossa convicção de que todos os indivíduos são criados à imagem e semelhança de Deus e que na última raiz da defesa dos direitos humanos está a dignidade e a vocação social do homem à comunhão e participação como pessoa, como ser para a comunidade, como criador de relações sociais profundamente marcadas por elas.

A título ilustrativo, citemos Clauton Reis: “Não se trata, porém, de mera aplicação da lei ou do reconhecimento de um dano que deva ser objeto de mera reparação. O alcance social que se pretende através da reparabilidade dos danos morais extrapola o mero sentido de aplicação da lei. Somente a sociedade de futuro terá condições de aferir a importância da defesa do patrimônio moral do indivíduo ou da própria sociedade. Assistimos, hoje, à educação progressiva da consciência jurídica contemporânea, motivada pela obra de juristas, legisladores e magistrados, na construção do homem espiritual do futuro, tão abalado atualmente por comportamentos nocivos e imorais que afetam os padrões de moralidade conquistados no transcurso de milênios pela nossa civilização”. (“Do Dano Moral”- Ed. Forense- p. 90).

 

        JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é advogado, jornalista, escritor e professor universitário.



publicado por Luso-brasileiro às 13:33
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EUCLIDES CAVACO - POETAS DO MEU PAÍS
POETAS DO MEU PAÍS
É o tema com que  presto meu preito de homenagem aos poetas
e à poesia, na passagem de 21 de Março,  proclamado pela Unesco:
DIA MUNDIAL DA POESIA.
 
Domingo dia 20 celebraremos em Toronto esta data tão significativa
num evento especial organizado pelo jornal FAMILIA PORTUGUESA
para o qual estão todos implicitamente convidados.
Venha celebrar connosco este dia no Ambiance Banquet Hall.
 
Ouça e veja POETAS DO MEU PAÍS neste link:
 
http://www.euclidescavaco.com/Recitas/Poetas_do_Meu_Pais/index.htm
 
Euclides Cavaco
cavaco@sympatico.ca


publicado por Luso-brasileiro às 13:27
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JOSÉ RENATO NALINI - DE CANOA A BUENOS AIRES

            

 

 

Em 6 de julho de 1916, os irmãos Augusto e Gregório Prates da Fonseca partiram em uma canoa com 7,80 m de comprimento por 1,40 m de largura e 70 cm de calado, para uma viagem do Tietê a Buenos Aires. Usaram vela, remo e varejão e chegaram à capital argentina em 17 de outubro de 1916. O relato dessa aventura se fez mediante anotação num diário, depois convertido no livro “De São Paulo a Buenos Aires no Bandeirante”. Este o nome do barco.

A publicação é de 1917 e se fez pela seção de obras do jornal “O Estado de São Paulo”. Interessante a notícia fornecida ao jornal por Tito Prates da Fonseca, irmão dos aventureiros, de que na cidade de Posadas, a Prefeitura reteve o barco, pois estava sem documentação. Foi o então Secretário da Justiça, Eloy Chaves, que propiciou a continuidade da viagem, transmitindo informações e ordens ao Vice-Cônsul brasileiro na Argentina.

Como ambientalista, lamento que já não existam mais as “7 Quedas”, que os irmãos Prates da Fonseca asseguravam ser muito mais imponentes e fascinantes do que as quedas do Iguaçu. Não foi apenas o espetáculo das águas que a cupidez destruiu. Condenou-se enorme diversidade de fauna e fragmento importante da Mata Atlântica. Também fiquei impressionado com a matança efetuada pelos excursionistas, pelo mero prazer de matar.

Onças, macacos, lontras, aves, tudo servia de alvo para os jovens bem armados. Também já existia a maldita queimada. Houve períodos em que o barco nem podia continuar viagem, tanta a fumaceira dos incêndios. Queimadas de dia e de noite. Ouçamos a narrativa autêntica: “Não nos foi possível dormir. A noite sem luar era iluminada pelo clarão das queimadas cuja fumaça produzia, no firmamento estrelado, largas manchas de negrume.

De quando em vez um estrondo formidável, acompanhado de um clamor estrepitoso, anunciava que o fogo, lambendo a massega, destruindo tudo, conseguira derrubar um desses gigantes das florestas que, dando em terra, fazia estremecer a mata e os arredores. Antas, veados, capivaras e pacas fugiam, num correr desesperado, ao colossal brasileiro ateado pelas locomotivas da Noroeste. Belo, majestoso, desolador!”. Como se vê, o fogo vinha e continua a vir de todo o lado!

