PAZ - Blogue luso-brasileiro
Terça-feira, 21 de Outubro de 2014
CINTHYA NUNES VIEIRA DA SILVA - COISAS DE CRIANÇA

 

 

 

 

 

 

 

 

            Para minha sorte, as minhas recordações de criança são as melhores possíveis. Não vivi grandes perdas, não passei fome, não sofri agressões e cresci em meio a uma família normal, repleta de pessoas que me direcionam amor e proteção. Assim, lembrar da infância, para mim é sempre uma viagem íntima a um lugar de conforto, é uma volta a um tempo diferente, não menos feliz do que o presente, mas especial de muitas maneiras.

            Já se vão décadas desde que deixei de ser criança, ao menos fisicamente. Parte importante de mim, no entanto, jamais deixará de sê-lo. Ainda reservo comigo um encantamento pelo mundo, pelo novo, pelas pequenas coisas, do mesmo jeito que gosto de cócegas, de pular corda e amarelinha, de ouvir e contar histórias para dormir e que precisa do abraço dos pais sempre que sente medo...

            Não sei se de fato é verdade quando dizem que as crianças de hoje são completamente diferentes das crianças do passado. Para mim, criança sempre é criança, exceto quando a maldade dos adultos lhes rouba a inocência, a alegria e até mesmo a vida. Vejo nas crianças de hoje, naquelas com as quais convivo, muito das crianças que eu e minhas irmãs fomos e, por certo, as crianças que foram meus pais, meus avós.

            Creio que as pessoas confundam o fato das crianças de hoje saberem mexer nos computadores e terem acesso a mais informações. Isso é apenas resultado da evolução da tecnologia, do desenvolvimento da sociedade. Tivessem as crianças do século passado, um celular ou tablete, com toda certeza mexeriam neles com a mesma destreza que o fazem as crianças desse tempo presente.

            Na minha época de criança, lembro-me de que eu queria muito ter algumas coisas. Nada comparado, em valor econômico, ao que hoje é objeto de consumo, mas, repito, tudo é uma questão do que temos para almejar, do que existe para ser objeto de nosso desejo. Assim, eu me lembro bem de que queria muito ter “O Manual do Escoteiro Mirim”, livro que era mencionado pelos sobrinhos do Pato Donald como contendo todos os segredos de sobrevivência na selva, no campo e mesmo na cidade. Eu ficava imaginando todas as coisas que me seriam possíveis fazer se eu pudesse colocar as mãos nesse manual...

            Outro item da minha lista era o “Baú da Emília”, boneca de pano que, metida a sabichona, habitava o consciente de Monteiro Lobato e fazia suas estripulias no Sítio do Pica Pau Amarelo. Naquele baú ficavam escondidos tesouros que mais ninguém possuía e segredos que ninguém podia conhecer. Eu gostava de pegar uma caixa de sapatos e fingir que era o meu baú de Emília, mas nunca sabia exatamente o que colocar lá dentro que pudesse ser tão valioso quanto os tesouros da Boneca.

            Entre esses, o único que consegui realizar foi o de ter um cachorro. Meu companheiro de quatorze anos, o Totó, meu cãozinho, recheou meu coração de lembranças de afeto e amizade. Hoje, guardo isso tudo no baú do meu coração e, mesmo sem me dar conta, sigo pela vida fingindo que tenho o Manual dos três patinhos, rezando para que ele possa me guiar pela escuridão que vez ou outra se abate pela floresta dos meus pensamentos...

 

 

 

CINTHYA NUNES VIEIRA DA SILVA - Advogada, mestra em Direito, professora universitária e escritora - São Paulo.

cinthyanvs@gmail.com

 



publicado por Luso-brasileiro às 15:06
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VALQUÍRIA GESQUI MALAGOLI - CRESCER É CONSEQUÊNCIA

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

            Amar a palavra é ver-se às cicatrizes. Ferimento exposto em pessoa o tempo todo, explicitando o que, embora haja sarado, dói por ouvi-la submetida a objeto de absurdos, em vista dos quais só mesmo um bom silêncio torna possível acalmar os ânimos.

            Pudera todo mundo exercitasse o silêncio às vezes!

            Silêncio-mansidão que nos fizesse, por exemplo, ir à missa, sim, porém não apenas estando no templo, debaixo de seu teto, amar o outro; silêncio-humanidade para ver que o outro não é somente o nosso igual, mas também e ainda mais o diferente e menos fácil de amar; silêncio-coragem para agir.

Silêncio-solitude que nos forçasse a calar o discurso moto-perpétuo, a fim de ouvir outras vozes além da gritante do me-mim-comigo; silêncio-audição que, enfim, permitisse escutar em substância o verbo realizar que está à volta, gratuito e pleno.

            Mas o que é tudo isso, afinal? Noves fora o que pretende?

            Pretende esta palavra, agora, arriscar-se à indiferença, à não rara acusação de inveja, já que a indignação lhe baterá a porta na cara.

            Pretende esta palavra inculcar que depende de desacomodarmo-nos, a fim de que o talento em casa não morra inane e às moscas.

            Pretende deixar livres os que buscam fruição noutros cantos. Ora! a vida carece de diversidade, e o mundo é vasto, e a pluralidade acrescenta.

            Pretende todavia tanto quanto, indicar que acontecem, nas cidades – como aqui –, eventos literários, bem como de outros segmentos artísticos, substanciais, significativos, ou seja, a um palmo de sua cadeira, bastando dela levantar-se.

            É-nos oferecido celebrá-lo todos os dias. Esperar um intervalo de anos para fazê-lo, quando saem de suas clausuras os adoradores, é, no mínimo, tolice.

