O prazer de rezar, és Tu que o dás;
o gosto pela bíblia, vem de Ti.
- Quando Tu me faltavas, nunca li;
nem de rezar: "Pai Nosso..." era capaz!
Agora sim. Agora,tanto faz
que seja cedo ou tarde:nunca vi
tanto gosto de orar; nunca senti
tanto gosto na Bíblia, em rapaz.
Que temos nós, sem termos recebido?!
Nem isto, Senhor: isto de rezar;
isto de comungar Teu Verbo escrito;
isto de assimilar o que foi lido
no Teu Livro, Senhor ( Livro sem par!)!
O homem, sem Ti, Senhor...que pobrezito!
PINHO DA SILVA - Vila Nova de Gaia, Portugal
A “Folha de São”, do domingo 24 de julho, apresentou, em seu caderno Cotidiano (C3), uma reportagem muito interessante dos jornalistas Cláudio Angelo e Adriano Brito sobre as mães solteiras da periferia de São Bernardo do Campo – Parque Los Angeles -, vítimas de preconceito, cujas crianças são chamadas de “filhos do Rodoanel”. Na época da construção, adolescentes e mulheres adultas se envolveram com os peões. Os pais voltaram para a cidade de origem antes ou pouco depois dos filhos nascerem e as mães, em sua maioria, ignoram o paradeiro. Relacionaram-se com homens de moradia passageira que as viram como mulheres de curta duração. Os moradores também comentam da presença de meninas, de 12 a 17 anos, que iam para os alojamentos, “de mochila e tudo, direto da aula”. Segundo o jornalista Angelo, outros impactos da obra apontados pela comunidade são: aumento da prostituição, consumo e tráfico de drogas, acidentes, brigas. Diversas mulheres entraram em depressão, depois que os homens as deixaram sem perspectiva de reencontro. De acordo com Rosana Baeninger, na mesma matéria, professora do departamento de Demografia da Unicamp, o problema é que a migração “ocorre numa região onde já há uma sobreposição de carências. Tem de ter um planejamento do município. Não pode deixar na mão de empreiteira, que jamais vai pensar na população”. Para Ariel de Castro Alves, presidente da Fundação Criança de São Bernardo, o Estado deveria arcar com as compensações sociais, em conjunto com as construtoras.
O assunto me levou a refletir sobre a necessidade de uma análise mais profunda sobre os impactos na sexualidade, pelo afluxo de homens para as frentes de construção, a partir do comércio do sexo, da violência, dos estupros, dos danos no emocional. Em Rondônia, por exemplo, após o início das usinas de Santo Antônio e Jirau, os estupros, entre 2008 e 2010, cresceram 76%. Há tantos outros impactos na sexualidade: de algumas programações da mídia; de determinadas campanhas de prevenção às DSTs, dirigidas a adolescentes – usadas em escolas e em rodas de conversa -, sem orientar a respeito dos danos emocionais e sociais dos que têm um comportamento sexual promíscuo; de propagandas que investem unicamente nos prazeres do corpo e atingem menores de idade; das mães e/ou dos pais que tornam visíveis aos filhos a situação de promiscuidade sexual em que vivem; de casas noturnas que atraem mocinhas com propagandas enganosas e lucram com seus corpos; do tráfico de drogas que estimula a troca da intimidade por uma pedra de crack.
Creio que já passou da hora de exigirmos uma compensação no social e no trato das emoções - com um número suficiente de profissionais - e de projetos de empoderamento que atendam à demanda em áreas de cuidados insuficientes com as pessoas, para meninas e meninos, mulheres e homens que, pelo consumismo de todos os tipos, não foram ou não são considerados como seres humanos a quem cabe proteção e respeito.
Maria Cristina Castilho de Andrade
É educadora e coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher/ Magdala - Jundiaí, Brasil
A partir do final de outubro, de acordo com projeções da ONU, o mundo passará a ter sete bilhões de habitantes, cifra que indica novos desafios sociais e ambientais. Nesta trilha, lançou-se a campanha “Sete bilhões de ações para um mundo mais justo e sustentável”, visando reduzir as desigualdades e melhorar o padrão de vida das pessoas, incentivando a cooperação e a solidariedade entre todos os povos do mundo.
