PAZ - Blogue luso-brasileiro
Quinta-feira, 6 de Março de 2014
EUCLIDAS CAVACO - CARAVELA QUINHENTISTA
CARAVELA QUINHENTISTA Mais um poema épico com que saúdo os meus amigos e leitores esta semana. Veja-o e ouça-o aqui nesteno link:
Desejos duma excelente Segunda Feira para todos vós
Euclides Cavaco - Director da Rádio Voz da Amizade.London, Canadá
Sábado, 1 de Março de 2014
JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI - CAMPANHA DA FRATERNIDADE, MOMENTO DE EVANGELIZAÇÃO E PARTICIPAÇÃO SOLIDÁRIA.
Desde 1964, a Igreja no Brasil desenvolve durante a Quaresma, a partir de 06 de março, a CAMPANHA DA FRATERNIDADE, escolhendo a cada ano, um tema diretamente relacionado a questões sociais e priorizando reflexões sobre as circunstâncias e situações que exacerbam as desigualdades entre os seres humanos. Ao mesmo tempo, incentiva a renovação do compromisso de cidadania, pautado pela valorização da fraternidade e da solidariedade entre os homens, transformando-se num privilegiado momento de evangelização nacional, aliado a um canal de expressão daqueles que, na sociedade, excluídos, nunca têm voz, nem vez.
Para o ano de 2014, a entidade escolheu “Fraternidade e Tráfico Humano” e como lema: “É para a liberdade que Cristo nos libertou”. (Gl 5,1). O objetivo geral é “identificar as práticas de tráfico humano em suas várias formas e denunciá-lo como violação da dignidade e da liberdade humanas, mobilizando cristãos e a sociedade brasileira para erradicar este mal, com vistas ao resgate da vida dos filhos e filhas de Deus” (Texto Base da CF 2014, nº 5).
A situação do tráfico humano no país e no mundo é alarmante: a Organização Internacional do Trabalho (OIT) atenta para o aumento de vítimas do tráfico humano, do trabalho forçado e do tráfico para a exploração sexual. De acordo como site da Organização das Nações Unidas (ONU), no Brasil, o tráfico de pessoas faz cerca de 2,5 milhões de vítimas por ano, incluindo homens, mulheres e crianças, mas principalmente pessoas vulneráveis e carentes – psicologicamente e de recursos.
Por outro lado, a Organização Internacional Para Imigrações constatou que há um crescimento bem acentuado na América Latina e Caribe do Tráfico de Imigrantes. Já a Comissão Pastoral da Terra (CPT) divulgou alguns dados que constatando que no Brasil são registrados 250 casos de trabalho escravo ao ano o que é preocupante. Por outro lado o Ministério do Trabalho informa que conseguiu resgatar trinta e oito mil pessoas nessas condições.
Recentemente, novela de grande audiência abordou a questão que efetivamente merece um tratamento especial de toda a sociedade, autoridades em geral e principalmente dos órgãos policiais. Infelizmente, em muitas situações os interesses pessoais ou de grupos econômicos ditam normas e regras, relegando os anseios da população para um segundo plano, independente do que as pessoas possam sofrer ou das reações manifestadas de desespero, de dor e de inconformismo que venham a expressar. Entendemos que o tema a ser desenvolvido nesse ano serve para lembrar a todos que o tráfico humano é coisa séria e como tal, assim deve ser concebido. O respeito pelo próximo, a busca de igualdade, a estima, a proteção e o acolhimento a que qualquer ser humano tem respaldo, exigem de todos nós a uma participação que possibilite ao ser humano usufruir do seu direito à dignidade.
A Campanha da Fraternidade é muito importante. Revela-se num grande momento de evangelização e seu objetivo é promover atitudes de verdadeira fraternidade e da cultura real da solidariedade, coerentes com o ensinamento do Evangelho de Jesus. No Brasil, a dimensão comunitária da Quaresma é vivenciada e assumida por ela que destaca anualmente uma situação da realidade social que precisa ser mudada, abrangendo vários aspectos da conversão pessoal e do empenho das comunidades na prática da Doutrina de Cristo. Basta lembrar o trabalho de conscientização a respeito da criança, do idoso, da fome, da terra, dos direitos humanos e, mais recentemente, o grande tema da preservação da água e da natureza e da defesa dos deficientes.
JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é advogado, jornalista, escritor e professor universitário
MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE - ENCONTROS E DISTÂNCIAS
Tenho para mim que muitas das pessoas, com as quais nos encontramos por algum tempo, embora possam ocorrer desencontros ou distâncias, um dia retornam.
Certa vez, em uma formação para agentes da Pastoral Carcerária, comentei que estar com encarcerados é um acontecimento para sempre. Inúmeros deles, ao término da pena, ao nos verem, chegam até nós, saúdam-nos com alegria. Contam suas vitórias e derrotas. E, se retornam ao sistema penitenciário, a primeira pergunta é: “Está lembrada de mim? Passei por aqui no ano tal e a Pastoral vinha sempre”. Alguns jovens se assustaram por entender que, fugitivos ou libertos, viriam atrás dos agentes para roubá-los. A mente humana, por um medo revelado ou escondido, possui incontáveis mecanismos de defesa.
