PAZ - Blogue luso-brasileiro
Terça-feira, 13 de Janeiro de 2015
PAULO ROBERTO LABEGALINI - A LUZ QUE NÃO SE APAGA

Quanta gente diz: ‘Ano novo, vida nova!’. Mas, nova em que? Novas caridades ou novas aquisições materiais? Novas orações ou novos pecados? Novas formas de servir a Deus ou somente novos passeios bonitos?
Muitos homens caminham pela face da Terra como se estivessem numa fila indiana, e cada um carregando uma sacola na frente e outra atrás. Na sacola da frente, colocam as qualidades; na de trás, guardam os defeitos. Durante o percurso da vida, mantêm os olhos orgulhosos nas virtudes que possuem – presas no peito – e, ao mesmo tempo, reparam impiedosamente nas costas dos companheiros que estão adiante – todos os defeitos que possuem.
O de trás sempre se julga melhor que o outro que vai à frente, sem perceber que a pessoa andando às suas costas está pensando a mesma coisa a seu respeito. Isso explica em parte alguns problemas de relacionamento e injustiça que acontecem dia-a-dia. Mas, como você muda isso?
Em primeiro lugar, dê o primeiro passo: reconheça que só Deus é perfeito e deixe de criticar os outros. Depois, fixe os olhos na Luz que salva e a siga sempre. Lembre-se, também, da primeira leitura do dia 25 de dezembro, Missa do Natal de Jesus, onde o Profeta Isaías diz:
“O povo, que andava na escuridão, viu uma grande luz; para os que habitavam nas sombras da morte, uma luz resplandeceu. Fizeste crescer a alegria e aumentaste a felicidade; todos se regozijam em tua presença como alegres ceifeiros na colheita ou como exaltados guerreiros ao dividirem os despojos... Porque nasceu para nós um menino, foi-nos dado um filho; ele traz aos ombros a marca da realeza; o nome que lhe foi dado é: conselheiro admirável, Deus forte, pai dos tempos futuros, príncipe da paz.”
E quem aceitar ser herdeiro do Reino do Menino, precisa obedecer aos seus Mandamentos; entre eles está: ‘Amar o próximo como a si mesmo’. Eu julgo ser o mandamento mais difícil de ser praticado porque, para isso, é necessário compromisso, justiça e piedade. Em linguagem popular, eu diria que o verdadeiro cristão tem o dever de cumprir isso com os pés nas costas. Infelizmente, nem todos pensam assim.
Quando Jesus padeceu na cruz, uma grande Luz brilhou na Terra – a Luz da Verdade que ilumina todo ser humano. Aquele que a acolhe tudo pode, nada teme e, enquanto se mantém longe das trevas, o Espírito Santo habitará nele!
Muitas vezes, Cristo se manifesta na pessoa de um pobre, como nesta história:
Paul ganhou um automóvel de presente de seu irmão no Natal. Na noite seguinte, quando saiu de seu escritório, viu um menino andando em volta do reluzente carro novo, admirando-o.
– Este carro é seu, senhor? – perguntou.
Paul confirmou:
– Meu irmão me deu de Natal.
– Quer dizer que foi um presente de seu irmão e não lhe custou nada? Rapaz, quem me dera! – e parou por um instante de falar.
É claro que Paul sabia o que ele iria dizer: desejaria ter um irmão como aquele. Mas, o que o garoto disse desarmou o espírito do empresário.
– Quem me dera – continuou o garoto – ser como o seu irmão!
Paul o olhou com espanto e impulsivamente acrescentou:
– Você gostaria de dar uma volta no meu automóvel?
– Oh, sim, eu adoraria!
Depois de uma voltinha, o garoto de olhos arregalados disse:
– O senhor se importaria de passar em frente à minha casa?
Paul deu um leve sorriso. Pensou que o menino queria mostrar para os vizinhos que podia chegar em casa num carrão, mas estava novamente enganado.
– Pode parar em frente àqueles dois degraus? – perguntou o garoto.
Ele subiu correndo e retornou carregando seu irmãozinho paralítico. Sentou-o no degrau inferior e depois apontou o carro.
– Aí está ele, amigão, exatamente como eu contei lá em cima. O irmão deu o carro a ele de presente de Natal e não lhe custou nem um centavo! E algum dia eu vou lhe dar um igualzinho; então, você poderá ver com seus próprios olhos, nas vitrines da cidade, todas as coisas bonitas que tenho lhe contado.
Paul saiu do carro e colocou o rapaz no banco da frente. O irmão mais velho, com os olhos brilhando, entrou atrás dele e os três deram uma grande volta comemorativa. Naquela noite, o empresário aprendeu que sentimos maior alegria quando a proporcionamos a alguém.
E ainda mais feliz é aquele que crê que a Luz que veio do Pai para indicar o caminho que devemos seguir nunca se apagará!
PAULO ROBERTO LABEGALINI - Escritor católico, Professor Doutor da Universidade Federal de Itajubá-MG. Pró-reitor de Cultura e Extensão Universitária da UNIFEI.
FRANCISCO VIANNA - A PREOCUPAÇÃO DO EUROPEU

POR QUE A INTELIGÊNCIA FRANCESA NÃO FOI CAPAZ DE EVITAR O ATENTADO?
Sempre que uma democracia sofre um ato terrorista, a pergunta que todos fazem – e fazem por se tratar de uma democracia – é a que questiona a inoperância dos serviços de inteligência do país para impedir o ataque e aí surge a polêmica inevitável: serão esses serviços eficientes? No caso do atentado vivido pelos franceses a um jornal quinzenal (hebdomadário) de Paris, o “Charlie Hebdo”, que custou a vida de vinte pessoas, incluídos os três terroristas islâmicos mortos pela polícia, não foi nenhuma exceção.