Em 31 de outubro de 2011, a população mundial atingirá 7 (sete) bilhões de pessoas. Em algum lugar da Índia, um parto marcará esse considerável número. A projeção foi feita pela ONU e publicada na primeira semana de agosto na revista “Science”. Apesar de a data ser apenas uma estimativa e o país apenas uma probabilidade, o ano terminará com um novo marco em termos demográficos.
Por isso, no último dia 11 de julho, em comemoração ao Dia Mundial da População, o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) lançou a campanha mundial “SETE BILHÕES DE AÇÕES PARA UM MUNDO MAIS JUSTO E SUSTENTÁVEL”. De acordo com Babatunde Osotimehin, diretor-executivo da entidade, “reduzir as desigualdades e melhorar o padrão de vida para as pessoas hoje – bem como para gerações seguintes – exige novas formas de pensamento e cooperação global. O momento de agir é agora” (Folha de São Paulo- 10/07/2011- A3- “Rumo a um mundo de 7 bilhões de pessoas”).
Efetivamente essa cifra apresenta um desafio, uma oportunidade e um convite à ação, pois só dependerá de nossas escolhas, vivermos juntos, num planeta saudável. Com efeito, temos recursos e tecnologia para acabar com a fome e a pobreza, mudar a matriz energética e produzir produtos e serviços de baixo impacto ambiental. O que é preciso, no entanto, é vontade política, principalmente em nosso país e interesse da sociedade em geral em alcançar tais propósitos.
Nessa trilha, cite-se Oded Grajew, idealizador do Fórum Social Mundial e ex-presidente da Fundação Abrinq: “a vontade política da maioria dos governantes (com poucas e honrosas exceções) não é exercida nos assuntos que não afetam diretamente a eles ou aos financiadores de suas campanhas. Eles não vivem na pobreza, não passam fome nem participam pessoalmente das guerras que declaram. No entanto, agem rapidamente para combater a crise financeira que atinge diretamente suas vidas” (Folha de Sâo Paulo – A-3-12/10/2008).
Por outro lado, há necessidade de uma participação efetiva de todas as pessoas e setores sociais, quer no cumprimento de obrigações pessoais e coletivas, respeitando-se cada vez mais o próximo, quer na cobrança permanente e eficiente de nossas autoridades no sentido de aturem visando atender os interesses coletivos e não apenas os individuais, políticos ou impostos pelo poder econômico. É preciso resgatar os princípios básicos da cidadania e exigir o cumprimento dos preceitos constitucionais atinentes.
Neste aspecto, vale invocarmos Luís Norberto Pascoal: “Muita gente reclama da vida, principalmente quando se trata de dinheiro ou herança. Eis alguns conselhos que ouvi e que muito me ajudaram: crie filhos e cidadãos em vez de herdeiros de dinheiro. Poupe-os das brigas freqüentes sobre a herança, mantendo-os unidos nos valores da amizade, da família e da sociedade, abertos para o debate e para as perdas que a vida possa eventualmente trazer. No mundo em que vivemos, temos que estar preparados para muitas eventualidades. ( Correio Popular – 03/07/11-A2- “A vida pode ser muito legal”).
Precisamos, assim, intensificar os esforços para uma sociedade mais igualitária. Para tanto, é urgente deixarmos de lado o comodismo e o egoísmo, mudando nossos modos de pensar e agir, e lutarmos decisivamente pela busca de caminhos que garantam uma vida digna à maioria dos brasileiros e não apenas a uma minoria privilegiada. O preocupante momento econômico que estamos vivendo suscita saídas urgentes para solucionar a grave crise que impede que todos tenham terra, trabalho, moradia e condições para exercer a cidadania.
A título ilustrativo, cite-se que o site www.7billionactions.org dispõe sobre a consolidação de um mundo mais justo e sustentável, convidando todos a fazerem parte desse movimento global, indicando que “somos 7 bilhões de pessoas, contando uns com os outros”.
CRISE DE FOME
Ressalte-se que a Organização das Nações Unidas (ONU) recentemente declarou que há uma crise de fome no sul da Somália. O conflito em andamento no país e a pior seca em mais de 50 anos agravaram as condições precárias de vida de 3,7 milhões de pessoas, o equivalente a quase metade da população. Essa situação é declarada quando dois adultos ou quatro crianças morrem por dia entre 10 mil pessoas e com casos de desnutrição aguda em mais de 30% das crianças. Segundo a ONU, a fome pode se espalhar para todas as oito regiões do sul daquele país, por causa das fracas colheitas e do surto de doenças infecciosas.
