PAZ - Blogue luso-brasileiro
Quinta-feira, 30 de Maio de 2013
JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI - A IMPORTÂNCIA DA FESTA RELIGIOSA DE " CORPUS CHRISTI "

A festa de CORPUS CHRISTI, expressão latina que significa CORPO DE CRISTO, é uma das mais importantes do calendário católico e visa reverenciar a EUCARISTIA, na qual, segundo a crença, Cristo se encontra presente, sob as aparências do pão e do vinho, alma e divindade. Efetivada anualmente na quinta-feira após o domingo que sucede o Dia de Pentecostes, outra solenidade litúrgica, a sua principal cerimônia consiste numa tradicional procissão. Esse cortejo, em muitas localidades, segue por ruas enfeitadas com trabalhos artesanais, cujos temas são predominantemente religiosos e geralmente elaborados pelos próprios membros das comunidades, que, entre outros materiais, utilizam-se de pétalas de rosas e resquícios de madeira.
Por seu próprio significado e por ressaltar uma das partes centrais de todo o culto da Igreja - a instituição da COMUNHÃO, talvez o maior dos sacramentos cristãos -, a comemoração de hoje se revela de suma relevância, trazendo-nos à memória, o dia que antecedeu a morte de Jesus no Calvário, quando Ele se despediu dos apóstolos e transformou o pão em seu corpo, pedindo aos seus seguidores que continuadamente repetissem o ato, propagando assim, a lembrança da Sua presença entre os homens. Historicamente, a celebração surgiu na Bélgica para saudar o início da prática eucarística, sendo posteriormente institucionalizada pelo Papa Urbano IV em 11 de agosto de 1264. Preliminarmente deveria ocorrer na Quinta-Feira Santa, coincidindo com a última ceia, mas foi transferida para outra data, entendendo-se que a anterior seria sensivelmente prejudicada pelas liturgias em torno da cruz e da morte do Senhor, na Sexta-Feira Santa.
Para o inspirado e competente escritor Frei Beto, CORPUS CHRISTI “resgata a sacralidade do corpo e a unidade do espírito humano. A proclamação do Credo tem caráter dogmático: ‘Cremos na ressurreição da carne’. É sintomático que não se fale ‘na ressurreição da alma’. Para o Evangelho, o ser humano não admite divisões. Fomos, como todo o universo, redimidos por Cristo. E somos energia condensada em matéria. À luz da fé, imagem e semelhança de Deus, que faz em nós sua morada” ( “Folha de São Paulo”, A-3, 22.06.2000) (os grifos são nossos).
Solenizar, portanto, esta data santificada, significa abrir corações e mentes aos nossos semelhantes, principalmente os injustiçados e oprimidos. É compreender que a palavra de Deus é a que ensina, reconforta e traz esperança, revelando-se nas mais diversas formas, tais como um sorriso infantil, a emoção de uma descoberta, um instante de reflexão, os gestos solidariedade, a liberdade, a luta por igualdade, a fraternidade, o respeito ao próximo e principalmente, a partilha. A maioria das pessoas tem consciência desses atributos, mas por comodidade e apego material, adapta os ensinamentos divinos aos próprios interesses. Interpretam-nos de acordo com tudo que lhes convém, modificando a essência clara e extremamente nítida dos princípios e pregações cristãs. Cria normas de conduta específicas, justificando isoladamente o egoísmo de que é dotada, permanecendo inaudita aos verdadeiros valores. Pratica uma auto-religião, simula atos caridosos e tenta enigmaticamente esconder-se do remorso que a persegue.
É por isso que o mundo se encontra moralmente tão instável e frágil, no qual o predomínio de uma cultura consumista, obediente a ditames exclusivamente econômicos, vem sufocando a espiritualidade e esfriando a convivência humana. Não é só a crise energética, advinda da imprevidade e da falta de planejamento de nossos administradores que nos afeta diretamente. As graves alterações que estão sobrevindo e afetando o curso de nossas vidas, acarretando um estado crônico de desequilíbrio, de preconceitos, de reações violentas ou agressivas, de retrocesso das coisas, fatos e idéias, de dúvidas, incertezas, conflitos e tensão, de desesperança, de alienação e de massificação, na realidade, assentam-se num generalizado afastamento da humanidade de Deus ou até de uma aproximação, que não se concretiza pela ausência de autenticidade no cumprimento de Sua palavra.
Aproveitemos assim a data religiosa, para meditarmos sobre o grau de participação que estamos desenvolvendo na busca de um universo melhor para todos, procurando desvencilharmos da pesada carga de negligências, incompreensões, defeitos e individualismo que vêm assenhorando nossas mentes, impedindo-nos de contemplar a Verdade em razão da névoa de interesses materiais que tem cegado o entendimento quase geral das pessoas.
JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é advogado, jornalista, escritor e professor da Faculdade de Direito Pe. Anchieta de Jundiaí
RENATA IACOVINO - PAIXÃO PELOS VINIS

Entro no quarto e ao colocar minha roupa no mancebo, ao lado do aparelho de som antigo (antigo porque tem toca-discos, discos, gravador de fita K-7... enfim, elementos de minhas reminiscências), deparo-me com alguns plásticos que protegem minhas relíquias em forma de vinil, levemente triturados e as capas que os acompanham também levemente puxadas para fora do compartimento onde ficam guardados.
A quantidade é grande, o espaço entre eles é nenhum. Supõe, pois, algum esforço – que não apenas o sobrenatural – para deixá-los naquele estado, salientes.
Então lembro que outro dia já havia me deparado com tal mistério, porém... olhei e não observei. A correria, os zil problemas rondando a cabeça, talvez tenham sido responsáveis por essa distração, que já se tornou tão corriqueira, tão companheira.
Eis, então, que a cena se repete. E aí sim, o sobressalto sobrepôs-se à distração.
Quem o teria feito, já que nem ninguém, excetuando eu, habita esta casa? Certamente alguém que, como eu, ainda cultua vinis!
Tento averiguar se há algum faltando... não, tudo devidamente com seu espaço apertado, sem folga, com a essencial dificuldade para se desprender, digamos... sozinho!
Neste momento adentra o quarto meu companheiro mais do que fiel, meu gato! E a ficha cai. Como não lembrei que há mais que um habitante neste lar? Então, indago-o: “Dimitri, você por acaso viu alguém entrar aqui? Viu alguma mão pousar sobre ou entre esses objetos que à vista da contemporaneidade são chamados de não identificados???”. Nem uma palavra, apenas um miado rouco, mas que nada revelou.