            Alardear fanaticamente os benefícios da leitura na fúria de momentos específicos não remove montanhas. Urge abandonar essa religiosidade inócua e mover-se, pois, a fé carece de obras, isto é, de abandonar a passividade.

            Deslumbramento é a porta de entrada para a mediocridade.

            Crescer é consequência de sonho que não se vende barato.

            Um dia o livro será mais do que produto da vaidade, e ele próprio dará com a língua nos dentes.

 

 

 

 

Valquíria Gesqui Malagoli, escritora e poetisa, vmalagoli@uol.com.br / www.valquiriamalagoli.com.br



publicado por Luso-brasileiro às 15:01
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LAURENTINO SABROSA - CANTIGAS PROFANAS E CANÇÕES RELIGIOSAS

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Há muitos anos, havia por aqui na zona em que sempre vivi, uma canção popular em que se cantava:

 

Acabou-se, acabou-se,

Acabou-se a minha alegria.

Tenho pai, tenho mãe, tenho tudo,

Só me falta o amor da Maria.

 

Vemos facilmente que se trata de uma canção de sentimentos tristes. No entanto, quem como eu se lembrar desta canção, sabe que era cantada em música muito alegre, mesmo festiva. A canção, como lhe chamei, passou a ser uma vulgar cantiga, sem “seriedade” e valor poético, por não haver consonância entre a letra e a música.

Também me lembro de que em certo Festival da Canção, com a habitual participação de Portugal, através da RTP, uma das canções apresentadas, desta vez por um dos países nórdicos, enfermava do mesmo defeito, se é que isso é defeito. Foi o nosso apresentador do espectáculo que nos explicou que a referida canção, cantada na língua deles, era de letra extraordinariamente triste, mas de música muito alegre e vivaz. Foi coisa de tal maneira estranha e notória que ele se sentiu na obrigação de a ela se referir, como informação e curiosidade. Uma cantiga ou canção profana, em que tal discrepância sucede, perde valor sentimental, mais ainda do que seria se fosse de letra alegre mas cantada em toada de tristeza. Passa a ser uma fantasia sem nexo, sem lógica, pelo que apenas responsabiliza, quando muito, quem compôs a música nada de acordo com a letra.

 

Que se passa se se tratar de um cântico religioso? Em geral, nos cânticos religiosos não há discrepâncias entre o significado dos termos e o tom musical. Os cânticos religiosos, letra e música, em maior ou menor grau, são manifestações de alegria, mas não podem ser cantados com a ligeireza que muitas vezes se observa nas cantigas populares e profanas. Um cântico religioso é mais ou menos directamente uma oração. Consideremos a seguinte quadra:

 

Humilde culto vos prestamos

Do nosso afecto em terno ardor.

A vossos pés vos consagramos

Virgem celeste o nosso amor.

 

Seja qual for a música, esta quadra é uma oração, e se for cantada por quem não ama a Virgem, passa a ser na sua boca uma fantasia ou, mesmo, uma hipocrisia. Vejamos ainda:

Como posso ser feliz

Se ao pobre meu irmão,

eu não ouço o que ele diz

e lhe fecho o coração ?

 

É uma pergunta que deve ter uma resposta silenciosa mas óbvia da parte de quem se abalançar a cantá-la: quando eu encontrar alguém carenciado, vou prestar-lhe atenção e auxiliá-lo no que puder, pois de outra maneira não tenho direito à felicidade. Se alguém cantar isto por cantar, não fazendo corresponder a acção pessoal com a letra do que cantou, tudo fica degenerado e, porventura, pode mesmo dar um péssimo testemunho de vida.

Uma canção ou cantiga popular pode ser, e às vezes é mesmo, uma diversão ou uma falácia. Um cântico religioso, não. Um cântico religioso é sério e responsabilizante.

 

 

 

 

LAURENTINO SABROSA - Senhora da Hora, Portugal

laurindo.barbosa@gmail.com

                                        



publicado por Luso-brasileiro às 14:53
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PAULO ROBERTO LABEGALINI - MANEIRAS DE ENCARAR A VIDA

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Existem muitos tipos de animais aquáticos, entre eles: as carpas, os tubarões e os golfinhos. A carpa é dócil, passiva e, quando agredida, não se afasta nem revida. Ela não luta mesmo quando provocada. Considera-se uma vítima, conformada com seu destino. Se alguém tem que se sacrificar, ela se sacrifica porque acredita que há escassez de alimento. Nesse caso, para parar de sofrer, ela se entrega.

Carpas também são aquelas pessoas que, numa negociação, sempre cedem e recuam; em crises, se sacrificam por não gostarem de ver outros sofrendo. Jogam o perde-ganha – perdem para que outros possam ganhar.

Eis a declaração que a carpa faz para si mesma:

– Sou uma carpa e acredito na escassez. Em virtude dessa crença, não espero jamais ver o melhor para mim. Assim, se não posso escapar da responsabilidade do destino dos outros, eu geralmente me sacrifico.

O tubarão, por natureza, agride mesmo quando não é provocado. Ele também crê que vai faltar alimento e, assim, que falte para outro, não para ele! Quer sempre tomar de alguém e passa o tempo todo buscando vítimas para devorar.

Que vítimas são as preferidas dos tubarões? As carpas! Tanto o tubarão como a carpa acabam viciados nos seus sistemas. Costumam agir de forma automática e irresistível, mas os tubarões jogam o ganha-perde – têm que ganhar sempre, não se importando que o outro perca.

Eis a declaração que o tubarão faz para si mesmo:

– Sou um tubarão e acredito na escassez. Em razão dessa crença, procuro obter o máximo que posso, sem nenhuma consideração pelos outros. Primeiro, tento vencê-los; se não consigo, procuro juntar-me a eles.

