PAZ - Blogue luso-brasileiro
Quinta-feira, 27 de Junho de 2013
JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI - EDUCAÇÃO, DIREITO E MORAL. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A dinâmica educacional visa, em última análise, uma mudança de comportamento, por meio de todo um processo de aprendizagem que se deve buscar também com valores como justiça, solidariedade e respeito ao próximo.

 

 

                            Quem participa de tumultos gerais, fuma em locais não permitidos ou impróprios, realiza "rachas" nas vias públicas, depreda orelhões e escolas, não obedece aos sinais de trânsito, perturba o sossego  público, enodoa paredes e monumentos com tinta "spray" e pratica outros atos como tais, provavelmente, tem evidente desnível de comportamento, talvez, por falta de melhor orientação na época oportuna por parte dos responsáveis.

                           A violência praticada por jovens está ficando cada vez mais preocupante. Muitos fatores têm gerado esse procedimento agressivo, que também alcança os adultos. Os verdadeiros ideais, aqueles que deveriam pautar nossos atos na procura do desenvolvimento da coletividade, estão sendo deixados de lado. Não se ouve falar em união ou solidariedade.

Em nosso país, um dos aspectos que agravam esse quadro é o da justiça social desconhecer o direito de todos à educação, reservando a cultura a uma classe privilegiada e fossilizando, assim, muitas forças humanas. Tal situação impede uma desejada racionalização da moral, em todas as suas manifestações.

A maior parte da população está descambando ao amoralismo, caminho seguro do egoísmo, da insensibilidade, da indiferença, da derrubada dos escrúpulos e da falência dos valores. Por isso, é preciso promover o crescimento pessoal do cidadão como ser moral.

Como regras de conduta, os campos da Moral e do Direito se entrelaçam e muitas normas da primeira se convertem em disposições jurídicas. O moralismo, desta forma, é indispensável à formação do comportamento de cada pessoa. Além da racionalidade, desconhece-se outro predicado no ser humano que o difere dos animais.

A mudança de procedimento, portanto, depende quase que exclusivamente da educação, cuja finalidade é formar homens plenos  em sua humanidade. A preocupação com essa questão preponderante deve nortear nossos governantes e envolver todos os setores da sociedade.

Dora Incontri, jornalista, escritora e educadora, assim se expressou:-

"A educação não pode ser vista como responsabilidade apenas das escolas. Tudo na sociedade pode ser e é pedagógico, em sentido positivo ou negativo. Na família, no trabalho, nos meios de comunicação, na ação política, nos atos religiosos, em qualquer setor de atividade humana, estamos ensinando às novas gerações modelos e propostas de conteúdo técnico, político e moral. Isso é tanto mais verdade na sociedade moderna, em que a criança está em contato com o mundo pela televisão e pela interação intensa com os adultos." (O Estado de São Paulo - 9/12/1995, pág.2).

É visível a necessidade de empenho coletivo para que os reais objetivos educacionais sejam plenamente atingidos, e essa responsabilidade não se limita à autuação do educador, como profissional, mas envolve também uma sensível participação dos órgãos governamentais e dos demais setores sociais para prover e alocar recursos suficientes e adequados ao perfeito cumprimento desses objetivos.

Por outro lado, sabemos que, comprar e pagar, dar e receber, emprestar e devolver, prometer e cumprir, dizer e sustentar, assumir e não desistir, são obrigações comezinhas, ligadas à ética, que é o uso do senso da qualidade nas relações. Esse senso é a percepção das prerrogativas dos outros (naturalmente, para os demais, os outros somos nós). Trata-se da percepção de direitos básicos, revelados nas idéias sobre o que e o que não se pode praticar, o que exige consciência nítida da responsabilidade da convivência.  É a defesa de todos e de cada um contra lesões reconhecidas como tais, contra à pessoa, física e espiritualmente.

                        Assim, respeitar o próximo e a si mesmo em primeiro lugar, são atitudes positivas, de ordem moral e que não se confundem com puritanismo. Ao contrário, são aspectos inerentes à prática do Direito em sua  mais primordial finalidade, que é a de regular a ordem social. Por isso, o objetivo central da educação deve ser o de desenvolver seres humanos com uma razão crítica, com uma visão de mundo ético e humanista, com criatividade, senso estético e equilíbrio afetivo e psíquico. E por mais que isso contrarie muitos tecnicistas da educação, a família e a escola devem se preocupar tanto com valores como justiça, solidariedade, respeito ao próximo, como com matérias básicas como Matemática e Português.

 

 

 

 

JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é advogado, jornalista, professor universitário e escritor.



publicado por Luso-brasileiro às 12:02
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RENATA IACOVINO - SEM SENTIDO

 

 

 

 

 

 

 

 

 

            Surpreendo-me com isto, mas ainda existem pessoas que pensam assim. E pelo que tem demonstrado nossa cara humanidade, existirão sempre.

 

            Afirmar que ter animais ou dar atenção e protegê-los é algo que prejudica o amparo às crianças é, no mínimo, digno de uma pobreza de intelecto imensurável.

 

            A frase feita que permeia tal assertiva causa-me repulsa não só por seu conteúdo raso e oco e por sua pieguice, mas porque planta um sofisma próprio de um pensamento ogro. E quem não entende direito... vai repetindo, passando para frente a inverdade.

 

            O cuidado com um não exclui o cuidado que se deve ter com o outro. E vice-versa. Ao contrário, complementam-se. Mesmo porque convivemos neste mundinho tão grande, habitado por seres das mais variadas espécies e se ignorarmos o cuidado e o respeito que temos de ter com o outro - racional ou irracional - vamos dar cabo rapidinho de nossa existência.

