Afinal, o que vale a pena?
VIVER, acima de tudo! Apesar dos pesares, dos desprazeres, do azar, das decepções, da torcida contra, da maledicência, da inveja, porque disto tudo ninguém está livre.
Falando nisso: LIBERDADE! Não obstante os conceitos, preconceitos, modismos, revezes, soslaios, torcida contra, maledicência, inveja...
OLHAR NOS OLHOS: olhar diversamente, insistentemente, rever, enxergar longe, acreditar ainda, muito embora haja inveja, maledicência, torcida contra...
“Tudo vale a pena, se a alma não é pequena”. Se Pessoa foi quem o disse com tal precisão, como ele tanta gente o esboçara, seja em verso, seja em prosa. Nisto não existe novidade. O tema é tão relevante quanto antigo.
Novo é sabê-lo de cor. De cor a ponto não de declamá-lo mecanicamente, mas, de invocá-lo nos respiros, aos suspiros; nos atos e mandatos; em palavras e atitudes.
Isto posto: NOVIDADES! Novidades sempre valem a pena, sempre são bem-vindas. E como tudo já foi dito, vale mais que recontá-lo, dizê-lo distintamente.
DISTINÇÃO, ora pois, como vale! Porém, não esta que se ostenta à custa de títulos e honrarias, não, afinal, como esta, milhares, hoje em dia, estão à venda a quem por elas pagar possa. Nem, tampouco, uma que se coloque à disposição de quem se (in)digne a mostrá-la sem pejo. Vale distinção que por si só, à menção apenas da própria palavra que a nomina, se distingue. Como vale!
TEIMOSIA não só vale como é imprescindível, nestes tempos em que a valentia se presta a assemelhar-se à grossura. Sem este quesito, até o mais corajoso se deixa abater. Ademais, sem um que teime, reinos inteiros ficam à mercê de falastrões.
Sem qualquer sombra de dúvida Fernando estava certo. Tudo, absolutamente tudo vale a pena. Somente discordamos no tocante ao “se”, porque, lendo e relendo a vida, teimo em reescrevê-la assim: “apesar”...
Apesar da alma ser pequena, é-me possível alargá-la, e, sobretudo – vale a pena!
Valquíria Gesqui Malagoli, escritora e poetisa, presidente da Academia Feminina de Letras e Artes de Jundiaí. vmalagoli@uol.com.br / www.valquiriamalagoli.com.br
O fetiche da mercadoria é algo que se arraiga ao comportamento moderno e nos escraviza, mesmo que tenhamos a ilusória impressão de que "é assim mesmo", ou "isso é normal".
Afinal, quem não se enquadra na moda fica à margem, num ostracismo velado.
É nociva a maneira como a publicidade nos impõe gostos, posturas, jeitos, olhares, identidades, ou melhor, como coloca o "não" à frente de cada uma destas palavras. Pois o que somos diante da mesmice que nos consome? Um "não". A negação de nossa personalidade, a aceitação do que é imposto, sim, imposto. Aí vão dizer "não, mas as pessoas querem isso, as pessoas gostam disso". E qual a opção?
A questão do gênero, por exemplo, é algo extremamente trabalhado e direcionado pelo mercado. Sou obrigada a vestir calças que não entram em minhas pernas rechonchudas e meus tornozelos grossos, porque não encontro um modelo feminino que me sirva. Então sou eu que estou fora dos padrões. De todos os padrões ditados: de beleza, de vaidade, de uniformidade, de submissão... E se a calça entrar, não cobrirá minha amada barriga, pois chegará, provavelmente, até a direção da virilha.
Se eu for em busca de uma jaqueta, tenho que rodar lojas e mais lojas para encontrar uma que, minimamente, me cubra o mínimo necessário, já que essas peças, hoje em dia, não descem mais do que a região dos peitos.
Até para comprar uma básica camiseta é um dilema. Não gosto de nada me apertando, mas os modelos de roupas femininas sempre têm esse toque justo.
Alguém está ganhando muito dinheiro com essa política de ênfase que se dá a tal prática separatista de gênero no mercado de roupas e afins. De minha parte garanto que não estou ganhando, mas só gastando!
