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Sábado, 26 de Julho de 2014
JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI - 26 DE JULHO DIA DA VOVÓ

 

 

 

 

          “SER AVÓ É SER MÃE DUAS VEZES”

 

 

                                              

O Dia da Vovó se constitui numa ótima oportunidade para refletirmos sobre a posição dos mais velhos no contexto comunitário e principalmente no seio familiar. Tanto que existe até uma lei no Brasil que consagra o direito de visita dos avós aos netos.  

 

         

 

26 de julho é o DIA DA VOVÓ. A comemoração é nessa data pois é o dia de Santa Ana e São Joaquim, considerados avós de Jesus Cristo por serem pais de Maria. A primeira também é considerada Padroeira das Gestantes por ter concebido sua única filha em idade avançada e depois de ser considerada estéril. Tal festividade é pouca conhecida e o comércio não lhe outorga grande divulgação por entenderem os comerciantes que a época é muito próxima do Dia dos Pais, celebrado no segundo domingo de agosto. No entanto, trata-se de uma homenagem manifestamente justa, já que as avós geralmente têm muita dedicação e amor aos seus netos, existindo até um ditado que diz: “Ser avó é ser duas vezes mãe!”.

 

            A solenidade ganha maior relevância quando se traça o perfil de que nas próximas décadas, as crianças devem conhecer avós mais jovens e ativos, e poderão conviver mais anos com eles. O cruzamento de dois dados do Censo 2000 aponta essa tendência: o alto índice de fecundidade na faixa dos quinze aos dezenove anos, que leva mulheres e homens a partir dos quarenta anos a se tornarem avós, somado ao aumento da expectativa de vida da população. Tais aspectos são tão importantes que foram discutidos em um seminário realizado na 54a. Reunião da Sociedade Brasileira Para o Progresso da Ciência em 2002 e realizado em Goiânia.

 

            Com efeito, o envolvimento dos avós com os netos  é um assunto complexo, que merece ser estudado. O papel dos primeiros na educação dos segundos é muito séria, passando a existir determinados problemas, quando ocorre uma inversão de papéis, ou seja,  eles tomam o lugar dos pais. A psicólogo e psicanalista Susan Gughein alerta sobre a gravidade desta questão:- “Os avós evidentemente não poderão, mesmo que quisessem, ocupar um lugar que não é o deles. A idéia de serem as melhores pessoas para cuidarem das crianças pode ser questionável. Os avós são importantes na transmissão de conhecimentos, valores e, principalmente, na afetividade e no carinho que dão aos netos. Mas cabe aos pais as principais responsabilidades. Os avós eventualmente poderão ajudar, sem tomarem para si integralmente essa complexa missão” (“O Globo”, Jornal da Família, 29.01.2001- pág.5).

 

 De acordo com a psicóloga Eliane Pedreira Rabinovick, “o importante é lembrar que esse contato precisa ser equilibrado para que, em vez de uma fonte de problemas, se torne uma experiência rica às futuras gerações. Até porque sãos os avós que, dentro da vida moderna, recuperam os valores culturais, religiosos e morais antigos. São o elo que liga o passado, o presente e o futuro. Depende do amor e do respeito conservar essa ligação essencial à humanidade” ( Revista “Família Cristã”- 11/1988 – pág. 31).

 

            Além de assegurarem aos netos a noção de desenvolvimento da vida humana em seus vários momentos e fases, e de manterem um contato rico, que ensina os jovens a respeitarem os mais velhos e às suas experiências, através do sentido histórico da existência e das próprias raízes, os avós também têm  obrigações legais. É o caso do disposto no Código Civil Brasileiro que estabelece o direito aos alimentos recíproco entre pais e filhos e extensivo a todos os ascendentes, recaindo a obrigação sobre os mais próximos em grau, uns em falta dos outros. Assim, eles são chamados a intervirem num eventual sustento dos netos, quando os pais destes estiverem na absoluta penúria, na ausência constante de emprego ou forem portadores de incapacidade física ou moléstia grave

 

        

 O direito de visita também tem sido reconhecido aos avós como uma compensação a essa obrigação alimentar decorrente do elo sanguíneo e em razão da solidariedade familiar revelada no acolhimento mútuo entre ascendentes e descendentes, movido por sentimentos de amor, de gratidão e de solidariedade que efetivamente devem predominar nesses relacionamentos, para que a família consiga uma convivência serena e enriquecedora entre seus membros. Os avós são figuras tão importantes na vida familiar que foi sancionada,  a Lei 12.398/2011 no Brasil, que garante a eles o direito de visitar os netos em caso de separação dos pais, podendo-lhes, a critério do juiz,  ser extensivo  o direito de guarda e educação dos menores, levando em conta os interesses da criança ou do adolescente. 

 

 

 

 

JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI - é advogado, jornalista, escritore professor universitário.     



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ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOS - OPORTUNA SENTENÇA DE UM JUÍZ DE DIREITO

 

 

 

 

 

 

 

Poucas coisas atrapalham tanto o ensino e o aprendizado quanto os malditos celulares em salas de aula...

 

É incrível como um aparelhinho que há vinte e poucos anos nem existia se tornou indispensável à vida moderna. E como infernizam a vida. Há duas semanas, vim de ônibus de Campinas até Piracicaba. Durante quase toda a viagem, os passageiros foram obrigados a ouvir os relatos de uma passageira que falava em altíssimo volume, sem se importar com os demais viajantes. O pior é que ela devia estar falando com alguém com problemas de audição, porque repetia 3 ou 4 vezes cada frase, aumentando a cada vez o volume e o tom de voz...

 

Nas salas de aula, então, os celulares são uma verdadeira praga. As escolas geralmente proíbem seu uso, durante as aulas, e em alguns municípios a legislação local também proíbe sua presença em salas de aula; mas mesmo assim eles estão sempre atrapalhando. Muitos alunos ficam, literalmente, dependentes psicológicos do celular, não conseguindo desgrudar-se dele. Já vi casos de alunos que atendem a telefonemas de suas mães, durante a aula. As mães sabem que os filhos estão na aula, mas telefonam... Também elas parecem dependentes dos malditos celulares.

 

Em provas, facilitam “colas” e trocas de informações entre os alunos. Muitas vezes, estes são tão hábeis que os professores nem percebem. Aconteceu certa vez que uma aluna minha fez uma prova dissertativa de História, apresentando respostas maravilhosamente bem redigidas... bem redigidas demais para sua idade e conhecimentos. O texto estava escrito em períodos longos e concatenados, com orações subordinadas bem colocadas, nos respectivos lugares, com preposições adequadas fazendo as ligações entre elas. As novas gerações já quase não usam orações subordinadas, pois seus textos costumam ser uma sucessão de coordenadas mal costuradas umas com as outras... Era evidente a “cola”. Bastou procurar no Google e foi facílimo comprovar que quase todo o texto havia sido copiado de três ou quatro sites da internet. Chamada às falas, a aluna reconheceu que havia colado, pelo celular, e teve nota zero na prova. O mais incrível é que ela esteve, durante toda a prova, sentadinha a menos de dois metros de distância, e nem percebi que ela, com o celular sobre as pernas, esteve colando o tempo todo.

 

Nos últimos dias, a imprensa divulgou que no Estado de Sergipe um professor, depois de ter advertido diversas vezes um aluno que ouvia música com fone de ouvido, durante a aula, retirou o aparelho do aluno. Fez muito bem. Cumpriu seu dever. Agiu de modo inteiramente correto, tanto mais que o Conselho de Educação do município tem por norma proibir o uso de celulares em sala de aula.