 

            Inclusive porque dependemos tantas vezes dos irracionais para nos dar guarida de todo tipo, não só em questões práticas, mas também, e especialmente, em questões afetivas.

 

            Os que não se julgam preconceituosos e se acham detentores de um conhecimento capaz de resolver os problemas sociais existentes são, em média, os que insistem em disseminar o dito cujo pensamento. Como se essa visão tosca não fosse um preconceito!

 

            Pior os que saem por aí matando animais porque estes os incomodam. O abandono incomoda, não?! "Como pode o abandono morar à minha porta? É preciso eliminá-lo!", assim pensam esses racionais. Curioso é que se encontram uma criança abandonada, apesar de igualmente isto incomodá-los, não matam. Mas só não o fazem porque há pena, porque diante de tal ato a lei não é branda.

 

            Penalizar um assassino de animais é missão quase impossível.

 

            E ambos são crimes, pois ambas são vidas, da criança e do bicho. 

 

            O Homem precisa conviver mais com animais para se tornar humano, pois a convivência amiúde com máquinas vem extinguindo sua essência, sua sensibilidade e sua racionalidade, visto que o pensar aí tem encontrado dificuldades em se estabelecer.         Tudo é imitação, tudo tem que ser igual. Adeus à criatividade, adeus ao que faz sentido.

 

            Hoje, quanto menos as coisas fizerem sentido, melhor!

 

            Sou do tempo em que havia partidos de direita e de esquerda. Hoje, ambos ocupam o mesmo lado da moeda.

 

 

 

 

 

Renata Iacovino, escritora, poetisa e cantora / reiacovino.blog.uol.com.br /
reval.nafoto.net / reiacovino@uol.com.br

 



publicado por Luso-brasileiro às 11:53
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MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE - DR. ALMIR E O RESPEITO PELO OLHAR

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Semana passada, passei por cirurgia da catarata. De acordo com minha amiga psicóloga, Miriam Maion Codarin, preciso de olhos saudáveis para prosseguir enxergando o sofrimento humano e de que eles brilhem e iluminem aqueles que não veem as desgraças dos de extrema pobreza. É a segunda cirurgia. As duas foram pelas mãos do competente médico oftalmologista Dr. ALMIR ABU JAMRA. Acalma a ansiedade perceber o respeito que ele nutre, com suas explicações e cuidados, pelo olhar sem sombras. Ao dizer da necessidade da cirurgia ao restabelecimento, Dr. Almir procede como num ritual sagrado de purificação. E não deixa de ser purificação. A troca da opacidade do cristalino por uma lente recupera a intensidade dos tons e reduz o véu que se sobrepõe à distância. No envelhecimento do cristalino, as formas, mais ou menos afastadas, perdem a identidade e as pessoas se tornam contornos apenas. A cirurgia depura a visão

 

Dentre os votos para que tudo desse certo – agradeço a todos – o do Carmelo São José, desejando que, sobretudo, o meu “olhar de fé” pudesse ver Deus em tudo. E esses acenos de Deus dão sentido à existência humana. Não posso, portanto, ficar atenta apenas ao acontecimento em si, necessito observar o entorno, se quero detectar os sussurros do Céu.

 

Quatro dias antes da cirurgia, a irmã do Dr. Almir, após um tempo de enfermidade, se entregou ao Eterno. Foi para a Luz. Um período de sofrimento para os seus, pois a morte dói naqueles que ficam. Teria ele todo o direito de adiar a cirurgia para viver o luto e as suas dores sem interferências externas, como preocupações médicas que requerem a sua dedicação ímpar. Comentou sobre o impacto de bem-querer que a irmã provocara em incontáveis pessoas, as quais se fizeram presença em seu velório. Observou, ainda, a força da palavra do Sacerdote que presidiu às Exéquias, ao refletir sobre a inutilidade dos acúmulos materiais diante da morte, pois o que fica são as virtudes semeadas pelos caminhos aonde vamos. Com certeza, são as virtudes que criam laços. E se manteve em pé em seu ritual sagrado com o propósito de possibilitar a claridade.

 

Recordei-me da Beata Elisabete da Trindade (1880 – 1906), a jovem carmelita francesa do Carmelo de Dijon. Poucos dias antes de sua morte, declarou que a vida é uma coisa muito séria e que o segredo para realizar o plano do próprio Deus é esquecermo-nos de nós. E que não tinha medo de sua fraqueza, pois o Forte estava nela.

 

Enquanto acontecia a cirurgia, embora um pouco sonolenta pelo anestésico, veio-me outra colocação da Beata Elisabete da Trindade: “Quero ser uma humanidade de acréscimo”.

 

Não tenho dúvida de que o Dr. Almir, além de exímio profissional, é humanidade de acréscimo.

 

 

 

 

 

 

MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE   - É coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher – Santa Maria Madalena/ Magdala. Jundiaí, Brasil

 

 


 

 

NB.: Minha gratidão às secretárias do Dr. Almir e também ao serviço de enfermagem da SOBAM, que é altamente qualificado e de gentileza e carinho no trato.



publicado por Luso-brasileiro às 11:45
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FAUSTINO VICENTE - A BOLA E A ESCOLA

 

 

 

 

 

 

 

