Confesso-lhes que não encontro, na “Marcha da Maconha”, um ponto qualquer que beneficie a sociedade. As consequências do uso de drogas lícitas e ilícitas destacam-se na mídia em geral e não apenas nas páginas policiais. Há esforços hercúleos de educadores, entidades, profissionais da área de saúde, pastorais, com o propósito de fortalecer pessoas, de todas as faixas etárias, para que digam “não” às drogas e para que as pessoas se reconstruam na verdade. Sabe-se, também, que tanto o álcool como a maconha são nocivos e abrem as portas para a cocaína, o crack, o oxi etc., e não há dúvida de que todos eles provocam dependência.
O reconhecimento de uma marcha reivindicatória somente tem sentido se for para o bem. Caso contrário, cabe às autoridades impedir, não por censura e poder, mas sim para proteger especialmente os mais vulneráveis, pois uma manifestação, como essa, mesmo que não seja apologia, pode dar a idéia de que existe algum aspecto positivo para quem utiliza a droga, sem destacar os danos, tantas vezes irreversíveis.
Do suplemento “Folhateen” da Folha de São Paulo, de 23/05/2011, pág. 07, destaco: “MACONHA E CHÁ DE COGUMELO OFERECEM RISCOS. Do enviado a Iacanga – SP – Chá de cogumelo pode gerar psicose, alerta Ana Luiza Simões, médica do Hospital Albert Einstein. ‘O chá causa alucinações e tem efeitos colaterais’. A mesma atenção deve ser tomada com a maconha, que pode causar perda de memória e alienação. Não há dose segura: ‘A maconha está ligada ao início do uso de cocaína e outras drogas pesadas’”.
A justificativa de que inibiria a ação dos traficantes é inconsistente. E o tráfico de tantas outras drogas? Pelos lucros do tráfico, se encontraria uma forma de comercializar “drogas piratas”. Concordo com uma marcha que vise mecanismos mais eficientes para inibir o tráfico e investimento na formação de agentes da comunidade com o propósito de que enfrentem a drogadição de maneira saudável, formando e informando as pessoas. Concordo com uma marcha pela transparência das ações das autoridades competentes no sentido de combate ao narcotráfico. Concordo com uma marcha contra os que, em todas as classes sociais, favorecem o uso de drogas.
Recordo-me da letra do rap “Mágico de Oz” do conjunto “Os Racionais”: “Comecei a usar pra esquecer dos problemas. (...)Viciar deve ser para adormecer,/ Pra sonhar, viajar na paranóia, nas escuridão,/ Um poço fundo de lama.(...) Dizem que quem quer, segue o / Caminho certo,/ Ele se espelha em quem está mais perto. (...) Queria que Deus ouvisse a minha voz/ E transformasse aqui num mundo/ Mágico de Oz. Desejar que o mundo se converta no do “Mágico de Oz”: o homem de lata passou a amar, o espantalho conquistou o discernimento e o leão medroso a coragem.
. Em 39 anos de trabalho como educadora, em 29 anos junto às mulheres em risco, em situação ou que passaram pela prostituição, em 19 anos de visita a encarcerados, não vi situação alguma de equilíbrio e felicidade dos dependentes de drogas lícitas e ilícitas, acabando, também, por atingir, negativamente, o seu entorno. Vi: cadáveres, enfermos, criminosos, infelizes, filhas e filhos da dependência química, que trocaram a vida por uma porção, uma pedra ou uma dose que mata aos poucos.
Meus aplausos ao Dr. FRANCISCO CARLOS CARDOSO BASTOS e aos demais PROMOTORES DE JUSTIÇA CRIMINAL DE JUNDIAÍ por impedirem que a marcha acontecesse em nosso município.
Maria Cristina Castilho de Andrade
É educadora e coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher/ Magdala, Jundiaí, Brasil
O Município de Góis,( Portugal), convida a V.Exª a estar presente na Inauguração da Exposição " Memória de Clarisse B. Sanches" que se realiza no próximo dia 11 de Junho,nas Galerias da Casa do Artista, pelas 16HOO.
Maria de Lurdes Oliveira Castanheira, Drª
Presidente da Câmara Municipal
* H I S T Ó R I A
Um dia, um homem recebeu a notícia de que acabara de ser nomeado mandarim. Ficou tão eufórico que não se conteve e correu contar a um amigo, dizendo assim:
- Serei um grande homem agora e preciso de roupas que façam jus à minha nova posição na vida!
- Conheço o alfaiate perfeito para você - replicou o amigo. - É um velho que sabe dar a cada cliente o corte perfeito. Vou lhe passar o endereço.
E o novo mandarim foi ao alfaiate que, cuidadosamente, tirou suas medidas e, depois de guardar a fita métrica, disse:
- Há mais uma informação que preciso saber. Há quanto tempo o senhor é mandarim?
- Ora, o que isso tem a ver com a medida do meu manto? – perguntou o cliente.
- É que um mandarim recém-nomeado fica tão deslumbrado com o cargo, que mantém a cabeça altiva e estufa o peito. Assim, tenho que fazer a parte da frente maior que a de trás – explicou o alfaiate. E continuou falando: - Um ano mais tarde, quando os transtornos advindos da experiência o tornam sensato e ele olha adiante para ver o que vem em sua direção, aí costuro o manto de modo que a parte da frente e a de trás tenham o mesmo comprimento. E mais tarde ainda, depois que está curvado pelos anos de trabalho cansativo e humildade adquirida, então faço o manto de modo que as costas fiquem mais longas que a frente. Portanto, tenho que saber há quanto tempo o senhor está no cargo para que a roupa lhe assente apropriadamente.
O novo mandarim saiu da loja pensando menos no manto e mais no motivo que levara seu amigo a mandá-lo procurar exatamente aquele sábio alfaiate.
Da mesma forma, estou pensando em você que lê esta história. Sabe me dizer qual é hoje o comprimento do seu manto? Será que não está meio curto na frente?
* Do programa ‘Nossa Reflexão’, que vai ao ar em quatro horários no Canal 20: 8h30, 11h30, 17h30 e 22h30. O site www.canal20tv.com.br disponibiliza os vídeos já apresentados na televisão. Clique em ‘Arquivos de Vídeo’ e depois em ‘Nossa Reflexão’.