 

O aluno, entretanto, representado por sua mãe moveu ação contra o professor, pleiteando que o docente lhe pagasse danos morais, como reparação pelo "sentimento de impotência, revolta, além de um enorme desgaste físico e emocional" que teria causado ao lhe tirar o celular.

 

O pleito foi julgado pelo juiz de Direito Dr. Eliezer Siqueira de Sousa Junior, da 1ª Vara Cível e Criminal de Tobias Barreto/SE, que, com bom senso e justiça, julgou improcedente a ação. Vale a pena transcrever alguns tópicos da sentença:

 

"Julgar procedente esta demanda é desferir uma bofetada na reserva moral e educacional deste país, privilegiando a alienação e a contra-educação, as novelas, os reality shows, a ostentação, o bullying intelectivo, o ócio improdutivo, enfim, toda a massa intelectivamente improdutiva que vem assolando os lares do país, fazendo as vezes de educadores, ensinando falsos valores e implodindo a educação brasileira".

 

O magistrado falou também da missão do professor, ressaltando a nobreza intrínseca dessa atividade: "O professor é o indivíduo vocacionado a tirar outro indivíduo das trevas da ignorância, da escuridão, para as luzes do conhecimento, dignificando-o como pessoa que pensa e existe. Ensinar era um sacerdócio e uma recompensa. Hoje, parece um carma. No país que virou as costas para a Educação e que faz apologia ao hedonismo inconsequente, através de tantos expedientes alienantes, reverencio o verdadeiro herói nacional, que enfrenta todas as intempéries para exercer seu múnus com altivez de caráter e senso sacerdotal: o Professor."

 

Parabéns ao Dr. Eliezer!

 

 

 

ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOS    -   é historiador e jornalista profissional, membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.



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CINTHYA NUNES VIEIRA DA SILVA - COVARDIA


 

 

 

 

 


           

Embora filha de pais professores de geografia, inclusive geografia política, sou obrigada a confessar que não sou a melhor pessoa para falar sobre conflitos mundiais, guerras e grandes celeumas políticos sociais, históricos ou atuais. Pode ser a confirmação do ditado segundo o qual “em casa de ferreiro, o espeto é de pau” ou pode ser porque, de fato, não gosto e não me interesso por nada que envolva brigas imbecis, motivadas pelas razões que forem.
 
            Sou uma pacifista. Na vida, nas minhas relações pessoais, como advogada e em todo lugar que eu for chamada a intervir. Não suporto discussões, gente que fala em voz alta para se impor, gente grosseira e brigas de modo geral. Isso não quer dizer que eu não “lute” quando seja necessário, mas que escolho muito as questões nas quais preciso me envolver nesses termos. Sou da opinião que quase tudo se pode resolver conversando, dialogando, exceto quando realmente não for possível.
 
            Dessa forma, talvez por completa ignorância de minha parte, mas não consigo compreender, filosoficamente falando, a postura de povos que já vem brigando a centenas de anos, roubando o direito de milhares de pessoas terem uma vida normal e até mesmo de viverem. E não adiante virem me dizer que isso é motivado por questões históricas e etc e tal. Eu sei as razões declaradas, até porque, mesmo não gostando, tive que estudar sobre elas. O que não me entra na cabeça é a situação mesma em si. Parece-me tão apenas uma selvageria sem fim, uma involução humana, uma imbecilidade pura e simples.
 
            O que mais me dói, sobretudo, é ver que muita gente que, assim como eu, não quer ter nada a ver com isso, acaba sendo vítima da truculência e da covardia de quem só pensa em brigar, matar, explodir-se e conquistar. Será que o propósito humano se resume a isso? Se for, sinto-me uma idiota, como uma marionete de um louco qualquer. A questão é que não acredito nisso, mas já não me parece que conseguiremos mudar muita coisa...
 
            Tomo por exemplos os aviões recentemente abatidos, repletos que pessoas que seguiam vivendo suas vidas, repletas de expectativas, de sonhos, de esperanças. De repente, em um ato de suprema covardia, são levados desse mundo, sem sequer saber o que os atingiu. Quando um avião cai, por exemplo, por conta de um acidente, ainda que a dor seja a mesma, sabemos que isso se insere dentro da loteria da vida, outra coisa que igualmente não compreendo, mas que fica para outra reflexão qualquer.
 
            Quando alguém é vitimado de forma covarde, sem chance de defesa, sem qualquer razão (se é que poderia haver razão justa), o que devemos fazer nós, os que ficam? Vi uma matéria sobre pais que perderam seus três filhos desse jeito, todos crianças, e que agora devem seguir suas vidas, sem outra opção, sem a chance de um adeus sequer.  E essa dor, quem repara? Devemos começar outra guerra por isso? Para onde estamos indo?
 
            Não consigo aquietar meu coração diante desse tipo de dor, da covardia que ceifa vidas alheias e fico me questionando em que mundo vivemos e o que devemos esperar do porvir. Nunca, ao meu sentir, ficou tão claro que, nesse momento, o homem continua sendo o lobo do homem e é esse lobo monstruoso que vem vivendo dentro de nossos armários, embaixo de nossas camas, aterrorizando e colocando fim a muitos de nossos sonhos...

 

 

 

CINTHYA NUNES VIEIRA DA SILVA -  Advogada, mestra em Direito, professora universitária e escritora   -  São Paulo.

 

 

 

 



publicado por Luso-brasileiro às 10:41
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MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE - SEMENTE DE CANTIGA

 

 

 

 

 

 

 

 

O menino se encontra na fronteira entre a infância e a adolescência. Tem horas que é criança e corre atrás de uma pipa colorida para voar pela imensidão que o atrai, ou agacha, como os demais, para jogar bolinha de gude. Tem horas que é o jovenzinho: olha de soslaio – morto de vergonha-, a menina que passa e acelera nele uma meiguice sem definição.  Se conhecesse a obra musical de Vinícius de Moraes e Antônio Carlos Jobim, por certo cantaria: “Olha/ Que coisa mais linda/ Mais cheia de graça/ É ela menina/ Que vem e que passa/ Num doce balanço/ A caminho do mar”.  Tem horas que é o moço, como aqueles que conhece, sem destino certo, e busca cerol ou linha chilena – despreocupado com cortes e mortes – que lhe oferecem o poder sem alma. Nos seus caminhos, emaranhados com sentimentos contraditórios, já viu muita coisa: gente que insiste na sobrevivência em fuga através do uso de drogas, gente que comercializa o ilícito com o propósito de sustentar o vício, gente que, num ímpeto, desistiu de prosseguir, através de uma corda que balançou o corpo para morte ou da ingestão de chumbinho.  Gente que se afundou na dívida e os senhores dos charcos, encerrado o prazo, deglutiram.

 

A história do menino é difícil, pois os capítulos não se encaixam.  Dias desarticulados aumentam os medos, a agonia e o risco de tombos fatais.  Ao nascer, como as condições financeiras da mãe eram precárias e uma família conhecida se encantou com o bebê, foi para outros braços. Acerto informal. Parece-me, entretanto, que existia carência de abraços. Cresceu assim: com alguns objetos que os outros irmãos não possuíam, mas com vontade imensa de trocar tudo pelo convívio mais próximo com a mãe.

 

Na escola, insucessos. Na rua, rebeldia e desajustes. Uma maneira de se fazer presença. Mais dedos apontados para os desajustes que para seus vazios. E a sentença condenatória de que serviria apenas à criminalidade.

 

Dentre suas aspirações, há quatro anos, a de obter uma vaga em um projeto socioeducacional do segundo setor nas redondezas de sua casa. Faltava, contudo, quem lhe fizesse a matrícula. Observava, pelo alambrado, com olhos de súplica e amargor, os personagens do espaço, do menor ao maior.

