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Quarta-feira, 25 de Setembro de 2013
MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE - PARA OS MONTES LEVANTO OS OLHOS

 

 

 

 

 

 

 

Há dias em que os acontecimentos me iluminam mais e me acariciam. Sábado passado foi assim.

 

Pela manhã, em meio às compras no supermercado, reencontrei-me com um de meus queridos. Conheci-o como travesti na área central da cidade, numa noite em que conversava com mulheres em situação de vulnerabilidade social. Depois desse primeiro contato, sempre me fez ter notícias dele, tanto dos tombos como da superação. E se superar, após viver inúmeros anos à margem e na dependência química, acontece entre cair e se levantar.

 

Tenho comigo que, após a vivência de se erguer uma vez, as outras serão cada vez mais fortalecidas. Conosco é assim também, ao desejarmos alterar um sentimento ou reação que não nos faz bem. Ficamos entre o ensaio e o erro, até que nos fortalecemos na virtude. O moço está empregado com carteira assinada e me mostrou, com orgulho, o cartão alimentação, que lhe permite fazer compras, segundo ele, de cabeça erguida.

 

Relatou-me que, um dia desses, dirigindo-se ao NA, passou por alguns travestis em um dos pontos de prostituição e os observou. Um deles gritou:

 

“Está olhando o que, veadinho?” Respondeu: “Olhando com pena. O dinheiro que você ganha escorre das mãos. Eu já tive esse dinheiro. E você não tem ideia do quanto é sofrido depois recomeçar sua vida com dignidade”. Acrescentou como as compras, vindas de dinheiro da prostituição, perdem logo o gosto. Ele adquiria perfumes importados e, na segunda vez que usava, não conseguia mais sentir a fragrância. É o vazio, penso, de se permitir ser consumido para depois ter acesso ao consumismo. Mas, na verdade, o consumismo é também o uso da pessoa pela moda, pelo brilho, pelas marcas, pelas propagandas, pela insistência de que o imoral prevaleça sobre as condutas de um caráter elevado.

 

Em seguida, fui à Igreja São João Batista para me confessar. Na fila, conheci o Sr. João, do São Camilo, de conversa fácil, que fala com olhos de claridade sobre Deus. Gostei demais de conhecê-lo! Contou-me sobre suas reflexões ao povo e que conclui cantando o Salmo 120, que lhe toca a alma: “Para os montes levanto os olhos/ de onde me virá o socorro?/ Meu socorro virá do Senhor,/ criador do céu e da terra. (...) O Senhor te resguardará de todo o mal;/ Ele velará sobre tua alma./ O Senhor guardará os teus passos,/ agora e para todo o sempre”. 

 

Atendeu-me, na Confissão, o Padre Pedro Azzoni, OMV.  Quero-lhe muito bem e gosto de me confessar com ele, que acolhe com carinho, é paciente e fala com simplicidade e sabedoria.  Fez-me recordar o filme espanhol de 1955, “Marcelino Pão e Vinho”, baseado no livro escrito por José Maria Sánchez Silva.  Marcelino - morava com frades, após ser colocado ainda nenê no monastério -, ao encontrar uma enorme e antiga cruz com Jesus Cristo,

 

apavorado, saiu correndo. Depois, retornou. Com o passar do tempo, familiarizou-se com Jesus na cruz e passou a conversar com Ele.

 

Exatamente assim: não fugir, mas sim fazer amizade com o Cristo na cruz de cada dia e observar e acolher as pessoas com compaixão e na certeza de que podem reconstruir sua história. E, ainda, levantar os olhos para os montes, pois o socorro vem do Senhor.

 

 

 

 

MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE   - É coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher – Santa Maria Madalena/ Magdala. Jundiaí, Brasil

 



publicado por Luso-brasileiro às 10:49
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JOÃO CARLOS MARTINELLI - 02 DE OUTUBRO. DIA INTERNACIONAL DA NÃO VIOLÊNCIA

 

 

 

 

 

 

 

  

            A Organização das Nações Unidas declarou a data de 2 de outubro, aniversário do líder pacifista e advogado Mahatma Gandhi, como o  Dia Internacional da Não Violência, através de resolução que recomenda a todos os Estados-membros e organizações internacionais que comemorem a data divulgando “a mensagem da não violência a partir da educação e da conscientização pública”. Efetivamente para se construir um mundo mais fraterno e digno, é preciso, em  primeiro lugar, firmar um compromisso sincero com a vida. Um gesto concreto é defender com garra os direitos de cidadania, sobretudo das pessoas mais humildes.

 

 

 

Cognominado o Mahatma (Grande Alma), apóstolo nacional e religioso da Índia, o advogado Mohandas Karamchand Gandhi estudou Direito em Londres de 1888 a 1891, tendo depois residido na África do Sul, de 1893 a 1914, onde tomou a defesa da comunidade indiana, sujeita a um racismo que as instituições tendiam a legalizar. Seus pais eram descendentes de mercadores e a palavra gandhi identificava os vendedores de alimentos e a casta à qual a família pertencia.

 

 Sua doutrina ─ baseada no hinduísmo, no cristianismo e em pensadores como Tolstoi – está exposta em “A autonomia da Índia” (1909), obra que contém um verdadeiro requisitório contra o materialismo da civilização ocidental e contra a violência. Após o massacre de Amritsar (1919), quando os ingleses mataram diversos hindus, já vivendo em terras indianas desde 1915, ele se engajou em lutar contra o domínio da Inglaterra, motivo que o levou diversas vezes à prisão, tornando-se líder inconteste do ideal nacional de independência e liberdade.

 

Transformando-se num fenômeno de massa que conseguia mobilizar também os muçulmanos, seu movimento se alicerçava na religiosidade e na política e, a partir de 1922, consagrou-se à educação popular. Os períodos de intensa militância e jornadas pacifistas eram seguidos de retiros, onde aprimorava seus meios de ação, inspirados no princípio do Satyagraha, “reivindicação cívica da verdade” por meios não violentos (ahimsa).

