PAZ - Blogue luso-brasileiro
Terça-feira, 31 de Janeiro de 2012
CINTHYA NUNES VIEIRA DA SILVA - POR ÁGUA ABAIXO

 

 

 

 

 

            Tudo bem que janeiro é um mês de chuvas, mas acho que já deu. Ok, quem sou eu na ordem do universo para determinar o fim de qualquer coisa, mas da minha parte, pelo menos, no que me diz respeito, já choveu muito.

            Óbvio que, se eu pudesse, mandava essa água toda para os lugares onde a seca está castigando não somente as lavouras e os animais, mas também as pessoas. Contudo, também é óbvio que não tenho poder de redistribuir esse tipo de recurso. No máximo, redistribuo moedas entre minha carteira e porta-moeda. Ou seja, já que não posso mandar água para onde não tem, tenho ao menos o direito de dizer que estou um pouco cansada de tantas chuvas.

            Não é que eu não goste de chuvas. Nada disso! Para aplacar a seca, para molhar as plantas, para lavar a alma e a sujeira, para embalar um soninho na cama ou no sofá em tardes preguiçosas, é sempre bem-vinda. Só é complicada quando complica o trânsito, quando dificulta a vida de quem tem que sair e chegar, de quem queria fazer caminhadas, de quem queria passear um pouco e até de quem queria tirar o branco bolor do corpo.

            Claro ainda que tudo isso não é nada perto de quem perde tudo com as chuvas excessivas. Todos os dias somos bombardeados com notícias de alagamentos, desmoronamentos, mortos e feridos. Tudo bem que muito de tudo isso é culpa da ação humana, mas, mesmo assim, não dá para fechar os olhos e ficar alheio a tudo isso.

            Além das questões sérias, há também aquelas menores, de caráter mais egoístico. Tanta chuva dá um pouco de tédio e de desânimo. Fiquei esperando as férias para fazer caminhada, mas isso agora só se for algo meio triatlo, ou seja, ao menos uma etapa na água. Eu ia consertar minha bike, mas depois de algum estudo, concluí que os ajustes para um veículo anfíbio ficariam um pouco caros e achei melhor deixar para lá.

            Com esse tempo esquisito, além do mais, fica difícil achar o que fazer nas poucas e já se findando horas vagas. A opção seria comer, mas não queria desperdiçar todo meu esforço de restringir guloseimas em troca de uma satisfação momentânea e perigosa, afinal, não penso que alguém esteja imaginando que me refiro a ficar em casa, com chuva comendo alface ou torrada de água e sal. Só faria algum sentido e graça se fosse algo como um bolo de cenoura coberto com chocolate, mas isso, o Ministério da calça apertada não permite.

            Durante a semana, é água para todo lado, entre um período de trabalho e outro. Além do mais, acho que essa chuva está me levando para outra dimensão, porque dia sim e dia não falta luz em casa. Como não concebo que isso aconteça em plena capital paulista, a única explicação é a de que a chuva transporta minha casa para algum lugar no passado, lá para época dos lampiões e fogões a lenha. Na última vez, depois de oito horas sem luz, comecei a temer que o portal tivesse se fechado, deixando-me para sempre no passado...

            Enfim, podem me chamar de chata, ranzinza, mas essa chuva toda já me irritou. Estou em negociações com São Pedro, tentando conseguir alguns diazinhos de sol e céu azul, mas tá difícil. Desconfio, por fim, que ele não está mais lavando a casa, mas está mesmo é vertendo lágrimas...

 

 

CINTHYA NUNES VIEIRA DA SILVA- Advogada, mestra em Direito, professora universitária e escritora - São Paulo



publicado por Luso-brasileiro às 11:43
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EUCLIDES CAVACO - A ÁGUA
                        
 
 
Bom dia
prezadíssimos amigos de todo o mundo...
 
A ÁGUA
É a preciosidade que inspirou e deu vida ao poema desta semana.
Veja o poema  aqui neste link:
 
http://www.euclidescavaco.com/Poemas_Ilustrados/A_Agua/index.htm
 
Desejos duma excelente Quinta Feira
 
EUCLIDES CAVACO   -   Director da Rádio Voz da Amizade.London, Canadá


publicado por Luso-brasileiro às 11:39
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RENATA IACOVINO - QUASE ARTIGO

 

 

 

 

            Eu estava com o mote na cabeça, mas de repente... é... quase!

            É assim que ele se dá, de repente, sem pedir licença, despojado de planejamentos, longe de qualquer tipo de organização, não se rendendo a nenhuma espécie de ordem ou mando.

            O que passa pela minha cabeça é: caramba, mas essa palavrinha tem personalidade! Ou não será a palavra em si, mas algo personificado a ela? Porque, afinal, a palavra acaba sendo a cara do nome que damos a ela e aquilo que incorporamos como sendo o nome que damos a ela, o significante e coisa e tal.

            O "quase" é isso, nem pra lá, nem pra cá, é quase. Mas nessa sua indefinição - vou chamar assim - ele é irredutível.

            E não é dessa forma que o "quase" se manifesta em quase todas as situações em que vivemos? Ou pelo menos em parte de quase todas?

            Eu quase cheguei no horário ao dentista, mas se chegasse, talvez não tivesse encontrado aquela colega de ginásio. Foi memorável!

            Eu quase fiz aquela viagem, mas se isso tivesse se consumado, eu não teria conhecido a pessoa que mudou minha vida.