** A MOTIVAÇÂO DO CRISTÃO
O entusiasmo espontâneo que nos leva a uma determinada ação, chamamos de motivação. É um recurso pessoal insubstituível no desempenho eficaz de tarefas importantes e não pode ser cedido por terceiros, mas, determinadas influências - nos momentos certos – servem para aumentar ou reduzir a motivação.
Isso significa dizer que a motivação ‘brota’ de dentro de cada um e ninguém pode se manter motivado se não desejar; por exemplo: quem não reza, não cresce na fé e deixa de conseguir muitas graças em sua vida. Se insistir em não rezar, continuará distante de Deus; no entanto, se passar a freqüentar um grupo de oração com o espírito despojado de rancor, começará a sentir o poder do Espírito Santo e se motivará a prosseguir rezando.
São milhares de pessoas - em todo o mundo - que se convertem e se renovam na fé católica todos os meses porque começaram a conhecer as maravilhas dos valores espirituais. Quanto mais rezam, mais se aproximam de Deus, mais O conhecem e mais testemunhos podem dar para influir na motivação de outras pessoas a se salvarem também.
Com a graça de Jesus e de Maria Santíssima, nós que perseveramos – rezando e trabalhando para o Reino de Deus - sabemos que nos fortalecemos na fé uns com os outros. Nem sempre podemos evitar alguns problemas ou crises em nossas vidas, mas a vitória espiritual do céu sobre o inferno sempre prevalece. A cada batalha vencida, mais motivados ficamos para enfrentar as tentações e os pecados.
Acredito que você concorda comigo, querido leitor, quanto à importância de sempre estarmos motivados para fazermos o bem ao próximo, não? Concorda também que essa motivação nos torna mais alegres e saudáveis no dia-a-dia? Por isso é que Jesus – na Sua sabedoria divina - pediu que evangelizássemos os nossos irmãos. Ele sabia que a paz e o amor reinariam entre aqueles que aceitassem a verdade do Evangelho.
Portanto, pense como você pode influir positivamente nas decisões das pessoas e comece a assumir a responsabilidade de mostrar a todos o quanto serão felizes se viverem unidos nos ensinamentos da fé cristã. Se duvidar de seu poder de argumentação, lembre-se que quando falamos em nome de Deus e de sua Mãe, o Espírito Santo age sobre nós e nunca ‘quebramos a cara’.
Assim como eu estou lhe dando este empurrãozinho agora, muitos estão à sua espera para receberem uma palavra amiga que os motive a viver melhor.
A motivação do cristão sempre está na oração e no trabalho junto ao irmão.
** Do programa ‘Acreditamos no Amor’, que vai ao ar em dois horários na Rádio Futura FM, 106,9 MHz: 6 h e 18 h – segunda a sexta.
Site para ouvir o programa ao vivo: www.futurafm.com.br
PAULO ROBERTO LABEGALINI - Escritor católico, Professor Doutor da Universidade Federal de Itajubá-MG. Pró-reitor de Cultura e Extensão Universitária da UNIFEI
Meu pai ficou órfão muito cedo: aos três, falecera-lhe o pai, de pneumónica; aos oito, a mãe, tuberculosa.
Ficou ao cuidado de avó, senhora desprendida de bens materiais e virtude, que rondava santidade.
Foi triste a infância – segundo contava,- e os amigos, como era simples e pobre, contavam-se pelos dedos.
Entre as poucas casas que frequentava, em companhia da avó, era a de Cal Brandão, sita na esquina dos Clérigos e rua do Almada.
Enquanto esta palestrava, meu pai, que era ainda menino, entretinha-se, na larga varanda, a observar o largo dos Lóios, atento ao ardina que apregoava o “Século” e o “Pim Pam Pum, ,suplemento infantil, que trazia leitura para uma semana..
Nessa recuada época, recebiam visitas em determinado dia da semana. Servia-se chã e biscoitos, adquiridos em padaria de “Santa Teresa” ou de Valongo, e por vezes, havia belo bolo caseiro.
Vinha portanto da infância a amizade que o unia à Família Cal Brandão.
O tempo passou. Certa ocasião fui, na companhia de meu pai, ao escritório de advogados, na rua Rodrigues Sampaio,visitar o Cal Brandão. Nesse dia realizara-se monumental manifestação de apoio aos soldados que embarcavam para as colónias - Províncias Ultramarinas, - diziam;e mal era se houvesse engano, pois não faltava quem o denunciasse, como comunista ou coisa ainda pior!...
Caiu o discurso na guerra e na manifestação espontânea. Com ar de riso, estampado no rosto, o advogado declarou: - Há ali gente de todo o País. A troco de passeio e cerveja, arrebanham-se multidões! ….
Meu pai, sisudamente, confirmava com leve inclinado de cabeça, lamentando o lastimoso espectáculo, e a ignominia de quem se vende por tão pouco.
Ao regressar - vivia em Vila Nova de Gaia, - observei, ao redor do Jardim do Morro e periferia, centenas de camionetas, oriundas de Trás-os-Montes, Beiras e Minho e cogitei indignado:
- E é isso manifestação espontânea! ….
Meio século se passou. Chegou a liberdade, a democracia; o povo encontra-se, sem duvida, mais letrado, mas continuo a pasmar-me, ao verificar que o processo de outrora, ainda se mantêm. Mudam-se os tempos, e as pessoas, mas tudo fica na mesma!
Não há comício, que se preze, que não arrebanhe gente de longes paragens, a troco de sardinha assada, febras grelhadas e almoços grátis… tudo a troco de trazer bandeirinha e vivas a quem paga!
Afinal Salazar não era tão “patife”como o pintam! Meio século depois ainda tem discípulos… ainda que usem outros rótulos e outros modos de falar! …
HUMBERTO PINHO DA SILVA - Porto, Portugal
Versejar, é pensar; - quase rezar!...
Se o coração for puro, e puro o verso,
qualquer poema, será todo o universo
e evolar-se, em perfumes, num altar!...
Inspiração divina!... – minha graça
( que, por desgraça minha, não mereço!),
- nunca me faltes, não!, que desfaleço!...