 

No final do ano passado, a família que o criou, saturada por suas estripulias, “livrou-se dele”, o devolvendo à mãe.  A mãe se ressentiu ao ver o filho tratado como objeto de empréstimo.  De início, pela falta de colchão, ficou na tia. O menino desejava, faz tempo, estar definitivamente com a mãe e se percebeu atormentado à espera do próximo passo. Os irmãos não aplaudiram. Tinham-no como um estranho. E, além de forasteiro, na casa de dois cômodos, a área se tornaria menor aos demais.

 

A mãe o matriculou no projeto. Reparava-se, com clareza, os seus “ensaios” com o propósito de unir-se aos irmãos. Investidas inúteis. Ansiava por florescer a semente de cantiga infantil que trazia com ele, desde o nascimento, antes que petrificasse.

 

No início de junho, se encantou.  Doaram um sofá-cama em bom estado, que o trouxe ao endereço materno. Na reunião da escola, os professores comentaram que melhorara muito na disciplina e, embora com dificuldades, se empenhava no aproveitamento. No projeto, participou de todas as atividades de férias e, no campeonato de dama, mostrou suas habilidades, chegando ao primeiro lugar. Os irmãos se surpreenderam ao vê-lo vitorioso. Subiu ao pódio improvisado a fim de receber o prêmio: um fichário. Posicionou-se para a foto. A irmã se orgulhou dele e pediu para ser fotografada ao seu lado. O sorriso do menino se fez de céu.

 

Inexplicável: ouvi do vento, em assobio, que, naquela tarde, passava pelos irmãos, a cantiga que fez o menino chorar: “Como pode o peixe vivo viver fora da água fria?/ Como pode o peixe vivo viver fora da água fria? Como poderei viver/ Como poderei viver/ Sem a tua,/ Sem a tua,/ Sem a tua companhia”.

 

 

 

 MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE - É coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher – Santa Maria Madalena/ Magdala. Jundiaí, Brasil.



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Quarta-feira, 23 de Julho de 2014
JOSÉ RENATO NALINI - A IMPORTÂNCIA DE SER POLIDO

 

 

 

 

 

 

 

O Estudando a “ficção jurídica” denominada Ética nas últimas décadas, pude constatar que uma das carências do convívio contemporâneo é a polidez. A indigência vernacular dos que não leem pode suscitar a indagação: “O que é polidez?”. Não custa, então, fornecer sinônimos: amabilidade, civilidade, cortesia, delicadeza, diplomacia, educação de berço, gentileza, lisura, urbanidade.

 

Um ser “polido” é a criatura afável, amável, atenciosa, ática, áurea, bem-criada, bem-educada, cerimoniosa, correta, cortês, distinto, galante, luzidio, urbano.

 

Dá para entender por que falta polidez na convivência? O que mais se vê é a grosseria, a indelicadeza, a falta de modos. Mesmo pessoas escolarizadas – nada a ver com polidez o fato de ostentar diplomas – não cumprimentam, não se levantam diante de mulher ou de pessoa mais velha. Ignoram a presença do próximo.

 

Daí para a rispidez, para a irritação, para a impaciência em grau crescente, até a violência, é um caminho inevitável. Refletir sobre isto é fundamental para um Brasil cada vez mais pródigo em ostentar níveis preocupantes de violência. Aquela escancarada, a resultar em número absurdo de mortes – somos o 5º país em perdas vitais resultantes da violência – e aquela disfarçada na insensibilidade, na frialdade do trato, na indiferença que não deixa de ser uma espécie de crueldade.

 

O mundo inteiro se apercebeu de que algo há de ser feito para reverter a tendência egoística. Foi assim que aplaudiu Tony Blair que, em 2003, declarou guerra à incivilidade. Após sua terceira vitória nas eleições legislativas, insistiu na urgência de restabelecer a “cultura do respeito”.

 

Para nós, militantes da arena jurídica, o respeito não é senão reflexo do princípio norteador da dignidade humana. Ver o outro – qualquer outro – como finalidade intrínseca, não como meio, é imperativo categórico kantiano. Mas não precisamos de sofisticação alguma, nem de singular erudição para sermos polidos. “Sem a polidez”, dizia o ensaísta Alphonse Karr, “não nos reuniríamos senão para combater. É preciso, portanto, ou viver só, ou ser polido”.

 

É o que pais e mães – ou os que exercerem seu papel – têm obrigação de lembrar a seus filhos.

 

 

 

 

JOSÉ RENATO NALINI é presidente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo para o biênio 2014/2015. E-mail: jrenatonalini@uol.com.br.



publicado por Luso-brasileiro às 12:16
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FELIPE AQUINO - O QUE PRECISA MUDAR NA POLÍTICA DO BRASIL ?

 

 

 

 

 

 

 

 

O sistema político do Brasil é um dos grandes problemas de nossa democracia. Do jeito que ele funciona estimula a corrupção, fazendo com que mesmo os bons candidatos acabem muitas vezes sendo corrompidos por causa do sistema. Como assim? Vamos explicar.

 

Um dos problemas é o tamanho do Brasil e de cada Estado. Em São Paulo, por exemplo, temos cerca de 600 municípios, o que significa que um candidato a deputado tem de trabalhar em todos eles para publicar sua candidatura e fazer sua campanha. Ora, se o período de propaganda eleitoral é de mais ou menos 60 dias, então, o candidato tem de percorrer cerca de 10 cidades por dia, contando sábados, domingos e feriados. Sem falar das grandes cidades onde ele certamente gastará muito mais de um dia.

 

Fica claro que o candidato não conseguirá visitar nem a metade das cidades. E imagine você o dinheiro que ele precisa gastar nisso. São milhões de reais: carro, combustível, assessores, eventos, cartazes, banners, etc., etc., etc. E quem é que tem milhões de reais? Quase ninguém. Então, o que fazem os candidatos? Têm de encontrar alguém para “bancar” toda essa despesa. Então, procuram uma multinacional, uma igreja, um sindicato, uma corporação da sociedade, um empresário rico, etc.

 

Bem, no caso de ser eleito, será que este candidato eleito vai trabalhar para o bem do povo, do “bem comum”, ou do bem de quem bancou a sua campanha? É claro, de quem bancou sua campanha, pois certamente assumiu um compromisso com ele. Ai surge os “lobbies” nas Assembleias legislativas e no Congresso Nacional, e assim, são os interesses individuais e corporativistas que conduzem as discussões dos assuntos a serem votados. E o povo, na verdade, fica sem os devidos representantes. Por aqui você pode entender um pouco porque o povo anda tão insatisfeito com os eleitos. Qual a solução para isso?

 

Parecem-me duas. Uma, evidentemente, é que os eleitores não podem dar o seu voto a esse tipo de candidato, bancado por uma instituição para  a qual depois vai fazer “lobbie”;  embora seja difícil saber quem são. Outra solução urgente é se implantar no país o VOTO DISTRITAL. Como ele funciona?

 

No voto distrital você vota por Distrito. Cada Estado é dividido em distritos – que podem variar de 100 mil a 300 mil, por exemplo – e cada um de nós vota em deputados apenas do seu distrito. E cada candidato só faz campanha no distrito. Isso gera muitas vantagens:

 

1 – Escolher fica mais fácil – cada eleitor conhece o candidato e o fiscaliza depois de eleito,  sabe onde ele mora, etc..

 

2 – A campanha fica mais barata- o candidato só faz campanha na sua região e não precisa andar muito e gastar muito.

 

3 – Acaba o “efeito Tiririca” – o voto de um candidato não elege outro.