            Eu quase fui contratada por uma grande empresa no auge de minha produtividade, mas isso me impediria de ingressar em outra, que me abriu tantas portas e me possibilitou oportunidades que provavelmente eu não teria na primeira.

            Eu quase não dei a chance a uma pessoa de se aproximar de mim, julgando não ser bom, mas voltei atrás. Quase. Ela se tornou uma grande amiga.

            Eu quase optei por um outro caminho profissional, o que não me daria a chance de realizar os projetos para os quais descobri  ter afinidade.

            Eu quase joguei fora um amontoado de papéis que pareciam apenas ocupar espaço dentro de uma gaveta. E não é que no momento certo eles foram fundamentais para eu escrever minha história?

            O quase nos coloca diante de situações boas e más.

            Eu quase não fui feliz. Eu quase fui feliz.

            A pouca distância de; próximo, perto; com ligeira diferença para menos; pouco mais ou menos; quando muito; aproximadamente; um tanto; por um triz, por pouco que não...

            Seus significados se alongam, mas giram em torno de algo que não chega a acontecer... ou, ao contrário, com sua presença é que algo realmente acontece.

            E como eu ia dizendo no início deste... quase artigo, é... ele quase aconteceu...

 

 

Renata Iacovino, escritora e cantora / reiacovino.blog.uol.com.br / reval.nafoto.net / reiacovino@uol.com.br

 

 

 

 

CONVITE : EXPOSIÇÃO "INTERTEXTUAL" EM JUNDIAÍ

 

 

 

 

 

 

 

 



publicado por Luso-brasileiro às 11:26
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Segunda-feira, 30 de Janeiro de 2012
LAURENTINO SABROSA - POSTAL DE PARABÉNS

 

 

 

 

Especialmente dedicado a todas as pessoas que celebraram ou vão celebrar os seus “muitos anos”

                            

 

Prezados amigos, venerandos macróbios

 

 

 

Há uma grande diferença entre ser micróbio  e ser macróbio. O micróbio é um ser tão nocivo e maldoso que tem vergonha de ser visto, e por isso se esconde o mais que pode; o macróbio patenteia ao mundo a sua existência e a sua vida, pois é uma pessoa que pela idade e postura é venerável  e veneranda, e que, redimidos pecados passados, é digna e intemerata.

Alguns pensam que a idade macrobiana, é a idade em que todos somos outra vez crianças. No bom sentido, sim, porque nessa fase da vida, a criança que formos está localizada no coração e nos sentimentos, não na cabeça e nas acções. Se um dia, um jovem, brincalhão ou irreverente, zombar ou menos prezar a sua pessoa pela idade que tem, pode dizer-lhe, serena e alegremente, sem jactância mas com nobre orgulho: – Olha, menino, quando tu nasceste, eu já era uma relíquia.

Quem lhe escreve, embora possa ser avô de muitos, ainda não é relíquia, mas pretendo falar como criança que é no coração, e adulto que é na cabeça. Por isso, a todos os macróbios dignos do nome, eu dou os parabéns pela provecta idade, com desejos de felicidades pela vida que Deus lhes vier a conceder. Celebremos sempre os nossos “muitos anos”, porque cada aniversário que se celebre é uma porta que se abre para o futuro, por onde entre uma lufada de esperança, sobretudo a esperança-certeza de nunca sermos micróbios para ninguém. Sigamos os conselhos de certo poeta brasileiro:

 

Não te seja a velhice enfermidade!

Que a neve caia, mas que o teu ardor não mude!

Alimenta do espírito a saúde

Mantém-te jovem, não importa a idade!

E luta  contra as tibiezas da vontade!

Cada idade tem a sua juventude!

 

 

Assim não nos faltará alegria e ânimo, para jubilosamente celebrarmos o nosso  aniversário e o dos da nossa Confraria “de muita idade”. Em nome pessoal e do PAZ, apresento cumprimentos,  felicitações e votos de felicidade.

laurindo.barbosa@gmail.com

 

 

 

LAURENTINO SABROSA   -  Senhora da Hora, Portugal



publicado por Luso-brasileiro às 11:58
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JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI - APESAR DA SUA GRANDE IMPORTÂNCIA, A CONFERÊNCIA "RIO + 20 " AINDA É DESCONHECIDA DA POPULAÇÃO.

 

 

A conferência internacional “Rio + 20”, além dos aspectos básicos que constam de sua pauta e agenda, tem a intenção de despertar e aprimorar nas pessoas a consciência ecológica e a necessidade da integração entre o desenvolvimento e o progresso, com o meio-ambiente, buscando-se melhorias na qualidade de vida do ser humano, sem desrespeitar as manifestações em geral da natureza. Embora se realize no mês de junho deste ano,  recente pesquisa constatou que poucos brasileiros sabem de sua existência e importância.

 

 

 

Em junho de 2012, o Rio de Janeiro sediar á uma das mais esperadas cúpulas mundiais – a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, popularmente chamada de “Rio+20”, reunindo os mais importantes líderes (cerca de duzentos representantes de diversos países), cuja realização se dará após vinte anos da primeira conferência mundial sobre mudança do clima, que propôs o conceito de desenvolvimento sustentável e foi denominada “Eco 92”. Trata-se de um evento de suma importância, posto que a situação continua extremamente perigosa e na realidade, registraram-se no decorrer do tempo, apenas mudanças frágeis diante da gravidade da questão ecológica em geral.