Somos, como a maioria dos brasileiros, admiradores do esporte mais popular do mundo, esse incrível futebol. Nossa opinião sobre ele é a seguinte: paixão para torcedores, profissão para jogadores, projeção para diretores e mercadão para investidores. A Copa do Mundo, chamada de o “Everest”do futebol, cuja 20ª edição vai ser disputada no Brasil em 2014 será, também, cabo eleitoral para parte da classe política. Apesar dos conhecidos retornos, que os investimentos públicos e privados deverão trazer, esperamos que os impostos que pagamos, e se transformam na elevadíssima carga tributária brasileira, - uma das maiores do mundo - sejam aplicados em obrigações e responsabilidades específicas dos Órgãos Públicos. A qualidade dos serviços públicos, exceto as “ilhas” de excelência, ainda deixa muito, mas muito a desejar. Esse é um dos motivos que leva “a voz rouca das ruas”, a questionar a realização desse evento em nosso país. Sendo o futebol um segmento empresarial, os investimentos públicos que deverão ser feitos, poderiam ocorrer independentemente do patrocínio da Copa, como fizeram outros países. Sendo o 88º país do mundo em educação, tendo apenas 51% de saneamento básico, 33 milhões de analfabetos funcionais, 6º país em homicídios entre jovens, milhões de moradores em áreas de risco, com elevadas taxas de juros e infraestrutura deficiente, evidentemente, o que falta é qualidade de vida. A educação, singular fator de inclusão social, é o caminho para melhorarmos a nossa, desconfortável, 73ª colocação no ranking internacional do IDH – Índice de Desenvolvimento Humano. Torcendo para que os benefícios pós Copa se concretizem, sugerimos que o Governo desenvolva projetos PPPs – Parcerias público-privada -, permitindo que os estádios (arenas multiuso) sejam palcos para eventos populares e exposições artísticas, motivando o brasileiro para atividades culturais. A consagração da nossa economia, como a 7ª maior do mundo (PIB de R$3,675 trilhões), evidencia que o Brasil não é um país pobre, é um país injusto socialmente e desigual financeiramente.

 

 

 

Faustino Vicente Consultor de Empresas e de Órgãos Públicos, Professor e Advogado – Jundiaí ( terra da Uva ), São Paulo, Brasil.



publicado por Luso-brasileiro às 11:36
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CINTHYA NUNES VIEIRA DE CASTRO - FESTAS JUNINAS
 
 
 

 
 
 
 
 
 
 

            Sempre gostei dessa época do ano, dos meses de junho e julho, do outono que faz os dias mais frescos, do inverno que torna as pessoas mais elegantes e, sobretudo, das festas juninas/julhinas.

 

            Quando criança, era sempre uma emoção quando a professora avisa que teríamos uma quadrilha. Na verdade, eu me sentia atormentada com o fato de não ter um par. Eu tinha muita vergonha dos meninos, de convidar alguém e eu não era a menina mais popular da turma, o que me causava certo embaraço. Algumas vezes, até mesmo minha mãe se dispôs a me encontrar alguém.

            Com o tempo, percebi que teria que fazer os convites e comecei a me virar sozinha, pois o importante era participar. Eu adorava o período dos ensaios, de sairmos no meio das aulas ou mesmo de termos que ir na escola em horário diferente, só para dançarmos. Era um momento de paqueras, de brincadeiras, de risadas e de muita alegria e pureza. Mais do que meninos e meninas, éramos aprendizes da vida...

            Outra coisa bacana era escolhermos a roupa. Todos os anos eu queria que minha mãe comprasse um vestido novo para dançar a quadrilha. Algumas vezes isso era possível e daí era uma festa. Tínhamos que escolher o tecido, as fitas, o modelo, a bota, o chapéu, enfim, a vestimenta completa.

            No dia da dança era outra emoção. Todo mundo de maquiagem caipira. As meninas com pintinhas no rosto e os meninos com bigode e barbicha de lápis preto. Parecendo adultos,  dançávamos ao som da quadrilha e fazíamos parte de outro universo, mesmo que por poucas horas. Ainda tenho muita saudade desse tempo...

            Ainda tinha o Correio Elegante. Alguém ficava incumbido desse papel, de entregar os bilhetes aos alvos escolhidos. Eu sempre ficava esperando receber um especial, daquele menino para o qual meus olhos se inclinavam, mas normalmente o que vinha era de quem eu não queria, embora a emoção de receber já valesse a pena, apenas pelo suspense.

            Ainda hoje gosto de festas juninas. Não preciso mais esperar pelo correio elegante, mas ainda sinto meu coração bater mais forte quando escuto que é preciso pular a fogueira, quando sinto no ar o cheiro de quentão, pipoca e fogos de artifício... E viva São João, São Pedro e Santo Antônio....

 

 

 

 

CINTHYA NUNES VIEIRA DA SILVA    -   Advogada, mestra em Direito, professora universitária e escritora   -  São Paulo.



publicado por Luso-brasileiro às 11:24
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PAULO ROBERTO LABEGALINI - CADA UM É CADA UM

 

 

 

 

 

 

 

 

Se fizéssemos uma pesquisa com comentaristas de futebol que acompanharam a seleção brasileira desde a Copa de 1970 no México, acredito que alguns dos 11 nomes mais lembrados seriam estes: Taffarel, Carlos Alberto Torres, Luiz Pereira, Juan e Roberto Carlos; Falcão, Gerson e Rivelino; Zico, Pelé e Ronaldo.

A seleção B também contaria com muitos craques: Leão, Cafu, Lúcio, Amaral e Leonardo; Júnior, Sócrates e Ronaldinho Gaúcho; Tostão, Romário e Rivaldo.

Imaginando isto como verdade, assim que o resultado da pesquisa fosse divulgado, muita gente ficaria indignada por não ver seus ídolos na relação, tais como: Júlio César, Carpeggiani, Kaká, Clodoaldo, Jairzinho, Careca, Edmundo, Neimar e outros. Sem querer polemizar, eu escalaria Marcos, Ademir da Guia, Edu (ponta esquerda do Santos) e César Sampaio, quatro dos maiores jogadores que vi jogar.