Não queiras que esta Musa se desfaça!...
Anda em roda de mim, tal qual o vento,
E roda, e roda, e roda: num momento,
O verso desabrocha, feito flor!...
Quando menos se espera versejar,
é que a gente pensa em verso, sem pensar,
e filigrana rimas, ao Senhor!...
PINHO DA SILVA - Vila Nova de Gaia, Portugal
Esta noite tive um sonho, tão estranho e maravilhoso como nunca até hoje tinha tido. Estava numa grande herdade que tinha a norte uma verdadeira selva, e, a poente, ali perto, o mar, que se me afigurou ser um imenso espelho em milhões de pedaços estilhaçado, tão manso e amigo do vento, que este só o balançava no berço que Deus lhe deu. Pela janela sob a qual eu estava, ouviu-se um vagido de bebé que tinha nascido meia hora antes. Era manhã cedo, havia festa no quarto do neófito com a risada de um seu irmãozito e de uma mulher que era a sua mãe, ou, possivelmente, a assistente da sua mãe. A essa festa se associava a festa da capoeira e do curral. Cantava altaneiro o galo, cacarejavam as galinhas e piavam os pintainhos. Na estrebaria relinchava um cavalo, mas não longe, um asinino, não compreendendo aquela festa, zurrava antipaticamente como se estivesse zangado com ela Era manhã cedo mas já estava uma manhã esplendorosa. Uma ligeira brisa arrastava suavemente folhas e penas, fazendo-as mover num frou-frou de sedas com as perninhas que ela lhes emprestava. O sol dardejava os seus raios, como que querendo participar, envolvendo toda a atmosfera de luz e calor, sua maneira de cantar em saudação ao neófito da vida, em união com patos que grasnavam e abelhas que zumbiam. Os pardais e as aves livres do céu, umas em pipilos outras em gorjeios, feitas aves canoras de lírica inspiração, pareciam dar também o seu contributo para toda a sinfonia de alegria, em que não faltavam pombas e rolas a arrulhar. Mas as pessoas daquela família, com a animação e alegria do nascimento, mal se davam conta de toda a beleza do ambiente. Para elas, a mais importante das vozes era a do seu coração, um bater que se lhes afigurava ser repique festivo de sino de aldeia, longe de se lembrarem de que esse mesmo sino, sem deixar de ser augusto bronze, um dia, um dia, iria, iria, muito possivelmente, dobrar plangentemente. Parece mesmo que se tinham esquecido dos animais, faltando-lhes com a ração habitual e, por isso, uns vitelos berravam e alguns porcos grunhiam. Porém, na cozinha, um gato enroscado no seu cesto, perfeito filósofo alheio a tudo, ronronava consoladamente
Coincidência ou não, o próprio trânsito da rua para qual dava a fachada principal daquela mansão, parecia querer comemorar festivamente e estava mais animado que era habitual, até que dois carros passaram lentamente e a buzinar, com bandeiras desfraldadas como se fossem em propaganda política. Logo a seguir dois automobilistas, em correria de quem sofregamente quer devorar a estrada, acabaram por estragar tudo: de repente, um resvalar de pneus e um chiar de travões, que não puderam evitar a tempo o estrondo duma colisão. Por alguns segundos, silêncio sepulcral. Finalmente dois homens saíram, cada qual do seu carro, que só por graça especial espargida pelo bebé, ali perto a dormir docemente, não ficou reduzido a uma esmagada lata de conservas. Apalparam-se como a contarem os seus ossos, verificaram que estavam ilesos na sua pele e nos seus fatos, mas não reconheceram que estavam lesionados no ânimo e na razão: entraram em briga verbal, resfolegando injúrias, bramindo como possessos, blasfemando como ímpios – num minuto envolveram-se em briga física, transformaram-se não sei se cães a rosnar, se lobos a uivar, se leões engalfinhados a rugir. E então eu, distante e qual cordeiro que mal sabe balir, comecei a ficar atrozmente aflito, e tão aflito que de súbito ouvi um formidável estampido, tão forte, tão forte e assustador que acordei. Eis que tinha passado das realidades oníricas para as realidades telúricas. Levantei-me ainda abalado pelos segundos de pesadelo, consegui ouvir o tic-tac do relógio da sala contígua, assomei à janela e pude ver o contraste entre o ambiente do sonho e o ambiente de grande e impiedoso inverno que reinava lá fora. Mais um trovão estrugiu, como medonho gargarejo de um qualquer grande Gigante da Montanha, seguido de cavalgada de Pégaso em chão de cascalho. Do céu plúmbeo caía uma torrente de chuva, que, certamente em homenagem ao neófito do meu sonho, dentro em pouco abrandou, passando então eu a ouvir mais distintamente o seu tamborilar num telhado de zinco.
Que variedade de sons que eu tinha ouvido no meu sonho e continuava a ouvir agora na realidade, vindas das pessoas e das coisas, vindas do céu ou do mar! O ribombar do trovão e os corvos a crocitar; as pegas a palrar e os cães a latir; o zéfiro a sussurrar e as fontes a rumorejar; uma boca a ciciar e uma cratera a explodir; bebés a rir e rãs a coaxar; doentes a gemer e moribundos a estertorar; o gluglulejar do peru e os pássaros a chilrear; o crepitar das silvas e o marulhar do mar; o fragor das catararas, os bois a mugir e foguetes a estalar; o estrépito de uma cavalgada, uma raposa a regougar e multidões a ulular – tudo são vozes da Natureza que se hão-de aperfeiçoar, ao serem afinadas por diapasão divino. Nessa hora não haverá plangor de crianças, apenas clangor de trombetas; nada há-de faltar e nada há-de sobrar; não haverá gebos nem górgonas, apenas efebos e sílfides a louvar; o rato deixará de ter medo do gato e vai com ele brincar, tentando-lhe as vibrissas roer; nessa hora o mar deixará de fustigar as praias e os ventos deixarão de fustigar o mar.