Recordo-me agora de um senhor, já falecido, que cumpriu pena no antigo cadeião do Anhangabaú. Passara, anteriormente, pelo Carandiru, na época do massacre. Bastante machucado, para a reconstrução de seu rosto necessitaram de um fio de metal. No frio, a dor era insuportável. Na noite seguinte de sua soltura, tocou a campainha aqui em casa. Cheguei mais tarde naquele dia. A mamãe não atende estranhos após as 18h00. Ela ligou em um dos vizinhos, após observar, por um vão da cortina, o cidadão, vestido inteiramente de branco, que tocava insistentemente a campainha. O vizinho o abordou e ele quis saber de mim. Solicitaram que voltasse na manhã seguinte. Causou certo susto nas proximidades. Cumpriu a palavra. Mal clareou, surgiu no portão. Trazia uma rosa para a mamãe. Ao saber da dor que experimentava na costura de metal na face, ela lhe fez um gorro de tricô, como o de motoqueiro. Jamais alguém confeccionara algo especial para ele. Procurou-nos para agradecê-la.
O Facebook me proporcionou o retorno de diversas pessoinhas - como meus ex-alunos -, e gente maior que tocou meu coração. Bom demais o reencontro daqueles que a trajetória transforma em distância.
O que motiva esta crônica, porém, é outro fato. Encaminharam-me a adolescente, de reações sem rumo, no final da década de noventa. Desejava, através da Pastoral da Mulher, um enxoval para a bebê que dormia em suas entranhas. O pai da criança, um pouco mais velho que ela, estava detido. Ficou em mim seu olhar de amargura. Em que esquina ficaram os seus sonhos próprios de menina-moça? Ou foram sugados por uma cratera? Criara-se na escola da vida, como ela repete até hoje. A irmã tentava aconchegá-la, contudo a raiva da madrasta e a indiferença do pai a empurravam para experiências perigosas, em busca de preencher seus vazios.
Vi a nenê em raras oportunidades, pequenina ainda. Deparei-me com a mãe em alguns momentos tristes e naqueles em que pretendia acertar o passo na luz, na verdade e na paz. Tenho um cordão umbilical com vidas que afaguei na barriga da mamãe ou fora dela e que me despertaram o desejo: de lhes dar colo, o anseio de misericórdia, o instinto materno.
Há poucos dias, uma mocinha de 15 anos dirigiu-se à Casa da Fonte, em que trabalho, a fim de se matricular no curso de preparação ao primeiro emprego. Identificou-se com sorriso terno. Era a nenê da adolescente com reações sem rumo, criada pelos avós paternos e de comportamento centrado. Emocionei-me.
A minha história entrelaçada com a dela no passado a trouxe de volta, talvez para me fortalecer na certeza de que um momento de ternura, aos que enfrentam sombras imensas, alinhava claridade, agora ou depois, no tempo que é de Deus.
MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE - É coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher – Santa Maria Madalena/ Magdala. Jundiaí, Brasil.
CINTHYA NUNES VIEIRA DA SILVA - LIXO, LIXO, LIXO
Se há uma coisa que incomoda profundamente é ver a quantidade de lixo que as pessoas jogam por aí. Há lixo em todos os lugares e dos mais variados tipos, descartados pelas mais diversas pessoas. Lixo nas ruas, nas calçadas, nas praças, nas salas de aula, nos rios, no mar e por todo canto onde circule o bicho homem.
Sinto muito vergonha das pessoas que jogam lixo fora como se o mundo todo fosse uma imensa lixeira. Nem de longe, nem muito remotamente beiro à perfeição, mas recebi educação suficiente para me impedir de jogar no chão um único papel de bala. Sou incapaz de jogar lixo na rua ou onde quer que seja o lugar não apropriado.
Muitas e muitas vezes eu tive a vontade de pegar uma vassoura ou um coletor de lixo e ir, em mesma, catando as tranqueiras por aí, porque parece que ninguém se incomoda e que as pessoas acham normal ficar se desviando das coisas ou olhar tudo indo para os esgotos e rios, entupindo e poluindo tudo...
Dia desses, seguia eu andando pelas ruas de São Paulo quando passei em frente a um órgão público que se destina, entre outras coisas, à defesa do meio ambiente e da qualidade de vida das pessoas, quando vi os seguranças jogarem, na maior cara dura, os potinhos de iogurte que haviam acabado de tomar, direto no chão. Como caíram próximo aos seus pés, eles simplesmente os empurraram para o meio da calçada, como se fosse a única e mais normal atitude a ser tomada.
Prossegui caminhando e fui me atentando à quantidade de gente que abria uma bala e descartava o papel, bebia água e arremessava a garrafinha, comia um salgado e jogava o restante dele, bem como o invólucro, tudo em plena rua ou calçada. Isso sem contar na infinidade de bitucas de cigarro, de panfletos, saquinhos de cocô de cachorro ou cocô de gente e de cachorro, sem saquinho mesmo.
Não conheço quase nada do mundo, mas creio que a cidade onde moro é a extensão da minha casa e eu não consigo aceitar a imundície como normal, como coisa de gente inteligente e civilizada. Parece-me, ao contrário, que as pessoas perderam qualquer noção de higiene, de cortesia, de preocupação pelo meio ambiente e pelo próximo. Ao menos no Brasil, cujo verde amarelo vem se encardindo e se extinguindo gradativamente.
Para além da vergonha, tenho muita pena das crianças de hoje, adultos do amanhã. Não podemos nos orgulhar do mundo que estamos legando a eles. Faço a minha parte, mas ela é quase nada diante do que outros tantos deixam de fazer. Se cada um de nós fiscalizar a si mesmo e àqueles que lhes são próximos, já pode ser um começo. O que não dá mais é achar que tudo está bem do jeito que está.
Vou usar aqui uma frase de minha sobrinha Isadora que, um dia, com cinco anos, falou-me que estava triste porque o Planeta Terra logo iria ter que se chamar Planeta Lixo...