Os torcedores mais antigos diriam que é um crime não considerar os magníficos das Copas de 58 e 62 na pesquisa. Ficaram de fora: Gilmar, Djalma Santos, Mauro Ramos, Nilton Santos, Zito, Didi e Garrincha! Mas, quem tirar do time para considerar mais estes na pesquisa?

Enfim, em cada cabeça há uma sentença, não é mesmo? Principalmente na religião, existem crenças de todo tipo– algumas fundamentadas em história e tradição, outras sem o menor cabimento. Hoje em dia, se alguém disser que tem uma receita mágica para resolver algum tipo de problema, rapidamente haverá um grupo interessado em saber, praticar e divulgar.

Eu soube o caso de um pregador que dizia ter a solução para a aquisição da casa própria: doando um mês de aluguel à igreja, no final de 12 meses conseguiria comprar o seu imóvel. Conclusão: seria tão fácil resolver o problema de habitação no mundo inteiro!

Pois é, sabemos que não é assim que alcançamos graças. Por isso é importante sermos orientados espiritualmente por pessoas sérias, éticas e de boa fé. Um coração recheado de ensinamentos bíblicos vive e caminha mais alegremente.

Leia esta história:

No consultório localizado perto da residência de um médico, um homem bastante doente falou isto em momento de desespero:

– Doutor, tenho muito medo de morrer. Diga-me, o que há do outro lado?

Calmamente o médico respondeu:

– Não sei, meu amigo.

– Você não sabe? E fala com essa tranqüilidade?

Neste momento, ouviram ruídos de arranhões e ganidos do lado de fora do consultório. Quando o médico abriu a porta, um cachorro entrou e pulou festivamente sobre ele. Virando-se para o paciente, o médico comentou:

– Notou o meu cachorro? Ele nunca veio a esta sala, não sabia o que havia aqui, apenas                imaginou que seu dono estava presente. E quando a porta se abriu, ele entrou sem medo. Da mesma forma, não sei quase nada a respeito do que há depois da vida, mas uma coisa eu tenho certeza: o meu Senhor estará lá me esperando. Isto para mim já é o suficiente.

E para você, leitor, é suficiente?

Eu quero, sim, encontrar com Jesus Cristo e Nossa Senhora um dia, mas não tenho pressa. Também não digo isto só por brincadeira, é verdade! Enquanto estou aqui na Terra, tenho oportunidades de ajudar o próximo, amar minha família, servir a Igreja Católica, receber graças da Virgem Maria, evangelizar o nosso povo, fortalecer a minha fé e participar dos Sacramentos. Assim, um dia, espero chegar mais depressa no Céu!

Pode parecer incoerência dizer que não tenho pressa e, ao mesmo tempo, afirmar que quero chegar depressa, mas é assim que a coisa funciona. Quanto mais obras na construção do Reino, menor será o tempo de purgatório e mais rapidamente chegaremos ao Paraíso. Para isso, precisamos vencer o grande desafio comum a todos os cristãos: viver as coisas do alto com os pés no chão!

Infelizmente, há gente que pensa diferente e procura tirar pessoas do caminho do bem, da verdade e do amor. Li na internet o texto que segue; encarei como piada, mas sei que há pessoas que pensam mais ou menos assim:

“Quando uma manada de búfalos é caçada, os mais fracos e lentos – que estão atrás do rebanho– são mortos primeiro. Essa realidade é boa para a manada como um todo, porque aumenta a velocidade média e a saúde de todo o rebanho – pela matança dos mais doentes.

De forma parecida opera o cérebro humano: beber álcool em excesso mata neurônios, mas, naturalmente, a bebida ataca os neurônios mais fracos primeiro. Neste caso, o consumo regular de cerveja, cachaça, uísque, vinho, rum e vodka, eliminam os neurônios mais lentos, tornando o cérebro uma máquina mais rápida e eficiente.

E ainda: 23% dos acidentes de trânsito são provocados pelo consumo de álcool. Isso significa que os outros 77% dos acidentes são causados pelos canalhas que bebem água, sucos, refrigerantes e outras porcarias!”

Nossa, tem cabeça pra tudo!

 

 

 

PAULO ROBERTO LABEGALINI -    Escritor católico, Professor Doutor da Universidade Federal de Itajubá-MG. Pró-reitor de Cultura e Extensão Universitária da UNIFEI.



publicado por Luso-brasileiro às 11:18
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JOSÉ RENATO NALINI - O PODER DOS ÁULICOS

 

 

 

 

 

 

 

Toda pessoa investida em autoridade se vê cercada por um grupo de pessoas cuja exclusiva função é incensar o detentor do cargo. Tenha ou não qualidades excepcionais, o poderoso é incensado. Os talentos do chefe são enfatizados, intensificados e exageradamente louvados pelos subalternos. A subalternidade não é tanto formal, quanto moral. Vocações de capacho se encontram dentro e fora das estruturas.

É a característica de seres humanos desprovidos de espinha dorsal ou dotados de um órgão similar complacente. Habituados à curvatura, ávidos por um exercício contínuo do mais abjeto servilismo. É raro que o ser humano revestido de qualquer parcela de poder continue a mesma pessoa que já foi antes de ter sido aquinhoado com essa porção de responsabilidade.

 

O mais fácil e, portanto, mais comum, é impregnar-se dos melosos fluidos destilados pelos que sobrevivem quais avencas: sempre à sombra do poder. Isso explica, em grande parte, o ridículo de atitudes de arrogância, prepotência, hipersensibilidade ou soberba de alguns pobres seres que se iludem com a temporariedade das glórias humanas. “Sic transit gloria mundi”, é a fórmula sapiencial.