Nessa hora, na plenitude da plenitude dos tempos, todos os sons e todas as vozes serão apenas UM, em união com tudo e todos, imersos na Trindade santa, com quem toda a Criação vai cantar em uníssono um canto de som inconfundível – trinado nunca ouvido, mavioso, maravilhoso, divino, melodioso, inefável, majestoso, excelso, solene, celestial, glorioso, eterno, sublime...
LAURENTINO SABROSA - Economista e escritor,Senhora da Hora, Portugal.
A violência deve ser combatida com critérios racionais e dentro dos limites permitidos pela lei. Os direitos humanos devem ser colocados como parâmetros dessa repressão, aplicando-os também e principalmente às vítimas e aos familiares destas, para que não paire a falsa impressão de que somente os infratores são alcançados por eles. Além do mais, o Brasil precisa se estruturar de forma que essa aplicação seja rápida, coerente e parcimoniosa com os danos que sofrem.
O I.° Simpósio Internacional de Vitimologia, realizado em Jerusalém, de2 a6 de setembro de 1973, patrocinado pela Sociedade Internacional de Criminologia, recomendou a todas as nações urgência no estabelecimento de um sistema eficiente objetivando a compensação das vítimas de crimes.
Surgiu, assim, a Declaração dos Direitos das Vítimas criada pela ONU, cujos pontos principais são:- 1.- Entende-se por vítima as pessoas que, individual ou coletivamente, tenham sofrido danos, inclusive lesões físicas ou mentais, sofrimento emocional, perda financeira ou diminuição substancial de seus direitos fundamentais, como conseqüência de ações ou omissões que violem a legislação penal vigente nos Estados membros; 2.- Quando não for suficiente a indenização procedente do delinqüente ou de outras fontes, os Estados procurarão indenizar financeiramente as vítimas de delitos que tenham sofrido importantes lesões corporais ou debilitação de sua saúde física ou mental como conseqüência de delitos graves e 3.- As vítimas receberão a assistência material, médica, psicológica e social que for necessária, através dos meios governamentais, voluntários e comunitários.
Desta forma, o Estado é obrigado a amparar as vítimas da violência. Com efeito, a República Federativa do Brasil está fundada em diversos princípios constitucionais, entre os quais, o da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III) e o da prevalência dos direitos humanos (art. 4º, II) preceitos que são garantias assecuratórias do Estado Democrático de Direito e do Estado Social. É por isso que os direitos humanos não se aplicam exclusivamente aos delinqüentes, como grande parte da mídia equivocadamente divulga. Ao contrário, são garantias dos cidadãos, inclusive daqueles que cometem algum crime.
Nesta trilha e apesar das inúmeras críticas, o delinqüente não pode simplesmente ser afastado da sociedade. A estrutura estatal deve lhe aplicar uma sanção e, ao mesmo tempo, educá-lo ou reeducá-lo para um retorno ao convívio social, dando-lhe as oportunidades necessárias para tal fim. Já se disse que crime sem pena é ineficaz e pena sem crime é abuso. As vítimas, por sua vez, devem receber toda a assistência necessária para se recuperarem de atos violentos que podem causar danos psicológicos irreversíveis e até desestruturar toda uma família. É por isso que aumentam as ações reparatórias por parte daqueles que sofrem as mais variadas agressões. No Brasil, não há vontade política em solucionar ou assisti-las de uma forma mais objetiva e coerente, necessitando recorrerem ao Poder Judiciário.
O Estado sempre arcará com os resultados de um ato delituoso, devendo privar da liberdade quem praticou o delito, punindo-o por determinado período de tempo e recuperá-lo para que possa ingressar novamente na sociedade sem o estigma de egresso e ao mesmo tempo dar assistência à vítima e seus familiares através de órgãos oficiais como a Previdência Social e por outros meios eficazes e imediatos.
O consagrado jurista DALMO DE ABREU DALLARI certa vez escreveu que o homem encontra-se numa daquelas encruzilhadas da história. “Ou se escolhe pelo humanismo ou se escolhe pelo materialismo. O humanismo está na luta pelos direitos humanos. E o materialismo está fundado no capitalismo – na sua forma extremada. Denomina-se de globalização ou de neoliberalismo. É, em outras palavras, o materialismo. A pessoa humana é totalmente dependente dos objetivos econômico-financeiros. Essa valorização do bem material sobrepõe-se ao valor humano. Isso causa certa perplexidade, invertendo a ordem das coisas... O crime não traz vantagem a ninguém. O Estado acaba arcando com todas as conseqüências do crime e, indiretamente, a sociedade. A omissão do Estado no fornecimento de condições mínimas para a sobrevivência do cidadão pode gerar sua exclusão social. São a pobreza e a miséria exacerbada que levam os menos afortunados ao crime. Ao mesmo tempo, a impunidade, a ganância e a corrupção levam os poderosos a cometerem crimes contra o patrimônio, subvertendo ainda mais a ordem pública”.
Conclui-se assim, que a violência deve ser combatida com critérios racionais e dentro dos limites permitidos pela lei. Os direitos humanos devem ser colocados como parâmetros dessa repressão, aplicando-os também e principalmente às vítimas e aos familiares destas, para que não paire a falsa impressão de que somente os infratores são alcançados por eles. Além do mais, o Brasil precisa se estruturar de forma que essa aplicação seja rápida, coerente e parcimoniosa com os danos que sofrem.
CONCURSO DE POESIAS
A Prefeitura Municipal de Jundiaí, através da Secretaria da Cultura, com o apoio da Comissão Municipal de Literatura, está promovendo um concurso de poesias com o tema “Polytheama”, em comemoração aos cem anos de fundação dessa casa de espetáculos.O prazo para entrega dos trabalhos será até 13 de junho de 2011. Seguem abaixo os principais itens a serem observados pelos participantes: fidelidade ao tema: Polytheama; as poesias não poderão ultrapassar a 30 versos (linhas); enviar até três poesias com pseudônimo, em três vias cada; a ficha de inscrição poderá ser retirada na Casa da Cultura e cinqüenta (50) melhores poesias serão publicadas em livro cujo lançamento será na Sala Glória Rocha, em setembro de 2011, dentro das comemorações do centenário do Teatro Polytheama. O regulamento e a ficha de inscrição estão à disposição na Casa da Cultura ou através do site culturapmj@jundiai.sp.gov.br.
