(Continua para a próxima semana)
PINHO DA SILVA - (1915 – 1987). Nasceu a 12 de Janeiro, em Vila Nova de Gaia (Portugal).Frequentou a Escola de Belas Artes, do Porto. Discípulo de Acácio Lino, Joaquim Lopes e do Mestre Teixeira Lopes. Primo do escultor Francisco da Silva Gouveia (autor da celebre estatueta de Eça de Queiroz).Vila-florense adotivo, por deliberação da Câmara Municipal. Redator do “Jornal do Turismo”. Membro da Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto. Foi Secretário-geral da ACAP. Publicou " Minha Vida Com Teresinha", livro autobiográfico.
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Encontrava-me em frente ao estacionamento da Igreja do Rosário e São Benedito, quando um dos moradores de rua, jovem ainda, comentou sobre seus projetos para 2016. Em 2015, após ser atropelado e com dificuldade de recuperação, devido às sequelas do álcool e do crack, o médico foi objetivo: se continuasse no mesmo ritmo não sobreviveria. Tomou a firme resolução de se manter na sobriedade, o que vem acontecendo há meses. Possui uma companheira, usuária, que conheço faz anos. Ela, na aparência, oscila entre a tristeza profunda e a euforia. Ora taciturna, ora engraçada. Insiste para que eu perceba traços em comum entre ela e o cachorrinho que pegou para criar.
Uma vez, nos desatinos do álcool e da fumaça, se surraram. A jovem dirigiu-se à delegacia de polícia e o denunciou. Dias depois, assustada com os fantasmas próprios e distintos, que a rodeiam na lucidez, tirou a queixa. Sem ele, permaneciam somente ausências e os medos se tornavam mais doloridos que os hematomas.
O moço, com entusiasmo, relatou-me os documentos que já possui. Está à espera da Carteira Profissional e do resultado do exame de HIV. Em seguida, com a ajuda de Deus, procurará um “trampo”. A partir do emprego, o aluguel de uma casa, aparelho de TV e DVD e filmes de desenhos infantis para a companheira. Trancará a porta com cadeado. É o que ela precisa, na opinião dele, para largar as drogas e experimentar a felicidade.
Enquanto me dizia de seus anseios, a moça o observava com descrédito, creio que menos por ele e mais por ela, que se nutre/desnutre de desencontros. Mas é capaz de se deter na presença da Gata Borralheira com olhos tomados por encanto. Presenciei-a assim, adiante dos prejuízos de sua história.
Em 2015, quantas ruínas! As dos 600 habitantes que residiam na Vila de Bento Rodrigues em Mariana. As dos ataques terroristas. As da credibilidade, em meio a incontáveis denúncias de suborno pelo poder e riqueza, suborno que afeta o investimento no essencial como saúde, educação... E tantos outros escombros! São acontecimentos que pesam no coração de quem não perdeu a capacidade de se indignar.
Tenho esperança de que os destroços de 2015 despertem as pessoas, como aconteceu com o morador de rua, no perigo de perder a vida, e que se recupere a pureza das heroínas e dos heróis da infância.
Feliz Ano Novo, gente querida!
MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE - Professora e cronista. Coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher – Santa Maria Madalena/ Magdala. Jundiaí, Brasil.
O Brasil é um país que, por abrigar inúmeras etnias, acata e ampara diversas religiões. O respeito a todas se revela num instrumento de convivência social pacífica, que, ao mesmo tempo, enriquece nossas raízes culturais. Dessa forma, a independência religiosa deve ser concebida como prática universal que reverencia a individualidade e a possibilidade de escolha. Diante disso, afirma-se, por princípio, que todas as vertentes, entre as quais a Bíblia, o Alcorão, a Cabala, os fundamentos da Umbanda e a doutrina Espírita, são partes de um conhecimento Uno e que sustentam a mesma intenção: conectar o homem à energia criadora, com a finalidade de despertar sua consciência.
E não poderia ser o contrário, pois em sociedade a liberdade assume
fronteiras distintas, encampadas pelo direito ao próximo, cujo gozo também lhe é assegurado. Ressalte-se que essa aspiração embasa outras prerrogativas salientes à convivência civilizatória, como a livre convicção da fé. Mesmo assim, ainda há muitas ocorrências, até violentas, de intolerância em todo o mundo, inclusive em nossa nação, apesar da Constituição Federal brasileira amparar a adesão de quaisquer crenças religiosas, ou recusá-las.
Vale lembrar que um dos incisos do seu artigo 5º estabelece como “inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias”. E acrescenta: “Ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa, convicção filosófica ou política”. Além disso, gozam da proteção que lhes é atribuída pelo Código Penal no artigo 208, que condena “Escarnecer de alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa; impedir ou perturbar cerimônia ou pratica de culto religioso”.
