PAZ - Blogue luso-brasileiro
Segunda-feira, 8 de Junho de 2015
EUCLIDES CAVACO - ILHA DE SONHO
ILHA DE SONHO
Um poema feito canção dedicado à idílica ilha de São Miguel
berço de muitos amigos meus, para a qual partirei amanhã
para uns dias de visita aos seus maravilhosos recantos.
Ouça e veja este tema cantado por John Pimentel aqui neste link:
http://www.euclidescavaco.com/Poemas_Ilustrados/lha_de_Sonho/index.htm
EUCLIDES CAVACO - Director da Rádio Voz da Amizade , Canadá.
Segunda-feira, 1 de Junho de 2015
ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOS - A IMPERATRIZ DISCRETA E SILENCIOSA
A Imperatriz D. Teresa Cristina, esposa de D. Pedro II e mãe da Princesa Isabel, há muito tempo estava à espera de uma biografia cabal. Sei que minha amiga Profa. Lúcia Maria Paschoal Guimarães, diretora da prestigiosa “Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro”, está já há alguns anos estudando a vida de D. Teresa Cristina e pretende escrever sua biografia. Pela profundidade dos conhecimentos e pelo altíssimo gabarito dessa historiadora, sei que, quando der a lume seu trabalho, ele há de marcar época e se transformar em obra de referência na matéria.
Estava à espera da obra da Profa. Lúcia Maria, quando tive a grata surpresa de receber outra excelente biografia da mesma Imperatriz, escrita por um velho e querido amigo, a quem muito respeito e admiro: o Prof. Rogério da Silva Tjader, que leciona no ensino superior de Valença-RJ, e vem publicando sucessivos livros históricos, sempre bem escritos, com ótima documentação e rigor científico. No seu conjunto, as obras do Prof. Tjader constituem uma ampla “revisão histórica”, como atualmente se diz, do período imperial brasileiro.
O Prof. Tjader consegue escrever com metodologia impecável, mas numa linguagem que se lê agradavelmente, quase à maneira de um encantador romance. Seu texto é entremeado de pequenos episódios anedóticos, muito expressivos, de modo a permitir ao leitor ir constituindo, ao longo das suas 278 páginas, uma ampla visão de conjunto da Imperatriz e de sua atuação, discreta e silenciosa, mas sempre eficaz, ao longo de décadas. Seu profundo conhecimento de Arqueologia é destacado, assim como o acervo que trouxe para o Brasil, extraído das ruínas de Pompeia e Herculano, e que hoje estão em museus brasileiros. O papel eminente que teve para favorecer e incentivar a imigração italiana no Brasil é, também, devidamente focalizado. Essa imigração, que tanta importância econômica e cultural haveria de ter em nossa História, teve na Imperatriz, como expõe o Prof. Tjader, não apenas uma precursora, mas uma sistemática promotora. O papel que exerceu como Primeira Dama, ao lado de seu marido, foi notável; nunca se imiscuiu em assuntos políticos, mas sempre sustentou o marido e assegurou, a seu modo, a longa estabilidade do segundo reinado.
O autor consegue evitar os dois extremos em que quase sempre caem as obras de caráter histórico atualmente publicadas; nem utiliza a linguagem pedante e quase hermética do estilo chamado “acadêmico”, que só é deglutível pelo pequeno número de pessoas afeitas a esse estilo; nem cai na linguagem sensacionalista e irreverente de quem quer, a todo custo, atrair os holofotes da mídia e assegurar uma grande venda para suas medíocres produções.
O Prof. Rogério investigou com todo o cuidado a documentação sobre a Imperatriz, existente não só em arquivos brasileiros, mas também na Europa, especialmente em Nápoles, de onde era natural a biografada. A investigação acurada lhe permitiu escrever com liberdade, enfrentando sem temor os assuntos mais espinhosos e esclarecendo-os, como por exemplo, o do propalado romance do Imperador com a Condessa de Barral.