Empurrei os discos para o lugar. Comecei a ajeitar minhas roupas e as tralhas que costumo levar e trazer nessas idas e vindas de São Paulo para Jundiaí. Então... ouço um barulhinho de plástico, olho para o aparelho de som, lá está ele, Dimitri a puxar um dos vinis. E para minha surpresa, aquele que foi um marco em minha vida: o primeiro disco da Elba Ramalho, de 1979, intitulado “Ave de Prata”. Sinto-me aliviada duas vezes e dou uma risada abraçando meu gato.
Lágrimas tolas me vêm aos olhos. Talvez por crer que só nos animais vejo humanidade hoje em dia. Talvez pelo reconforto em sentir um momento de alegria proporcionado de uma forma tão inusitada. Talvez por me flagrar viva e perceber que nem tudo está perdido.
Renata Iacovino, escritora, poetisa e cantora / reiacovino.blog.uol.com.br /
reval.nafoto.net / reiacovino@uol.com.br
VALDEREZ DE MELLO - COLO, CARINHO E CORAÇÃO

Desde os primórdios dos anos 70 a infância vem sendo cravejada de incertezas e modismos passageiros e a criança passou a ser o imbróglio inibidor da liberdade nas projeções profissionais. E num deslizante infortúnio, crianças dos anos 80 foram declaradas filhos de ninguém com o surgimento da maternidade irresponsável, apesar dos modernos recursos impeditivos da gravidez indesejada, a que surge na barriga da mulher-criadeira, jamais no ventre materno. Gerar é fácil, amar é complicado! Amar é dar prioridade ao filho dependente e sedento de carinho. Amar é abrir caminhos e semear segurança para os primeiros passos! Nos anos 90, mulheres se distanciaram mais e mais da maternidade em busca do sucesso profissional e a infância restou à deriva e, enquanto a família se desintegrava, o lar foi permutado pelas instituições e o falso modernismo foi aplaudido em pé. Com a entrada do novo século, se fez necessário dar continuidade ao malogrado projeto e surgiram as infrutuosas Casas Abrigo. Substituído o lar, apagada foi a chama que aquecia o coração do homem! Hoje questionamos: De onde vem tanta violência infantil? A resposta está na ponta da língua, mas ninguém ousa falar, todos se calam. Límpido está que a agressividade infantil foi crescendo alimentada pelo abandono, rejeição, desamor e solidão entre muitos. Ninguém pode oferecer o que nunca recebeu! A maior agressividade durante décadas foi a falta de colo, carinho e coração. Sem essas ofertas jamais teremos seres humanos amorosos e pacíficos. Colhemos o que durante décadas semeamos. Podemos culpar a modernidade, o consumismo, porém a essência da alma humana não aceita ser agredida e ferida continuadamente com o chicotear da irresponsabilidade. A criança é a maior riqueza de uma Nação, pois é na infância que formamos o cidadão do futuro, o líder, o profissional, o guardião da Pátria! E o que estamos criando? Jovens sem rumo, sem limites e sem herança cultural! Jovens solitários, ociosos e abandonados que abraçam as drogas, que se aliam aos crimes e se afastam de Deus. Falta colo, carinho e coração à infância brasileira! Falta responsabilidade do governo quanto ao cumprimento das obrigações de fazer. Faltam professores e educadores preparados e respeitados que, em parceria com a família, possam desenvolver a verdadeira educação. Quando, na sala de aula, sobre a mesa do mestre, retornar o buquê de flores, colhidas pelas crianças nos coloridos jardins de suas casas, poderemos com sucesso resgatar a infância brasileira!
Valderez de Mello, Pedagoga, Psicopedagoga, Advogada. Autora de Trama e Urdidura e Quintal de Sonhos.
valdemello@gmail.com
Quarta-feira, 29 de Maio de 2013
CINTHYA NUNES VIEIRA DA SILVA - GENTE DOIDA

Tenho pensado muito sobre um mal que, parece-me, está assolando a população. Por mais que eu me esforce, não consigo deixar de reparar que a quantidade de gente doida só vem aumentando. Às vezes eu me questiono se isso se deve ao fato de que a população mundial, em si, vem aumentando e, daí, talvez, por consequência, a quantidade numérica de doidos é que esteja maior, mas não a proporção, em relação aos ditos normais.
Deixo claro que não estou falando daquele tipo de doido que todo mundo é um pouco ou um pouco mais. Todos somos meio estranhos, de um jeito ou de outro, mas se mantemos um dos pés nesse mundo, já damos para o gasto e já é o suficiente para não nos destacarmos da média dos demais. O que falo é dos doidinhos de verdade, dos malucos de pedra, de gente que vive em um universo paralelo, mesmo andando no meio dos outros.
Quero também esclarecer que não me refiro àqueles que tem algum problema mental que os incapacita, que os coloca como merecedores de cuidados médicos, mas de um tipo de doido que anda no meio dos outros, que trabalha, que se reproduz, que vota, que faz mil outras coisas, mas que tem alguns parafusos fora do lugar. É o tal do limítrofe, mas não no sentido médico, técnico. O limite aqui, muitas vezes, é só o fato da pessoa se achar normal e todo o restante das pessoas ter certeza de que ele não é, mas, por uma ou mil razões quaisquer, fingem que está tudo certo.
É o doido que, um dia, chega ao trabalho ou na sala de aula, sem aviso ou suspeita, e, vendo e/ou ouvindo coisas, resolve que precisa matar todo mundo. Sinceramente, ando com medo desse tipo anônimo de gente doida, cada vez mais em moda. De uns tempos para cá, tenho a impressão de que as pessoas vem descompensando por qualquer coisa. Todos os dias eu escuto frases como: “estou com problemas psicológicos e não consigo mais sair de casa, estudar, ser feliz e etc..”, ou “tomo remédios para minha profunda depressão”, “não tenho motivos para viver” e outras tantas coisas que me deixam, sobretudo triste.
Fico triste porque essas frases costumam vir de gente muito jovem, cheia de vida, bem nascida, bem criada, bonita. Gente que teria tudo para, ao menos, ser um pouco mais feliz, mais segura. Que tipo de gente estamos legando para esse mundo? Gente que não é capaz de suportar quase nada e que se dói por qualquer coisa tola, incapaz de separar o que é sério, imutável, doloroso, daquilo que pode ser contornado, superado, vivido...