O objetivo da campanha da ONU, em um ano em que a população mundial deve chegar a sete bilhões de habitantes, é fazer com que as pessoas compartilhem idéias e alternativas para questões como a fome (na foto, habitantes da Somália), a desigualdade social, o meio ambiente, o planejamento urbano, o envelhecimento populacional, entre outras.
JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é advogado, jornalista, escritor e professor universitário.
Para eu aceitar a vontade de Deus e vislumbrar o Seu Amor por nós, basta-me atentar nas relações que eu tenho com o meu gato.
O meu gato é um animal já velho de catorze anos, que só me dá trabalho. Não é encantador pela inteligência e não é daqueles que são a vaidade dos seus donos nas exposições de felinos de luxo. Ele nunca me faz a vontade, apesar de a única coisa que eu gostava dele é que me servisse de botija a aquecer-me os pés, num cesto em que ele tanto gosta de estar enroscado. Pois quando eu pretendo que ele continue no cesto, lá foge ele do cesto, a não ser que eu lá ponha um saco de água quente, coisa que eu queria evitar, porque acho pouco salutar para os meus pés.
Ele não compreende os meus quereres, nem mesmo quando é para seu bem. Há tempos tive de o levar ao veterinário. Tive de o forçar, e, eu e o médico, arriscamo-nos a umas arranhadelas. Se ele tem pensamento, pensou que eu tinha deixado de gostar dele e que fazia as coisas por birra ou maldade. Porque se ele tem pensamento, pensa que só gosto dele quando lhe dou a comidinha e a quenturinha de que tanto gosta, não dando qualquer valor ao facto de ter uma sanita cheirosa e sempre limpa, e ao facto de ter vários quartos com alguns tapetes para se deliciar a afiar as suas unhas. O meu gato gosta muito de se enroscar no meu colo ou de se aninhar nos meus ombros, mas eu nem sempre lhe permito isso, ou porque me suja a gola do casaco e o colarinho da camisa, ou porque quer fazer desse poiso alcatifa, com pelo arrepelado pelas suas unhas para melhor lhe sentir a macieza. Quando isso sucede, tenho de o evitar, mas como ele quer muito aquilo que lhe apetece, tenho de o repelir, às vezes com um safanão, e lá vai ele, zangado, a miar, alto e bom som, que mais parece uma ovelha a barregar.
Ele não compreende porque é que uma vezes lhe fecho a porta do meu quarto e outras vezes não; ele não compreende que eu para o ter no meu colo ou nos meus ombros, tenho de ter roupa apropriada, porque a “roupa” dele quase sempre é incompatível com a minha; ele não compreende que enfiar-se nos meus lençóis e dormir comigo por causa da quenturinha, é felinamente confortável mas humanamente pouco recomendável. Apesar destas suas incompreensões e de ele não me ter qualquer serventia, nem sequer para me aquecer os pés, eu amo o meu gato.
Porquê? Nem sei bem, talvez seja mesmo incompreensível. E, então, eu penso. Se o meu gato é velho e sem préstimos e eu, mesmo assim, gosto dele, porque é que Deus não nos há-de amar, apesar de muitas vezes sermos uns inúteis e uns ingratos? Se o meu coração e a minha razão têm vontades e razões que a razão e o coração do meu gato desconhecem, por que não há-de Deus ter razões e projectos que para nós são inacessíveis? O meu gato nunca me faz a vontade – e eu, muito possivelmente, perante Deus sou igual; perante as minhas vontades e os meus quereres que o meu gato não compreende, ele amua, foge, berra – e eu perante Deus sou igual: choro, lamento, desespero e penso que Deus está a ser injusto para comigo; o meu gato não faz aquilo que eu queria dele a aquecer-me os pés – e eu perante Deus sou igual: raras vezes farei aquilo que Deus esperava de mim; o meu gato todo se consola quando lhe permito o que ele quer, e pensa que só gosto dele nesses momentos – e eu perante Deus sou igual : se o meu gato por vezes julga que lhe faço coisas por birra ou maldade, eu, quando as coisas não me correm de feição, fico a pensar que Deus não me ama, lamento-me, amuo, fujo e, ainda, o que é pior, especialmente se Deus é obrigado a dar-me um safanão, a cair na tentação de pensar que Ele não existe; Deus concede-nos grandes coisas que, por muito repetidas, se tornam pequenas coisas a que passamos a não dar valor – tal como o meu gato, que só aprecia a comida e a quentura, não valorizando a sanita higiénica, o cesto onde sibariticamente se pode enroscar e os tapetes que eu lhe faculto para afiar as suas unhas. Mas o meu gato não tem responsabilidades especiais para comigo, e eu tenho responsabilidades especiais para com Deus.