CINTHYA NUNES VIEIRA DA SILVA - Advogada, mestra em Direito, professora universitária e escritora - São Paulo.
PAULO ROBERTO LABEGALINI - AMAR PARA SER AMADO
Mãe e filha estavam caminhando pela praia. Num certo ponto da conversa, a menina disse:
– Mãe, como se faz para manter um amor?
– Vou lhe explicar, filha – disse a mãe. – Pega num pouco de areia e fecha a mão com força.
A menina assim o fez e reparou que quanto mais forte apertava a areia, mais escapava.
– Mamãe, mas assim a areia cai!
– Eu sei. Agora, abre completamente a mão.
A menina obedeceu, mas o vento levou parte da areia que estava por cima.
– Assim também não consigo mantê-la na minha mão!
– Então, filha, pega outra vez num pouco de areia e deixe a mão semiaberta, bastante fechada para protegê-la e sem apertar para lhe dar liberdade.
A menina experimentou e viu que a areia não escapava. E a mãe completou:
– É assim que se faz durar um amor. Se você quer muito alguém, dê-lhe um pouco de liberdade. Se voltar com saudades, será seu para sempre; se não, é porque nunca foi seu de verdade. A liberdade é o espaço que a felicidade precisa para se expandir, meu bem.
Pois é, sabemos o quanto isto é importante porque Deus também nos dá liberdade suficiente para decidirmos entre o bem e o mal, embora saibamos que seremos mais felizes se optarmos pelo bem. Mas, mesmo sendo bom cristão, é impossível atravessar a vida sem que um trabalho saia mal feito, sem que uma amizade cause decepção, sem padecer com alguma doença, sem que ninguém da família morra e sem a gente se enganar em algum negócio. Tudo isto é verdade, mas o importante é como você reage.
Você cresce quando não perde a esperança nem diminui a fé. Quando sofre com a provação, mas tem garra para construir o que tem pela frente. Cresce quando se valoriza e sabe dar frutos. Cresce quando assimila experiências e semeia a paz. Cresce também quando é sensível no temperamento e humilde de coração. Cresce ajudando seus semelhantes, conhecendo a si mesmo e dando mais do que recebe.
A felicidade é a consequência de tudo isto. Realizando e superando as dificuldades com amor, tudo se torna mais fácil, mesmo porque o amor que doamos retorna rapidamente. Normalmente, as pessoas que mais amamos são as mesmas que também nos amam de verdade; e as que menos gostamos, pouco se importam conosco.
Para abrir o coração para o amor, eis o segredo:
Em momentos felizes, louve a Deus. Em momentos difíceis, busque a Deus. Em momentos silenciosos, adore a Deus. Em momentos dolorosos, confie em Deus. A cada momento, agradeça muito a Deus pela sua vida e seja criativo para sobreviver, como nesta história:
Uma velhinha morava sozinha numa grande casa. Não tinha amigos porque, ao longo dos anos, ela os vira morrer, um a um. Seu coração era um poço de saudades e de perdas, por isso, ela decidira que nunca mais se ligaria afetivamente a alguém.
E, para se lembrar que um dia tivera amigos, passaria a chamar as coisas pelos nomes daqueles que haviam morrido. Sua cama se chamaria Belinha, a poltrona confortável da sala de visitas teria o nome de Frida, a casa seria Glória e, o carro grande e espaçoso, se chamaria Beto. E assim viveu a velhinha solitária.
Certo dia, quando estava lavando a lama de Beto, um cachorrinho chegou ao portão – que não tinha nome porque ela achava que ele logo seria substituído. O animalzinho parecia estar com fome e ela tirou um pedaço de presunto da geladeira e o deu ao cão, mandando-o embora depois.
No dia seguinte, ele voltou, e no outro e no outro também. Todos os dias ele vinha, abanava o rabo e ela o alimentava. Não o queria morando consigo porque dizia que Belinha não comportava um adulto e um cachorro, que Frida não gostava que cães se sentassem nela e Glória não tolerava pelo de cachorro. E Beto? Bom, esse fazia os cachorros passarem mal nas curvas.
Um ano depois, o animal estava grande, bonito, e tudo continuava do mesmo jeito até que um dia ele não apareceu. Na manhã seguinte, também nada! Ela resolveu telefonar para o canil da cidade, perguntar se tinham visto um cachorro marrom e soube que dezenas de cachorros marrons estavam presos! Quando perguntaram se ele estava usando coleira com o nome, ela se deu conta que nunca dera um nome a ele.
Sentou-se e ficou pensando no cachorro querido. Onde quer que estivesse, ninguém saberia que ele tinha uma amiga. Então, dirigiu Beto até o canil e falou para o encarregado que queria procurar o seu cachorro.
Quando ele lhe perguntou o nome, ela se lembrou dos nomes de todos os amigos queridos aos quais havia homenageado. Viu seus rostos sorridentes e recordou como fora abençoada por ter conhecido essas pessoas. ‘Sou uma velha sortuda’, pensou. ‘E o nome do meu cachorro será Sortudo’, disse em voz alta. Em seguida, ao ver os cães no grande quintal, gritou: ‘Aqui, Sortudo!’. Ao som de sua voz, o cachorro marrom veio correndo.
Daquele dia em diante, Sortudo morou com a velhinha. Na visão dela, Beto parece que gostou de transportar o cachorro, Frida não se incomodou que ele se sentasse nela e Glória não ligou para os pelos do animal. E todas as noites, Belinha faz questão de se esticar bem para que nela possam se acomodar um cachorro marrom e a velhinha amada que lhe deu o nome.