 

4 – O gasto público diminui – acaba o toma lá da cá no Congresso.

 

5 – Os corporativistas perdem espaço, porque a eleição é por região. É claro que os politiqueiros e interesseiros não querem. As oligarquias se enfraquecem – dissolvem-se os currais eleitorais dos “coronéis”.

 

6 – Aumenta a força das capitais – que hoje elege poucos representantes.

 

7 – O Congresso é fortalecido, porque fica mais difícil fazer falcatruas e enganar o povo.

 

8 -  A corrupção diminui, fica mais difícil comprar as pessoas.

 

Em 2010, foram eleitos com os próprios méritos só 7% dos deputados federais. Se o voto distrital tivesse sido adotado em 2010 não teriam chegado à Câmara Federal 35 Sindicalistas, 21 religiosos, 28 familiares de políticos. (VEJA – 2233 – ano 44 – 36 7/9/1, pgs. 78-841).

 

 

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FELIPE AQUINO   -  Escritor católico. Prof. Doutor da Universidade de Lorena. Membro da Renovação Carismática Católica.



publicado por Luso-brasileiro às 12:10
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PAULO ROBERTO LABEGALINI - SINAIS DE BÊNÇÃOS

 

 

 

 

 

 

 

 

Numa fazenda há um pasto onde vivem dois cavalos. São animais muito bonitos como outros bem tratados que têm por aí, porém, um deles é cego. Mesmo assim, o dono não se desfez dele quando nasceu; pelo contrário, deu-lhe um amigo mais jovem.

 

Observando melhor, percebe-se que há um pequeno sino no pescoço do cavalo menor; isso para que o cavalo cego saiba onde está seu companheiro e vá até ele. No final do dia, um segue o outro até o estábulo e, quando o mais velho se atrasa na caminhada, o outro para e espera que o amigo o alcance. Assim, o cavalo cego passa o dia guiado pelo sino, confiante que o outro o está levando para o caminho certo.

 

E como o dono dos cavalos, Deus não se desfaz de nós só porque não somos perfeitos ou porque temos grandes problemas para resolver. Ele cuida de cada um e faz com que outras pessoas venham em nosso auxílio quando precisamos. Algumas vezes, somos o cavalo cego guiado pelo som do sino daquele que Deus coloca em nossas vidas. Outras vezes, somos o cavalo que guia, ajudando outras pessoas a reencontrarem o caminho.

 

Assim são os bons amigos: você não precisa vê-los, pois sempre estarão por perto. Ouça os sinos deles e, quando precisarem, também ouvirão o seu. Reze por eles e uma grande bênção estará ao seu alcance, como sinal da graça de Deus aos filhos que praticam o bem ao próximo.

 

Na verdade, todos nós nascemos com um ‘sino’ no pescoço. Por isso é que somos notados por onde passamos e, muitas vezes, algumas pessoas nos seguem. Se tivéssemos consciência do quanto influenciamos os destinos dos outros, nunca andaríamos por estradas ruins; mas, infelizmente, o ser humano insiste em conduzir pessoas a erros de comportamento.

 

Como vicentino, eu já passei por experiências diversas. Hoje sei que um pedaço de pão é uma bênção para quem tem fome, e um carro novo pode não ser aceito por aquele que exige determinadas marcas e modelos. Ambos são presentes de Deus, mas os valores são muito diferentes por parte de quem os recebe. O pão é mais valorizado pelo pobre do que o automóvel pelo milionário. Podemos considerar que são fatos normais no cotidiano de cada um?

 

Se a Palavra Sagrada fosse mais bem compreendida e praticada em nosso meio, as coisas seriam diferentes. Há muitas falhas na comunicação que vem do Céu; logicamente, não da parte do Senhor, mas devidas às dificuldades humanas em completar o ciclo da bênção. Sei que não posso generalizar, porém, quase sempre deixamos de concluir aquilo que seria a vontade de Deus.

 

Primeiro, porque não conhecemos plenamente a Bíblia. Mesmo reconhecendo que se refere à ‘Carta de Amor do Criador’ por nós, exageramos na preguiça de conhecê-la melhor. Segundo, porque nas partes que sabemos de cor, não comentamos com as pessoas que se relacionam conosco no trabalho e na roda de amigos. Terceiro, porque nem sempre damos bons exemplos influenciados pelos ensinamentos bíblicos, mostrando que pouco nos importamos com a salvação da alma.

 

Há uma história que faz menção à nossa falha de comunicação:

 

Uma senhora idosa estava parada na calçada, hesitante na tentativa de fazer a travessia diante de um tráfego intenso. Temerosa, não conseguia sair do lugar. Então, apareceu um cavalheiro que, tocando-a, perguntou se poderia atravessar a rua com ela. Alegre e muito agradecida, a senhora tomou seu braço e juntos partiram em direção ao lado oposto.

 

Foi então que ela começou a ficar mais apavorada ao ver que o homem ziguezagueava pelo meio da rua enquanto buzinas soavam, freios eram acionados e motoristas gritavam palavras ofensivas. Quando chegaram do outro lado, ela disse furiosa:

 

– Quase morremos! Você caminha como se fosse cego!

 

– Mas eu sou cego! Foi por isso que lhe perguntei se poderia atravessar junto com a senhora!

 

Isto nos faz pensar: quantas vezes somos mal compreendidos! Precisamos aprender que comunicação não é somente o que a gente fala, mas principalmente o que o outro entende. Se não quisermos entender que só entra no Céu quem tem compaixão dos sofredores, de que adianta vivermos dezenas de anos aqui na Terra?

 

Tudo aquilo que faço, que tenho e que sou, são sinais visíveis de bênçãos em minha vida. O grupo de pessoas amigas que me relaciono diariamente – no trabalho e na comunidade que sirvo – certamente toca o ‘sino da misericórdia’ bem alto para que eu ouça. Estou convicto disto porque ninguém diz ‘não’ quando peço ajuda. E, assim, com amor no coração, vamos completando o ciclo da bênção um para com o outro.

 

Eis uma grande possibilidade desse ciclo se realizar:

 

1.      valorizando cada vez mais a Palavra de Deus;

2.      melhorando dia-a-dia a comunicação evangélica;

3.      fazendo soar o sino que indica os bons caminhos; e

4.      perseverando na fé com as pessoas que nos seguem.

 

Mais cedo ou mais tarde, com firme confiança na graça, a bênção divina nos atingirá.

 

 

PAULO ROBERTO LABEGALINI -    Escritor católico, Professor Doutor da Universidade Federal de Itajubá-MG. Pró-reitor de Cultura e Extensão Universitária da UNIFEI.

 

 



publicado por Luso-brasileiro às 12:04
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HUMBERTO PINHO DA SILVA - COMO PENSA O HOMEM DA RUA

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Na pequena estante de meu quarto de solteiro, havia pouco mais de trinta volumes. Quase todos de Camilo, alguns de Fulton Sheen e Mário Gonçalves Viana, e meia dúzia de Marden.

 

Nos livros de Marden moldei o carácter, e arquitetei a pouca cultura que adquiri ao longo dos anos, e com Mário G. Viana aprendi a pensar e a formar opinião.

 

Entre as obras da juventude, a que mais me impressionou, foi “ A Arte de Estudar “ de M. G. Viana. Havia nela curioso diálogo, travado entre professor e aluno do Colégio da Trindade, de Oxford, que obtivera diploma.

 

“ O estudante acabava de concluir o curso e resolveu ir despedir-se do diretor:

 

- Senhor diretor: como acabei a minha educação, vou-me embora amanhã.