 

 

José Renato Nalini é Desembargador da Câmara Especial do Meio Ambiente do Tribunal de Justiça de São Paulo e autor de “Ética Ambiental”, editora Millennium. E-mail: jrenatonalini@uol.com.br.



publicado por Luso-brasileiro às 13:20
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PAULO ROBERTO LABEGALINI - HISTÓRIA e AS QUATRO CRUZES DO CALVÁRIO

 

 

 

* H I S T Ó R I A

 

Havia uma garotinha que gostava de passear pelos jardins. Um dia, viu uma borboleta espetada no espinho de uma roseira e, muito cuidadosamente, soltou a borboleta encantada, que lhe disse:

- Por sua bondade, vou conceder-lhe seu maior desejo.

A garotinha pensou por um momento e pediu:

- Quero ser muito feliz.

A borboleta, então, aproximou-se dela, sussurrou algo em seu ouvido e desapareceu subitamente.

A garota cresceu e ninguém na terra era mais feliz do que ela. Sempre que alguém lhe perguntava sobre o segredo de tanta felicidade, ela somente sorria e respondia:

- Soltei a borboleta e ela me ensinou a ser feliz.

Quando ficou bem velha, os amigos temeram que o segredo fabuloso pudesse morrer com ela e imploraram:

- Diga-nos, por favor, o que a borboleta lhe disse?

A amável velhinha novamente sorriu e revelou:

- Ela disse que todas as pessoas, por mais seguras que pudessem parecer, precisariam muito da minha alegria!

Portanto, não se esqueça: ‘Quando você estende a mão a alguém, por menor que seja a ajuda, também está liberando felicidade para a sua vida. Mas, se você só quer receber, a felicidade eterna nunca lhe baterá à porta’.

 

* Do programa ‘Nossa Reflexão’, que vai ao ar em quatro horários no Canal 20: 8h30, 11h30, 17h30 e 22h30. O site www.canal20tv.com.br disponibiliza os vídeos já apresentados na televisão. Clique em ‘Arquivos de Vídeo’ e depois em ‘Nossa Reflexão’.

 

** AS QUATRO CRUZES DO CALVÁRIO

 

É de triste lembrança pra muita gente a paixão e morte de Nosso Senhor Jesus Cristo, mas as lições de vida que Ele nos deixou merecem continuar sendo analisadas a cada dia. Imagine as cruzes que estavam de pé no Calvário...

A primeira, a cruz de Cristo, ao centro, até hoje representa a nossa salvação. Mesmo aqueles que são injustiçados pela cobiça que há no mundo, conseguem entrar na vida eterna se carregarem as suas cruzes com dignidade cristã.

Na segunda cruz, à direita de Jesus, estava o apelidado de ‘bom ladrão’, Dimas, suplicando a misericórdia de Deus em remissão dos seus pecados. Que ‘sorte’ teve São Dimas em poder se confessar com o Filho de Deus antes de sua morte! A sua cruz representa o perdão.

A terceira cruz suportou até o fim o peso do pecado. O ladrão que lá estava não usou da virtude do arrependimento para se salvar e morreu na cruz da condenação.

Portanto, três cruzes: a da salvação, a do perdão e a cruz da condenação.

E na quarta cruz, quem estava nela? Quem mereceu estar na cruz da pureza? Essa cruz foi ‘assumida’ por Maria Santíssima, a Virgem Mãe que suportou com firmeza o cruel e injusto sofrimento do seu Filho Santo. Ela presenciou, de pé, a maior maldade humana da história sobre uma só Criatura.

Deus a escolheu para estar naquela cruz porque sabia que nela podia confiar. E foi também confiandoem Deus que Mariase tornou, com o seu exemplo, modelo de fé, modelo de amor e modelo de fidelidade cristã.

Hoje, graças à providência Divina, Maria é a nossa Mãe! Com ela aprendemos que não existe sofrimento capaz de nos desviar das estradas de Jesus. À nossa frente, ela pisa na cabeça da serpente infernal e nos conduz, como filhos queridos, à cruz da salvação.