A inteligência francesa, por exemplo, estava ciente de que o ‘Charlie Hebdo’, seus editores e chargistas eram alvos anunciados pela Al-Qaeda. Sabia também que Amedy Coulibaly, bem como os os irmãos Kouachi, estavam ativamente envolvidos há tempos em atividades jihadistas, fato pelo qual o mais novo desses terroristas, Cherif, tinha sido preso em 2008.
A inteligência americana tinha informado à francesa, também, que o irmão mais velho, Said, havia ido ao Iêmen em 2011, onde receberam treinamento de guerrilha e sabotagem e de suicídio por meio de bombas, quando foram recebidos pessoalmente pelo atual chefe da al-Qaeda, o já eliminado Anwar al-Alwaki, que morreu pouco depois num ataque cirúrgico perpetrado por drones teleguiados pelos estadunidenses, em 2011. As principais linhas aéreas americanas têm uma “lista negra de não acesso a voos” (no fly list), onde os nomes desses irmãos terroristas já apareciam há anos, e, pois, estavam impedidos de entrar na América pelos aeroportos. Então, os europeus começam a fazer perguntas incômodas, tais como: “Por que a Europa não os monitoraram com mais intensidade? Por que a polícia não aumentou a proteção ao Charlie Hebdo”?
O ministro do Interior francês, Bernard Cazeneuve, tentou responder a essas perguntas, destacando que "já há tempos, a polícia e a justiça francesa vêm desbaratando centenas de grupos e conseguiram abortar dezenas de tentativas de atentados. Centenas de indivíduos são vigiados, de forma contínua, e dezenas de pessoas já foram presas". De acordo com o ministro, 85% das atividades dos serviços de segurança nacional estão focados na monitoração do chamado “jihadismo” (guerra santa islâmica).
Dizem os advogados que não apenas é ilegal vigiar um indivíduo o tempo todo, como também isso requer a mobilização de pelo menos 20 pessoas para cada um deles. Hoje, a inteligência francesa controla os passos de cerca de cinco mil suspeitos de se envolverem em atividades relacionadas com o terrorismo islâmico. Ora, isso requer a mobilização de um pessoal treinado de cerca de 30.000 agentes de segurança destinados exclusivamente a tal atividade, com um custo financeiro exorbitante. Com relação aos irmãos terroristas citados, disse o ministro, "os três estavam sob controle, sua situação legal era transparente e nada fazia pensar que estavam na iminência de perpetrar esse atentado em Paris”; muito embora Cherif Kouachi estivesse preso, Said tinha pouquíssimos antecedentes e nunca havia sido preso ou condenado. Quando Said Kouachi voltou do Iêmen, tanto ele como seu irmão, evitaram qualquer atividade que pudesse chamar a atenção sobre eles. “Levavam uma vida comum de qualquer imigrante islamita regular”, acrescentou.
![2015-01-10_1604253[1].jpg 2015-01-10_1604253[1].jpg](https://fotos.web.sapo.io/i/Bc313dcca/17919002_6oBLV.jpeg)
Em Toulouse, onde a população muçulmana é já importante, não se nota um clima de consternação no ar...
O presidente francês François Hollande, em sua mensagem ao país, lembrou que “a França é um dos alvos anunciados pelo fundamentalismo islâmico e que – apesar dos esforços empregados – ninguém pode dizer que este será o último ataque terrorista ao país”. No tocante ao fato de se saber por que a redação do jornal ‘Charlie Hebdo’ não estava melhor protegida, "a resposta a essa questão é tão difícil de se dar como o é resolver a quadratura do círculo", disse um especialista em política interna da França, Roland Cayrol. "Não se pode controlar uma redação de jornal sem violar o segredo de suas fontes, das investigações e da liberdade de imprensa?", diz ele. "Mais controle significa, inevitavelmente, menos democracia", afirma Cayrol. O desafio do Ocidente reside, precisamente, nessa equação, que só pode ser resolvida em nível comunitário.
Hollande convocou ontem uma “marcha de multidões” para amanhã, em Paris, em homenagem às vítimas do atentado e conclamou a presença de diversos chefes de estado da União Europeia, mas existe um sentimento de que isso seja apenas uma maneira de contabilizar politicamente a tragédia, coisa que os socialistas são peritos em fazer. Apesar de afirmar que vai sair na frente na passeata, Hollande e os europeus têm que entender, de uma vez por todas que, a partir desse evento trágico, os governos do Velho Continente têm mais é que tornar a vida dos islâmicos cada vez mais difícil em seus países, como a única forma válida de motivá-los a retornar para os locais de onde vieram. Acredita-se na Europa, hoje, que se isso não for feito, os europeus acabarão perdendo seu continente para essa gente. Afinal, a democracia francesa é para os franceses e não para pessoas que a querem usar exatamente contra os franceses...
Sob certo aspecto, a situação da Europa é parecida com a do Brasil, onde é necessário que seus habitantes passem da vergonha e da indignação à ação: lá, pelo terrorismo islâmico, e aqui pelo terrorismo da corrupção política e da roubalheira.
(com base na mídia internacional)
Sábado, 10 de janeiro de 2015
FRANCISCO VIANNA - Médico, comentador político e jornalista - Jacarei, Brasil.
HUMBERTO PINHO DA SILVA - POR QUE SOMOS POBRES ?

É frequente ouvir que somos uma nação pequenina e de poucos recursos. Todavia há países menores e mais pobres, e o nível de vida é bem mais elevado.
Portanto: não é essa a razão por que vivemos sempre de crise em crise.
Poderia, e seria mais fácil, responsabilizar a classe política, mas parece-me que a culpa das nossas eternas dificuldades, não reside nos governantes que temos, mas no povo que somos.
Ouço, a cada passo, criticar o deficiente ensino, a falta de hospitais bem apetrechados e a ausência de serviço de saúde capaz.
Mas muitos, que descem a terreiro para lamentar, que não temos escolas, nem professores bem remunerados, muitas vezes são os mesmos que se vangloriam por conseguirem sonegar os impostos, que lhes são devidos.