 

            A independência do subcontinente indiano foi obtida em 1947, ao mesmo tempo em que a Índia foi divididaem dois Estados, a União Indiana hindu e o Paquistão muçulmano, um racha que Gandhi considerou inaceitável. Dedicou-se, então, a reconciliar as duas comunidades, mas, em 30 de janeiro de 1948, foi assassinado por Nathuram Godse, um extremista hindu que acreditava que o líder havia feito muitas concessões ao novo país (Paquistão), embora o criminoso tenha sido seu discípulo.

 

Em homenagem à dedicação e repercussão de sua causa e a seu intenso apreço por princípios fundamentais de Direito, de respeito à dignidade humana e de combate à tirania que sempre manifestou, a Organização das Nações Unidas, através de resolução,  declarou a data de 2 de outubro, aniversário de Gandhi, como Dia Internacional da Não Violência. A medida recomenda que todos os estados-membros e organizações internacionais comemorem a data de  “forma apropriada”, divulgando “a mensagem da não violência a partir da educação e da conscientização pública”. A adoção unânime desta iniciativa foi muito bem recebida na Índia, tendo o primeiro-ministro Manmohan Singh descrito essa decisão como “um grande tributo ao líder pacifista e um momento de orgulho para o seu País de origem”, de acordo com comunicado de seu gabinete, recentemente divulgado.

 

Trata-se de uma iniciativa muito importante, pois a sua figura nos inspira a algumas reflexões. Para se construir um mundo mais fraterno e digno, é preciso, em primeiro lugar, firmar um compromisso sincero com a vida. Um gesto concreto é defender com garra os direitos de cidadania, sobretudo das pessoas mais humildes.“Para tanto, é fundamental a mediação da política, da qual todos os leigos conscientes são convidados a lançar mão, mesmo porque  a solidariedade, um dos fundamentos da fé cristã, só se concretiza na ação; nunca na omissão.” (Família Cristã, pág. 3, fevereiro de 1996).

 

 

 


 

JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é advogado, jornalista, escritor e professor universitário.

 

 



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CINTHYA NUNES VIEIRA DA SILVA - ENROLANDO A LÍNGUA

 

 

 

 

 

 

 

 

            Talvez a ideia tenha nascido pelo fato de praticar de uma arte marcial japonesa, talvez pelo fato de ter morado quase a vida toda em cidades nas quais a comunidade japonesa sempre foi abundante e, por isso, não apenas ter convivido com muitos japoneses e descendentes, mas com sua cultura, mas, seja pelo que for, inventei de aprender japonês.

 

            Assim, matriculei-me em uma aula semanal de uma e meia com uma professora nativa. Ajudou o fato de a professora ser ótima e da turma ser diminuta, mas eu tenho me sentido, a par disso, na pré-escola. Já nas primeiras aulas fui apresentada ao alfabeto. Não apenas para conhecer, mas para aprender a escrever.

 

            Caderno de caligrafia na mão e um nó no cérebro, lá fui eu. Acho que nem meus primeiros rabiscos de infância foram tão vacilantes. Começa que a coisa toda se dá de trás para frente, o que por si só subverteu uma ordem já arraigada no meu subconsciente e me deixou vacilante por um bom tempo. Além disso, a ordem das letras não é a, e, i, o, u, mas a, i, u, e, o. Pensa agora se meu pobre cérebro não começou a entrar em parafuso...

 

            Fiz uma aeróbica cerebral e decorei os primeiros passos. Fui, assim, confiante para segunda aula e depois de várias outras letras e primeiras palavras, concluí que o risco de dar curto circuito nas minhas ideias é mais de 100%. Agora, antes de cada nova aula, já começa a me dar um frio na barriga... Sei que a professora vai me perguntar mil coisas e eu ainda memorizando e tentando dar lógica à primeira meia dúzia de palavras que eu ouvi...

 

            Resolvi, contudo, que não irei me render. Mesmo que eu tenha que gastar todo meu estoque de fosfato, providenciar novas sinapses, emprestar um pouco de inteligência artificial, ainda irei escrever e falar japonês o suficiente para uma viagem que sonho em fazer, um dia, a terra do Sol Nascente...

 

            Quem sabe, depois disso, seja quando for, eu não me aventure para um coreano, chinês ou mandarim, isso se me sobrar alguma capacidade cognitiva para tanto. Confesso, entretanto, que há, também, nesse intento, certo desejo de vingança, de entrar em um restaurante oriental e responder quando começarem a falar perto de mim, como se eu e  mais ninguém estivéssemos presentes. É quase como um amigo que disse que tinha um sonho de montar uma pastelaria no Japão e ficar falando português com alguém o tempo todo, só para ver a cara dos clientes, hehehe...

 

            Enfim, sei que a cada dia, para alcançar esse objetivo de conhecer um pouco dessa língua tão apartada da portuguesa, terei que me dedicar, estudar e até mesmo torcer para que eu não entre em parafuso antes disso. Em um devaneio fico me lembrando da música do Djavan e penso em como seria “aprender japonês em braile”...

 

 

 

 

CINTHYA NUNES VIEIRA DA SILVA    -   Advogada, mestra em Direito, professora universitária e escritora   -  São Paulo.

           



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VALQUÍRIA GESQUI MALOGALI - LIVRE TRAJETÓRIA

 

 

 

 

 

 

 

Manuel Bandeira (1886-1968) buscou climas propícios desde 1904, quando soube que estava tuberculoso.

 

A perspectiva da morte permeia sua obra: “Quando a Indesejada das gentes chegar/ (Não sei se dura ou caroável),/ Talvez eu tenha medo./ Talvez sorria, ou diga:/ – Alô, iniludível!/ O meu dia foi bom, pode a noite descer./ (A noite com seus sortilégios.)/ Encontrará lavrado o campo, a casa limpa,/ A mesa posta,/ Com cada coisa em seu lugar.”.