Até mesmo a questão das cores virou alvo de preconceitos e vemos gerações crescendo à luz dessa ditadura do gosto.
Curioso é lermos que hoje há tantas opções de tudo. No entanto, nossa liberdade está condicionada às opções que o mercado nos dá e não àquelas que porventura desejamos. Isso não é novidade, a novidade é estarmos convencidos de que o fato de termos muitas opções, temos a alforria.
Não há o que escape de ser obsoleto e com isto somos obrigados a trocar algo que muitas vezes não queríamos substituir, ou seja, somos compelidos a consumir.
Este é o nosso mote: seres consumistas. Até no pensamento.
Renata Iacovino, escritora, poetisa e cantora / reiacovino.blog.uol.com.br /
reval.nafoto.net / reiacovino@uol.com.br
Como diria o coelho da Alice nos País das Maravilhas, já é tarde, é tarde, é tarde, é muito tarde. Sempre estou encima da hora, sempre com o tempo me fazendo cócegas na orelha, avisando-me de que o minuto posterior já está me cobrando atitudes. Nunca estou com tempo sobrando, ou com o horário folgado. Embora tudo isso seja em grande parte minha culpa, eu confesso que me sinto como quem está sendo compelido a andar, a desocupar a área porque “atrás vem gente”...
Agora mesmo escrevo rezando para não errar nada e para não perder o fio da meada, pois tenho apenas 15 minutos para finalizar esse texto, essas ideias. Ou seja, não tinha outro assunto que pareceu possível, nessas condições, de ser escrito. É sempre tarde, sempre hora, sempre um minuto após ou um minuto antes.
Toca o telefone. Não posso atender, senão a coisa vai desandar. Preciso me concentrar, embora eu esteja em uma sala com várias pessoas conversando ao mesmo tempo e sobre coisas diferentes. Curiosa, fico tentada a escutar o que se passa ao meu redor, mas é preciso centrar meus esforços. Olho no relógio. Será que vai dar tempo? Ai e esse telefone que não para. Desisto. Vou ter que atender. _Alô! É urgente? Não. Então me liga depois, em 17 minutos cravados. Vou precisar de um minuto para ir ao banheiro e para tomar uma água.
Bom, sobre o que eu escrevia mesmo? Que droga de interrupções... Ah, não podia perder o fio da meada... Tarde demais. É tarde, de novo, é tarde e muito tarde. Lembrei que preciso fazer um coelho de tecido, prometido a uma amiga. Ah meu Deus, a hora está passando e eu já me desconcentrei. Escuto alguém me chamar, mas vou tentar fingir que não ouvi... Não deu certo. Oi. Diga, querida. Em que posso ajudá-la? Ah, pode ser amanhã? Sim, prometo, eu te ligo. Beijinhoooo.. Também te adoro, ufa.
Eu sempre me prometo que vou escrever meu texto semanal antes, mas tem sempre tanta coisa para fazer, tanto sono para dormir ou insônia para curtir, tão pouco tempo, tanta coisa para fazer e tanta vontade de não fazer parte delas, tipo tirar o lixo, lavar roupa. Dormir é bom mais cansa também, sobretudo quanto a gente pode fazer isso. Mas não era disso que eu falava. Já me perdi. O telefone de novo? Ninguém merece. Ele não toca, ele berra ou zurra, sei lá. Não vou atender. Mensagem de sms: Vamos? Já estamos atrasados...
Desisto! É tarde, é tarde, é tarde é muito tarde. Acabou-se o tempo para os coelhos, para o relógio e para escrever. Vai assim mesmo e seja o que Deus quiser...
CINTHYA NUNES VIEIRA DA SILVA - Advogada, mestra em Direito, professora universitária e escritora - São Paulo.
Acordo antes de clarear com o propósito de ouvir o que Deus tem a me dizer. É a hora em que o silêncio me traz a voz do Altíssimo. E para que meus ouvidos se abram, assumi, há anos, o compromisso de fazer algumas leituras: as da Liturgia Diária e da Liturgia das Horas, uma colocação de Santo Agostinho e outra do livro “Caminho” de São Josemaria Escrivá e a do livro “Intimidade Divina” do Padre Gabriel de Santa Maria Madalena, O.C.D. (1895-1953) – Edições Loyola -, com um texto específico para cada dia do ano litúrgico. Em seguida, murmuro os Salmos e inicio minhas orações pessoais. No percurso para o trabalho, rezo o terço.