PAULO ROBERTO LABEGALINI - Escritor católico, Professor Doutor da Universidade Federal de Itajubá-MG. Pró-reitor de Cultura e Extensão Universitária da UNIFEI.
VALQUÍRIA GESQUI MALAGOLI - TÃO IMPORTANTE QUANDO
Encima a lista de dúvidas acerca da contribuição da Poesia ao homem: sua (ou não) utilidade.
Entrementes, figura neste rol investigativo: lírica ou social?
Na quarta edição de “Bazar de Ritmos” (1951), J. G. de Araújo Jorge escreve: “Como é natural, alguns preferem os livros de poesia lírica, onde o amor e a vida são apresentados em nuanças suaves, em música melodiosa, em canção. Preferem o ‘eterno motivo’ que tem servido de inspiração às mais belas obras de arte em todos os tempos. Outros, porém, gostam dos temas fortes, mais amplos, dos ritmos largos, temas de entusiasmo e fraternidade, e consideram até, como obra literária de menor significação, aquela de caráter subjetivista.”.
Ontem, hoje e sempre, presta-se o fazer poético ao exercício da sensibilidade e, por conseguinte, parte de motivos diversos.
A relevância das coisas, por sua vez, baliza-se pelas circunstâncias. Ninguém está imune às adversidades, nem pode adivinhar a medida exata dos contentamentos que virão.
Assim, vale respeitar o traço que personifica cada obra, ou seja, muito mais o reflexo do contexto histórico em que o autor/poeta esteja inserido, bem como o rastro da extensão que vai do ensimesmar-se até o leitor. E, portanto, muito menos um retrato nu e cru de seu não comprometimento com questões que polemizem sua época.
Ora, e como não, se considerar o assunto superficialmente seria negar-se à clarividência de que, o amor, o estar bem consigo e com o(s) ser(es) amado(s), é a viga mestra da existência e das relações todas? Ou... deveria ser, permitindo-nos o milagre pessoal da multiplicação a cada gesto, à semelhança de Ariana, em Júbilo, Memória, Noviciado da Paixão, de Hilda Hilst: “Porque te amo (...) é que me faço assim tão simultânea, madura, adolescente.”.
Deveria ser... apesar de o mundo comportar-se como Dionísio, o destinatário dos versos, que assim continuam: “E por isso talvez te aborreças de mim.”.
Valquíria Gesqui Malagoli, escritora e poetisa, vmalagoli@uol.com.br / www.valquiriamalagoli.com.br
FAUSTINO VICENTE - CARNAVAL, FESTIVAL DE ARTES
O brasileiro é, realmente, um privilegiado em termos de festividades, pois logo após as festas de final de ano e início das férias de verão, vem o carnaval, que pode ser considerado a maior festa popular ao ar livre do planeta. Tendo como “Comissão de frente” a incorrigível alegria as nossa gente, ele apresenta-se como um autêntico abre-alas da indústria do turismo e garoto-propaganda das nossas exportações.
O carnaval, a arte e o mundo dos negócios são destaques do mesmo carro alegórico. O processo de evolução do nosso carnaval transformou-o numa singular ópera de rua ou, como querem outros, no mais criativo e democrático festival de artes do mundo. O carnavalesco, protagonista do núcleo de criação da escola de samba, está comprometido com a verdade ao associar a arte às circunstâncias históricas e geográficas.
A imaginação e a emoção simbolizam o corpo e a alma do artista. Da mais famosa passarela – a Marquês de Sapucaí – a mais simples viela, a nossa musicalidade desfila a sua maior riqueza – a diversidade de seus ritmos – como o samba, originário do batuque africano. Ao lado da música, a literatura se faz presente com o samba-enredo que pode reescrever o nosso descobrimento ou relembrar os ciclos de desenvolvimento e a pintura retratar o colorido da nossa flora e da nossa fauna.
A escultura homenageia as nossas celebridades e as artes plásticas fazem o lixo transformar-se em luxo. A dança exibe todo nosso “jogo de cintura”. Os nossos artesãos mostram a sua genialidade com o aproveitamento dos nossos recursos naturais: a arquitetura também se faz presente, especialmente, revelando os carnavalescos como verdadeiros “arquitetos sociais”.
A fotografia, o cinema, artes cênicas e gráficas todas elas se fazem presentes na fantasiosa corte do Rei Momo. O carnaval, que possui a magia de transformar artistas em passistas e passistas em artistas, é responsável pelo mais abrangente da nossa cultura popular. Senão vejamos. Redescobrindo a nossa história, nada tem escapado à sensibilidade dos carnavalescos que, da tradição à globalização ou da tragédia à comédia, têm retratado nossos usos e costumes – pauta para os mais diversos meios de comunicação.
A nossa geografia tem sido motivação para os compositores explorarem os milhares de quilômetros de nossas praias, o imenso “mar verde” da selva amazônica, o paraíso ecológico do Pantanal, as serras e cachoeiras do sul, biodiversidade da mata atlântica e todas as riquezas naturais deste país continente.
No campo empresarial, o destaque fica para o formato empreendedor da gestão que faz da ousadia, da criatividade e da empregabilidade – somas das competências e habilidades – o tripé de um modelo exemplar de organização competitiva. Ao mundo dos negócios fica a lição que somente um ambiente de trabalho harmônico produzirá a excelência.