Todos nós temos limites e isso é óbvio, mas tenho a sensação de que as pessoas estão literalmente “pirando na batatinha”. Por tudo e por nada. Desistir tem parecido mais simples do que tentar, do que batalhar. Mesmo que se possa perder e sempre há um risco, ainda sim a emoção da luta deveria impulsionar as pessoas e não soterra-las sob pilhas de antidepressivos e afins.
Reitero que não estou dizendo que há dores mais fortes do que a natureza humana e que, muitas vezes, é necessária a ajuda de medicamentos e de terapia. Só estou dizendo que a fragilidade das pessoas, atualmente, vem me assustando. Da mesma forma, a quantidade de gente que abandona a normalidade ou a loucura aceitável, para embarcar na loucura da alienação e do egocentrismo. Tenho medo de que, em poucas décadas, estejamos todos psicologicamente abalados demais para continuarmos sendo doidos felizes...
Talvez, ao contrário, a verdade esteja do outro lado, como no conto de Machado de Assis, O Alienista...
CINTHYA NUNES VIEIRA DA SILVA - Advogada, mestra em Direito, professora universitária e escritora - São Paulo.
MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE - " SE ALGUM DIA... "

Hoje tenho certeza de que, ao me aproximar de um grupo de pessoas, que tem em comum dores e temores, às margens da sociedade onde sobrevive, é preciso, de início, ligar o meu coração ao delas, sem preconceitos e discursos, a fim de entendê-las. E é na compreensão, muito além das aparências, que se consegue acender com eficiência, no ponto de trevas, a chama da claridade e do calor.
Essa aprendizagem iniciei há décadas. Antes, acreditava que a Palavra e a convivência poderiam produzir seres semelhantes. Era mínima a minha noção sobre a força das diferenças individuais e o que a história de cada um, desde o ventre materno, esculpe em seu ser. Meus discursos anteriores escorreram pelas sarjetas do submundo, mas o olhar atual, que me liberta de julgamentos, traz à Palavra, embora ela seja eterna, um sentido novo. Diante de histórias repletas de tragédias, com danos provocados pela promiscuidade sexual, pela miséria, pelos desencantos, pela falta de chance para a dignidade, pelo consumo de drogas lícitas e ilícitas, interpreto, lamento e convido ao atrito das pedras que gera uma faísca. Considero que a faísca é do sopro de Deus. Não posso, entretanto, dizer o que devem iluminar. O discernimento das trevas é singular. As minhas sei bem quais são. Sobre o sopro de Deus, porém, é preciso anunciar Sua misericórdia, Seu mistério de Amor, que acolhe, perdoa, reconstrói, e vem pela brisa.
Mas voltando à tradução da pessoa e ao que nos torna próximas. Um dia desses, uma das integrantes da Pastoral da Mulher – Santa Maria Madalena/ Magdala, de mais de 60 anos, comentou sobre uma música que lhe tocava profundamente na voz de Agnaldo Timóteo, no tempo da Jovem Guarda: “Os Verdes Campos da Minha Terra”. Versão de “Green Green Grass of Home” de Curly Putman. Aqui no Brasil, para alguns, é considerada música brega, de cabaré. Não importa. Sensibilizou-me sua voz dorida ao cantarolar: “Se algum dia/ À minha terra eu voltar/ Quero encontrar/ As mesmas coisas que deixei./ Quando o trem parar na estação/ Eu sentirei no coração/ A alegria de chegar./ De rever a terra em que nasci/ E correr como criança/ Nos verdes campos do lugar...” Havia algo muito forte, mais do que a saudade: a volta à infância, ao tempo em que não a corrompera a nódoa do uso pelo aproveitador que explora o trabalho escravo na força do seu braço ou de seu corpo macio para saciar instintos.
Comunguei com ela “os verdes campos de sua terra” e, ao retornarmos ao cotidiano, percebi que dos atritos tantos se desprendera uma centelha: sua esperança centrada em Deus e sua grandeza em perdoar o passado.
MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE - É coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher – Santa Maria Madalena/ Magdala. Jundiaí, Brasil
JOSÉ RENATO NALINI - TUDO BEM, SEM NOVIDADE
Quando criança, havia uma lição do “Livro de Leituras” do curso primário, que tinha esse título: “Tudo bem, sem novidade”. Narrava as aventuras de um estudante brasileiro que, ao chegar de Coimbra nos tempos imperiais e encontrar seu cocheiro com a carruagem a esperá-lo, pergunta como vão as coisas e o empregado responde sempre com essa frase. Só que não era bem assim.
A família falira e os pais tinham morrido. Tudo estava péssimo, porém para o subalterno, tudo continuava na mesma. Isso me faz lembrar a situação brasileira atual. Vejo lojas fechando. Alguns municípios minguando, com sua população jovem partindo para outras plagas, ante a falta de perspectivas. Uma crescente ocupação dos espaços públicos por “moradores de rua”.
Violência explícita em crimes cada vez mais cruéis, violência implícita em todos os relacionamentos. Excesso de veículos, de poluição, de comprometimento do ambiente, perda da biodiversidade. O Brasil nos últimos lugares do mundo em termos de qualidade de vida, de excelência da educação. Descrença na política. Generalização na desconfiança de tudo o que é exercido em nome do governo.
Será excessivo pessimismo enxergar esse quadro, quando se verifica o ufanismo da propaganda oficial, eufemisticamente chamada “comunicação social”? É verdade que o Brasil conseguiu tirar da miséria milhões de brasileiros. Também não é menos verdadeiro que vivenciamos um período de tranquilidade institucional. Frágil e incipiente, a Democracia brasileira parece ter vingado. Desde 1985, não temos autoritarismo.
Mas é preciso estar vigilante. Em volta de nós, há um retrocesso democrático. Governos democraticamente eleitos se convertem ou, melhor se diria, se pervertem. Querem eternizar-se. Consideram-se insubstituíveis os líderes populistas. E só conseguem permanecer nas alturas se, ao mesmo tempo em que cultivam os áulicos, tentam destruir os adversários.
Não se vive o melhor dos mundos. Não se pode descansar sobre aparentes vitórias. A preservação da liberdade e a conquista de nível adequado de vida para os brasileiros depende de muito trabalho e de muita seriedade. Menos discurso e mais ação. E as novidades futuras só poderão ser melhores do que as presentes.