 

Os Césares se faziam acompanhar de um escravo que repetia, enquanto desfilavam pela Roma em delírio: “Lembra-te de que haverás de morrer!”. Hábito que, infelizmente, entrou em desuso. Hoje, as pessoas pensam que vão viver indefinidamente. Esquecem-se de que o mundo existiu durante milhões de anos antes de nós nascermos e que ele continuará a existir depois que, daqui a pouco, viermos a deixar esta esfera terrena. Triste papel o dos áulicos.

 

Não permitem que o poderoso enxergue além do círculo de adoradores permanentes. Impedem que ele se banhe na realidade, que tenha contato com aqueles que, justamente por não partilharem da opinião comum dos bajuladores, poderiam contribuir com a imprescindível busca da verdade.

Essa a feição melancólica do convívio entre os homens, cuja miserável condição os converte em caricaturas, se não souberem distinguir o que efetivamente valem como pessoas, daquilo que representam enquanto detêm o poder. É a figura do “asno com relíquias”, sempre lembrado por Antoine Garapon, meu colega juiz francês e filósofo do Direito e que precisaria ser relido por todos nós.

 

 

 

 

JOSÉ RENATO NALINI é Corregedor Geral da Justiça do Estado de São Paulo, biênio 2012/2013. E-mail: jrenatonalini@uol.com.br.



publicado por Luso-brasileiro às 11:09
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LAURENTINO SABROSA - O NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO E ALGUMAS DIVAGAÇÕES A PROPÓSITO - XVl

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Para terminar as considerações que quis desbobinar a propósito do malogrado ACORDO, tenho a dizer ao leitor mais uma coisa que para mim não é nada fagueira e nobilitante. Se como vimos, há um DIA EUROPEU DAS LINGUAS, também há um dia denominado DIA INTERNACIONAL DA LINGUA MATERNA, instituído por iniciativa da UNESCO, celebrado desde o ano 2000 em 21 de Fevereiro de cada ano, mas que a Comunidade de Países de Língua Portuguesa estabeleceu, em especial para o Português, o dia 15 de Maio. Quer dizer: por um lado, procura-se o multilinguismo, mas por outro, procura-se valorizar a língua de cada país, para ser preservada e venerada pelos seus cidadãos, pois que, na verdade, não há incompatibilidades.

Que se tem feito em Portugal e mesmo nos países da referida Comunidade? Eu não sei de nada, mas, tristemente, sei que não estou só a não saber de nada. Se na internet há algo a esse respeito, eu não consegui encontrar. O que encontramos com muita facilidade, é o desleixo, a ignorância de um povo que não preza a sua língua, com uma crosta de indiferença e apatia tão dura que as poucas vozes que se levantam contra são inoperantes. Até parece que ninguém sabe que existe um DIA INTERNACIONAL DA LINGUA MATERNA, e que os poucos que sabem não se preocupam com aproveitá-lo, para combater toda a espécie de erros, em cartazes públicos, nas ementas dos restaurantes, nos títulos e notícias de jornais. Aliás a preocupação sobre a língua materna,devia existir todo o ano. Mas, ao contrário, durante todo o ano, os nossos políticos, às vezes mesmo em Portugal, fazem gala de discursar em francês ou inglês; as camisolas ou t-shirts da nossa juventude, estão cheias de frases ou letreiros em inglês, alguns muito palermas e descabidos; é a ignorância crassa e confrangedora de quase todos mostrada em programas da TV, nos concursos de ordem cultural – etc. etc., o muito de que já falei ao leitor e o que o leitor pode ver mesmo sem eu lho apontar. Há  muitos textos em louvor da nossa língua. Um deles, que também aparece na internet, é um poema da autoria de José Jorge Letria, de que apenas posso transcrevo uma parte:

A língua que falas e escreves é uma árvore de sons que tem nos ramos as letras,

Nas folhas os acentos e nos frutos o sentido de cada coisa que dizes.

 

……………………………

A árvore desta nossa língua cresce no nosso quintal e definha de vergonha sempre que a tratam mal, sempre que a sujam e vergam com os erros cometidos

por quem usa as palavras sem lhes saber os sentidos

e pensa que a gramática é uma bola de futebol que se trata com os pés.

 

………………………………….

Esta é a árvore de tudo o que se diz em português,

por não precisar de ser dito em alemão ou inglês,

pois temos orgulho bastante para fazermos da nossa língua,

que já foi peregrina e navegante, a pedra mais preciosa, seja em verso seja em prosa.

E o orgulho que temos nesta Língua Portuguesa, irá do berço para escola

e da escola para a rua, pondo em cada palavra uma pepita de ouro e uma centelha de lua, pois afinal, esta língua será sempre minha e tua.

 

 

Poemas como este serão suficientes para manter a chama? Um povo que não tem amor à sua língua, que não a defende suficientemente, principalmente através dos seus professores, dos institutos culturais particulares e estatais, está a deixar fenecer lentamente a sua língua, a perder cidadania a identidade como povo, pelo que também ele acabará lentamente por fenecer com a língua que acabou por menosprezar. Porém, não quero ser de todo pessimista. Eu acredito que um dia os nossos responsáveis vão “acordar” e em vez de tratarem de renovar as raízes da árvore a que se refere Jorge Letria, como parece ter sido o propósito dos intelectuais do ACORDO, vão tratar da frondosa copa que, apesar de raízes sãs, tem manchas de filoxera. E para além disso, eu acredito que PORTUGAL, país, povo e língua, com séculos de história, com um poema épico como os LUSÍADAS, com uma Literatura em que, para além de muita coisa, avulta o lirismo de Camões e de outros poetas de divino estro, PORTUGAL, um país que tem um hino nacional e uma bandeira dos mais belos do mundo e é Terra de Santa Maria, sobretudo em Fátima, é país, povo e língua que acabará por resistir a todas as procelas e vencer todas as crises.