Um pequeno episódio, narrado no livro, merece ser aqui ser lembrado. Certo dia, numa refeição em que participava toda a Família Imperial, aconteceu que não sobrou nenhuma coxa de frango para um dos netos, que apreciava muito esse petisco. Com pena do menino, a boa avó prometeu que, para ele, providenciaria uma coxa de frango especial, muito melhor do que as outras. Levantou-se da mesa, foi até à cozinha e, às pressas, improvisou um bolinho de massa, com um recheio de carne de frango desfiado. Deu ao bolinho o formato de uma coxa, colocou um pedaço de osso para acentuar a semelhança com o membro do galináceo e mandou fritar. O menino comeu encantado e, a partir daí, todos os netos passaram a preferir essa coxinha especial, feita pelo carinho e pela inventividade da avó, às vulgares e normais coxas de frango... Muitas famílias da nobreza imitaram a receita, dali ela passou para o povo em geral e se espalhou. Essa teria sido a origem das “coxinhas”, tão comuns nos bares e nas festas do Brasil inteiro.
Eu poderia contar inúmeros outros episódios desses, que li no livro do Prof. Tjader. Mas é melhor que o leitor vá à fonte e, ele mesmo, leia e saboreie.
O título do livro é longo: “Sua Majestade Imperial D. Thereza Christina Maria de Bourbon e Bragança, a Mãe dos Brasileiros”. Ele pode ser adquirido diretamente na editora PC Duboc, em Valença. Telefone 24-2453-1222. E-mail: graficaduboc@gmail.com.
Vale a pena.
ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOS é historiador e jornalista profissional, membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.
JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI - A PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE DEVE SER PREOCUPAÇÃO DE TODA A HUMANIDADE
Comemora-se A 05 de junho o DIA MUNDIAL DE PROTEÇÃO AO MEIO-AMBIENTE, instituído com a intenção de despertar e aprimorar nas pessoas a consciência ecológica e a necessidade da integração entre o desenvolvimento e o progresso, com o meio-ambiente, buscando-se melhorias na qualidade de vida do ser humano, sem desrespeitar todas as manifestações em geral da natureza.
No Brasil, apesar da Constituição Federal determinar em seu art. 225 que o Poder Público e a coletividade têm o dever de defender e proteger os bens de uso comum e de dispormos de uma moderna legislação que regulamenta a matéria (Lei de Crimes Ambientais - Lei 9.712/98), ainda prevalece em quase todos os segmentos, um manifesto descaso com os problemas de ordem ambiental, fomentado inclusive, pela morosidade da Justiça e de sua conseqüente impunidade - característica de alguns equivocados instrumentos jurídicos que costumeiramente procrastinam ou tumultuam os feitos, beneficiando quase que exclusivamente os que transgridem as regras sociais.
Tal desleixo, também motivado pela displicência de nossos cidadãos, tem gerado sérios problemas que requerem não apenas um redirecionamento no eventual progresso tecnológico, mas uma mudança de postura em relação ao processo produtivo, comercial e de prestação de serviços, bem como do papel da Administração Pública como agente regulador, a fim de alcançarmos um urgente modelo de “desenvolvimento sustentável” - “aquele que satisfaz as necessidades presentes sem comprometer as necessidades das gerações futuras”, conforme conceito estabelecido pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento.
Reiteres-se que tal propósito suscita, entre outras medidas imediatas, a paralisação das agressões àquilo que cerca ou envolve os seres vivos e a todos os seus efeitos, como a escassez das riquezas da natureza não renováveis (minerais, madeiras de lei, etc), as emissões de gases e o efeito estufa, a redução da biodiversidade; a fome e a pobreza generalizadas e, principalmente, as relações manifestamente desiguais entre as nações desenvolvidas, as em desenvolvimento e as subdesenvolvidas.
Por outro lado, em todo o mundo se observa o uso indiscriminado de grande parte das riquezas por instrumentos que agridem frontalmente a natureza. A cada ano, sessenta milhões de terras férteis se tornam inúteis para a agricultura, onze milhões de hectares de floresta são destruídas; um milhão de toneladas de petróleo é jogada no oceano e toneladas de poeira e gases venenosos são lançados na atmosfera, o que gerou a palavra ECOCÍDIO para denominar o crime contra os recursos naturais.
Numa época marcada pelo individualismo, mas na qual a aspiração ecológica faz parte do exercício da cidadania, a proteção do meio ambiente não é uma tarefa exclusiva das autoridades, mas um compromisso de toda a sociedade. Por isso, mais do que nunca, devemos despertar e cultivar o ideal de conservação ambiental, propagando a consciência ecológica para que a natureza que ainda existe consiga se recompor com equilíbrio e em caráter permanente.