Será que não temos o nível de vida do primeiro mundo, por causa dos governantes ou por que somos desonestos ao sonegar os impostos?
Quanta vez, ao pagar o cafezinho da tarde, verifico que as moedas entram directamente na caixa, sem registo, e o mesmo acontece, infelizmente, em muitos estabelecimentos dos mais diversos ramos.
Por vezes ao solicitar orçamento, para reparar objecto ou fazer obras de restauro, em casa, ouço perguntar, se quero factura. E logo acrescentam: - “ O conserto vai ficar mais caro, se quiser! …”
Se todos “roubam” o Estado, este não tem outro remédio senão aumentar impostos. E quem não sonega ou não pode sonegar, é que sempre tem de abrir a bolsa.
Vem todo este introito, para declarar que estou plenamente de acordo com a obrigatoriedade de passar factura, com o número do contribuinte.
Estava a louvar a medida, em local público, quando alguém, que escutava, discordou. E logo esclareceu:
- “Isso é uma forma de se saber quanto dinheiro gastamos… e ganhamos.”
- E que interesse há nisso! - Respondi, não entendendo o receio.
Mas logo esclareceram-me:
- “ Para você, que certamente vive de pensão, tanto dá, mas para quem ganha por fora, isso pode ser a ruína…se há descuido…”
Percebi, então, porque não se pede factura. É que muitos que recebem o salário mínimo ou muito mais, tiram, por fora, outro tanto, limpos de impostos, e ainda têm direito a receber: subsídios, auxílios e bolsas… por serem pobrezinhos…
Por isso, é que vejo muitos indignados, pela medida acertada.
Por isso é que continuamos a ser pais pequenino, em tudo: em tamanho e mentalidade.
É que uns andam, injustamente, sobrecarregados de impostos; e outros, fazendo vida de cigarra, rindo-se dos honestos e patriotas.
Com tantos a sonegar, o que é devido, como podemos ter educação, saúde de boa qualidade, e ainda pensões dignas.?!
HUMBERTO PINHO DA SILVA - Porto, Portugal
EUCLIDES CAVACO - PALAVRAS AO VENTO

Um poema declamado , feito clamor poético , evocando alguns dos males que ainda atormentam a humanidade em pleno século XXI.
Veja e ouça este meu apelo aos 4 ventos, aqui neste link:
http://www.euclidescavaco.com/Poemas_Ilustrados/Palavras_ao_Vento/index.htm
EUCLIDES CAVACO - Director da Rádio Voz da Amizade , Canadá.
Quarta-feira, 7 de Janeiro de 2015
JOÃO CARLOS MARTINELLI - LUTHER KING, MÁRTIR DA NÃO VIOLÊNCIA.

O dia 15 de janeiro de 1929 marcou o nascimento de um dos maiores ativistas políticos da História, Martin Luther King, defensor dos anseios fundamentais dos cidadãos e pregador da união entre negros e brancos. Em homenagem à data, desde 1986 foi estabelecido um feriado nacional nos Estados Unidos, o chamado Dia de Martin Luther King - sempre na terceira segunda-feira do mês de janeiro, data próxima ao seu aniversário.
Incansável ativista político, ele se tornou um dos mais importantes líderes pelos direitos civis norte-americanos e no mundo, através de uma campanha de não-violência e de amor ao próximo. Por isso, foi-lhe outorgado o Prêmio Nobel da Paz em 1964, tendo sido a pessoa mais jovem a receber tal honraria. A sua morte, em 1968, vítima de assassinato, chocou a humanidade, que à época tinha em suas pregações, as esperanças de uma vida melhor para todos, sem discriminações e respeito recíproco entre os indivíduos.
Na realidade, Luther King foi um mártir da não violência. Nessa trilha, invoquemos o jurista Gilberto M.A. Rodrigues: “Enganam-se os que pensam ter sido King apenas um defensor das minorias negras. Ele o foi, sim, mas foi além: foi um defensor das mulheres, dos oprimidos, dos sem-direitos. E sua defesa dos marginalizados o fez um advogado dos direitos sociais e econômicos, um promotor da igualdade social, numa era em que os EUA se opunham ferozmente ao comunismo” (A Tribuna de Santos- 27/01/2010- C-6).
A síntese de sua ideologia recaiu na propagação da Declaração dos Direitos Humanos em sua concepção contemporânea, caracterizada pela universaliidade e indivisibilidade. O primeiro aspecto coloca a condição da pessoa como pressuposto único a uma vida digna, onde exercite, com capacidade ampla, suas prerrogativas e suas obrigações. A segunda circunstância aponta a equidade como um dos elementos intrínsecos da Justiça. Com efeito, ela determina que não se venham a tratar desigualmente pessoas ou situações iguais entre si. Como exprime Schimitt; “A lei no sentido do Estado de Direito significa uma regulação normativa, dominada pela idéia de Justiçam, e cuja igualdade significa Justiça” (Teoria da Constituição, Ed. Nacional-México, pág. 179).
Ainda hoje, não conseguimos consolidar o ideal de Luther King, porém a sua vida e o seu trabalho são sinônimos de coragem, enfrentamento, dedicação, altruísmo e desprendimento na busca de um mundo onde os seres se compreendam, se respeitem e procurem viver dentro dos parâmetros eminentemente traçados por uma legislação embasada na democracia e nos princípios basilares da Justiça. Que as suas aspirações se tornem cada vez mais reais e palpáveis, e que os homens, em todo mundo, nasçam e permaneçam livres e iguais em direitos.
Ao encerrarmos, trazemos à tela Boris Fausto, historiador e sociólogo:
“Seria ingenuidade acreditar em um mundo futuro de fraternidade, em que a violência simbólica ou material estivesse ausente das relações interpessoais. Mas podemos ter ao menos a esperança de que relações mais igualitárias sejam introduzidas. Essa verdadeira transformação tem, como um de seus importantes elementos, o fim do racismo, em suas várias dimensões.” (A Notícia, pág. A-3, 24/11/98 – Florianópolis-SC).
