PAZ - Blogue luso-brasileiro
Terça-feira, 26 de Julho de 2011
PERÍODO DE FÉRIAS

 

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Por motivo de férias, como tem acontecido nos anos anteriores, não será actualizado o blogue durante o mês de Agosto.



publicado por Luso-brasileiro às 12:30
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MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE - O SEPULCRO VAZIO

                       

 

 

A Igreja celebrou, em 22 de julho, a festa de Santa Maria Madalena. Foi ela grande colaboradora de Jesus Cristo, seguiu-O até a cruz. Presenciou a crucificação, a sepultura, o túmulo vazio e a ressurreição.

A teóloga holandesa Esther de Boer, em seu livro “Maria Madalena - A Discípula Amada” – 2005, Paulus Editora, analisa essa discípula do Senhor nos quatro Evangelhos a partir da ressurreição. Em MARCOS, destaca o medo. Grande foi o susto dela, de Maria mãe de Tiago e Salomé ao entrarem no sepulcro e verem sentado um jovem vestido de branco que lhes anunciou que Jesus havia ressuscitado. Para MATEUS, a fé ocupa o lugar central. O anjo lhes disse que não temessem, mostrou o lugar onde repousara o corpo de Jesus. Com alegria, elas foram anunciar aos discípulos que Ele ressuscitara. LUCAS recorda que Maria Madalena era a mulher de quem Jesus expulsara sete demônios. O número sete pode indicar a totalidade. Nesse caso, Maria Madalena teria sido possuída totalmente e curada plenamente. Para os helenistas, segundo Boer, a alma era constituída por oito partes: a faculdade de sentir, ouvir, tocar, saborear, ver, desejar e falar. A oitava era a que comandava. Possuía, como tarefa, dominar as outras faculdades e orientá-las. Cada uma delas, porém, pretendia chegar a uma harmonia com o Divino. Nessa perspectiva, Jesus teria restituído a Madalena a capacidade de discernir e agir com equilíbrio em comunhão com o Criador. Em JOÃO, o elemento mais característico dela é a sua constância. Mesmo quando os outros se foram, ela ficou junto ao sepulcro, à procura da consolação por meio de sua proximidade física. E se fez sinal de coragem perante as autoridades hebraicas e romanas.

Com maior ou menor frequência, experimentamos a angústia de Santa Maria Madalena. Madrugada obscura, perturbação, deserto e solidão, embora possa haver outras pessoas por perto. A inquietude aperta o peito, vinda de um acontecimento doloroso, de uma perda, de uma vivência cinza, de uma derrota, de um temor maior, da constatação da fragilidade, de um limite físico... Às vezes, nem mesmo conseguimos dar nome à agonia que nos toma, porque fantasmas pessoais despertam e nos confundem.  A alma se fecha com uma pedra ou está aberta, porém vazia.  Não se pode, nesse tempo, abdicar da fé, da perseverança e da coragem. É preciso mastigar as ervas amargas e repelir a desarmonia para ouvirmos o nosso nome, proclamado com doçura pelo Ressuscitado, que nos consola e nos faz reagir.

 

Maria Cristina Castilho de Andrade

É educadora e coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher/ Magdala, Jundiaí, Portugal

 



publicado por Luso-brasileiro às 12:22
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RENATA IACOVINO - O CASAMENTO DA MÚSICA COM A POESIA

 

 

A estreita relação entre poesia e música sempre rendeu bons frutos.

Talvez o mais expressivo exemplo desta parceria seja o poeta e compositor Vinícius de Moraes que emprestou muitas de suas obras poéticas a músicos que as transformaram em canções inesquecíveis. O advento Vinícius de Moraes revolucionou todo um conceito até então existente sobre composições de MPB, inserindo lirismo e aspectos poéticos dentro de um cenário habituado a outros conteúdos no quesito letra.

Um selo fonográfico lançou em CD trabalhos literários de grandes ícones. Atores de renome emprestaram suas vozes e interpretações para tornar audível o que até então se restringia às páginas dos livros. Não que isto fosse pouco, mas abre mais uma possibilidade de nos deleitarmos com clássicos da literatura. Aqui não há a presença da música, mas o clima de fundo, em alguns casos, é permeado por ela. De qualquer maneira, trata-se de um interessante intercâmbio entre linguagens artísticas.

Deparamo-nos com interpretações que, muitas vezes, gostaríamos de imaginar como seriam se entoadas verbalmente. É o caso de Aracy Balabanian lendo contos de Clarice Lispector ou Othon Bastos apresentando alguns dos melhores sonetos de Augusto dos Anjos.

Nesta coleção encontramos: Manuel Bandeira por Juca de Oliveira, Drummond por Leonardo Vieira, Raquel de Queiroz por Arlete Salles, Érico Veríssimo por Paulo Autran, Machado de Assis (poesias, contos e crônicas) por Othon Bastos, Clarice Lispector e sua obra infantil A mulher que matou os peixes por Zezé Polessa, Fernando Pessoa por Paulo Autran, etc.

São registros – se pouco consumíveis ou acessíveis – pelo menos históricos.

Na Música Popular Brasileira, inúmeros são os exemplos em que tal casamento aconteceu com sucesso. Só para mencionar alguns, Fernando Pessoa foi objeto de um disco (ainda na época do vinil, posteriormente relançado em CD pela gravadora Eldorado) exclusivamente dedicado a parte de sua obra. Poesias em forma de música nas vozes de Chico Buarque, Caetano Veloso, Elba Ramalho e outros.

Adriana Calcanhoto musicou obras do poeta português Mário de Sá-Carneiro.

O polêmico poeta Waly Salomão (falecido há pouco tempo) foi cantado por intérpretes da MPB, dentre os quais, a própria Adriana Calcanhoto (também foi sua parceira), além de Caetano Veloso (igualmente parceiro em algumas músicas), Maria Bethânia, Marina Lima e Gal Costa.