 

 

 

 

 

LAURENTINO SABROSA    -  Senhora da Hora, Portugal

laurindo.barbosa@gmail.com



publicado por Luso-brasileiro às 10:55
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HUMBERTO PINHO DA SILVA - QUEM NÃO TRABUCA NÃO MANDUCA

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Nem sempre o anexim é exacto, quantas vezes, por muito trabucar, é que nunca se passa, como diz o povo: da cepa torta.

 

Convivi, nos meus tempos liceais, com filho de modesto lavrador, que em menino, todos os dias - fizesse sol ou chuva, - acompanhava os irmãos, nas tarefas campestres.

 

Enquanto rasgavam sucos na terra parda, para a água irrigar a viçosa horta, o preguiçoso, permanecia, cantarolando, de papo para o ar, apanhando sol ou jogando pedrinhas.

 

Bem lhe ralhava, o pai, ameaçando-o com severos castigos, e não poucas vezes, pedia auxilio à sibata e ao cinto de celeiro, na esperança que fossem milagreiros.

 

Desesperado, após confidenciar com a mulher, assentou enviá-lo para a cidade, como marçano, na lojinha do primo.

 

Poucos dias decorreram, quando recebeu carta, dizendo que o mocinho era desobediente e nada queria fazer.

 

Lembraram-se, a conselho do Sr. Abade, matricula-lo no liceu. Ao interrogá-lo, respondeu: que sim, se não houvesse a palmatória, que tanto trabalhara na “primária”.

 

Preguiçando, estudando em cima dos exames, copiando e colando aqui e ali, completou o curso.

 

Tornou-se abastado advogado, enquanto os irmãos, por serem trabalhadores, terminaram a velhice a labutar a terra, com modestíssimos rendimentos.

 

Outro assunto; o mesmo tema:

 

Nos anos cinquenta, meu pai, conheceu religiosa, muito risonha, de olhinhos vivos e gaiatos, que, cavaqueando, confidenciou-lhe:

 

- “ Fui mulher de limpeza num hospital dirigido pelas Irmãs Hospitaleiras. Diziam-me: “ Altina, limpe aqui! Altina, precisa de ter mais cuidado!" Os médicos eram mais duros: “ Altina, parece que tem ovos debaixo dos braços! Altina, quer que me queixe à madre superiora!?" Agora, que sou freira, tratam-me carinhosamente por irmã, e até o Sr. director, beija-me respeitosamente, a mão!”

 

Outra história, não menos curiosa:

 

Décadas a traz, havia em terras transmontanas, freira que passava as férias na aldeia natal. Ao perguntarem-lhe se gostava da vida religiosa, prontamente respondia, muito espevitada:

 

- “Aqui na aldeia tinha que levantar-me de madrugada para apanhar azeitona, em pleno Inverno. Mondava até quebrar a espinha e ceifava até o suor cair em bica. Agora tenho criadas para os serviços pesados…”

 

Mais outra, não menos interessante:

 

Com a chegada da democracia, a Portugal, chegaram pastores evangélicos, com mulher e filhos.

 

Quase todos levavam vida folgada. Os crentes murmuravam, em surdina, que auferiam salários principescos.

 

Jovens, constatando que era menos penoso ser pastor do que padre, tiveram súbitas “ conversões” e “vocações”, na esperança de vida melhor, do que lavrar terra e trabalhar na oficina.

 

Pobre diabo – salvo seja! - de S. Mamede Infestas, que percorreu seis denominações e terminara em pequeníssima garagem, com meia dúzia de fieis, lamentava-se, com pontinha de inveja, que cozinheiro afortunado, tornou-se pastor e ganhava seis contos mensais! - e com largo gesto desanimador, rematava: limpinhos! …limpinhos! …

 

Com isto termino, dizendo, embora pareça paradoxo, que quem muito se afadiga, nem sempre tem sorte, já que este permeia, quantas vezes, quem não gosta de trabucar.

 

Bem diz o nosso povo: ninguém chega a rico, trabalhando...

 

 

 

 

 

 

HUMBERTO PINHO DA SILVA   -   Porto, Portugal



publicado por Luso-brasileiro às 10:37
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EUCLIDES CAVACO - GÉNIO LUSO

 

 

 

 

 

 

 

GÉNIO LUSO É o poema que vos deixo esta semana alusivo às celebrações do dia de Portugal, de CAMÕES e das Comunidades Portuguesas com desejos dum FELIZ DIA DE PORTUGAL para todos os portugueses espalhados pelo mundo. Veja este tema em poema da semana ou aqui neste link:

 

 

http://www.euclidescavaco.com/Poemas_Ilustrados/Genio_Luso/index.htm

 

 

 

Euclides Cavaco  - Director da Rádio Voz da Amizade.London, Canadá

cavaco@sympatico.ca



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Sexta-feira, 21 de Junho de 2013
CINTHYA NUNES VIEIRA DE CASTRO - REVOLTAS

 

 

 

 

 

 

 

            Moradora da cidade de São Paulo, tenho tido que lidar com a questão das revoltas ditas “estudantis” contra o aumento das tarifas de ônibus. Eu confesso que tentei me manter neutra em relação ao tema, guardando minhas opiniões para mim mesma, mas, depois de muito ouvir sobre o assunto, sou compelida a tecer algumas considerações.

