PAZ - Blogue luso-brasileiro
Terça-feira, 17 de Setembro de 2013
JOSÉ CARLOS MARTINELLI - TERCEIRO SETOR E MELHORA DE QUALIDADE DE VIDA DOS PESSOAS EM TODO O MUNDO.
O consagrado cientista social Noberto Bobbio definiu o século XX como “um tempo em que as massas tomaram amplo conhecimento dos direitos, mas os Estados não tiveram condições de garanti-los”. Desde então, milhares de entidades e organizações em todo o mundo levam à frente a defesa desses anseios, prestando relevantes serviços às populações. Elas constituem o denominado Terceiro Setor, no qual se destacam as organizações não governamentais (ONGs), cujas atribuições são valorizadas sob os mais diversos enfoques, desde o econômico até o jurídico.
A partir da Declaração Universal dos Direitos Humanos, em 10 de dezembro de 1948, milhares de entidade e organizações, algumas internacionais, têm levado à frente o compromisso assumido com o homem de defender esses anseios fundamentais, prestando serviços relevantes nas mais diversas áreas, buscando sempre o aprimoramento do respeito à dignidade humana. Assim, também conhecidas por entidades sociais (fundações, associações, instituições, centros comunitários etc.), as organizações não governamentais (ONGs) têm como missão melhorar a qualidade de vida das pessoas em todo o mundo, atendendo, desde crianças, adolescentes, homens e mulheres em situação de risco, até refugiados, presos políticos, doentes físicos e mentais, minorias raciais, étnicas e religiosas.
Estas entidades pertencem à sociedade civil e são dotadas de interesse humano, sem fins lucrativos, como associações e fundações. Objetivam promover e executar ações voltadas ao desenvolvimento econômico e comunitário, por intermédio de relações com o poder público e com empresas, e atuam nos mais diversos setores, tais como educação, saúde, assistência social, cidadania, profissionalização, responsabilidade social, cultural e lazer. Na realidade, revelam-se em alternativas de ação entre os órgãos oficiais e os estabelecimentos empresariais, com excelência de resultados, transparecendo uma espécie de poder paralelo, reconhecido – e, em alguns casos, combatido – por governos e instituições internacionais, tendo como exemplo de êxitoem nosso País, entre outros, a Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança.
Noberto Bobbio definiu o século XX como “um tempo em que as massas tomaram amplo conhecimento dos direitos, mas os Estados não tiveram condições de garanti-los”. Por isso, as ONGs constituem hoje o chamado Terceiro Setor e têm como características principais: trabalho voluntário; independência em relação às administrações públicas; reivindicação e influência quanto às políticas que assegurem a liberdade dos indivíduos, cuja responsabilidade é dos Estados; dotação de elevados padrões éticos que pactuam suas normas de conduta e assentamento em estreitos laços de idoneidade e eficiência.
Suas atribuições são valorizadas sob enfoques diversos: no campo econômico, evitam ou reduzem a intermediação sempre dispendiosa e muitas vezes essencialmente políticas dos governos e, por não buscarem lucro nem terem obrigações fiscais, tornam-se participantes pouco onerosos e muito eficazes (Cite-se, nesta trilha, que o Banco Mundial passou a exigir o envolvimento de ONGs como condição para aprovar financiamentos. Pelas contas da instituição mundial, de cada cem dólares liberados ao Brasil, apenas sessenta chegavam aos destinatários finais. Agora, com o controle e supervisão destes grupos, o montante cresceu para noventa dólares); na área social, constituem exemplos de solidariedade, abnegação, obstinação, desprendimento e luta para alcançarem os seus objetivos e ideais (ex.: Greenpeace); no prisma jurídico, são fortes instrumentos de solidificação e aprimoramento do exercício da cidadania.
O número de fundações privadas cresceuem nosso País157%, entre 1996 e 2002, saltando de 105 mil para 276 mil, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplica (Ipea) e a Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais. No mesmo período, o número de pessoas empregadas no setor passou de um milhão para 1,5 milhão. Por outro lado, recente pesquisa promovida em 35 países pela Johns Hopkins University, dos Estados Unidos, concluiu que o Terceiro Setor movimenta, por ano, cerca de US$ 1,33 trilhão (cerca de R$ 2,78 trilhões). Se fosse um país, teria o sexto maior Produto Interno Bruto (PIB) do mundo. Na França e no Japão, o terceiro setor participa com 42% do PIB; no Canadá e na Itália, com 38%; nos Estados Unidos, 35%; no Brasil, 3%, sendo a média mundial 5%.
A título ilustrativo, ressalte-se que o ordenamento jurídico para que o Ministério da Justiça qualifique empresas do Terceiro Setor como Oscips (Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público) está firmado na lei federal 9.790 de 1999.
JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é advogado, jornalista, professor universitário e escritor.
FELIPE AQUINO - FIDELIDADE À NOVA VIDA EM CRISTO
O cristão precisa sempre demonstrar seu amor a Deus
No ano novo as coisas continuarão as mesmas, o que vai mudar é nosso coração. O cristão pode mudar o mundo. O cristão não pode ser triste, ele olha para qualquer situação do mundo e a enfrenta em nome de Deus e diz: “nós vamos mudar essa situação”. Essa é a esperança Cristã, a vida que vence a morte. Houve uma fase na história da humanidade, quando desabou o império Romano por causa da sua imoralidade e em que os bárbaros dominaram o maior império, e parecia que o mundo iria acabar. São Jerônimo, derramava lágrimas porque era cidadão romamo. Ele teve que parar a tradução do livro de Isaías por causa das suas lágrimas, e dizia o mundo acabou, porque os Bárbaros estavam destruindo tudo. Santo Agostinho escreveu um obra “Cidade de Deus”, dizendo ninguém pode vencer Deus, o mundo vai sobreviver. E o mundo sobreviveu. E a Igreja Católica foi a única instituição que ficou de pé, porque ela tinha grandes santos, tinha os mosteiros que são celeiros de grande santos. E a Igreja converteu os Bárbaros. A fé venceu a desgraça.