“Eu tenho um sonho”
O seu discurso mais famoso e lembrado é "Eu Tenho Um Sonho", em que falava da necessidade de união e coexistência harmoniosa entre negros e brancos: “Tenho um sonho: Um dia, os homens se levantam e dão conta que são feitos para viver uns com os outros, como irmãos Um dia, todos os homens serão julgados em base a seu caráter, e não pela cor de sua pele, e todos respeitarão a dignidade da pessoa humana; Um dia, as indústrias paradas serão revitalizadas e os estômagos vazios ficarão cheios; a fraternidade será mais que algumas palavras no final de uma oração, será o assunto número um em todas as agendas legislativas; Um dia a justiça jorrará como água, e o direito será um rio caudaloso; Um dia, em todos os nossos Estados e assembléias, serão eleitos homens que praticarão a justiça, terão piedade e serão humildes perante Deus; Um dia a guerra chegará ao fim, os homens transformarão as espadas em arados e as lanças em machados, e as nações não mãos se levantarão contra outras nações, nem se estudará maiôs a arte da guerra; Um dia, o cordeiro e o leão sentar-se-ão lado a lado, e os homens poderão sentar-se à mesma fogueira, e ninguém terá medo; Um dia, todos os vales serão exaltados e todas as montanhas serão aplainadas, e a glória do Senhor será revelada, e toda a humanidade mortal poderá contemplar; Espero também que, com essa fé, seremos capazes de derrotar o desespero e levar luz nova às câmaras escuras do pessimismo. Com essa fé, apressaremos a chegada do dia em que haverá paz na terra e boa vontade com todos os homens; Será um dia de glória: As estrelas da manhã cantarão em coro, e os filhos de Deus gritarão de alegria”.
JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI, é advogado, jornalista, escritor e professor universitário (martinelliadv@hotmail.com)
ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOS - NOS CAMINHOS DE SANTIAGO - 2

Comentei, no último artigo, o livro “A vida dos peregrinos nos caminhos de Santiago”, de Pierre Barret e Jean-Noëk Gurgand (Hachette, Paris, 1978, 348 pp.).
O sepulcro de Santiago, em Compostela, vem atraindo, há cerca de 1200 anos, intensa veneração, por parte dos fiéis, e ainda hoje o costume das peregrinações a Compostela permanece vivo. Acaba de retornar de lá, em excelente forma física, o celebrado poeta caipiracicabano Esio Pezzato.
Que garantias temos nós, que vivemos no século XXI, de que São Tiago tenha realmente estado na Península Ibérica, e que o corpo antiquíssimo lá venerado seja realmente o seu? Respondo que foram muito sérios e bem feitos os exames acerca da autenticidade das tradições locais e da autenticidade das relíquias.
Muita gente superficial, desde o século XVIII, quando os iluministas e racionalistas criaram a moda de contestar por sistema veneráveis tradições e relíquias da Igreja Católica, passando pela historiografia positivista do século XIX e pela marxista do século XX, questionou a autenticidade das tradições e das relíquias compostelanas.
A realidade, porém, é que Roma, de acordo com seus costumes, determinou rigorosas investigações arqueológicas e históricas, e pôde, assim, confirmar tudo aquilo que, desde uma época perdida na noite dos tempos, se afirmava por tradição, na Península Ibérica, sobre o fato de São Tiago ali ter estado, no século I de nossa Era, sobre seu martírio em Jerusalém, sobre a transferência de seu corpo para o Norte da Espanha ainda no mesmo século, bem como sobre o fato de seu corpo ter sido ocultado, quando da invasão maometana e ter sido, mais tarde, reencontrado.
Transcrevo a seguir, traduzindo da conceituada "Enciclopedia Universal Ilustrada Europeo-Americana", mais conhecida como "Enciclopedia Espasa-Calpe":
"Fez-se um rigoroso processo, coligindo-se provas e dados, intervieram historiadores e arqueólogos eminentes, foram questionados e discutidos documentos, datas e citações, fatos e conjecturas, com uma abundância de minúcias quase incrível. O processo foi enviado a Roma, que ordenou novas inquirições, novos testemunhos até que, por fim, o Papa Leão XIII, pela Encíclica Deus omnipotens, de 1° de novembro de 1884, ratificou e confirmou a sentença da Comissão especial da Sagrada Congregação de Ritos, na qual se declaravam autênticas as relíquias de Santiago e de seus discípulos Atanásio e Teodoro".
Nos primeiros séculos da Era Cristã, a Península Ibérica esteve sob o domínio do Império Romano, e o cristianismo era proibido e punido com pena de morte, o que fazia com que, obviamente, as práticas dessa Religião fossem discretas e quase secretas.
Mesmo mais tarde, quando o Cristianismo foi autorizado e até se tornou religião oficial do Império Romano, havia graves perturbações no local, inclusive por causa do arianismo, heresia condenada pela Igreja, mas muito disseminada entre Suevos e Visigodos, povos que então habitavam a região.
Quando, no início do século VIII (mais precisamente no ano de 711), os maometanos invadiram a Península Ibérica e destruíram o reino visigótico, em Covadonga, nas Astúrias, restaram uns poucos guerreiros cristãos, reunidos em torno de Pelayo, e de lá teve início a Reconquista ibérica, que haveria de durar quase oito séculos, até a final queda do reino mouro de Granada, em 1492, no mesmo ano da chegada de Colombo à América.
As relíquias de São Tiago foram ocultadas numa caverna, por ocasião da invasão maometana, e ali ficaram guardadas durante cerca de um século. Somente no início do século IX foram reencontradas, juntamente com documentos autênticos que certificavam realmente tratar-se dos despojos do grande Apóstolo. A essa altura, já se encontrava Compostela libertada dos invasores, e as relíquias do Apóstolo foram reconduzidas à sé catedral. Desde esse reaparecimento se intensificaram as peregrinações a Santiago de Compostela, num ritmo sempre crescente. Foi então que surgiu, em um novo ciclo histórico, dentro de um contexto completamente diferente, o costume das peregrinações compostelanas, com o famoso Caminho de Santiago.
ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOS é historiador e jornalista profissional, membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.
MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE - ESTAREI DE PARTIDA

Meu amigo Vail Secco, ferroviário aposentado e artista, nos deixou no dia 30 de dezembro. Doeu saber que não se encontrava mais entre nós.
Conheci-o em 1979, assim que assumi a direção do Posto Cultural do Mobral. Um grande desafio, pois até aquele período me envolvera, no que diz respeito à arte e à cultura, ao clássico. Propuseram-me a realização de shows sertanejos e festivais, que atraíssem os adultos às classes de alfabetização.
Saí à procura de espaços onde cantores dessa modalidade se reuniam e, de imediato, me deparei com: “Os Três Diamantes”, formado pelo Vail, José Floresta e Vanderlei no acordeão. Apresentavam, quando cheguei, “Saudade de Minha Terra”, de Goiá. Emocionei-me com a letra, a melodia e o sentimento forte, enquanto tocavam e cantavam: “De que me adianta viver na cidade/ Se a felicidade não me acompanhar. (...) Lá pro meu sertão eu quero voltar./ Ver a madrugada, quando a passarada/ Fazendo alvorada, começa a cantar. (...) Nesta madrugada estarei de partida/ Pra terra querida que me viu nascer...”
O meu percurso na música raiz se iniciou naquela etapa, passando de compromisso profissional ao coração, com diversos cantores e compositores locais e também com Belmonte e Amaraí, Pedro Bento e Zé da Estrada, que o Vail me trouxe. Fundador e o primeiro entusiasta da Associação Jundiaiense de Música Sertaneja - AJUMS, que nasceu do MOBRAL, e sobrevive graças ao esforço de Láercio Tetto, Anna Geromel, Arlindo Andermarch e demais mestres da sensibilidade campestre. Precursor do Coral da AJUMS, ao ser convidado por Dom Osvaldo Giuntini, bispo emérito de Marília, na época pároco na Catedral NSD, para tocar e cantar, com seu trio, em uma noite da Novena da Festa da Padroeira.
O Vail era compositor, poeta, repentista, de alma grande e muito amigo. Há anos retornou à sua cidade natal, Rio Claro, contudo jamais perdemos o contato. Conversávamos via telefone e enviava-me, por correio, CDs, dentre eles os do grupo “Catira Brasil”, do qual participava com Zé Matão. Orgulhava-se dos filhos: a musicista Nívea Maria Secco Cosmo e o jornalista Thiago Secco.
No início de dezembro me ligou. Não conseguimos conversar. Entendi em 30 de dezembro: avisava-me que estava de partida.
Que já tenha encontrado o seu lugar na comunhão das vozes azuis que chegam na brisa de cada novo amanhecer.
MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE - Professora e cronista. Coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher – Santa Maria Madalena/ Magdala. Jundiaí, Brasil.
CINTHYA NUNES VIEIRA DA SILVA - A PRESSA DO OUTRO

Vai chegando mais um final de ano e, como sempre, as pessoas querem resolver todos os seus problemas, ajustar tudo aquilo que deixaram parado por muito tempo e que já deveriam ter resolvido antes. Para quem lida com determinados setores, então, é muito mais complicado.
Os professores, por exemplo, sabem muito bem do que eu estou falando. Essa época de final de ano é especialmente conturbada. É todo um universo variado de pessoas, com interesses múltiplos, sendo que alguns deles são conflitantes. Há muito tempo desisti de me preocupar em agradar a todos. Aliás, quem sou eu para isso? Pensar que há quem nunca vai estar contente, não importe o que façamos, também ajuda a diminuir a cobrança sobre nós mesmos e sobre nossas fraquezas.
Assim, até lido bem com o aluno que vem pedir um arredondamento de nota, do tipo “se a nota 5 não pode virar nota 8” e assim por diante. Sei que há vários fatores que devem ser levados em consideração, tais como as cobranças que os próprios alunos sofrem dos pais, namorados, maridos, chefes e até mesmo dos professores, mas há limites que precisam ser respeitados, sob pena de que todo processo educacional perca a credibilidade.
Tenho sempre muito cuidado com minhas palavras, com a forma como falo com os meus alunos, até porque tenho pavor de gente mal educada, grosseira e um dos meus maiores medos é me tornar uma pessoa dessas. Do mesmo modo, não gosto de ser tratada dessa forma. Recebo eventualmente algumas abordagens tão inadequadas que preciso me lembrar de que estou tratando com estudantes...
Uma das coisas que me incomodam sobremaneira é a tal da “urgência”. Todos os assuntos, no final do ano, são taxados de urgentes e todos querem resolvê-los sem saber se é o momento oportuno ou se há algum atraso ou mora a ser reclamada. O mais curioso é que quase nada é urgência, exceto a pressa que a pessoa tem de resolver as suas próprias quizilas. Nessa linha, entram telefonemas feitos em horários impróprios, pedidos descabidos e cobranças de resposta por um mail que foi recebido há menos de dez minutos.
Penso que sofremos mais do que uma crise de boas maneiras, mas uma falta total de bom senso. Dessa forma, parece mais justo e correto que mesmo diante de uma nota ruim, o professor seja responsabilizado e que todos os demais envolvidos sejam igualmente culpados. Foi-se o tempo da palavra empenhada, do compromisso assumido e, em alguns casos, até mesmo da cordialidade.