            Para quem não sabe ou para quem vem acompanhando apenas pela televisão, é preciso dizer que, de cara, as manifestações dos estudantes vem causando todo tipo de reações, de sentimentos e toda sorte de empatia e antipatia. Tenho percebido que, longe de haver um consenso, a própria discussão sobre o tema já se mostra capaz de dar azo a ânimos acirrados...

            Antes de mais nada, eu preciso dizer que, na essência, sou favorável ao movimento, ao fato da população deixar de lado a indiferença e dizer que o que pensa, o que quer. Está claro e mais do que isso, dispensa maiores esforços semânticos o fato de que pagamos demais para serviços de menos. Nossa segurança, nossa educação, nossa saúde e nossos direitos são vilipendiados de forma reiterada e descarada, como se o dinheiro público tivesse a única função de encher a burra de políticos corruptos. Já está na hora de deixarmos de ser um país de bananas, de gente que se resigna diante de toda espécie de abuso de poder.

 

                Contudo, por outro lado, ando desconfiada do mote real desse movimento contra o aumento da tarifa de ônibus na cidade de São Paulo. Não estou convicta das verdadeiras razões; nem das sabidas nem das escamoteadas. Acredito que muita gente está lá crente de que faz o melhor por si e pelos seus, mas talvez estejam sendo mal conduzidos ou manipulados.

 

                Diante das recentes ondas de violência que tem vitimado muitos inocentes, com gente sendo queimada por não ter dinheiro, ou levando um tiro na cabeça por estar com um pouco dele, com gente sendo vítima apenas porque está na frente do interesse de algum marginal, eu acho no mínimo estranho que a grande revolta dos jovens tenha se dado por conta de vinte centavos a mais na passagem. Vejam bem, não digo que o motivo não é justo e sei que, no fim do mês, para quem depende desse meio de transporte, o montante pode significar um aumento significativo em orçamentos apertados, mas eu me sinto como se assistisse gente atirando bomba em passarinho, logo depois de ter sido atropelada por uma manada de elefantes, passivamente.

 

                Já me perguntei se isso não seria o chamado “efeito gota d’água”, se não teria sido apenas um estopim, um caminho inevitável, a tão sonhada tomada de posição da população brasileira, mas, de todo coração, não estou certa disso. Para mim, estão misturando as coisas, estão usando meios e argumentos errados e estão punindo muita gente para quem os vinte centavos são verdadeiramente  indispensáveis.  Pode até ser que o equívoco esteja sendo de poucos, mas quando se apreende no meio dos manifestantes, drogas, facas e afins, quando se vê o caminho de estrago, de pânico e violência que fica para trás, não sou, ainda, capaz de crer em suas totais boas intenções...

 

                Pode ser que a polícia esteja cometendo excessos? Pode ser. Mas seu papel é manter a ordem e se precisam proteger a integridade dos bens públicos e das pessoas que não desejam fazer parte ou não acreditam na legitimidade do movimento, então, dentro de um estado de direito, deverão responder no que ultrapassar os limites da lei.

 

                Se cinco, dez mil estudantes estivessem acampados, dia após dia, na frente dos prédios do executivo, do legislativo, de quem tem o poder formal de mudar alguma coisa, eu não apenas irei aplaudir, como irei incentivar. Que não fosse apenas pelo transporte, mas que fosse pela saúde, pela moralidade, pela segurança, pela cidadania.

 

                Seja como for, aqui a história não é como aquela da tartaruga que é achada encima da árvore. Nesse caso, todo mundo sabe como o prefeito foi parar na Prefeitura... Espero que a memória dos estudantes envolvidos no movimento, sobretudo, não seja tão fraca a ponto de mudar de foco até as próximas eleições...

 

                Termino dizendo que não acredito em mocinhos e bandidos, mas que não aceito, por outro lado, que me queiram impor uma posição. Essa é apenas minha opinião e nada mais do que isso. Leia quem quiser...

 

 

 

CINTHYA NUNES VIEIRA DA SILVA    -   Advogada, mestra em Direito, professora universitária e escritora   -  São Paulo. 



publicado por Luso-brasileiro às 11:50
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MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE - QUANDO A VIDA FAZ DIFERENÇA

 

 

 

 

 

 

O menino apegou-se à mamãe à primeira vista. Amor de bisneto à bisavó. Estava com seis anos e ela com 82. Passou a tratá-la de Vozinha. O menino se fez para ela, nos dois dias da semana em que ensinava artesanato, experiência de acalanto. A tal ponto que chegava a abdicar de brincadeiras infantis para permanecer ao seu lado. E teimava em ser seu aluno. A mamãe lhe trouxe uma tela de tapeçaria, com a figura do Mickey, que ele bordou com esmero. É o quadro que possui na cabeceira da cama.

Intenso na afetividade, mas também nas peraltices. Ao se aproximar a adolescência, considerava-se com direito a ser livre, no horário de volta para casa, na frequência ou não à escola, nas amizades com garotos mais velhos, envolvidos com a clandestinidade. Passou a se rebelar ao ser corrigido por um adulto, alguém mais próximo ou mais distante. Não o perdíamos de vista, por crermos que é possível, sem deixar de insistir nos limites, trazer de volta ao equilíbrio pelo fio da afeição.

As ruas possuem becos escuros. O acesso é facilitado, todavia há riscos do regresso ser interrompido pela morte. Quantos meninos de vida tragada pela droga, pelo crime, pela arrogância por possuir uma arma de fogo. Existe para diversos, nessa idade, que têm acesso fácil à rua e possuem autoestima rebaixada, uma atração por desvendar o que existe por trás dos lugares sombrios. Pensam que serão bem sucedidos em algo e se transformarão em adultos antes do tempo, sem dar satisfação em casa.