JOSÉ RENATO NALINI é Corregedor Geral da Justiça do Estado de São Paulo, biênio 2012/2013. E-mail: jrenatonalini@uol.com.br
PAULO ROBERTO LABEGALINI - OBRA DE ARTE SEM MOLDURA

Eis que um sujeito desce na estação do metrô de Nova Iorque vestindo jeans, camiseta e boné. Encosta-se próximo à entrada, tira o violino da caixa e começa a tocar com entusiasmo para a multidão que passa por ali bem na hora do rush matinal. Mesmo assim, durante os 45 minutos em que tocou, foi praticamente ignorado pelos passageiros.
Ninguém sabia, mas o músico era Joshua Bell, um dos maiores violinistas do mundo, executando peças musicais consagradas, num instrumento raríssimo: um Stradivarius de 1713, estimado em mais de três milhões de dólares! Alguns dias antes, Bell havia tocado no Symphony Hall de Boston, onde os melhores lugares custam mil dólares!
Cenas gravadas no metrô mostram homens e mulheres de andar ligeiro, copo de café na mão, celular no ouvido, crachá balançando no pescoço, indiferentes ao som do violino. E a conclusão do fato é que estamos acostumados a dar valor às coisas dependendo do contexto. No caso de Bell tocando para a multidão, tratava-se de uma ‘obra de arte sem moldura e sem etiqueta de grife’. Isso acontece a toda hora em nossas vidas, em situações que não envolvem pompas e preços.
Temos controle dos nossos sentimentos e valores independente da manipulação do poder financeiro do mercado, ou será que valorizamos sempre mais aquilo que está com etiqueta de preço? Caridade, por exemplo, precisa de etiqueta para atingir o seu objetivo de servir o próximo?
O que não se compra precisaria sempre valer mais, concorda? Quanto custaria uma amizade sincera, um amor inesquecível, um perdão incondicional, um raio de sol na manhã de inverno, um abraço de uma criança grudada no pescoço? E se desse para comprar, quanto custaria a felicidade? E o amor de Deus por nós, teria como colocar algum preço?
Regina Brett, uma senhora de 90 anos, escreveu as 40 lições que a vida lhe ensinou. Com certeza, ela não venderia isso por dinheiro algum.
1. A vida não é justa, mas ainda é boa.
2. Quando estiver em dúvida, dê somente o próximo passo.
3. A vida é muito curta para desperdiçá-la odiando alguém.
4. Seu trabalho não cuidará de você quando ficar doente. Seus amigos e familiares cuidarão.
5. Pague mensalmente seus cartões de crédito.
6. Você não tem que ganhar todas as vezes. Concorde em discordar de si.
7. Chore com alguém; cura melhor do que chorar sozinho.
8. Economize para a aposentadoria começando com seu primeiro salário.
9. Quanto a chocolate, é inútil resistir.
10. Faça as pazes com seu passado, assim ele não atrapalha o presente.
11. Não compare sua vida com a dos outros. Você não tem idéia do que é a jornada deles.
12. Se um relacionamento tiver que ser um segredo, você não deveria entrar nele.
13. Tudo pode mudar num piscar de olhos, mas não se preocupe: Deus nunca pisca.
14. Livre-se de qualquer coisa que não seja útil, bonito ou alegre.
15. Qualquer coisa que não o matar o tornará realmente mais forte.
16. Nunca é muito tarde para ter uma infância feliz. Mas a segunda vez é por sua conta e ninguém mais.
17. Quando se trata do que você ama na vida, não aceite um não como resposta.
18. Acenda as velas, use os lençóis bonitos, vista lingerie chique. Não guarde isto para uma ocasião especial. Hoje é especial!
19. Prepare-se mais do que o necessário, depois siga com o fluxo.
20. Seja excêntrico agora. Não espere pela velhice para vestir roxo.
21. O órgão sexual mais importante é o cérebro.
22. Ninguém mais é responsável pela sua felicidade, somente você.
23. Enquadre todos os ‘desastres’ com estas palavras: Em cinco anos, isto importará?
24. Sempre escolha a vida.
25. Perdoe tudo de todo mundo.
26. O que outras pessoas pensam de você não é da sua conta.
27. O tempo cura quase tudo. Dê tempo ao tempo.
28. Não importa quão boa ou ruim é uma situação, ela mudará.
29. Não se leve muito a sério. Ninguém faz isso.
30. Acredite em milagres.
31. Deus ama você porque Ele é Deus, não por causa de qualquer coisa que você fez ou não fez.
32. Não faça auditoria na vida. Destaque-se e aproveite-a ao máximo agora.
33. Envelhecer ganha da alternativa ‘morrer jovem’.
34. Suas crianças têm apenas uma infância.
35. Tudo que verdadeiramente importa no final é que você amou.
36. Saia de casa todos os dias. Os milagres estão esperando em todos os lugares.
37. Se todos nós colocássemos nossos problemas em uma pilha e víssemos todos os outros como eles são, nós pegaríamos nossos mesmos problemas de volta.
38. A inveja é uma perda de tempo. Você já tem tudo o que precisa para se salvar.
39. Não importa como você se sente, levante-se, vista-se bem e apareça.
40. A vida não está amarrada com um laço, mas sempre é um presente.
Considere, leitor, que ler isto também não tem preço. E saiba agradecer, rezando e servindo o próximo com amor.
PAULO ROBERTO LABEGALINI - Escritor católico, Professor Doutor da Universidade Federal de Itajubá-MG. Pró-reitor de Cultura e Extensão Universitária da UNIFEI.
Lançamento de livro:
Histórias Cristãs – Editora Raboni – Paulo R. Labegalini (www.raboni.com.br)
FRANCISCO VIANNA - “HEZBOLLAH QUASE PRONTO PARA ATACAR ISRAEL”

É o que garante um comandante do grupo terrorista islâmico no sul do Líbano, alegando que tem recebido recentemente armamentos russos sofisticados.
Mantido com recursos iranianos e sírios, o Hezbollah agora recebe armas russas sofisticadas capazes de “mudar o jogo” na região, o grupo terrorista parece pronto a servir como ‘bucha de canhão’ para os aiatolás.