 

Ouvindo isto, o austero mestre exclamou, entre surpreendido e irónico:

 

- Como pode ser isso? Acabaste de dizer, se não estou em erro, que concluíste a tua educação? Pois, meu rapaz, fica sabendo que eu ainda só agora sei que verdadeiramente comecei a saber alguma coisa!”

 

Na escola, aprende-se o básico, os alicerces, onde assenta a estrutura da nossa cultura. Nada mais.

 

Saber: aprende-se com a experiência e constante estudo.

 

Sei bem que se dá mais valor ao “ canudo “, passado pela Universidade, que ao conhecimento adquirido por autodidatismo. É engano, em que muitos costumam cair.

 

Cesário Verde – a exemplo de outros ilustres intelectuais, conhecedores da ignorância das massas, – matriculou-se na Faculdade de Letras, para obter respeito no mundo da Literatura!…

 

Erasmo (cito “ Erasme”, por Léon-E. Halkin) também sabia que para se ter mérito reconhecido, é preciso ser doutor e ir ao estrangeiro.

 

Diz Erasmo: “ Duas coisas, sinto-o, se me tornam verdadeiramente necessárias: em primeiro lugar ir a Itália para dar à minha cienciazinha autoridade desta ilustre estadia; depois obter o grau de doutor. Ambas as coisas são igualmente absurdas: ninguém muda de espírito por atravessar o oceano, como diz Horácio, e não regressarei com mais sabedoria, nem como um cabelo. Mas os tempos são assim; ninguém, mesmo as pessoas mais sensatas, acredita no vosso mérito se não vos poder chamar Mestre.”

 

Os nossos Mestres da pintura, escultura e música, não o são só por serem geniais, mas porque foram a Paris, e frequentaram o meio artístico da Cidade da Luz.

 

Do mesmo jeito, como hoje se vai obter o mestrado ou doutoramento, aos Estados Unidos, e a famosas Universidades Europeias.

 

Dentista de meu pai, tinha no consultório, encaixilhado a prata, certificado de estágio de cinco horas, em São Paulo! …

 

                  Era para impressionar… O povo, que não sabe avaliar pela própria cabeça, mede o saber, pelos – diplomas, prémios ou pareceres de críticos e comentaristas.

 

Olvida, que na maioria das vezes, as opiniões são dadas por amizade ou por serem correligionários – no partido politico, ou associação secreta….ou quase.

 

Se lhe dizem que a obra é boa, que é best-seller, adquirem-na, para oferecerem, afirmando, a pés juntos, que é excecional….e muitas vezes nunca a leram…

 

Nada há mais influenciável que a opinião pública – basta repetir, afirmar, elogiar na mass-media, para ser vendido e estar na moda.

 

A competência, o mérito, seja de quem for, só é reconhecido pelo diploma, prémios recebidos ou testemunho de personalidades influentes.

 

Por isso há tanta gente culta, sem diploma, que passa por ignorante, e tantos diplomados, considerados sapientes, e que nada sabem… mas são escutados atentamente, graças ao certificado que penduraram no escritório.

 

 

 

HUMBERTO PINHO DA SILVA   -    Porto, Portugal

 

 

 



publicado por Luso-brasileiro às 11:04
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FRANCISCO VIANNA - DOIS COMENTÁRIOS SOBRE A GUERRA NO MÉDIO ORIENTE : HAMAS DESENCADEIA O INFERNO DA PUNIÇÃO ISRAELENSE NA FAIXA DE GAZA e A MENSAGEM DE ISRAEL AO MUNDO ÁRABE MUDOU

 

 

 

 

 

            A agência de notícias EFE, da Espanha, disse hoje que, atendendo a uma solicitação do Secretário Geral da ONU, Ban Ki-Moon, por motivos humanitários, Israel tinha aceitado suspender sua operação militar na Faixa de Gaza por um período de seis horas, mas em menos de quatro horas dessa trégua unilateral o HAMAS lançou do território cerca de cento e vinte foguetes contra o país judaico e comunicou que havia sequestrado outro soldado israelense, o recruta Shaul Aaron.

            As Forças de Defesa de Israel (FDI) resolveram então suspender o curto armistício, retomaram a varredura terrestre, e intensificaram seus ataques aéreos sobre a Faixa de Gaza em diversos bairros e locais catalogados como possíveis esconderijos dos terroristas islâmicos.

 

 

Corpos de mortos e feridos são transportados por paramédicos pelas ruas na localidade de Shahaiya, ao norte da Faixa de Gaza.

 

            Ninguém mais fala em cessar-fogo e o pau está quebrando reto no território da orla marítima. John Kerry, o vice-presidente “progressista” americano qualificou a Operação Proteção da Orla como “infernal”. Israel não confirmou o anúncio do braço armado do HAMAS, o Ezedin al-Qassam, de que o soldado havia sido sequestrado, o que equivale esperar que já deva estar morto.

            O domingo de hoje acabou se tornando o dia mais violento na região desde que ISRAEL, sem alternativa, teve que dar início a uma operação militar de larga envergadura para retomar a Faixa de Gaza e exterminar com o HAMAS no território bem como na Cisjordânia, há doze dias.

 

            O sacrifício humano deste fim de semana na área foi de mais de cem palestinos e de treze soldados israelenses mortos e centenas de pessoas feridas no conflito.

 

            A legítima defesa de Israel, no entanto, tem gerado manifestações de rua em diversos lugares do mundo, que, todavia não consegue arregimentar grandes multidões contra ela, mostrando que, apesar de a opinião estar polarizada, a maioria das pessoas entende que Israel está legitimamente lutando por sua segurança e sobrevivência.

 

            A última vez que o grupo terrorista sequestrou um soldado de Israel foi em 2006, o qual foi mantido em cativeiro até 2011, quando foi libertado em permuta por 1.027 prisioneiros palestinos.

 

            Acontece que, a maioria desses que foram soltos nessa gambira, foi depois recapturada pelas FDI e sua inteligência militar. Talvez, em consequência disso, os adolescentes judeus, agora, foram mortos sem tentativa de escambo por parte do HAMAS.

 

            Em Gaza houve celebração de rua por parte de dezenas de pessoas quando o HAMAS anunciou esse novo rapto. A resposta de Israel veio com forte fogo de artilharia e ataques aéreos.

 

            A operação militar israelense ganha contornos cruéis de massacre, no bairro de Shahaiya, o mais povoado de Gaza, justamente porque os terroristas se escondem por trás da população civil, com a intenção exata de provocar o maior número de vítimas possível entre ela e, com isso, sensibilizar a opinião pública mundial contra os judeus.

 

 

  

            O resultado dessa ‘tática’ homicida é que, só hoje, mais de 60 pessoas morreram durante o intenso bombardeio de mais de dez horas de duração da aviação, marinha de guerra e exército de Israel.

 

            O Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-Moonchegou hoje ao Qatar e deverá em seguida fazer um périplo pelo Oriente Médio numa tentativa de diminuir a “tensão” em Gaza, tensão que, de fato, é uma guerra aberta embora assimétrica e não declarada. O diplomata classificou o conflito como “terrível” e pediu a ambas as partes que “respeitem o direito humanitário” e que Israel “tente evitar a morte de civis em Gaza”, coisa que se sabe ser quase impossível, pelos motivos expostos acima.

 

            O chanceler também pediu à comunidade internacional que intervenha para suspender o “bloqueio que Israel impõe a Gaza”, o que não passa de uma cretinice, uma vez que esse bloqueio é estritamente militar, para tentar impedir que armas e partes de foguetes provenientes principalmente da Síria e do Irã cheguem a Gaza para serem montados e disparados contra o estado judaico.