Nenhuma fase da história o cristianismo poderá ser vencido. Estamos vendo no mundo muitas blasfêmias, ataques, mas não tenham medo porque Deus sempre venceu e sempre vencerá. Não é o mundo que precisa mudar, somos nós cristãos que precisamos mudar o mundo. A Igreja nunca escolheu a quem ela deve levar o Evangelho. Ela não escolhe quem evangelizar, ela evangeliza quem está na sua frente.
O Reino de Deus se estabelece primeiramente no nosso coração e depois nas nossas famílias. Não esperemos que o ano seja diferente, nós que vamos fazê-lo diferente. Não espere que o ano seja uma vida nova, nós que faremos uma vida nova. O que se fez velho não é o ano, é a nossa vida sem cristo. E a vida nova é a nova vida em Cristo. Você só terá um feliz ano novo, se você tiver uma vida em Cristo.
A pessoa que não conhece Jesus Cristo, não sabe quem ela é. Ela não conhece sua identidade, porque casa, porque não casa, não sabe quem ele é. O homem que não encontrou sua identidade está perdido no escuro, sua vida é um vazio. Só tem uma pessoa que pode dar sentido nessa vida, Jesus Cristo. E Ele veio para esse mundo para dar sentido a sua vida, você é um filho amado de Deus. O Senhor te criou a sua imagem e semelhança. Você não poderia ser criado de uma maneira mais bonita.
Você foi criado a imagem do grande artista. Valorize sua vida. Não diga eu não presto para nada. Porque cristo veio lhe dizer, você é um filho amado de Deus, tanto que Ele deu a vida por você numa cruz. Não jogue no lixo a imagem de Deus que é você. Levanta-te.
“Não esperemos que o ano seja diferente, nós que vamos fazê-lo diferente” Sejamos luz para o mundo. Somos como a lua, que não tem luz própria, mas ela reflete a luz do sol sobre a terra. Nós somos escuridão, mas quando a luz de Cristo vem sobre nós, nós podemos refletir essa luz de Cristo para as pessoas.
Deus nos fez inteligentes, livres. Mas porque Ele nos fez tão frágeis, um vaso de barro? São Paulo responde, para que saibamos que não é mérito nosso, é graça de Deus. Um vaso de barro precisa ser manuseado com muito cuidado, porque senão eles se quebram. É por isso que muitos filhos de Deus se perdem, não foram tratados com cuidados.
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Jesus disse aos discípulos: “Vigiai e orai, porque os espírito é forte, mas a carne é fraca”. Nós fazemos um monte de propósitos, mas muitas vezes não conseguimos porque a carne é fraca, por isso Jesus nos manda orar. E com a oração temos força para vencer o pecado, para ter uma vida em nova em Cristo.
Não adianta você querer ter uma vida nova, se não fizer essas duas coisas: Vigiar e orar. O inimigo de Deus nos domina pelo pecado, São Paulo diz “o salário do pecado é a morte”. Se não fosse o pecado não existiria a morte. Cristo veio tirar o pecado do mundo. João Batista disse: “Eis o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” Ele não disse que Ele veio curar. Jesus veio para tirar a causa dos sofrimentos, o pecado do mundo.
A Igreja, que é o corpo do Cristo, existe para tirar o pecado do mundo. Ela continuar a fazer o que Cristo fez, tirar o pecado do mundo.
Não importa se vamos viver um ano com tribulações, porque Deus está conosco. O Cristão sabe que Deus está com Ele a todo instante. O que importa que é o homem interior se renova a cada dia, isso que você precisa levar para o ano novo, mesmo que se desconjunte o homem exterior, o homem interior se renova a cada dia, essa é a nossa esperança.
A revolução que a Igreja fez no mundo, foi a revolução da Cruz. O cristão tem os pés no mundo, mas caminha com o coração no céu. Quando os primeiros cristão compreenderam que a felicidade não está nesse mundo, ninguém mais os segurou. Ficamos com vergonha da nossa fé, diante da fé deles, eles eram entregues à boca dos leões, mas não negavam sua fé em Jesus Cristo. Perpétua e Felicidade, foram presas e condenadas por serem cristãs, mas elas não negaram Jesus Cristo. Só a fé na eternidade pode proporcionar essa coragem. Milhares de pessoas morreram, para não negarem a fé em Cristo.
Se nós não fossemos tão frágeis, não iriamos querer saber do céu. Deus tem algo tão bom para nós que São Paulo não pode descrever, “Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam.” (1 Coríntios 2,9). Era essa esperança que impulsionava os mártires a deixar tudo nessa vida para conseguir o céu. Nossa pátria não é nessa Terra, nossa pátria é no Céu. Somos cidadãos do céu. Se queremos viver um ano novo, uma vida nova, vamos viver em Jesus Cristo.
“Não tenham medo porque Cristo Ressuscitado caminha conosco.” Beato João Paulo II
FELIPE AQUINO - Escritor católico. Prof. Doutor da Universidade de Lorena. Membro da Renovação Carismática Católica
VALQUÍRIA GESQUI MALAGOLI - FLORES E FLORES
“Um grito de estrelas vem do infinito/ E um bando de luz repete o grito/ Todas as cores e outras mais/ Procriam flores astrais”...
Seja na, a meu ver, incomparável voz de Ney Matogrosso, seja na versão cantada por Paulo Ricardo à frente do RPM, tal canção sempre me agradou. Era a que tocava quando voltávamos de um passeio à praia, nestas últimas férias.
Notável a intertextualidade, pensei!