Nos anos retrasado e passado, ele se inseriu e se distanciou por algumas vezes do projeto Casa da Fonte - CSJ. Faltava às aulas ou se comportava inadequadamente. Era convidado a retornar somente com a presença da mãe. Ficava um tempo sem aparecer e depois insistia, chorando, para que fosse matriculado de volta. Educar exige paciência,  tolerância, proximidade e obstinação para indicar o correto. Embora com oscilações tantas, ao adentrar o espaço, nos dias das aulas de artesanato, era sua Vozinha que buscava  primeiro.

Neste ano voltou decidido a mudanças. Alguns resquícios de atitudes anteriores são mais fáceis de corrigir. Aceita conselhos e reprimendas. Afastou-se dos desvios e a frequência na escola é satisfatória. Gosta de futebol e de outros jogos. Interessa-se pelas atividades que propomos por considerá-las adequadas. Nem que seja por um instante, porém, saúda carinhosamente a Vozinha.  Fez 13 anos e ela 89. A distância no tempo, creio que pela ternura, não os afasta. Semana passada, chegou até ela com uma mão em concha e a outra cobrindo algo. Desejava que adivinhasse o que trazia em proteção. Comentou que ela, que defende os animais e abomina qualquer tipo de violência, se alegraria. Um grilo que amparou ao encontrá-lo no campo de futebol. Em seguida, colocou-o em um canto seguro.

Quando se percebe que a vida faz diferença, a própria e a que se encontra em seus caminhos, é sinal de que a luz impera sobre as trevas.

 

 

 

 

MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE   - É coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher – Santa Maria Madalena/ Magdala. Jundiaí, Brasil.

 



publicado por Luso-brasileiro às 11:46
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FELIPE AQUINO - ESTADO LAICO OU LAICISTA ?

 

 

 
 
 
Fala-se hoje falsamente em nome
da laicidade
 

 

Cristo ensinou “dar a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”, isto é, o Estado e a Igreja têm atividades diferentes e devem atuar conjuntamente para o bem do povo. O Estado é laico, quer dizer, não professa uma religião específica, mas deve incentivar o valor religioso, que faz parte da grandeza e da dignidade do homem.

 

Laicidade, corretamente entendida, significa que o Estado deve proteger amplamente a liberdade religiosa tanto em sua dimensão pessoal como social, e não impor, por meio de leis e decretos, nenhuma verdade especificamente religiosa ou filosófica, mas elaborar as leis com base nas verdades morais naturais. O fundamento do direito à liberdade religiosa se encontra na própria dignidade da pessoa humana.

 

 

 

 

 

 

Infelizmente, mesmo em países de profundas raízes cristãs, como a Espanha, este laicismo radical e anticristão é notado com clareza. Um Estado que tenta impedir a vivência religiosa do povo, especialmente o Cristianismo, com uma ação hostil ao fenômeno religioso e a tentativa de encerrá-lo unicamente na esfera privada.

 

Tenta-se, assim, eliminar os símbolos religiosos mais tradicionais do povo, como que lhe arrancando as raízes. Ora, retirar, por exemplo, o crucifixo de nossos locais públicos, equivale a eliminar a nossa tradição cristã ocidental. Esse sinal sagrado é para nós o que há de mais importante, significa o respeito ao ser humano, a defesa da justiça, da honra, da caridade, da bondade, da pureza, da verdade, do amor. Quem pode ser contra isso? Que filosofia pode ir contra isso?

 

 

 

 

 

Como disse um dos personagens de Dostoiévski, em “Irmãos Karamazóvi”: “Se Deus não existe, tudo é permitido”. Se Deus não existe, então, eu sou deus; essa é a mentalidade laicista que se pretende impor mesmo aos cristãos, baseados numa falsa concepção de que Deus não existe e de que não se pode provar a existência d’Ele.

 

O Vaticano já chamou de “cristianofobia” a aversão ao Cristianismo, tanto no Ocidente quanto no Oriente. Esta expressão foi introduzida pela primeira vez no ano 2003 em uma resolução do Terceiro Comitê da 58ª Assembleia Geral da ONU, e que compreende os atos de violência e perseguição, intolerância e discriminação contra os cristãos, ou uma educação errônea ou a desinformação sobre essa religião [Cristianismo]. Por isso, hoje, em muitos países, os cristãos são vítimas de preconceitos, estereótipos e intolerâncias.

 

É uma ideologia racionalista e estimulada por poderosas instituições internacionais, como se pode constatar em uma breve consulta na internet. Algumas “fundações” no exterior destinam muitos recursos para esse fim.

 

Enfim, o laicismo que hoje vemos é o do Estado que caminha para se tornar um Estado com religião oficial e não um Estado laico: um Estado totalitário ateu, que quer eliminar Deus e a religião e que investe fortemente contra a liberdade religiosa. Um Estado cujo Deus é o individualismo, o hedonismo, o prazer material e a “liberdade” para aprovar tudo que desejar, sem restrições morais.

 

 

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No bojo do laicismo encontramos o que o nosso Papa Bento XVI tem chamado de “ditadura do relativismo”, que surge como uma consequência da “ditadura do racionalismo” ateu e materialista, e que elimina a verdade. Ora, a eliminação da verdade coloca o homem nas mãos do mais forte, do útil, da imoralidade.

 

Fala-se hoje falsamente em nome da laicidade, mas se pratica o laicismo para bloquear a vida e a atividade, especialmente da Igreja Católica, em sua realidade profunda e positiva.

 

 

 

 

FELIPE AQUINO   -   Escritor católico. Prof. Doutor da Universidade de Lorena. Membro da Renovação Carismática Católica.

 

 



publicado por Luso-brasileiro às 11:30
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