 

Segundo Davi Arrigucci Jr., importante crítico do autor, sua poesia: “tem início no momento em que sua vida, mal saída da adolescência, se quebra pela manifestação da tuberculose, doença então fatal. O rapaz que só fazia versos por divertimento ou brincadeira, de repente, diante do ócio obrigatório, do sentimento de vazio e tédio, começa a fazê-los por necessidade, por fatalidade, em resposta à circunstância terrível e inevitável”.

 

Dois anos antes de falecer, Bandeira declarou: “Tive de parar os estudos por causa da doença. Não estudei cálculo infinitesimal ou integral e isso me impediu de ler muitas coisas, inclusive a teoria de Einstein. Nas horas de ócio da doença, não me apliquei ao estudo de grego e latim, iniciados no Colégio Pedro II. Isso é quase tudo o que não fiz. E, naturalmente, sinto pelos amores frustrados por causa da doença”.

 

Mário de Andrade, porém, pelo que ele fez, chamou-o de “São João Batista do Modernismo”, ele que, mesmo não participando diretamente da Semana de 22, teve seu poema “Os Sapos” lido durante o evento marco do movimento no Brasil.

 

Não o bastasse, é considerado o mais hábil poeta brasileiro de versos livres, e é notória sua constante evolução. Em seu primeiro livro, “A Cinza das Horas” desfilava sua verve sob vestes parnasiano-simbolistas, já “Carnaval” detonou a libertação das formas fixas.

 

Sua trajetória versejante e versátil, ora medida ora desmedida, denota seu inquestionável exemplo de opção por liberdade – de expressão.

 

 

 

Valquíria Gesqui Malagoli, escritora e poetisa, presidente da Academia Feminina de Letras e Artes de Jundiaí. vmalagoli@uol.com.br / www.valquiriamalagoli.com.br



publicado por Luso-brasileiro às 10:30
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PAULO ROBERTO LABEGALINI - VELHOS TEMPOS

 

 

 

 

 

 

O que vem a seguir não fui eu que escrevi, mas reproduzo porque também ando com saudades de ver: namorados inocentes dando beijinhos no portão; crianças pedindo bênção a pai e mãe; pessoas fazendo sinal-da-cruz quando passam na frente da igreja; adultos sentindo respeito pela polícia; patriotas cantando o hino nacional com as mãos no peito e lágrimas nos olhos.

 

Dá saudades de saber que: o Zezinho, filho do porteiro, não vai morrer de dengue; a Maria feirante poderá ter um filho médico; homens mantêm apenas o assobio ‘fiu-fiu’ como galanteio; o presidente de uma nação é o mais respeitado cidadão do país.

 

Ando com saudades de: galinha de galinheiro; macarrão feito em casa; boa novela com final feliz; pipoca doce de pipoqueiro; dar bom-dia à vizinha feliz; ouvir alguém dizer obrigado ao motorista e ele frear devagarzinho, preocupado com o passageiro. Saudades de gritar que a porta está aberta para os que chegam, saudades do tempo em que educação não era confundida com franqueza. Hoje, se fala o que quer e pedir perdão virou raridade.

 

Ando com saudades de ver no céu pipas não atingidas pelo efeito estufa. Saudades das chuvas sem acidez, que não causavam aridez. Saudades de poder viajar sem medo de homem-bomba, e ser recebido com alegria em outra nação. Atualmente, reina a desconfiança no coração.

 

Sinto muitas saudades do rubor das faces de minha mãe quando se falava de sexo. Hoje, isso é tão vulgar que até eu banalizei. Mas, acho que a maior saudade que tenho é a saudade de tudo que acreditei. Para meus filhos, não poderei deixar sequer a esperança. Aliás, hoje já não se nasce criança!

 

O texto que me referi no início termina aqui, porém, não posso deixar de citar que também tenho saudades das famílias que iam às missas domingo à noite. Nos velhos tempos, víamos pais e filhos juntos nos bancos das igrejas, rezando com muito respeito e devoção. Ainda hoje isso acontece, mas em menor número ou quase exclusivamente em missas da catequese.

 

Rezar já não é prioridade nos lares cristãos, mas os maus exemplos de Big Brother e outras indecências continuam fazendo sucesso. Sei que pouca gente sentirá saudades dessas baixarias um dia, mas, como Deus tudo perdoa quando há arrependimento sincero, sempre é tempo de melhorar.

 

E para refletir um pouco mais na vida que estamos levando, passo a narrar esta história:

 

Havia um professor de química que ministrava aulas para alunos que faziam intercâmbio. Um dia, enquanto a turma estava no laboratório, o professor notou um jovem que continuamente coçava as costas e se esticava de dor. Questionado do problema que sentia, o aluno respondeu:

 

–Tenho uma bala alojada nas costas. Fui alvejado enquanto lutava contra os comunistas de meu país, para derrubar o governo e instalar um novo regime.

 

Depois da aula, retomando sua história, ele olhou para o professor e fez uma estranha pergunta:

 

O senhor sabe como se capturam porcos selvagens?

 

O professor achou que se tratava de uma brincadeira e esperava uma resposta engraçada. O jovem disse que não era piada, e continuou falando:

 

Captura-se porcos selvagens encontrando um lugar adequado na floresta e colocando algum milho no chão. Os porcos vêm todos os dias comer o milho gratuito. Quando eles se acostumam a voltar, você coloca uma cerca de um só lado do lugar em que eles chegam. Quando se acostumam com a cerca, voltam a comer o milho e você coloca outro lado da cerca. Mais uma vez eles se afastam e voltam a comer.

 

O mestre não estava entendendo nada, mas o deixou prosseguir.

 

Você continua desse jeito até colocar os quatro lados da cerca em volta do milho com uma porta no último lado. Os porcos que já se acostumaram ao milho fácil e às cercas, começam a vir sozinhos pela entrada. Você então fecha a porta e captura o grupo todo. Assim, os porcos perdem a liberdade, ficam correndo e dando voltas dentro da cerca, mas já foram pegos. Logo, voltam a comer o milho gratuito. Eles ficaram tão acostumados a ele que esqueceram como caçar na floresta por si próprios e, por isso, aceitam a servidão.

