O termo “sarau”, ao contrário do que pensam ou supõem alguns, não foi deturpado na atualidade, tampouco sua prática, que ganha novas dimensões sem perder a essência.
A definição de sarau diz respeito à “reunião festiva, geralmente noturna, para ouvir música, conversar, dançar; reunião noturna, de finalidade literária; concerto musical noturno”.
Porém, o conceito ampliou-se, na prática, principalmente em grandes capitais, onde a vanguarda aponta para novos caminhos que, via de regra, são seguidos pelos menores centros.
São Paulo é um desses locais. Vem mostrando à sociedade, por meio de seus mais de cem saraus realizados em diferentes regiões da cidade, que a manifestação acontece não só nos finais de tarde e à noitinha como guarda a origem da palavra, e ainda, que o formato expandiu-se. Como bem menciona a professora e crítica, Heloisa Buarque de Hollanda, trata-se de um renascimento "dos velhos saraus de salão do século 19" transfigurados, um "rito de passagem entre o privado e o público".
Muitos saraus acontecem na periferia e dão vazão a talentos que não conseguem expressão em outro local, unindo pessoas com o mesmo interesse e igual necessidade, expondo suas artes, manifestando-se e tendo acesso a informações sobre literatura, música, cinema e trocas que levam a um grau de conhecimento menos tosco do que esse que vivenciamos num cotidiano inundado de superficialidades. Escolas e bares também têm praticado essa modalidade.
Criar tal oportunidade é mais salutar do que fomentar uma discussão teórica inócua sobre alguma morfologia...
Há quatro anos venho realizando com mais duas amigas escritoras o projeto “O que será o Sarau?”, nascido da intimidade, de um ambiente privado, porém, colocado à mostra, publicamente, posteriormente, levando música, literatura, artes visuais, bate-papo e demais discussões temáticas, em vários locais. Este formato é novo em sua aparência, mas conserva a essência dos objetivos de um sarau.
Curiosamente, ao longo desse projeto, frequentei alguns saraus, em São Paulo, dentre os quais os realizados na Casa da Rosas, e constatei que seguem a linha do que nós três idealizamos.
Para os que intermediam expressões artísticas junto à comunidade, é importante saber conservar, mas sem perder de vista as transformações demandadas pelo tempo.
Renata Iacovino, escritora, poetisa e cantora / reiacovino.blog.uol.com.br /
reval.nafoto.net / reiacovino@uol.com.br
Espero que o leitor se lembre do que escrevi nos artigos anteriores, nomeadamente das minhas últimas palavras do último artigo: no seu livro A QUESTÃO ORTOGRÁFICA, Edite Estrela censura os escritores que põem nas palavras sentimentos pessoais. É muito verdade que a ligação afectiva e simbólica que cada um possa ter e dar às palavras não pode servir de base à formação de uma língua–padrão, mas daí a classificar de “mania” os sentimentos de cada um, vai uma grande distância. Até para com as palavras pode haver sentimentos de amor que não devem ser ridicularizados. Creio que já vem de Aristóteles o pensamento de que as palavras e sons emitidos pela voz são símbolo dos estados de alma. Por outro lado, as próprias palavras, como se pronunciam e como se escrevem, parecem imprimir dignidade ou pouca dignidade ao seu significado. O leitor não lhe parece que a palavra mimosa exprime bem o que significa? e que a palavra corriqueira é mesmo, ela própria, corriqueira? e que a palavra canalha tem bem em si o estigma do que representa? Depois de termos apreendido a estrutura de uma língua, associamos som-grafia-significado numa interligação tão perfeita que até parece que cada palavra tem uma aura que faz sentir ou adivinhar aquilo que significa. É por isso que mexer numa língua é assunto muito complicado, pois a linguagem falada e escrita fazem parte da alma nacional de cada povo. Não admira e não é nada de censurar que Teixeira de Pascoais, um grande espírito da cultura portuguesa, muito amasse o y das palavras abysmo e lyrio, que agora e muito a seu contra gosto se escrevem abismo e lírio. Mostrou com isso que tinha sentimentos de poeta que a citada autora E. Estrela não está apta a compreender, mas, mesmo assim, eu quero ser correcto nas minhas acções e afectuoso nas minhas amizades. Porque se me disserem que sou simplesmente correto nas ações e afetuoso nas amizades, eu fico profundamente inferiorizado nos meus sentimentos, por pensar que, afinal, não sou nada correcto nem afectuoso. Aquele c que falta, para mim tem tanta importância como tinha o y para Teixeira de Pascoais!
Tenho falado aos meus leitores do Prof. Vasco Botelho de Amaral, insigne paladino da língua portuguesa. Foi fundador da SOCIEDADE DA LINGUA PORTUGUESA e de um CENTRO INTERNACIONAL DE LINGUAS. Teve uma vasta actividade docente tanto em Portugal como em Inglaterra, sendo, assim, também, um profundo conhecedor do inglês. Soube, como poucos, conjugar a rigidez e correcção gramatical, com a fluidez e poesia do estilo, com a beleza e filosofia da linguagem.
O seu livro MISTÉRIOS E MARAVILHAS DA LÍNGUA PORTUGUESA é um grande repositório de ensinamentos a esse respeito. Ele mostra-nos os sentimentos poéticos, às vezes religiosos, outras vezes profundamente filosóficos, embora de pouca ou nenhuma intelectualidade, que presidiram à formação de muitas palavras e expressões populares. Este autor chama por vezes em seu auxílio o latim e o grego, e não se limita a enaltecer a língua portuguesa, enaltece por vezes outras línguas, principalmente o francês e o inglês, fazendo estudo comparado, a mostrar que também os outros têm uma bela língua, com ortografia e ortoépia formadas com espiritualidade, filosofia e poesia, não porque assim calhou ou se convencionou.
Para mostrar um pouco do que acabo de dizer, permito-me transcrever a parte final do primeiro capítulo da citada obra, intitulado AS VISÕES DO ESPÍRITO NA ALMA DAS PALAVRAS:
Em toda a prefiguração da vida moral, vamos encontrar semelhanças com o mundo físico. Que é um bico? É uma extremidade em ponta, especialmente da boca das aves. As coisas com bico são agudas, pontiagudas. Ah, sim?! Pois, então, transponhamos o mundo físico e alarguemos o poder verbal. E aí temos os negócios bicudos, os tempos bicudos, os assuntos bicudos.
O curso dos acontecimentos da vida, o acaso, o esperado ou o receado, o esperado ou inesperado, tudo, enfim, que compõe o tecido da nossa existência, precisa de representar-se materialmente no nosso espírito. E por isso dizemos que determinado sucesso está por um fio. Esse fio onde existe? Na nossa imaginação.
As palavras, ainda que nomeando coisas externas ao homem, trazem no cerne do seu significado muito da visão humana do mundo, muito do actuar à maneira humana.
O segundo capítulo intitula-se A LUZ DA IMAGINAÇÃO NAS PALAVRAS. Muito teria eu a dizer ao leitor sobre estes assuntos, mas é-me impossível, não só porque não devo plagiar ninguém como também é impraticável expor, mesmo em resumo, o conteúdo da obra citada, que tem quase 700 páginas.