Gosto muito de lecionar e, entre os melhores amigos que fiz na vida, encontram-se alunos e ex-alunos. Para mim, ensinar é uma dádiva, uma alegria que a vida me permitiu. Eu penso em mim como professora antes mesmo de pensar em mim como advogada, outra profissão que carrego com orgulho. Contudo, há alguns momentos nos quais sinto vontade de ignorar a pressa descabida do outro, aquela pressa que ignora que há limitações para todos, que resvala na pura falta de respeito.
Nesses momentos, tudo que espero, do fundo do coração, que essas pessoas aprendam com a vida e que, em seu momento devido, sejam tratadas da mesma forma. Todas as vezes, inclusive, nas quais isso me acontece, reflito se não estou recebendo o mesmo tratamento que dirigi a outrem, rogando à vida, ato contínuo, que eu seja capaz de me tornar uma pessoa melhor.
CINTHYA NUNES VIEIRA DA SILVA - Advogada, mestra em Direito, professora universitária e escritora - São Paulo.
RENATA IACOVINO - CEM ANOS COM LUPICINIO

Aos dez anos de idade, aproximadamente, comecei a fazer meus primeiros acordes no violão e Felicidade era uma das músicas que mais gostava de tocar.
Tempos depois vim a saber que a toada despretensiosa era de autoria de Lupicínio Rodrigues.
A canção fala em saudade, mas ela é de uma singeleza que dista de composições outras deste autor.
Como é possível alguém que escreve versos como "A minha casa/fica lá detrás do mundo/onde eu vou em um segundo/quando começo a cantar", criar outros assim: "Mas enquanto houver voz no meu peito/eu não quero mais nada/E pra todos os santos/vingança, vingança clamar"?
A arte tem dessas nuanças. E quando um compositor, do gabarito de Lupicínio, traz à luz histórias de seu cotidiano boêmio, tais enredos perpetuam-se em nossas memórias e se eternizam no rol da música de nosso país.
Este gaúcho não precisou sair de seu estado natal para fazer com que sua obra permanecesse por décadas a fio.
Autor das inesquecíveis Volta, Quem há de dizer e Ela disse-me assim, compôs, aos 14 anos, a marchinha Carnaval, e diante do tipo de vida que ali já se desenhava, seu pai obriga-o a alistar-se no Exército, até que, algum tempo depois, conheceu Inah, a mulher que deixaria cicatrizes inesquecíveis em seu coração e com quem permaneceu seis anos. Mas sua vida desregrada e a demora em casar-se fez com que a relação findasse. Para ela, inclusive, compôs Felicidade. E a também famosa Nervos de Aço: "Eu não sei se o que trago no peito/é ciúme, despeito, amizade ou horror". Desses sentimentos que Lupi se viu cercado quando soube do casamento de Inah com outro. A gravação de Francisco Alves foi a grande responsável pelo sucesso da canção.
Em Quem há de dizer, parceria com o pianista Alcides Gonçalves, há um fiel retrato daquelas vivências. Segundo narra Lupicínio, ambos queriam levar suas namoradas à boate Marabá, que frequentavam, porém, o dono só permitia isto se as garotas dançassem com os fregueses. Eles tinham de esperar a noite toda, sob o ciúme, o momento de ficar com as moças. Este trecho retrata bem o momento: "Todos lhe põem o olhar. E eu, o dono,/Aqui no meu abandono/Espero louco de sono/O cabaré terminar.".
Em 16 de setembro deste ano fez cem anos de seu nascimento e em 27 de agosto, quarenta anos de sua morte. Que sua música não deixe de soar!
RENATA IACOVINO, escritora, poetisa e cantora /reiacovino.blog.uol.com.br /reval.nafoto.net / reiacovino@uol.com.br
JOSÉ RENATO NALINI - QUADRO DE SEPTICEMIA
Não são apenas as pessoas que se infeccionam e, quando têm escassa imunidade, tendem a perecer. As economias também podem ser acometidas de graves crises e chegar a um quadro de septicemia. É o que alguns realistas falam do Brasil em 2015.
A crise de infraestrutura resulta de uma constatação singela: a taxa de investimento não atinge 16% do PIB, a mais baixa em décadas. O ambiente fiscal está deteriorado e opaco, a gerar incerteza e insegurança. Mais da metade dos créditos advém dos Bancos Públicos. O custo do crédito é muito alto. Uma enormidade que inibe empreendimentos privados. A inflação foi manipulada, o que logo se perceberá.
O cenário tem prognóstico de medidas paliativas e antipáticas, próprias de um governo hiperativo e sem rumo. É o sistema que está errado. Mas nada indica venha a ser alterado. A Reforma Política não se fará por aqueles que restarão prejudicados por ela. Pode funcionar uma República de quase 40 partidos? Os governos são reféns das coligações e loteiam Ministérios e Secretarias, sem o que não haveria governabilidade.
É claro que nem tudo é terror. Houve queda da pobreza, mas a população não está inteiramente feliz. O brasileiro ainda ostenta renda média correspondente a 20% daquela do cidadão ianque. Paga um tributo elevado e tem um serviço público de péssima qualidade. É alvo de populismo, um discurso pobre calcado em promessas e visão ufanista de uma realidade que as pessoas experimentam de forma diversa, muito diferente daquilo que se apregoa.
O que fazer? Preparar-se para dias tenebrosos. Não haverá milagres, mas se o rumo vier a ser alterado – e não há outra alternativa – o povo experimentará sangue, suor e lágrimas. Estagnação, recessão, realinhamento de preços. Sem os investimentos estrangeiros que se assustam com o “custo Brasil”. Quem vai trazer dinheiro para um Brasil em que o passivo trabalhista, o passivo tributário, o passivo ambiental são permanentes e imprevisíveis?
A profissão do brasileiro é a esperança. Sua companhia de caminhada: a coragem. Sua convicção: Deus é brasileiro e tudo dará certo. E assim ele torra o décimo terceiro comprando o que nem sempre estaria na primeira lista das necessidades. Tomara que a Providência venha a suprir o que falta em juízo para os responsáveis pelo descalabro.