Se eu penso nisto, e verifico que se da minha parte para o meu gato tudo tem uma razão, então da parte de Deus para comigo e para com todos nós, em tudo tem de haver um sentido, sejam males pessoais, sejam tragédias universais. Acabo por concluir que o meu gato tem, afinal, muito mais préstimo do que a princípio eu pensava, porque me leva a concluir que eu perante Deus sou muito pior que ele perante mim, o que me leva a um desejo de me corrigir. Deus me conserve o meu gato, ou, pelo menos, a sua memória, para que eu possa, observando ou lembrando os seus procedimentos, ter mais uma ajuda para aceitar a Sua vontade e vislumbrar o Seu Amor. E para que, amando o meu gato, mesmo quando ele já tiver ido, eu possa dar a Deus uma prova de que através dele amo também toda a Criação.
LAURENTINO SABROSA - Economista, Senhora da Hora, Portugal
Era um domingo a noite e eu liguei para minha irmã Ivy, como fazemos todos os finais de semana. Tão logo ela atendeu ao telefone, escutei a voz da minha sobrinha Isadora, de quatro anos e meio, ao lado, perguntando se era a Tia Cinthya no telefone. Minha irmã, na sequência, disse-me que ela queria falar comigo.
_ Tia Cinthya, como é que você saiu do armário? Quem ajudou você??? – já tascou ela, quase sem respirar, falando rápida e ansiosamente.
_ Foi a tia Edna quem me ajudou! – respondi a ela.
_ Ahhhh.... Gente, gente, foi a tia Edna!!! Heheehe
Tão logo ouviu a resposta da pergunta que a vinha incomodando há dias, Isadora largou o telefone, sem sequer dizer tchau, feliz da vida por ter resolvido seu pequeno enigma.
Dias antes, eu fora surpreendida com essa mesma pergunta, agora formulado por minha mãe:
_ Cinthya, a Isadora quer saber quem é que ajudou você a sair do armário.
_ Hein??!!? Que história mais louca é essa? Eu nem sabia que estava no armário! Pode me explicar isso direito...
Depois de uns dez minutos, entendi o que andava povoando a cabeça de uma menininha muito curiosa e levada, por vários dias. Tudo começou porque ela mesma vinha tentando se enfiar dentro de uma gaveta de um armário, lá na casa da avó paterna. Era daquele tipo de gaveta basculante, usada para guardar roupa suja. Daí que minha irmã teve a idéia de contar para a Isadora que, uma vez, há milhões de anos –luz, a tia Cinthya tinha feito a mesma coisa quando era criança e que tinha acabado ficando presa lá. Por sorte, alguém a tinha salvado, mas ela não lembrava mais de quem fora.
Foi o que bastou para atiçar a mente da Isa. A bichinha passou uma semana perguntando a todo mundo que me conhecia, como é que eu tinha saído de lá e porque eu tinha feito aquilo. Tenho a impressão de que aquilo se tornou uma espécie enigma, uma pergunta que não poderia ficar sem uma resposta. Assim, um dia, ao telefone, ela fez a dita pergunta para minha mãe, que não fazia a menor idéia do que se tratava. Enquanto ela e meu pai trabalhavam o dia todo, nem sonhavam com o que as filhas aprontavam...
Com “certo” atraso, contei a ela o ocorrido, até porque, nessas alturas, já achava que não corria o risco de tomar bronca, o que não se mostrou exatamente correto, mas contei também que não me lembrava mais quem é que tinha me tirado de lá. Eu estava brincando com a Ivy e sempre entrávamos em uma gaveta que havia no banheiro, para brincar. Só que um dia a gaveta se fechou enquanto eu estava dentro. Sem forças para abrir sozinha, apavorei-me com a hipótese de ficar presa lá para todo o sempre e comecei a gritar. Sei que alguém me ajudou a sair e que, muito provavelmente, deve ter sido minha tia Edna. Pelo que me lembro, nunca mais entrei naquela gaveta e agora, fosse como fosse, eu tinha que dar uma resposta satisfatória para minha sobrinha e convencê-la de que repetir o feito da tia não seria uma boa ideia.