Se uma e outra gravação vêm soar-nos aos ouvidos tão diversas; se ambas se mantêm leves mesmo sob diferentes timbres, e igualmente vibrantes embora em interpretações variadas... também a paisagem a cada quilômetro é, naquele trecho da Serra do Mar, igualdiferente.
Por vezes, sinto-me ali em meio ao cenário de um “Mad Max”. Gigantescos pátios industriais, donde da enormidade dos tubos fumaça é cuspida...
De repente, graças a Deus, explodem manacás nas encostas. Sobreviventes, multicoloridos... plurais, portanto, por natureza.
Se numa ou noutra curva da estrada um veículo encosta por problemas no motor, pneu furado, falta de combustível... aqui e acolá vão parando os que não perdem a oportunidade de um belvedere. Mas, há os que se arriscam por um rápido banho de cascata ou para numa delas encher seus galões: perigosos refrigérios à beira da pista movimentada.
Até as crianças, no banco traseiro, embaladas pela miscelânea musical, dormiam e acordavam para, a cada despertar, interpelar-nos: “onde estamos?”; “quanto falta?”; “já chegamos?”; “e agora?”. Cena esta comum e fielmente retratada no cinema.
E, se agora mudo o rumo da prosa, é só porque, enquanto lhes contava algumas cenas recentemente vividas, minha caçulinha me chamava para que em sua companhia eu conferisse uma entrevista do Tom Hanks ao David Letterman.
O ator arrancou risos da plateia ao chamar de grande mentira isso de, nos filmes, findo o combustível, os carros rodarem bons trechos.
Não é nosso caso, pois, o filme que lhes passei há pouco é todo verdade!
Valquíria Gesqui Malagoli, escritora e poetisa, presidente da Academia Feminina de Letras e Artes de Jundiaí. vmalagoli@uol.com.br / www.valquiriamalagoli.com.br
JOSÉ RENATO NALINI - DE PASTORINHO A PASTOR
Durante a missa de exéquias na Catedral de Nossa Senhora da Conceição, em Guarulhos, afirmou-se que dom Joaquim Justino Carreira quisera ser um dos pastorinhos de Fátima, que em 1913 viram Nossa Senhora. Ele nasceu em Leiria, mesmo ali no lugar das aparições. Mas quis a Providência que ele fosse um Grande Pastor. Responsável por uma das maiores e mais complexas Dioceses brasileiras.
Não é desse Joaquim que quero falar. É do Joaquim quase-primo, pois morou em casa de minha tia Irene Nalini Genaro. Foi o filho padre que ela não teve, embora mãe de uma carmelita. Um garoto que caiu do caminhão e se machucou todo e ainda comemorou: “Se não fosse eu, teria sido minha mãe! Graças a Deus que fui eu!”. Episódio relembrado agora por meu primo Sérgio Genaro, cuja neta Joaquim batizou em 2009.
Lembro-me do Joaquim dos TLCs, da viagem a Porto Alegre, de sua bondade intrínseca. Generoso, bom, prestativo. Sem vícios. O imponderável da cruel doença, cujo nome traumatiza e que ceifa crianças, jovens e idosos. Sem contemplação. O Joaquim estudioso, que prestava contas de seu crescimento intelectual, que levava a sério os estudos. E que não gostava de aparecer. Tantas vezes insisti com ele para fazer um programa televisivo, a falar da família, seu foco no mestrado. Sempre se recusava. Delicadamente, mas não era seduzido pelas gloríolas da mídia.
Não consegui visitá-lo. Fui ao Hospital Santa Catarina e não me permitiram entrar. Pouco depois, em casa de dom Luiz Stringhini, bispo de Mogi das Cruzes, comentei o fato e o bispo de imediato ligou para Joaquim, com quem conversei brevemente. Voz fraca, mas corajoso e oferecendo o seu sacrifício à causa nobre, a única essencial, aquela para a qual se doou desde criança.
Um homem bom, um sacerdote devotado, um bispo santo. Um homem de Deus, que tanto necessita de operários para a Sua messe. Ficamos sem a presença física de quem nunca se recusava a nos assistir nos momentos tristes. Celebrou a missa de sétimo dia de minha mãe. Fez uma homilia carinhosa. A razão me diz que um dia teremos de nos reencontrar sem as dores e sofrimentos desta miséria que é a breve passagem pelo Planeta. Mas a emoção me deixa profundamente amargurado, por perder um verdadeiro primo sacerdote. De quem já estou sentindo imensa falta e crescente saudade.
JOSÉ RENATO NALINI é Corregedor Geral da Justiça do Estado de São Paulo, biênio 2012/2013. E-mail: jrenatonalini@uol.com.br.
FRANCISCO VIANNA - UM FERIADO DE INTROSPECÇÃO E PREOCUPAÇÃO
Em Israel, o Primeiro Ministro Netanyahu adverte para um possível “terremoto regional” afirmando que, “ações, e não palavras, constituem a melhor conduta com relação à Síria e ao Irã”. Por sua vez, Shimon Peres, diz que “a Síria está pagando um alto preço por haver se recusado a fazer a paz com Israel”.
Shimon Peres pendura uma guirlanda pelos soldados mortos na Guerra do Yom Kippur há quarenta anos neste domingo. (Foto: Kobi Gideon/GPO/Flash90)
O acordo firmado entre a Síria, a Rússia e os EUA, em princípio, para entregar o arsenal de armas químicas ao controle irrestrito da ONU, caso seja realmente cumprido, vai reverberar no Irã como uma importante derrota da política do regime islamofascista de Teerã para a região. Pelo menos, é essa a opinião unânime dos líderes israelenses, que comemoram hoje, domingo, o mais solene e sagrado de seus feriados, o YOM KIPPUR (dia do arrependimento silencioso) e também o 40º aniversário da guerra de agressão árabe perpetrada pela coalizão Egito, Síria e Jordânia, em 1973, de surpresa, sem declaração formal, numa tentativa de destruir o Estado de Israel.