JOSÉ RENATO NALINI é presidente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo para o biênio 2014/2015. E-mail: jrenatonalini@uol.com.br.
FELIPE AQUINO - ESTOU NAMORANDO. COMO SABER SE ESTÁ NA HORA DE ME CASAR ?

A Igreja no Brasil fixa as idades mínimas para alguém receber o Sacramento do matrimônio: 18 anos para o homem e 16 anos para a mulher. Antes disso, só com autorização expressa do Bispo diocesano. Se a Igreja fixa essa idade mínima, então, ela está dizendo que não se deve casar antes, falta maturidade. A Igreja também não fixa a idade máxima para se casar.
Mas, qual deve ser o tempo ideal do namoro?
Isso é muito relativo e depende de muitos fatores que se referem à vida dos namorados. Penso que um namoro normalmente deve durar cerca de três a quatro anos antes do casamento, mas isso não é algo rígido; depende da situação pessoal de cada um, dos estudos, da situação financeira, da maturidade do casal, do seu bom entendimento, das dúvidas que possam ter, etc. O casal deve se casar logo que chegar à conclusão que encontraram-se mutuamente como a “pessoa adequada” para cada um, além de já terem meios financeiros para construírem um novo lar.
O momento certo do noivado é aquele em que os dois estão maduros e prontos para assumir o matrimônio e uma nova família. Ao celebrar o noivado, os noivos já devem marcar a data do casamento; penso que sem isso o noivado não deve acontecer. Cada um tem um tempo mesmo, mas reflitam sobre as inconveniências de se adiar cada vez mais o casamento. A melhor época para se ter os filhos, por exemplo, é quando a mulher é jovem; e é muito mais fácil criar os filhos quando os pais ainda são jovens, saudáveis, etc.
Mas então, quando sabemos se estamos prontos para o casamento? Como superar o medo da convivência a dois?
Um casal está pronto para o casamento quando ambos desejam se casar, querem mesmo, não têm dúvidas sobre a pessoa do outro; cada um conhece bem o outro, suas qualidades, seus defeitos, seus anseios, sua história, seus problemas, etc., e cada um aceita o outro como ele é, com seus defeitos e qualidades; enfim, quando a vida de cada um é um livro aberto para o outro, sem segredos; e assim, se deseja viver com o outro e para o outro; quando sente-se alegria de estar com ele ou ela, e se deseja ter filhos.
Além disso, é preciso que haja o sustento material e financeiro garantido, sem depender dos outros, dos pais principalmente. O povo diz que “quem casa quer casa”. Esse grau de liberdade é importante para a vida do casal. Podem até morar um pouco de tempo com os pais, talvez até porque o pai ou a mãe são doentes e já não podem viver sozinhos. Mas a convivência com os pais ou outras pessoas não deve dificultar o relacionamento do novo casal.
Sempre haverá um pouco de receio do futuro, mas o amor do casal deve superar esse medo, com fé em Deus. O Sacramento do matrimônio é um suplemento de graça para o casal enfrentar com a força de Cristo todas as dificuldades do casamento (doenças, problemas de relacionamento, dinheiro, etc.). São Paulo diz que “O justo vive pela fé” (Rom 1, 17), e pergunta: “Se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Rom 8,31).
Quanto tempo é necessário para se conhecer uma pessoa, para casar?
Esse tempo vai depender do perfil de cada um. É preciso que cada um conheça o outro muito bem antes de se casar, sua família, suas qualidades, seus defeitos. O mistério que é cada um deve ser revelado; a história de cada um deve ser bem contada ao outro e bem entendida e aceita.
O que faz um casamento ser válido é o SIM que um diz ao outro no altar, isto é o consentimento pleno, o desejo real de se casar com o outro sem estar enganado, pressionado, chantageado ou ameaçado. Ao celebrar o matrimônio o sacerdote faz três perguntas chaves, exatamente para checar se os noivos estão preparados para o casamento. A primeira é esta: “Fulano e fulana, viestes aqui para unir-vos em matrimônio. Por isso, eu vos pergunto perante a Igreja: É de livre e espontânea vontade que o fazeis?” E os noivos devem responder convictamente: Sim!
Depois o padre pergunta: “Abraçando o matrimônio, ides prometer amor e fidelidade um ao outro. É por toda a vida que o prometeis?” Noivos: Sim!
E por fim o sacerdote pergunta: “Estais dispostos a receber com amor os filhos que Deus vos confiar, educando-os na lei de Cristo e da Igreja?” Noivos: Sim!
Então, o casal só deve se casar quando sente segurança em poder cumprir bem tudo o que vai prometer no altar a Deus, diante do seu ministro e do sue povo. A palavra chave é “maturidade”. Nós já temos maturidade para assumirmos um lar, sermos esposos, pai e mãe?
FELIPE AQUINO - Escritor católico. Prof. Doutor da Universidade de Lorena. Membro da Renovação Carismática Católica.
PAULO ROBERTO LABEGALINI - PONTES QUE NÃO CAEM

Num lugar distante, havia uma comunidade rural com dificuldades de alimentos porque a população crescia além das possibilidades de abastecimento. A cidade mais próxima ficava a 300 quilômetros e, sem transporte disponível, as pessoas sobreviviam praticamente daquilo que plantavam.
Porém, perto dali, existia um território fértil, com muitas frutas, hortaliças e sem habitação de humanos. O único problema àqueles que passavam fome era um profundo abismo entre os dois lugares. Por diversos anos tentaram algum caminho alternativo para chegar à terra fértil, mas o grande abismo geográfico os impedia de alcançar os alimentos. Então, após muita reflexão, resolveram construir uma ponte.
O desafio era grande e sabiam que precisariam se unir para atingir o objetivo, por isso, trabalharam dia e noite até concluírem a obra. Demoraram mais do que o previsto; foram anos e anos montando a estrutura super-reforçada – dimensionada para resistir qualquer tipo de carga. Construíram-na para toda a vida.