Peça a Nossa Senhora para livrar você da cruz da condenação e sempre curar as agonias de seu coração; e, a cada dia, sempre que a sua cruz de pecador se tornar mais leve, lembre-se de agradecer. Agradeça assim: Obrigado minha querida Nossa Senhora, Mãe da Igreja, Mãe de Deus e minha Mãe!

E como eu, consagre-se a ela todos os dias, dizendo assim:

Ó minha senhora e também minha mãe, eu me ofereço inteiramente todo a vós e, em prova de minha devoção, eu hoje vos dou meu coração. Consagro a vós meus olhos, meus ouvidos, minha boca; tudo o que sou desejo que a vós pertença. Incomparável Mãe, guardai-me, defendei-me como filho e propriedade vossa. Amém!

 

** Do programa ‘Acreditamos no Amor’, que vai ao ar em dois horários na Rádio Futura FM, 106,9 MHz: 6 h e 18 h – segunda a sexta.

Site para ouvir o programa ao vivo: www.futurafm.com.br

 

 

PAULO ROBERTO LABEGALINI --    Escritor católico, Professor Doutor da Universidade Federal de Itajubá-MG. Pró-reitor de Cultura e Extensão Universitária da UNIFEI



publicado por Luso-brasileiro às 13:14
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HUMBERTO PINHO DA SILVA - RECORDANDO JOÃO LOPES CARDOSO

 

 

 

 

Nos anos cinquenta, quem subisse a Av. Marechal Carmona, ora da República, deparava, pouco a cima da casa que fora pertença da Família Barbot, duas moradias germinadas defronte a terreno, propriedade da Igreja Católica Apostólica Lusitana. Numa, vivia o Dr. João Lopes Cardoso; na contigua, que dá para a Rua Diogo Cassels o Sr. Amarante, conhecido lojista da cidade do Porto.

 

Poucos advogados portuenses conseguiram alcançar a fama deste jurista. O segredo para a celebridade foi simples: defendia as causas como fossem contendas próprias e preparava-se com aturado trabalho e incansável estudo.

 

Certo dia, no tribunal, engolfado no entusiasmo, discorria genialmente em defesa do seu constituinte, quando foi interpolado pelo Dr. Miguel Veiga, advertindo-o que o Meritíssimo Juiz, adormecera, mostrando-se indiferente à brilhante dissertação do inflamado advogado.

 

Lopes Cardoso não se deixa desarmar e, com graça, replica: Meu caro Miguel Veiga, porque eu tenho de continuar e prossigo, no meu dever de patrocínio até ao fim. Aliás, sabe, eu conheço bem este juiz e sei que o sono é o que ele tem de mais profundo.

 

E prosseguindo, “ continuou impávido a dissertar e bem, por mais de uma hora”. Quem assim assevera é o próprio Miguel Veiga, em homenagem póstuma ao ilustre causídico.

 

João António Lopes Cardoso nasceu a 25 de Março de 1910, na Foz do Douro. O pai, Artur Alberto Camacho Lopes Cardoso foi Juiz Conselheiro e Ministro da Justiça, durante a 1ª República. A mãe, Dona Maria Adelaide Dias de Castro Pereira Lopes Cardoso foi Senhora de finíssimo trato e de elevada cultura.

 

A família do Juiz Conselheiro, era constituída por mais cinco filhos: Maria Ignácia, Maria Georgina, Artur Alberto, Júlio Horácio e José António.

 

Muito novo, João Lopes Cardoso foi viver para Lisboa onde frequentou a escola de Madame Roulim, transitou, depois, para o Liceu de Camões, terminando os estudos, aos vinte anos, na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, com elevadíssima classificação.

 

Concluído o curso é colocado como Conservador do Registo Predial de Miranda do Douro e após haver passado por Coruche e Idanha-a-Nova, como delegado do Ministério Público, é convidado para secretário do Ministro da Justiça, o Dr. Manuel Rodrigues.

 

Tempos depois, ainda não completara trinta anos, é nomeado Procurador República, junto da Relação do Porto, lugar que viria a renunciar em 1942, por discordar de certas atitudes políticas do governo de então.