Netanyahu fez questão de expressar um otimismo cauteloso sobre o acordo russo-americano, que começará a ser posto em execução com os relatórios sírios sobre seu estoque de armas químicas até o final da semana. Todavia, o Primeiro Ministro também ressaltou a necessidade de tal compromisso ser apoiado por ações concretas não apenas com relação à Síria, mas também com relação ao Irã.
Em referência à destruição completa das armas químicas em poder dos sírios, e que deve ocorrer até meados de 2014, Netanyahu disse que "espera que o acordo comece a dar frutos e que a sua eficácia será julgada pelos seus resultados e que tais resultados também se aplicam aos esforços da comunidade internacional para parar ou impedir a produção de armamentos nucleares por parte do Irã, ou seja, não palavras, mas ações serão os fatores decisivos". Acrescentou, ainda, que, mais do que nunca, país judaico tem a maior necessidade de poder se defender de suas ameaças regionais.
O Primeiro Ministro israelense disse também que "hoje está falando numa época diferente, em meio a um ‘terremoto regional’ sem precedentes desde a criação do Estado. Estamos diante de novas ameaças: mísseis e armas cibernéticas de destruição em massa e Israel terá de estar pronto para se defender, por si só, contra todas essas ameaças... Tal capacidade é mais importante hoje do que nunca, mas Israel é mais forte hoje do que nunca, também".
Tanto o presidente Shimon Peres quanto o Ministro Netanyahu, falando durante uma comemoração do 40º aniversário da Guerra do Yom Kippur, foram coincidentes na opinião de que "um acordo de desarmamento apoiado pela ameaça militar deve servir de lição para os líderes iranianos".
O presidente disse que “a Síria, que perpetrara um ataque surpresa contra Israel com o auxílio do Egito, aproveitando-se do recolhimento durante o dia mais sagrado do judaísmo, em 1973, se recusou a se tornar um parceiro na paz, do pós-guerra, e, por isso, ainda está a pagar um elevado preço pelo ódio infundado nos dias de hoje”.
Explicou ainda que o presidente sírio, Bashar Assad, "não teve escolha" senão submeter seu estoque de armas químicas ao controle internacional e a devida erradicação e adiantou que os EUA estão prontos para uma operação militar caso a Síria deixe de cumprir o atual acordo e caso a diplomacia falhe em conseguir tal objetivo.
(da mídia internacional)
Domingo, 15 de setembro de 2013
FRANCISCO VIANNA - Médico, comentador político e jornalista - Jacarei, Brasil
HUMBERTO PINHO DA SILVA - AMIZADE OU INTERESSE ?
Lamentava-se senhora alentejana que o sobrinho, que tão amigo era dela, em criança, logo que entrou na universidade, deixou de lhe escrever e visitar.
Consolando-a, amiga confidente, dizia-lhe que isso seria motivo de alegria: pois era sinal que nada lhe faltava.
Esse lamento, lembrou-me a velha historieta do jovem que estudava em Coimbra, e não respondia às cartas do pai, lavrador abastado, que mourejava a terra desde a puberdade.
Contando, muito contristado, o ingrato comportamento do filho, no boteco da aldeia, entre amigos mais íntimos, um, prontamente o aconselhou:
- “A culpa é de Vossa Senhoria. Escreva-lhe, dizendo, que junto com a carta, segue nota de cem escudos, mas não a meta. Verá que pela volta do correio receberá carta afetuosa”.
Assim aconteceu. Dentro de dias entregaram-lhe missiva reclamando a nota.
Não sei se será egoísmo ou desprezo, a atitude de muitos, de só se abeirarem de familiares e amigos de infância, quando se lembram que estes lhes podem ser úteis, para realizarem o tal jeitinho, que facilita a entrada no emprego ou passagem no exame.
Digo não sei, porque a amizade devia ser cultivada, mormente por aqueles que receberam carinho desinteressado, na infância. Disse um dia que o sentimento que mais fere é o da ingratidão, e julgo que disse bem, porque não há maior afronta, apartar-se de alguém, porque já não se precisa dele.
Há parentes que moram a poucos passos uns dos outros e só se veem nos atos solenes: batizados, casamentos e funerais, ou quando se recordam que lhes podem ser úteis.
Há amigos que raramente se carteiam, mesmo em dias festivos, e nem pela Internet se dão ao incómodo de agradecer a gentileza de lhe terem enviado foto ou bilhetinho a transbordar de ternura.
Declaram que têm vida muito ocupada - os afazeres nem lhes permite conviverem com os filhos. Mas não recusam jantares com “ importantes”, nem deixam de viajar em fins-de-semana,.. Há tempo para tudo, mas não há para conviverem, quando o parente ou amigo, é pobre ou não lhes pode ser útil.
Para eles, a amizade, é meio de adquirirem influência.
Meu pai tinha amigo, que visitava frequentemente. Um dia ficou internado em Casa de Saúde, a poucos metros da residência do companheiro. Pois, este, não conseguiu encontrar tempo para o visitar.
Certamente dizia lá para consigo: Para quê? Está gravemente doente, à porta da morte. Já não serve para nada, nem para mencionar o meu nome na coluna do jornal. - meu pai era jornalista.
Como os homens são ingratos, bem diferentes dos cachorros, que amam aqueles que com eles convivem, mesmo quando caiem em desgraça ou se afastam por longo tempo.