Os textos do livro “Intimidade Divina” me falam muito de Deus e me levam a, de imediato, conversar com o Senhor. Interessante como, a cada ano, descubro nas leituras uma indicação divina, que me passara despercebida no ano anterior. Não tenho dúvida de que é Deus! Ele é de uma delicadeza incrível e respeita o tempo individual. Conhece como se encontra o solo: em condições ou não de lançar uma nova semente. Identifica qual o canto escuro que está preparado para receber a claridade, sem temer a perda do mofo e das teias abandonadas. Li, há décadas, uma frase de Clarice Lispector que me comove: “Um dia uma folha me bateu nos cílios. Achei Deus de uma grande delicadeza”. Naquele período, não havia ainda refletido sobre as delicadezas de Deus. Hoje percebo essa delicadeza comigo e com os outros. Deus vem de mansinho, com a brisa, para acolher, abraçar e salvar.
Voltando, porém, às reflexões do Padre Gabriel de Santa Maria Madalena, O.C.D. Elas me fazem um bem imenso, porque revelam e mostram a essência de Deus. E quero que Deus seja o único Senhor da minha vida. E quero me libertar dos estereótipos do divino, criados à imagem e semelhança dos interesses do ser humano. Duas dessas reflexões habitam atualmente o meu pensamento. A primeira: “A vanglória põe o eu no centro da vida; a caridade põe Deus e o próximo. (...) Vanglória é busca de si; a caridade é entrega de si a Deus e aos irmãos. Caridade e vanglória são dois opostos e mutuamente se excluem”. Temo demais elogios. Alegro-me com a comunhão das pessoas, quando se emocionam com aquilo que me emociona. É comunhão de amizade e carinho, todavia aplausos me incomodam. Como me conheço, sei que posso tropeçar na vanglória e me perder de Deus. A outra é sobre o amor além dos laços de ternura: “Só a caridade pode amar assim, acima dos vínculos da carne e do sangue, acima de toda simpatia ou antipatia, de toda paixão, interesse ou busca de satisfação pessoal. O amor ao próximo torna-se então a garantia mais segura e o testemunho mais certo do amor a Deus”.
Como o mundo desconhece esse amor, que é de Deus, sem vínculos da carne e do sangue, sem amarras egoístas. Como são confusos, às vezes, os conceitos de caridade. Somente a caridade verdadeira, que não pede nada em troca, dilata o coração e faz com nele caibam os degraus do Céu.
MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE - É coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher – Santa Maria Madalena/ Magdala. Jundiaí, Brasil
Excetuando-se o desencontro involuntário com o amigo Humberto Pinho da Silva na cidade do Porto, por desatenção da atendente do hotel, minha viagem a Portugal no mês de julho foi excelente em todos os aspectos. Primeiro, pelo orgulho de acompanhar meu filho João Paulo na conclusão de seu curso de Pós-Doutorado em “Democracia e Direitos Humanos” na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. Em segundo, por conhecer melhor a nação de meus ancestrais maternos. Depois, por estar junto com a esposa Ivone e os filhos, também o Daniel e e o Felipe, ótimas companhias.
O que me impressionou sobremaneira foi a beleza daquele país. Lindas paisagens naturais, monumentos históricos e excelentes opções gastronômicas são comuns em quase todas as cidades, percorridas por ótimas estradas. Além destes aspectos, uma circunstância é de ser ressaltada: a energia positiva do Santuário de Fátima. As posturas de inúmeros peregrinos chegam a emocionar. Diversas pessoas, algumas com sérias dificuldades de locomoção, vão de joelhos da entrada até o local de exposição da imagem. Tais cenas, acrescidas das inúmeras orações, a milhares de velas, aos testemunhos depositados e às flores colocadas sobre o altar, demonstram o quanto a fé é importante para superarmos obstáculos e principalmente, para obtermos um equilíbrio de vida.