METAS LEGISLATIVAS –
CONVITE À SOCIEDADE.
A 33a. OAB/SP (Jundiaí) está convidando toda a população para participar da elaboração do "Programa de Metas Legislativas", a ser discutido por toda a sociedade civil e que servirá como instrumento de interação entre os vereadores locais e a coletividade. No dia 1º de junho, as 19 horas, o encontro acontecerá na Casa do Advogado ( Rua Rangel Pestana, 636, Centro) ocasião em que serão abordados temas como representatividade, sessão noturna, balanço mensal da atuação da Câmara, criação da Tribuna Livre nas sessões, prestação de contas individuais dos vereadores e divulgação das reuniões das Comissões Permanentes, e aumento do número de cadeiras na Câmara Municipal de Jundiaí e subsídios dos vereadores. O conhecimento da estrutura, das competências e das metas do Poder Legislativo é fundamental para que possamos compreender sua importância, sendo de suma relevância a participação da sociedade civil, para que manifeste sua opinião.
JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é advogado, jornalista, escritor e professor universitário.
Nem consigo mais esconder que alguns temas, nos meus textos, são reincidentes. Passa um tempo e lá determinado assunto de novo. Algumas vezes eu me pergunto se isso se dá por falta de outro assunto, por esquecimento (meu Deus, Alzheimer?), facilidade ou por predileção.
Concluo, tentando ser isenta, sem me conceder favorecimentos, que vários de meus textos tratam de assuntos parecidos, pelo fato de que certos temas ou me apaixonam ou me incomodam sobremaneira. Hoje, pensando sobre o que escrever, tentei evitar um dos meus lugares comuns, ou seja, falar dos meus bichos de estimação. Como recentemente o Peteco mastigou um filhote indefeso de periquito, dando sumiço em bico, penas e pés, eu fiquei tentada a narrar a façanha, mas preferi poupar meus leitores de cenas grotescas e de mais um capítulo da saga “Peteco e suas barbáries”.
Desse modo, olhando ao meu redor e buscando inspiração, comecei a me recordar dos acontecimentos da semana e sobre o que seria digno de virar um texto ou, se não fosse digno, ao menos fosse interessante... hehehe. Tive idéias que, infelizmente, não poderia narrar aqui sem isso refletisse em outras pessoas. Presenciei conversas nas quais quase não acreditei, ouvi uma confissão inconfessável, mas nada disso poderia vir estampar um inocente texto.
Enquanto eu me detinha nesses pensamentos, a campainha de casa tocou e eu saí para atender. Recebi a correspondência entregue pelo correio e, enquanto fechava o portão, vi duas mulheres que conversavam na calçada oposta. Uma delas comia um salgadinho, desses industrializados. Tão logo acabou, não se fez de rogada e simplesmente despejou o dito cujo na rua, bem ali onde ela estava, como se isso fosse a coisa mais natural e adequada do mundo. Como moramos em uma rua pequena, sei que nenhuma delas mora nas casas próximas. Então, aparentou-me, não importava deixar lixo na casa dos outros...
Sei que esse comportamento não deveria me espantar, de tanto que é reproduzido, mas não consigo deixar de me chocar com o hábito que as pessoas tem de jogar lixo na rua, sem simplesmente dar importância a isso. A quantidade de papel, comida e bitucas de cigarro que há pelas ruas e calçadas, é simplesmente inconcebível! Ando cansada de falar ou escrever sobre isso, pois me sinto falando às paredes, do mesmo modo que ando desgostosa de perceber que, cada vez mais, prevalece o individualismo, com sacrifício do social, do coletivo.
Todo esse lixo das ruas não somente enfeia os lugares nos quais vivemos, mas também entope os ralos, os bueiros, vai parar nos rios, matando peixes, exterminando a vida, invadindo as casas, subtraindo a vida e a saúde de muitos.
O que mais me espanta, quando chamo a atenção de quem joga algo na rua, e eu me sinto, sim, nesse direito, é ouvir, como já ouvi, a pessoa me olhar, com desdém e dizer: _ E isso é problema seu?
- Sim, meu caro, é problema meu! E seu!
CINTHYA NUNES VIEIRA DA SILVA- Advogada, mestra em Direito, professora universitária e escritora - São Paulo
São três histórias que se encontram. A primeira ouvi de minha mãe, a da Branca de Neve, escrita pelos irmãos Grimm, escritores e estudiosos alemães, que colocaram no papel esse e outros contos, que circulavam de boca em boca. Órfã de mãe, teve como madrasta uma mulher vaidosa e arrogante, que não podia suportar a ideia de que existisse alguém mais bela do que ela. Tomada pelo ódio e o ciúme, diante da beleza da menina ao crescer, pediu a um caçador que a levasse para a floresta e a matasse. Branca de Neve, contudo, protegida pelos sete anões, sobreviveu aos perigos da floresta, à faixa de seda apertada à cintura, bem como ao pente venenoso, com os quais sua madrasta pretendia eliminá-la. Da terceira tentativa, a maçã envenenada, foi salva pela interferência de um príncipe, que se apaixonou por ela.
De acordo com o psicólogo austríaco Bruno Bettelheim (1903-1990), em seu livro “A Psicanálise dos Contos de Fadas” – Editora Paz e Terra – 1985, a expulsão do pedaço da maçã envenenada, que entalara na garganta de Branca de Neve, desperta o renascimento. Depois do período transacional, entrará em uma experiência mais rica e feliz. Para ele, os contos antigos não remetem apenas para o encantamento, tratando também de problemas existenciais.
A segunda história é muito triste. Há acontecimentos com final feliz e tantos outros de tragédia. É a da miséria no Vale do Jequitinhonha do Estado de Minas Gerais, com pobreza e fome. Em 2009, a SBT Brasil, em série produzida pelo jornalista Sérgio Utsch, deu destaque para a “infância à venda” nessa região. Vidas desperdiçadas, desconsideradas, crianças se prostituindo, famílias inteiras na prostituição por sobrevivência. Crianças vendidas como mercadoria pelos próprios pais. Filhas do quadro de miserabilidade e de desestruturação dos laços familiares por ele gerado. Há dados que revelam que cidades com mais registros de exploração da infância são aquelas com alguns dos piores indicadores escolares.