HUMBERTO PINHO DA SILVA - Porto, Portugal
EUCLIDES CAVACO BALADA DE OUTONO
Olá estimados amigos de todo o mundo
BALADA DE OUTONO É o tema que assinala este fim de semana a entrada do Outono neste Hemisfério. Muito embora para os meus muitos amigos do Brasil se inicie a Primavera, convido todos vós a ouvir e ver o poema em PS, no PPS anexo ou aqui neste link:
As minhas cordiais saudações para todos vós
Euclides Cavaco - Director da Rádio Voz da Amizade.London, Canadá
Quarta-feira, 11 de Setembro de 2013
JOÃO CARLOS MARTINELLI - O DIREITO A NÃO TER DOR
“O alívio da dor deveria ser incluído entre os direitos humanos”. Foi com essa frase de efeito que a ONU – Organização das Nações Unidas e a Associação Internacional para o Estudo da Dor (JASP) lançaram em outubro de 2005, uma campanha mundial para tentar atenuar os sintomas de dores, tema que está longe de poder ser considerado sem importância. Sobre o assunto, transcrevemos parte de editorial publicado pelo jornal “Folha de São Paulo” (17.10.2004- A.2): - “Apesar de a farmacologia oferecer amplo arsenal para controlar a dor, sem mencionar tratamentos cirúrgicos, muitos pacientes, especialmente em países em desenvolvimento, como o Brasil, ainda são forçados a conviver com ela. São várias as razões para o paradoxo. Elas vão desde situações prosaicas, como a burocracia para prescrever medicamentos de uso controlado, até fatores como a subjetividade da dor”.
Vislumbra-se assim à dor, que se posiciona hoje entre as mais graves questões de ordem pública, uma nova realidade num mundo em mutação acelerada, a exigir da comunidade científica uma reformulação de suas estratégias. Ocorre que o ser humano é criado para o amor e para a felicidade, tendo em conseqüência, anseio às condições necessárias para lograr seu desenvolvimento, priorizando-se enfoques ético e humano. É por isso que a questão dos direitos humanos está adquirindo outra concepção em relação aos doentes com algum tipo de sofrimento físico, pois envolve circunstâncias que originam exigências de respeito, acatamento, solidariedade e assistência psicológica, além de perseguir permanentes estudos e pesquisas visando, senão elimina-la em definitivo, pelo menos minimizá-la ao máximo possível.
Nesta trilha, a Associação Médica Mundial conclama num de seus documentos mais importantes - a Declaração sobre os Direitos do Paciente-, aprovado em 1981 durante a sua 34ª Assembléia realizada em Lisboa (Portugal) e revista em Santiago (Chile) no ano de 2005, “o direito à dignidade, que implica respeitar a privacidade do paciente, sua cultura e seus valores; ter o sofrimento aliviado segundo o estado atual de conhecimento médico; e contar com cuidados terminais que dêem a ele toda assistência possível para tornar a morte tão digna e confortável quanto possível” (os grifos são nossos).
Apesar dessa moderna visão do problema, a situação brasileira ainda não é das melhores. Ocorre que em nosso país, apesar da saúde se revelar num dos direitos fundamentais constitucionalmente garantidos, o que se verifica é uma enorme distorção que também evidencia a dramática característica da desigualdade, inerente a outros setores sociais de igual relevância. E dentre as inúmeras e sérias circunstâncias que afetam e prejudicam a área, talvez o pior se constitua no fato do sistema atual transformá-lo de uma garantia legal do cidadão em um privilégio econômico, acessível a poucos. Diante da fragilidade dos órgãos públicos, proliferam-se os planos de saúde da área privada, enfraquecendo os previdenciários de natureza oficial, sendo àqueles, no entanto, praticamente inacessível à maior parte do povo, que ainda se precisar do uso de certos remédios, específicos para determinadas moléstias e muito dos quais importados, acaba dependente de embates jurídicos.
Embora de “competência comum” da União, dos Estados e dos Municípios, com reduzidas exceções, constata-se que os poderes públicos não realizam uma partilha eficiente das responsabilidades, o que impede desdobramentos práticos capazes de promover uma assistência, senão correta, pelo menos coerente. E o que se observa também, em determinados casos, é um jogo de empurra entre as três instâncias da Federação, colocando-se os aspectos administrativos acima do dever de solidariedade e de respeito ao próximo. Assim, alguns indivíduos conseguem resolver o problema da dor física ou ameniza-lo, enquanto grande parcela da população a acumula com uma mais forte e constrangedora: a de não receber atendimento adequado por não ter recursos financeiros suficientes. Até quando?
JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é advogado, jornalista, professor universitário e escritor.
RENATA IACOVINO - A UTOPIA DO SILÊNCIO
Somente ao cair da tarde, depois de todos se retirarem, é possível perceber a poluição sonora com a qual convivemos diariamente no ambiente de trabalho.
Dezenas de aparelhos ligados ao mesmo tempo... computadores, impressoras, copiadora, ar condicionado, telefones fixos e móveis, falazar... a sala emudece após os equipamentos serem desligados. É quase possível ouvir o silêncio.
E isto não se dá apenas ali, mas também em nossas casas, onde o barulho do trânsito invade as paredes, embora isto igualmente já seja rotina e, portanto, faz-se sorrateiramente imperceptível aos nossos ouvidos. Televisão, telefone, máquina de lavar, música, tudo paira por esse ambiente que não se cala.
E na rua o mesmo acontece. A poluição visual mistura-se com a auditiva. Tropeçamos no trânsito, nos semáforos, no caminhão de gás, no automóvel de janelas abertas compartilhando som no último volume, no caminhar dos transeuntes, nas motocicletas...
Todo e qualquer ambiente é propício para um barulho, agradável ou não. São sons compulsórios, fazem parte do dia a dia e não há como descartarmos.
Claro que tudo isso contribui para o aumento do nível de estresse, mesmo que não nos demos conta.
Em busca de uma quase ausência de som, ou pelo menos de sons que nos proporcionam um pouco de tranquilidade, vou a um parque. Mesmo havendo movimento, o nível dos decibéis é menor, não fosse uma intrusa música saída de caixas de som espalhadas pelo local, ou até por uma única caixa, que para dar conta da extensão do parque, é ajustada num volume típico de balada.