Assim, quando a encontrei pessoalmente, algumas semanas depois de falar com ela ao telefone, contei a história toda e disse que tinha ficado com medo, que tinha feito uma arte e que ela não deveria se arriscar, pois era perigoso. Com olhos atentos, ela prestou atenção e prometeu-me não esquecer do que eu lhe dissera.
Falando com minha mãe ao telefone, ela contou-me que a Isadora dissera que a Tia Cinthya tinha ensinado pra ela que não se deve entrar nos lugares onde se guarda coisas. Tarefa cumprida, pensei eu...
Eu, por outro lado, vivi fortes emoções. Descobri que saí do armário e nem sabia que tinha estado lá. Mais sério do que isso, porém, foi me lembrar de que não consegui saí sozinha e nem tenho certeza de quem me ajudou de verdade. O importante é que eu não deixaria minha sobrinha entrar, não no que depender de mim, mas se ela o fizer, estarei sempre por perto para ajudá-la a sair...
CINTHYA NUNES VIEIRA DA SILVA- Advogada, mestra em Direito, professora universitária e escritora - São Paulo
Uma das diretrizes de Cristo que oferecem inúmeras reflexões é esta: “Quem olha para trás não é apto para o Reino de Deus” (Lc 9,62). Entre tantas outras implicações deste conselho do Mestre Divino está o valor da vida espiritual do autêntico cristão. Nem sempre se percebe a importância de examinar qual a correspondência às inspirações do Espírito Santo que age no batizado e o quer sempre rumando para frente, para o alto. Ele age nos pensamentos, na inteligência, em tudo que se faz, donde a necessidade de se estar atento a esta ação sobrenatural que envolve todo o ser que resolutamente marcha para frente nas veredas da união com Deus. Muitos são os entraves os quais levam a muitos a olhar para trás. Um deles é não se ter plena consciência do papel da Terceira Pessoa da Santíssima Trindade e sua influência constante que exige atenção e adesão ininterruptas. Ele é o Espírito de Verdade, presente em toda parte, tesouro de graça e doador da vida o qual purifica de todas as faltas, levando o cristão a lamentar suas fraquezas, mas, em seguida, a se imergir no oceano da misericórdia divina sem ficar preso ao que passou, pois só Deus é perfeito. Isto transforma a vida pessoal e lhe dá um sentido profundo porque imerge na paz e na serenidade. Ocorre a passagem do exterior para o interior de si mesmo e lá se depara Deus que é a realidade mais real do que cada um é. Este Deus é incompreensivelmente grande e isto leva a uma profunda humildade perante o Ser Supremo o qual, não obstante sua imensidade, se comunica com quem é criado à sua imagem e semelhança. Então o cristão se envolve na luminosidade divina e, através de uma fé esclarecida, adora a Trindade presente dentro de si pela graça santificante. Eis porque se torna possível o louvor ao Senhor, o cântico a Sua glória, dado que ele leva, quem assim procede, a participar profundamente de seus santos mistérios numa caminhada firme para as realidades celestes. Isto impede o cristão de se tornar prisioneiro dos pensamentos opressores os quais induzem a olhar para trás. Opera-se o despojamento radical de si mesmo para se realizar a união de sua própria inanidade na superabundância de Deus. Deste modo, tudo que o cristão opera exteriormente nas mais variadas tarefas fica sobrenaturalizado, dado que nada interrompe sua caminhada para frente, pois tudo é feito para honra e glória do Senhor presente dentro de seu coração. Trata-se da união com Deus no plano existencial, fruto de uma consciência imersa no Onipotente. É a vivência plena do que disse São Paulo: “Nele vivemos, nos movemos e existimos” (Atos 17:28). Tudo se torna fácil, leve, para quem tem idéia clara disto, como aconteceu com o mesmo São Paulo que pôde declarar: “Eu tudo posso