No dia da inauguração, a população que passava fome atravessou a ponte e foi para a colheita. Encheram centenas de sacos, cestos, e voltaram felizes para casa. Nas semanas seguintes, fizeram o mesmo até que, com o tempo, as plantações e os frutos acabaram.
Dias após, vários animais que viviam do outro lado do abismo começaram a atravessar a ponte, invadindo casas à procura de comida. Eram cobras, lagartos, macacos, sapos e muitos outros bichos que assustavam a população. A situação ficou tão fora de controle que, com dor no coração, resolveram derrubar a ponte. Mesmo sem querer, tornaram a respeitar o equilíbrio da fauna e da flora que haviam alterado; e voltaram a passar fome.
Bem, esta história tem alguns significados especiais em nossas vidas. Se refletirmos naquilo que fazemos a cada dia, concluiremos que construímos muitas ‘pontes’ e as derrubamos quando bem entendemos. Algumas pessoas entram em trabalhos pastorais, participam do planejamento dos agentes e, sem nenhum compromisso com o grupo, resolvem abandonar o barco. Deus merece essa falta de consideração? Será que, sozinhos, continuam edificando pontes que nunca caem?
Li na internet oito jeitos de melhorar o mundo neste milênio:
1. Acabar com a miséria e a fome.
2. Educação básica para todos.
3. Igualdade para a mulher.
4. Reduzir a mortalidade infantil.
5. Cuidar da saúde das gestantes.
6. Erradicar a malária, a AIDS e outras doenças contagiantes.
7. Aumentar a qualidade de vida e os cuidados com o meio ambiente.
8. Favorecer o desenvolvimento nos países subdesenvolvidos.
Na minha opinião, faltam dois itens na relação:
9. Confiar mais na oração.
10. Fazer tudo com amor.
Aliás, somente os dois primeiros e últimos da lista já seriam suficientes para transformar o mundo. Se assumíssemos esses compromissos, nada seria tão triste como antes e as pontes de amor durariam para sempre. A cada gesto de amor, mais uma pedrinha é colocada na ponte que nos levará ao Céu.
E veja que mensagem bonita foi transmitida numa sala de aula:
– Professora, o que é o amor?
A mestra, então, pediu que cada aluno saísse e trouxesse algo que expressasse o sentimento de amor. Ao voltarem, os meninos foram mostrando as ideias que tiveram:
– Eu trouxe esta flor, não é linda?
– Eu trouxe esta borboleta. Vou colocá-la em minha coleção.
– Eu trouxe este filhote de passarinho. Ele havia caído do ninho junto com outro irmão.
E assim, as crianças iam relatando o que tinham trazido. Aí, a professora notou uma menina que tinha ficado quieta o tempo todo, pois nada havia trazido.
– Meu bem, por que você não trouxe alguma coisa?
– Desculpe, professora. Vi a flor, mas fiquei com pena de arrancá-la. Depois, vi a borboleta, linda, colorida. Parecia tão feliz voando que não tive coragem de aprisioná-la. Vi também o passarinho caído, mas olhei para o ninho, vi sua mãe olhando tão triste que resolvi devolvê-lo. Portanto, trouxe o que não posso lhe dar: o perfume da flor, a liberdade da borboleta e a gratidão no olhar da mãe do passarinho. Foi por isso que não trouxe nada em minhas mãos.
A professora agradeceu e lhe deu a nota máxima. Fez, ainda, este comentário:
– O verdadeiro amor é aquele que trazemos no coração, e foi isso que você nos deu. Parabéns, minha querida, continue sempre assim.
PAULO ROBERTO LABEGALINI - Escritor católico, Professor Doutor da Universidade Federal de Itajubá-MG. Pró-reitor de Cultura e Extensão Universitária da UNIFEI.
HUMBERTO PINHO DA SILVA - A CRISE DE VALORES

Um dos erros da nossa sociedade é não conseguir transmitir valores.
É confrangedor contestar que filhos de famílias católicas, desconhecem o Evangelho, e até para que servem os sacramentos.
Assim acontece, porque os pais deixaram de cuidar da formação moral e espiritual das crianças.
Pensam que basta dar-lhes conforto, liberdade e punhado de euros, para gastarem em guloseimas, e convivência com colegas, para serem felizes… mas não há felicidade sem Deus.
Esquecem que a educação da alma, começa em verdes anos, no despertar da vida, plasmando o carácter, preparando os filhos para diferenciarem: o certo do errado, o bem do mal.
Assim se enraízam hábitos, condutas, que irão pautar a maneira de comportar-se na sociedade.
Julgam, outro, que matriculando-os na catequese é suficiente. Delegam a educação religiosa à paróquia, do mesmo modo que entregam, à escola, o ensino de regras de civilidade e conceitos morais.
Sem catequese familiar, ensino bíblico e leituras que edifiquem e narrem vidas exemplares, pouco vale entregarem os filhos a catequistas, por mais que estas se esforcem, porque lhes falta o exemplo dos pais.
Também há progenitores que, erradamente, declaram com ares catedráticos:
- “Por ora educo os meus filhos, sem incutir crença; quando crescerem escolherão.”
O resultado é as crianças crescerem despreparadas, com hábitos e atitudes que lhes dificulta raciocínios lúcidos, porque falta-lhes bitola, que permita enveredar pela retidão, no momento de decidirem.
Assim muitos jovens e adultos buscam a Verdade por atalhos, visto desconhecerem a existência do Caminho.
Ora o caminho é Cristo, e é na Bíblia, na leitura, mormente do Novo Testamento - manual de instrução do cristão, - que se encontram as respostas às dúvidas que a vida levanta.
Devido ao desleixo das famílias e à falta de bons exemplos, é que muitos adolescentes, escorregam, e perdem irreparavelmente a alma e o corpo.
HUMBERTO PINHO DA SILVA - Porto, Portugal