Nem o estilo da música, nem o volume do som, nem nada nessa iniciativa se coaduna com qualquer uma das finalidades de um lugar como aquele.
E a resposta é sempre a mesma: "as pessoas gostam...".
"Que pessoas?", me pergunto! E agora divido a mesma pergunta com vocês, leitores.
Deduzo que o ser humano tem uma enorme dificuldade em se relacionar com o silêncio ou com sons mínimos, e percebo que este é um traço que só se agrava à medida que necessitamos tanto da tecnologia e nos afastamos da natureza e - nem precisaria dizer - do outro.
Necessitamos dessa tal barreira para não interagirmos (os fones de ouvido que o digam), para não nos proporcionar um momento de reflexão, de concentração.
Estamos seletivos com relação à profundidade. Consumidos por facetas ruidosas e consumidores da infelicidade.
Renata Iacovino, escritora, poetisa e cantora / reiacovino.blog.uol.com.br /
reval.nafoto.net / reiacovino@uol.com.br
CINTHYA NUNES VIEIRA DA SILVA - MODERNOS FAZENDEIROS
Fiz parte de uma geração de brasileiros que vivenciou a chegada dos jogos eletrônicos. Para as crianças de hoje, penso, é praticamente impossível imaginar o mundo sem esse tipo de entretenimento, mas para quem foi criança na década de setenta, a realidade infantil mal incorporava a televisão, já que nem todas as casas possuíam uma.
Recordo-me de que na casa dos meus avós havia aparelhos de TV em preto e branco e, preso na frente de seus monitores de tubo, era colocada uma espécie de tela azul, para conferir alguma cor às imagens. Isso sem dizer que controle remoto era algo nem remotamente suposto e a cada vez que se pretendia mudar de canal era necessário levantar do sofá e ir até a televisão para apertar um de seus poucos botões.
Lembro-me também quando nossos novos vizinhos mostraram para toda criançada da redondeza, um videogame ATARI. Fiquei enlouquecida, simplesmente! Se eu pudesse nem sairia da casa deles. Chegávamos a fazer revezamento para jogar, e um lugar no jogo só vagava quando o jogador cometia algum erro fatal e "morria". Nem dava tempo de esfriar o console e já tinha outra criança e até outro adulto pronto para assumir seu posto...
Pouco mais de um ano depois, ganhamos, minhas irmãs e eu, nosso próprio videogame. Foi uma verdadeira festa, porque dali em diante não teríamos mais que ficar implorando pela chance de jogar ou mesmo torcer para os outros jogadores se darem mal. Naquela época, os jogos eram armazenados nos chamados cartuchos. Normalmente havia um jogo em cada cartucho, mas havia os especiais, com dois ou três jogos. Ganhar um desses de Natal era o auge!
Tempos depois, na faculdade, tive meu primeiro computador, comprado em sociedade com meu namorado, com a finalidade precípua de permitir melhoria acadêmica, mas que acabou se tornando também uma nova forma de passatempo. Lutávamos contra monstros, alienígenas, matávamos nazistas e ficávamos com dor de cabeça com gráficos em segunda dimensão. Era comum virarmos noites em campeonatos que só nós entendíamos.
O tempo passou uma vez mais e hoje a tecnologia permite jogos de todas as categorias, performances e interfaces. Não tenho mais muito tempo livre, mas continuo sendo a mesma aficionada por jogos eletrônicos e, de repente, sem me dar conta, quando vi, lá está eu com alguns novos jogos instalados no meu celular e no meu computador. Tornei-me uma fazendeira agora. Deixei de lado aquela vida de matar monstros, de explorar novos mundos e me tornei alguém mais tranquila, simplesmente plantando e colhendo, criando porcos, vacas e galinhas virtuais. Minha fazenda é politicamente correta além de tudo, pois tiro o bacon dos porcos colocando-os na sauna, da qual saem magrinhos e famintos...
Quando me canso do lavoro campestre, tento ordenar docinhos coloridos que me premiam passando-me de fase quando encontro a combinação correta. Nesse estranho mundo virtual, encontro os amigos, troco produtos, ofereço vidas e vou vivendo uma realidade à parte, inofensiva enquanto não se olvida do mundo concreto.
Infelizmente, apenas irá entender esse texto quem, de alguma forma, vivenciou ou vivencia, no todo ou em parte, as situações que narrei... Aos demais, peço minhas desculpas, mas preciso ir ordenhar minhas vaquinhas e colher um pouco de trigo, tudo isso antes de ir ministrar mais uma aula...
CINTHYA NUNES VIEIRA DA SILVA - Advogada, mestra em Direito, professora universitária e escritora - São Paulo.
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VALQUÍRIA GESQUI MALOGALI - ESSÊNCIA E IMATERIALIDADE
“Minha bela Marília, tudo passa; / A sorte deste mundo é mal segura; / Se vem depois dos males a ventura,/ Vem depois dos prazeres a desgraça (...) Sobre as nossas cabeças,/ Sem que o possam deter, o tempo corre;/ E para nós o tempo, que se passa,/ Também, Marília, morre (...) Que havemos de esperar, Marília bela?/ Que vão passando os florescentes dias?/ As glórias, que vêm tarde, já vêm frias;/ E pode enfim mudar-se a nossa estrela./ Ah! Não, minha Marília,/ Aproveite-se o tempo, antes que faça/ O estrago de roubar ao corpo as forças/ E ao semblante a graça.”.
Eu sempre disse e reafirmo que este poema de Tomás Antonio Gonzaga ditou meus rumos...
Havia, creio, poesia em tudo antes dele, entretanto, eu não a percebera até então. Eu era movida apenas pela certeza que, hoje, vejo nortear também a vida de meus próprios filhos, esta prazerosamente enganosa certeza da qual não tarda, cairá a máscara. A indubitável, ao menos nesta idade, ciência de todas as coisas; a inalienável, por mais alguns anos, crença na infalibilidade pessoal; na insuficiência e insignificância do derredor.