 

O jovem, pasmo, disse ao professor que era exatamente isso que ele via acontecer em seu país. O governo ficava empurrando-os para o comunismo e o socialismo, espalhando ‘milho gratuito’ na forma de programas de auxílio de renda, bolsas disso e daquilo, cotas para estes e aqueles, subsídio para todo tipo de coisa, programas de bem-estar social, medicina e medicamentos ‘gratuitos’,tudo ao custo da perda contínua da liberdade – migalha a migalha!

 

E concluiu o seu pensamento:

 

Devemos sempre lembrar que não existe esse negócio de almoço grátis e também que não é possível alguém prestar um serviço mais barato do que seria se você mesmo o fizesse com dignidade.

 

Pois é, com mais esta cutucadinha na consciência de cada um, espero que possamos trabalhar para um futuro melhor. E que Deus nos ajude quando trancarem mais alguma porteira!

 

 

 

PAULO ROBERTO LABEGALINI -    Escritor católico, Professor Doutor da Universidade Federal de Itajubá-MG. Pró-reitor de Cultura e Extensão Universitária da UNIFEI.



publicado por Luso-brasileiro às 10:22
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JOSÉ RENATO NALINI - A QUE PONTO CHEGAMOS

 

 

Não é surpresa para ninguém que ser professor hoje é perigoso. O mestre deveria receber auxílio periculosidade. Assim como não se respeitam os pais, também os professores passaram a ser considerados empregados dos alunos. “Quem paga manda!”. Por isso, o número imenso de professores licenciados, afastados por problemas de saúde, consumindo tranquilizantes e necessitando de terapia.

A mídia tem noticiado episódios que envergonhariam uma nação civilizada. Não estou falando do Brasil. Aqui, além dos episódios “deixados prá lá”, em nome do tradicional “deixa disso”, ocorrências mais graves chegam à polícia e, depois disso, à Justiça.

Ainda há pouco, uma charge reproduzia com eloquência a situação brasileira. Há 20 anos, os pais mostravam o boletim para o filho e indagavam: “O que é isso?”. Hoje, eles levam o boletim para o professor e questionam: “O que é isso?”. Os filhos sempre têm razão.

Seja qual for a idade. O professor é um prestador de serviço que tem o salário pago pelo aluno. Este passou a ser o patrão do mestre.

Um caso judicial eloquente: em Bragança Paulista, um aluno de 20 anos – não está no pré-primário! – atirou uma casca de banana na professora de geografia. Os 10 mil reais que em tese deverá pagar à ofendida não fazem desaparecer seus abalos psicológicos e a dificuldade em continuar a lecionar naquela escola.

Na apuração dos fatos, dois alunos devem responder por falso testemunho, pois o juiz considerou que eles prestaram informações falsas.

Esse o Brasil que está num dos últimos lugares na apuração da consistência da escolarização oferecida às crianças e jovens. Educação começa em casa. Os pais, de modo geral, não têm se preocupado com os modos de seus filhos. Acham que as crianças ficam traumatizadas se repreendidas.

Podem fazer tudo, falar com franqueza, chamar o professor de você, ficar com o celular recebendo e mandando ´torpedos´ durante a aula, passar bilhetinhos, rir de quem está tentando transmitir algo para uma assistência à qual falta interesse e sobra arrogância. O que será que nos espera daqui a algumas décadas? Alguém se arrisca a vaticinar?

 

 

 

JOSÉ RENATO NALINI é Corregedor Geral da Justiça do Estado de São Paulo, biênio 2012/2013. E-mail: jrenatonalini@uol.com.br.



publicado por Luso-brasileiro às 10:16
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FELIPE AQUINO - FAMÍLIA, FONTE DE SANTIDADE

 

 

 
 
 
 
 
 

Família, nossa santificação de todos os dias

 

 

Deus nos criou para vivermos em família, como Ele mesmo é uma Família, Três Pessoas distintas em uma única natureza. Quando o Catecismo fala da família, começa dizendo que: Jesus, ao vir ao mundo, não precisava necessariamente viver em uma família, mas Ele assim o quis, para deixar-nos o seu exemplo e ensinamento sobre a nobreza e santidade da família. Quis ter uma mãe e um pai (adotivo), e foi obediente e submisso a eles (cf. Lc 2,51). Jesus não precisava ter um pai terreno, já que o Seu Pai é o próprio Deus. Mas Ele quis ter um pai adotivo, legal, como chamavam os judeus. Quando José quis abandonar Maria, em silêncio, para não difamá-la, Deus mandou o Anjo dizer-lhe: “José, filho de Davi, não temas receber Maria por esposa, pois, o que nela foi concebido veio do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho a quem tu porás o nome de Jesus”  (Mt 1,20-21). É como se Deus dissesse a José: eu preciso de você, eu quero você para ser o pai diligente da sagrada Família. Os pais geram os filhos, mais aqui é o Filho quem escolhe o seu pai.

 

A Família de Nazaré nos dá uma lição de vida familiar. Como disse Paulo VI: “Que Nazaré nos ensine o que é família, sua comunhão de amor, sua beleza austera e simples, seu cárater sagrado e inviolável (…).  Uma lição de trabalho…” (05/01/64). A família é uma escola de virtude e de santidade para todos. Vivendo na família de Nazaré, Jesus nos ensinou a importância da submissão e obediência dos filhos aos pais. Ele, mesmo sendo Deus, se fez obediente àqueles que Ele mesmo criou e escolheu para seus pais. Cumpriu em tudo o quarto mandamento que manda “honrar” os pais. Mais do que ninguém obedeceu à Palavra de Deus que diz: “Quem honra sua mãe é semelhante àquele que acumula um tesouro”. “Quem teme o Senhor honra pai e mãe” (Eclo 3).