Além deste, há outros locais abençoados. É o caso do Mosteiro de Batalha, um município próximo, que além de sua grandiosidade, mantém o ambiente sereno e tranqüilo típico dos monastérios, levando-nos a momentos de reflexão, consolidados por uma profunda paz. E podemos citar inúmeros lugares privilegiados: o esplendido cenário do Palácio São Jorge e as edificações antigas do Baixo Chiado em Lisboa; o encanto das ruas e das muralhas de Óbidos; o Museu do Brinquedo em Sintra; a animação na praia de Estoril; o canal com seus barcos típicos em Aveiro; o castelo de Guimarães; as vistas maravilhosas e as degustações dos vinhos do Porto, entre outros.
O respeito à tradição e a cultura popular reinam em todos os cantos do país, sem contar a sensibilidade das canções que compõem o fado. E apesar da crise política e dos problemas econômicos que os afligem, os portugueses em sua maioria, são pessoas educadas e amistosas. Compõem realmente um povo irmão do brasileiro e enfrentam problemas comuns aos nossos: corrupção e incompetência de diversos políticos que acabam por macular um ambiente que se poderia classificar como perfeito para se viver. A saudade já é grande e a vontade de retornar maior ainda.
JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é advogado, jornalista, escritor e professor universitário.
Este texto serviu de reflexão espiritual para um grupo de vicentinos há tempos atrás:
A Casa Branca parecia ontem levar adiante as preparações para atacar a Síria, após desconsiderar o pedido de Damasco de que se aguarde até o final das inspeções da ONU, como apenas uma tática de protelar o ataque militar.
Em Damasco, Síria, ativistas acusam o governo de ter perpetrado ataque maciço com armas químicas, que matou mais de mil e cem pessoas nos subúrbios da cidade.
O Presidente Obama disse que “há necessidade que o regime sírio sofra consequências internacionais” pelo ataque com armas químicas contra o seu próprio povo em 21 de agosto último e que está mais do que provado que isso aconteceu por ordem do governo sírio. Acrescentou que “os EUA não têm qualquer interesse em desencadear um conflito bélico aberto com a Síria”, mas completou suas declarações à PBS NewsHour, alegando que “temos que nos assegurar de que quando países passam por cima das normas internacionais e, por exemplo, cometem genocídio com o uso de armas químicas, têm que ser contidos de forma exemplar”. Todavia, esclareceu que ainda não ordenou nenhum ataque ao regime da Bashar al Assad.
Um encontro a portas fechadas com cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU levou seus representantes a considerar a resolução rascunhada pela Grã Bretanha para o uso da força militar para que se evite qualquer uso subsequente de armas químicas na Síria e que vem sendo adiado pela oposição da Rússia e da China.
21 de agosto de 2013 – Imagem, recebida da Comissão Local de Arbeen, mostra sírios a receber tratamento imediato após alegado ataque por arma química no subúrbio de Arbeen de Damasco.
Por sua vez, as autoridades estadunidenses deixaram claro que consideram tais iniciativas irrelevantes para a decisão de Obama em adotar uma ação militar contra o regime sírio e, muito embora não tenham dado qualquer indicação sobre quando tal ataque militar americano poderia ocorrer, disseram que esperam que os inspetores da ONU saiam da Síria no sábado. Uma vice-porta-voz do Departamento de Estado, Marie Harf, disse que “a Casa Branca não vê nenhuma saída pela via das Nações Unidas em função da oposição continuada da Rússia à ação militar na Síria e que, portanto, os EUA continuarão com suas consultas e tomarão as ações que julgarem apropriadas nos dias que se seguirão. Qualquer que sejam essas ações, que Rússia e China façam o que acharem melhor”.
Tal desconsideração dos EUA parece colocar a Casa Branca e seus aliados em desacordo com a liderança da ONU. O Secretário Geral Ban Ki -Mon, sem definir um prazo ou atender ao pedido da Síria para um prolongamento do tempo de investigação dos seus inspetores, disse que "é essencial a apuração dos fatos" e que a equipe da ONU "precisa de tempo para fazer seu trabalho".