O terceiro tipo de animal é dócil por natureza, mas, quando atacado, revida. E se um grupo de golfinhos encontra uma carpa sendo atacada, defende a vítima e ataca seus agressores. São algumas das criaturas mais respeitadas das águas e, podemos afirmar, que são muito inteligentes!

O comportamento dos golfinhos em volta dos tubarões é legendário. Com astúcia, podem ser mortais para os tubarões. Os golfinhos nadam em torno e martelam; nadam e martelam. Usando seus focinhos bulbosos como clavas, eles esmagam metodicamente a caixa torácica do tubarão até que a criatura feroz deslize impotente para o fundo.

Portanto, escolhi o golfinho para simbolizar como tomar decisões e como lidar com rápidas mudanças devido às habilidades naturais desse mamífero. Os golfinhos procuram sempre o equilíbrio, jogando o ganha-ganha – tentam encontrar soluções que atendam às necessidades de todos.

Declaração que o golfinho faz para si mesmo:

– Sou um golfinho e acredito na escassez e na abundância potenciais. Assim como creio que posso ter qualquer dessas duas coisas, aprendo a tirar o melhor proveito da minha força e a utilizar os recursos de um modo eficaz.

Se os golfinhos podem fazer isso, por que não nós? É possível participar do processo ganha-ganha no nosso cotidiano? É sempre bom lembrar que o nosso egoísmo e prepotência são finitos, chegando ao fim quando menos se espera. Esta história pode contribuir para vermos a vida com olhos de gratidão a Deus:

Certo dia, a pedra disse: ‘Eu sou forte!’

Ouvindo isso, o ferro falou: ‘Eu sou mais forte que você! Quer ver?’

Então, os dois duelaram até que a pedra se tornasse pó. Veio o fogo e disse ao ferro: ‘Eu sou mais forte que você! Quer ver?’

Também duelaram até que o ferro se derretesse. E a água disse: ‘Eu sou mais forte que você, fogo! Vamos ao duelo.’

Então, os dois duelaram até que o fogo se apagasse. Vendo isso, a nuvem disse: ‘Eu sou mais forte que a água!’

As duas duelaram até que a nuvem visse a água evaporar. E logo chegou o vento, dizendo à nuvem: ‘Eu sou mais forte que você!’

Então, o vento soprou a nuvem e ela se desfez. Logo, os montes disseram: ‘Nós somos mais fortes que qualquer vento! Quer ver?’

Duelaram até que o vento se cansasse e desistisse. Foi quando chegou o homem todo falante: ‘Eu sou mais forte que vocês!’

Então, dotado de grande inteligência, o homem perfurou os montes. Todo orgulhoso, falou: ‘Eu sou a criatura mais forte que existe!’

Todos acreditaram até que veio a morte, e o homem que se achava inteligente e forte, com um golpe apenas, acabou-se. A morte ainda comemorava quando, sem que ela esperasse, veio um novo Homem e, com apenas três dias de falecido, ressuscitou. E todo o poder Lhe foi dado no céu, na terra e debaixo da terra.

Vencendo a morte, Ele nos deu o direito à vida eterna através do seu sangue, que liberta do pecado, cura as enfermidades e salva a alma do tormento eterno. Esse homem é Jesus, o Filho de Deus, que disse: “Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que esteja morto, viverá. E todo aquele que vive e crê em mim, jamais morrerá” (São João 11,25-26).

Viva Jesus Cristo, meu amigo íntimo!

 

 

 

PAULO ROBERTO LABEGALINI - Escritor católico, Professor Doutor da Universidade Federal de Itajubá-MG. Pró-reitor de Cultura e Extensão Universitária da UNIFEI.



publicado por Luso-brasileiro às 14:48
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FRANCISCO VIANNA - ESTADO ISLÂMICO É ACUSADO DE USAR ARMAS QUÍMICAS CONTRA OS CURDOS

 

 

 

 

 

Médicos da cidade conflagrada de Kobani confirmam a morte de diversos soldados curdos vítimas de armas químicas altamente letais.

 

 

 

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A vila de Mursitpinar com fumaça negra subindo da cidade síria de Ain al-Arab, chamada Kobani pelos curdos, há dois dias. (foto: AFP)

 

            Desde os tempos do ditadora facínora do Iraque, Saddam Hussein, os curdos têm sofrido ataques por armas químicas. Se Saddam matou centenas de curdos, parece que o mesmo está sendo feito agora pelos militantes terroristas do ISIS, o estado islâmico que tenta estabelecer um califado islâmico no nordeste da síria e no norte do Iraque, em pleno Curdistão, que, por enquanto, ainda é só uma região iraquiana.

            Médicos curdos e ativistas que lutam por Kobani, a cidade sitiada pelo ISIS, alegam possuir evidências de que os terroristas do ISIS têm usado agentes químicos altamente letais como arma em pelo menos uma ocasião, durante embates com os combatentes curdos ao longo da fronteira norte da Síria com a Turquia.

            Segundo diversos relatos, que foram compilados pelo Centro de Pesquisas Globais do Centro Interdisciplinar de Herzliya sobre questões internacionais (GLORIA) de Israel, o uso de toxinas pelo Estado Islâmico começou a ser empregado em 12 de julho último na vila de Avdiko, 10 dias após o grupo jihadista ilegal ter lançado uma ofensiva sobre o enclave de Kobani, próximo à fronteira turca.