Comemora-se a 07 de janeiro no Brasil, o Dia Nacional da Liberdade de Cultos, circunstância de suma importância às garantias individuais dos cidadãos em geral. Mais do que nunca, é preciso extinguir qualquer tipo de preconceito e aversão, notadamente em relação à opção religiosa das pessoas, já que a autonomia nessa área é um direito, cuja observância é preceito constitucional.
Por outro lado, devemos questionar com profundidade, sob pena de descaracterizá-la, se a religião que praticamos evidencia a necessidade de se questionar com a máxima urgência e clareza, os efeitos danosos de uma concepção estreita e distorcida de toda a amplitude da dignidade humana. Assim, aliados a nossa fé e à simpatia que temos por determinado credo precisamos alcançar uma convivência humana harmoniosa, na qual todos os seres humanos sejam respeitados, independentemente de sexo, raça, situação financeira e principalmente da religião que adotam.
Por outro lado, vale ressaltar aqui, que professar um credo, não é apenas ir ao templo e rezar. É amar todas as coisas vivas sobre a terra, ser solidário e generoso, perdoar e reverenciar os outros. Notadamente em nosso país, onde a materialização nas relações passou a ser aspecto fundamental, a hegemonia do ter e do parecer, prevalece sobre o ser; o estímulo à futilidade ganha cada vez maior espaço e o exclusivismo, gera um isolamento humano, onde a igualdade fundamental da pessoa é freqüentemente violada; mais do que nunca temos que nos conscientizar que o amor próximo e à natureza devem abalizar qualquer crença.
Festa dos Reis Magos
Seis de janeiro é DIA DE REIS. Durante muitos anos em Portugal e na Espanha (e aqui na América, no Brasil e nos países de idioma castelhano), era nessa data que se fazia a entrega dos presentes às crianças, lembrando as oferendas (ouro, incenso e mirra) que os Três Reis Magos levaram ao Menino Jesus. Melquior, Gaspar e Baltazar efetivaram ofertas que significavam divindade, transcendência e eternidade. Por isso, embora a Festa de Reis encerre o ciclo natalino, por esses atributos, pode-se afirmar que através deles, o espírito de paz e solidariedade que reina no mês de dezembro, inspira permanentemente nossos pensamentos e ilumina nossos corações.
Gratidão:vários sentimentos
Além da comemoração dos Reis Magos, festeja-se a 06 de janeiro o DIA DA GRATIDÃO, que se revela num momento especial para celebrarmos a nossa existência, as paixões, os parentes, os amigos e todas as coisas que trazem alegria à nossa vida. Gratidão é um conjunto de vários sentimentos: amor, ternura, amizade... Não se confunde com badalação ou bajulação. Ao contrário, é poder dedicar, compartilhar uma eventual graça recebida e o que é melhor, frutificá-la. Por isso, vamos sempre exaltá-la e não deixar para amanhã, a retribuição a alguém que pode ser manifestada hoje.
JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é advogado, jornalista, escritor e professor universitário. É presidente da Academia Jundiaiense de Letras. (martinelliadv@hotmail.com)
São João Bosco, cujo segundo centenário de nascimento se comemorou em setembro último, disse certa vez que sua vida era tão cheia de aventuras prodigiosas que se alguém, no futuro, a lesse, teria dificuldades para acreditar. Julgaria estar lendo um romance...
Possuía uma extraordinária memória, sendo capaz de decorar longos textos após uma simples leitura. Sua imaginação e criatividade eram espantosas. Sabia fazer mágicas, era malabarista e prestidigitador. Todos os seus talentos foram colocados a serviço da sua obra apostólica, de formação de meninos pobres.
Foi acusado de louco, de feiticeiro, de inimigo da ordem pública. Teve sua casa várias vezes invadida pela polícia, sofreu atentados violentos, viveu toda a vida sem dinheiro, mas, cheio de confiança em Deus, empreendia obras grandiosas que nunca deixaram de ser felizmente concluídas. Ao mesmo tempo, montou uma gigantesca editora de livros católicos, e ele próprio escreveu mais de 150 obras. Exerceu influência na política e na sociedade, fundou congregações religiosas, foi conselheiro de reis, de papas, de ministros de Estado.
No fim da vida, escreveu suas recordações, narrando as aventuras pelas quais passara. Não as escreveu por iniciativa própria; escreveu-as por obediência a uma ordem formal do Papa Beato Pio IX.