O universo poético de Waly aproxima-se de Antônio Cícero, filósofo e autor de muitas letras que deram voz a sua irmã cantora, Marina Lima. Ele também é parceiro de vários autores de MPB e tem livros editados.

Caetano – sempre inovador - musicou e fez parcerias com poetas diversos, como Oswald de Andrade, Paulo Leminski e Maiakowiski.

Em artistas como ele, dificilmente encontraremos a linha divisória que separa o poeta do compositor de música popular. Muitas de suas canções nos apresentam características típicas de quem lida com versos metrificados e elementos da poesia clássica, moderna, pós-moderna e outros.   

Até mesmo Shakespeare já teve soneto adaptado e musicado. Sem perder a originalidade da obra, os profissionais que fizeram a versão, difundiram o romantismo do escritor inglês para a língua portuguesa cantada. Quem gravou foi a cantora Elba Ramalho.

Fagner apropriou-se de poesias de Cecília Meireles (quem não conhece o clássico Canteiros?), Florbela Espanca  e Ferreira Gular. Não entrarei na polêmica das ações judiciais e questões relativas a direitos autorais que envolveram alguns de seus intentos.

Zé Ramalho musicou o belíssimo texto do poeta popular Otacílio Batista em Mulher nova, bonita e carinhosa faz o homem gemer sem sentir dor.

O mais recente trabalho, em vias de se tornar público, é um projeto do cantor e compositor Zeca Baleiro, que lançará no mês de abril o CD Ode Descontínua e Remota para Flauta e Oboé, com dez poesias de Hilda Hilst (falecida no início de 2004) musicadas por ele e interpretadas por Zélia Duncan, Maria Bethânia, Ná Ozzetti e Ângela Maria – mencionando apenas algumas.

Projetos como este nos faz crer que a poesia e a música devem sobreviver ao mercado voraz ditado pelo consumismo capitalista. Para quem lida estritamente com arte, sabe que a realização do que é necessário à manutenção do que pede nossa alma, tem um preço a ser pago.

 

 

Renata Iacovino, escritora e cantora / reiacovino.blog.uol.com.br /
http://reval.nafoto.net / reiacovino@uol.com.br

 

 



publicado por Luso-brasileiro às 12:18
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Segunda-feira, 25 de Julho de 2011
CINTHYA NUNES VIEIRA DA SILVA - EPITÁFIO

 

 

            Dia desses fui visitar meus pais e irmãs. Como minhas férias de meio de ano são curtas, não dava para perder mais tempo viajando de ônibus ou de carro. Além das mais de cinco horas que eu levaria na estrada, ainda teria o desgaste físico resultando do estresse de enfrentar trânsito, congestionamento e outros “etcéteras”... Assim, aproveitei uma promoção e fui de avião.

            Confesso que não sou lá muito amante desse tipo de transporte. Na verdade, eu o aprecio na teoria, mas, na prática, quando estou lá dentro, quase sempre me pergunto por que raios eu fui me enfiar lá. Em suma, sou uma medrosa mesmo. Quando criança, com meus pais, toda viagem de avião envolvia meu estômago e um saquinho. Absolutamente todas as vezes, sem exceção, eu colocava os bofes pra fora.

            Hoje, ao menos, poupo-me desse constrangimento, mas não consigo relaxar totalmente durante o vôo. Na ida, como eu estava morrendo de fome e de saudades da família, concentrei minha atenção em outros pensamentos que não envolvessem coisas caindo em direção ao solo. Tudo bem que, horas antes, enquanto eu estava na manicure, dando um trato na aparência, a dita cuja estava assistindo a um programa de teve sobre, adivinhem, acidentes de avião! Quando eu comentei com ela que dentro de poucas horas eu também estaria voando, ela olhou para mim com uma cara de pena e me disse, ah, desculpe-me... Fiquei me sentindo super bem depois daquilo, mas fiz o possível para ignorar.

            Os dias que passei com os meus foram poucos, mas foram ótimos. Espanquei a saudade, até porque é algo que nunca se mata verdadeiramente. Basta virar as costas e ela revive, plena. A saudade só requer um mísero minuto de ausência ou a certeza de que a ausência virá. Acho que sinto até mesmo saudades por antecipação... Enfim, abracei minha sobrinha Isadora o tanto de vezes que uma pobre criança é capaz de suportar, bem como conversei, ri e troquei confidências com minhas irmãs, cunhados, pai, mãe e amigos queridos.

            Na volta, com a mala cheia de roupas sujas e a cabeça com lembranças, vi que embarcariam no mesmo vôo, todos os integrantes da banda Titãs. Até fiquei com vontade de pedir para tirar uma foto com eles, mas era tanta gente pedindo a mesma coisa, que pensei que eles já deviam estar cansados, embora não os tenha visto negar nenhum dos pedidos. Já dentro do avião, não consegui evitar de pensar que, se houvesse um acidente, seria notícia em todo Brasil. Nossa viagem seria manchete de jornais e viraria até tema de programa de televisão. Como estavam todos lá dentro, seria o fim da Banda. Em meus devaneios, até imaginei que a trilha sonora das notícias seria a música Epitáfio, dos Titãs.

            Daí que, uma certa hora, enquanto eu ficava perdida nessas idéias, o avião começou a trepidar e fomos informados de que passávamos por uma zona de turbulência. Senti minhas tripas se movimentando de modo anormal, ou seja, para cima e para baixo muito rapidamente e temi que meus tempos de saquinho estivessem retornando. Meu Deus, será que eu ia dar vexame bem naquele dia? Apertei-me o quanto pude e a sensação passou, para minha sorte e, de alguma forma, para sorte de todos os tripulantes, até dos famosos. Quando vi, então, que também estava naquele vôo um comediante da TV Bandeirantes, já me imaginei sendo inspiração  de piadas em programa de televisão e minha dignidade exigiu que minhas entranhas se comportassem.