            “Um grande número de fotos mostrando os combatentes curdos mortos durante a batalha em Avdiko não apresentavam ferimentos visíveis ou sangramento externo, ao passo que diversas áreas dos seus corpos apresentarem severas queimaduras onde surgem pontos brancos claramente visíveis”, contou o ‘Ministro’ da Saúde da ‘Autoridade Curda’ em Kobani Ahmed. Ele afirmou que fotos e gráficos, que foram mais tarde obtidas e postadas online pelo Jornal “Assuntos do Oriente Médio em Revista”, sugerem que os combatentes curdos haviam morrido por exposição crítica à toxinas químicas usadas como arma letal pelo inimigo.

            O Centro Glória resaltou que, “os especialistas israelenses que examinaram as fotos disseram que os ferimentos letais, que incluempeeling severo e formação de grandes bolhas na pele, sugerem que os combatentes curdos mortos foram vítimas de exposição intensa aogás de mostarda”, embora ainda não esteja totalmente claro se as armas químicas foram de fato usadas pelo Estado Islâmico ISIS. Entretanto, os especialistas judeus aguardam uma última palavra e o recolhimento de mais dados para então afirmarem se, de fato, foi o ISIS ou não que cometeu o crime de guerra.  

 

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Um atirador do Estado Islâmico caminha ao lado de uma pick up carregada com destroços de um caça a jato sírio na cidade de Racca, em 16 de Setembro último (foto: STR/AFP)

 

            Um pouco antes do ataque a Kobani, no início de julho, autoridades iraquianas reportaram que o Estado Islâmico tinha assumido o controle de um vasto antigo depósito de armas químicas a noroeste de Bagdá, onde 2.500 foguetes químicos preenchidos com o letal ‘gás Sarin’, ou outros semelhantes tinham sido armazenados ao longo da fronteira turca em equipamentos através da fronteira com a Turquia, segundo o jornal Times of Israel.
 
 

Quarta feira, 13 de outubro de 2014

 (da mídia israelense)

 

 

FRANCISCO VIANNA - Médico, comentador político e jornalista - Jacarei, Brasil.



publicado por Luso-brasileiro às 14:35
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HUMBERTO PINHO DA SILVA - SANTA FORTE

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Estava a ver a TV Globo, quando de repente surge a presença de conhecida e popular figura pública. Atentei, na esperança de ouvir opiniões de destacada personalidade. Falou sobre si, dos seus sucessos, dos prémios que recebeu, e a determinado momento saísse com esta:

- “ Tenho muita fé na Senhora Aparecida, mas para mim a Santa Forte é a de Fátima!” - e solta jovial gargalhada, que valeu salva de palmas da assistência.

Pus-me, então, a pensar: Como é que alguém, com a projeção daquela notável figura, pode asseverar, perante as câmaras, tal coisa?

Lembrei-me logo de certo concurso, realizado na RTP, onde engenheiro, que participava, ao ser-lhe perguntado se sabia quem era a freira portuguesa, que escreveu cartas de amor, que ficaram na literatura, logo, muito lampeiro respondeu, com ar de entendido:

- “ Religiosa tão ilustre e portuguesa, só pode ser Nossa Senhora de Fátima!...”

Sei que a ignorância religiosa não tem limites, mesmo em quem possui grau académico superior e frequente o culto; mas afirmar que a Santa de Aparecida é menos “ taumaturga” de que a de Fátima, é desconhecer quem é Nossa Senhora; é desconhecer quem é a Mãe de Jesus; é desconhecer o Evangelho.

Custa-me acreditar, mas sei que há milhares, para não dizer milhões de crentes e não crentes, que pensam que cada evocação a Maria, é uma Santa.

Sei que milhares de pessoas percorrem largas distâncias, para pagar promessas e pedir graças, à Virgem, pensando que a “imagem” que se encontra na sua paróquia é menos milagreira, que a do santuário mariano.

Padre António Vieira, conta, com grande beleza, que foi um estatuário, ao monte, cortar um cepo. Fende-o em duas metades: uma lança ao fogo, para se aquecer, a outra, transforma-a num ídolo; e termina, afirmando - que fica pasmado, porque sendo ambas as partes do mesmo cepo, uma seja adorado e outra queimada!

Também fico pasmado, ao ouvir figuras públicas, abordar temas religiosos, e muito mais quando de declaram crentes.

Se outrora a Igreja, não esclarecia devidamente os fiéis, atualmente não há razão para tanto desconhecimento.

Em muitas paróquias há catequese para adultos. Existem cursos bíblicos, gratuitos, por correspondência; e na Internet há sites de ótima qualidade sobre o tema.

A difusão da Bíblia foi de tal forma feita, que só não possui um exemplar, pelo menos do Novo Testamento, quem não quer.

Afirmações, como esta, que ouvi na TV Globo, há anos, ditas por quem se declara crente, nada dignifica quem o diz e são demonstrativas que há ainda muito para evangelizar.

É urgente cristianizar os cristãos, como dizia certo religioso da Ordem Menor, no tempo da minha adolescência.

 

 

 

 

HUMBERTO PINHO DA SILVA - Porto, Portugal



publicado por Luso-brasileiro às 09:30
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EUCLIDES CAVACO - MAJESTOSO CACILHEIRO
 
 
 
 
 
 
 
MAJESTOSO CACILHEIRO
Esta semana convido os meus prezados amigos a um passeio virtual
no Tejo, a bordo do famoso cacilheiro de Lisboa a que o nosso querido
amigo e talentoso fadista Alfredo Louro empresta melodiosa sonoridade.
Veja e ouça este tema  aqui neste link:


http://www.euclidescavaco.com/Poemas_Ilustrados/Majestoso_Cacilheiro/index.htm
 


Um fantástica semana para todos vós.