Nós continuaremos, agora mais objectivamente, analisando no essencial as disposições do ACORDO.
LAURENTINO SABROSA - Senhora da Hora, Portugal.
O trabalho de evangelização da Igreja Católica não pára e continua trazendo muita gente para perto de Deus por meio de lindas celebrações da Eucaristia, músicas maravilhosas, shows e meios de comunicação diversos, mas , insisto, poucos abrem os corações a Deus. O que fazer então?
Bem, em primeiro lugar, não podemos desanimar. Se Jesus Cristo nos passou a missão de pregar o Evangelho, temos que nos preparar para altos vôos, levando a Palavra aos mais pecadores. E para atingir um maior número de pessoas, não devemos descuidar da oração. Quanto mais oração, maior será o Reino de Deus na Terra. A oração nos renova na fé, na esperança e nos impulsiona para o serviço cristão.
Agora, você leitor que deseja continuar recebendo graças do Céu e também chegar lá um dia, responda com sinceridade:
Dou prioridade à oração todos os dias? Sou exemplo de vida na minha família? Partilho com os pobres parte do que Deus me deu? Contribuo com o dízimo e algumas outras obras da minha comunidade? Rezo pelo Papa, pelos bispos, sacerdotes, seminaristas, missões religiosas e novas vocações? Faço penitências pela paz no mundo e conversão dos pecadores?
Espero que tenha se saído bem porque, refletindo nas palavras que eu disse, percebi que tenho coisas para melhorar. Só de reconhecer isso, já dou graças a Deus pela renovação que Ele procederá em mim, permitindo que eu viva os próximos anos como ‘água viva’.
E qual justificativa usaria o pecador que não quer melhorar suas atitudes indignas de cristão? Será que se julgaria com capacidade suficiente para caminhar sozinho, carregando sua cruz individualmente? Preste atenção nesta história:
‘Após a morte, um homem estava tentando achar o caminho do Céu, quando encontrou São José. E o santo lhe mostrou uma enorme cruz, dizendo que teria que carregá-la até a entrada do Paraíso. Pois bem, São José foi à frente e o homem com a cruz atrás. No caminho, o serrote de São José caiu e, aproveitando da situação, o pretendente ao Céu cortou um pedaço da cruz, tornando-a mais leve. Mais adiante, novamente a cruz pesou e o homem usou o serrote para diminuir o seu tamanho. E estando bem próximo de se salvar, ele avistou uma vala profunda, onde precisaria da cruz inteira para fazer de ponte e poder passar.’
Bem, o homem ficou fora do Céu. E nós?
Peçamos a Deus que esta reflexão sirva para aprendermos que, quando as condições não forem favoráveis, carreguemos pacientemente a cruz por algum tempo até começarmos o processo de renovação. E quando o peso dos pecados for aliviado, alegremente iniciaremos o processo de ajudar o próximo também.
Diga comigo: amém!
PAULO ROBERTO LABEGALINI - Escritor católico, Professor Doutor da Universidade Federal de Itajubá-MG. Pró-reitor de Cultura e Extensão Universitária da UNIFEI.
A palavra grega ISO, que significa igualdade, é a sigla da International Organization for Standardization, ou seja, Organização Internacional para Normalização, fundada em 1947, e localizada em Genebra, na Suíça. Trata-se de uma entidade não-governamental que edita uma série de normas técnicas, reconhecidas internacionalmente, que visam padronizar e melhorar a qualidade de produtos e serviços de empresas do mundo todo. Milhares de empresas, de mais de uma centena de países, têm investido na busca de um Certificado de Qualidade ISO.Ela pode ser entendida como: – escreva o que e como você faz, e faça como você escreveu.
Do elenco de normas existentes daremos destaque, nesta oportunidade, para a ISO14.001 – Sistema de Gerenciamento Ambiental –, que objetiva prevenir, eliminar ou minimizar os efeitos nocivos ao meio ambiente causados por empresas privadas e públicas. Os passos para a implementação desta norma estão assim definidos: 1.) Comprometimento e definição da política de meio ambiente – 2.) Planejamento do sistema de gestão ambiental (SGA) – 3.) Implementação do SGA – 4.) Medições e avaliações e, 5.) Revisão e melhorias contínuas. Conscientizar, envolver e comprometer – do presidente ao servente – é de fundamental importância para que o SGA atinja as metas pré-estabelecidas. Acompanhar rigorosamente, e validar, cada uma das etapas do processo operacional da fabricação de produtos, e da prestação de serviços, é procedimento obrigatório para garantir o equilíbrio do meio ambiente e a melhoria continuada da qualidade de vida.
Para que o SGA seja bem-sucedido é recomendável fazer um diagnóstico através do diagrama dos 7Ms: 1)mercado,2)mão-de-obra,3)matéria-prima,4)máquinas,5)método,6)medição e 7)meio ambiente. Essa análise crítica nos levará a reduzir as possibilidades de poluição, reutilizar parte do que já foi usado, reciclar todo tipo de sucata e reinventar novos processos operacionais para a fabricação de produtos e prestação de serviços. A agressão ao meio ambiente é, também, um desrespeito à massa consumidora, que está tendo a sua percepção despertada para recusar produtos e serviços de empresas ecologicamente incorretas.
Os gravíssimos problemas que estão ocorrendo com o aquecimento global não devem ser atribuídos apenas á uma parcela da classe empresarial, pois os governantes, também, têm a sua parte de responsabilidade na degradação do meio ambiente. Políticas públicas ineficientes, fiscalização insuficiente, investimentos em saneamento básico aquém das necessidades, excesso de burocracia e corrupção, são fatores da mesma equação – ações públicas ineficazes.
Além da iniciativa privada e dos órgãos públicos cabe, a cada um dos seis bilhões e seiscentos milhões de habitantes do planeta azul, a sua cota de responsabilidade pela preservação do meio ambiente. Combate de desperdício de toda espécie, redução do volume de lixo, coleta seletiva, jogar o lixo no lixo, incentivos á cooperativas de coleta e implementação da CIPRAM – Comissão Interna de Preservação Ambiental são medidas indispensáveis á qualidade de vida.
A educação pode contribuir para que tenhamos maior consciência sobre a chamada - Pegada Ecológica, que significa o “quanto da terra produtiva, área florestal, energia, habitação, água, mar, urbanização e capacidade de absorção dos dejetos cada pessoa necessita, para viver de forma minimamente digna. A esse conjunto de fatores, Martin Rees e Mathis Wackermagel, deram o nome de pegada ecológica, cujo estudo indica 2,8 hectares para cada pessoa”.
Numa simples reflexão sobre alguns textos da Bíblia (Gênesis 1, 24-31 + 2,1-19 e Deuteronômio 8,7-10), podemos encontrar referências sobre a preservação do meio ambiente, desenvolvimento sustentável do ser humano e a destinação social dos recursos naturais da terra. Esse Livro Sagrado prevê, até, punição para os que destroem a Terra (Apocalipse 11:18).