Segundo relata Reza Kahlili, autor do premiado livro "Um Tempo de Traição” (A Time to Betray)e que serviu no Diretório de Operações da CIA como espião dentro da Guarda Revolucionária do Irã e especialista em contraterrorismo, “o Hezbollah já está num estágio final de sua preparação para atacar Israel numa guerra assimétrica, porém, desta vez, com armamentos sofisticados russos enviados pelo Irã através da Síria” conforme ouviu de um comandante de alto escalão do grupo terrorista.
A revistaTABNAK, uma fonte do regime islâmico iraniano – disse um comandante do Hezbollah sob anonimato numa entrevista para o jornal ALRAI do Kwait – publicou que “graças ao presidente sírio Bashar al-Assad em manter seu compromisso de fornecer tais armas ao Hezbollah, elas finalmente poderão alterar o equilibro de poder na região”. Esse militante terrorista disse ainda que “o Hezbollah tem recentemente feito operações de reconhecimento extensas dos centros militares nevrálgicos em Israel situados nas Colinas de Golan com a finalidade de preparar a próxima batalha contra o ‘regime de ocupação’ na área”.
Revelou ainda o citado comandante que “as armas fornecidas ao Hezbollah pelo Irã, via Síria, são de fabricação russa e são constituídas de mísseis terra-ar Pantsir (SA-22 Greyhound), mísseis americanos terra-ar SAM 5 e mísseis russos antitanques Kornet”. Ainda deu a entender que logo o Hezbollah receberá os avançados e temíveis mísseis russos destruidores de navios Yakhont.
Autoridades americanas, o Primeiro Ministro britânico David Cameron e o Primeiro Ministro israelense Benjamin Netanyahu têm instado o Presidente russo Vladimir Putin a não levar adiante as vendas de tais armas à Síria e ao Irã, incluindo o sistema de defesa antiaérea S-300 e os temíveis mísseis de cruzeiro Yakhont. Mas, apesar desses pedidos, as autoridades russas disseram que vão honrar os contratos já assinados com a Síria, e todo o armamento russo citado será enviado à Damasco e poderá eventualmente cair nas mãos do Hezbollah e do Irã. Disse também que al-Assad ordenou a formação de forças de resistência semelhantes à do Hezbollah, armando-as com várias armas para uma esperada confrontação com Israel. Em 9 de maio ultimo, dias após os caças israelenses terem atacado e destruído um envio de armas iranianas nas vizinhanças de Damasco que se destinavam ao Hezbollah, o líder desse grupo terrorista, Hassan Nasrallah, jactou-se de que a Síria fornecerá ao Hesbollah armas capazes de “mudar o jogo” na região. “O ataque levado acabo pelo regime sionista (em território sírio) vai encurtar a vida desse falso regime”, ameaçou o Ministro da Defesa iraniano Gen. Ahmad Vahidi, após o ataque. Entrementes, o jornal britânico The British Sunday Times relatou, no domingo de ontem, que a Síria começou a empregar mísseis avançados terra-terra, apontados para Tel Aviv, a serem lançados caso novas incursões aéreas de caças israelenses ocorram de novo dentro do território sírio.
Segundo uma fonte proveniente de dentro do aparato de segurança do Irã, há agora pouca esperança de que o regime de Bashar al-Assad possa ser salvo, daí o pânico russo em procurar armar Assad a toque de caixa com armas mais sofisticadas num claro ávido aos EUA e à OTAN para que fiquem fora do conflito. Disse a fonte que o envio rápido de armamento sofisticado pelo Irã ao Hezbollah é parte da estratégia. Ao reforçar seu arsenal, o grupo jihadista libanês poderá atacar em qualquer parte de todo o estado de Israel e, em último caso, forçar Israel a declarar guerra à Síria em função de agressões do Hezbollah a partir de dentro do território sírio, complicando mais ainda a já caótica situação da região.
Israel tem dito que se preocupa com a desintegração da Síria e o cosequente armamento do Hezbollah, e tem advertido de forma contínua que prover armas capazes de “mudar o jogo” ao Hezbollah representa uma linha vermelha que se cruzada automaticamente representará uma declaração de guerra a Israel por parte da Síria.
Apesar das ameaças abertas do Irã a Israel, disse a fonte, as autoridades do regime islamofascista de Teerã não demonstram a intenção de declarar uma guerra convencional direta contra o estado judeu, amenos que os EUA e a OTAN resolvam interferir militarmente na Síria ou caso haja qualquer ataque militar contra o Irã e que as autoridades iranianas estão preocupadas com um possível ataque israelense às suas instalações nucleares na medida em que o Irã busca criar um estado nuclearmente armado que se tornaria então intocável.
Entretanto, os iranianos têm concebido diversos planos visando uma guerra direta contra Israel levando suas forces através da Síria e suas forças por procuração, como as do Hezbollah, para obrigar Israel a enfrentar um conflito mais amplo caso o estado judeu continue a atacar as instalações militares sírias ou os envios de armamentos iranianos para o sul do Líbano.
Os recursos adicionados que o regime teocrático iraniano também tem a finalidade de conceber seus planos de ataques terroristas contra Israel, contra os EUA em seu próprio país e contra seus interesses pelo mundo afora, como advertências para que o ocidente deixe a Síria fora dos seus planos de intervenção militar e para que pare com a pressão sobre o regime islamofascista de Teerã em função de seu programa nuclear ilícito. A queda de Assad – acham eles – culminaria num esforço para então atingir o regime clerical iraniano. Como já foi noticiado recentemente, o Irã não apenas formou uma nova coalizão de planejadores terroristas com as Forças Quds, o Hezbollah, e a al-Qaeda para atacar em território americano, mas também para dar sinal verde para o início de três operações iminentes dentro dos EUA capazes de mudar a percepção americana sobre a sua segurança, que acredita tenha ajudado a desencadear as ações americanas no Oriente Médio.
Segunda feira, 20 de maio de 2013
FRANCISCO VIANNA - Médico, comentador político e jornalista - Jacarei, Brasil
Terça-feira, 28 de Maio de 2013
HUMBERTO PINHO DA SILVA - A CRIANÇA E A ORAÇÃO

Em “ Mistérios de Fafe”, Camilo, o maior prosador de língua portuguesa, descreve magistralmente o diálogo travado entre Rosa, filha de rendeiro de terras, mas educada, desde menina, por fidalga, sua madrinha, e o marido, rústico espingardeiro de Guimarães.