naquele que é a minha fortaleza” (Fl 4,13). Resulta uma atitude calma que permite verificar a cada passo que esta união com Deus não suspende o sacrifício, o esforço e, até, o sofrimento e a paciência não deixa que o cristão olhe para trás e desanime. Não se esquece o que Deus disse através de Davi: “Reconhecei que eu sou Deus” e o salmista comentou em seguida: “Conosco está o Senhor dos exércitos; nosso baluarte é o Deus de Jacó” (Sl 46, l1-12). É que o que poderia ser um obstáculo ou algo que isola de Deus, de nós mesmos e dos outros se faz uma ocasião de comunhão consigo, com a divindade e com o próximo. Rebrilha então a estabilidade interior. O cristão fica imune de se tornar prisioneiro de pensamentos opressores que conduzem ao esmorecimento. Deixa-se então brilhar o sol resplandecente que se acha no centro da alma na qual se acha Deus. Qualquer tipo de medo, de fobia se diluem, porque o fiel sabe separar a experiência das dificuldades do objeto mesmo da dificuldade que a imaginação, por vezes, faz crescer de tal forma que pode gerar o desalento e muitos então olham para trás. Ficam vencidas as emoções tirânicas que deixam de influenciar a caminhada para frente, conhecendo o discípulo de Jesus uma libertação radical. A imaginação e as sugestões do Inimigo ficam sob total controle através de uma vigilância persistente que leva o batizado a estar no mundo, mas a não ser do mundo como proclamou o próprio Cristo na sua oração ao Pai (Jo 17,15). Nada deste modo impede a confiança integral em Deus. Tudo isto faz com que o cristão se faça inabalável como o monte Sião, a santa morada de Deus que cada um é. A vida passa a transcorre na serenidade, longe das ilusões que levariam a olhar para trás. O cristão não se torna mais vítima das perturbações exteriores, mas se transforma num vigia corajoso, silencioso e livre. Hábitos salutares se tornam tenazes e levam de vencida as intempéries próprias da condição humana e transformam os esforços em novos motivos para olhar sempre para frente seguro nas mãos do Pai, iluminado pelo Espírito Santo, guiado por Cristo, o Pastor que não quer que sua ovelha olhe para trás.
JOSÉ GERALDO VIDIGAL DE CARVALHO - da Academia Mineira de Letras. Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos
*H I S T Ó R I A
Caro leitor, é importante lembrar que da mesma maneira que gostamos de receber ajuda nas dificuldades, todos gostam, e uns precisam muito mais da nossa compaixão do que imaginamos.
O amor ao próximo deve sempre prevalecer.
* Do programa ‘Nossa Reflexão’,que vai ao ar em quatro horários no Canal 20: 8h30, 11h30, 17h30 e 22h30. O site www.canal20tv.com.br disponibiliza os vídeos já apresentados na televisão. Clique em ‘Arquivos de Vídeo’ e depois em ‘Nossa Reflexão’.
** RESGATE DA AUTO-ESTIMA
Apresento hoje uma seqüência de conselhos para cultivarmos o nosso amor-próprio a cada dia. O autor dos nove itens abaixo é o padre americano Robert Degrandis, que trabalha com ministério de cura há quase cinqüenta anos!
1. Estou bem como estou, não como estava ou poderia ser. Sou amável assim como sou, com todos os meus pontos positivos, com todos os meus pontos fracos, inclusive pecados.
2. Deus não faz questão de que eu seja perfeito, mas sim de que eu me entregue a ele planamente agora mesmo.
3. Sentimentos de culpa fazem mal. Deus não quer que eu sinta culpa por coisas que não posso mudar. Deus quer que eu trabalhe naquilo que posso mudar.
4. Posso admitir erros, problemas e fraquezas, sem perda do amor-próprio. O que importa é aprender com os erros e tratar de enfrentar os problemas.
5. Tenho valor, não importa o que digam ou pensem os outros. Mesmo as pessoas que mais amo podem destruir minha importância ou minha dignidade como pessoa.