 

 

 

 

É porque a família é hoje tão ofendida pelas pragas da imoralidade, que a sociedade paga um alto preço social: jovens deliquentes, crianças abandonadas, pais separados, homens e mulheres frustrados, tanta violência, tanto crime, tanta morte…

 

Essas pobres crianças e jovens desorientados, que vivem pelas ruas, perdendo-se nas drogas, no crime, na violência, na homossexualidade e nas bebidas, etc., apenas estão buscando com isso um pouco de calor humano, afeto, que deveriam ter recebido em suas famílias, e não receberam.

 

O Catecismo diz que a família “é a sociedade natural onde o homem e a mulher são chamados ao dom de si no amor e no dom da vida. A família é a comunidade na qual, desde a infância, se podem assimilar os valores morais, em que se pode começar a honrar a Deus e a usar corretamente a liberdade. A vida em família é iniciação para a vida em sociedade”  (§ 2207).

 

“É no seio da família que os pais são para os filhos, pela palavra e pelo exemplo… os primeiros mestres da fé”, ensina a Igreja (LG, 11). “É na família que se exerce de modo privilegiado o sacerdócio batismal do pai de família, da mãe, dos filhos, de todos os membros da família, na recepção dos sacramentos, na oração e na ação de graças, no testemunho de uma vida santa, na abnegação e na caridade ativa. O lar é assim a primeira escola de vida cristã e uma escola de enriquecimento humano. É ai que se aprende a fadiga e a alegria do trabalho, o amor fraterno, o perdão generoso e mesmo reiterado, e sobretudo o culto divino pela oração e oferenda de sua vida” (CIC §1657).

 

Essas palavras do Catecismo mostram que o lar é a escola das virtudes humanas; logo, lugar de santificação. Para os pais, a vida conjugal é uma oportunidade riquíssima de santificação, na medida em que, a todo instante, precisam lutar contra o próprio egoísmo, soberba, orgulho, desejo de dominação, etc., para se tornar, com o outro, aquilo que é o sentido do matrimônio: “uma só carne”, uma só vida, sem divisões, mentiras, fingimentos, tapeações, birras, azedumes, mau-humor, reclamações, lamúrias, etc.

 

 

FELIPE AQUINO   -  Escritor católico. Prof. Doutor da Universidade de Lorena. Membro da Renovação Carismática Católica



publicado por Luso-brasileiro às 10:04
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FRANCISCO VIANNA - MADURO SOB PRESSÃO DA CRISE, DAS DÚVIDAS, E DA DÍVIDA.
 
 
 

 

 

 

 

 

 

 

Apesar de contar ainda com uma significativa renda petroleira e com o controle quase absoluto dos poderes do estado venezuelano, a liderança de Nicolás Maduro não consegue impedir que a chamada “Revolução Bolivariana” comece a fazer água, com níveis de impopularidade que superam os 60 por cento, além dos atritos internos que ameaçam a integridade estrutural do regime imposto à população por via do aproveitamento político das fraquezas institucionais da antes florescente democracia na Venezuela.

 

 

 

O Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, discursa num ato em Caracas em 11 de setembro último. MIGUEL GUTIERREZ / EFE

 

Dizem os entendidos que o ex-motorista de ônibus e pelego sindical Maduro perdeu o ‘capital político’ acumulado pelo falecido presidente Hugo Chávez de forma impressionante, numa hora em que a crise econômica e sua escassez cada vez mais aguda de produtos básicos de consumo é grave e acentua a hostilidade venezuelana fortemente convencida de que ele está no poder de forma ilegal por haver fraudado o resultados das eleições e, mesmo assim, ter vencido Capriles por uma diferença desprezível de 300 mil votos e por não admitir uma auditoria externa na contagem desses votos.

 

Tudo isso faz com que o regime seja suspeito de se caminhar para uma ditadura – que, na prática já é – declarada pelas dúvidas que suscita entre os diferentes setores do chavezismo sobre a sua capacidade de manter em progressão o projeto bolivariano.

 

Um professor de Relações Internacionais da Universidade de Boston, Carlos Blanco, afirmou que “a deterioração do apoio político a Maduro é realmente impressionante, e ele não tem conseguido conservar a liderança que Chávez, embora fragilizado pela doença nos últimos tempos a mantinha incólume. Trata-se de algo evidente inclusive dentro das próprias hostes chavezistas, que atuam sabendo que já têm seus dias contados”, enfatizou o professor latino. “Já estão funcionando com perspectivas de muito curto prazo, numa espécie de ‘operação de sobrevivência’. O barco bolivariano está fazendo água por todos os lados”, assinalou.

 

A queda de popularidade do atual governante venezuelano está sendo mostrada pela quase totalidade das enquetes, inclusive as conduzidas pelos institutos controlados pelo governo que apresentam resultados muito parecidos com os independentes, chamados pelo regime como sendo “de oposição”.

A mais recente delas, elaborada pela firma “Alfredo Keller y Asociados”, mostrou que a oposição continua a se consolidar na maior parte do país, com níveis de aceitação de 42 por cento, ao passo que o chavezismo continua a se deteriorar, situando-se em 34 por cento de aprovação.

Tal pesquisa mostra, do mesmo modo, que o pessimismo dos venezuelanos quanto ao futuro do país, aumentou de 53 para 61 por cento, considerando-se que a situação em geral vai de mal a pior e que apenas 39 por cento considera que o país vai bem ou está melhorando. De qualquer modo, a Venezuela continua a ser um país amplamente dividido, mas que apresenta um franco deslocamento do ponto de divisão em favor da oposição.

 

Quando Hugo Chávez ainda estava vivo, no ano passado, essa tendência era inversa, com o otimismo superando o pessimismo em mais de 15 pontos percentuais. Hoje a coisa virou numa guinada de mais de 180 graus, com um índice de rejeição à Maduro e ao bolivarianismo que se situa em 54 a 43 por cento, com uma tendência de aumentar essa diferença de modo marcante a continuar as medidas autoritárias de Caracas, principalmente as econômicas e a persistir a imensa falta de segurança pública e violência criminal tratada com condescendência e ineficiência pelo poder.