Escreve Camilo, que Rosa, lamentava-se que a sogra, muito beata, obrigava-a a permanecer horas afio diante do santuário de pau-preto, tonta de sono, em continuas rezas, que lhe deixavam os joelhos numa lástima.
O marido, ouvia-a atentamente, e no íntimo dava-lhe razão, mas não era capaz de advertir a velha, sua mãe.
Muitos, mormente na minha juventude, encaminhavam as crianças, para missas enfadonhas, que nada lhes diziam, e obrigavam-nas a rezarem o rosário ou terço, seguidos de litanias infindáveis.
Ora a oração não é um dever, e menos ainda obrigação, mas conversa com Deus, que deve ser franca, simples e alegre.
Não devem ser obrigadas a rezarem orações estereotipadas, que contêm palavras, cujo significado desconhecem.
Basta que saibam o Pai-Nosso e a Avé- Maria e pouco mais, e que as recitem ao deitar e levantar.
Dizia e bem, a filha do Conde Drost Zu Vischering, Clemente Haidenreich, a beata Irmã Maria, que viveu e faleceu na cidade do Porto, que cantar e andar sempre com o pensamento em Deus, já é rezar.
Cantemos com os jovens cânticos alegres, que os incitem a procurar o Senhor.
O bom costume, atualmente em desuso, de ler passagens bíblicas, ao serão, em família, era hábito salutar.
Ofertar aos filhos Bíblia adaptada às crianças é, também, de grande proveito.
Falo da Bíblia, porque é a Palavra de Deus; mas livros devotos ou que apresentam vida de santos, são excelentes para a formação espiritual e moral da mocidade.
Pretende-se que os jovens reconheçam que orar não é repetir orações enfadonhas, como se castigo fosse.
Jacinta, vidente de Fátima, disse que antes das visões, abreviavam a reza do terço, dizendo apenas “Ave-Marias” e “ Pai-Nosso”. Deste jeito o tempo de oração era curtíssimo, e tinham, assim, mais horas de brincadeira.
Para os pastorzinhos, antes de terem contacto com Nossa Senhora, rezar não era diálogo, mas obrigação, que consideravam desnecessária.
Ajudemos os nossos filhos a amadurecerem espiritualmente, lendo as passagens mais interessantes da Bíblia, e entoando, com eles, formosos e edificantes hinos.
Rezar é cantar. Orar pelos doentes, pelos amigos por infelizes e pela paz do mundo e da alma.
Se assim se fizer, por certo, seguirão o caminho certo.
E se “desgarrarem”, afastando-se da Verdade, a culpa não será nossa.
Então resta-nos rezar para que o filho pródigo volte a buscar e reconciliar-se com o Pai.
HUMBERTO PINHO DA SILVA - Porto, Portugal
PINHO DA SILVA - ESCUCHA, MADRE MIA...

Puedo no ser "niño", más soy vida.
Soy vida que comienza, por mi mal...
Y ten piedad de mi, madre querida,
no seas asesina prenatal.
Matar,incumbe a Dios, ese es Su asunto.
Yo, no quiero morir.?Qué mal te hice?
?Por quê me concibiste?...Y aún pregunto:
?por quê te concibieron?! Oh, infelice!
Bien claro se escribió: !NO MATARAS!
Contra el aborto legisló Moisés
(Si abres tu Biblia alli leerás).
Sin, esta "cosa", tal como es,
POR TU CULPA TU HIJO MUERTO!!!
Madre, no tienes fé, eso es lo cierto.
PINHO DA SILVA - Vila Nova de Gaia, Portugal
Versão em castelhano da poesia portuguesa de Pinho da Silva, pelo Professor Doutor Antonio Perpiñá Rodrigues, da Academia de Ciencias Morales y Politicas de Madrid.
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Lançamento do livro: "MARKETING EDUCACIONAL"
Dia: 6 de junho de 2013
Horário: a partir das 19h
Local: Livraria Saraiva - Shopping Diamond Mall - Belo Horizonte
Considerando a vida escolar de uma pessoa que terminou sua graduação, passam em torno de 100 professores. Pense em quantos passaram pela sua
vida e procure identificar quantos se tornaram realmente inesquecíveis. Pelos dados que obtive na pesquisa realizada e durante os cursos e palestras que ministrei nos últimos anos, pude determinar que este número varia em torno de 10% a 12% apenas.
Não é fácil se tornar inesquecível na vida de alguém!
Título: MARKETING EDUCACIONAL - Desperte seus Talentos Pessoais e torne-se um Professor Inesquecível
Autor: ALEXANDRE GOBBO
Editora: WAK EDITORA - 168 páginas
ISBN: 978-85-7854-231-3 - 14x21cm
Valor 32,00
LANÇAMENTOS DA WAK EDITORA
NAS MELHORES LIVRARIAS
Mais informações sobre o livro e sobre o autor no site - www.wakeditora.com.br .
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O Blog dos Países de Lingua Portuguesa
O objetivo do Blog é divulgar os problemas dos países de Língua Portuguesa, foi criado em São Paulo no ano de 2009 o Círculo Fernando Pessoa, que reúne alguns dos dirigentes do antigo Centro de Estudos Americanos Fernando Pessoa, fundado há 21 anos, esse grupo de especialistas discuti e comenta temas como História, Artes, Economia e Política. Uma iniciativa Jornalista e Professor João Alves das Neves, Português da beira que viveu no Brasil por mais de 20 anos.
Outro objetivo é aproximar os 8 países da língua portuguesa facilitando o diálogo e o intercâmbio de informações entre os mais de 250 milhões de habitantes que têm o português como idioma oficial. Portugueses e Brasileiros, Caboverdianos, Guineenses de Bissau ou São Tomenses, Angolanos, Moçambicanos e Timorenses discutem assuntos pertinentes aos seus países.
Todo o conteúdo publicado no blog é livre e pode ser publicado na redes sociais, jornais, revistas, emissoras de rádio e televisão ou outros veículos de comunicação, que tenham interesse pelo assunto, desde que os créditos sejam dados aos autores dos posts, responsáveis por todas as informações. Neste tempo de mudanças, a Revista Lusofonia – o blog dos Países de Língua Portuguesa – é mais uma ferramenta de discussão.