O prazer, no seu mais refinado conceito, é a energia que gera vencedores. Até a modernização do Terceiro Setor, com suas ações de responsabilidades sociais através do voluntariado, de há muito faz parte do “DNA” das escolas de samba e de outras agremiações similares, que têm desenvolvido excelentes projetos especiais, que vão da pedagogia a tecnologia, contribuindo para reduzir os índices de exclusão social.
A elevação da expectativa de vida, a nova estrutura do mercado mundial de trabalho e as mudanças de estilo de vida das pessoas, são tendências que elegem a indústria do turismo como um dos mais promissores empreendimentos do futuro.
Ao som dos seguidores do lendário Mestre André – bateria nota 10 – concluímos com o nosso cautelar grito carnavalesco: vamos explorar o turismo, não os turistas.
Faustino Vicente – Advogado, Professor e Consultor de Empresas e de Órgãos Públicos – e-mail: faustino.vicente@uol.com.br – Jundiaí (Terra da Uva) – São Paulo – Brasil
FELIPE AQUINO - CARNAVAL E QUARESMA
“Tudo me é permitido, mas nem tudo convém. Tudo me é permitido, mas eu não deixarei que nada domine.” (1 Coríntios 6:12)
Vários autores explicam o nome Carnaval a partir do latim “carne vale”, isto é, “adeus carne” ou “despedida da carne”; o que significa que no Carnaval o consumo de carne era considerado lícito pela última vez antes dos dias de jejum quaresmal. Outros estudiosos recorrem à expressão “carnem levare”, suspender ou retirar a carne.
O Papa São Gregório Magno (590-604) teria dado ao último domingo antes da Quaresma (domingo da Qüinquagésima), o título de “dominica ad carnes levandas”; o que teria gerado “carneval” ou carnaval. Um grupo de etimologistas apela para as origens pagãs do Carnaval: entre os gregos e romanos costumava-se fazer um cortejo com uma nave, dedicado ao deus Dionísio ou Baco, festa que chamavam em latim de “currus navalis” (nave carruagem), de donde teria vindo a forma Carnavale. Não é fácil saber a real origem do nome.As mais antigas notícias do que hoje chamamos “Carnaval” datam, como se crê, do séc. VI antes de Cristo, na Grécia: há pinturas gregas em vasos com figuras mascaradas desfilando em procissão ao som de músicas em honra do deus Dionísio, com fantasias e alegorias; são certamente anteriores à era cristã. Outras festas semelhantes aconteciam na entrada do novo ano civil (mês de janeiro) ou pela aproximação da primavera, na despedida do inverno.
Eram festas religiosas, dentro da concepção pagã e da mitologia com a intenção de com esses ritos expiar as faltas cometidas no inverno ou no ano anterior e pedir aos deuses a fecundidade da terra e a prosperidade para a primavera e o novo ano. Por exemplo, para exprimir o cancelamento das culpas passadas, encenava-se a morte de um boneco que, depois de haver feito seu testamento e um transporte fúnebre, era queimado ou destruído. Em alguns lugares havia a confissão pública dos vícios. A denúncia das culpas muitas vezes se tornava algo teatral, como por exemplo, o cômico Arlequim que, antes de ser entregue à morte confessava os seus pecados e os alheios.
Tudo isso parece ter gerado abusos estimulados com o uso de máscaras, fantasias, cortejos, peças de teatro, etc. As religiões ditas “de mistérios” provenientes do Oriente e muito difusas no Império Romano, concorreram para o fomento das festividades carnavalescas. Estas tomaram o nome de “pompas bacanais” ou “saturnais” ou “lupercais”. Como essas demonstrações de alegria tornaram-se subversivas da ordem pública, o Senado Romano, no séc. II a.C. resolveu combater os bacanais e os seus adeptos acusados de graves ofensas contra a moralidade e contra o Estado.
Ouça e veja a opinião de Felipe Aquino sobre o ir ou não ir ao Carnaval.
http://youtu.be/JfbDSz_CrUg
Essas festividades populares podiam ser no dia 25 de dezembro (dia em que os pagãos celebravam Mitra ou o Sol Invicto) ou o dia 1º de janeiro (começo do novo ano), ou outras datas religiosas pagãs.
Quando o Cristianismo surgiu já encontrou esses costumes pagãos. E como o Evangelho não é contra as demonstrações de alegria desde que não se tornem pecaminosas, os missionários ao invés de se oporem formalmente ao Carnaval, procuraram cristianiza-lo, no sentido de depura-lo das práticas supersticiosas e mitológico. Aos poucos as festas pagãs foram sendo substituídas por solenidade do Cristianismo (Natal, Epifania do Senhor ou a Purificação de Maria, dita “festa da Candelária”, em vez dos mitos pagãos celebrados a 25 de dezembro, 6 de janeiro ou 2 de fevereiro). Por fim, as autoridades da Igreja parecem ter conseguido restringir a celebração oficial do Carnaval aos três dias que precedem a quarta-feira de cinzas.
Portanto, a Igreja não instituiu o Carnaval; teve, porém, de o reconhecer como fenômeno existente, e procurou subordina-lo aos princípios do Evangelho. A Igreja procurou também incentivar os Retiros espirituais e a adoração das Quarenta Horas nos dias anteriores à quarta-feira de cinzas. Sobretudo a Igreja fortaleceu a Quaresma.
A Quaresma
“Quaresma” provém do latim “Quadragesima” e significa “quarenta dias”; é o período de preparação para a Páscoa do Senhor, cuja duração é de 40 dias. Inicia-se na Quarta-Feira de Cinzas e se estende agora até a Quinta Feira Santa. É um tempo de “penitência, jejum e oração”, que a Igreja chama de “remédios contra o pecado”, para a busca da conversão da pessoa.