Faustino Vicente - Advogado, Professor e Consultor de Empresas e de Órgãos Públicos – e-mail: faustino.vicente@uol.com.br – Jundiai (Terra da Uva) São Paulo - Brasil
(Publicado em 20 de junho de 2012 no jornal americano ‘The Washington Post’)
Há pelo menos onze anos, desde que os EUA entraram em Guerra contra o Terror, só agora surgiram uns poucos minutes de debate público a respeito de um imposto a ser pago para financiar a guerra. Mas tal imposto será cobrado apenas para a próxima guerra.
Senadores discutem sobreimposto para financiar as guerras na Subcomissão de Apropriação do Senado
“Qual seria o impacto sobre a economia americana, se o país fosse novamente à guerra sem se comprometer em arrecadar um imposto específico para financiá-la – algo que, pela primeira vez na história do país, não foi feito no caso do Iraque ou no caso do Afeganistão”? Foi a pergunta que o senador Democrata de Vermont, Patrick J. Leahy, fez ao Secretário de Defesa Leon E, Panetta, ouvido no inquérito da Subcomissão do Senado de Apropriação de Defesa em 13 deste mês de junho.
Esta é uma pergunta que deveria ser feita ao Pentágono e à Casa Branca, antes que o Presidente da República enviasse forças armadas dos EUA para operações militares no exterior ou aos membros do Congresso para que propusessem uma legislação que autorizasse tais ações militares e que providenciasse a arrecadação fiscal específica para pagar por elas. “Nós, basicamente, levamos adiante esta guerra (Iraque) na base do cartão de crédito”, disse Leahy a Panetta, que tinha sido convocado para discutir o projeto de lei sobre “Apropriação Fiscal de Defesa para 2013”. “Agora, vemos pessoas que exigem mais ação militar em outras partes do mundo e, ao mesmo tempo, não querem saber de forma nenhuma sobre como pagar por isso”. Querem tomar chocolate? Então paguem o que devem! – como diz uma conhecida canção latina.
Nenhum detalhe foi mencionado, mas Leahy obviamente pensava nos preparativos de guerra e como prover a logística e as armas à oposição síria ao ditador Bashar al-Assad proposta pelos senadores: do Arizona, John McCain (Rep.), da Carolina do Sul, Lindsey O. Graham (Rep.), e de Connecticut, Joseph I. Lieberman (Indep.), bem como pelo provável candidato Republicano à Presidência, Mitt Romney e seus assessores. E quem está pronto para pagar o que for necessário caso os Estados Unidos da América tenham que recorrer à ação militar para impedir que o Irã, por exemplo, consiga seu arsenal nuclear? Os esforços na Líbia já custaram mais de um bilhão de dólares.
Leahy podia ter pensado numa autorização do Capitólio ao Presidente Obama para enviar 100 Forças Especiais à África Central em outubro próximo. Elas estarão dando apoio às unidades ugandenses, congolesas e centro-africanas na caça a ao facínora Joseph Kony e seu Exército da Resistência de Deus. Isso tudo sem mencionar possíveis missões que possam vir a ser necessárias na América do Sul, cada vez mais sob o domínio de governos marxistas e progressivamente antiamericanistas.
Panetta respondeu da forma esperada de um ex-diretor da Comissão de Orçamento da Câmara dos Deputados, de um diretor do Escritório de Gerenciamento do Orçamento Federal e de ex-chefe do gabinete do Presidente Bill Clinton, em 1966, quando ajudou a negociar um compromisso de orçamento com os líderes Republicanos no Congresso. “Obviamente”, disse Panetta aos senadores, “se repetirmos o erro de não pagarmos pela guerra que decidirmos fazer, qualquer que seja ela, os resultados serão simplesmente os de se adicionar mais déficit e de aumentar a dívida pública deste país para o futuro. As futuras gerações que se virem para pagar a dívida, porque é certo que, mais cedo ou mais tarde, ela terá que ser paga e, por isso, é que as guerras têm que ter uma contrapartida de compensação econômica”. “Todos nós, no mundo livre – e não apenas os americanos –, temos que arcar com alguma parcela de responsabilidade no levantamento de recursos para pagar pelos custos dessa liberdade, caso necessitemos entrar em guerra”.
Como o Congresso poderia ter votado, em outubro de 2002, às vésperas das eleições legislativas, para dar ao Presidente George W. Bush a autorização para usar a força militar americana no Iraque, se tal resolução também contivesse uma provisão para arrecadar um imposto específico para a guerra?
Em outubro de 2007, um sobreimposto para a guerra no Iraque foi proposto por três deputados federais Democratas — David R. Obey (Wisconsin), então diretor da Comissão de Apropriações da Câmara, John P. Murtha (Pensilvânia), então diretor da subcomissão de Apropriação para a Defesa, e Jim McGovern (Massachussets), então vice-diretor da Comissão de Regulamentações. O sobre imposto seria cobrado na base de 2% da carga tributária dos americanos de baixa e media renda (entre 1.000 e 10.000 dólares/mês) e de 15 % sobre a carga dos americanos de maior renda (acima de 10.000 dólares/mês).
Tristemente, a liderança Democrática na Câmara dos Deputados (House) recusou dar apoio à medida, a qual poderia ter gerado mais de 150 bilhões de dólares/ano especificamente destinados a financiar a guerra no Oriente Médio, ou aproximadamente tudo que o então Presidente Bush buscava naquele ano. A então oradora da Câmara, Nancy Pelosi (Democrata da Califórnia) criticou Bush por “adicionar centenas de bilhões de dólares à dívida para ser paga pelas futuras gerações”, e acrescentou que “exatamente como eu me opus à guerra desde o seu início, me opus a sua convocação, agora me oponho a este sobreimposto para a guerra”.
Em função da situação atual, por que o Presidente Obama não conecta sua demanda no sentido de restaurar o a medida tributária proposta no governo Clinton com a finalidade de arrecadar os 88,5 bilhões de dólares solicitados para o ano fiscal de 2013 para pagar o prosseguimento da guerra no Afeganistão e o contra terrorismo em todo o mundo? Tal conta para ‘Operações de Contingências Exteriores’ (OCE), a apropriação suplementar a ser criada para custear a guerra do Iraque, do Afeganistão e outra qualquer ação militar americana externa no mundo, é esperado que o Congresso continue tentando mantê-la, enquanto os EUA tiver tropas no exterior em luta contra os terroristas e em defesa dos legítimos interesses do mundo livre. Para propósitos de planejamento, o Escritório de Orçamento do Congresso avalia que a conta para as OCE chegue a 44 bilhões de dólares/ano até 2022.
E que tal se Obama, Romney, ou até mesmo os lobistas membros do Congresso criassem um ‘imposto especial de consumo’ sobre as chamadas telefônicas ou mesmo sobre o uso da Internet ou pusessem fim a algumas ‘brechas fiscais’ para arrecadarem os 44 bilhões de dólares/ano necessários para financiar as guerras? Os impostos têm sido usados pelos EUA para pagar as guerras desde 1812 – exceto para as do Iraque e do Afeganistão.