Mais do que nunca, independentemente de leis – inclusive se discute muito no momento o novo Código Florestal -, é preciso que as pessoas se conscientizem da importância da preservação da natureza e do ambiente como um todo, sob pena de se tornarem inviáveis, em pouco tempo, à própria sobrevivência humana. Necessitamos manter, ao máximo, aquilo que Deus nos outorgou e aquém dos diplomas legais existentes, cujo cumprimento não é adequadamente fiscalizado pelos órgãos competentes, que as atenções se voltem para nós mesmos, possíveis vítimas desse massacre incontrolável do Universo, sob o argumento injustificado de que é efetivado em nosso benefício por força de um eventual progresso tecnológico.
MATA ATLÂNTICA
Celebrou-se no último dia 27 de maio, o DIA DA MATA ATLÂNTICA, que a Constituição Federal do Brasil considerou “patrimônio nacional”, estabelecendo seu uso através de regras claras quanto a sua definição legal, bem como quanto a sua utilização, de modo a assegurar aos brasileiros de hoje e de amanhã a possibilidade de seu usufruto perene. Entretanto, muitos entraves têm prejudicado a vigência de leis atinentes e enquanto isso, a situação dessa floresta é cada vez mais delicada, com a preservação de apenas pouco mais de 7% (sete por cento) do que existia há quinhentos e oito anos. Na época do Descobrimento, a mata atlântica cobria mais de 1,3 milhão de quilômetros quadrados em 17 Estados, do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul.
Desta forma, como consolo, resta-nos a ONG “Fundação Mata Atlântica”que há mais de vinte e oito anos vem lutando e se preocupando com um dos biomas mais importantes do planeta do ponto de vista da sustentabilidade, quer pela importância de sua biodiversidade, quer pelos serviços ambientais por ela prestados ao povo brasileiro, obtendo muitos conquistas em sua constante luta, tornando a própria mata objeto de afeto dos brasileiros, revelado em manifestações gerais e constantes.
JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é advogado, jornalista, escritor e professor universitário (martinelliadv@hotmail.com).
MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE - OBSERVAR E OUVIR
A base do compromisso com o ser humano se solidifica no observar e ouvir.
No início de maio, celebramos os dez anos da Casa da Fonte, projeto socioeducacional da Companhia Saneamento de Jundiaí – CSJ –, empresa concessionária responsável pela construção e operação da Estação de Tratamento de Esgoto – ETEJ - localizada no Jardim Novo Horizonte.
O olhar sobre a comunidade nasceu antes da inauguração da ETEJ, em 1997, quando se iniciou o apoio às escolas e ao esporte. Em 2005, a empresa, para organizar o investimento, decidiu ampliar a escuta sobre os interesses maiores das crianças, adolescentes e seus pais. Foram três anos de atenção aos sonhos de nosso povo, em meio a lápis coloridos, jogos de mesa, faz-de-conta, passeios, números, letras... Formou-se a Casa da Fonte a partir do olhar e da escuta, com o propósito de favorecer o crescimento pessoal e profissional dos envolvidos, de acordo com os valores: integridade, cidadania, responsabilidade, iniciativa e dedicação. Somou-se o projeto ao patrocínio mensal da CSJ a propostas: pedagógicas em quatro escolas, esportivas no centro esportivo do bairro e de alguns cursos profissionalizantes da Cáritas.
Dentre os caminhos para crianças e adolescentes burilarem os olhos do coração, veio não apenas para a festa, mas para o nosso cotidiano, o artista internacional Inos Corradin, envolto em barquinhos de papel com tons de magia, daqueles que, em dias de chuva, seguiam com a enxurrada pelas sarjetas e anunciavam, a cada um que, no tempo certo, desembarcariam no porto de suas esperanças. Para apurar os sons da alma, compareceu a escritora Sônia Cintra, com seus cantares plenos da Serra do Japi e do moinho de sílabas, que “... vai transformando/farinha/em poesia”. E surgiu muita gente do bairro e de outros lugares, como as autoridades, com seus saberes e generosidade.