Ativistas acusam o regime de Bashar al-Assad de lançar um amplo ataque químico, que dizem ter matado uma multidão pessoas que aparecem cadáveres na foto acima. As agências de notícias estatais afirmam que o uso de armas químicas é uma “afirmação completamente infundada”.
Já o enviado especial da ONU à Síria, Lakhdar Brahimi, disse que a lei internacional exige uma decisão do Conselho de Segurança antes que qualquer ação militar seja posta em prática. “Sei que o Presidente Obama e o governo estadunidense não são conhecidos como agressores gratuitos, mas o que eles decidirão eu não sei”.
Algumas autoridades do governo americano, falando sob a condição de anonimidade, disseram que qualquer ataque das forças americanas no Mediterrâneo teria uma amplitude limitada e cirúrgica em sua extensão e duração, de modo a destruir apenas instalações militares sírias e poupar ao máximo a vida de civis. A força tarefa aeronaval americana está posicionada ao largo do litoral sírio e o Secretário de Defesa dos EUA, Chuck Hagel, já disse que tudo está pronto para começar, dependendo apenas de Obama dar a ordem de atacar.
21 de agosto de 2013 – Um homem segura em prantos o corpo de uma menina que os ativistas disseram ter sido morta por gás venenoso na área de al-Ghouta nos subúrbios a leste de Damasco. (Foto Reuters)
Rússia e Irã, principais apoiadores da dinastia alauíta síria de Bashar al-Assad há já dois anos, têm advertido sobre o que consideram como “consequências catastróficas” da intervenção militar. A França, que detém o quinto assento permanente no Conselho de Segurança da ONU, disse que Assad deve ser “punido” pelo genocídio com armas químicas.
A posição de Obama também tem sido fortemente apoiada pelo Primeiro Ministro britânico David Cameron quanto à necessidade de punir o regime ditatorial sírio pela morte de centenas de pessoas. Ambos os países têm sido consultados intensamente pela administração Obama e, de tais consultas surgiu uma resolução britânica que, aparentemente foi proposta com baixa expectativa da Rússia — que vetou as medidas e questionando as alegações para o ataque à Síria ao longo desta semana.
Aparentemente, Cameron também enfrenta problemas em casa na medida em que a oposição cresce à participação da Grã Bretanha ao ataque liderado pelos EUA. Cameron defendeu seu ponto de vista numa sessão parlamentar especialmente convocada para tratar do tema, na quinta feira passada. Sentindo a pressão política, Cameron também tinha na véspera conclamado para uma segunda sessão na terça feira próxima de modo a dar mais um tempo para o debate e a votação final.
O Secretário para Assuntos Externos do Governo, William Hague, disse que reconhece “as profundas preocupações no país em função do que ocorreu no Iraque”, quando o governo britânico anterior, debaixo de forte oposição política e pública, apoiou uma invasão estadunidense com base no que acabou sendo falsas evidências da existência de armas de destruição em massa em poder de Saddam Hussein. “Temos que estar convictos de que estamos determinados a agir contra comprovados crimes de guerra” por uso de armas químicas “numa base consensual”, disse Hague.
Obama tem um compromisso na terça feira de viajar para a Suécia, onde passará um dia antes de ir para a Rússia participar de um encontro dos países do G-20, que poderá se tornar na última porta a ser fechada capaz de impedir um ataque imediato das forças americanas ao regime de Assad.
A Casa Branca espera, também, poder divulgar na terça feira um relatório não secreto da inteligência americana capaz de eliminar qualquer dúvida a respeito da “inegável” responsabilidade de Bashar al Assad pelo ataque químico nos arredores suburbanos de Damasco.
Os investigadores da ONU, encarregados de apenas determinar se armas químicas foram realmente usadas, não terão acesso a queixas de ambos os lados em conflito. “Ninguém, ou quase ninguém, tem dúvidas de que armas químicas foram usadas contra a população e em larga escala na Síria” e a oposição não tem a capacidade de admitir tais ataques, disse Obama. “O ataque, caso haja, não resolve todos os problemas dentro da Síria", disse ele. Acrescentou que Assad precisa entender que “por matar civis e colocar vizinhos aliados dos EUA, como a Turquia e a Jordânia, em risco não apenas quebrou as normas e padrões internacionais de decência", mas também criou "uma situação em que os interesses nacionais dos Estados Unidos foram prejudicados, e isso precisa parar".