A terceira história é a da menina em cujo sangue corre o Vale do Jequitinhonha. A mãe veio de lá mocinha. Perdeu definitivamente a adolescência quando foi entregue a um “tutor” pela família em situação de penúria. O “tutor” machucou os sonhos de sua alma no adolescer. Ao deixá-lo, anos depois, não trouxe os filhos que teve com ele. Viajou em fuga de seus desajustes e na esperança de apagar o passado. Não conseguiu. Para a desequilíbrio físico oferecem, mesmo que precário, tratamento, mas são poucos que se importam com os estragos emocionais. As vítimas procuram no álcool e em outras substâncias acalmar a dor que não cessa. Perdem a capacidade de tolerar um choro a mais no cotidiano. São pessoas que não foram respeitadas e respeito, do latim respectus, de reespicere, significa olhar. São pessoas que não foram olhadas e não conseguem olhar.
A mãe da menina, vinda da pobreza extrema em todos os aspectos, com o coração pisoteado, fez hematomas na filha bebê. Socorrida, a menina, do hospital, foi para um abrigo. Como a mãe não se arranjou por dentro para ir buscá-la, entregaram-na, com mais de três anos, a uma família substituta. A família já possuía um filhinho do coração. O casal – sem exigências para o amor, e isso agrada o coração de Deus - descobrira, em sua história, a vocação de cuidadores de gente miúda que precisa de colo, ternura, escola, paciência, para o agora e o futuro. A menina quis saber, assim que chegou à família e em diversos outros dias, se no seu aniversário haveria festa. E houve. Ela escolheu, para a decoração, a Branca de Neve. Na hora do “parabéns a você”, com crianças e adultos voltados para ela, amor materno e paterno a envolvê-la e o irmãozinho novo do lado, o brilho estelar de seus olhos e sorriso foi mais luminoso que a chama da vela. Cuspira a maçã envenenada. Percebera que estava protegida e que, no meio daquele povo, se tornara única. Sua vida provocava aplausos. Uma experiência rica e feliz, como a da Branca de Neve.
Posso estar enganada, mas vi, de seu sopro, ao apagar a vela, brotarem cristais de neve com claridade imensa.
Maria Cristina Castilho de Andrade
É educadora e coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher/ Magdala, Jundiaí, Brasil
“Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la./Em cofre não se guarda coisa alguma./Em cofre perde-se a coisa à vista./Guardar uma coisa é olhá-la, fitá-la, mirá-la por admirá-la, isto é, iluminá-la ou ser por ela iluminado.”
A vida é um eterno guardar.
Guardamos papéis, guardamos lembrança – em total redundância –, guardamos caixas – cheias e vazias –, guardamos rancor, guardamos dinheiro, guardamos o dia, guardamos o tempo, guardamos uma imagem, uma paisagem... guardamos até o impossível.
Acabo de jogar fora um tanto de papéis e parece que nada aconteceu. Basta desocuparmos um espaço para logo vir algo a preenchê-lo. E não é assim na vida? Ás vezes...
Pois guardamos a memória, guardamos as lembranças, guardamos roupas – as que usamos e as que nunca usaremos –, guardamos um susto, guardamos a comida, guardamos a esperança, guardamos a aflição, guardamos livros, guardamos folhas secas, guardamos inutilidades, guardamos futilidades...
Mas guardamos nossos amores, guardamos as sutilezas, guardamos a liberdade, guardamos o olhar, guardamos o riso incontido, guardamos a verdade.
“Guardar uma coisa é vigiá-la, isto é, fazer vigília por/ela, isto é, velar por ela, isto é, estar acordado por ela,/isto é, estar por ela ou ser por ela.”
Guardamos nossos pecados, guardamos nossos pudores, guardamos nossa inocência, guardamos nossa indecência, guardamos as máscaras – nossas e dos outros –, guardamos nosso silêncio, guardamos nosso brado, guardamos nossos perigos, guardamos nossos voos.
“Por isso melhor se guarda o voo de um pássaro/Do que um pássaro sem voos.”
Guardamos a mala, guardamos o mala, guardamos a raiva, guardamos a palavra, guardamos o incômodo, guardamos a prosa...
“Por isso se escreve, por isso se diz, por isso se publica/por isso se declara e declama um poema:/Para guardá-lo: Para que ele, por sua vez, guarde o que guarda:/Guarde o que quer que guarda um poema:/Por isso o lance do poema:/Por guardar-se o que se quer guardar.”
Guardamos os pedaços, guardamos a ira, guardamos a dor...
Hoje não guardei o poeta Antonio Cicero, publiquei-o para que seja também guardado por vocês.