Tanto que Clóvis Zapata, pesquisador sênior do Centro Internacional em Políticas para o Crescimento Inclusivo (IPC-IG) das Nações Unidas, assim se manifestou: “Após duas décadas, as promessas ambiciosas não foram cumpridas, a essência do conceito de desenvolvimento sustentável se perdeu e deu lugar ao termo “economia verde”, que se refere à redução dos atuais riscos ambientais e das limitações ecológicas, aliadas ao aumento do bem-estar humano e da equidade social. O foco oficial da Rio+20 é direcionar a transição para economia verde global. O conceito de ‘economia verde’, além de vago, é substancialmente otimista” (Folha de São Paulo – 14.07.2011- A3)

            Por outro lado, Denise Hamú, coordenadora do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) no Brasil, afirmou: “Temos muita esperança na conferência, pois sentimos que o sistema multilateral, mesmo com todas as dificuldades, tem sido colocado em prática” (“O Estado de São Paulo” – 21.12.2011- H3). Na mesma matéria jornalística, Paulo Adário do Greempeace se expressou: “O que mudou de lá para cá foi o nível de consciência das pessoas. Mas o número de pessoas conscientes ainda á insuficiente para dar conta dos problemas”.

 

 

         

 

 

Essa última constatação é manifestamente concreta. Para avaliar o nível de conhecimento e interesse da população brasileira sobre a “Rio+20” o Instituto Vitae Civilis fez uma pesquisa em parceria com a Market Analysis – empresa filiada à rede internacional Globescan, que estuda questões ligadas à sustentabilidade e que foi divulgada pela imprensa (“O Estado de São Paulo – 12.10.2011-A20). A enquete mostrou que dois em cada três entrevistados não ouviram nada sobre o evento e 19,3% dizem ter tido pouco contato com o mesmo. Somente 4,4% afirmam ter ouvido “muito” a respeito e 7,1% ouviram “alguma coisa” – ou seja, apenas 11,5% estão familiarizados com essa importante conferência.

            A agenda da conferência deste ano enfocará dois temas principais: a economia verde, no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza, e a estrutura institucional para o desenvolvimento  sustentável. O ex-vice-presidente dos EUA, Al Gore, e o investidor David Blood publicaram no “Wall Street Journal” no dia 14 de dezembro do ano passado, o artigo “Manifesto para um capitalismo sustentável: como as empresas podem adotar métricas ambientais, sociais e de governança”,citado por Maristela Mafei em artigo publicado pela Folha de São Paulo (27.12.2011-A.3) no qual explicam que vivemos hoje um “turning point” com intensas ameaças: mudança climática, escassez de água, pobreza, enfermidades, desigualdade, urbanização, volatilidade nos mercados financeiros. E mais: “As empresas não podem ser chamadas a fazer o trabalho dos governos, mas empresas e investidores serão os atores que mobilizarão o capital necessário para os desafios sem precedentes que enfrentamos”.

  

Vários aspectos demonstram que no Brasil, a questão ecológica  começa a conquistar espaços, o que é manifestamente salutar.  Mas em nosso país, como em todo o mundo se observa o uso indiscriminado de grande parte das riquezas (minerais, madeiras de lei, ervas medicinais e plantas) por instrumentos que agridem frontalmente a natureza. Por isso,  mais do que nunca, independentemente de leis, é preciso que as pessoas se conscientizem da importância da preservação da natureza e do ambiente como um todo, sob pena de se tornarem inviáveis, em pouco tempo, à própria sobrevivência humana. Necessitamos manter, ao máximo, aquilo que Deus nos outorgou e que as atenções se voltem para nós mesmos, possíveis vítimas desse massacre incontrolável do Universo, sob o argumento injustificado de que é efetivado em nosso  benefício por força de um eventual progresso tecnológico.

               Reiteramos que despertar e cultivar o ideal de conservação ambiental, é uma obrigação de todos. Precisamos  propagar a consciência ecológica para que a natureza que ainda persiste consiga se recompor com equilíbrio e em caráter permanente. “O que ocorrer com a Terra recairá sobre os filhos da Terra. O homem não tramou o tecido da vida; ele é simplesmente um de seus fios. Tudo o que fizer ao tecido, fará a si mesmo...” (Chefe Seattle, 1854). Considerando essas afirmações,  pode-se dizer que a responsabilidade ética que recai sobre nós é muito grande. Assim, eventos como o “Rio + 20” revelam-se de nítida relevância e abrem espaços para um amplo debate sobre o meio ambiente, com a busca de possíveis soluções para os problemas ambientais.

 

 

 

JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é advogado, jornalista, escritor, professor universitário, mestre em Direito Processual Civil pela PUCCamp e membro das Academias Jundiaienses de Letras e de Letras Jurídicas.



publicado por Luso-brasileiro às 11:24
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MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE - BIG BROTHER BRASIL

 

                    

 

 

Nos últimos dias, multiplicaram-se as notícias a respeito da casa do Big Brother Brasil 12, que ultrapassou a bisbilhotice malévola que aguça telespectadores para provocar a lei. Antigamente, os mexericos eram alimentados por gente que ficava, através da fresta da janela, espiando a vida dos outros com o propósito de ter assunto sórdido no dia seguinte ou justificar os seus deslizes. Há quem, em vez de se acertar, se desculpa com os erros do próximo.