Corpos de dezenas de crianças mortas dispostas lado a lado em Arbeen, subúrbio de Damasco. Há dúvidas sobre se os investigadores da ONU terão tempo hábil para examiná-los. (Foto> Reuters)
Numa carta a Ban Ki Mom, na última quarta feira, a Síria acusou as forças da oposição de terem atacado suas forças armadas em três ocasiões, este mês, com um veneno "parecido com o que chamamos de gás SARIN", o composto letal que os Estados Unidos e outros dizem que foi usado no ataque em áreas controladas pelos rebeldes a leste de Damasco. A carta solicitava aos fiscais da ONU o adiamento do prazo final para a entrega do seu relatório ao Conselho de Segurança, inicialmente prevista para este fim de semana.
Numa resposta debochada, Harf, do Departamento de Estado, disse: "Acho que esse apelo só teria credibilidade se em um dia ou dois, ou no máximo cinco, o regime sírio tivesse parado de bombardear a área para destruir sistematicamente as provas e encobrir o que haviam feito, e realmente tornar inúteis as investigações da ONU nos locais". "Não quero me arriscar a adivinhar por que estão fazendo o que estão fazendo", disse Harf ao governo sírio. "Mas acho que é claro que os EUA não vão permitir que se escondam por trás de uma investigação da ONU sobre o uso de armas químicas, afim de se safarem da punição merecida".
Mais crianças mortas em outra área da capital síria, todas por gás venenoso do tipo SARIN, o mesmo composto utilizado no atentado terrorista ao metro de Tóquio em 1995. (Reuters)
Uma equipe de 15 pessoas da ONU chegou a Damasco, em 18 de agosto, inicialmente autorizada pelo governo sírio para passar duas semanas investigando alegações de uso de armas químicas em dois episódios perpetrados pelos rebeldes e um pelo governo. Tais missões foram pegas de surpresa pelo ataque de 21 de agosto, mas somente na segunda-feira é que os especialistas puderam visitar a área afetada. Na quarta feira, eles voltaram para uma segunda visita para coletar amostras e entrevistar testemunhas.
Além da divulgação de informações de inteligência e coordenação com aliados, o calendário dos EUA para uma resposta é influenciada por consultas com o Congresso. Os legisladores têm sido amplamente favoráveis à intervenção, mas fizeram perguntas sobre o momento e a justificativa. Numa carta, ontem, de Obama ao Presidente da Câmara dos Deputados (House), John A. Boehner (Republicano de Ohio) ficaram claras as preocupações de que os numerosos peritos externos têm levantado óbices sobre a avaliação de potenciais cenários de pós-ataque do governo sírio.
O deputado escreveu: "Essas considerações incluem o regime de Assad potencialmente vir a perder o comando e o controle de seu estoque de armas químicas para organizações terroristas – especialmente aquelas ligados à al Qaeda, ganhando maior controle e manutenção de seu território".
A Casa Branca, o Departamento de Defesa, e funcionários do Departamento de Estado pretendem informar os líderes do Congresso e os principais membros da Câmara e das comissões de segurança nacional do Senado, pelo telefone, às 06 horas de quinta feira, conforme um assessor do Senado.
FRANCISCO VIANNA - Médico, comentador político e jornalista - Jacarei, Brasil
Publicado pela imprensa e disponível na Internet, o nosso artigo – A Bola e a Escola - de março de 2011, faz referência “a voz rouca das ruas” que, embora aparentemente inaudível, ecoou com ensurdecedores decibéis nos Gabinetes de todos os políticos do Brasil e nos quatro cantos do planeta.
A causa raiz das manifestações de junho, encontra-se no distanciamento da classe política em relação à sociedade civil, principalmente das necessidades básicas das pessoas de menor poder aquisitivo.
Mais do que fisicamente, parte dos políticos se afastaram mesmo, foi dos princípios da ética, da justiça, do bom senso e da igualdade social.
Noticiários sobre corrupção, impunidade e mordomias extensivas aos familiares de alguns políticos, aumentaram a indignação popular.