 

Há enquetes que situam a desaprovação a Maduro e ao regime em mais de 60 por cento, enquanto os entendidos dizem que Maduro e seu regime muito próximo a uma ditadura semelhante à de Cuba estão sendo atingidos de forma dura pela crise econômica que arrasa o país, a qual, no entanto, foi causada pelas decisões socialistas de Chávez, e que Maduro, agora, ao continuar a adotar medidas na linha chavezista, está pagando o preço do custo político dos desacertos de ambos. Tudo isso agravado agora pelo fato de Maduro não ter um décimo da liderança populista e o carisma demagogo que seu antecessor possuía perante as massas ignaras.

 

As pessoas hoje responsabilizam Maduro pela ‘gestão desastrosa’, o que não ocorria com Chávez, que tinha a habilidade dos caudilhos de despejar um monte de mentiras bem articuladas sobre uma população mal politizada e de baixíssima escolaridade, que se mostrava “hipnotizada” por seu mandatário. Com Chávez a estória sempre foi a de jogar a culpa dos maus resultados em seus ministros e colaboradores, a quem os substituía situando-os em cargos que, na maioria das vezes, era mais uma promoção do que uma punição. Já viu esse filme, aqui no Brasil?

 

“Pois é, mas, agora, quem está sendo imputado é o próprio Maduro”, comentou o assessor político governista Orlando Viera Blanco.

 

 

 Segunda feira, 23 de setembro de 2013

 (da agência de notícias espanhola EFE)


 

FRANCISCO VIANNA  -   Médico, comentador político e jornalista  - Jacarei, Brasil



publicado por Luso-brasileiro às 09:57
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HUMBERTO PINHO DA SILVA - SANTA FORTE

 

 

 

 

 

 

 

 

Estava a ver a TV Globo, quando de repente surge a presença de conhecida e popular figura pública. Atentei, na esperança de ouvir opiniões de destacada personalidade. Falou sobre si, dos seus sucessos, dos prémios que recebeu, e a determinado momento sai-se com esta:

 

- “ Tenho muita fé na Senhora Aparecida, mas para mim a Santa Forte é a de Fátima!” - e solta jovial gargalhada, que valeu salva de palmas da assistência.

 

Pus-me, então, a pensar: Como é que alguém, com a projeção daquela notável figura, pode asseverar, perante as câmaras, tal coisa?

 

Lembrei-me logo de certo concurso, realizado na RTP, onde engenheiro, que participava, ao ser-lhe perguntado se sabia quem era a freira portuguesa, que escreveu cartas de amor, que ficaram na literatura, logo, muito lampeiro respondeu, com ar de entendido:

 

- “ Religiosa tão ilustre e portuguesa, só pode ser Nossa Senhora de Fátima!”

 

Sei que a ignorância religiosa não tem limites, mesmo em quem possui grau académico e frequente o culto; mas afirmar que a Santa de Aparecida é menos “ taumaturga” de que a de Fátima, é desconhecer quem é Nossa Senhora; é desconhecer quem é a Mãe de Jesus; é desconhecer o Evangelho.

 

Custa-me acreditar, mas sei que há milhares, para não dizer milhões de crentes e não crentes, que pensam que cada evocação a Maria, é uma Santa.

 

Sei que milhares de pessoas percorrem largas distâncias, para pagar promessas e pedir graças, à Virgem, pensando que a “imagem” que se encontra na sua paróquia é menos milagreira, que a do santuário mariano.

 

Padre António Vieira, conta, com grande beleza, que foi um estatuário, ao monte, cortar um cepo. Fende-o em duas metades: uma lança ao fogo, para se aquecer, a outra, transforma-a num ídolo; e termina, afirmando - que fica pasmado, porque sendo ambas as partes do mesmo cepo, uma seja adorado e outra queimada!

 

Também fico pasmado, ao ouvir figuras públicas, abordar temas religiosos, e muito mais quando de declaram crentes.

 

Se outrora a Igreja, não esclarecia devidamente os fiéis, atualmente não há razão para tanto desconhecimento.

 

Em muitas paróquias há catequese para adultos. Existem cursos bíblicos, gratuitos, por correspondência; e na Internet há sites de ótima qualidade sobre o tema.

 

A difusão da Bíblia foi de tal forma feita, que só não possui um exemplar, pelo menos do Novo Testamento, quem não quer.

 

Afirmações, como esta, que ouvi na TV Globo, há anos, ditas por quem se declara crente, nada dignifica quem o diz e são demonstrativas que há ainda muito para evangelizar.

 

É urgente cristianizar os cristãos, como dizia certo religioso da Ordem Menor, no tempo da minha adolescência.

 

 

 

HUMBERTO PINHO DA SILVA   -   Porto, Portugal



publicado por Luso-brasileiro às 09:28
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Terça-feira, 24 de Setembro de 2013
EUCLIDES CAVACO - NOSTALGIA

Olá estimados amigos

 

 

 

 

 

Olá estimados amigos

NOSTALGIA É o poema declamado que vos ofereço esta semana que deixa transparecer um pouco do meu estro nostalgico após o meu regresso de Portugal, agradecendo aos muitos amigos que partilharam comigo extraordinários momentos durante este período de férias nos diversos locais por onde passei e me receberam com amistosa cortesia. Veja e ouça NOSTALGIA aqui neste link:

 

 

                                   http://www.euclidescavaco.com/Poemas_Ilustrados/Nostalgia/Index.htm

 

 

As minhas cordiais saudações para todos vós
 

Euclides Cavaco  - Director da Rádio Voz da Amizade.London, Canadá

cavaco@sympatico.ca

 



publicado por Luso-brasileiro às 10:29
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Terça-feira, 17 de Setembro de 2013
CINTHYA NUNES VIEIRA DA SILVA - MEUS " DIREITOS "

 

 

 

 

 

 

            Não advogo na área trabalhista e, do operacional, do procedimento, inclusive, pouco conheço. Contudo, não é necessário ser um expert nesse ramo do Direito para perceber que há muitas demandas que são temerárias, movidas pela má-fé, pelo oportunismo, pelo mal caratismo.