A polêmica que envolve Daniel e Monique começou na madrugada do dia 15 de janeiro, no quarto em que os dois protagonizaram cenas quentes debaixo do edredom. Logo após as cenas dos beijos, Monique, embriagada, estaria dormindo e foi estuprada por Daniel? Vamos aos antecedentes. Quem se inscreve para o BBB é cônscio do que excita os mexeriqueiros, aumenta a audiência e atrai patrocinadores. Aceitam, portanto, pensando no prêmio, qualificar-se para isso. Continuando com os precedentes: Monique correspondeu ou não aos beijos? Não justifico de maneira alguma o estupro devido aos beijos, mas para se preservar é necessário prudência e decência. Não teria ela, em momento algum, assediado Daniel? Interessante foi o que postaram no Facebook a respeito dos livros infantis: seriam os príncipes banidos das histórias, já que tanto a Bela Adormecida como a Branca de Neve foram beijadas enquanto dormiam? Recordo-me da mocinha que fora, com o motorista do local onde trabalhava – solteiro cobiçadíssimo -, representar a empresa em evento noturno. No percurso de volta, em estrada escura, levantou “generosamente” a saia e o questionou se as suas pernas eram bonitas. O indivíduo, de imediato, tentou beijá-la. Não correspondido, calou-se. No retorno, a mocinha disse ao chefe que sofrera tentativa de estupro. Por uma questão de bom senso, ouviu-se os dois lados. O motorista assumiu a pretensão do beijo e acrescentou: “Afinal de contas, sou um homem ou um saco de batatas?” Somente uma dúvida, há lei que proteja o homem assediado por  mulher?

Voltando ao BBB, posteriormente surgiram outras notícias: Daniel expulso por grave comportamento inadequado, a investigação policial, a afirmação de Monique no Jornal “O Dia: “Só se ele fez comigo enquanto eu dormia. Mas aí ele seria muito mau caráter”. Um ou dois dias depois, a moça negou o estupro e comentou que o que fez, embora estivesse interessada no Rafa, foi porque “deu vontade e entrou o impulsivo”.

Interessante ela citar o termo “caráter”, que é sinônimo de honradez. Há honradez em quem promove, patrocina e participa de um programa com imagens da intimidade das pessoas, de forma direta ou indireta, incentivando situações de promiscuidade e atritos, destruindo os valores da família? Há honradez em quem se expõe e se decompõe por um prêmio? Há honradez em quem se delicia em observar situações que não dignificam o ser humano? O ideal seria expulsarem o programa.

Não assisto ao BBB, mas leio a respeito, pois é preciso conhecer as formas variadas da manifestação do mal, que transforma as pessoas em fantoche, para enfrentá-lo. A omissão também desonra. Diminua a audiência, mudando de canal.

 

 

Maria Cristina Castilho de Andrade

É educadora e coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher/ Magdala,Jundiaí, Brasil



publicado por Luso-brasileiro às 11:14
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PAULO ROBERTO LABEGALINI - HISTÓRIA e O PURGATÓRIO EXISTE ?

 

 

   * H I S T Ó R I A

 

Um velho professor alemão sempre impressionara sobremaneira seus alunos. Um dia, um deles resolveu descobrir o segredo daquela conduta maravilhosa. Então, escondeu-se no escritório onde o mestre costumava ficar antes de ir para casa.

Já era tarde quando o professor chegou de sua última aula. Estava muito cansado, mas sentou-se e passou uma hora lendo a Bíblia. Depois, abaixou a cabeça numa oração silenciosa e, finalmente, fechando o Livro Sagrado, disse:

- Bem, Senhor Jesus, nossa velha amizade continua linda como sempre. Conhecê-Lo é o que de melhor pude obter na vida. Se eu pudesse, faria todos os meus irmãos ouvirem a Sua Palavra. Obrigado por eu ser tão privilegiado em receber essas mensagens e, neste momento, gostaria que alguém estivesse me ouvindo também.

O aluno, escondido, não conseguiu manter-se em silêncio e, emocionado, soluçou. O professor, então, após o susto, perguntou-lhe:

– Meu bom rapaz, o que deseja de mim? Há algo que tenha me pedido e, tendo eu recusado, voltou para tirar-me ocultamente?

O rapaz ficou pálido e respondeu envergonhado:

– Não, senhor. Sempre quis saber o que o mantinha tão iluminado para poder imitá-lo, só isso!

O mestre abriu um largo sorriso e iniciou sua explicação:

– Sente-se nesta cadeira e agradeça a Deus por essa oportunidade de atender o Seu chamado. E já que deseja imitar-me, saiba que eu também imito Jesus Cristo, digno de todo louvor! Ele me diz o que devo fazer e eu atendo!

– O senhor conversa com Ele? – perguntou o jovem.

– Sim, Ele me fala através deste Livro Sagrado. Todos os dias eu O escuto com muita atenção e, depois disso, fica fácil seguí-Lo. Por exemplo, ouça o tesouro que me foi dado hoje neste capítulo de São Marcos...

E, assim, com aquelas palavras, mais uma alma começou a se aproximar de Deus e caminhar rumo ao Céu. Com certeza, Cristo se torna mais presente àquele que persiste em cultivar a Sua Palavra.

E você, sabe como melhorar de vida a partir de hoje? Se sua Bíblia for aberta mais vezes, você dará muito mais frutos.

 

* Do programa ‘Nossa Reflexão’, que vai ao ar em quatro horários no Canal 20: 8h30, 11h30, 17h30 e 22h30. O site www.canal20tv.com.br disponibiliza os vídeos já apresentados na televisão. Clique em ‘Arquivos de Vídeo’ e depois em ‘Nossa Reflexão’.