            Tudo isso, toda essa tormenta, para um vôo que não durou 45 minutos, mas que me pareceu uma eternidade. Quando pousamos, meu alívio foi indescritível. Sem me dar conta, estava cantando “o acaso vai me proteger, enquanto eu andar distraída, o acaso vai me proteger, enquanto eu... voar!”

            Ao esperar minha mala chegar do mundo das esteiras rolantes, virei brava para trás, quando alguém me deu um esbarrão. Para minha surpresa, era um Titã. De forma “superrr imparcial”, transformei a carranca em um sorriso e respondi ao pedido de desculpas com um “não foi naaadaaa”... Afinal de contas, “a cada um cabe a alegria e a dor que traz no coração”...

 

 

CINTHYA NUNES VIEIRA DA SILVA- Advogada, mestra em Direito, professora universitária e escritora - São Paulo



publicado por Luso-brasileiro às 14:22
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LAURENTINO SABROSA - A LÍNGUA PORTUGUESA NA POESIA

 

 

 

 

 

III

 

 

 

Continuemos com mais uma poesia em louvor da Língua Portuguesa, esta da autoria de Domingos Monteiro, grande escritor e grande vulto nos diversos níveis da cultura portuguesa: formado em Direito, membro da Academia de Ciências de Lisboa, bibliotecário da Fundação Gulbenkian, autor de muitas obras literárias, etc. Creio que é uma individualidade do maior valor bastante esquecida, apesar de ser praticamente dos nossos dias, pois faleceu em 1980. Por um lado, é bom que a nossa cultura tenha muitos e grandes vultos, mas daí resulta que nem todos podem ser lembrados e evocados tanto como merecem.

Eis aqui uma poesia que ele dedicou à Língua Portuguesa. É extensa, mas aqui fica transcrita, contribuindo assim para que não caia no total esquecimento, se não pelo seu valor poético, ao menos por aquilo que deve residir em todos nós : o amor à Língua Portuguesa.

 

Minha adorada língua portuguesa,

Tão rica de si mesma e tão fecunda,

Pão sem fermento com que como à mesa

E alegria vital que ainda me inunda,

 

          Desde o bárbaro latim que vou seguindo

          Teu caminho de som, abrindo às almas

          Uma nova harmonia singular,

          Tão doce e pura ao mesmo tempo, que eu

          Por ti, desço ao Inferno e subo ao Céu

          Pela graça de ouvir e de falar.

 

Sigo-te, sim, mesmo através da História

A que só tu pudeste dar sentido,

Porque só tu conservas a memória

Do que já foi e ainda há-de ser vivido.

 

          Tu que abristes em flor nos cancioneiros,

          Nas queixas doces dos cantares de amigo

          Inventaste essa porta enfeitiçada

          Que separa ou que une os corações

          E que deste os teus frutos verdadeiros

          Com Gil Vicente e os versos de Camões.

 

Língua de blasfémias, de ameaças

De musicais hipérboles sentidas!

Que rasto singular por onde passas

E que estranho sinal deixas nas vidas!

 

          Tu que atravessaste os desertos

          E os mares bravios nunca navegados

          Com palavras que são braços abertos

          E que nas bocas rudes e agressivas

          Feitas para gritar e p’ra morder

          Puseste o enxame das palavras vivas

          Com que te falam e amam sem saber. (1)

 

Oxalá que sim. Que todos nós falemos a nossa língua com “palavras vivas” que sejam, mesmo “sem saber”, uma prova do nosso amor. Mas se esse amor for bem consciente e cultivado, tanto melhor.

 

(1) Poesia recolhida do jornal PÁTRIA, jornal que se pretendia ser semanário, cujo primeiro número surgiu datado de 28 de Abril 1976, e cujo director era exactamente Domingos Monteiro. Era um jornal que queria ser “Independente Defensor dos Interesses da Pátria e da Legitimidade Democrática”. Talvez por isso mesmo não se manteve.

 

 

LAURENTINO SABROSA   -   Economista, Senhora da Hora, Portugal

 



publicado por Luso-brasileiro às 14:17
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PAULO ROBERTO LABEGALINI - HISTÓRIA e O SANTO DIA DE DOMINGO

 

 

*H I S T Ó R I A

 

Um ateu estava passeando num bosque, olhando tudo o que‘acidentalmente a evolução havia criado’, e pensava admirado:

- Mas que árvores majestosas! Que belos animais!

Caminhando, ouviu um ruído nos arbustos atrás de si. Virou-se e avistou um corpulento urso pardo vindo em sua direção. Disparou, então, a correr o mais rápido que podia, mas, olhando por cima do ombro, reparou que o urso estava demasiadamente próximo.

Tentou imprimir maior velocidade, quando tropeçou e caiu num enorme buraco. Rapidamente levantou-se, só que o urso já estava acima dele, procurando atingi-lo ferozmente com a pata. Nesse momento, o ateu deixou escapar:

- Oh, meu Deus!

Repentinamente, o tempo parou, o urso ficou sem reação e até as águas do rio deixaram de correr. À medida que uma luz brilhava, a voz vinda do céu dizia:

- Tu recusaste a minha graça durante todos esses anos, ensinaste a outros que eu não existia e reduziste a criação a um acidente cósmico. Agora, esperas que eu te ajude a sair desse apuro? Devo esperar que tenhas fé em mim?

O ateu olhou para a Luz e disse:

- Seria hipócrita de minha parte pedir que, de repente, me passes a tratar como um cristão, mas, talvez, possa tornar o urso um cristão?!

Disse-lhe novamente a voz:

- Muito bem, sou generoso, vou atendê-lo.