Presume-se que a resposta seja a de que ninguém tem a serenidade para decidir isso, pelo menos num ano eleitoral.
As palavras de Panetta devem ser gravadas em mármore e expostas no Senado e na Câmara dos Deputados, e penduradas numa placa no Salão Oval da Casa Branca: “Francamente, todos nós – e não apenas os americanos – temos, no mundo livre, alguma parcela de responsabilidade no pagamento dos custos das guerras que travamos para proteger os interesses desse mesmo mundo livre”.
WALTER PINCUS - Jornalista Americano. Professor na Universidade de Stanford - USA
("The Washington Post" - 20 de Junho de 2012)
Tradução de FRANCISCO VIANNA, Médico, comentador político e jornalista - Jacarei, Brasil
Visitava a nossa casa, garotinha, filha de industrial, a fim de receber lições de desenho, que meu pai, que cursara Belas-Artes, administrava graciosamente.
A moça, bem nutrida de carnes, não era bonita nem feia, possuía, porém, dois belos olhos, cor de cinza, que refulgiam e fascinavam, de modo a muitos declararem-na formosa.
Estando meu pai, certa tarde, a falar com a mamã da menina, endireitou-se a conversa para lhe ensinar “ corte”, já que trabalhara, como modista, na juventude.
Arregaçou a mulher as finíssimas sobranceiras; esbugalhou os olhos de espanto, e replicou abespinhada: - Sr. Pinho: não quero que minha filha trabalhe… mas que seja doutora! …
Doutora, para ela, era sinónimo de vida folgada; viver do trabalho dos outros.
Trago este episódio a propósito da crónica de João Adelino, pivô e jornalista da RTP, publicada in: “ Dinheiro Vivo”, suplemento do “JN” de 14/04/12.
Conta o cronista: “ Faltava poucos minutos para iniciar mais um debate eleitoral televisivo. Um assessor fez-me saber que um dos convidados ameaçava não entrar no estúdio, porque não o tratei com respeito. E perante o meu espanto, esclareceu que eu era o único jornalista que não tratava o político por “ Senhor doutor”.
Como se sabe, em Portugal, ser “doutor” é imprescindível para quem deseje ser bem aceite. É praticamente título de nobreza, que abre portas à sociedade considerada elegante.
E prossegue o jornalista da RTP: “ Não há convidado na televisão, que não seja apelidado, invariavelmente, de “ doutor” ou “ engenheiro”.
Recorro, agora, à memória, para narrar cena ocorrida com meu pai ao sair da missa dos “ Congregados”:
Louvava-lhe conhecido advogado portuense as crónicas que publicava às sextas-feiras, taxando-as de excelentes; sua mulher, até perguntara-lhe que curso superior tinha o Pinho da Silva.
Como meu pai lhe dissera que não frequentara os bancos universitários, este respondeu: - “Continue…continue…porque para quem não é formado, tem muita habilidade! …”
Regressemos de novo à crónica de João Adelino: “ É muito difícil explicar a um britânico, a um alemão, um espanhol ou qualquer estrangeiro, porque chamamos “doutor” e “engenheiro” a todos nossos políticos. Afinal fora das nossas fronteiras, respeito é chamar alguém simplesmente…Senhor.”
Por isso o Ministro da Economia de Portugal., notável professor universitário, no Canadá, ao desembarcar em Lisboa, disse aos jornalistas, que podiam tratá-lo apenas por “ Álvaro”. Declaração que muitos nunca mais lhe perdoaram.
HUMBERTO PINHO DA SILVA - Porto, Portugal
Troc… troc… troc… troc…
ligeirinhos, ligeirinhos,
troc… troc… troc… troc…
vão cantando os tamanquinhos…
Madrugada. Troc… troc…
pelas portas dos vizinhos
vão batendo, Troc… troc…
vão cantando os tamanquinhos…
Chove. Troc… troc… troc…
no silêncio dos caminhos
alagados, troc… troc…
vão cantando os tamanquinhos…
E até mesmo, troc… troc…
os que têm sedas e arminhos,
sonham, troc… troc… troc…
com seu par de tamanquinhos…
Cecília Meireles
AGÊNCIA DE NOTÍCIAS REDE CARIDADE
AO SERVIÇO DA FAMÍLIA VICENTINA
VISITE E COLABORE
http://www.rededecaridade.com/index1.php
ACABA DE SAIR O NÚMERO 41 ,RELATIVO A JUNHO DE 2012
Sede e redacção: Case Postale,14 . 1246 Corsier, Genéve - Suiça
Museu do Trabalho Michel Giacometti
Largo Defensores da República
2900-470 Setúbal - Portugal
18 de setembro de 2009 (atualizado em 19/05/2012)
A formação do cidadão, no Brasil, é uma das piores do mundo. Não adianta ficar pondo a culpa nas escolas ditas “de ensino superior”, se o ensino fundamental e o médio são de péssima qualidade. Crianças, mal educadas e mal ensinadas, passam de ano como se a finalidade da escola fosse apenas exarar um certificado ao final dos cursos. O sistema educacional em vigor é equivocado e criminosamente mantido por uma seara acadêmica de professores mal preparados, mal pagos, estressados, sem segurança funcional e com alunos que passam de ano com aproveitamento ruim e abaixo do que se poderia conceber como nível de corte para isso.
A educação, quase sempre não recebida em casa ou na escola, favorece o crime, o uso de drogas, a rebeldia contra os valores morais e civilizacionais cristãos e estabelece condutas de agressão e desrespeito aos semelhantes. A competência profissional não é o escopo e o mercado de trabalho por si só não consegue melhorar o nível da oferta de mão de obra qualificada. A sensação que se tem, é que a ignorância, a incompetência, a imoralidade, e a desonra são cultivadas, hoje em dia, como espécies de ‘virtudes’ republicanas e sinais de ‘esperteza’ e inteligência.
O primeiro grande absurdo no sistema escolar brasileiro é a não distinção entre educação e ensino. São coisas díspares, embora complementares, na formação de um cidadão socialmente participativo, ou seja, capaz de formar suas opiniões, e de funcionar de forma política e economicamente ativa (e, pois, socialmente) na manutenção da sua comunidade, estado e nação.
No meu entender, a educação é um conjunto de valores culturais e civilizacionais que a família e não a escola deveria passar para os seus dependentes. Todavia, há que se considerar a realidade de uma possível maioria de famílias desestruturadas, fragmentadas e por muitos motivos – entre os quais se sobressai o acúmulo de gerações mal educadas e mal ensinadas – incapazes de educar quem quer que seja. Então, a escola tem que educar essas pessoas, essas famílias, fazendo-as compulsoriamente alunos para a formação de uma cidadania melhor.
O ensino é o conjunto conhecimentos teóricos e procedimentos práticos cujas técnicas pedagógicas visam o resultado de fazer o aluno aprender tudo aquilo do qual dependerá a qualidade da sua futura vida profissional. O ensino tem que ter como horizonte, a capacitação profissional e a educação deve ter como horizonte a capacitação cultural e a assimilação dos valores morais de nossa cultura judaico-cristã, além de se esmerar na construção de um cidadão democrático, que valorize o mérito e capaz de entender a vida que o cerca, os acontecimentos que se sucedem na sua comunidade, no seu estado, no seu país, e no mundo.