Na Casa da Fonte há profissionais distintos, bem como voluntários, parceiros e, na estrutura, integrantes da CSJ. Embora com atribuições próprias, o sentimento é o mesmo: crença no indivíduo e partilha.
A monja, Beata Isabel da Trindade (1880-1906), pedia a Deus que a tornasse uma humanidade de acréscimo. Penso que é esse o nosso mister: ser humanidade de acréscimo para os que seguem conosco e acrescentar, à nossa história, a sabedoria deles, com seus dons e memória.
MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE - Professora e cronista. Coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher – Santa Maria Madalena/ Magdala. Jundiaí, Brasil.
CINTHYA NUNES VIEIRA DA SILVA - O ÍNDICE DA MALDADE
Há um programa na televisão por assinatura no qual um estudioso, creio que comportamental, estabelece escalas para a maldade humana, criando gradações que vão desde os mais perversos até os nem tão maus assim.
Não gosto de pensar ou escrever sobre coisas ruins, até porque acredito que a palavra, dita ou escrita, tem mais poder do que usualmente supomos. Os momentos que reservo para escrever costumam ser meus pequenos oásis de isolamento, partes que reservo primeiro para mim, sabendo que vou direcioná-la, depois, para pessoas que lamento não conhecer. E exatamente por serem especiais ocasiões nos meus dias, é que prefiro que tratem da leveza que a vida pode ter.
Por outro lado, como já afirmei inúmeras outras vezes, caindo na repetição de quem vem escrevendo semanalmente há quase 15 anos, há momentos nos quais é impossível não sentir revolta diante de certos fatos. E nesses instantes eu me revolto e sinto que é preciso fazer algo, que é necessário agir de algum modo, transformando as palavras a primeira estratégia da qual lanço mão.
Acompanhando os noticiários, coisa que evito o mais que posso, mesmo que não devesse, vi a notícia de um adolescente que para roubar uma bicicleta, matou um médico, ainda que esse não tivesse reagido. Dias depois, li sobre uma moça que teve seu carro roubado e, sem esboçar qualquer reação, foi covarde e deliberadamente atropelada pelos ladrões, vindo a falecer.
Impossível não pensar no índice da maldade ao tomar conhecimento de fatos como esses. Pensei nas famílias para as quais fica apenas a dor e a eterna pergunta dos porquês, de uma explicação qualquer. Fico pensando também em quem comete esse tipo de crime e juro que não consigo entender como não atormentam para o resto da vida com isso. Posso até entender que alguém cobice o alheio, que possa se sentir vítima da falta de oportunidades, mas matar sem razão faz com que eu acredite que algumas pessoas são irremediavelmente más, frutos podres em meio a outros tantos tão imperfeitos.
Quando a maldade é contra crianças e animais então, é como se me ferissem a própria carne. Sinto uma tristeza tão profunda, uma vergonha que de alheia não tem nada, que chego a desanimar do mundo. Não concebo. Não concebo e não concebo. Ponto. Não reticências, mas ponto mesmo. Mães que matam seus abandonam, que matam seus filhos. O vídeo de uma moça, uma cretina, ateando fogo, com um maçarico, em um cãozinho amarrado e rindo diante da agonia do mesmo. Um boçal que recolhe lixo e joga um cachorro manso, que ele atropelou, ainda vivo dentro do triturador de lixo.
Gente dessa laia me faz crer que o índice da maldade da humanidade vem crescendo exponencialmente. Será que, como sociedade, estamos condenados a uma nova era de barbárie, de selvageria? Que criaturas somos nós? Nossos próprios algozes, nossas vítimas e carrascos de todo tipo de vida que idiotamente cremos existir para nos servir...
Ao refletir sobre o índice da maldade ao qual estamos expostos, o que mais me assusta é constatar que a escala não tem teto rígido, inflexível e que sempre é possível avançar-se mais um lamentável degrau.
Resta-nos a esperança única de que o Bem que ainda existe possa nos proteger, fazendo sucumbir o Mal. Pena que, antes disso, tanta dor, tantas lagrimas e tantos inocentes tenham que padecer...
CINTHYA NUNES VIEIRA DA SILVA - Advogada, mestra em Direito, professora universitária e escritora - São Paulo.