 

Nessa época morava em Silva Tapada, no Porto. Só após haver adquirido residência, na Av. da República - nos últimos anos foi sede da Concelhia de Gaia, do PSD, - é que mudou definitivamente para Vila Nova de Gaia, localidade onde vive, actualmente, o filho Artur. Nos anos setenta, foi residir para apartamento, sito na Praceta dos Combatentes, actual 25 de Abril, onde, juntamente com os filhos, mantinha concorrido escritório de advocacia.

 

Sete anos, após haver concluído o curso de Direito, matrimonizou-se na igreja de Pedrogão ( Penamacor ) a 30 de Outubro de 1937, com a Senhora Dona Maria Delfina Franco Falcão. Do feliz enlace nasceram quatro filhos: Artur - que herdou a capacidade intelectual do pai, tornando-se num dos mais conhecidos advogados da cidade do Porto; Augusto - que foi mandatário do Prof. Doutor Cavaco e Silva, quando concorreu, pela primeira vez, à Presidência da República ; João, engenheiro, que vive em Lisboa; e Daniel, o mais novo, que faleceu recentemente.

 

No mês de Abril, mais precisamente a 20, do ano de 1984, quando se dirigia para Medelim, com a esposa, sofreu grave acidente de viação, que provocou a morte da mulher e deixou-lhe marcas que jamais pode esqueceu.

 

Entre numerosos cargos que exerceu e deferências recebidas, é digno realçar que, em 1939 foi encarregado de rever o Código Civil, e pelo período de doze anos foi membro do Conselho Superior da Ordem dos Advogados.

 

Em 19 de Maio de 1993, Mário Soares entregou-lhe a Medalha de Oiro da Ordem dos Advogados, e dois anos depois, no dia de Portugal, Fernando Gomes, Presidente da Câmara do Porto, na qualidade de representante do Presidente da República, no Palácio de Cristal, impôs-lhe a condecoração de Cavaleiro da Ordem de Mérito.

 

Um dia, com oitenta e seis anos, João Lopes Cardoso, saiu, pela manhã, do seu apartamento com destino ao tribunal. Pelo caminho não se sentiu bem. Pouco depois viria a falecer.

 

Deste modo, a cidade do Porto perdeu um dos mais célebres juristas nascidos em Portugal. Homem de elevada moral e coração generoso.

 

HUMBERTO PINHO DA SILVA   -   Porto, Portugal



publicado por Luso-brasileiro às 11:53
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VICTORIA LUCÍA ARISTIZÁBAL - MUJER EN CUERPO Y ALMA

                       

     

 

Tu nobleza se refleja en las pupilas

Del hombre que la adorna con matices

Mujer de todos los colores, jamás grises

Que forja la esperanza y no aniquila

 

 

Si hueles para él en azucena, rosa o lila

Y diremos que este amor es de raíces

Como serán dos que se querrán felices

Que crecieron con un alma muy tranquila

 

 

Detrás de un hombre, la mujer de agüero

Consagrada en cuerpo y alma verdadero

Y un compromiso para Dios sagrado

 

 

Detrás de una mujer, un hombre amado

Que corresponde a todo lo pactado

Y le emite con suspiros los “te quiero”

 

 

Bogotá Colombia

Marzo 3 de 2011

 

 

VICTORIA LUCIA ARISTIZÁBAL



publicado por Luso-brasileiro às 11:32
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Terça-feira, 22 de Março de 2011
EUCLIDES CAVACO - ESCULTURA DIVINA ( Ode à Mulher)
Olá amigos
 
ESCULTURA DIVINA (Ode à Mulher)  é o tema declamado com que pretendo
prestar o meu tributo à MULHER e ao peculiar predicado da sua quase
divinizada beleza. .
Veja e ouça  este poema  aqui:
 
http://www.euclidescavaco.com/Recitas/Escultura_Divina/index.htm
 
 
Desejos dum felicíssimo Dia Internacional da Mulher .
Euclides Cavaco
cavaco@sympatico.ca


publicado por Luso-brasileiro às 11:57
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JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI - A REFORMA DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR MELHORARÁ AINDA MAIS SEU CAMPO DE ABRANGÊNCIA

 

 

O Código de Defesa do Consumidor, um dos mais importantes instrumento de ação da cidadania, revela-se num estatuto inovador e completo, no qual  sempre se encontra embasamento para uma eventual reivindicação. E para aprimorar seu campo de abrangência passará por uma reforma na qual             deverão ser estudados  temas prioritários como o fortalecimento dos Procons a regulamentação das operações comerciais pela internet e o mais importante, o superendividamento das famílias, que não foi  tratado na época em que o CDC foi promulgado por causa da inflação e da resistência dos  bancos.