 

**O PURGATÓRIO EXISTE?

 

Um dia, li na revista ‘Catolicismo’ a resposta que o Cônego José Luiz Villac deu a um leitor, que lhe perguntou se o Purgatório existe e se as Escrituras falam a seu respeito. Eis a resposta:

“O Purgatório não só existe, mas é mesmo uma das maravilhas da providência e bondade divinas. Sua existência é verdade de Fé, confirmada pelo Concílio Tridentino, bem como pelas Sagradas Escrituras e toda a Tradição da Igreja. Ademais, à luz da simples razão, entendemos que, sendo Deus perfeitíssimo e Santo dos Santos, nós não poderemos chegar à sua divina presença se estivermos marcados pela mancha do pecado. Então, não existindo o Purgatório – onde as almas são purgadas dessas manchas até estarem resplendentes de santidade para comparecerem diante do Criador – só lhes restaria o Inferno. Mas Deus quer salvá-las e por isso instituiu o Purgatório.”

Continuando a sua explicação, o cônego completou:

“Em sua Providência sapientíssima e misericordiosa, Deus criou esse estado, o purgatório, prévio à felicidade eterna, para onde vão temporariamente as pessoas que morrem sem terem expiado suficientemente, aqui na Terra, a pena devida pelos pecados mortais cometidos e perdoados, e também pelos pecados veniais perdoados ou não, mas cuja pena não foi integralmente paga. O texto da Escritura mais preclaro a respeito do Purgatório é o II Livro de Macabeus, o qual narra como Judas Macabeus mandou oferecer um sacrifício pelos que haviam morrido na batalha, por expiação de seus pecados.”

Então, caro leitor, sabendo da existência do Purgatório, devemos nos irmanar no combate do pecado e sempre nos purificar por meio do Sacramento da Confissão. Através do perdão dos pecados e de ações cristãs, alcançamos vários estágios de ‘estado de graça’ a cada dia. Quando nos confessamos diante de um sacerdote, mais força temos para combater a imoralidade: imoralidade dos programas execráveis de alguns canais da TV brasileira; das injustiças sociais; das drogas; enfim, das tentações de Satanás.

Eu creio na Santa Igreja Católica, na comunhão dos santos, na remissão dos pecados, na ressurreição da carne e na vida eterna. Por isso, me confesso, comungo e rezo o terço para me afastar do mal. Tenho certeza que é o mínimo que devo praticar sem vacilar.

Devemos nos lembrar ainda que até o Papa se confessa! Também não podemos nos esquecer que, em 1917, Nossa Senhora de Fátima disse a Francisco que ele teria que rezar muitos terços antes de entrar no Céu, e ele só tinha nove anos de idade! E o mais importante: na Eucaristia, Jesus nos dá força para buscarmos as nossas necessidades espirituais que nos levarão junto Dele no Céu.

Portanto, o Purgatório existe! Chegar a conhecê-lo no futuro e ficar pouco ou muito tempo lá, depende hoje de cada um de nós.

 

** Do programa ‘Acreditamos no Amor’, que vai ao ar em dois horários na Rádio Futura FM, 106,9 MHz: 6 h e 18 h – segunda, quarta e sexta.

Site para ouvir o programa ao vivo: www.futurafm.com.br

 

 

PAULO ROBERTO LABEGALINI -    Escritor católico, Professor Doutor da Universidade Federal de Itajubá-MG. Pró-reitor de Cultura e Extensão Universitária da UNIFEI.

 



publicado por Luso-brasileiro às 11:06
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Domingo, 29 de Janeiro de 2012
HUMBERTO PINHO DA SILVA - CONSELHO A SEGUIR SE QUER VELHICE TRANQUILA

 

 

 

 

Penetrou de rompante, mergulhando na amena penumbra que envolvia a saleta. Era loira; olhos redondos, azuis, de um azul celeste, resplandecente; tez clara, levemente anacarada, que lhe dava a encantadora beleza de boneca de porcelana da Baviera.

Sentou-se graciosamente numa cadeira de verga, junto à pesada mesa de mogno cubano, onde conversava com a prima Preciosa, à luz aconchegante de antigo candeeiro de cristal, pendente do teto.

Encaminhou-se o discurso da palestra para a terrível crise que desabou pelo nosso país, e na triste impossibilidade dos jovens constituírem família.

Consternadíssima, lamentava-se muito sentida, da falta de emprego e dos eternos salários baixos: - “Paga-se mal em Portugal!”; quando a moça, que pensativamente, escutava em absoluto silêncio, declarou num meneio dengoso, que a tornava ainda mais graciosa.

- “ Eu que o diga! Como pensar em casar, se o ordenado de ambos – o dela e do namorado – mal passa os três mil euros!?

E enquanto a mãe, de olhar triste, lastimava a má sina da filha, refleti:

Meu ordenado foi o suporte da família, porque não tinha outro; minha mulher, como dona de casa, que era, e é, não usufruía, nem usufrui salário

Com pouco menos de metade, paguei mensalidades em colégio e propinas em universidade privada.

Certo é que não frequentei, nem frequento, a sala de cinema, e menos ainda o teatro; mas não deixei, nem deixo, de assistir a famosos filmes e de ler o meu jornal; e ainda adquiri, ao longo de anos, consagradas obras de literatura: Vasta biblioteca de largas centenas de volumes, que há muito ultrapassaram o milheiro e meio.

Saltou-me então à memória, a notícia que recentemente li no matutino, que há, em bairro social – construído para abrigar necessitados, – quem obtenha rendimento de dois mil euros!