Mais informações:
Fabiola Nese
Relações Públicas
Fone: (11) 99255-3099
fabiola@fesesp.org.br
Última atualização do Blog Revista Lusofonia
A INVEJA E A DEMOCRACIA - Por Humberto Pinho da Silva
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ACABA DE SAIR O NÚMERO DE JUNHO DO FRI-LUSO
PERIÓDICO PORTUGUÊS EDITADO NA SUÍÇA
http://friluso.no.sapo.pt/
Quinta-feira, 23 de Maio de 2013
JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI - JUSTIÇA NÃO É SÓ CONCEITO. TAMBÉM É INSTINTO E SENTIMENTOS

O grande desafio atual é estabelecer os limites mínimos à lógica da verdadeira prestação jurisdicional, levando-se em conta o contexto momentâneo, seus graves reflexos e a enorme desigualdade na distribuição de renda que prevalece no país, precavendo-se para não ser condizente com o crime, nem promover a sua apologia, mas também para não se afastar das causas que o determinam.
Como ensina Arnaldo Vasconcelos, “a base da norma é o fato, sem dúvida, mas o fato axiológicamente dimensionado. Essa apreciação, que se dá quando do surgimento da norma, renova-se todas as vezes que ela é aplicada: os fatos e os valores originais são trazidos a compatibilização com os fatos e os valores do momento presente. Esse processo evidencia o dinamismo do Direito e responde por sua vitalidade” (Ed. Revista dos Tribunais, São Paulo, 1981, p. 38) (os grifos são nossos).
Também sabemos que não há nem pode haver algum Direito individual; todo o Direito é social. As leis devem ser sociais e, em seu sentido mais amplo, são relações necessárias que derivam da natureza, das coisas e, nesta esteira, todos os seres têm suas leis; a divindade, o mundo material, os animais e evidentemente, os homens. Esta é a lição de MONTESQUIEU, no seu consagrado “Do Espírito das Leis”. No entanto, todas as manifestações repousam na premissa de que estas normas legais em seus mundos reflitam a consciência do justo; justiça é instinto e sentimento; não pode ser concebida apenas como conceito.
E conforme dispôs certa vez o advogado Gilberto Domingues Da Silva, “o sentimento de justiça é a síntese impulsionadora da ciência jurídica e se esta em algum momento é mal conduzida, a culpa é dos próprios homens, pois aquela não pensa, quem pensa são eles”. Nessa trilha, espera-se que o bom senso sempre prevaleça; que ocorra uma permanente contribuição de todos para o bem comum e que diminuam os comportamentos refratários às regras de convivência.
Por outro lado, em todas as áreas do Judiciário, os profissionais não devem tomá-las como simples empregos ou forma de amealhar patrimônio, mas antes como uma convicção de vida, como uma verdadeira causa que merece ser servida. Elas representam, antes de tudo, tarefa social, tarefa política. Mesmo porque, toda ação judicial é um evento, algo que se introduz no mundo da realidade e que, como tal, fica sujeito às incertezas e aos riscos que caracterizam a esfera do real, a espera de posicionamentos firmes que possam ao menos, adequá-las aos acontecimentos.
Após tais ponderações, constata-se que nem sempre a letra fria do diploma legal deva ser absolutamente considerada, suscitando a intervenção de métodos interpretativos, plenamente admitidos, para aproximá-la da realidade.
Com efeito, a circunstância de uma mulher permanecer reclusa por quatro meses em função do roubo de um pote de manteiga ganhou recentemente projeção nacional e manifesta repugnância. O flagrante de sua prisão, ao que parece, foi tecnicamente perfeito tendo o Juízo aplicado corretamente a legislação ao caso em tela. Então, qual a razão de tanta indignação? A população, de maneira geral, entendeu que a solução foi incompatível com a situação apresentada e embora previsto e aplicado dentro dos parâmetros legais, o castigo se mostrou nitidamente desproporcional ao delito praticado, sobrando frieza, faltando sensibilidade.
Assim, o desafio no momento é estabelecer os limites mínimos à lógica da verdadeira prestação jurisdicional, levando-se em conta o contexto atual, seus graves reflexos e a enorme desigualdade na distribuição de renda que prevalece no país, precavendo-se para não ser condizente com o crime, nem promover a sua apologia, mas ao mesmo tempo, não se afastar das causas que o determinam.
JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI, é advogado, jornalista, escritor e professor universitário.
MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE - CANÇÂO DE ALMA INDÍGENA

Observo-a adquirindo contornos e emoções de menina-moça. Vem-me a impressão que tive ao notá-la na graciosidade dos seus quase quatro anos. O olhar dela, silente e profundo, me perscrutava. Desejava decifrar quem seria a estranha que conversava com os que lhe eram próximos. Naquela época, embora se envolvesse com folhas em branco, lápis de cor e bonecas, sabia também de dores, como as da oscilação da mãe entre presenças e ausências e as de ter pouso uma hora aqui e outra ali.
Encantam-me a firmeza de seus passos e a doçura de seus sussurros, que trazem, para protegê-la, a alma da aldeia de seus ancestrais. Menina indígena, decidida, no compasso da “Canção do Tamoio” de Gonçalves Dias: “Um dia vivemos!/ O homem que é forte/ Não teme a morte;/ Só teme fugir...”
Quantas fugas ela já presenciou. A mãe imaginava que o pai dessa filha se transformaria em um porto seguro para seus naufrágios. Mas como a noite se agigantava nos seus atalhos e o farol dos nevoeiros estava apagado, para superar as convulsões do oco e dos desencontros, partilhou a droga e a elegeu, em seus desvarios, como ancoradouro. A menina passou a entender que a mãe, sem rumo certo, aspirava algo que trazia afastamento. Quando a queria, ela não se achava. Ao se aproximar, nos momentos de lucidez, a pequena compreendia que era apenas por instantes. Tempos depois, o irmão mais velho, na impossibilidade de voltar ao útero materno, cujo desejo sinalizava ao ficar, em qualquer canto, de cócoras e encolhido, retirou-se de sua realidade através da fumaça. Em seguida, o irmão mais novo, que tentou se considerar homem feito pelo uso de entorpecentes e pelo exercício do poder que cobra com sangue. Há meses, os três – a mãe e os meninos - se encontram em caminho de fortalecimento para reaver a liberdade de ser, com suas dores e tragédias, com suas conquistas e vitórias.