Foi quando o rio voltou a correr e os sons da floresta recomeçaram. Então, o urso recolheu as patas, fez uma pausa, abaixou a cabeça e falou:

- Senhor, agradeço profundamente por este alimento que agora vou comer. Nhoc!

Aconselho a quem não deseja passar por algo parecido, sempre se lembrar que Deus conduz a vida do ser humano conforme a entrega e a retidão do seu coração. Confie Nele e a recompensa não lhe faltará.

 

* Do programa ‘Nossa Reflexão’,que vai ao ar em quatro horários no Canal 20: 8h30, 11h30, 17h30 e 22h30. O site www.canal20tv.com.br disponibiliza os vídeos já apresentados na televisão. Clique em ‘Arquivos de Vídeo’ e depois em ‘Nossa Reflexão’.

 

** O SANTO DIA DE DOMINGO

 

Muita gente aguarda o domingo para descansar. Longe do trabalho, aproveita para dormir até mais tarde, ler o jornal, assistir televisão, ir ao clube se encontrar com os amigos, comer um pouco melhor e ir à missa.

Se você, leitor, concorda que essas atividades são praticadas pela sua família aos domingos, ótimo! Parabéns por saberem conciliar o lazer com a obrigação cristã no dia dedicado ao Senhor. Continuem assim que, certamente, não se arrependerão.

Nos finais de semana, ao chegar à igreja, é gratificante ver todo o seu espaço interno tomado pelos filhos de Maria, que buscam a Deus em agradecimento às graças recebidas a cada dia. Quanto mais gente, mais bonita é a missa: o coral canta mais alegre, o hino de louvor ressoa mais alto, a fila da comunhão parece não acabar; enfim, tudo contribui para aumentar a nossa fé.

Eu tenho dificuldades apenas para entender a razão daqueles que ficam fora desse banquete do Pai. Será que realmente é falta de tempo? Os programas de televisão, as matérias do jornal e os passeios também são adiados no domingo? Por que então, em alguns casos, só não sobra tempo para se dedicar à religião?

Normalmente, a culpa não é do tempo, muito pelo contrário, geralmente o temos de sobra nos finais de semana. O problema está na fé!

Se o nosso amor a Deus fosse correspondido em tudo aquilo que Ele nos abençoa, teríamos tempo para estar com Ele, na sua casa, todos os dias da semana. Só a graça de termos saúde para isso já deveria ser o suficiente. Não é maravilhoso poder caminhar, enxergar, se comunicar, sorrir ... e, às vezes, até chorar?

Ainda pior do que não ir à missa aos domingos e dias santos, é não colaborar para que a família o faça. Algumas pessoas que não tem esse ‘hábito’ de assistir missa acabam convidando outras pessoas para atividades de lazer nos horários que poderiam estar na igreja, desencorajando-as de rezar.

É por isso que peço a Jesus que continue abençoando todo o seu povo e, cada vez mais, conduzindo mais gente à sua Igreja, onde maravilhas acontecem - é bênção sobre bênção em cada palavra que Deus coloca em nossos corações!

Caro amigo, nada deve impedir de assistirmos missa aos domingos, recebermos as bênçãos de Jesus e de Maria, e sermos sempre um canal de graças para toda a nossa família. Até os enfermos podem fazê-lo pela televisão, e muitos o fazem com alegria!

Com a graça de Deus, participar da Santa Eucaristia só depende de cada um de nós.

 

** Do programa ‘Acreditamos no Amor’,que vai ao ar em dois horários na Rádio Futura FM, 106,9 MHz: 6 h e 18 h– segunda a sexta.

Site para ouvir o programa ao vivo e rezar o Ângelus conosco: www.futurafm.com.br

 

 

PAULO ROBERTO LABEGALINI -    Escritor católico, Professor Doutor da Universidade Federal de Itajubá-MG. Pró-reitor de Cultura e Extensão Universitária da UNIFEI.

 



publicado por Luso-brasileiro às 14:09
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JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI - 26 DE JULHO. DIA DOS AVÓS

                              

 

 

         Recente lei garante direito de visita

 

        aos netos em caso de separação dos pais.

 

                      

 

O Dia dos Avós, 26 de julho, é pouco conhecido e o comércio  não lhe outorga grande divulgação por entenderem os comerciantes que a época é muito próxima do Dia dos Pais, celebrado no segundo domingo de agosto. No entanto, trata-se de uma homenagem manifestamente justa, já que eles geralmente têm muita dedicação e amor aos seus netos, tendo sido promulgada por isso, uma lei federal que lhes permite o direito de visita e até a guarda destes no caso de separação dos pais.

 

 

O Dia dos Avós é celebrado em diversos países em 26 de julho pois é o dia de Santa Ana e São Joaquim, considerados avós de Jesus Cristo por serem pais de Maria. A primeira também é considerada Padroeira das Gestantes por ter concebido sua única filha em idade avançada e depois de ser considerada estéril. Os avós são figuras tão importantes na vida familiar que foi sancionada, em março, a Lei 12.398/2011, que  garante o direito de visitar os netos em caso de separação dos pais, podendo-lhes, a critério do juiz,  ser extensivo  o direito de guarda e educação dos menores, levando em conta os interesses da criança ou do adolescente. 