 

Um dos grandes avanços observados nos últimos tempos em nosso país foi a progressiva formação de uma consciência dos cidadãos sobre seus próprios direitos. Nesta trilha, o Código de Defesa do Consumidor (Lei 8079 de 11/09/1990), que completou vinte anos em setembro último, se tornou um eficiente instrumento de reivindicação.

Inspirado nas legislações alemã, sueca e americana, ele modernizou as relações entre os produtores e os consumidores, estabelecendo responsabilidades mínimas para fabricantes e vendedores; extinguiu os instrumentos contratuais propositadamente confusos, redigidos em letras miúdas para iludir compradores de mercadorias e serviços e obrigou o empresariado a tornar mais claros os contratos de adesão; coibiu a publicidade enganosa e vetou a propaganda disfarçada nos meios de comunicação, além de outros aspectos de suma importância como o dever de assistência técnica e a inclusão de informações claras e didáticas sobre as especificações técnicas dos produtos, aspectos muito bem salientados em editoral publicado pelo jornal “O Estado de São Paulo” (14/09/2011- A3), que concluiu “o  Código mostra que, quando querem, os legisladores produzem leis modernas e eficazes”.

No entanto, apesar dos excelentes resultados que produziu, ainda não alcançou o êxito esperado e seu campo de abrangência, necessita ser dilatado em função do dinamismo de nossos dias. Tanto que Ethevaldo Siqueira, de forma brilhante apontou algumas circunstâncias: “Para tornar-se efetiva, no entanto, a proteção do consumidor exige a combinação de quatro fatores: 1) pleno desenvolvimento da consciência de nossos direitos, como consumidores; 2) moderna legislação para o setor; 3) fiscalização contínua pelos agentes públicos e privados; 4) certeza de que as leis e regulamentos serão aplicados. (“O Estado de São Paulo” – 11/04/2010- B8)

É por isso que foi especialmente criada pelo Senado Federal uma comissão para reformar esse importante estatuto a fim de adaptá-lo à evolução da tecnologia, à diversificação da economia e à expansão do mercado financeiro. Entre os seus integrantes estão o Min. Herman Benjamin do STJ (presidente); Cláudia de Lima Marques, que já trabalhou em organismos multilaterais e assessorou a Secretaria de Direito Econômico em matéria de proteção ao consumidor (relatora) e a jurista Ada Grinover, da USP. Alguns dos temas prioritários a serem estudados: o fortalecimento dos Procons; a regulamentação das operações comerciais pela internet e o mais importante, o superendividamento das famílias, que não foi  tratado na época em que o CDC foi promulgado por causa da inflação e da resistência dos  bancos. Com a estabilização da moeda, o ingresso de 50 milhões de consumidores no mercado financeiro e a expansão do crédito, já era hora de estabelecer regras claras para disciplinar o consumo de serviços financeiros, conforme afirmou o próprio ministro Herman. As questões financeiras no Brasil efetivamente não podem ser reguladas por leis que priorizam vantagens quase que exclusivas às instituições afins.

Por ocasião do Dia Mundial do Consumidor, quinze de março, terça-feira próxima, vale ressaltar que além da reforma do CDC, um importante aspecto nestas relações começa a se desenvolver, ou seja, o consumo consciente. Nas decisões de compra leva-se em consideração a responsabilidade social das empresas produtoras, verificando se elas estão comprometidas, entre outras circunstâncias, com a preservação do meio ambiente. Nos países desenvolvidos, ele já é uma realidade e influencia diretamente no comportamento das companhias e começa a ganhar corpo no Brasil. E sua adoção é plenamente justificado pelo art. 4.° do próprio estatuto que dispõe ser seu propósito, garantir o atendimento das necessidades dos que consomem, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, proteção de seus interesses econômicos e, principalmente, a melhoria das condições de vida.