Recordei também – e com que saudade – de minha querida mãe, que sempre asseverava: para haver velhice feliz, preciso é aforrar de novo.

Arrecadar, periodicamente, em conta poupança, um pouco, é o único e seguro método de não passar tormentos na velhice.

Dir-me-ão, agora, por certo, os que recebem salários baixos: - “Havias de ter meu vencimento e meus encargos “; responderei com curtíssima história, que li, na juventude, narrada como verídica, ocorrida em vilória francesa.

Havia poderoso senhor, extremamente poupado, que vivia num grande castelo. Papelinhos e fósforos queimados, guardava-os para reutilizá-los, assim como outras excentricidades ridículas.

Criados e povo, pasmavam-se da sovinice de homem tão abastado, e acerbamente o censuravam.

Houve, um dia, dantesco incêndio, que deixou famílias na miséria. Grupo de meninas, seriamente condoídas, resolveram levantar donativos, pelo povoado.

Lembraram-se do avarento, mas logo reprovaram a ideia. Mesmo assim aventuraram-se ir ao castelo.

Encaminharam-nas a ampla sala de sólidas paredes de pedra, parcamente mobilada. Ouviu-as atentamente, o castelão, e após prolongada pausa, ergueu-se, abriu gavetinha de contador, e retirou avultada quantia.

Perante expressão de espanto, esclareceu:

- Estão admiradas!; fiquem sabendo que é devido aos papelinhos e fósforos queimados e outras “ sovinices” , que posso oferecer-vos essa importância.

São as pequenas economias, que permitem as grandes extravagâncias; mas as cigarrinhas não compreendem, e o Estado – cuja obrigação é fazer justiça, – muitas vezes lapida quem aforra.

Mas que havemos de fazer, se a inveja e a cobiça, não têm limites?

 

 

HUMBERTO PINHO DA SILVA   -   Porto, Portugal



publicado por Luso-brasileiro às 18:44
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JOSÉ CARLOS PASCOAL - SAÚDE PÚBLICA, PREOCUPAÇÃO DE TODOS NÓS.

 

 

 

 

 

 

Iniciamos 2012 com tragédias e situações tragicômicas. Algumas, preanunciadas, como: enchentes, desmoronamentos, falta de energia elétrica. Como sempre, o Poder público se movimenta depois do desastre, promete medidas que raramente cumpre. Isso persiste há muito tempo. Algumas situações serviram para fazer o povo rir: Luiza voltando do Canadá (voltou?); a falsa grávida do Vale do Paraíba. O mundo cão do BBB revelando mais uma faceta: o suposto estupro e conseqüente expulsão de um dos “atores”.

            Enquanto isso a Igreja continua a fazer o seu papel, espiritual e social, conforme os preceitos evangélicos de Jesus. As graves situações sociais da Cracolândia, na capital paulista, a desocupação do Pinheirinho em São José dos Campos, a situação dos sem terras no Pontal do Paranapanema, todas tem acompanhamento e resulta em ação das pastorais e movimentos sociais ligados à Igreja.

            Na Quarta-feira de Cinzas, 22 de março acontecerá o lançamento da Campanha da Fraternidade 2012, que tem como tema “Fraternidade e Saúde Pública”, e como lema “Que a saúde se difunda sobre a terra” (cf. Eclo, 38,8). Mais uma vez a Igreja no Brasil provoca a si própria e a sociedade para debater e aprofundar um importante tema social. “Deseja assim, sensibilizar a todos sobre a dura realidade de irmãos e irmãs que não têm acesso à assistência de Saúde Pública condizente com suas necessidades e dignidade. É uma realidade que clama por ações transformadoras. A conversão pede que as estruturas de morte sejam transformadas.” (texto-base da CF 2012, Apresentação, pág. 9).

            Podemos elogiar alguns avanços proporcionados pelo SUS, mas não devemos ter medo de denunciar a dificuldade de acesso à Saúde Pública para os pobres, aposentados, e pessoas de baixa renda. É utópico dizer que está às mil maravilhas. Um simples retorno médico, não importa o grau de gravidade da doença, é marcado para meses depois da primeira consulta e da realização dos exames pedidos. Conseguir um exame de especialidades, apesar da criação de AMEs e outras siglas, é sofrivel.

            No capítulo 13, n. 139 do Texto-Base, encontramos: - Melhorar o atendimento no Sistema Público de Saúde Brasileiro e diminuir as reclamações em relação ao desrespeito e à dignidade humana, frente à vulnerabilidade do sofrimento e da doença, é um grande desafio ainda a ser enfrentado pelas autoridades sanitárias brasileiras. Em nosso país, o Ministério da Saúde aprovou a Portaria nº 1820, de 13 de agosto de 2009, que “dispõe sobre os direitos e deveres dos usuários da saúde nos termos da legislação vigente” (Art. 1º), que passam a constituir a “Carta dos Direitos dos usuários da Saúde“ (Art. 9º), publicada no D.O.U, 14 de agosto de 2009.

            Temos nossos direitos, devemos lutar por eles. E, principalmente, lutar em favor dos pobres e marginalizados.

 

 

 

 JOSÉ CARLOS PASCOAL ,Presidente da Comissão Regional dos Diáconos (Sul1/SP). Coordenador da Comunicação da Comissão Nacional dos Diáconos. Membro da equipe de coordenação do Fórum das Pastorais Sociais do Regional Sul 1 da CNBB. Salto,Brasil 

 



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PINHO DA SILVA - NÃO SERÁ ASSIM?!...