JOSÉ RENATO NALINI - O QUE FAZER NA CRISE
Não há como deixar de reconhecer a gravidade da multicrise enfrentada pelo Brasil em 2015. Crise econômica, financeira, política, hídrica, de saúde física e moral. Todas elas muito mais sérias do que se poderia imaginar. Não adianta dizer que sempre houve problemas e o País os superou e chegou incólume ao destino prefixado. Desta vez a coisa é mais séria. Quase 100 mil postos de trabalho extintos em abril. Corte de 70 bilhões no âmbito federal, considerado tímido pelo corajoso responsável pelo ajuste da economia. Queda superior a dez bilhões na arrecadação paulista, sem perspectiva de que isso reverta no segundo semestre.
A imagem que tenho ouvido de economistas nestas últimas semanas é a de que estávamos num trem de grande velocidade que, em lugar de ser freado suavemente, teve acionado os seus freios de forma abrupta. O resultado é arremessar os passageiros com toda a força em uma só direção, causando tumulto, ferimentos e até morte.
O que fazer num quadro destes, em que a impotência é a sensação menos trágica em que a única certeza é a incerteza? Não há milagres em economia. Quando alguém gasta mais do que ganha, o remédio amargo é reduzir despesas. Continuar a gastança é sinônimo de falência.
O momento reclama prudência. Muito juízo e muita sensatez. Repensar os projetos, adiando aqueles que podem esperar. Assumir parcela esquecida de responsabilidade. Não adianta encontrar culpados ou bodes expiatórios. Há um conjunto de circunstâncias a contribuir para o agravamento da situação. É hora de refletir se os antigos tinham ou não razão quando diziam: “vão-se os anéis, ficam os dedos“.
Exercer criatividade, estimular o empreendedorismo, procurar alternativas. Fazer mais com menos, ter paciência para aguardar dias melhores. Dar a sua cota de sacrifício, sem perda de esperança, mas também sem inibir a saudável capacidade de indignação.
“Indignai-vos!” foi um clamor que fez muitos Países reagirem a situações dramáticas, sem a superveniência do caos. Exigir compostura dos detentores de poder e autoridade. Mas convencer-se de que não haverá saída digna apenas para alguns. Estamos no mesmo barco. Façamos com que ele recobre o rumo! Ou naufraguemos juntos!
JOSÉ RENATO NALINI é presidente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo para o biênio 2014/2015. E-mail: jrenatonalini@uol.com.br.
FELIPE AQUINO - OS PAIS E OS FILHOS
O lar é o lugar adequado para a educação das virtudes dos filhos!
A família é a comunidade conjugal; e está fundada no matrimônio, no consentimento dos esposos. O casamento e a família são para o bem dos esposos, a procriação e a educação dos filhos. A família é uma comunidade de pessoas, “vestígio e imagem da comunhão do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Sua atividade procriadora e educadora é o reflexo da obra criadora do Pai. Ela é chamada a partilhar da oração e do sacrifício de Cristo”. (Cat. §2205)
A Igreja ensina que ela é a célula originária da vida social. É a sociedade natural da qual o homem e a mulher são chamados ao dom de si no amor e no dom da vida. “A autoridade, a estabilidade e a vida de relações dentro dela constituem os fundamentos da liberdade, da segurança e da fraternidade no conjunto social. A família é a comunidade na qual, desde a infância, se podem assimilar os valores morais, tais como honrar a Deus e usar corretamente a liberdade. A vida em família é iniciação para a vida em sociedade.” (Cat. §2207)
O quarto Mandamento visa defender a família; os filhos devem “honrar pai e mãe”. Enquanto o filho viver na casa dos seus pais, deve obedecer a toda solicitação dos pais que vise ao seu bem ou ao da família. “Filhos, obedecei em tudo a vossos pais, pois isto é agradável ao Senhor” (Cl 3,20; Ef 6,1).
“Quando crescerem, os filhos continuarão a respeitar seus pais. Antecipar-se-ão aos desejos deles, solicitarão de bom grado os seus conselhos e aceitarão as suas justas admoestações. A obediência aos pais cessa com a emancipação dos filhos, mas o respeito, que sempre lhes é devido, não cessará de modo algum, pois tal respeito tem sua raiz no temor de Deus, um dos dons do Espírito Santo”. (Cat. §2217)
A paternidade divina é a fonte da paternidade humana; é o fundamento da honra devida aos pais. “Honra teu pai de todo o coração e não esqueças a dores de tua mãe. Lembra-te que foste gerado por eles O que lhes darás pelo que te deram?” (Eclo 7,27-28).