 

Descumprir o CDC pode dar cadeia

 

Descumprir o Código de Defesa de Consumidor (CDC) pode dar cadeia. Foi o que aconteceu com 34 pessoas em São Paulo desde julho de 2009, segundo dados das duas primeiras delegacias especializadas em crimes contra o consumidor (Decon) da capital e divulgados pelo jornal “O Estado de São Paulo”, em matéria assinada por Saulo Luz (15/03/2010- B9). Dos detidos, trinta e um estão presos e três foram liberados, mas respondem processo. O Decon é controlado pela Divisão de Investigações sobre Infrações contra o Consumidor (Disic), divisão da Polícia Civil  criada há menos de um ano e que faz parte do Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC), que abriga duas delegacias especializadas no edifício da Avenida São João, no centro da Capital. Elas podem atender todas infrações contra o consumidor que são consideradas penais – previstas entre os artigos 61 e 74 do Código de Defesa do Consumidor (CDC). Incluem-se, por exemplo, casos de agiotagem, loteamento irregular, recusa em fornecer nota fiscal, venda de produtos defeituosos ou usados com se fossem novos e adulteração de bomba de combustível. Levantamento da polícia mostra que os setores com mais queixas são os de telefonia, móveis planejados, de venda de veículos, produtos eletro-eletrônicos e serviços de assistência técnica.

 

                    

JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é advogado, jornalista, escritor, professor universitário.



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CINTHYA NUNES VIEIRA DA SILVA - A COISA VAI FICAR PRETA ?

 

 

            Desde que o Sensei disse que muito provavelmente farei exame para faixa preta nesse ano, comecei a suar frio. Olhando para trás, nem parece que já se passaram mais de três anos de treino. Quando comecei, sentia-me como se fosse uma espécie de polvo e esse nem era o maior dos meus problemas. Além de ter a sensação de múltiplos braços e pernas, eles me pareciam não funcionais!

            Coordenação motora nunca foi lá meu forte e eu jamais tive a ilusão de que isso mudaria radicalmente. Assim, quando me dispus a fazer aulas de aikidô, eu sabia que o caminho seria mais do simplesmente longo, pois também seria repleto de obstáculos. Não foram poucas as vezes, desse modo, que me perguntei até onde chegaria. Só não pensei em desistir, sabe-se lá por quê...

            Os dias foram se passando, os treinos se sucedendo, algumas dificuldades superadas, outras tantas descobertas e as faixas foram mudando de cor na minha cintura. Aquilo que parecia distante no tempo, foi se aproximando em uma velocidade ímpar, tal qual as horas que não sentimos passar.

            Agora, diante da perspectiva de nova mudança de faixa a caminho, dentro de possíveis seis ou oito meses, não consigo deixar de sentir certo pânico. Ainda continuo com múltiplas pernas e braços! A única diferença é que já controlo parte delas. De toda forma, ainda há algumas incontroláveis e eu temo não conseguir domesticá-las a tempo.

            Como parte da preparação, ao final de quase todos os treinos, o Sensei me coloca, assim como a outros aikidoístas, para fazer o que chamamos de JIWAZA. Na verdade, é uma simulação da vida real, do que aconteceria se tivéssemos que usar o aikidô como defesa pessoal, diante de uma situação de risco.

            Quando se aproxima o término da aula, já sinto a adrenalina invadir meus poros. Há dias em que me saio razoavelmente bem; em outros, até dou conta do recado com certo orgulho, mas na maior parte dos dias eu constato que ainda falta muito para que eu me sinta merecedora de mais do que já conquistei. Não sei explicar, simplesmente. Até entendo, mas não sei explicar... O que funciona com um “oponente” não funciona com outro. A necessidade de adaptação às variadas circunstâncias, faz-me pensar em quantas vezes é preciso se adaptar para não ser tragado pelas dificuldades.

            Sei que na vida também é assim. Há dias bons e dias maus. Sei que o importante é lutar a boa luta, seja no tatame ou fora dele, mas em tudo isso há mais coisas em jogo. As lições envolvidas são muitas. É necessário ter disciplina para treinar, concentração para manter o foco, preparo físico para suportar o ritmo, preparo mental para não sucumbir diante da pressão, humildade para entender que ir bem uma vez não significa sucesso sequer no dia seguinte e perseverança para não desistir quando nada parecer dar resultado...