 
 
EUCLIDES CAVACO - Director da Rádio Voz da Amizade , Canadá.


publicado por Luso-brasileiro às 09:21
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Quinta-feira, 16 de Outubro de 2014
MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE - PEDOFILIA E TRATAMENTO

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Li, do Portal de Notícias do Globo (G1), interessante matéria com o título: “Pedófilo relata tentativas de tratar a doença e o medo do descontrole”.

É assunto que me incomoda como cidadã, pois todos os seres humanos têm direito a preservar sua dignidade, à proteção e, também, por conviver com pessoas que foram vítimas de pedófilos.

Na reportagem citada, um homem de 52 anos relata não ter pedido ajuda a ninguém, ao constatar o desejo sexual por crianças - que considerava normal - a partir da adolescência. Piorou, por volta dos 40, ao acessar a internet. Tornou-se viciado em vídeos de sexo envolvendo pequeninos. Foi preso e, ao ser solto, procurou socorro.

Observo que crianças, vítimas de pedófilos, se tornam “rançosas”, com dificuldade em se integrar consigo mesmas e com o seu entorno. Ficam, de certa forma, oxidadas. Aquilo que as envolve carrega um sabor acre. Talvez os medos, acumulados pelos anos do abuso ou do estupro, as façam assim. É necessário, quando a situação vem à luz, oferecer-lhes encantos próprios para a idade. Adultos, violados na infância e adolescência, a quem não foi oferecida a oportunidade de terapia adequada, sobrevivem no azedume, com a crença de que era destino ou que provocaram o agressor, despertando-lhes os instintos selvagens.

Nos manuais médicos se encontra que o desejo sexual por crianças pode ser diagnosticado a partir de 16 anos naqueles que apresentam frequentes ou intensas fantasias, atividades ou práticas sexuais com menores de 13 anos. A matéria cita dois ambulatórios em que é possível procurar recurso terapêutico: o da Faculdade de Medicina do ABC e o do Hospital das Clínicas. Os especialistas entrevistados comentam que, apesar de não curar, o tratamento, com abordagem médica e psicossocial, ajuda a conter o ataque à infância, adequando o pensamento e diminuindo o risco de recaídas. As medicações ministradas são basicamente antidepressivas, que podem ser associadas a controladores de impulso e de humor.

Falta ao pedófilo a consciência de sua doença ou lhe sobra arrogância para procurar auxílio, com o propósito de proteger as crianças que correm o risco de serem suas vítimas.

É dever de o Estado conclamar os portadores dessa doença a se tratarem, evitando que crianças sejam abusadas e que eles destruam sua vida e de seus familiares.

 

 

 

 

 

 MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE - É professora e cxronista. Coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher – Santa Maria Madalena/ Magdala. Jundiaí, Brasil.

 

 



publicado por Luso-brasileiro às 11:42
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JOÃO CARLOS MARTINELLI - A TRISTE SITUAÇÃO DOS PROFESSORES NO BRASIL

 

 

 

 

 

 

 

A educação é a base para o desenvolvimento de qualquer nação e neste aspecto, o professor se torna peça chave na formação do ser social, pois é ele quem vai guiar a produção do conhecimento e o futuro profissional e acadêmico de cada cidadão, desde a infância. E apesar do acesso ao sistema educacional ser um direito inalienável do indivíduo, no Brasil o Estado não cumpre essa precípua função, a começar pelo descaso com a situação de nossos educadores, cuja data comemorativa transcorre no próximo dia quinze de outubro.

 

 

O principal meio de reversão à situação social brasileira passa por investimentos na educação, pois se constitui na ferramenta de capacitação, de inclusão, de formação profissional e de instrumento de desenvolvimento do espírito crítico, gerando qualidade de vida. Sem dúvida, ela é a base para o desenvolvimento de qualquer nação e nesta trilha, o professor se torna peça chave na formação do ser social, pois é ele quem vai guiar a produção do conhecimento e o futuro profissional e acadêmico de cada criatura. E apesar do acesso ao sistema educacional ser um direito inalienável do indivíduo, desde a infância, no Brasil o Estado não cumpre essa sua precípua função, a começar pelo descaso com a situação de nossos educadores.

          Com efeito, o quadro se modificou de forma até grotesca. No passado, principalmente os do primário e do secundário, eram dotados de prestígio e credibilidade por parte dos alunos; eram respeitados pela sociedade e ganhavam proporcionalmente mais que hoje em dia. Relacionavam-se com as famílias dos estudantes e com a comunidade em geral, tinham mais tempo e condições de se atualizarem. Infelizmente, na atualidade, são mal remunerados, socialmente desprestigiados e não têm condições para se reciclarem, pois exercem uma carga horária abusiva, necessária à própria sobrevivência. Dependem também de uma política educacional por parte do governo, que hoje em dia trata o ensino com um descaso flagrante, visível na própria deterioração dos prédios escolares e na falta de segurança nas imediações e no interior das escolas, que envolve desde a ocorrência de assaltos e de agressões generalizadas, até tráfico de drogas. E sem professores bem preparados e motivados torna-se inviável todo o sistema de ensino.

            O Dia do Professor, quinze de outubro, foi oficializado no Brasil em 1963, numa rememoração à data que, em 1827, instituiu os primeiros cursos primários em nosso País. O objetivo principal dessa comemoração, de acordo com o decreto federal, era enaltecer a função do mestre, e, cabia às escolas promover solenidades em que participavam alunos e familiares. As celebrações, com destaque para a importância da sua função social, foram esquecidas, mesmo porque, o setor público na área está praticamente falido, e no privado, grande parte da academia está sendo substituída pela idéia da escola-empresa.