6. Minha importância não se baseia no que faço ou realizo, mas no que sou como pessoa.
7. Sou capaz de fazer o bem pelos outros e conseguir êxito na medida certa. Eu cresço ao aprender a dar e receber.
8. Posso mudar se realmente quiser, e posso dar forma ao meu futuro com as decisões tomadas hoje.
9. Posso ser feliz, ainda que a vida não tome o jeito que eu gostaria. Sou tão feliz quanto quero ser.
Aqueles que praticarem estes ensinamentos, certamente viverão mais felizes e serão mais aceitos na sociedade. Para isso, é muito importante que tenhamos plena consciência da Misericórdia de Deus para conosco. Se Ele nos ama e perdoa, por que também não nos amamos sem sentimentos de culpa?
No Evangelho escrito por Marcos (12, 3), Jesus nos convida a amar, assim: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”. Se meditássemos mais na profundidade dessas palavras, saberíamos que não é possível amar um irmão senão na medida em que se ama a si próprio. Portanto, todo sentimento de culpa pode e deve ser curado: primeiro numa confissão– através do perdão do Pai que nos criou – e, depois, dentro de cada um de nós.
No campo da psicologia, a importância ao amor-próprio em tratamentos e análises também é cada vez maior porque todas as ciências se fundamentam nos ensinamentos do mesmo mestre: Jesus Cristo.
** Do programa ‘Acreditamos no Amor’,que vai ao ar em dois horários na Rádio Futura FM, 106,9 MHz: 6 h e 18 h– segunda a sexta.
Site para ouvir o programa ao vivo e rezar o Ângelus conosco: www.futurafm.com
PAULO ROBERTO LABEGALINI - Escritor católico, Professor Doutor da Universidade Federal de Itajubá-MG. Pró-reitor de Cultura e Extensão Universitária da UNIFEI.
Escreveu Camilo que, para haver literatura não é necessário descrever tetas de mulher, referindo-se a certa escrita de realistas do seu tempo.
Sem cairmos em puritanismo exacerbado, muitas vezes hipócrita, temos que dar razão ao escritor, mestre da literatura portuguesa, já que a esta, a meu ver, cabe o dever de espertar sentimentos sadios e belos.
Em regra, o escritor, ao pintar cenas eróticas ou episódios escabrosos, pretende acordar sentimentos baixos, e a inata curiosidade do público, no propósito de obter editor, e aumentar vendas; olvidando que colabora na deformação do carácter, e degradações de mentes, tornando-se responsável pela perversão e decadência da sociedade.
Em carta datada a 28 de Abril de 1972, endereçada ao autor da secção “ Apontamentos”, que se publicava no matutino “ O Comércio do Porto”, declara Maria Henrique Osswald:
“ A obra literária tem de formar a inteligência e o sentimento, alimentar o cérebro e o coração; apurar o gosto estético e formar o carácter. (…) Há meses um conhecido editor recusou um romance meu; de envolta com muitos elogios, dizia que tudo era demasiado branco para o nosso tempo. Publicaria imediatamente, se consentisse acrescentar algumas páginas ao gosto do público de hoje.”
Eça, considerado, e com razão, estilista genial, também apimentou a prosa, esquecendo que imagens torpes, em estilo sublime, são mais perniciosas que escritos de aprendiz de escritor, falho de imaginação.
Todavia, Eça, evitava que a filha Maria, tomasse conhecimento do enredo das suas obras; só muitos anos, após sua morte, é já de avançada idade, é que cevou a natural curiosidade de as ler.
Cai bem aqui, a cena ocorrida entre a neta de Eça de Queiroz, a Senhora Dona Maria das Dores Eça de Queiroz de Mello e a sogra, a Senhora Marquesa do Ficalho.
Estando a neta do escritor enfadada, resolveu ir à biblioteca buscar livro para se distrair. Deparou com obras do avô, que não conhecia, e acomodando-se no sofá, iniciou a leitura. Surge inesperadamente a sogra, e verificando o que a nora estava a ler, arranca-lhe o livro das mãos, e de semblante carregado repreende-a acerbamente:
- Isso não é leitura própria para menina honesta!
Já que estou a falar de Eça, lembrei-me da missiva que Teodoro recebeu do General Camilloff, onde este solicita que lhe envie, na mala diplomata “ Mademoiselle de Maupin”, de Gautier - do livro: “O Mandarim”. Ora dias antes de falecer, Gautier, pedira a uma filha, que não lesse a obra, por ser indigna.
Tanto Gautier, como Eça, sabiam que escreviam para filhos de outros, e conheciam perfeitamente, os malefícios das obras literárias.