Quantos temores assustaram a menina. O de que o pai, ao se mudar para cidade distante, a esquecesse. Da morte da mãe pelas dívidas. De que os embaraços dos irmãos fizessem ruir por completo a família.
Quantas amarguras estrangularam os seus sentimentos frágeis e que ela não conseguia mais tratar com desenhos coloridos e bonecas, ao enfrentar, na rua e na escola, por parte de gente miúda como ela, preconceito pela visibilidade da mãe nas entranhas do submundo.
Não se entregou e, em momento algum, aderiu às complicações do entorno. Habita nela a “Canção do Tamoio”: “O forte, o cobarde/ Seus feitos inveja/ De o ver na peleja/ Garboso e feroz. (...) Sê bravo, sê forte!/ (...) Meus brios reveste;/ Tamoio nasceste,/ Valente serás./ Sê duro guerreiro”.
No início de maio, me fez portadora de uma carta de agradecimento a uma pessoa que considera madrinha à distância. Contou-lhe sobre a escola e os demais cursos que faz, instalados no bairro onde reside. Seu anseio é conseguir, também, um curso de inglês. Comentou sobre sua revolta com o lucro da criminalidade. Enalteceu o salário, mesmo que pouco, dos trabalhadores honestos. Escreveu sobre seu sonho de que a paz vença a violência e de que, ao crescer, integre uma geração boa e honesta. Citou Martin Luther King, a respeito de quem fez, a pedido da escola, uma redação, destacando: “Eu digo a vocês, meus amigos, embora enfrentemos as dificuldades de hoje e amanhã, eu ainda tenho um sonho. (...) Eu tenho um sonho de que um dia esta nação se levantará e viverá o verdadeiro significado de sua crença – nós celebraremos estas verdades e elas serão claras para todos, que os homens são criados iguais”. Pesquisou, por iniciativa própria, a influência dos pais sobre os filhos, porém acredita que é possível superá-la, quando negativa, e é o que faz, afastando-se dos fantasmas que a rondam e seguindo sua vida, conforme ela afirma, para se tornar uma grande professora de matemática.
É menina canção de esperança em alma indígena, que vence o vitimismo e a fatalidade, e ressuscita os versos de Gonçalves Dias: “Penetra na vida: / Pesada ou querida,/ Viver é lutar”.
Maria Cristina Castilho de Andrade
Coord. Diocesana da Pastoral da Mulher – Santa Maria Madalena/ Magdala, Jundiaí, Brasil.
CINTHYA NUNES VIEIRA DA SILVA - A NEURA

Ela, normalmente, considerava a sim mesma uma pessoa normal. Ao menos na maior parte do tempo, de fato, ela era normal, dentro da média das pessoas normais. O problema é que, no fundo, no fundo, ninguém é completamente normal. Primeiro por que a própria definição de normal não é um consenso e, segundo, porque ser muito normal, de alguma forma, é também ser um pouco esquisito...
É a tal história. Alguém pergunta: o que você acha da fulana? E outro alguém responde:_ ah, ela é bem normalzinha... Enfim, típica coisa esquisita... A questão é que, de perto, ninguém bate bem e compete a cada qual, dentro das suas esquisitices, esconder as mais severas e revelar as inofensivas, até para não ser um normalzinho qualquer da vida...
Ela, assim, por óbvio, tinha suas esquisitices, as quais conseguia disfarçar o necessário não levantar grandes suspeitas ou desconfianças por parte de amigos e familiares. No mais das vezes, estava atenta para seus comportamentos. Nada exagerado, mas uma certa patrulha particular, um certo senso de vigília necessária.
Costumava falar sozinha, fosse para chamar a própria atenção, fosse para “refletir” com seus próprios neurônios. Caso alguém a surpreendesse, ela fingia estar cantando e seguia adiante, sem maiores constrangimentos. Em geral, inclusive, gostava dos papos que tinha consigo mesma, melhores até do que as conversas com algumas pessoas.
Vez ou outra, entretanto, ficava “encasquetada” com certas coisas, assim, de uma hora para outra, sem razões especiais. E foi numa dessas que, ao se olhar no espelho, espantada, acho que seus cotovelos tinha crescido. Inexplicavelmente, haviam ficado pontudos! Examinou-se de todas as formas, por todos os ângulos e a certeza só fazia crescer e tomar corpo. Seus cotovelos estavam irremediavelmente esquisitos!
Apertou, apalpou e cutucou o quanto pode. Nada aparentemente fora do normal na constituição, na consistência. Nada vermelho ou de qualquer outra cor que não sua pele. Seria possível que ela nunca tivesse reparado e que eles fossem, em verdade, esquisitos desde todo o sempre? Ela vasculhou seus arquivos mentais e físicos, na tentativa de se lembrar se possuía alguma foto de seus cotovelos, mas achou mesmo improvável que tivesse tais registros. Anotou, por via das dúvidas, mentalmente, a ideia de fotografar-se em vários ângulos, até para futuras conferências.
Pesquisou, por fim, ainda sem comunicar com ninguém, eis que sem coragem e incerta sobre revelar tal percepção, na internet, sobre possíveis causas de alterações “cotovelonísticas”. Encontrou algumas síndromes, algumas doenças sérias até, mas todas vinham acompanhadas de muitas dores nessa região. Ela tinha dor de cotovelo?? Decididamente, não apresentava tal sintoma.
O dia foi passando e ela não conseguia se esquecer dos benditos. Resolveu colocar uma blusa de manga comprida, a qual os cobria, tudo na tentativa de fazê-la mudar de foco. O que seria dela? Nunca mais poderia usar uma blusa de mangas curtas? Teria que passar por alguma raspagem, algo que diminuísse aquela coisa esquisita? Que estranho mal a estaria dominando?
Quando sua irmã chegou do trabalho, chamou-a de lado, arregaçou as mangas e perguntou: _ Olhe bem e me diga. Você já tinha reparado o quanto meus cotovelos estão pontudos???
A irmã, sem entender direito do que se tratava, olhou para ela e, de forma direta, respondeu: _ Sim!
_ Desde quando, pelo amor de Deus???
_Ah, desde que você nasceu... A propósito, bem esquisitos eles, assim como você...
Aliviada, ela suspirou e concluiu que, no fim das contas, ela estava mesmo na média entre os loucos e os normais do mundo. Ou não...
CINTHYA NUNES VIEIRA DA SILVA - Advogada, mestra em Direito, professora universitária e escritora - São Paulo.