            Ilustrativamente invocamos Luno Volpato, membro da Academia Campinense de Letras: - “Parodiando Euclides da Cunha, o professor é, antes de tudo, um obstinado. Adjetivos para tipificá-lo, há-os em profusão e permeiam entre o alfa e o ômega. Dentre tanto atributos, dizem-no idealista, sonhador, abnegado, revolucionário, formador de opiniões, sacerdote do saber... Todos, é inquestionável, são-lhe pertinentes. Tais contemplações comovem-no, impressionam-no, mas não o tornam um profissional realizado, nem lhe garantem a sobrevivência e o pão de cada dia, para si e para os seus. ...A problemática, porém é mais abrangente, é de fundo estrutural, ético, político, filosófico, cultural... Mas do que outro pretexto, ele quer um mínimo de respeito à profissão que já foi considerada, dentre todas, não a mais rentável, mas a mais nobre....”(Correio Popular- 14/10/2007- A-3).

Toda educação é um processo de aprendizagem para a vida. É uma interação entre ensino e aprendizagem. É preciso outorgar ao professor o necessário reconhecimento, propiciando condições para exercer sua função social, pois a formação e a informação são os fatores fundamentais da estrutura integral do homem. Precisamos conquistar tais aspirações. Elas não podem mais ser adiadas sob pena de se instituir um caos social futuramente neste País.    

“Professores bem preparados e motivados – embora não suficientes -, essa é condição necessária para se construir um sistema educacional sólido e eficiente. Como corolário, a ausência disso é suficiente para torna inviável o sistema educacional. Como é esta última a situação que vivemos, vemos fechar-se um círculo vicioso terrível: a falta de professores e a sobrecarga de trabalho são responsáveis pela educação infantil fraca e insuficiente, pela alta evasão e baixa qualidade no ensino básico, pelo pequeno número de jovens que concluem o ensino médio e, finalmente, pouca procura pelos cursos superiores fundamentais para a construção de um País soberano e que garanta a toda a população condições dignas de vida” (Otávio Helene, José Marcelino de Rezende Pinto e Thiago Alves, “Educação um terrível círculo vicioso”- O Estado de São Paulo -23/08/2010- A.2).

 

 

       

JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é advogado, jornalista, escritor e professor universitário (martinelliadv@hotmail.com). É autor da COLUNA DO MARTINELLI aos domingos no Jornal de Jundiaí – São Paulo      

           

 

           


 



publicado por Luso-brasileiro às 11:37
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CINTHYA NUNES VIEIRA DA SILVA - UMA QUESTÃO DE RESPEITO

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Pode até parecer estranho dizer isso, mas uma das lições mais difíceis que aprendi foi respeitar a opinião alheia. Creio que quanto mais jovens somos, mais temos uma inclinação de desejar que nossa vontade, nossas crenças e nossos desejos prevaleçam. Aprender que é necessário manter distanciamento em certos momentos, que amar também é entender o outro e seu modo de ver o mundo, mesmo que se discorde de tudo, não é tarefa das mais simples.

Mesmo que se tenha a convicção de que o outro esteja errado, em quase todos os casos é no mínimo necessário ter respeito pelo ser que o outro é, pelos pensamentos que os outros que não somos nós, externam. Muitas vezes isso é fruto do amadurecimento; outras, da humildade. Sempre, contudo, é um exercício a ser praticado.

Cada vez mais eu tento me olhar pelo olhar do outro, até para ver se o modo como me posiciono é adequado, pois entendi que ser extremista, que ser radical, ao menos para mim, não é conduta que eu deseje ter como parâmetro. Quando me deparo com pessoas assim, vejo o quanto é difícil o diálogo, o quanto essas pessoas constroem de barreiras ao seu redor, barreiras que são instransponíveis até ao bom senso.

Como advogada e professora, isso tem ficado cada vez mais claro para mim. Penso que a adaptação é condição de evolução e eu espero poder abandonar minhas próprias cavernas. Vejo quando alguns colegas advogados se colocam de forma rígida diante de possíveis acordos, quando colocam caprichos que se sobrepõem aos interesses das partes, desrespeitando princípios de justiça.

Como professora, entendi que ensinar é aprender e vice-versa. Não foram poucas as vezes nas quais precisei reconhecer que estava errada ou que não estava tão certa quanto gostaria. Em outras situações, ainda que meu ponto de vista fosse muito defensável e até aparentemente o mais adequado, foi importante ouvir e tentar me colocar no lugar do outro. E posso afiançar que, na minha experiência, fez toda diferença.

Compreendi que, quanto mais tolerante eu for, quanto mais eu puder pensar que a razão não está comigo, melhor pessoa eu me torno, mas igualmente melhoro o mundo ao meu redor. Parece-me, atualmente, que muitas das mazelas da sociedade resultam da falta de compreensão com a causa alheia, com a noção da boa luta e com a ética.

É possível, no entanto, manter pontos de vista de forma efetiva sem que, com isso, haja desrespeito, falta de consideração com aquilo que é estranho às nossas convicções, a nossa filosofia de vida, a nossa crença do mundo, das coisas ou das pessoas.

Ainda me falta muito para chegar no ponto da pessoa que eu gostaria de ser, daquele que espero vir a me tornar, mas vivo em vigilância, atenta à injustiça que possa brotar de mim, pois essa é a que me corta a carne...