Como se consegue isso?
Primeiramente, adotando essa conceituação básica de diferenciar essas duas partes importantíssimas na formação da cidadania. O próprio conceito de cidadania deve mudar. Há um contingente, ainda minoritário, de pessoas capazes, adimplentes, probas, honradas, e cujas ações devem ser consideradas parâmetros a serem estabelecidos para a formação de um brasileiro melhor.
A cidadania, pois, não deve levar em consideração a faixa etária, mas sim a escolaridade educacional e de ensino. Se transformarmos o certificado de conclusão do segundo grau num chamado ‘DIPLOMA DE CIDADÃO BRASILEIRO’, já estaremos dando um passo gigantesco para criar no Brasil um povo-potência, condição legítima para termos a seguir, como consequência natural, um Brasil-potência. Um país não é rico porque tem um estado totalitário e rico, mas porque tem um povo educado, competente, e, por conseguinte, rico. A falta de educação e a ignorância são preceptoras da pobreza e da miséria. O cidadão mal formado é caldo de cultura para o totalitarismo e a corrupção institucional.
É claro que, a partir daí, todas as pessoas que não tivessem a conclusão do segundo grau não poderiam ser considerados “cidadãos” e, por tal razão, teriam que ser consideradas “dependentes”. Esse grande contingente, ainda majoritário, de dependentes, estaria vinculado às quatro molas propulsoras da sociedade civil:
- o cidadão;
- os grupos de cidadãos;
- as empresas;
- o estado.
O cidadão, em tese, teria sob seus cuidados os seus próprios dependentes, nas pessoas de seus filhos e parentes entregues à sua tutela, que ainda não tivessem terminado o segundo grau. Caso a família fosse formada por pessoas não qualificadas para exercer a cidadania, elas deveriam estar aos cuidados de grupos de cidadãos (associações, sindicatos, ONGs, etc.) que a sociedade civil estimularia para se dedicarem a essa atividade social básica e pioneira.
Tais pessoas, também, poderiam ser adotadas culturalmente e pedagogicamente por empresas nacionais ou internacionais com investimento considerável no país, pois elas são, em tese, as principais interessadas em sua futura ‘mão de obra qualificada’.
Finalmente, caso as três instâncias acima não conseguissem educar e ensinar todas as pessoas dependentes e fazer delas cidadãos qualificados conforme os conceitos acima, o estado assumiria o que sobrasse, a partir do município, depois do estado e finalmente em âmbito federal.
As pessoas em formação, os dependentes, não seriam em nada 'inferiores' aos cidadãos como pessoas humanas, assim como os nossos filhos não são inferiores a nós, seus pais e responsáveis. Apenas seguiríamos a lógica de não lhes exigir o cumprimento dos deveres e responsabilidades inerentes ao exercício da cidadania, ao passo que elas, em contrapartida, enquanto ainda não preparadas para tal, obviamente não usufruiriam os direitos que lhes são consubstanciados.
Os dependentes, enquanto nessa condição, não teriam nenhuma participação política, não poderiam ser proprietários, não pagariam impostos, e exerceriam atividades apenas como aprendizes, mesmo que, por isso, viessem a receber algum tipo de ajuda de custo. Não poderiam, pois, receber salários nem qualquer tipo de honorários profissionais, uma vez que somente os cidadãos educados e profissionais, a partir da conclusão do segundo grau, teriam o direito a isso.
É preciso, também, que os cursos educacionais sejam ministrados paralelamente, mas não misturadamente, com os cursos de ensino de formação profissional. Aí, então, reside o problema dos pedagogos e profissionais de educação e de ensino, em estabelecer quais as matérias ou disciplinas pertencem a cada tipo de formação.
Apenas como ilustração, atrevo-me a dizer que, na minha concepção, as matérias de educação seriam, por exemplo, a Educação moral e cívica, a Educação artística, a Urbanidade, a Leitura e interpretação de textos, a Higiene alimentar e vida saudável, a História do Brasil e Geografia histórica brasileira, a História Universal e geografia histórica da humanidade; a Filosofia; a Educação religiosa; a Estética e Sociabilidade; as Noções de direito e de dever, etc.
Os cursos de ensino profissional abrangeriam, então, as matérias que todos necessitarão nas suas vidas profissionais, tais como: Matemática, Línguas, Ciências Naturais, Ecologia e climatologia, Física, Química, Biologia, Genética, Informática, Administração pública e privada, Matemática financeira, Estudo das Profissões, e outras mais, todas direcionadas à formação de profissionais de nível médio, que é o que o país mais necessita.
O nosso desemprego decorre muito mais da falta de mão de obra qualificada do que da falta de vagas no mercado de trabalho. Vivemos num mundo altamente competitivo onde as pessoas que não estão preparadas para terem uma atividade produtiva, fatalmente terão uma atividade destrutiva.
Cabe aos cidadãos e as suas instituições de representatividade democrática, privadas e públicas, a responsabilidade de zerar o déficit educacional e de ensino que existe de forma alarmante na nossa sociedade.
Dentro desta perspectiva, salta ao entendimento que o interesse geral da cidadania e do estado passaria a ser a formação dos seus dependentes, da melhor maneira e da maneira mais rápida possível, transformando-os e cidadãos de uma qualidade muito melhor à que temos hoje.
A sedimentação de valores éticos e culturais cristãos criaria uma mística de honestidade, honradez e probidade que parece, hoje, estar perigosamente se desvanecendo, se é que, algum dia, tenha existido em nosso país de modo efetivo, principalmente após o advento da república.
Está lançada a ideia. Devemos trabalhá-la para fazê-la prosperar.
O Brasil merece isso!
FRANCISCO VIANNA - Médico, comentador político e jornalista - Jacarei, Brasil
Estamos em pleno mês de junho e tão ou mais populares do que o carnaval, na zona rural do Nordeste, as festas juninas – para Santo Antônio, São João e São Pedro – praticamente sumiram do mapa nas cidades grandes e o que ocorre ainda, como em São Paulo, nos pátios das igrejas e escolas, e em alguns quintais de casas da periferia, são um arremedo das comemorações trazidas ao Brasil pelos portugueses. Na região nordestina, elas coincidem com a época em que se quebram as espigas de milho, ou seja, o tempo da colheita, do frio e o início do ano agrícola. É quando os moradores do campo acreditam precisar mais de proteção, para evitar a influência dos espíritos do mal e para espantá-los, soltam bombas e rojões. Efetivamente, o ciclo junino, urbanizando-se, vem perdendo a sua originalidade, embora ainda se vislumbrem alguns pequenos focos de resistência e nesta trilha, outras ricas manifestações populares também se reduziram de forma significativa, dependentes de poucos entusiastas ou idealistas que procuram mantê-las a qualquer custo.