 

 

 

 

 

Há quem pense que pensa, sem pensar;

há quem finja saber, sem saber nada;

e há gente que anda sempre aterefada,

só porque julga que isso é trabalhar.

 

 

Há quem cuide, somente, em se "formar",

p'ra que apresente, ao mundo, uma "fachada",

mas, depois, tem de ter boca fechada,

porque, a abri-la, seria p'ra zurrar!

 

 

Há quem julgue que o espírito não come,

quem fuja da cultura a sete pés

e viva p'ra gozar e p'ra comer.

 

 

Que gente, que, comendo, morre à fome;

que gente, que se entende aos pontapés;

que gente, tão burrinha...sem parecer!

 

 

 

PINHO DA SILVA   -  Vila Nova de Gaia, Portugal



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Segunda-feira, 23 de Janeiro de 2012
JÚLIA FERNANDES HEIMANN - DIÓGENES

              

                                

                                              

 

 

 

      Na minha fase escolar, tive dois colegas com o nome Diógenes. Eram pessoas muito boas e estudiosas; aqui em Jundiaí, conheço um senhor e todos fazem jus ao nome. Depois, nunca mais encontrei uma criança que fosse batizada com esse nome, acho que saiu de moda, porque nome também tem moda.

      Nestas férias, uma grande amiga viajou à Grécia e trouxe-me lembranças lindas. O culto ao filósofo já arrefeceu por lá, mas ainda existe, informou.

      Depois de ouvi-la, resolvi lembrar um pouco esse grande homem, com o objetivo de não deixar sua filosofia de vida cair no esquecimento. Atualmente, seria impossível viver como ele – hoje, mendigo só por necessidade - mas usar um pouco o critério da humildade, sim.

     Diógenes nasceu de uma família abastada. Quando seu pai, que era banqueiro, foi acusado, sem provas, de adulterar moedas, toda a família foi exilada. A partir daí, ele começou a viver modestamente.

      Diógenes se autointitulava cínico. Os cínicos faziam parte de um movimento filosófico denominado cinismo, que tem como uma das possíveis origens a palavra “cão” (kyov). Eles se autodenominavam cães porque suas vidas se assemelhavam à vida desses animais; dormiam nas praças e nas ruas; usavam apenas uma túnica como vestimenta, uma caneca para beber água e andavam descalços.

     Entre as muitas histórias que são contadas sobre o cínico Diógenes, uma é que dormia num tonel, no centro de Atenas, sendo considerado o mais cínico dos homens – cínico no sentido antigo da palavra, que significa total desprendimento e desprezo pelas riquezas e convenções sociais. Era muito inteligente e rápido nas respostas, possuindo o dom da persuasão.

     Hoje, cínico e cinismo têm outros significados.

       Conta-se que, um dia, Alexandre Magno, rei da Macedônia, visitou a Grécia e quis conhecer o famoso filósofo. Encontrou-o no campo, tomando sol. Como ouvira falar de sua inteligência e o admirava sem conhecer, parou seu cavalo perto do homem deitado e falou:- Diógenes, pede-me o que quiseres que concederei!  A resposta veio rápida: - Quero que saias da frente do meu sol.

     Dizem que o desprendimento mostrado por Diógenes aumentou tanto a admiração de Alexandre Magno que, quando lhe perguntavam quem gostaria de ser, se não fosse o rei da Macedônia, respondia: - Gostaria de ser Diógenes!

    Mais dois acontecimentos interessantes da vida do filósofo Diógenes vão passando através dos séculos. Diz-se que ao ver um rapaz tomando água numa fonte, usando o côncavo da mão, dissera: - Ele me mostrou que ainda tenho coisas supérfluas, e jogou fora a caneca que levava.

    Outro acontecimento conhecido é que andava pelas ruas de Atenas com uma lanterna acesa na mão e, quando lhe perguntavam a razão disso, respondia: - Ando à procura de um homem virtuoso. Esse homem, para ele, deveria ter, além de outras qualidades, estas imprescindíveis ao ser humano: bondade, ética e coerência nos atos.

    Quando morreu (323a.C.), construíram-lhe um túmulo sobre o qual ergueram uma coluna com a figura de um cão em cima e as seguintes palavras:

“ O bronze envelhece com o tempo, mas tua glória, Diógenes, nem toda a eternidade destruirá, pois tu ensinaste aos mortais a lição da autossuficiência e a maneira mais fácil de viver”.   

    Sendo verdade ou lenda é uma história de vida muito bonita.

 

 

                                              

                                                

                                              

                                                                                      Lendas de todos os tempos,

                                                                                  História de Jundiaí, Dona Jiboia e a

                                                                                 Alcateia (sobre as alterações

                                                                                 ortográficas) e Cem piadas sem

                                                                                   dono.

 

Julia Fernandes Heimann é escritora e poetisa brasileira. Nasceu na cidade do Rio de Janeiro mas reside em Jundiaí-SP. É autora de sete livros e pertence às Academias de Letras da cidade de Jundiaí e da Academia Brasileira de Literatura, no Rio de Janeiro, sendo membro correspondente da várias entidades similares. Recebeu da Câmara Municipal de Jundiaí, a comenda "Prof. Joaquim Candelário de Freitas" pelas atividades culturais que desenvolve e o título de "Cidadã Jundiaiense"´pelo serviço prestado à cultura da cidade. 