Livros escritos no propósito de lucro fácil, são como guiões de algumas novelas de TV, salpicadas de imagens sórdidas e maus exemplos, chocando e plasmando mentes, ao desejo de forças obscuras, e pensando exclusivamente, nas audiências.
Em muitos casos, os autores de obras nefastas arrependem-se, quando a morte começa a rondar. Surgem, então, desejos de retirar livros e filmes do mercado, mas são desejos extemporâneos. Foi o que aconteceu a Guerra Junqueiro, que à hora da Morte suplicou a presença do Padre Cruz, sacerdote canonizado pelo povo.
Nas “ Prosas Dispersas”, em nota a artigo, o poeta declara: (…) Eu tenho sido, devo declará-lo, muito injusto com a Igreja. “A Velhice do Padre Eterno” é um livro da mocidade. Não o escreveria já aos quarenta anos(…). Contem belas coisas, é um livro mau, e muitas vezes abominável.”
Como Junqueiro, muitos artistas arrependem-se das obras que criaram e dos escândalos que provocaram, para alcançarem lucros e fama imediata, à custa do desregramento moral e psíquico de muitos, e perversão de almas, esquecendo que se pode criar obras de elevado valor, sem explorar instintos baixos.
Deve-se dar a lume obras que não nos envergonhem na velhice, e nossos filhos e filhas possam lê-las. Se assim se fizer não haverá arrependimento, nem receios da equidade divina.
HUMBERTO PINHO DA SILVA - Porto,Portugal
"Dois homens, subiram ao
templo a orar; um, fariseu,e
o outro, publicano.
Luc.18-10
Senhor!, eu, sou aquele que Tu sabes,
aquele que promete ( que não cumpre!)
ser melhor...amanhã! Mas Tu, bem sabes
que sou muito pior! Sou...quem não cumpre!
Senhor...eu bem queria, e não sei QUERER!...
Tu conheces-me, Pai: eu sou o Teu filho,
aquele que é mau filho, mas sem querer;
aquele, que merecia...não ser filho!
Senhor, se é possivel, faz-me bom!
Ajuda-me, meu Pai!: - quero ser BOM,
e nunca o venho a ser, como Te disse!...
Senhor, eu sou assim, mas que fazer?!:
-"Eu, quero ser bom...Tudo, vou fazer...",
mas nunca faço nada, como disse!...
PINHO DA SILVA - Vila Nova de Gaia, Portugal
O evento “Leitura na Praça” realizado em Jundiaí, no dia 12 de fevereiro de 2011, na Praça Marechal Floriano Peixoto, fez parte das comemorações do aniversário do Rotary Internacional e compreende um dentre muitos projetos culturais e educacionais do Distrito 4590.
Com o espaço organizado para atender crianças, jovens e adultos, a atividade apresentou uma Ciranda com mais de 3.500 títulos recebidos em campanha e doados aos visitantes para incentivar a aventura de ler e promover o encontro das pessoas com os livros. Poesia, histórias e pintura em desenhos para as crianças deram um brilho especial à festa, cujo objetivo foi conquistar o leitor dentro da comunidade social da cidade.
Pelo êxito alcançado em todas as atividades de leitura desenvolvidas em 43 cidades do Estado de São Paulo no primeiro semestre desse ano, os seis Rotary Clubs de Jundiaí darão continuidade ao Projeto, com o evento “Leitura no Parque” a realizar-se no próximo dia 18 de setembro, no Parque da Cidade, das 9 às 16h – Rodovia João Cereser, km 66, bairro Pinheirinho/Represa.
A campanha para arrecadação já está aberta. Os interessados em doar livros novos ou usados não didáticos, sobre qualquer tema ou assunto, poderão efetuar a entrega na portaria do Parque, na ATEAL1 ou na Loja SantaElla2. Sua contribuição é valiosa para ampliar a oferta de títulos na tarefa de conquistar sempre muitos leitores para a viagem da leitura.
PARTICIPE DESSA FESTA!
A “Hora do Conto”, a “Hora da Poesia” e o “Cantinho das Artes” serão algumas das alegrias desse domingo com os livros entre os quais você também poderá escolher um para a sua biblioteca particular.
1. ATEAL- Av. Antonio Frederico Ozanan, 6561 (aos cuidados de Marina)
2. SantaElla- Av. Moreira Cesar, 75, Vila Arens.
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