Foi em 1858 que pela primeira vez, o Pontífice recebeu em audiência o fundador do Oratório de São Francisco de Sales. Imediatamente os dois homens de Deus se entenderam perfeitamente. O Papa fez, ao humilde sacerdote turinense, uma série de perguntas sobre as origens de sua obra, sobre os motivos que a inspiraram, sobre as dificuldades ingentes pelas quais passara.
Encantado pelas respostas que recebeu, aconselhou Dom Bosco a escrever tudo aquilo, para estimular e orientar seus filhos espirituais. Mas o conselho do Papa não foi suficiente para fazer Dom Bosco vencer a profunda repugnância que sentia por falar de si próprio. A humildade do Santo somente foi vencida nove anos depois, quando, em novo encontro com Pio IX, este lhe perguntou se já havia escrito o que lhe recomendara. Dom Bosco respondeu que ainda não escrevera nada, desculpando-se com suas múltiplas ocupações.
Dessa vez o Papa foi muito mais incisivo: – Se é assim, deixe de lado alguma outra ocupação e escreva. Note que não lhe estou dando somente um conselho, mas uma ordem. O Sr. não pode calcular o bem que isso fará aos seus filhos.
Foi para obedecer à ordem papal que Dom Bosco escreveu as Memórias do Oratório de São Francisco de Sales, nas quais conta sua vida desde a infância até o ano de 1855. Essas memórias foram, mais tarde, naturalmente prosseguidas pelas crônicas da Congregação Salesiana.
As Memórias se destinavam exclusivamente à formação dos salesianos. Dom Bosco não desejava que elas tivessem qualquer forma de divulgação externa, e até proibiu formalmente que fossem publicadas, mesmo depois de sua morte.
Evidentemente, a partir do momento de sua canonização, o patrimônio espiritual de São João Bosco passou a ser universal, e ordens superiores às do próprio autor determinaram, para proveito de toda a Igreja, a publicação dessa maravilhosa série de recordações pessoais.
Anos atrás, traduzi alguns trechos selecionados dessas Memórias e as publiquei num volume, intitulado “Aventuras de São João Bosco (narradas por ele mesmo)”. A edição rapidamente se esgotou, e agora está sendo relançada pela Livraria Petrus Editora.
ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOS - é historiador e jornalista profissional, membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.
O Tribunal de Justiça de São Paulo celebrou há pouco os dez anos de funcionamento das Câmaras Reservadas ao Meio Ambiente. Experiência implementada em novembro de 2005, após longa luta de um grupo de magistrados liderados por Gilberto Passos de Freitas, foi a resposta paulista a uma tendência que o Brasil todo já adotara.
As questões ambientais são as mais sérias e urgentes de um mundo à deriva. Enquanto outros Tribunais preferiram criar Varas Ambientais, com juízes especializados no trato dos temas ecológicos, São Paulo optou por Câmaras Ambientais. Ou seja: desembargadores julgariam os feitos sentenciados no primeiro grau de jurisdição e procurariam imprimir uma diretriz, o quão possível homogênea, para orientar tanto os magistrados como os demais profissionais do direito, em relação ao assunto ambiente.
A experiência foi válida. Tanto assim, que foi criada uma segunda Câmara e o nome alterado para Câmara Reservada ao Meio Ambiente. Na primeira delas trabalhei desde a criação, até minha eleição ao cargo de Corregedor Geral da Justiça em 2011.
O que se pode dizer da experiência? Primeiro, constata-se a ainda insuficiente compreensão da relevância do bem da vida “ambiente saudável”, protegido pela Constituição Cidadã de 1988. Esse direito fundamental ao meio ambiente é transgeracional porque o constituinte teve coragem de titularizar o nascituro para a sua fruição. Ou seja: mesmo quem ainda não nasceu, tem esse direito ao ambiente assegurado na Constituição.
É de uma ousadia que reclamaria tratamento compatível por parte do Estado-juiz. Nem sempre isso ocorre. Prevalece a velha mentalidade processualista, procedimentalista e formalista, quanta vez! Segundo, a decepção de ver doutrinadores consagrados a defender os detratores da natureza. Como há muitos dendroclastas e infratores ambientais poderosos, o capital recruta as melhores inteligências para defendê-lo. E o ambiente leva a pior.
Mas seria ainda pior se não houvesse Câmara Ambiental. Uma terceira e última frustração: não consegui criar as Varas Ambientais, por resistência interna que é natural nos colegiados, mas atua contrariamente ao interesse da maioria. Um dia o ambiente ainda será tratado como merece nesta terra ameaçada e sofrida.
JOSÉ RENATO NALINI é presidente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo para o biênio 2014/2015. E-mail: jrenatonalini@uol.com.br.