A Quaresma foi inspirada no período de tentação de Cristo no deserto, bem como os exemplos de Noé, em 40 dias na Arca, e Moisés, vagando por 40 anos no deserto do Sinai.
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No início da Quaresma, na Quarta-Feira de Cinzas, os fiéis têm suas frontes marcadas com cinzas, como os primitivos penitentes públicos, excluídos temporariamente da assembléia (lembrando Adão expulso do Paraíso, de onde vem a fórmula litúrgica: “Lembra-te de que és pó…”).
Esse tempo de penitência é recordado pela liturgia: as vestes e os paramentos usados são da cor roxa (no quarto domingo da Quaresma, pode-se usar o rosa, representando a alegria pela proximidade do término da tristeza, pela Páscoa); o Glória não é cantado ou rezado; a aclamação do “Aleluia” também não é feita; não se enfeitam os templos com flores; o uso de instrumentos musicais torna-se moderado.
É um tempo também favorável para os exercícios espirituais, as liturgias penitenciais, as peregrinações penitenciais. O mesmo pode-se aplicar a todas as sextas-feiras do ano, tidas como dias penitenciais como prescreve o cân. 1250 do Código de Direito Canônico.
O historiador Sócrates informa que já no séc. V, a Quaresma durava seis semanas em Roma, sendo três semanas dedicadas ao jejum: a primeira, a quarta e a sexta. Já no século IV a “Peregrinação de Etéria” fala de um jejum de oito semanas praticado pela comunidade de Jerusalém, excluídos os sábados e domingos; o que totaliza os 40 dias de jejum. No tempo de São Gregório Magno (590-604), Roma observava os 40 dias da Quaresma.
O Código de Direito Canônico afirma que:
Cân.1250 – “Os dias e tempos penitenciais, em toda a Igreja, são todas as sextas-feiras do ano e o tempo da Quaresma”.
Cân.1251 – “Observe-se a abstinência de carne ou de outro alimento, segundo as prescrições da Conferência dos Bispos, em todas as sextas-feiras do ano, a não ser que coincidam com algum dia enumerado entre as solenidades; observem-se a abstinência e o jejum na Quarta-Feira de Cinzas e na Sexta-Feira da Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Cân.1252 – “Estão obrigados à lei da abstinência aqueles que tiverem completado catorze anos de idade; estão obrigados à lei do jejum todos os maiores de idade até os sessenta anos começados. Todavia, os pastores de almas e os pais cuidem que sejam formados para o genuíno sentido da penitência também os que não estão obrigados à lei do jejum e da abstinência, em razão da pouca idade”.
Para o Brasil a CNBB determinou que, exceto na Sexta-Feira Santa, todas as outras sextas-feiras, inclusive as da Quaresma, têm sua abstinência convertida em “outras formas de penitência, principalmente em obras de caridade e exercícios de piedade”.
FELIPE AQUINO - Escritor católico. Prof. Doutor da Universidade de Lorena. Membro da Renovação Carismática Católica.
FRANCISCO VIANNA - O DRAMA SOCIALISTA DA VENEZUELA
A permanência do ‘acordo energético’ com Havana funciona como se a Venezuela fosse uma espécie de colônia cubana, uma vez que o país se encontra exatamente num estado de sujeição econômica a Cuba, que, todavia, também é ideológica e funcional.
Tendo, praticamente, como sua única fonte expressiva de renda o petróleo, a Venezuela, que vê produção da PDVSA baixar continuamente a produção dessa mercadoria já de algum tempo até agora, não tem arrecadado o suficiente sequer para garantir o abastecimento de pão e de remédios, ao povo venezuelano – isso apenas citando esses dois produtos.
Maduro com Raúl Castro e o presidente do Uruguai, o comunista Pepe Mujica, por ocasião da Cúpula da CELAC, em Havana, a que compareceu Dilma Rousseff.
No entanto, o regime de Nicolás Maduro se vê forçado a desvalorizar sua moeda – o bolívar – repetidamente e a reduzir cada vez mais o acesso dos venezuelanos ao dólar e a outras moedas fortes, mas, numa situação triste e vergonhosa, o líder chavezista não se atreve a cortar, entre outras coisas, o maciço subsídio à economia cubana, principalmente pelo envio de milhões de barris de petróleo sob a forma de gasolina e outros derivados.
Os venezuelanos mais informados sabem perfeitamente disso e são forçados a engolir esse sapo, com a sensação nítida de que estão sendo traídos e roubados enquanto passam necessidades que nunca experimentaram antes. A crise econômica que o país atravessa, com a renda estatal do petróleo insuficiente e declinante, incapaz de suprir as necessidades básicas da população, fez com que o Palácio Miraflores cortasse orçamento nacional em algo em torno de 63 por cento (em números reais), diminuído em cerca de 20 por cento em relação ao ano anterior, isso corrigido com uma inflação anual de 56 por cento.
Mas a minoria educada e relativamente informada sabe que Caracas envia mais de 100.000 barris por dia de petróleo sob a forma de produtos derivados de sua destilação a Cuba, o que dá um envio de mais de 6,5 bilhões de dólares por ano. Tal subsídio permanece intocável, para desespero de qualquer venezuelano patriota, o que tem gerado questionamentos sobre as verdadeiras prioridades do “socialismo bolivariano”.