 

 A experiência fantástica de ser avó e avô uniu a psicoterapeuta Lidia Aratangy e  o pediatra Leonardo Posternak, amigos de longa data, na autoria da publicação “Livro dos Avós – Na Casa dos Avós é Sempre Domingo?” (Editora Artemius), no qual respondem a pergunta “O que os netos esperam dos avós?”: “Desejam que sua necessidade de confiança e segurança não seja ameaçada por divergências entre avós e pais. Não toleram tensões ou dramas familiares. Mas devem perceber que diferenças de opinião não significam ruptura nem desrespeito”

 

Por outro lado, o perfil das vovós também mudou ao longo dos anos. A imagem de senhoras sempre em uma cadeira de balanço está cada vez mais distante. “Mulheres com 60 anos têm energia, saúde, vão à academia e estudam”, comparou Lidia, que tem sete netos. A avó que mima é a aquela que vê os netos em dias de festa ou apenas aos domingos. “Quem fica regularmente, que está na rotina da criança, no dia-a-dia, não mima. Hoje, é preciso ter solidariedade com filhos, genros e noras, com limite e disciplina”, explicou a psicoterapeuta, em matéria publicada pelo jornal “Diário de São Paulo”  (23/07/2006- pag. D3- “longe da cadeira de balanço” –Jaqueline Falcão)

 

Na mesma trilha, a psicoterapeuta desmistifica outra concepção. “Esta conversa de que avó é mãe com açúcar não existe. Ser avó está mais perto da paternidade do que da maternidade”. “O dia em que coloquei a mão em cima da barriga da minha filha lembrei no dia em que meu marido fez isso na minha barriga. A gravidez dela era algo importante que aconteceria na minha vida, mas não no meu corpo”, comparou.

 

Entendemos que é preciso sempre discutir o papel das avós na educação e nas relações familiares. De acordo com a psicóloga Eliane Pedreira Rabinovick, “o importante é lembrar que esse contato precisa ser equilibrado para que, em vez de uma fonte de problemas, se torne uma experiência rica às futuras gerações. Até porque sãos os avós que, dentro da vida moderna, recuperam os valores culturais, religiosos e morais antigos. São o elo que liga o passado, o presente e o futuro. Depende do amor e do respeito conservar essa ligação essencial à humanidade” ( Revista “Família Cristã”- 11/1988 – pág. 31).

 

Além de assegurarem aos netos a noção de desenvolvimento da vida humana em seus vários momentos e fases, e de manterem um contato rico, que ensina os jovens a respeitarem os mais velhos e às suas experiências, através do sentido histórico da existência e das próprias raízes, os avós também têm obrigações legais e não só direitos. É o caso de disposição no Código Civil Brasileiro que estabelece o direito aos alimentos recíprocos entre pais e filhos e extensivo a todos os ascendentes, recaindo a obrigação sobre os mais próximos em grau, uns em falta dos outros. Assim, eles são chamados a intervirem num eventual sustento dos netos, quando os pais destes estiverem na absoluta penúria, na ausência constante de emprego ou forem portadores de incapacidade física ou moléstia grave.

 

               

 

    JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é advogado, jornalista, escritor e professor universitário.

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publicado por Luso-brasileiro às 12:06
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HUMBERTO PINHO DA SILVA - ACORDEM !!!...

 

 

 

Andam muitos assombrados pela devassidão que crassa pelo mundo, mormente em países, que se dizem católicos, e há motivos para isso, quando os governantes, a mass-media, e figuras públicas, em lugar de travarem o desvario, parecem incentivar, com leis e declarações, que deixaram de ser polémicas, por serem ignóbeis e indignas para quem se preza.

Basta escancarar as páginas dos matutinos, buscar a secção de “Relax”, para saltar à vista, textos e fotos impróprias para menores, que ainda guardem recato e inocência.

Já não falo de revistas cor-de-rosa, e das dedicadas ao público feminino, porque ao folheá-las, depara-se, na maioria, com temas e gravuras de bordel, que são lidas por senhoras e meninas-moças, mas que as rameiras da minha infância enrubesceriam de vergonha, se lhes chegassem às mãos.

Os canais de TV parecem que andam à compita, no propósito de se saber qual deles apresentam espectáculos mais sórdidos e embrutecedores.

A Internet, que foi durante anos auto-estrada de conhecimento, tornou-se viveiro de perversão da juventude, e se o efeito não é tão devastador, é graças a pais atentos e ainda haver sites e blogues de elevado valor cultural.

Recentemente, a imprensa portuguesa, dedicou ampla notícia a predador de menores, que tinha guardado no computador, pornografia, na maioria obtida do Messenger.

Passando-se por adolescente, entrava em contacto com meninas e rapazes, ainda na puberdade, e após conversas “românticas”, pedia-lhes para exporem o corpo perante a câmara. Felizmente, uma, foi surpreendida pelo pai, em posturas impróprias, diante do computador, e revelou a descoberta à polícia.

Tudo isso mostra o descalabro a que chegou a sociedade, e o jeito como os fazedores de opinião, desmoralizaram os adolescentes.

Essa transformação foi realizada subtilmente, paulatinamente, quase sem a maioria da população perceber que resvalava para o abismo.

Poderia dizer, quase plagiando o sermão do Pastor Martin Niemoller, que: começou na moda escandalosa, e como não era connosco, ficamos mudos; depois, difundiu-se a pornografia, e como as imagens não eram de nossas mães e irmãs, ficamos, calados; começaram a distribuírem “camisinhas“, para evitar mães-solteiras, como não nos prejudicava, ficamos em silêncio; veio de seguida o casamento de homossexuais, e vozes de protesto foram tão raras, que não chegaram para acordar a maioria silenciosa.

E assim, forças obscuras, moldaram as mentes, de forma que estas aceitassem aberrações.

Foi assim que Sodoma e Gomorra chegaram a tal baixeza, que foi preciso a Mão da Providência; e foi assim, que a imponente Roma, caiu em desgraça, nas mãos de bárbaros, que não sendo puritanos, conservavam valores que lhes vieram dos maiores.

Se a sociedade não acordar da letargia que a envolve. Se não houver vozes proféticas, que alertem. Se os cristãos e homens de bom coração, mesmo agnósticos, não unirem os brados, pondo freios ao opróbrio que campeia livremente, caminharemos para autodestruição.