A Igreja não tem dúvida em nos ensinar que “Deus quis que, depois dele, honrássemos nossos pais e os que Ele, para nosso bem, investiu de autoridade”. (Cat. §2248)
Por outro lado, “os pais são os primeiros responsáveis pela educação dos seus filhos na fé, na oração e em todas as virtudes. Tem o dever de prover, na medida do possível, às necessidades físicas e espirituais de seus filhos” (Cat. §2252). Eles devem respeitar e favorecer a vocação de seus filhos. “O papel dos pais na educação é tão importante que impossível substitui-la” (GE 3). O direito e o dever de educar são primordiais e inalienáveis para os pais (FC 36).
“Os pais devem considerar seus filhos como filhos de Deus e respeitá-los como pessoas humanas. Educar os filhos no cumprimento da Lei de Deus, mostrando-se eles mesmos obedientes à vontade do Pai dos Céus” (Cat. §2222).
Os pais são os primeiros responsáveis pela educação de seus filhos. Por isso devem criar um lar no qual a ternura, o perdão, o respeito, a fidelidade e o serviço desinteressado são regra. O lar é o lugar adequado para a educação das virtudes dos filhos.
Os pais ensinarão os filhos a subordinar “as dimensões físicas e instintivas às dimensões interiores e espirituais” (CA 36). Eles deve m dar bom exemplo aos filhos.
FELIPE AQUINO - Escritor católico. Prof. Doutor da Universidade de Lorena. Membro da Renovação Carismática Católica.
VALQUÍRIA GESQUI MALAGOLI - MEIOS PARA CHEGAR AO FIM
“Falaram-me os homens em humanidade,/ Mas eu nunca vi homens nem vi humanidade./ Vi vários homens assombrosamente diferentes entre si./ Cada um separado do outro por um espaço sem homens.” (Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa, em Fragmentos).
Não há escapatória.
Seja qual for o meio em que nos encontremos, invariavelmente haverá alguém a, em determinado momento, consternado, concluir: é sempre assim.
Uns silenciosos porque cansados, outros ruidosos por teimosa resistência, dir-se-ão e/ou aos demais ao observar esta criatura recém-saída do torpe estado de deslumbre: demorou!!!
É um tal de ouvir de cá: em política? ih... é isso mesmo, só tem falsidade, o povo é usado e abusado, somos apenas degraus para eles chegarem ao topo; de lá: no círculo artístico... credo, é cada um por si e um contra o outro.
Escuta-se aqui: desde que me entendo por gente é desse jeito, nesse mundo, ninguém é de ninguém; e acolá: salve-se quem puder; é um deus nos acuda...
Se considerarmos que existem ainda, dentro dessas esferas, seus respectivos segmentos, donde novas consternações advêm, garantidas estão, por sua vez, tais pesarosas conclusões – e por todo sempre.
A verdade é que cada um sabe onde lhe aperta o calo.
De cada território pode falar com propriedade aquele que o pisa.
O que se rasga aos olhos até de quem se nega a admiti-lo é isto: personagem comum em quaisquer desses ambientes, não nos é surpresa – o homem! A verdade, por este novo (e mais antigo do que andar pra frente) ângulo, é que a verdade dói. Tanto dói que se prefere evitar encará-la.
A sociedade capitalista é assaz competitiva. Diremos isto a nós mesmos, conformando-nos.
A gente não quer, acontece que é matar ou morrer. Diremos, outrossim, a nos justificarmos.
Eu não queria, só que quando vi já estava agindo como todo mundo...
Por mim, por mim somente eu não teria aquela atitude, mas estava defendendo os meus... e por aí afora.
Ou seja, essa morte dos princípios virou meio de vida. Tudo é meio pra se chegar ao fim.
Piadistas de plantão querem crer que “no fim, tudo dá certo. Se ainda não deu certo, é porque ainda não chegou ao fim”.