Recentemente, o assessor político Orlando Viera-Blanco fez um verdadeiro desabafo, no Canadá, ao declarar à mídia que “o envio de tantos recursos a Cuba é o maior já visto da história do país desde a independência até hoje e que a intocabilidade do ‘acordo energético’ com Havana funciona como se a Venezuela fosse uma espécie de colônia cubana, uma vez que o país se encontra exatamente num estado de sujeição econômica a Cuba, que, todavia, também é ideológica e funcional”.
Coincidentemente, o país sulamericano enfrenta uma crise econômica sem precedentes, que obriga milhões de venezuelanos a enfrentar longas filas diárias para comprar alimentos, com índices de escassez jamais vistos anteriormente na Venezuela. A falta de farinha de trigo, por exemplo, faz com que as padarias do país inteiro limitem a oferta a apenas dois pães pequenos por pessoa. Com os remédios a situação não é diferente, embora muito mais grave, com a saúde pública já comprometida e de baixa qualidade pela ação de milhares de “médicos cubanos”, tornando-se cada vez mais catastrófica, com as farmácias e dispensários estatais apresentando a falta absoluta de cerca de 40 por cento dos medicamentos considerados básicos.
Tamanho desabastecimento é consequência direta da insuficiência da renda petroleira, que sempre alimentou o imenso apetite da “revolução bolivariana” voltado às maciças importações necessárias para manter cheias as prateleiras dos supermercados, num país que se tornou absolutamente dependente da exportação petrolífera, mais ainda depois de 14 anos de sistemática destruição socialista do sistema produtivo do primeiro setor (agropecuário) e do segundo setor (industrial), como explica a maioria dos economistas locais e internacionais.
No entanto, a pesar da enorme escassez de moeda forte e sem reservas consideráveis delas, o regime “socialista bolivariano” de Caracas optou em apertar o cinto, não do governo, mas indefinidamente dos venezuelanos e deixar incólume o ralo por onde se esvai importante parcela do PIB nacional em direção a Cuba, uma ilha miserável e paupérrima que quase nada produz, também sob a sanha “socialista” dos Castros.
Alguns analistas coincidem ao afirmar que essa situação reflete o tamanho da dependência do regime de Maduro em relação ao regime castrista, que possui um enorme contingente de cubanos diretamente inseridos na máquina estatal e nas Forças Armadas da Venezuela, fazendo com que a ilha caribenha seja na verdade o que assegura o poder de Maduro. Tem-se a impressão que, no momento em que Maduro ou outro dirigente qualquer deixe se sustentar a ilha, sua estabilidade política perderá consistência e os elementos cubanos infiltrados no regime de Maduro serão perfeitamente capazes de aplicar um golpe de estado e substituir qualquer dirigente que venha a agir nesse sentido. Maduro construiu e consolidou seu poder graças aos Castros, em virtude dessa “assessoria política e militar” cubana e aos sistemas de espionagem e de segurança ideológica do regime chavezista montados e administrados por Cuba na Venezuela. Como sempre ocorre nos socialismos, a reduzidíssima burguesia do politiburo ‘cubano-venezuelano’, que está vivendo como “novos ricos” a custa do sacrifício da população e que realmente está sendo financiada pelo grosso dos petrodólares da exportação petroleira da Venezuela.
Também é o que pensa o diretor do Instituto de Estudos Cubano-Americanos da Universidade de Miami, o professor Jaime Suchlicki, que afirma: “Cuba mantém na Venezuela um contingente que é essencial à sobrevivência do regime socialista de Maduro. Não são militares, mas são muito pior do que isso: são agentes de segurança, de inteligência e assessores políticos, com poderes especiais inclusive para matar. Portanto, sob certa extensão, Cuba exerce um controle sobre o país, agindo nas estruturas de governo da Venezuela e já se tornou muito difícil para Maduro ou qualquer outro dirigente se ver livre desta influência e controle cubano”.
Recentemente, numa clara manifestação desse compromisso – que é considerado por muitos venezuelanos uma traição à pátria – Maduro e Raúl Castro reafirmaram a “cooperação econômica” entre os dois países, durante uma reunião funcional, ocorrida em Havana por ocasião da IIaCúpula da Comunidade de Estados Latinoamericanos e Caribenhos (CELAC), a qual também contou com a presença da presidente brasileira.
Os governos de Cuba e Venezuela mantêm tal “convenio” que engloba “acordos de natureza diversa”, que inclui o energético pelo que e ilha recebe cerca de 100.000 barris diários de petróleo e “paga” parte desse óleo com os “serviços prestados na Venezuela” por mais de 30 mil cubanos, cujo custo para Caracas se situa em torno de 200 mil dólares per capita.
Tamanha quantidade de recursos que Caracas envia a Havana compete diretamente com o que a Venezuela necessita para abastecer e investir em áreas sociais prioritárias como saúde, segurança pública, educação, etc., serviços públicos de péssima qualidade no país.
A pesar de, no Brasil, a situação ainda estar longe da existente na Venezuela, é incompreensível que a Presidente brasileira, Dilma Roussef, através do seu banco estatal BNDES envie para Cuba, praticamente a fundo perdido, algo em torno de 2,4 bilhões de reais de capital pertencente aos brasileiros para a construção do porto marítimo de Mariel, sob a alegação venal de que empresas brasileiras serão as beneficiárias finais com grande retorno de divisas.