 

 

 

 

CINTHYA NUNES VIEIRA DA SILVA - Advogada, mestra em Direito, professora universitária e escritora - São Paulo.

 cinthyanvs@gmail.com

 

           



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ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOS - NAPOLEÃO: GENIALIDADE E PONTOS FRACOS

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Napoleão Bonaparte revolucionou em profundidade, entre muitas outras coisas, a arte da guerra. Até hoje são estudadas suas campanhas militares e as numerosas vitórias que lhe asseguraram durante muito tempo uma aura de invencibilidade, até que sobrevieram os fracassos e a derrota final. É fácil agora, com o recuo de quase dois séculos, analisar suas campanhas e nelas apontar os acertos e os erros. Mas, na época, suas vitórias rápidas e fulgurantes pareciam tão surpreendentes que mais figuravam como passes de mágica.

Hoje, o sistema napoleônico é bem conhecido. A rapidez de seus movimentos, a concentração de força nos pontos de junção dos movimentos adversários, a contínua busca para meter-se, como uma cunha, no meio das forças inimigas sem se deixar envolver por elas, mas batendo-as separadamente, o hábito de se abastecer “in loco”, com os recursos do terreno em que estava agindo, tudo isso foi estudado e assimilado.

Em última análise, Napoleão surpreendia os adversários porque conhecia muito bem a formação teórica dos oficiais generais do seu tempo e podia prever com grande margem de probabilidade como cada qual procederia, desde que colocado diante de determinadas condições. Bastava-lhe, com seu talento militar, fazer algo que fugia dos esquemas, e isso induzia o oponente a erro e o levava à derrota.

Era um jogo desigual, Napoleão sabia como os adversários reagiriam. E agia rapidamente, de modo surpreendente e desorientador, mas sempre parecendo estar seguindo as normas gerais...

Entre o início da carreira meteórica de Napoleão e sua queda, numerosos teóricos militares analisaram suas campanhas, na tentativa de aprender qual seria o seu “pulo do gato”. Foi o estado maior do exército austríaco, sob o comando do Arquiduque Johann von Habsburg (filho do Imperador Francisco I e irmão da nossa Imperatriz D. Leopoldina), que afinal, depois de ter sido derrotado várias vezes por Napoleão, conseguiu teorizar o modo de vencê-lo.

Na campanha de Austerlitz (1805), Napoleão realizou plenamente e do modo mais brilhante toda a sua tática. Conseguiu isolar os dois corpos adversários, colocando-se entre eles e derrotando-os rápida e eficazmente. Em seguida, tomou a cidade de Viena, onde encontrou abundantes provisões para prosseguir a guerra. Ele cometeu alguns erros nessa campanha, mas mais de uma vez foi salvo quase milagrosamente, por coincidências ou acasos. Sua estrela estava em ascensão.

Já na campanha da Rússia (1812), ela tendia a cair. Napoleão subestimou o adversário e calculou mal sua estratégia. Kotusov, o generalíssimo russo, evitou ao máximo as batalhas frontais, nas quais sabia que os franceses levariam vantagem. E adotou uma política de terra devastada, cortando ao exército francês as rotas de abastecimento. O velho sistema napoleônico de se deslocar rapidamente sem preocupação com matalotagem, já que os víveres seriam conseguidos no local, no caso da Rússia falhou rotundamente. A própria tomada de Moscou, que Napoleão imaginava ser uma reedição da tomada de Viena, sete anos antes, revelou-se a maior das decepções... Taticamente, Napoleão foi sempre vencedor, no passo a passo, durante toda a sua caminhada até Moscou. Mas, estrategicamente, tinha cavado a própria sepultura.

Em suma, na campanha da Rússia, os “truques” que Napoleão costumava fazer de nada lhe valeram. Venceu o contemporizador Kotusov. Sobretudo venceu o General Inverno...

Em Waterloo (1815), Napoleão caiu porque, com seu ego cada vez mais inflado e sempre confiando nas próprias intuições geniais, subestimou Wellington. Foi este que desorientou Napoleão usando as próprias armas do corso, pois posicionou seu exército bem diante de um bosque espesso - o que era inteiramente proibido por qualquer manual de tática militar, já que impossibilitava uma rápida retirada e facilitava, ao opositor, uma manobra de envolvimento. Diante do “erro” intencional de Wellington, Napoleão fez o que qualquer general faria: lançou força total na batalha, para vencê-la rapidamente antes que chegasse o exército prussiano que reforçaria as tropas adversárias. Mas Wellington sabia que tinha condições de resistir durante muitas horas, até que chegassem os prussianos. E resistiu, numa luta dura e prolongada. O exército prussiano de Blucher chegou ao fim da tarde. E os franceses, encurralados entre dois fogos, foram derrotados.

O dia todo tinha sido chuvoso. O solo em que se travou a batalha estava todo enlameado. No final da tarde, porém, o pôr-do-sol foi magnífico. Marcava, simbolicamente, o ocaso de um grande general, derrotado mais por sua autoconfiança e megalomania do que pela força do adversário.

 

 

 

ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOS  é historiador e jornalista profissional, membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.

 



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Quarta-feira, 15 de Outubro de 2014
FELIPE AQUINO - VOCÊ TEM VALOR !

 

 

 

 

 

 

 

 

Gosto muito daquela música que diz assim:

 

 

Quero que valorize o que você tem,
Você é um ser, você é alguém,
tão importante para Deus…

Deixa de ficar sofrendo angústia e dor
neste seu complexo inferior,
dizendo às vezes que não é ninguém…

Eu venho falar do valor que você tem…
Eu venho falar do valor que você tem…
O Espírito Santo mora em você
fazendo gemidos inexprimíveis!

 

 

Depois da viagem fantástica que fizemos pelo Cosmos, você pôde notar a sua grandeza e a sua beleza. Mas todo este universo “não sabe que existe”; não tem alma, não tem inteligência, não tem vontade e não tem consciência. Você tem; por isso você é mais importante do que todo o Cosmos. Você é mais importante do que as quintilhões de estrelas…

Creia por favor, você é mais belo do que o Sol, mais brilhante do que a Lua, mais fantástico do que tudo o que os seus olhos veem…

Um grito de júbilo explodiu no universo quando a vida se tornou consciente, inteligente, dotada de vontade e liberdade.