O jurista Walter Ceneviva em seu artigo semanal no jornal “Folha de São Paulo”, certa feita, discorreu com muita primazia sobre a preservação do patrimônio cultural também como forma de viabilizar da cidadania, ressaltando que ninguém constrói o futuro sem preservar o passado:- ”A Constituição de 1.988 foi a primeira a tratar da proteção do patrimônio histórico e ambiental da Nação. Foi além ao dar armas ao cidadão interessado na proteção. Incluiu no rol dos seus direitos fundamentais e legitimidade para propor ação popular que vise anular ato lesivo à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, como se lê do inciso 73 de seu artigo 5º. O autor do processo nem sequer responderá por custas e honorários de advocacia da parte contrária caso perca a ação, salvo hipótese de comprovada má-fé”.
Por outro lado, destacou que a própria Carta Magna, em seu art. 24, inciso 7º dispôs que é da competência da União dos Estados e do Distrito Federal legislar concorrentemente sobre proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico e paisagístico, ampliando a esfera de controle sobre tais questões: - “Mais que uma questão de economia e de preservação ambiental contemporânea, a preocupação com o patrimônio cultural chama atenção para a nossa transitoriedade enquanto indivíduos.Transitoriedade a ser contraposto à permanência do patrimônio cultural como garantia das gerações que virão, a dos nossos netos de nossos netos. O futuro deles será melhor se nós, no presente, formos fiéis aos preceitos constitucionais mencionados” ( 16/1/94 – “Letras Jurídicas”).
Assim, diante das comemorações juninas, o momento se mostra bastante oportuno para refletirmos sobre a necessidade de compreensão, valorização, respeito e preservação de nossa cultura e de nosso folclore que têm suas raízes no passado. Isto é, a continuação no tempo e no espaço da alma brasileira, das nossas tradições e de perpetuação do que somos hoje.
JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é advogado, jornalista, escritor, professor universitário, mestre em Direito Processual Civil pela PUCCamp e membro das Academias Jundiaienses de Letras e de Letras Jurídicas.
Foi assim, de uma conversa despretensiosa (ou não) com uma amiga, que veio à tona o termo "umbiguismo", dito por ela.
E começamos a tecer as particularidades desse vocábulo, sem saber de sua existência ou não.
Fui aos dicionários e não é que a palavra consta em dois deles?
Os estudos dos lexicólogos parecem estar mesmo atualizados, buscando, dentre outros aspectos, palavras utilizadas na comunidade dos falantes.
E palavras que, claro, encontram par no dia a dia, como é o caso de "umbiguismo", que surge, talvez, em razão de termos como "egoísmo" e "individualismo" não estarem dando conta, tamanho o umbiguismo que assola boa parte das pessoas, na atualidade.
O comportamento que reveste as relações (ou a ausência delas) é um olhar para si próprio. Mas não um olhar para dentro de si, onde poderia haver algum conteúdo, uma quem sabe reflexão, um pensamento um pouco mais aprofundado... É um olhar para o nada de si, pois vazios nos contentamos em ser. O oco tem sido o bastante para nós. E digo nós, pois somos todos responsáveis...
O umbiguismo pode ser identificado por algumas características. E não pode ser confundido com introspecção ou timidez.
O umbiguista geralmente passa à sua frente na fila e entra no elevador antes de todos.
Faz cara de samambaia quando questionado sobre algo, qualquer algo.
No seu discurso prevalece sempre a palavra "eu", dita ou implícita. O umbiguista tudo sabe, tem a verdade sempre na ponta da língua, mesmo que seja uma falsa verdade, capturada em algum comentário duvidoso.
Fala de seus feitos supervalorizando o ato mais banal e nesse momento levanta a cabeça, que normalmente segue abaixada olhando para o próprio umbigo em tempo quase integral. Encarar o outro é insuportável, pois nada mais existe no mundo a não ser ele mesmo.
O umbiguista tem extrema dificuldade, portanto, de ouvir o outro, de se concentrar em alguma história externa a ele, da qual não faça parte, e interpelando quem está com a palavra, tece as suas invencionices.
É imediatista e inconsequente: não observa os problemas que estão acontecendo no mundo e se acha protegido, não vendo necessidade de colaborar para qualquer tipo de melhora coletiva.
Resta, agora, destrinchar, a série de vocábulos que estão se originando dessa perversa forma de comportamento...
Renata Iacovino, escritora, poetisa e cantora / reiacovino.blog.uol.com.br /
reval.nafoto.net / reiacovino@uol.com.br - Jundiaí, Brasil
O que a Igreja diz aos casais que vivem nesta situação?
No Encontro Mundial das Famílias, em Milão, em 2 junho de 2012, foi feita uma pergunta ao Papa, na “Festa dos Testemunhos”, no Parque Bresso de Milão, Itália. Manoel Angelo, um brasileiro lhe perguntou o seguinte: “Alguns desses casais que se casam novamente gostariam de se reaproximar da Igreja, mas veem negados os Sacramentos a eles e a desilusão é grande. Se sentem excluídos, marcados por uma sentença definitiva (…). Sabemos que estas situações e que estas pessoas estão muito no coração da Igreja: quais palavras e quais sinais de esperança podemos dar a eles?”
O Papa respondeu o seguinte: “Na realidade, este problema dos casais em segunda união é um dos grandes sofrimentos da Igreja hoje. E não temos receitas simples. O sofrimento é grande e podem somente ajudar as paróquias, os indivíduos, ajudando estas pessoas a suportar o sofrimento deste divórcio. Eu diria que é muito importante saber, naturalmente, a prevenção, isto é, aprofundar desde o início, no namoro, numa decisão profunda, madura. Além disso, o acompanhamento durante o matrimônio, afim que as famílias não estejam nunca sozinhas, mas realmente acompanhadas em seu caminho.
E depois, quanto a essas pessoas, devemos dizer (…) que a Igreja as ama, mas eles devem ver e sentir este amor. Parece-me um grande desafio para uma paróquia, uma comunidade católica, fazer realmente o possível para que eles se sintam amados, aceitos, que não se sintam “fora”, mesmo que não possam receber a absolvição e a Eucaristia. Eles devem ver que mesmo assim vivem plenamente na Igreja. Talvez, se não é possível a absolvição na Confissão, todavia, um contato permanente com um sacerdote, com um guia espiritual, é muito importante para que possam ver que estão sendo acompanhados, guiados.