O valor do subsídio venezuelano a Cuba daria, por exemplo, para solucionar a grave crise energética do país – eivado de apagões e racionamentos de eletricidade –, ou para contratar mais de 80 mil policiais que a Venezuela precisa para tentar atingir os padrões básicos internacionais de segurança pública e deixar de ser um país que se tornou em um dos mais perigosos do mundo para se viver. Todavia, essa quantidade enorme de recursos é gasta para “contratar”, a peso de ouro, agentes cubanos para funcionarem como polícia ideológica junto à população – que vive cada vez mais com medo do regime, exatamente como em Cuba – e para espionar a oposição e detectar qualquer manifestação de inconformidade nos quartéis, numa prática que se intensificou quando Maduro chegou ao poder no início do ano passado, através de uma eleição que se acredita ter sido amplamente fraudada.
O Brasil, a cereja do bolo, latinoamericano, para o bando de esquerda, segue o mesmo trajeto em direção ao “sucialismo” com a coligação PT-PMDB-Nanicos no poder e uma discreta colaboração do PSDB. A infraestrutura do país é deficiente, o que faz com que cerca de 20% da produção de grãos e hortifrutigranjeiros se perca entre o local de produção e o embarque em seus portos caóticos e, mesmo assim o governo de Brasília é pródigo em enviar recursos para Cuba e outras ditaduras africanas, e a perdoar-lhes as dívidas.
Na raiz de todas essas distorções está na baixa escolaridade e educação de brasileiros – e pior ainda dos demais sulamericanos –, que circunscreve uma cidadania de baixíssima qualidade, interessada apenas em receber bolsas do estado, mas que têm a capacidade de votar e serem votados, o que determina que os políticos e as políticas desses países sejam, respectivamente, os mais incapazes e ineficientes e as mais retrógradas e corruptas do planeta.
Muitos iludidos com o socialismo, creditam ao bloqueio econômico estadunidense a Cuba, a razão de o país insular do Caribe ser tão pobre e miserável. Mas ao que se sabe, não existe bloqueio algum dos EUA em relação à Venezuela, que, no entanto escorrega ladeira abaixo do socialismo para em breve se tornar uma nação tão pobre e miserável como a que no momento a domina.
(da mídia internacional)
Quarta feira, 29 de janeiro de 2014
FRANCISCO VIANNA- Médico, comentador político e jornalista - Jacarei, Brasil.
HUMBERTO PINHO DA SILVA - NÃO SE PODE SER VELHO
Dizia Ribeiro Sanches, em 1760, em “ Cartas Sobre a Educação da Mocidade”, que: (…)”Ama a sua pátria aquele que, podendo comprar um vestido de pano da Inglaterra, o manda fazer da Covilhã.”
E o que fazem, agora, os que dizem amar a Pátria?
Passam férias no exterior, muitos, esbanjando o que não possuem. Compram utensílios confeccionados lá fora, pensando que longe da sua terra, se fabrica melhor.
Conheço Presidente de Junta de Freguesia, homem simples e honrado, que sempre adquire o que necessita no mercado local. Diz ser obrigação sua, ajudar, em primeiro lugar, os que se encontram mais próximos.
É de louvar o amor à pátria; mas a pátria será a terra, o território, ou os que nela vivem?
Engrandecer a pátria com monumentos, obras faraónicas, rasgar estradas, que galgam distâncias, é de aplaudir; mas quem ama sua terra, deve, primeiro preocupar-se com o bem-estar dos que nela nasceram e nela trabalham.
O engrandecimento, da terra, visto como progresso, não passa, quantas vezes, de pura vaidade, desejo de ser grande, de ser importante.
Que importa a nação ser rica, se quem nela nasceu e vive, é pobre?
Cuide-se, primeiro, das “ paredes” humanas, depois das outras.
Quando o Papa mostrou as obras do Vaticano, ao Beato Frei Bartolomeu dos Mártires, perguntou-lhe porque não levantava, paço, assim, em Braga; este respondeu-lhe: o dinheiro da diocese não era dele, mas dos pobres e dos que carecem de ajuda.
Dizem que Brasília não nasceu de uma necessidade, nem no intuito de desbravar mato; mas por ambição, de quem nascendo pobre, desejava ligar o nome a obra grandiosa.
Muito que se construiu em Portugal, foi para regalo de alguns e prazer de quem as idealizou.
Nessas vaidades, nesses desejos de imortalidade, gasta-se o que falta para o bem-estar e saúde do povo.
Os cortes nas pensões - que na generalidade são baixíssimas, - deixaram os idosos alarmados, receando que os últimos anos de vida sejam ainda mais penosos.
Quebrou-se a confiança. Instalou-se o medo. Aumentaram as preocupações, e desespero dos que esperavam ter um fim de vida tranquilo.
Outrora, o lugar dos avós era no seio da família; que geraram. Depois - por comodismo ou ausência de condições, - passou a serem os lares. Agora, com a redução das reformas, como não chegam para pagar estadia, em casas de repouso, será a eutanásia?
Dizem que é para garantirem o futuro dos filhos e netos; e o presente dos pais e dos avós, quem o garante?
Que sociedade pretende-se criar? Sociedade amoral, exploradora dos mais débeis, dos que já não podem produzir e são, agora, descartáveis.
Penso em Portugal, mas aplica-se ao Brasil, e a quase todos os países, pelo menos, os do mundo ocidental.
HUMBERTO PINHO DA SILVA - Porto, Portugal
EUCLIDAS CAVACO - RESSURGIR DUM NOVO DIA
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RESSURGIR DUM NOVO DIA Um poema que nos convida a reflectir sobre tudo o que nos transcende ao qual o baladista Miguel emprestou talentosa sonoridade. Veja e ouça este tema aqui neste link:
Desejos para que cada nova aurora continue a iluminar as vossas vidas
Euclides Cavaco - Director da Rádio Voz da Amizade.London, Canadá