Renata Iacovino, escritora, poetisa e cantora / reiacovino.blog.uol.com.br /
reval.nafoto.net / reiacovino@uol.com.br
A Ressurreição de Lázaro é o último milagre realizado por Jesus antes do início de sua Paixão (Jo 11,1-45). Ele voltou novamente à Judéia, a três quilômetros a leste de Jerusalém, para salvar seu amigo Lázaro. Patenteou, antes de sua própria morte, que viera ao mundo para resgatar os homens do pecado e de todas as consequencias do pecado. Ele, ainda uma vez, quis demonstrar que grande era a afeição do Pai que detesta a morte e que deseja a vida. Realidade esta que encontrará sua prova decisiva no dia da Páscoa, quando se deu definitivamente a vitória da vida sobre a morte, do amor sobre o pecado. Cristo era o mensageiro sublime da enorme dileção de Deus para com a humanidade prevaricadora. Na trajetória por este mundo o ser racional depara com a morte, não apenas enquanto a cada minuto dela inexoravelmente se aproxima, mas também diante do desaparecimento de parentes, amigos, entes queridos, que deixam após si um rastro de lembranças, de tristeza, de imensa saudade. A morte é um acontecimento inelutável, inescapável. Ante a morte, porém, surge o poder decisivo de Deus. Foi o que sentia Marta ao afirmar a Jesus: “Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido. Mas mesmo assim, eu sei que o que pedires a Deus, ele to concederá”. Amigo de Lázaro e de suas irmãs, Cristo também partilhava de suas dores. No entanto Ele, que poderia ter vindo antes, chega propositadamente depois do falecimento de quem tanto prezava. É que Ele, embora humano, só se deixava conduzir pela vontade do Pai. Esperou que Lázaro morresse porque Ele não viera simplesmente afastar a amargura e o luto, mas transformar estes sofrimentos e esta morte numa mensagem gloriosa, prenúncio de seu notável triunfo após a tragédia do Calvário. A raiz do pecado é a morte, como bem declarou São Paulo: “Por um só homem o pecado entrou no mundo e pelo pecado veio a morte; deste modo a morte passou para todos os homens pelo fato de que todos pecaram” (Rm 5,12). Ora, apenas Jesus demonstrara o poder de perdoar os pecados e dera provas de que tinha também capacidade de trazer à vida os que haviam morrido. Eis aí a grande exclusividade da fé cristã. Pela afirmação audaciosa perante o acontecimento que mais aflige o ser humano “Eu sou a ressurreição e a vida”, sentença logo confirmada pela ressurreição de Lázaro, Cristo apresenta a resposta ao drama causado pela transgressão do Paraíso. Acrescenta algo mais: “Quem crê em mim, mesmo que morto, viverá. E todo aquele que vive e crê em mim não morrerá jamais”. Jesus não fala aqui da vida sobre a terra, sobre a existência meramente biológica, mas da vida divina. Todos os domingos, como em Betânia aconteceu com Marta, ele indaga a cada cristão: “Crês isto”? Quem acredita não pode então levar uma vida sem amor, sem esperança, sem uma alegria partilhada com os irmãos. A vida do cristão deve estar plena do sentido da ressurreição, de vida, de júbilo. É deste modo que se ilustra a resposta que se deve dar a Cristo: “Eu creio firmemente, Senhor, pois tu és o Messias, o Filho de Deus que devia vir ao mundo”. O império de Jesus sobre a morte é uma fagueira promessa de vida. Aliás, sua própria ressurreição ostentou que Ele era o primogênito de uma multidão de irmãos a cantarem o hino festivo da vitória, prenunciada inclusive pela ordem que dera a seu falecido amigo: “Lázaro, vem para fora”. Que espetáculo glorioso: “O morto saiu, atado de mãos e pés, com os lençóis mortuários e o rosto coberto com um pano”. Confirmava-se o que Ele havia dito: “Eu vim para que todos tenham a vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10). Ali estava o Senhor Todo-Poderoso que perante a fé dos que nele acreditavam tirava do túmulo quem lá jazia nas trevas da morte. Toda a existência de quem foi batizado deve sempre colocá-lo perante a esperança da ressurreição, vivida na aventura da fé que flui do senhorio absoluto do Filho de Deus. Nele, de fato, não se deve contemplar apenas o Rabi da Galiléia, Mestre admirável, mas também o poderoso Senhor no qual se pode inteiramente confiar. É preciso abrir os olhos e viver integralmente em função de quem realmente tem a resposta para todas as rescrescentes aspirações humanas. Um abandono total Àquele que ininterruptamente demonstrou um amor desinteressado pelos que sofrem, ostentando a solicitude de um benfeitor familiar, Pastor desvelado atento às necessidades de suas ovelhas. Isto é uma importante dimensão do crer e esperar nele. Embora vivendo num vale de lágrimas nada deve quebrar os laços entre Cristo e aquele que ele ama e do qual solicitamente cuida. Jesus, antes de ressuscitar a Lázaro, chorou, patenteando a ternura de seu coração. O liame de amizade entre Ele e o cristão é algo essencial. A indefectível amizade de Jesus é que permite ao que nele crê caminhar sem desfalecimentos pelas estradas da vida. Um autêntico repouso na confiança em Cristo é uma delicadeza para com Ele. Então maravilhas acontecem em derredor de seus amigos, como ocorreu, um dia, lá em Betânia.
JOSÉ GERALDO VIDIGAL DE CARVALHO - da Academia Mineira de Letras
* H I S T Ó R I A
Havia um sujeito apelidado de Cabeçudo. Nascera com uma cabeça realmente grande, mas era um cara pacato e inteligente. Só não gostava de ser chamado pelo apelido porque, desde os tempos do grupo escolar, tinha um chato que não perdoava: onde quer que o encontrasse, lhe dava uma palmada na cabeça e perguntava: ‘Tudo bem, Cabeçudo?’.
Um dia, depois de centenas de tapinhas na cabeça, o Cabeçudo deu uma grande surra no engraçadinho, que, após deixar o hospital, foi dar queixa na delegacia. O caso se complicou e foi a julgamento.
No tribunal, na hora de defender o agressor, um velho e sábio advogado começou assim:
- Meritíssimo juiz, estou convicto de que o meu cliente não deva continuar preso porque não lhe pega bem o apelido de Cabeçudo.
E quando todos pensaram que iria continuar a defesa, ele repetiu:
- Meritíssimo juiz, estou convicto de que o meu cliente não deva continuar preso porque não lhe pega bem o apelido de Cabeçudo.
Em seguida, repetiu a frase mais uma vez e foi advertido pelo juiz:
- Peço ao senhor que, por favor, prossiga com a sua defesa.
O advogado, porém, fingiu que não ouviu e continuou:
- Meritíssimo juiz, estou convicto de que o meu cliente não deva continuar preso porque não lhe pega bem o apelido de Cabeçudo.
O juiz não agüentou e ameaçou:
- Seu irresponsável! Está pensando que a justiça é motivo de zombaria? Ponha-se daqui para fora antes que eu mande prendê-lo.
Foi então que o velho advogado disse:
- Se, por repetir uma frase apenas três vezes o senhor me ameaça de prisão, pense na situação deste pobre homem que, durante quarenta anos, todos os dias foi chamado de Cabeçudo!
Dessa forma, o réu foi absolvido e voltou a viver em paz.
Então, temos muitas maneiras de promover alegria e esperança aos nossos irmãos. Vamos deixar as brincadeiras de mau gosto de fora! Não sejamos ‘cabeçudos’!