Depois, é também muito importante que sintam que a Eucaristia é verdadeira e participada se realmente entram em comunhão com o Corpo de Cristo. Mesmo sem o recebimento “corporal” do Sacramento, podemos estar espiritualmente unidos a Cristo no Seu Corpo. E fazer entender isso é importante, que realmente encontrem a possibilidade de viver uma vida de fé, com a Palavra de Deus, com a comunhão da Igreja e podem ver que o sofrimento deles é um dom para a Igreja, porque serve, assim, para defender também a estabilidade do amor, do Matrimônio; e que este sofrimento não é somente um tormento físico e psíquico, mas é também um sofrimento na comunidade da Igreja, para os grandes valores da nossa fé. Penso que o sofrimento deles, se realmente interiormente aceito, pode ser um dom para a Igreja. Devem sabê-lo, que justamente assim servem a Igreja, estão no coração da Igreja. Obrigado pelo vosso empenho”.
http://ocatequista.com.br/?p=5893
Na Exortação Apostólica pos-sinodal “Sacramentum Caritatis” (n.29), de 22/2/2007, o Papa Bento disse: “Nos casos em que surjam legitimamente dúvidas sobre a validade do Matrimônio sacramental contraído, deve fazer-se tudo o que for necessário para verificar o fundamento das mesmas. Há que assegurar, pois, no pleno respeito do direito canônico, a presença no território dos tribunais eclesiásticos, o seu caráter pastoral, a sua atividade correta e pressurosa; é necessário haver, em cada diocese, um número suficiente de pessoas preparadas para o solícito funcionamento dos tribunais eclesiásticos. (…) Enfim, caso não seja reconhecida a nulidade do vínculo matrimonial e se verifiquem condições objetivas que tornam realmente irreversível a convivência, a Igreja encoraja estes fiéis a esforçarem-se por viver a sua relação segundo as exigências da lei de Deus, como amigos, como irmão e irmã; deste modo poderão novamente abeirar-se da mesa eucarística, com os cuidados previstos por uma comprovada prática eclesial.” (SC, 29)
O Papa Beato João Paulo II já tinha falado do mesmo assunto em sua Exortação Apostólica pós sinodal sobre a família (Familiaris Consórtio, 1981): “Os Padres Sinodais estudaram-no expressamente (…) Juntamente com o Sínodo exorto vivamente os pastores e a inteira comunidade dos fiéis a ajudar os divorciados, promovendo com caridade solícita que eles não se considerem separados da Igreja, podendo, e melhor devendo, enquanto batizados, participar na sua vida. Sejam exortados a ouvir a Palavra de Deus, a frequentar o Sacrifício da Missa, a perseverar na oração, a incrementar as obras de caridade e as iniciativas da comunidade em favor da justiça, a educar os filhos na fé cristã, a cultivar o espírito e as obras de penitência para assim implorarem, dia a dia, a graça de Deus. Reze por eles a Igreja, encoraje-os, mostre-se mãe misericordiosa e sustente-os na fé e na esperança.
A Igreja, contudo, reafirma a sua práxis, fundada na Sagrada Escritura, de não admitir à comunhão eucarística os divorciados que contraíram nova união. Não podem ser admitidos, do momento em que o seu estado e condições de vida contradizem objetivamente aquela união de amor entre Cristo e a Igreja, significada e atuada na Eucaristia. Há, além disso, um outro peculiar motivo pastoral: se se admitissem estas pessoas à Eucaristia, os fiéis seriam induzidos em erro e confusão acerca da doutrina da Igreja sobre a indissolubilidade do matrimônio.
A reconciliação pelo sacramento da penitência – que abriria o caminho ao sacramento eucarístico – pode ser concedida só àqueles que, arrependidos de ter violado o sinal da Aliança e da fidelidade a Cristo, estão sinceramente dispostos a uma forma de vida não mais em contradição com a indissolubilidade do matrimonio. Isto tem como consequência, concretamente, que quando o homem e a mulher, por motivos sérios – quais, por exemplo, a educação dos filhos – não se podem separar, «assumem a obrigação de viver em plena continência, isto é, de abster-se dos actos próprios dos cônjuges».
Igualmente o respeito devido quer ao sacramento do matrimônio quer aos próprios cônjuges e aos seus familiares, quer ainda à comunidade dos fiéis proíbe os pastores, por qualquer motivo ou pretexto mesmo pastoral, de fazer em favor dos divorciados que contraem uma nova união, cerimônias de qualquer gênero. Estas dariam a impressão de celebração de novas núpcias sacramentais válidas, e consequentemente induziriam em erro sobre a indissolubilidade do matrimonio contraído validamente.
Agindo de tal maneira, a Igreja professa a própria fidelidade a Cristo e à sua verdade; ao mesmo tempo comporta-se com espírito materno para com estes seus filhos, especialmente para com aqueles que sem culpa, foram abandonados pelo legítimo cônjuge.
Com firme confiança ela vê que, mesmo aqueles que se afastaram do mandamento do Senhor e vivem agora nesse estado, poderão obter de Deus a graça da conversão e da salvação, se perseverarem na oração, na penitência e na caridade” (FC, 84).
O Catecismo da Igreja diz o seguinte: “São numerosos hoje, em muitos países, os católicos que recorrem ao divórcio segundo as leis civis e que contraem civicamente uma nova união. A Igreja, por fidelidade à palavra de Jesus Cristo (“Todo aquele que repudiar sua mulher e desposar outra comete adultério contra a primeira; e se essa repudiar seu marido e desposar outro comete adultério”: Mc 10,11-12), afirma que não pode reconhecer como válida uma nova união, se o primeiro casamento foi válido. Se os divorciados tornam a casar-se no civil, ficam numa situação que contraria objetivamente a lei de Deus. Portanto, não podem ter acesso à comunhão eucarística enquanto perdurar esta situação. Pela mesma razão não podem exercer certas responsabilidades eclesiais. A reconciliação pelo sacramento da Penitência só pode ser concedida aos que se mostram arrependidos por haver violado o sinal da aliança e da fidelidade a Cristo e se comprometem a viver numa continência completa. (§1651)
“A respeito dos cristãos que vivem nesta situação e geralmente conservam a fé e desejam educar cristãmente seus filhos, os sacerdotes e toda a comunidade devem dar prova de uma solicitude atenta, a fim de não se considerarem separados da Igreja, pois, como batizados, podem e devem participar da vida da Igreja:
Sejam exortados a ouvir a Palavra de Deus, a frequentar o sacrifício da missa, a perseverar na oração, a dar sua contribuição às obras de caridade e às iniciativas da comunidade em favor da justiça, a educar os filhos na fé cristã, a cultivar o espírito e as obras de penitência para assim implorar, dia a dia, a graça de Deus. (§1652)
FILIPE AQUINO - Escritor católico. Prof. Doutor da Universidade de Lorena. Membro da Renovação Carismática Católica.
Considero-me uma pessoa de paixões. Não muitas, mas poderosas. Sou pelo quente e pelo frio, mas não me apetece o morno. Aliás, nada que seja morno pode ser chamado de paixão. Assim, não sei amar nada e nem ninguém senão com todos os meus sentidos, custe-me isso o que me custar ou o que já tenha me custado ao correr da vida.
Sendo uma pessoa visceral, nem poderia ser diferente com minha família. Para mim, constituem tudo o que me justifica, tudo o que tenho de real valor, o que realmente importa, no fim de todas as contas. Assim, o nascimento de cada um de meus sobrinhos, sempre foi para mim um acontecimento ímpar, repleto de significados, de sentimentos pouco passíveis de tradução.
Vibrei ao nascimento de cada uma das meninas, Isadora e Sofia, minhas princesas, pelas quais eu seria capaz de todos os riscos e de todas as dores. Sou, sobretudo, por elas, capaz de todo amor. Daquele amor que nos faz mais leves quando um sorrisinho maroto nos é dirigido, quando ganho um “eu te amo”, um “estou com saudades, tia”...