Diz o povo, e diz bem: com o mal de uns se governam outros. Governam-se os políticos, que explorando baixos instintos, conseguem o apoio dos que manobram a sociedade; governam-se os empresários, esporeando a “fera” que se anicha nos corações dos homens; ganharão aqueles, que encontrando a seara madura, virão como os bárbaros fizeram à orgulhosa Roma, aniquilar a civilização e a liberdade.

A liberdade que as forças malévolas tão apregoam e dizem defender.

Para finalizar, quero com esta crónica, chamar todos aqueles que condenam, em silêncio, esse desregramento, e dizer-lhes que se unam e acordem o povo narcotizado, por figuras públicas e meios de comunicação.

Não tenhais medo!” Disse Jesus, e repetiu tantas vezes o venerável Papa João Paulo II. Não tenham medo! Se nos unirmos, na imprensa, na rádio, na TV, na Internet, no púlpito (católico e evangélico), então, será a minoria que terá medo.

A força deles, está na nossa fraqueza, na nossa desunião, no nosso comodismo…no nosso silêncio.

 

 

HUMBERTO PINHO DA SILVA   -   Porto, Portugal



publicado por Luso-brasileiro às 11:13
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PINHO DA SILVA - NASCER... DEPOIS!

 

 

  "Enquanto estamos no corpo,vi-

vemos ausentes do Senhor, porque

andamos por fé, e não por vista"

               II Cor, 5-6,7

 

Tudo passa na vida!... Tudo é fumo!...

Nada "está"!... Tudo foge!..."Tudo", é "nada"!...

Amor, felicidade ( ao que presumo),

não passam de ilusão: - são fumaradas!

 

 

A vida, é um sonho ou, se quizerem,

"deitar-se" a alma no corpo, e "adormecer;"

depois... julgar que vivem, não viverem,

porque só após da morte hão-de "nascer"!...

 

 

E vede uma semente: é mesmo nada,

não é?!... Sim!... Mas olhai, agora: se ela "morre",

e logo for, na terra, sepultada,

 

 

notareis que, por certo, não morreu:

- CRESCERÁ!... Crescerá, como uma torre

( e da cor da esperança!), erguida ao Céu.

 

 

PINHO DA SILVA   -  Vila Nova de Gaia, Portugal



publicado por Luso-brasileiro às 10:41
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POR QUÊ "PAZ" ?

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Perguntam-me porque este modestíssimo blogue foi baptizado com a palavra: “PAZ”.

É simples a razão: Meu avô paterno era neto de mestre-carpinteiro e não possuía, nas veias, pingo de sangue azul, nem o pretendia; a nobreza, para ele, estava na honradez e consciência liberta de remorsos.

Era, todavia, acérrimo defensor da doutrina de Jesus, e convicto monárquico-democrata-cristão.

Como se sabe, corria em meados do século XX, desenfreado ateísmo nas novíssimas alas republicanas, e na capital legislava-se leis iníquas e anticristãs.

Muitos e bons sacerdotes viram-se na necessidade de expatriarem-se, entre eles o Dr. António d'Azevedo Maia, homem culto e abade de Santa Marinha.

Nesse conturbado período de perseguições anticlericais, nasceu em Vila Nova de Gaia, na Rua Direita, pequeno grande jornal, que se batia pelo trono e altar.

No rol dos destemidos colaboradores de “ A PAZ” encontrava-se o Dr. António d’Azevedo Maia, sacerdote da primeira linha das hostes católicas, mestre no manejo da pena, como Nun’Alvares era da espada.

Como era de prever, alguns republicanos farejavam-lhe os passos, como fera a presa.

Certa ocasião, ao contemplar tanto desvario e afronta a Deus, não se conteve, e desanca no púlpito, virulenta verrina contra os ateus e autoridades que publicavam leis ignóbeis.

Ecoou o célebre prática nas mais aguerridas alas republicanas, e exaltados grupos juraram vingança.

Vendo-se perdido, temendo o pior, correu em socorro do Dr. Macedo, farmacêutico da Rua Cândido dos Reis, republicano de sete costados, homem justo, agnóstico, e democrata da velha guarda, defensor do sagrado direito da liberdade de expressão.

Aquietou o bom republicano, o sacerdote, declarando-lhe que em sua casa estaria livre de desfeitas.

Semanas decorridas, amainados os exaltados ânimos, despediu-se, penhorado, numa madrugada chuvosa, e encaminhou-se para as Devesas, tomando o comboio, rumo a Paris.

Ora os leitores de “A PAZ”, ao desdobrarem o jornal, dias depois da fuga, depararam, pasmados com as “Cartas do Exílio”, assinadas pelo destemido sacerdote.

Anos depois falecia o antigo editor de “A PAZ”, meu avô, vítima de pneumónica.

Quando criei este singelo blogue, recordei-me da coragem desse punhado de colaboradores de “A PAZ”, sempre prontos a descerem a terreiro em defesa do cristianismo. Nasceu assim o blogue luso-brasileiro.



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Quinta-feira, 21 de Julho de 2011
JOSÉ RENATO NALINI - MERGULHO NO TEMPO

               

 

 

Quem viveu a década de sessenta do século passado é uma geração que tem bastante o que contar. 1968 foi um ano emblemático. Houve a rebelião dos estudantes em Paris, sob a liderança do jovem Cohn-Bendit, mas aqui no Brasil ocorreu a edição do AI-5. Liberaram-se os costumes, a pílula anticoncepcional permitiu um desenvolto comportamento às mulheres. O mundo realmente mudou.

Mas éramos embalados pelos festivais de música da Record, quando surgiram Jair Rodrigues e Ellis Regina, Chico Buarque, Caetano Veloso e Gilberto Gil, Maria Bethânia e Gal Costa, Nara Leão e Maria Odete. E tantos outros cujas composições nos embalaram e fizeram tanto bem. Surgiu ainda a “Jovem Guarda”, com Roberto Carlos, Erasmo e Wanderleia, Wanderley Cardoso e tantos outros. Quem não se recorda deles? Na era “vintage”, em que as saudades são institucionalizadas, todos assistimos a uma revisita dessa época.