* Do programa ‘Nossa Reflexão’, que vai ao ar em quatro horários no Canal 20: 8h30, 11h30, 17h30 e 22h30. O site www.canal20tv.com.br disponibiliza os vídeos já apresentados na televisão. Clique em ‘Arquivos de Vídeo’ e depois em ‘Nossa Reflexão’.
** PROVAÇÃO COM ORAÇÃO
Falar de doença e de hospital – como na reflexão de ontem – nunca é agradável, mas, hoje também, irei contar as lições que aprendi há 12 anos com a doença do meu filho, Alexandre.
Quando vi a sua perna toda inchada, fui com ele para Campinas e, como já suspeitávamos, o diagnóstico foi trombose venosa profunda com provável causa hereditária, pois eu já tive duas iguais a essa.
Muitos parentes se apavoraram ao saber que um menino de apenas quatorze anos estava acometido com uma enfermidade que inspirava tantos cuidados no tratamento, mas, com a graça de Deus, eu e ele sempre estivemos confiantes na sua total recuperação.
O grande sinal para isso recebemos ao entrarmos no hospital. Saindo do elevador, encontramos uma irmã de caridade que havia levado Jesus Sacramentado aos doentes e, ao nos ver chegar, perguntou se desejaríamos comungar. Foi o único momento de emoção que passei no hospital: ver o próprio Deus e Senhor nosso nos esperando e se oferecendo para nos purificar!
A partir daquele momento, todos os dias a irmã nos trazia Jesus no quarto – graça que não teríamos alcançado se não estivéssemos, digamos, presos ali! Ele, o Todo-Poderoso, foi o único a visitar diariamente o Alexandre nos dez dias que ficou internado – isso talvez por ele ser um coroinha tão dedicado naquela época!
E com o alimento espiritual que recebeu, meu filho se manteve alegre na cama, mesmo numa posição pouco confortável – inclinado para manter as pernas pra cima. Rezou o terço todos os dias, e, no único domingo que passou no hospital, pediu para ligar a televisão logo cedo, assim que acordou. Fiquei impressionado ao ver que a Santa Missa estava começando naquele instante! E mais uma vez ele foi abençoado por poder participar da Celebração da Eucaristia no Dia do Senhor.
Muitas outras bênçãos e providências divinas aconteceram naqueles dias: eu e minha esposa ajudamos muitas pessoas no hospital, ora com uma palavra de esperança, ora entregando estampas de Nossa Senhora da Agonia; a nossa comunidade se uniu ainda mais em orações e penitências; os amigos de escola do Alexandre ligavam pra ele dizendo que estavam rezando pela sua recuperação; enfim, as obras espirituais que Jesus nos reservava foram colocadas em prática através dessa provação que passamos.
E, como não poderia deixar de ser, o resultado disso tudo foi maravilhoso! Além da cura, ficamos fortalecidos na fé e com mais certeza de que somos filhos muito amados da Virgem Maria e do seu Santo Filho, Jesus Cristo.
Por isso, tenho certeza que tudo pode ser mudado para melhor com fé e oração.
** Do programa ‘Acreditamos no Amor’, que vai ao ar em dois horários na Rádio Futura FM, 106,9 MHz: 6 h e 18 h – segunda a sexta.
Site para ouvir o programa ao vivo: www.futurafm.com.br
PAULO ROBERTO LABEGALINI -- Escritor católico, Professor Doutor da Universidade Federal de Itajubá-MG. Pró-reitor de Cultura e Extensão Universitária da UNIFEI
Que o mérito de cada um, depende do lugar que se ocupa, todos nós sabemos. Sabia também, pois do alto do seu campanário tudo observava, o relógio falante dos Apólogos de D. Francisco Manuel de Melo; e também todos sabemos, que o lugar que se ocupa, depende da sorte, mas mormente, dos amigos que se possui, sejam eles: políticos, industriais ou simples capitalistas.
A propósito do exórdio, lembrei-me da carta que Mme Sévigne enviou a M. de Pompone, datada a 1 de Dezembro de 1664, em que conta a verídica passagem do diálogo ocorrido entre o todo-poderoso Luís XlV, rei de França, e o marechal de Gramont.
Certa vez, o rei, que admirava os poetas e principalmente as composições poéticas, deu-se para versejar, escrevendo coplas que não mereciam um chavo, e mostrou-as aos mais íntimos, para colher opiniões.
Foi unânime, por todos, que o rei tinha talento e que, com o tempo, seria poeta de mérito, confirmando o que se costuma asseverar: usa e serás mestre.
Ora Luís XlV sabia, que nas cortes - e não só - ninguém se atreve a contradizer o rei, já que raramente aparece um Frei Bartolomeu dos Mártires, que desafie os digníssimos e reverendíssimos cardeais.
Certo dia Luís XlV quis experimentar a sinceridade de um dos ilustres vassalos, e encontrando o marechal Gramont, inqueriu:
- Acabo de receber um poema, para dar opinião. Para mim é uma sensaboria, sem nexo; uma bodega!; mas queria saber seu parecer, já que é pessoa culta e sincera.
O marechal pegou na lauda de papel; leu pausadamente os versos, e disparou:
- Tem Vossa Majestade razão; isto é vergonhoso e um atrevimento de quem lho endereçou, a não ser que seja tolo.
E acrescentou:
- Nunca li versos tão mal alinhavados e ridículos.
Riu-se o rei a bom rir, e rematou com estas palavras:
- Pois sabeis que esta porcaria foi escrita por mim.
Desculpou-se, aflito, o sábio marechal, declarando que o parecer fora apressado, e que não tivera tempo de apreciar devidamente. Que aguardasse, pois examinaria melhor e depois lhe daria sincera opinião.
Aqui tem o leitor como é avaliado o mérito de cada um, seja na empresa, seja na arte, seja na literatura. O mérito depende do lugar e influencia que se tem. É assim que a crítica, normalmente, avalia, e é assim que nas empresas, os gestores avaliam o mérito dos subalternos, de harmonia com cores políticas e “cunhas” que recebem.
Quem disser o contrário: mente, ou sabe por experiência própria, que tenho razão.
HUMBERTO PINHO DA SILVA - Porto, Portugal
OS MEUS LINKS