 

            Enquanto isso, o ‘presidente’da AP (Autoridade Palestina – uma arremedo de estado mantido pela ONU) Mahmud Abbas também chegou a Doha, e deverá se reunir com Ban Ki-Moom e o chefe do HAMAS, Khaled Meshal, segundo informou a agência de notícias palestina QNA. Tal reunião foi solicitada por Abbas para ver se consegue sensibilizar o Conselho de Segurança da ONU.

 

            Barak Obama, em conversa telefônica com o Primeiro Ministro israelense, Benjamin Natanyahu, expressou ao mandatário judeu sua preocupação pelo número de vítimas no conflito, mas disse entender que isso ocorre justamente pela tática do HAMAS em usar a população como “escudo humano”.

 

            De qualquer forma, o Primeiro Ministro prometeu intensificar ao máximo os cuidados para não atingir a pobre população da Faixa de Gaza, usada como “bucha de canhão” pelos estados antissionistas (Síria e Irã, principalmente), mas que isso só poderá ser feito até certo ponto.

 

            Mais de 450 palestinos, entre terroristas e civis usados como seus escudos humanos, já foram mortos no conflito. Evidentemente, entre elas há mulheres, crianças e idosos, considerados pelos fanáticos islâmicos como heróis da “jihad”, a guerra santa contra o ocidente, patrocinada pelos fundamentalistas maometanos.

 

            A guerra foi desencadeada não apenas pelo sequestro seguido de assassinato covarde de três adolescentes judeus, mas principalmente pela intensificação dos lançamentos de foguetes sobre cidades israelenses, inclusive Tel Aviv sua capital administrativa e Jerusalém, sua capital cultural e cosmopolita.

 

            Se ao menos o HAMAS, que nega o rapto seguido de homicídio dos rapazes judeus, tivesse mostrado algum respeito, talvez essa guerra não tivesse começado. Mas, ao contrário, a morte covarde dos meninos foi comemorada nas ruas de Gaza e os disparos de foguetes intensificados, dando a entender que o HAMAS deseja o conflito.

 

            Para isso, os terroristas do HAMAS e do “jihad islâmico”, não dão a menor pelota para o que diz a Autoridade Palestina e seu presidente Abbas. O acordo com o FATAH recentemente assinado também passou a ser letra morta.

 

            Os israelenses parecem, afinal, convencidos de que sua existência como nação e sua própria segurança só poderão ser conquistadas com a eliminação desses elementos terroristas, bem como, como disse Netanyahu, “a própria população do território só terá paz e liberdade quando se livrar do jugo desses grupos”.

 

            Não acho que os americanos ou mesmo a ONU vá influir nos rumos do que já começou. Esse conflito deve produzir, por baixo, mais de cinco mil cadáveres só do lado de Gaza e terminará com a reincorporação do território ao estado judeu, conforme prevê os especialistas sobre a região.             Isso só não acontecerá se houver intervenção externa no conflito, coisa que país nenhum parece desejar, pelo perigo de um conflito mundial que, com os eventos na Ucrânia, já vem tirando o sono de muita gente. 

 

 


 

O tamanho da encrenca: bairros inteiros de Gaza estão sendo atacados, por enquanto apenas por mar e ar, mas logo chegarão as tropas terrestres israelenses para consolidar a reanexação da Faixa e o fim dos grupos terroristas que chamam isso de “guerra santa”...

 

 

(da mídia internacional)

Domingo, 20 de julho de 2014

 

FRANCISCO VIANNA  -   Médico, comentador político e jornalista  - Jacarei, Brasil.

 

 ***

 

A MENSAGEM DE ISRAEL AO MUNDO ÁRABE MUDOU

 

O HAMAS EXIBE UMA FALSA EUFORIA PARA ESCONDER A PREOCUPAÇÃO DE QUE ISRAEL PROVAVELMENTE O EXPULSARÁ DA FAIXA DE GAZA, SE NECESSÁRIO.

 

= FRANCISCO VIANNA (com dados da midia internacional)

Sábado, 19 de julho de 2014

 

O conflito na Faixa de Gaza situa Israel em meio a lados preocupados no mundo islâmico sunita. Se Israel quiser por um fim a ele, as regras do jogo precisam mudar, e depressa.

 

Veículo armado transportador de tropas das FDI a cruzar um campo próximo à fronteira com a Faixa de Gaza no sul de Israel na sexta feira de ontem, 18 de julho de 2014 (Foto: Flash90).

 

A iniciativa de cessar-fogo do Qatar ilustra como a contínua escalada do conflito em Gaza, na verdade, não tem nada a ver com Israel em si, mas, tristemente, a nação judaica se viu enredada e envolvida numa guerra que tem proporções muito mais amplas, e que vem como um reflexo da disputa sem fim entre dois eixos rivais no mundo islâmico sunita.

 

De um lado estão o Egito e a Autoridade Palestina, com a Jordânia e a Arábia Saudita provavelmente indo se juntar a eles no próximo par de dias. Por outro lado, o Qatar, a Turquia e o Hamas, bem como outros defensores globais da Irmandade Muçulmana. Esta é uma “guerra por procuração” sob todas as intenções e propósitos.

 

Não se engane o leitor, pois o Hamas continua comprometido com a destruição de Israel e, de um modo mais amplo com o “jihad” ou “guerra santa” contra o Ocidente. Por isso, o Hamas está a disparar foguetes contra Tel Aviv e enviar terroristas através de túneis, no sul de Israel, que aportam, em essência, no Cairo e conta com o apoio de Doha e Ancara.

 

Ambos os lados usam a população palestina da Faixa de Gaza e agentes infiltrados na Cisjordânia para agredir Israel, na condição de “buchas de canhão”, pois não cabe alternativa a Israel senão a de defender-se com as armas que tem.

 

O que emerge desse estado de coisas, e das demandas infundadas do HAMAS como aparecem na proposta de cessar-fogo do Qatar, é que esta crise está longe de terminar. O HAMAS está confiante, até mesmo eufórico, e nos últimos dias, as pessoas que entraram em contato com os líderes dessa organização terrorista antissemita que usa os palestinos relatam que a sensação que eles transmitem é a de que o HAMAS está sitiando Tel Aviv e que irá começar a invasão de Israel em breve, e não o contrário, ou seja, admitirem que as FDI estejam varrendo sem maiores dificuldades a Faixa de Gaza com suas tropas terrestres e que deverão eliminar o HAMAS do enclave palestino. 

 

Num encontro com o Presidente da ‘Autoridade Palestina’ – um arremedo de estado mantido com o dinheiro da ONU –, Mahmoud Abbas, no Cairo na última quarta feira, Moussa Abu Marzouk, subchefe do escritório político do Hamas, rejeitou os apelos de Abbas para que parasse com o lançamento de foguetes contra Israel visando um cessar-fogo e explicou que, "afinal, o que são 200 mártires em comparação com o levantamento do bloqueio militar naval e terrestre da Faixa de Gaza, que os israelenses consideram tão importante para a sua ilusória segurança”? Abu Marzouk, mais tarde escreveu pelo Tweeter que “não haverá trégua alguma que não reconheça as demandas da ‘resistência’ e que é melhor que Israel ocupe a Faixa de Gaza do que continue com o seu bloqueio militar”. Abu Marzouk, desnecessário dizer, reside no Cairo, longe da ameaça da reação israelense com seus ataques aéreos cirúrgicos, pelos quais, provavelmente já estaria morto.