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MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE - CRACOLÂNDIA

 

                        

 

 

Estão no noticiário local as duas cracolândias, uma em São Paulo e a outra em Jundiaí, nos arredores do Jardim São Camilo, com usuários se estendendo no entorno para conseguir como pedintes, em pequenos serviços ou através de furtos, a quantia ou o material de troca que possibilite a próxima pedra. É a busca do prazer de imediato que não escora a felicidade. Provoca, após os segundos de êxtase, de plenitude, em decorrência da droga, um vazio com sobressalto, que pede mais uma, duas, três...

E a que “avanço” chegamos, a ponto de usar, na denominação do espaço, onde os usuários desse entorpecente se concentram, o sufixo -land (do inglês), que significa terra, territórios de determinados povos. O sufixo –ia, de origem latina, usado para formar locativos pátrios, designa igualmente terra, país, região. Cracolândia, portanto, terra dos usuários de crack. E quem instituiu oficialmente essa terra, onde as personagens aumentam e a droga – mistura da pior parte da cocaína com bicarbonato de sódio - é utilizada livremente? E quem gerou esse povo adoecido pelo vício, de todas as idades, que provoca dano a si mesmo, aos seus familiares, a alguns que passam ou residem na proximidade? E quem deu às trevas essa gente que, ao amanhecer, abandona o cachimbo e perambula pelas ruas, em busca de uma marquise que acolha, por poucas horas, os seus pesadelos. Moro na região e os vejo passar como vultos ao encontro de alguém que, pela insistência na súplica, lhes forneça a possibilidade de manter acesas as brasas de seu desejo numa latinha qualquer. Vendem-se e comercializam o que surgir para que, por instantes, enquanto dura a fumaça, não se sintam espectros. Uma das dependentes químicas, moradora de rua, contou-me que denominam o local de toca. Que coisa! O significado de toca é um pequeno buraco, no qual animais ou peixes se escondem de seus predadores. Abrigo ou esconderijo de animais, covil. Quem seria o predador de cada um deles?

Há propostas e discussões incontáveis sobre o tema. Para curar uma inflamação é essencial conhecer o que a provoca. A cracolândia se sustenta em dois pilares: o consumo e a oferta. Aquele que consome, com raras exceções, é de vida negligenciada desde a infância, de família desestruturada, de desequilíbrio emocional e/ou de transtornos psíquicos não detectados no tempo certo para tratamento. A responsabilidade da oferta é sempre do ilícito. Portanto, por maior empenho que exista nos projetos sociais, enquanto sobreviver o mercado delituoso, a maioria dos usuários resolverá sua fissura na compra. Quando não houver mais resposta para o desejo incontrolável, para os desatinos, para o comércio de ilusões, a vontade que restou procurará ajuda na verdade.

 

 

Maria Cristina Castilho de Andrade

É educadora e coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher/Magdala, Jundiaí, Brasil

 



publicado por Luso-brasileiro às 11:53
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CINTHYA NUNES VIEIRA DA SILVA - O DEUS DAS PEQUENAS COISAS

 

 

 

 

 

 

 

            Desde criança sempre tive o desejo de enxergar o mundo em micro. Gostava de observar os formigueiros e imaginar como seria estar lá dentro. Logo que descobri o que era e para que servia um microscópio, quase enlouqueci. Não via a hora de ir para a escola e poder manusear um. Para minha decepção, pouco do que desejei da escola estava disponível aos alunos do antigo pré-primário. Tanto eu estava certa de que aprenderia a ler logo nas primeiras aulas, quanto de que faria experimentos em tubos de ensaio e observaríamos o mundo através de microscópios.

            O tempo era outro e creio que hoje, em boas escolas, as crianças até vivenciem muito do que eu sonhava fazer, mas, de toda forma, naquela época, os microscópios eram muito caros e eu tive que me contentar com uma luneta que ganhei e com a qual segui em minhas infantis e fantásticas incursões pelo mundo pequenino.

            A bem da verdade, nunca deixei de ter essa espécie de adoração e por muito pouco, ao invés da Direito, não enveredei para o mundo da biologia. Tanto que hoje possuo um pequeno, bem simples até, microscópio, mas que me permite observar algumas coisas que me despertam a curiosidade.

            Quando observo o mundo na sua pequeneza é que me convenço de sua grandiosidade. É incrível pensar em como tudo se ajusta, como aquelas bonecas russas (matrioshka) que são colocadas umas dentro das outras, em uma incrível sucessão. Tudo se encaixa perfeita e divinamente. Nesses instantes, durantes essas digressões, penso no Criador, não aquela das religiões, ainda misterioso, complexo e controvertido para mim, mas naquela inspiração inegável que tornou possível a vida que conhecemos. Ninguém, em sã consciência, pode deixar de crer, imaginar que somos somente o resultado de uma alea, de um dado que, em algum tabuleiro, rolou para casa errada...

            Quando penso no Deus das pequenas coisas, naquele Criador que está presente em tudo, penso também em como nós, humanos, somos equivocados. Achamos e usamos os mais tolos e destemperados argumentos para justificar que somos donos do mundo e que tudo aqui está a nos servir. Usamos de tudo e de todos da forma que nos convém, certos de sermos reis, senhores e tiranos auto justificáveis, iludidos e desconhecedores de estamos mais para  crianças ou fâmulos da Criação, ainda no início de nossa aprendizagem, olvidados de que o aprendiz primeiro serve para depois ser servido...

 

 

 

CINTHYA NUNES VIEIRA DA SILVA- Advogada, mestra em Direito, professora universitária e escritora - São Paulo



publicado por Luso-brasileiro às 11:49
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