Podemos dizer como o poeta que o Cosmos “chorou” de alegria quando viu você surgir das mãos de Deus.

“Façamos o homem à nossa imagem e semelhança. Que ele reine sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os animais domésticos, e sobre toda a terra e sobre todos os répteis que se arrastam sobre a terra… criou-os homem e mulher”. (Gn 1, 26-27)

Veja, você veio ao mundo, depois de bilhões de anos de preparação, para ser rei deste universo dado por Deus.

Então você não pode se arrastar como um escravo; você não pode viver como uma águia de galinheiro; a sua dignidade de filho de Deus não permite. Você sintetiza no seu ser todo o universo criado e a glória do Criador. Você é a meta de toda a criação. Você é a voz e a alma do universo. É através de você que a matéria bruta, a planta silenciosa, e o animal selvagem vão dar glória ao Criador. Eles olham para você… Não os decepcione.

Há bilhões de anos Deus preparou a sua chegada. Desde o primeiro átomo de hidrogênio que foi criado há bilhões de anos, Ele já pensava em você. E, quando você foi gerado por seu pai, de todos aqueles quinhentos milhões de espermatozóides, só um fecundou aquele óvulo bendito de tua mãe: daí nasceu você.

E ninguém jamais será igual a você… porque o Criador trabalha com exclusividade. Não aceita repetir as suas obras. Entre as mais de seis bilhões de pessoas do Planeta, não há dois que tenham o mesmo código genético

 

cpa_jovem_levanta-te_1

 

(DNA) ou as mesmas impressões digitais. Não é fantástico?

As mulheres querem roupas exclusivas, sem que outras tenham iguais, o Criador deu isto de graça a todos, não nas roupas, mas no ser. A roupa exclusiva acaba, mas você não!

Você é um indivíduo, isto quer dizer, único, irrepetível, singular. Sua vida é única, não houve e não haverá outro igual a você na história deste mundo… já pensou?

Mesmo que o homem possa chegar à loucura de clonar o corpo, Deus não clonará a alma; portanto, nem os clones humanos seriam pessoas iguais.Veja o valor que você tem. Veja com que capricho e sabedoria você foi criado. São Paulo nos diz que Deus nos amou antes de ter feito este mundo:

“Bendito seja Deus e Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, que do alto do céu nos abençoou com toda bênção espiritual em Cristo, e nos escolheu nele antes da criação do mundo…” (Ef 1, 3)

Isto quer dizer, que antes de criar o primeiro átomo de hidrogênio, há bilhões de anos, Deus já te amava e te queria… Antes de ser filho dos teus pais, você já era um filho amado de Deus.

 

 

 

 

FELIPE AQUINO - Escritor católico. Prof. Doutor da Universidade de Lorena. Membro da Renovação Carismática Católica.



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JOSÉ RENATO NALINI - E A REFORMA POLÍTICA ?

 

 

 

 

 

 

 

 

A mais importante dentre as reformas exigidas pelo Brasil é a política. O Estado cresceu demais. Como diz Ives Gandra, o Brasil não cabe no PIB. O inchaço é nefasto. Cada vez maior o número de pessoas que dependem do governo, direta ou indiretamente. Nenhum País civilizado tem 39 ministérios. A República não perdeu os ares de Corte. Basta assistir ao espetáculo exibicionista das equipes precursoras, antes da chegada de um prócer do governo. São dezenas de pessoas, locomovendo-se de avião e se servindo de carros oficiais ou alugados, só para verificar o esquema de segurança do lugar visitado.

O aparelhamento do Estado infla todas as repartições e onera o orçamento. A necessidade de legitimação obriga a uma publicidade contínua, a pretexto de ser comunicação institucional. Não há sentido em convivência de mais de trinta partidos, com a possibilidade de se converterem em mais de sessenta, se todas as pretensões em curso vierem a se concretizar.


A reeleição já se mostrou danosa. O primeiro dia do primeiro governo já sinaliza a intenção de se perpetuar. Tudo se faz com vistas na continuidade. Será que isso é benéfico para a nação?


Examine-se o cotejo de forças entre quem está no governo e disputa a reeleição e aquele que está fora. Existe alguma proporcionalidade entre eles?

 

O sistema bicameral mostrou-se também dispendioso. Para que duas Casas Legislativas, se o número de representantes do povo é limitado? A representação do sudeste é sempre deficitária, em benefício de Estados que, na verdade, deveriam ser territórios. Quantas vezes já se mostrou o custo de um Senador e de um Deputado para o País. E o modelo se replica nas Assembleias Legislativas e nas Câmaras Municipais.

Há municípios que não poderiam ter autonomia. Deveriam ser distritos. Mas a volúpia pela criação de estruturas faz proliferar essas entidades da Federação, com suas Secretarias, de acordo com o modelo federal, que não é o melhor exemplo e suas Câmaras Municipais, tudo às custas do Erário.


Manter o povo cativo de benesses garante pouca reflexão e comodismo. Por que mudar, se alguma esmola continua a cair do céu? A cidadania madura deveria exigir mudança de rumos. O Brasil tem jeito. Basta que as pessoas de bem não percam a capacidade de indignação.

 

 

 

 

JOSÉ RENATO NALINI é presidente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo para o biênio 2014/2015. E-mail: jrenatonalini@uol.com.br.



publicado por Luso-brasileiro às 11:17
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