            Não sei como será quando o dia do exame chegar, seja lá quando for. Não sei se vou agüentar, se serei melhor do que tenho conseguido ou se me decepcionarei. Só sei que não vou desistir.  Das lições que recebi lá, ainda que eu esteja certa de que seja um aprendizado eterno, no qual sou iniciante, creio que a mais importante é a luta pela superação dos próprios limites. Na vida, isso faz toda diferença. Se eu tombar, será lá, mas não antes. Só isso, em partes, está sob meu controle, nada mais.

 

CINTHYA NUNES VIEIRA DA SILVA- Advogada, mestra em Direito, professora universitária e escritora - São Paulo



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MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE - AUSÊNCIA

 

 

 

Há dores existenciais de outros que sangram em mim. Somente não me desintegro porque creio com ternura imensa em Deus, que faz da esperança um acontecimento.

Não sei se houve denúncia ou se quem de direito observou a situação da menina. Foram à casa da amiga da mãe, em que ancoraram, mas, pelo que soube, a mãe não se encontrava desperta. Não conheço a mãe e nem seus vínculos familiares. Conheço somente onde reside de passagem. Haviam me contado sobre a menina e sua mãe e as duas me comovem. História nômade, sem ter sangue cigano. Um dia aqui, outro dia ali. Não é fácil, por certo, nem para a mãe e nem para a menina.

Passei perto da casa e vi a viatura e a criança, de um ou dois anos, sentada no banco detrás. Pequenina, cabelos escorridos, olhar sem expressão, os braços cruzados, apertando o corpo. Segurava-se para se proteger dos tombos, da rua, do carro estranho, das conversas que não compreendia? Quem sabe?!

Lesionou-me o coração! A menininha ali, sozinha, sem as vozes conhecidas, sem as fisionomias que identifica, sem os abraços que se fazem, mesmo que por minutos, aconchego.

As autoridades competentes estão certas. Os filhos não podem ficar à mercê dos desatinos dos pais. As crianças têm o direito a crescer com dignidade e vida noturna não combina com pequeninos. No entanto, melhor seria que todas as mães conseguissem criar bem os seus filhos, em todos os aspectos: emocional, espiritual, moral, material. Melhor seria que todos os filhos tivessem, junto deles, a mãe e o pai.

Fiquei com uma vontade imensa de pegar a criança no colo, dizer de seu Anjo da Guarda, cantar com ela para Nossa Senhora: “Mãezinha do céu, eu não sei rezar/ eu só sei dizer quero te amar/ Azul é seu manto, branco é seu véu,/ Mãezinha, eu quero te ver lá no céu!”, com o propósito de iluminar os seus olhos e acalmar suas emoções.

Coitada da menina, cuja mãe se desencontrou na vida. Coitada da mãe da menina, que caiu de algum trapézio do mundo. As duas, não tenho dúvida, carregam sofrimentos: a menina carrega a amargura da mãe e a mãe, dentre outros, padece pela história bonita que desejava para a filha e não conseguiu. A mãe deve ter, na boca, o sabor azedo do fracasso. A filha deve sentir falta dos favos de mel com que todas as mães-rainha alimentam seus filhos.

Peço a Deus pelas duas e que a ausência de agora possa se transformar em  presença amorosa.

 

Maria Cristina Castilho de Andrade

É educadora e coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher/ Magdala



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JOÃO ALVES DAS NEVES - Temas Beirões: JOÃO BRANDÃO E O PAPEL POLÍTICO QUE TEVE NA GUERRA CIVIL DA BEIRA (1832-1834)

 

 


Disse Fernando Pessoa que “o mito é o nada que é tudo”e esta definição pode aplicar-se à lenda que surgiu em torno da vida de João Victor da Silva Brandão (1825-1880).