 

Sua intenção é fazer com que Israel reconsidere suas “noções pré-concebidas e seus planos de ação em relação ao HAMAS”. O conceito básico que norteou Israel nos últimos anos é o de que o controle do Hamas na Faixa tem sido administrável e, até mesmo "bom para os judeus", e no final das contas, menos risco para a segurança do que qualquer cenário alternativo. Mas Israel já não pode se dar ao luxo de transmitir a mensagem de sempre, qual seja a de que a "calma será recebida com calma".  A mensagem, agora, é a de que “a agressão será recebida com a perda do território e o extermínio da organização terrorista”, pois a Israel não resta outra opção para existir.

 

O HAMAS vem operando na suposição básica de que Israel acabará por agir para preservar seu domínio sobre a Faixa de Gaza e, daí a atual confiança do grupo terrorista e, mesmo, sua euforia. Também acredita que Israel não quer, de fato, eliminá-lo ou matar seus líderes.

 

Para forçar esses líderes a reconsiderar a sua atitude, portanto, Israel deverá, no entanto, agilizar o que começou, e depressa. O HAMAS precisa entender que as regras do jogo já mudaram e que Israel está disposto a destruí-lo bem como o seu regime local, reincorporando toda a Faixa de Gaza ao país, se necessário.

 

Tzipi Livni deu o primeiro passo nessa direção, para a surpresa de seus entrevistadores, ao dizer pelo Canal 2 da mídia judaica, nesta última sexta feira à noite, que não descartou a ideia de eliminar o HAMAS, caso isso seja preciso para restaurar uma calma sustentada no seio da população palestina de Gaza.

 

O que há, todavia, até o momento, não é uma recomendação explícita para as FDI reocupar e reincorporar o pequeno território litorâneo de Gaza ao pai, mas, apenas a missão de pôr fim ao conflito pela única opção deixada aos judeus, eliminar o HAMAS como grupo terrorista, o que implica a levá-lo a crer que o seu desaparecimento será iminente, caso ele não deponha suas armas. Certamente, seus líderes, por enquanto, não pensam em nada parecido com nisso no momento.

 

A proposta de cessar-fogo apresentada pelo Qatar se constitui mais ou menos dos mesmos termos que o HAMAS vem exigindo desde o início da operação, inclusive com algumas exigências adicionais, como a libertação de prisioneiros como ocorreu no acordo de troca de Gilad Shalit, onde os libertados foram presos novamente na recente varredura da Cisjordânia pelas FDI. Também exige a abertura da passagem de Rafah com o Egito, além da construção de um porto em Gaza e muito mais. Tais exigências devem ser cumpridas paralelamente com um cessar-fogo.

 

Esses termos foram encaminhados ao governo americano, que foi convidado pelo Qatar para intermediar as tratativas com Israel. Um dos objetivos – embora não o único – era o de manter o Egito fora do esforço de cessar-fogo.

 

O tratamento desta questão pelos norte-americanos, no entanto, tem sido tipicamente hesitante e pouco claro, como, por sinal, têm sido as posições de Barak Obama em relação ao habitual apoio a Israel por parte da Casa Branca. Washington flertou tanto com Doha como com o Cairo.

 

Foi só depois que Israel exigiu que o Qatar ficasse de fora das negociações e a partir da imagem de que os EUA teriam ao anunciar seu apoio à iniciativa egípcia, com suas cláusulas que, que em grande parte ignoram as exigências do HAMAS, que Israel, a Liga Árabe, os EUA rapidamente se entenderam.

 

Empresas do Qatar dão apoio contínuo ao HAMAS, o que explica a sua retirada plena da proposta egípcia. No Egito, o ministro do Exterior Sameh Shukri entendeu bem isso e acusou diretamente Doha e Ancara de tentarem minar deliberadamente seus esforços de cessar-fogo. A Turquia reagiu ferozmente, com o primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan chamando o presidente egípcio, Abdel-Fattah el-Sissi, de ditador.

 

E assim, as iras sunitas da guerra são claras com a possibilidade de um cessar-fogo entre o HAMAS e Israel, tornando o cessar-fogo mais remoto. Abbas ainda está tentando preencher a lacuna entre as partes – entre Qatar, Turquia e Egito, ou seja, não entre o HAMAS e Israel. Mas é duvidoso que ele venha a ser o homem capaz de reunir o mundo sunita, amargamente dividido.

 

Aliás, a sorte de Israel – muitos já disseram isso com boa dose de razão – consiste na aparente incapacidade de unificação do mundo árabe, fortemente dominado pelo islã.

 

Não tendo mais o que fazer e fustigado pela barragem de foguetes meia-bocas que Gaza tem despejado sobre o estado judaico, Israel foi forçado a seguir a única opção de sobrevivência que lhe restou e a mensagem que agora passa aos árabes é a de que “quem com ferro fere, com ferro será ferido”, isso para dizer o mínimo.

 

Tel Aviv sabe que, por outro lado, a reincorporação da Faixa de Gaza o obrigará a repensar com cuidado o destino da população palestina que lá habita, acostumada a pensar que quanto maior for o sofrimento mais créditos terão junto a Allah e que a imolação da guerra vai garantir a essa gente pobre e miserável as maravilhas do paraíso islâmico.

 

Ler, ainda, em inglês:

 

 

 



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EUCLIDAS CAVACO - ALMA DO FADO

 

 

 

 

 

 

 

 

ALMA DO FADO
É uma exaltação declamada de sentimento fadista que deixa transparecer que fadista é inequivocamente todo aquele que gosta do Fado e o deixa reflectir na alma.Veja e ouça este tema aqui neste link:

 



                            http://www.euclidescavaco.com/Poemas_Ilustrados/Alma_do_Fado/index.htm

 

 

 

Desejos duma excelente semana

EUCLIDES CAVACO   -   Director da Rádio Voz da Amizade , Canadá.
cavaco@sympatico.ca


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Sábado, 19 de Julho de 2014
JOSÉ RENATO NALINI - ESTOU SEM PARA-RAIOS

 

 

 

 

 

 

 

 

Foi chamada à eternidade em 20 de junho de 2014, a carmelita descalça Irmã Maria Elisabeth da Santíssima Trindade, da Ordem das Carmelitas Descalças. Ela permaneceu 63 anos em clausura, primeiro no Carmelo São José, em Jundiaí e, há muitas décadas, no Carmelo Nossa Senhora da Esperança, em São João da Boa Vista.

 

Ali, foi uma alavanca para o mosteiro. Na homilia da missa de corpo presente, o oficiante principal disse que ela era uma mulher forte. Sem meias palavras. Enérgica. Decidida. Corajosa. Sabia o que queria. Tanto que aos dezoito anos, resolveu ingressar no Carmelo. Só avisou a irmã, Suely, com quem compartilhava o quarto, na véspera de seu ingresso.

 

A mãe já sabia, tanto que preparava seu enxoval em segredo. Lembro-me de sua entrada. Vestida de noiva, deitou-se sobre uma cruz formada de lírios brancos e logo após teve os cabelos cortados, voltou já de hábito de noviça. E passou a ser o para-raios da família. Essa expressão foi do nosso saudoso pároco Monsenhor Doutor Arthur Ricci, Vigário da então Matriz Nossa Senhora do Desterro e que acompanhou a vida de milhares de famílias jundiaienses.

 

Expressão que é muito comum nas cidades que têm o privilégio de contar com um Carmelo. Casa de oração, que atrai bênçãos e afasta desgraças. Minha família teve o privilégio de contar com essa especial proteção da Providência. Primeiro meu tio, Monsenhor Venerando Nalini, sacerdote de raras virtudes, confessor do Cardeal D.Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta.