Valquíria Gesqui Malagoli, escritora e poetisa, vmalagoli@uol.com.br / www.valquiriamalagoli.com.br
PAULO R. LABEGALINI - FUI SALVO PARA SERVIR
Há alguns anos, eu estava de carona no banco de trás de um carro quando o motorista fez uma manobra arriscada – cruzando a frente de outro veículo. Ao ver a alta velocidade que o automóvel se aproximava, tive certeza que nos atingiria. Dei um grito e deitei no banco. Surpreendentemente nada aconteceu e só ficou a impressão que um veículo passou dentro do outro!
Se ao menos tivesse havido barulho de freada ou derrapagem, eu me convenceria que deu tempo de desviar, mas nem isso aconteceu. Depois, lembrei que, antes do grito, eu disse: ‘Meu Deus!’. Ah, e o mais importante: estávamos indo para a missa da Festa de Nossa Senhora do Sagrado Coração; então, ao contrário do que muita gente que acredita em destino prega, fomos salvos porque estávamos servindo a Mãe de Deus.
Em outra oportunidade, eu e o amigo Mauro voltávamos de Campinas quando nos deparamos com um carro vindo na contramão. Ao vê-lo no meio da curva, só deu tempo de dizer ‘Nossa Senhora!’, e não houve colisão. Eu estava no volante e, durante o susto, nem percebi o pedido de socorro que veio prontamente da minha boca, mas o Mauro confirmou as minhas palavras e, juntos, rezamos agradecendo à Mãezinha.
Pois é, a confiança que depositamos na Sagrada Família de Nazaré nos permite continuar caminhando com dignidade cristã. Jesus, Maria e José nos abençoam quando rezamos e até mesmo quando menos esperamos. É por isso que não deixo de agradecer as graças recebidas a cada dia e continuo pedindo principalmente às pessoas que mais precisam de cura e libertação. A fé que trago no peito permite ajudar muitos irmãos aflitos.
Também é pela fé que aceito os convites que recebo. Já cheguei a dizer que não me envolveria em nada além do que já faço na Igreja porque não tenho disponibilidade na agenda. Acontece que é difícil recusar algum chamado especial do Senhor. Ele me salvou e capacitou em tantas coisas que seria ingratidão dizer ‘não’ e ficar em casa assistindo futebol, por exemplo. Chego a perder alguns jogos do Palmeiras, mas meu fanático coração já entende isso e nem sofre tanto como antes.
No ano passado, um colega me enviou um e-mail sugerindo que eu não deixasse de citar os locais dos eventos que participo. Agradeci a ele pela leitura destes artigos e comentei que fico meio envergonhado de falar disso. Algumas pessoas poderiam pensar que uso este espaço para enaltecer a minha imagem de cristão comprometido quando existem dezenas de pessoas à minha volta com trabalhos maravilhosos ao próximo; mas concordo que bons exemplos acabam servindo para outras conversões.
Por isso, vou relatar que fui convidado para lançar o meu novo livro no Campus do Instituto Federal em Pouso Alegre. Mais uma vez, por iniciativa de um colega de trabalho, professor Willian Cruz, aceitei participar do evento na noite da próxima segunda-feira, 1º de junho. Nessa oportunidade, farei uma breve palestra, expondo as alegrias e as dificuldades de autor de livros cristãos ou de autoajuda. Falarei um pouco também de cada obra que publiquei, concluindo com uma história do livro em foco: Histórias Infantis Educativas – 15 lições para ajudar na orientação dos filhos.
Sentirei a ausência da pessoa que me inspirou nos contos para crianças: minha neta Luísa. Ela mora em Rio Negro, sul do Paraná, e só acompanhará o evento por fotos; mas uma historinha que escreveu será lida aos presentes. Ah, uma foto dela que está no livro aparecerá no telão. Sou apaixonado por essa menina!
Assim, eu que já fui muito bem educado pelos meus pais e já repassei o que aprendi aos meus filhos, sigo curtindo os netos. Virei vovô escritor!
Deus é realmente muito bom.
Dedicatória do livro: À minha querida mãe e à minha amada esposa, que educaram os filhos seguindo os maravilhosos princípios da fé católica.
Site para compra (R$ 18,00): http://loja.cleofas.com.br/historias-infantis-educativas.html
PAULO ROBERTO LABEGALINI - Escritor católico. Vicentino de Itajubá - Minas Gerais - Brasil. Professor doutor do Instituto Federal Sul de Minas - Pouso Alegre