Àquela altura, eu não cogitava sequer que a essência é presa à matéria por um fio imaterial; que este fio, em minha vida, far-se-ia presente nas linhas do livro sempre aberto e imaginário em que escrevo acordada ou dormindo – porque ouso ainda sonhar!
Àquela altura, mais interessante se me apresentava e maior excitação me causava a angustiosa dúvida no tocante à história dos personagens, ou mesmo o quanto havia de real naquela ficção. Curiosamente, o tempo passa, e não é difícil surpreendermo-nos à cata desta ficção, a fim de com ela florear a concretude cotidiana.
E a esta altura, quanta gente haverá a notar que coincidentes são os caminhos de quem escreve e de quem lê, afinal, pode ser que nossas vidas estejam mesmo todas atadas por um fio, na extensão duma linha somente, numa página suspensa de um livro maior...
Valquíria Gesqui Malagoli, escritora e poetisa, presidente da Academia Feminina de Letras e Artes de Jundiaí. vmalagoli@uol.com.br / www.valquiriamalagoli.com.br
MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE - COM DOR NO CORAÇÃO
Sobre alguns fatos escrevo ou descrevo com emoção imensa. Há acontecimentos que me fazem chorar pela beleza que contêm, outros ao perceber a esperança transformada em realidade. Diversos chegam de uma hora para outra, envoltos em saudade terna, mas existem aqueles que doem demais em mim, são os que me trazem as pessoas em decadência.
Comumente, ao me deparar com os excluídos, imagino-os ainda bebês, em colo materno, dando os primeiros passos; na escola, um pouco perdidos de início, sem as pessoas que lhes são próximas. Angustia-me não saber o que acontece, em algum momento da história de cada um, que o desvia e impele aos desencontros. São tantas as causas: a tentativa de abafar o Deus da Revelação nos rumos da sociedade; as diferenças sociais, poucos em situação privilegiada e tantos na miséria; desagregação familiar; falta de políticas públicas de acordo com a vocação das pessoas, a fim de fortalecê-las e fazê-las felizes; evasão escolar; os desvalores transmitidos pela mídia; o culto ao prazer; a impunidade para os que possuem muito e o sistema carcerário falido para os empobrecidos; a falta de preocupação com a saúde mental na infância; o comércio do sexo que se agiganta; o consumismo de coisas e gente; os preconceitos; a falta de motivação para mudanças em um mundo repleto de desesperança.
Em uma semana, deparei-me com duas circunstâncias amargas de adultos, cuja passagem da infância à puberdade acompanhei um pouco: um homem e uma mulher. Convivemos em sala de aula. O primeiro, numa manhã, abordou-me no semáforo próximo ao Shopping Paineiras e me pediu uns trocados. Ao lhe sorrir, olhou-me com espanto e começou a gritar para que os motoristas dos outros carros também ouvissem: “Ela foi minha professora. Eu estudei com ela”. Deu-me um aperto no coração! Como gostaria de não ter me perdido dos alunos com quem convivi um ou mais anos, em especial os mais frágeis. Como gostaria de permanecer para eles, além do tempo, como ombro amigo e referência de possibilidade do bem.
Com a moça, me reencontrei na Cadeia Pública de Itupeva. De imediato, também me disse que fora minha aluna. Lembrei-me, após conversarmos um pouco. Doente e perturbada mentalmente, oscila entre a lucidez e a imaginação. Reclama da intolerância com ela nos desatinos, que considera verdades. Na última visita, deu-me uma carta para entregar ao marido. As companheiras de cela me avisaram que ele estava morto. Afirmou que voltara a viver. Faleceu há 15 anos. Na correspondência, ela pede os cuidados amorosos dele com ela e com o filho.
A falta de preocupação com os indivíduos, dos mais próximos aos distantes, da família ao Estado, preocupação que ela implora ao marido que já partiu, gera desencantos, discrepâncias, violência e “acerta” o itinerário em direção aos despenhadeiros.
MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE - É coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher – Santa Maria Madalena/ Magdala. Jundiaí, Brasil.
FELIPE AQUINO - UMA PALAVRA AOS JOVENS SOBRE SEXO
A castidade é uma das maiores disciplinas, sem a qual a mente não pode alcançar a firmeza necessária
Tenho recebido muitos e-mails de jovens que me perguntam como viver a castidade no namoro; como vencer o vício da masturbação, etc.. Certamente para o jovem cristão hoje, no meio deste mundo erotizado, viver a castidade é uma conquista heroica; pois tudo o convida a viver a vida sexual antes do casamento. Os filmes pornôs são abundantes nas locadoras, nos canais de TV por assinatura; as músicas estão repletas de letras excitantes; os rebolados indecorosos de moças seminuas na tv , etc., lançam pólvora no sangue dos jovens.
Então, para se viver na castidade hoje, como Deus manda no sexto Mandamento (Não pecar contra a castidade), o jovem precisa ter muito amor a Deus. Só trocamos um amor por outro maior, diz o ditado. Só o amor a Jesus crucificado por nós poderá ser para o jovem de hoje um forte motivo para ser casto e aceitar o que o Papa Bento XVI tem chamado de “martírio da ridicularização”, diante dos que zombam de nossa fé.