O fato, politicamente correto, de receber as lideranças dos manifestantes e reconhecer como legitimas as reivindicações, foi uma confissão explicita que a gestão pública não tem sido pró-ativa.
Objetivando estancar o “sangramento social” que escorria pelas principais avenidas do país, os governantes divulgaram medidas emergenciais que, sem debate prévio, provocaram reações das mais variadas vertentes.
Baixo crescimento do PIB, pressão inflacionária, Copa do Mundo e eleições de 2014, sinalizam “previsão atmosférica” que exigirá, da classe política, exemplar competência gerencial nos gastos públicos e conduta moral impecável.
Não nos iludamos, vivemos novos tempos.
A “oxigenação” da Gestão Pública somente provocará excelência nos serviços que disponibiliza se, obrigatoriamente, investir com eficácia em cada um dos fatores dos 7Ms; mercado (povo), mão-de-obra (servidores do público), método, material, máquinas (aparelhos e equipamentos) meio ambiente (infraestrutura) e melhoria continuada (avaliação de resultados)
O resgate da credibilidade passa pela reforma política, que deve ser executada pela sociedade civil e não pela classe política, decretando o fim da reeleição, sensível diminuição do número de parlamentares (federais, estaduais e municipais) e da profunda redução, das centenas de milhares de cargos comissionados espalhados pelo país.
Nas prefeituras, por exemplo, somente os Secretários Municipais deveriam ser comissionados.
Cargo eletivo deve ser missão...transitória.
Faustino Vicente – Consultor de Empresas e de Órgãos Públicos, Professor e Advogado – faustino.vicente@uol.com.br – Jundiaí (Terra da Uva) – São Paulo
Vários escritores, vinham constantemente dizendo, a meu pai, que descesse à Capital. Argumentavam que só quem colaborasse na imprensa de Lisboa, é que era verdadeiramente conhecido e apreciado.
Embora não concordando, meu pai, resolveu tentar criar secção, com seu nome, em diário lisboeta.
A tarefa não era fácil, para quem não estava familiarizado com políticos e não se encontrava filiado em partidos e movimentos cívicos.
Lembrou-se então de ir pedir auxilio a velho amigo de infância, político respeitado, e de grande prestígio, com quem sempre manteve laços fraternos de amizade.
E uma bela tarde de domingo bateu ao ferrolho de sua residência.
Este atendeu-o de braços abertos e em grande festa. Após os habituais abraços, meu pai, entrou ao que vinha, ou seja: apresentá-lo ou recomendá-lo a diretor ou administrador de matutino lisboeta, para propor-lhe a criação de coluna sob sua responsabilidade.
Para isso levava currículo e crónicas, que semanalmente publicava num matutino portuense.
Após escutar atentamente tudo que meu pai lhe contava, e de passar os olhos pelos artigos, que já conhecia, até era leitor assíduo, segundo disse, declarou desanimadamente:
- Sabes, Mário, eu até conheço quem pode interessar a colaboração e provavelmente remuneraria generosamente, mas tu escreves no semanário X, e és conhecido pelas tuas ideias religiosas e moralistas, e isso estraga tudo. Deixa o semanário, e escreve artigos a insinuar deslizes do governo. Não é preciso desancar! E eu levo-os ao conhecimento dele. Até posso, se escreveres com pouquinho de pimenta, e grão de sal, dar-te carta de recomendação a diretor de periódico de Barcelona. Como sabes, a imprensa espanhola paga mais que os míseros cem ou cento e cinquenta…
Nessa noite, na mesa de jantar, com a família reunida, meu pai, após relatar o encontro com o velho companheiro de folguedo, rematou com tristeza e desalento:
- “Se tenho que abdicar dos meus princípios e valores, que professo, prefiro continuar a ser jornalista da província, e andar de cabeça erguida.
Meu pai ainda era daquele velho tempo em que haviam homens de vergonha na cara.
HUMBERTO PINHO DA SILVA - Porto, Portugal
http://www.euclidescavaco.com/Poemas_Ilustrados/Chama_da_Saudade/index.htm
Euclides Cavaco - Director da Rádio Voz da Amizade.London, Canadá
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