            Quando o empregador não cumpre com o avençado em contrato, quando o empregado é assediado moral ou sexualmente, quando não são pagas as verbas trabalhistas referente a trabalho efetivamente prestado, a ação trabalhista é mais do que legítima, pois se configura no exercício de um direito, o direito a ser remunerado pelo trabalho, físico ou mental, despendido.

            Não é, portanto, do constitucional direito a que me refiro, mas sim de gente que acha que vai resolver a vida à custa alheia. Gente que é capaz de inventar toda sorte de mentiras, de arrumar testemunhas vendidas, de fraudar cartões de ponto e outros tantos documentos. É claro que também há o empregador desonesto, aquele que acha que, por estar em uma condição econômica superior, é senhor da lei e da (in)justiça. É para esse tipo de gente que a Justiça do Trabalho deveria existir, para que fossem honrados os compromissos assumidos.

            O que me causa revolta, contudo, é ver quanta gente se vale de qualquer motivo para faltar ao trabalho, juntando atestados fajutos ou apenas dando desculpas já há muito “manjadas” e puídas, ou que aceita as condições apresentadas, de livre e desimpedida vontade e, depois, pura e simplesmente, age como se tivesse sido ludibriado.

            Lembro-me de um caso real de um sujeito que alegou trabalhar 24 horas por dia, sem descanso, ininterruptamente. Para alívio de todos, o “super homem” foi condenado por litigância de má-fé, porque mais do que mentir, ainda zombava da seriedade e do bom senso da Justiça.

            Outro caso curioso foi de uma doméstica que, após a morte dos empregadores, resolveu ingressar em juízo alegando, contra os herdeiros dos idosos, que trabalhou por vinte anos sem ganhar um único centavo! Ou seja, isso só seria crível se fosse trabalho escravo, porque quem é que trabalharia, em sã consciência, por vinte anos em qualquer espécie de remuneração, na casa de estranhos?

            A jurisprudência é repleta de exemplos absurdos, desde gente que trabalhou por um mês ganhando um salário mínimo e que pede indenização por dispensa de mais de trinta salários, sem qualquer fundamento, como gente que inventa ter exercido funções que nunca teve...

            Particularmente, sinto-me envergonhada desse tipo de gentinha que quer se dar bem a todo custo. Não consigo entender quem crê que a vida deve ser levada na base do prejuízo do outro e no benefício próprio tão somente. Por conta de gente desonesta é que os honestos, muitas vezes, perdem oportunidades, infelizmente.

            Gente que apenas postula seus “dereitos”, mas que olvida de seus deveres não merecia nem passar pelas dignas portas da Justiça do Trabalho, que é do trabalhador e não do vagabundo!

 

 

 

 

CINTHYA NUNES VIEIRA DA SILVA    -  Advogada, mestra em Direito, professora universitária e escritora   -  São Paulo



publicado por Luso-brasileiro às 12:02
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PAULO ROBERTO LABEGALINI - ACORDA PARA A CORDA

 

 

 

 

 

 

No livro ‘Reflexos III’ do confrade Gesiel Júnior, encontra-se esta história:

Um moço religioso que vivia entre os monges do deserto considerava-se pouco inteligente e incapaz de guardar os ensinamentos recebidos. Entristecido, procurou um velho sábio e lhe disse:

–Apesar dos esforços constantes, não chego a conservar na memória, durante muito tempo, as instruções que recebo. Os trechos mais belos que leio diariamente no Evangelho vão também para o esquecimento.

O sábio que o escutava com paciência apontou dois cântaros e falou ao jovem:

–Meu filho, toma um daqueles cântaros. Coloca um pouco d’água e lava-o cuidadosamente. Enxuga-o com teu próprio hábito e devolve-o ao lugar onde estava.

Obediente, o moço fez exatamente o que lhe determinou o sábio. Concluída a tarefa, o ancião perguntou-lhe qual dos dois cântaros estava mais limpo. O rapaz tomou nas mãos o que ele acabara de secar e respondeu:

–Este, por certo está brilhando! Lavei-o com bastante cuidado.

–Repara bem – disse o sábio. – Ele difere muito daquele outro que não foi lavado e que continua empoeirado; porém, embora inegavelmente limpo, este cântaro não retém mais vestígio algum da água que o purificou. Também aquele que ouve confiante os ensinamentos do Evangelho e os vivencia, embora não grave na memória a exata precisão das mensagens recebidas, traz o coração tão puro quanto um cântaro lavado.

Pois é, embora simples, esta história reflete a tão proclamada verdade: não só de pão vive o homem, mas também de toda Palavra da boca de Deus.

Também é importante evangelizarmos os ambientes que convivemos no dia-a-dia, quer seja em família, no trabalho ou entre amigos. Falando dos ensinamentos de Cristo e dando testemunhos de superação dos pecados, muita gente acaba refletindo posteriormente nos assuntos e passa a encarar a vida um pouco diferente.

Quando tenho oportunidades, cito pessoas que eu não gostava e as perdoei. Não eram poucas e hoje não sobrou ninguém que eu tenha ressentimentos. Não foi fácil, nem foi de repente, mas valeu a pena não mais sofrer por coisas que já passaram. Tenho consciência que, agora, posso rezar o Pai-nosso em paz:‘...perdoai as nossas ofensas, assim com nós perdoamos os que nos têm ofendido...’.

Eis outra história do livro do amigo Gesiel:

Havia um homem que vivia sempre sereno e atraía a  atenção de pessoas que paravam para conversar. Todos ficavam curiosos para saber qual era o motivo de seu constante bom humor. Um dia, o rei o procurou e falou-lhe:

–Você está sempre alegre. Será que nunca fica preocupado com alguma coisa? Não se preocupa nem mesmo com o seu destino? Será que não pensa nos pecados dos quais Deus vai lhe pedir contas? Afinal, nesta vida, todos somos pecadores!