A gravidade do pecado da impureza, luxúria, é que com ele, se mancha o Corpo de Cristo. “Ora, vós sois o corpo de Cristo e cada um de sua parte, é um dos seus membros” (1Cor 12,27). “Não sabeis que vossos corpos são membros de Cristo?” (1Cor 6,15). “Fugi da fornicação. Qualquer outro pecado que o homem comete é fora do corpo, mas o impuro peca contra o seu próprio corpo”. (1 Cor 6,18). São Paulo ensina que devemos dar glória a Deus com o nosso corpo: “O corpo, porém não é para a impureza, mas para o Senhor e o Senhor para o Corpo”. (1 Cor 6,20)
Se você jovem, quer viver a castidade, então, antes de tudo precisa saber o seu valor; para isso escrevi um livro O BRILHO DA CASTIDADE, mostrando toda a sua importância e beleza. Quanto mais for difícil vivê-la, mais bela e mais importante ela será. Vejo o jovem casto hoje como aquele lírio branco que nasce no meio da podridão do lodo. Serão esses jovens que sustentarão a civilização que hoje desliza para o abismo. Para haver a castidade nos nossos atos, é preciso que antes ela exista em nossos pensamentos e palavras. Jamais será casto aquele que permitir que os seus pensamentos, olhos, ouvidos, vagueiem pelo mundo do erotismo. É por não observar esta regra que a maioria pensa ser impossível viver a castidade. Não se iluda. Não brinque com fogo.
“A castidade é a virtude que nos eleva da natureza humana à natureza angélica”, disse o Santo Padre Pio de Pietrelcina. Victor Hugo disse que “A mais forte de todas as forças é o coração puro”.
O Papa Bento XVI no Campo de Marte, São Paulo, em 11/05/2005, disse aos jovens: “É preciso dizer não àqueles meios de comunicação social que ridicularizam a santidade do matrimônio e a virgindade antes do casamento”.
Jesus proclamou no Sermão da Montanha: “Bem aventurados os de coração puro porque verão a Deus”. “Para o homem de coração puro, tudo se transforma em mensagem divina”, disse São João da Cruz, doutor da Igreja espanhol. Santo Efrém, também doutor da Igreja ensinava que a castidade nos faz semelhantes aos anjos. Enfim, a castidade é uma virtude dos fortes que se dominam. Paul Claudel disse que “a juventude não foi feita para o prazer, mas para o desafio”.
O Mahatma Ghandi, libertador da Índia, que não era católico, disse que: “A castidade não é uma cultura de estufa… A castidade é uma das maiores disciplinas, sem a qual a mente não pode alcançar a firmeza necessária. A vida sem castidade parece-me vazia e animalesca. Um homem entregue aos prazeres perde o seu vigor e vive cheio de medo. A mente daquele que segue as paixões baixas é incapaz de qualquer grande esforço. Deus não pode ser compreendido por quem não é puro de coração”. (Toschi Tomás, “Gandhi, mensagem para hoje”, Ed. Mundo três, SP, 1977, pg. 105s).
Uma vida lutando pela castidade dá ao jovem o autodomínio sobre as paixões e as más inclinações do coração e o prepara, com têmpera de aço, para ser um verdadeiro homem, e não um frangalho humano que se verga ao sabor dos ventos das paixões, da influência da mídia e dos cantos das sereias deste mundo. Eu entendi que a castidade é o esteio que sustenta o equilíbrio de um homem. Os homens e mulheres casados traem seus cônjuges porque não souberam exercitar a força de vontade na luta da castidade. Um casamento forte só pode existir quando ambos aprenderam a se dominar no namoro e no noivado. Mais importante que dominar uma cidade é dominar-se a si mesmo, diz o livro dos Provérbios.
Por tudo isso, jovem cristão, não desanime e nem desista de lutar; cada um de nós tem a sua cruz nesta vida; mas com a graça de Deus é possível carregá-la até onde Deus quer. Tenha uma vida de “vigilância e oração”, como Jesus mandou; esse é o grande remédio para não pecar. Não se entregue a maus pensamentos eróticos e nem aos filmes, revistas e coisas do tipo; fuja disso heroicamente. Suplique sempre a graça de Deus. Consagre-se todos os dias a Nossa Senhora e peça sua ajuda. Participe da Missa e da comunhão sempre que puder, e se confesse sempre que pecar, para ter forças de não cair novamente.
Jamais dê ouvidos a quem lhe disser que “a masturbação não é pecado”, e que o sexo no namoro também não é; pois o Catecismo da Igreja afirma sua desordem. Ainda que você caia, se continuar a lutar, se continuar a dizer não ao pecado no seu coração, levante-se, se Confesse com um sacerdote e continue sua luta e sua caminhada. Não importa quantas vezes você cai; importa que se levante. Jesus sabe que você está numa guerra e que numa guerra às vezes o soldado pode cair e ser até baleado, mas nem por isso deve desistir de lutar.
Muitos são os psicólogos não cristãos, e também outros “orientadores”, e a mídia de modo geral, que induzem o jovem à masturbação, ao relacionamento sexual no namoro e fora dele, etc.
O namoro não existe para que vocês conheçam os seus corpos, mas as suas almas. Alguns querem se permitir um grau de intimidade “seguro”, isto é, até que o “sinal vermelho seja aceso”; aí está um grave engano. Quase sempre o sinal vermelho é ultrapassado, e muitas vezes acontece o que não deve. Quantas namoradas grávidas…
Um namoro puro só será possível com a graça de Deus, com a oração, com a vigilância e, sobretudo quando os dois querem se preservar um para o outro. Será preciso então, evitar todas as ocasiões que possam facilitar um relacionamento mais íntimo. O provérbio diz que “a ocasião faz o ladrão”, e que, “quem brinca com o perigo nele perecerá”. É você quem decide o que quer.
O jovem casto é hoje a esperança de Deus e da Igreja para renovar esse mundo apodrecido pelo pecado do sexo que profana a mais sagrada criatura que é templo do Espírito Santo. São Paulo diz que: “de Deus não se zomba. O que o homem semeia, isto mesmo colherá” (Gl 6,7); a castidade que o jovem semear na juventude será transformada em frutos doces na sua futura vida familiar.
FELIPE AQUINO - Escritor católico. Prof. Doutor da Universidade de Lorena. Membro da Renovação Carismática Católica