 

Depois minha tia, Benevenuta Nalini, Sóror Maria da Santíssima Providência, sacramentina que faleceu jovem, depois de ter passado anos ajoelhada em adoração à Eucaristia. Por último a minha querida prima Susana Nalini Genaro, nome no século de Madre Maria Elisabeth da Santíssima Trindade, que hoje repousa na capela funerária do Carmelo Nossa Senhora da Esperança.

 

 

 

 

Estava preparada para continuar no céu. Já antecipa a glória quem se oferece em holocausto para orar no mundo materialista em que vivemos. As pessoas que choraram em sua despedida eram testemunhas de seu desvelo, carinho, atenção e generosidade quando procurada para ouvir as angústias das almas atormentadas que encontram lenitivo no silêncio do Carmelo.

 

Que agora receba a sua paga por uma opção que sempre renovou e de cujo acerto estava convicta. Supra no céu a falta que nos fará, querida Irmã Maria Elisabeth da Santíssima Trindade, O.C.D.

 

 

 

 

JOSÉ RENATO NALINI é presidente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo para o biênio 2014/2015. E-mail: jrenatonalini@uol.com.br.

 



publicado por Luso-brasileiro às 10:06
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ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOS - VOCAÇÃO E SUCESSO NA CARREIRA

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Desde que me conheço por gente, sempre tive certeza de que, quando crescesse, seria escritor. Já na escola primária eu sabia que nasci para escrever, e que só sobreviveria cumprindo suada e esforçadamente os requisitos que o Ministério da Fazenda exige para se poder pagar Imposto de Renda na categoria "Profissional das Letras"...

 

Essa vocação sempre foi clara para mim, nunca tive a menor hesitação a respeito. Confesso que tenho muita dificuldade para compreender certos jovens que, às vésperas do vestibular, se põem a procurar critérios para a escolha de uma carreira, ou de uma área de atividades.

 

Ainda não sabem se serão médicos, advogados, engenheiros, matemáticos, artistas ou professores de educação física...

 

Põem-se então ansiosamente à procura de psicólogos, ou a fazer testes vocacionais para descobrir seu caminho na vida. Ou então, de modo menos nobre, se põem a pesquisar, nos jornais, qual é a relação candidato/vaga nos vestibulares de cada curso. Optarão mediocremente pelo que ofereça maiores chances de sucesso, seja ele qual for...

 

Às vezes ocorre que depois de várias tentativas frustadas de ingressarem em cursos "prestigiosos" como os de Medicina, Engenharia ou Direito, acabam optando por matérias menos "brilhantes", como Biologia, Matemática, Letras ou História (apenas para citar alguns exemplos).

 

Há também muitos que entram num curso e o abandonam depois de algum tempo, porque se dão conta de que não têm a menor vocação para aquilo.

Conheci uma jovem inteligentíssima que completou o curso de Arquitetura com as melhores notas da sua turma. Logo depois de formada, prestou concurso para um cargo público que requeria o diploma de Arquitetura, e obteve sem esforço o primeiro lugar, sendo imediatamente nomeada. Mas, depois de algumas semanas de trabalho, desistiu de tudo. Descobriu que sua verdadeira vocação era outra... Ainda bem que desta vez acertou: fez nova faculdade, de Psicologia, e hoje é uma das melhores psicólogas infantis de São Paulo.

 

Pelo menos essa reencontrou seu caminho e deu certo na vida. Outros não têm essa felicidade.

 

Tive no Ginásio (ainda sou desses tempos pré-históricos...) um colega brilhante na área de Humanas. Inteligente, comunicativo, de palavra fácil, escrevia com facilidade, sabia argumentar vigorosamente para defender seus pontos de vista. Era o líder natural da turma. Teria dado um ótimo advogado, um excelente professor universitário, um brilhante jornalista ou político, talvez um genial corretor de imóveis... Mas preferiu fazer Engenharia, a carreira que na época era considerada a mais rendosa. Hoje, procuro em vão na Internet seu nome... Por onde andará ele? É triste, mas quando me lembro dele tenho muita pena: é uma pessoa que julgo ter falhado na sua vocação, andou por onde não devia ter andado.

 

Aliás, a meu ver uma das causas mais profundas da atual crise do ensino no Brasil é, sem dúvida, o grande número de professores de ensino fundamental e médio que lecionam sem vocação, resignados a uma situação que não desejaram, fazendo sem entusiasmo algo que não amam, transmitindo às novas gerações, de modo subconsciente, mensagens de frustração e mediocridade, ao invés de espelharem para seus alunos um modelo de realização humana plena como professores.

 

Fora da verdadeira vocação é muito difícil trabalhar com entusiasmo. E sem entusiasmo é muito difícil ter sucesso.

 

Por isso sempre recomendo aos alunos, nos cursos que dou: procurem a sua verdadeira vocação, procurem a área em que poderão exercitar a sua criatividade. Ainda que essa área seja pouco valorizada, é nela, e não em qualquer outra, que serão criativos e terão sucesso.

 

 

 

 

 

ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOS   -     é historiador e jornalista profissional, membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.

 

 



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Quinta-feira, 17 de Julho de 2014
MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE - NA ERA DE TECNOLOGIA

 

 

 

 

 

 

 

 

Ao ouvir a respeito de “um tempo para cada coisa debaixo do céu”, diante de seus conceitos sobre a sexualidade, a mocinha, que faz pouco atingiu a maioridade civil, respondeu, de imediato, que está na era da tecnologia.  E, para ela, viver esse período lhe permite a troca constante de parceiros, não importa quem sejam eles, desde que a atraiam.  Vale até mesmo, embora se questione um pouco, aqueles que se encontram em um engajamento sério.

 

Comove-me esse seu ar de independência com algemas por dentro. Sacode-me essa sua postura de segurança com entendimento turvo, com argumentação equivocada. Pobre dela!

 

A barganha que ela defende, de carne com carne para o regozijo de instantes, de uma noite ou um dia, não fazem adormecer o lado sensível que o ser humano carrega e o anseio profundo de felicidade, amor, paz, eternidade.  Ao virar da noite, o seu álbum de recordações de moça-menina permanece com as folhas em branco ou acrescenta mais uma folha rasurada.  É irreal essa alegria que usurpa de convívios que não seus e do uso de seu corpo para experimentação somente. É uma fantasia despedaçará em noite de cinzas.

 

Penso nessa era de tecnologia digital que aproxima as pessoas de lugares longínquos, no ciberespaço interativo, nos recursos da computação. Reflito sobre a área da informática e a tecnologia da informação, que podem contribuir para alargar ou reduzir a liberdade do ser humano.

 

Medito a cerca da defesa da moça-menina aos deleites da pele com a mesma rapidez do ambiente virtual.  De que forma será que ela trata aquilo que vem pelo coração e permanece na memória? Consegue unidade, afinidade, ou transforma os dias em encenação?

 

Em entrevista a respeito de seu livro “Amor Líquido – Sobre a fragilidade dos laços humanos”, o sociólogo polonês Zygmunt Bauman, aborda que, acostumadas com o mundo virtual e com a facilidade de se “desconectar”, as pessoas não conseguem manter um relacionamento de longo prazo. São tratadas como bens de consumo, caso haja defeito, descarta-se ou se troca por versões mais atualizadas. É um “amor” criado pela sociedade atual, que exclui a responsabilidade de relacionamentos duradouros. Amor exaurido.

 

Existe uma frase do padre cantor Zezinho, SCJ, que considero bastante atual: “O saldo do prazer sem limites é a solidão sem consolo”. Já encontrei muita gente cujo prazer irrestrito perfurou o sentido de sua vida.

 

 

 

 

MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE - É coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher – Santa Maria Madalena/ Magdala. Jundiaí, Brasil.

 



publicado por Luso-brasileiro às 11:18
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