Nessa terça, dia dos namorados, sem previsão ou avisos, o Otávio, o primeiro garotinho no meu rol de sobrinhos, deu as graças, vindo a esse mundo doido, mas que já o espera de braços abertos. Sua mãe, minha irmã Tricya, caçula entre as três filhas dos meus pais, há bem pouco tempo era minha menininha, a qual cobri de beijos e lágrimas quando soube aprovada no vestibular de medicina. Tanto tempo há se passou, mas a sensação que me invade é de vê-la ainda criança, correndo sempre atrás das irmãs mais velhas, para ser incluída nas brincadeiras, como a menininha brava que não gostava de ser “café com leite” nas brincadeiras com as crianças maiores.
Hoje, mulher feita, não me envergonho em dizer que ainda sinto nela o mesmo cheiro de criança, daquela criança que queria ficar no meu colo enquanto nossa mãe não chegava do trabalho, da menina a quem ensinei a desenhar a primeira flor, riscada na areia da chácara onde morávamos. Tantas coisas, tantas emoções, tantos anos, tanto amor...
Custa-me um pouco acreditar que ela já é a mãe do Otávio, meu sobrinho, meu afilhado, meu pequeno príncipe... Só me resta desejar a ele vida longa, feliz, repleta de amigos, de família, de amor, de paz. O resto, como se diz por aí, é só o resto. Se uma madrinha tem algum poder eu não sei, mas uma tia apaixonada, com certeza possui. Otávio, meu novo amor, nascido em um dia apaixonado, que Deus tenha sempre um olho em você, do Céu e pode contar com os dois, na Terra, enquanto a vida me permitir acompanhar seus passos. Depois, de longe, somarei esforços lá das bandas divinas, mas sempre estarei por perto.
Seja muito bem vindo, Otávio, cujo nome significa aquele que traz a paz, um pacifista nato. Não sei o que a vida lhe reserva, do que será capaz, e nada do que constitui o mistério do destino, mas sei, com certeza, o quanto de paz encheu o coração de sua mãe, minha amada irmã, minha amiga.
Ao meu coração, já completou de amor, no espaço já objeto de insubstituíveis ocupações...
CINTHYA NUNES VIEIRA DA SILVA - Advogada, mestra em Direito, professora universitária e escritora - São Paulo.
Para poder cumprir junto do leitor o que prometi, permito-me sair do Português para lhe falar de Inglês Básico. O leitor sabe o que isso é? É muito possível e totalmente desculpável que não, visto que é assunto que surgiu há uns oitenta anos, e pouco tempo teve de vida. Esse tal “Inglês Básico” foi o inglês vulgar que ficou reduzido a um vocabulário literário e coloquial de 850 palavras, e a poucas mais que fossem necessárias para tratar de assuntos técnicos. Foi inventado por dois catedráticos britânicos, um deles de nome C. K. Ogden para simplificar ao máximo o inglês, e com isso dar-lhe ainda maior prestígio e uso internacionais, Pretendia-se simplificar ao máximo a aprendizagem e uso, talvez numa tentativa de cumprir aquele ideal que antes esteve subjacente no esperanto, língua inventada, por volta de 1890, pelo polaco Zamenhof, que tinha a esperança de ser a linguagem internacional, talvez a única, que uniria a humanidade em fraternidade pela sua adopção. Note o leitor que aqui “básico” não significa “elementar”. O leitor mais interessado que disponha de internet pode consultar na Google e ficar mais elucidado. Não é conveniente querer aqui dizer tudo.
Confesso que falo já um pouco de cor, mas creio que estou dentro da verdade se disser que na época foram publicados vários livros em inglês básico pois na altura o invento teve muito impacto e muita aceitação. O próprio Governo inglês achou óptimo, e, cheio de entusiasmo e de boas intenções, acabou por comprar a patente para que o “inglês básico” fosse património nacional. No entanto, dentro de pouco tempo, tudo esmoreceu e há muito que não se fala nisso, e já poucos sabem o que isso foi. E porquê? Porque havia um excesso de simplificação, e uma língua não é o que alguém inventa. Uma língua reduzida a 850 palavras não tem sinónimos, não tem expressividade poética, não tem imagens literárias, não permite nem arroubos de oratória, nem exprimir com cambiantes espirituais os sentimentos. Só pode ser uma língua seca e fria que colectivamente, no inconsciente e até no consciente, não tem aceitação.
Os intelectuais do Acordo pretenderam uma simplificação e modernização da escrita, como já isso pretenderam os intelectuais da reforma de 1911. De um acordo para outro, novas simplificações são estabelecidas. Algumas simplificações eram desejadas desde já, mas, se calhar, houve uma espécie de acanhamento em as adoptar agora. Para o próximo Acordo, muito provavelmente, vamos ter uma ortografia totalmente subordinada à pronúncia, e fica estabelecido que deve ser chuver em vez de chover. É lógico, se se diz e escreve chuva!... Edite Estrela vem-nos lembrar que a ortografia tem muito de convencional. É verdade, não só a ortografia mas toda a linguagem. Se convencionássemos chamar lápis ao que agora se chama prego entendíamo-nos lindamente! E se convencionarmos que deve ser “assúcar” em vez de “açúcar”, não é por isso que ele deixa de ser doce. Mas as convenções que estão presentes numa língua, são mais acordos tácitos que convenções, não são acordos forjados. Um de muitos exemplos: a palavra mar, está agora convencionado, é do género masculino – o mar; mas dantes era dito a mar, género feminino, conforme continua sendo em francês (la mer). Em Português, mar continua sendo feminino nas expressões baixa-mar e preamar(ou preia-mar) . Ora, não me parece que isso fosse estabelecido por convenção académica. Foi a evolução natural que assim o determinou. O mesmo se deve ter passado com a abolição da palavra raparigo para a substituir pela palavra rapaz, conforme já em tempos falei ao leitor. Por isso, quaisquer normas académicas, necessárias para o estabelecimento de uma língua-padrão, só serão aceites quase sem polémicas e de bom grado por quase todos, se já tiverem um largo campo de aceitação. Foi o que sucedeu, por exemplo na Reforma de 1911, que aboliu o uso de ph, sc, th. É claro que houve quem não aceitasse de bom grado, porque isto de mexer numa língua é muito complexo - mexe com valores e sentimentos de ordem cultural, filosófica e até de estética.
Edite Estrela, na obra que já citei, diz : E havia quem sobrevalorizasse a grafia com base numa ligação afectiva, visual e simbólica com as palavras. Teixeira de Pascoaes antecipava, premonitoriamente, saudades do y de abysmo e de lyrio. Sem o y ambas as palavras perdiam sentido: a primeira na profundidade, a segunda na elegância. A autora desta prosa acha isto ridículo, e, depois de relatar que certo académico brasileiro só aceitava a palavra kágado, não cágado, exclama: A cada um a sua mania!
Que falta de sensibilidade para a estética e filosofia da linguagem estas palavras revelam! Falaremos disso.
LAURENTINO SABROSA - Senhora da Hora, Portugal.
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