–Vossa majestade tem toda razão – respondeu o homem. – Eu imagino que a gente está amarrado a Deus por uma corda. Quando pecamos, Ele corta a corda, mas quando nos arrependemos e pedimos perdão, Ele pega as duas pontas e dá um nó para reatá-las.

–Mas, o que significa isso? – questionou o rei.

–Desse jeito, a corda fica mais curta e a gente se aproxima de Deus! Os anos passam e, apesar do esforço, a gente continua falhando, porém, Ele vai dando mais nós na corda e, cada vez mais, vamos ficando muito perto Dele. Este é o motivo que me faz viver feliz.

O rei ficou maravilhado com a sabedoria e a coerência das palavras do homem, e entendeu a felicidade daqueles que, embora pecadores, se arrependem e amam a Deus.

Refletindo nas duas histórias, concluo que quanto mais ouvimos a santa Palavra e perdoamos as pessoas, mais manso fica o nosso coração para acolher o amor de Deus. Assim como eu, quem já fez essa experiência sabe que a prática da fé é como um banho: a cada dia precisa ser repetido, independente do quanto foi eficaz no dia anterior. Mas, quem insiste nas doses de bobagens que contaminam a alma, vai se afastando do Senhor.

E a sua corda atada a Deus, com que tamanho está? É curta ou tem quilômetros de comprimento? As novelas e as besteiras que passam na TV continuam presentes em sua vida? Acorda!

De tantos nós do passado, a minha corda já está bem curta. Agora cuido para que não precise mais ser cortada.

 

 

 

 PAULO ROBERTO LABEGALINI -    Escritor católico, Professor Doutor da Universidade Federal de Itajubá-MG. Pró-reitor de Cultura e Extensão Universitária da UNIFEI.



publicado por Luso-brasileiro às 11:58
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MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE - HISTÓRIAS QUE ME HABITAM

 

 

 

 

 

 

 

Quando alguém me entrega sua história, além de me comover, me responsabiliza. Peço a Deus pela pessoa e vivencio uma maternidade de cantiga de ninar. Mais do que confiança, de quem me entrega a sua história, é um ato de ternura em busca de acalanto.

 

Conhecemo-nos há dez anos. Acompanhei alguns acontecimentos de seu cotidiano. Ignorava, contudo, o nó que a emperrava em determinados passos.

Nasceu com o Parque de Diversões em atividade.  Um trailer em andanças, pintado de amarelo ouro com cortinas vermelhas, se tornou sua casa. As paisagens, a cada um ou dois meses, mudavam. Ao crescer um pouco, surgiram as perturbações e dentre elas a falta de raiz, que a tornava sem resistência nas tempestades pelas quais os indivíduos passam.

 

O abuso sexual interrompeu sua infância, ferindo-a física e emocionalmente. Criança desprotegida, amedrontou-se com a lâmina de um punhal, com torturas, com cordas que poderiam puxá-la às profundezas do rio.

 

Ao falar de um Parque de Diversões, vem-me sempre a música “Sempre o Amor”, do compositor. Antônio Geromel, que já partiu  para a Eternidade. Sua esposa, Profa. Anna Apparecida Osti Geromel, a cantou com postura de ressurreição e com a coragem e a poesia que lhe são próprias, no velório, como adeus: “O amor veio sorrindo,/ parecia não mais acabar./ Mas fez da curva de uma estrada/ como as águas que vão pro mar./ O tempo foi se passando,/ como passa a nuvem no ar./ Tão depressa ele veio e se foi,/ como as águas que fogem pro mar./ Quero ver a roda gigante,/ quero de novo brincar,/ voltar ao passado distante, / outra vez de novo amar...”

 

Para a moça, contudo, o Parque de Diversões com seus brinquedos, maçã do amor, pipoca com groselha, não possui encanto. O Parque de Diversões foi espaço de tragédia, que a transformou, durante anos, em mulher medrosa, angustiada.  Fugiu da engrenagem, que divertia o povo, nos primórdios de sua adolescência, através do casamento. Embora na distância, entre o passado e o presente permanecia um biombo. Por cima dele, o passado a espiava e a massacrava, no presente, com culpas que não eram dela. Questionava-se sobre a possibilidade da escolha de seu corpo de menina, por homens adultos, em meio a outras garotas, ser motivada por ela mesma. Isso acontece com todas as crianças e jovenzinhas vítimas de violência sexual infanto-juvenil. O abusador, com sua mente diabólica, é hábil em colocar a vítima como responsável por seus atos animalescos.

 

Afundada em dúvidas, culpas e conflitos, abriu as portas para a depressão, tropeçando em seu próprio vazio.

 

Deus, uma profissional da área de psicologia e um local em que exercitou seus incontáveis dons a resgataram do abismo.

 

Penso em outra canção: “Roda Viva” de Chico Buarque: “Roda mundo, roda gigante,/ Roda moinho, roda pião,/ O tempo rodou num instante/ Nas voltas do meu coração”.

 

Hoje, as suas palavras de ordem se compõem de: marcas antigas não sangram mais, recomeçar, recuperar o colorido da vida, mudar, superar. Abriu mão do vitimismo e se colocou a serviço dos outros. Reconheceu que somos únicos, com capacidades próprias, e não permite que a tristeza entre, ao abrir o seu interior.

 

Escrevo sobre ela para mostrar que é realizável um novo caminho, quando a pessoa toma a iniciativa e troca a roda gigante por asas libertas. Escrevo porque, além de lhe querer bem, a aplaudo. Escrevo sobre ela para que o julgamento inclemente, diante de tantas realidades sofridas, dê lugar à misericórdia.

 

 

 

 

MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE   - É coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher – Santa Maria Madalena/ Magdala. Jundiaí, Brasil.

 



publicado por Luso-brasileiro às 11:53
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