Pois também tive a oportunidade recente de uma noite bem interessante e que me acalentou a alma. Não foi um programa televisivo, nem um show para o qual se venderam ingressos. Meu amigo Luiz Aguiar inaugurou uma dependência em sua casa no Morumbi, para a qual convidou muitos daqueles que acompanhamos em sua vida artístico-musical. Lá estavam Jair Rodrigues, que cantou a “Disparada” e também o “Upa neguinho” e aquela música “deixe que falem…”.

Também Sérgio Reis, que está afinadíssimo com sua esposa e recordou vários sucessos. Mas também Luiz Ayrão, Nalva Aguiar, Marthinha e tantos outros. O clima era de amizade fraterna, cada qual oferecendo o seu melhor para reviver uma era na qual éramos felizes e sabíamos disso. Lembrei-me daqueles festivais do Clube Jundiaiense, em que brilhavam – só para falar nos que já partiram – Delega e Gilberto Fraga de Novaes, Antonio Carlos Oliveira Mello, o “Melinho”, um dos fundadores do “All Anthonys”, depois “Napões”.

Flavinho Della Serra, com a participação daqueles que, se não cantavam, ao menos encantavam com sua presença bonita – Sarita Rodrigues Oliveira, Bidu Franzini, Sérginho Costa, Lúcia D´Egmont. Lembrei-me de todos eles e de muitos mais, ao som de quem cantou por prazer e para agradar amigos. Doação espontânea, que já quase não existe mais.

 

 

José Renato Nalini é Desembargador da Câmara Especial do Meio Ambiente do Tribunal de Justiça de São Paulo.

E-mail:jrenatonalini@uol.com.br.



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MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE - ESPONTANEIDADE E INOCÊNCIA

                       

 

 

 

Recordo-me, vagamente, de uma senhora de  posse quase alguma, no final da década de sessenta, que morava na região da atual Av. Nove de Julho e, em dia de movimento maior ou nas festividades, ia ao centro e se posicionava no entorno da Catedral Nossa Senhora do Desterro, na época Igreja Matriz. De estatura pequena e com o cabelo branco impecavelmente penteado, enrodilhado em um coque, aproximava-se sorridente de meu pai para cumprimentá-lo. Ele sempre lhe ofertava uma pequena ajuda – sem que ela pedisse –, mas antes lhe perguntava se ela era da cidade. Respondia de imediato que não e concluía: “Sou do campo”. Desconheço o motivo do questionamento. Talvez para saber a sua origem, ou como ela diferenciava a cidade do campo, ou, ainda, se a colocação era de orgulho pelo lugar em que nascera. Percebia-se, com nitidez, que ela não se deixara contaminar pelas máscaras que a sociedade tentava e tenta impor para aquilo que considera sucesso. Meu pai gostava de conversar com todo o tipo de pessoa, principalmente com as que eram elas mesmas. Não seria capaz de ficar indiferente. Da cadeia, onde hoje se encontra o nosso Fórum, no Largo São Bento, os presos o chamavam pelo nome, oferecendo-lhe as peças de cerâmica que produziam e fazendo questão de afirmar que, libertos, não voltariam ao delito.  Adultos que, na infância ou na adolescência, lhe abriam a porteira da Chácara Castilho, hoje Vila Liberdade, e ganhavam moedas de réis, igualmente gostavam de saudá-lo. Comentavam, animados, sobre a experiência de estar à espera dele, com o propósito de, em seguida, aumentar o número de moedas em um cofrinho. 

Há pouco tempo, conheci uma senhorinha que me faz lembrar a que assegurava morar no campo. É despojada de bens e carrega em um saco preto quinquilharias que fazem parte de seu cotidiano e latinhas amassadas para vender em depósitos de reciclagem. Diz de seu canto em área de invasão que, em breve, pelo projeto da Prefeitura Municipal, através da FUMAS, será deslocado para um pequeno apartamento. Aguarda, além da mudança, um benefício do governo, por sua idade e limites. Quando depositarem, ela irá à manicure para desencardir as mãos e as unhas. Reconhece os seus direitos de cidadã e procura utilizar alguns dos serviços que o município oferece. Frequenta a Unidade de Saúde, porém não abre mão de doces comprados nas lojas de R$ 1,99, ainda que a médica, pela insuficiência da insulina pelo pâncreas, acenda o sinal vermelho. De namorado não quer saber mais. Com o último, o namoro durou dois dias. Não suportou o bafo de álcool e a fala arrastada. Gosta de gente com “procedência”. Quando lhe faço um agrado, ela escancara o sorriso sem dentes e noto que ela, de compromisso com o bem, é um misto de espontaneidade e inocência, que faz melhor o meu coração.

 

Maria Cristina Castilho de Andrade

É educadora e coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher/ Magdala, Jundiaí, Brasil



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FELIPE AQUINO - DESENTENDIMENTOS NO NAMORO

 

 

 