Na verdade, o mito surge e alastra a partir de uma “história de fundo lendário” que se desenvolve desde criança e por vezes vai até à idade adulta, conforme sustenta Fernando Ilharco: “a tendência constitucional para a mentira, para forjar acontecimentos imaginários (fabulação) e para simular estados orgânicos anormais simulados. É uma disposição muitas vezes hereditária e mais freqüente na mulher”

Entretanto, deixemos o mito e recordemos que João Victor nasceu e cresceu num ambiente que vai desde a participação do seu pai nas lutas liberais que assinalaram o cerco do Porto até à actividade guerrilheira travada pelos beirões (que na maioria dos casos terão sido contrários ao autoritarismo do Rei D. Miguel). E se ultrapassarmos o tempo, teremos de convir que havia guerrilheiros de ambos os lados – e não de um só! Não obstante, a lenda formou-se preferencialmente em torno de João Brandão, como se os tiros não fossem também disparados pelos miguelistas, apesar de serem conhecidas às violências desferidas contra inúmeros liberais, de acordo com os testemunhos daqueles que sobreviveram à tragédia que abalou quase toda a região, com destaque para a Beira-Serra. E da profusa documentação em jornais e revistas destacamos agora o volume “Apontamentos da vida de João Brandão por ele escritos nas prisões do Limoeiro envolvendo a História da Beira desde 1834”

Para lá das informações do autor, que descreve os acontecimentos que viveu de perto, salientamos a “Relação dos ferimentos e mortes praticados na Província da Beira, desde 1834”: foram 235 mortos, incluindo 21 abatidos pelas forças da ordem (militares e guardas civis), além de 13 sacerdotes e seus familiares, bem como 6 assassinatos atribuídos à guerrilha de Agostinho Vaz Pato e de muitos outros pequenos grupos e pessoas, nalguns casos identificados. De um lado, aponta-se a cooperação das “forças da ordem” absolutistas e, paralelamente, a violência contra os padres, vários dos quais estiveram presos em virtude das suas idéias liberais.

Deduz-se de todos estes esclarecimentos que as intervenções de João Brandão não foram as de um bandido vulgar, mas, sim, as de um político militante, que seguiu o liberalismo de seu Pai, combatendo sempre o autoritarismo absolutista; Se cometeu os excessos dos guerrilheiros, os dos miguelistas não foram menores, embora “o mito que é tudo” haja resvalado para o defensor da Rainha (que nunca deixou de apoiar os beirões liberais).

Segundo revela o professor José Manuel Sobral, que prefaciou a 2ª.edição dos

Apontamentos da vida de João Brandão”, o “mito” que beneficiou os adversários de João Victor da Silva Brandão era romântico, porém falso, mas vingou ao ponto de se transformar numa espécie de “hino” dos cantores cegos e provincianos de Lisboa e de aldeias, anunciando os “crimes” de J. B. e a sentença injusta do tribunal de Tábua que o condenou ao degredo em Angola (o júri era formado por um Vaz Pato e por diversos inimigos políticos). E o mito virou lenda, que também nós escutámos em criança, sem entender as origens da tragédia da guerra civil da Beira-Serra).

Muito mais é preciso contar e documentar acerca do liberal indomado de Midões. Insisto neste ponto para honrar a memória do meu avô paterno (que era “midoense” e nada teve com a ideologia de João Brandão), mas insurjo-me contra o julgamento inadmissível de quem o condenou ao degredo, sabendo que até em Angola foi ilegalmente perseguido e roubado, à sombra de um absolutismo ditatorial. Assassinado covardemente por um militar criminoso, depois de morto degolaram-no e mandaram a cabeça ao governador ignóbil...

Acusado pelos miguelistas retardados, os povos de Catumbela (entre o Lobito e Benguela) ergueram-lhe um rústico monumento do jardim público, agradecendo não só a fundação da importante Companhia Agrícola Cassequel, mas também as condições de trabalho dos seus colaboradores. Há cerca de trinta anos visitei esse jardim público – com o Padre e jornalista José Vicente - e fui agradavelmente surpreendido com a existência do monumento em memória de João Brandão: havia um resguardo de vidro com dezenas de cartas de admiradores anônimos exaltando as qualidades de trabalho e de apoio recebidas do benfeitor de Midões.

 

 

JOÃO ALVES DAS NEVES  -  Escritor português, radicado no Brasil. Foi redator - editorialista de "O Estado de S. Paulo", durante trinta e um anos e professor - pesquisador da Faculdade de Comunicação Social Gasper Libero (São Paulo), durante um quarto de século. Autor de cerca de três dezenas de livros publicados, seis dos Quais sobre a obra de Fernando Pessoa. O seu último livro foi lançado em em Lisboa, pela Editora Dinalivro, sob o titulo de "Dicionário de Autores da Beira-Serra", região onde nasceu.


publicado por Luso-brasileiro às 11:33
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