Há muitos motivos para desentendimentos nos namoros; às vezes uma pequena atitude de um dos dois pode gerar uma briga entre eles. Uma palavra inconveniente dita na hora errada, um atraso sem explicação, e outras coisas. Mas sempre será possível reconquistar a paz e o bom relacionamento se houver maturidade e boa vontade por parte de ambos; se houver amor verdadeiro. Esse tipo de desentendimento acontece na vida dos namorados e faz parte do conhecimento recíproco que um deve ter do outro. Nesta hora é preciso haver compreensão, reconhecimento do erro quando for o caso, pedido de perdão e reconciliação; não é motivo para se terminar um namoro. Sabemos que é nas crises que nós crescemos quando sabemos examiná-las e aprender com nossos erros.
Mas há namoros complicados que se prolongam por muitos anos sem uma definição, havendo às vezes várias separações e voltas, sem que o relacionamento amadureça e chegue ao casamento. Então, é preciso examinar bem as razões pelas quais já se separaram tantas vezes. Os problemas que geraram as separações foram resolvidos, ou será que ambos “tamparam o sol com a peneira”? Se os motivos das separações foram importantes e eles souberam resolver em cada caso os problemas em suas raízes, e isto serviu até para uni-los mais, tudo bem, o namoro deve continuar. Mas, se os problemas são os mesmos, se repetem, e eles não conseguem resolvê-los, então é preciso pedir a ajuda de alguém que os oriente, no sentido de se tomar uma decisão.
Não se pode ficar no namoro como um carro atolado no mesmo lugar; o carro pode até atolar, mas deve sair e continuar a viagem. Faço uma pergunta aos dois: este namoro os ajuda a crescer? Cada um de vocês sente falta na presença do outro? Toda crise, qualquer que seja, enfrentada com coragem, lucidez, trabalho e uma boa orientação, pode gerar crescimento para a pessoa e para um casal. Uma crise de relacionamento pode até ser um aprendizado para uma futura vida de casados onde essas crises acontecem e com mais freqüência.
O mais importante, repito, é não “tapar o sol com a peneira”; isto é, fingir que resolveram os problemas e irem empurrando o namoro com a barriga até o casamento. Quando um casal briga muito no namoro, pode estar certo que vai brigar mais ainda depois de casados. Vale a pena isso? Então, se o relacionamento não vai bem e não melhora, então, é melhor terminá-lo. O namoro é para isso mesmo, para se verificar se a outra pessoa é adequada para viver comigo para sempre, constituir família e ter filhos.  Não caiam jamais no erro do “me engana que eu gosto”; que é a mesma coisa do avestruz que enfia a cabeça na areia para não ver a tempestade à frente; enfrente a tempestade ou então fuja dela.
Nenhum casal de namorados deve partir para o casamento com dúvidas sérias sobre o outro; há muitos casos de separações de casados por causa disso. Há problemas graves que podem ser resolvidos, com um bom diálogo, compreensão de ambas as partes, oração, orientação, paciência, etc. Mas não se pode acomodar com um problema; o rato morto não pode ficar no porão da casa porque vai fermentar e exalar mau odor.
O ciúme exagerado é um problema que aflige alguns namorados; até certo ponto ele é natural; mostra que amamos alguém e queremos nos precaver de perder a pessoa amada. O que não podemos é cometer exageros por insegurança. O ciúme  exagerado é falta de amor e confiança em si mesmo e no outro. Não existe amor se a confiança não for exercitada. Se você desconfia que seu namorado(a) está sendo infiel, então, objetivamente converse, apure os fatos, e tome uma decisão, mas não  deixe a sua cabeça se transformar em um pandemônio. Se você receber alguma informação de deslealdade, peça provas mínimas.
Há casais de namorados que terminam o namoro para dar um tempo para pensarem; isso não é mal, pode ser salutar; a distancia ajuda a analisar os fatos melhor.  Muitas vezes na vida a gente age de maneira intempestiva, impulsiva, sem pensar e analisar os fatos direitos e acaba fazendo bobagens das quais depois se arrepende. Uma separação temporária pode ser uma oportunidade para pensar e analisar bem a situação antes de tomar uma decisão.
Se houver uma separação, não force o outro a voltar; a volta deve ser espontânea para ser duradoura. Se ambos se amam, é claro que há possibilidade de volta; vale a pena conversar e descobrir o porquê de tantas brigas. Qual é o motivo da separação?  A razão que está por trás delas é algo fundamental, essencial para a vida atual e futura de vocês; ou se trata de coisas pequenas, quinquilharias? É preciso ser maduro, ter grandeza de alma, não ser egoísta e egocêntrico. Sem isso, nenhum relacionamento humano é bom. E não podemos querer mandar na vida dos outros ou forçá-los a um relacionamento que já não aceitam. Nem Deus tira a nossa liberdade de escolha. Pode-se fazer de tudo para conquistar a pessoa amada, mas não de pode tirar-lhe a liberdade. Amor sem liberdade torna-se escravidão.
É preciso aprender a dialogar; tentar entender as razões do outro, saber calar e esperar o outro falar tudo o que tem para falar. Um segredo que evita muitas brigas no namoro, é saber combinar as coisas. Muitos brigam porque não combinam as coisas a fazer. Por exemplo, quando ir na casa de cada um, quando fazer um programa ou outro. Tudo deve ser combinado antes, com antecedência, para que as surpresas da vida não os leve a brigar. O povo diz, e com muita razão, que “o combinado não é caro”. Então, se as coisas são combinadas antes, muitas brigas podem ser evitadas, isso vale inclusive para o noivado e casamento.
Se você tem consciência que errou e machucou o outro, então a primeira coisa a fazer é pedir perdão e prometer-lhe que não fará mais isso. Esse ato de humildade fortalece o relacionamento e o trona mais humano. Mas mesmo assim, você terá de reconquistar a confiança que talvez tenha sido abalada quando você errou e magoou o outro.
Algumas vezes há coisas mal entendidas no relacionamento. É preciso esclarecer isso muito bem; não deixe que a fofoca destrua o namoro; coloquem as coisas às claras, com sinceridade e honestidade. A humildade é a fortaleza dos que amam; aquele que tem  maior amor deve dar o primeiro passo, vencer o orgulho e ir ao encontro do outro. Reze e peça a Deus a graça de poder  falar com clareza e sabedoria o que precisa ser dito. Consagre seu namoro a Deus e peça a Ele que os conduza.

 

 

FILIPE AQUINO   -   Escritor católico.Prof. Doutor da Universidade de Lorena. Membro da Renovação Carismática Católica.



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