É tempo de
luz e amor
é tempo de
paz e perdão
é tempo de
bendizer
é tempo de
consagrar
a vinda de
nosso irmão
venha de onde vier
viva na terra ou no céu
que seja acolhido
no afeto
debaixo de nosso teto
no canto do coração
Dezembro de 2015
SONIA CINTRA - ESCRITORA E PROFESSORA UNIVERSITÁRIA .
“Enquanto temos tempo …” (Gl 6,10)
O tempo é o dom básico que Deus nos dá, sem o qual não há outros dons. Sim, é no tempo que nos é dado praticar o bem, trabalhar, lutar, e ter méritos diante de Deus. O tempo pode parecer sem sabor e sem valor para quem o vive no dia-a-dia, há mesmo quem procure “matar” o tempo em vazios passatempos.
É muito rica é a conceituação de tempo que a Escritura Sagrada nos oferece. Ela o apresenta a nós como uma caminhada de peregrinos que “deixam o relativo em busca da pátria definitiva’ (1Pd 1,7; Hb 11,13-16; 1Cor 5,8s). É uma semeadura, cuja colheita ocorrerá no além, de modo que “quem semeia pouco, colherá pouco, e quem semeia muito, colherá muito” (Gl 6,7s; 2Cor 9,6). Cada segundo do nosso tempo tem seu eco na vida definitiva, é no tempo que construímos nossa eternidade.
O tempo é breve e fugidio (2Cor 7,1), passa e não volta, de modo que é preciso aproveitar o HOJE de Deus: “enquanto ainda se diz HOJE” (Hb 3,13). “HOJE” se ouvirdes a sua voz …” (Hb 3,7). O homem não sabe quantos HOJE ainda terá, pois o desfecho terrestre é de data incerta (1Ts5,1). O tempo quantitativo exige ser também tempo qualitativo, exige qualidades correspondentes; o cristão deve crescer não somente em número de anos passageiros, mas também em méritos e valores definitivos.
O passado não nos pertence mais, o futuro não está ao alcance de nossas mãos; apenas o Presente é nosso, está à nossa disposição.
O tempo é como uma antessala da vida plena, de tal modo que na terra aprontamos nossa veste nupcial para a ceia da vida eterna (cf. Ap 21,2). É um se preparar suado e trabalhoso, atribulado, pois nada de grande se faz sem fadiga. Mas, lembra-nos o Apóstolo: “as passageiras tribulações desta vida não têm proporção com o peso de glória que elas nos preparam para a pátria definitiva” (Ef. 5,16, Rm 8,11; 2Cor 4,17).
Leia também: Que tal fazer um balanço de sua própria vida?
O tempo lembra-nos que estamos no exílio, que deve despertar no cristão o anseio da mansão definitiva, pois vivemos da fé, e não da visão face-a-face da Beleza Infinita (2Cor 5,6s). A paciência de Deus nos concede tempo para uma conversão sempre mais perfeita (Rm 2,4; 2Pd 3,9). Deus conhece a nossa fragilidade humana e diariamente nos renova a sua graça e misericórdia, a fim de que hoje possamos viver melhor ainda do que ontem.
Estas ideias voltam à mente dos cristãos especialmente no início de um Ano Novo. É o Apóstolo quem escreve: “Exortamo-vos a que não recebais a graça de Deus em vão…” (2 Cor 6,1s). Um Ano novo é um tempo novo, na graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, como dizia-se antigamente. O cristão deve saber aproveitar, cada vez mais conscientemente, o chamado de Deus, lembrando-se de que o Senhor não quer corações tristes e constrangidos.
Fim e começo de Ano lembram sempre a passagem do tempo. “Como voa!”, costuma-se dizer. Segundo Ap 10, 6, um anjo proclamará certa vez: “Já não haverá mais tempo!” – Estes dizeres poderão trazer alegria a quem, lutando sem cessar, preencheu santamente os seus dias. Mas poderá despertar com susto e dissabor quem for colhido de surpresa e despreparado.
Muitas vezes só apreciamos os valores que temos, depois que desaparecem, e tomamos consciência de haver lidado com grandes bens sem se dar plena conta disto. Assim também é o tempo; pode parecer insignificante, mas, uma vez perdido, aparece com todo o seu valor.
O começo de novo Ano sugere uma reflexão sobre estes fatos, a fim de que não se repitam. O tempo vale no plano da fé; sim, é o tempo resgatado pelo sangue de Cristo, “o tempo oportuno, os dias da salvação” (2Cor 6, 2). E por que tão importante? Porque nas 24 horas de cada dia já se iniciou o Reino de Deus. Consciente disto, dizia São Paulo: “O tempo se fez breve” (1Cor 8, 29). O tempo do cristão é enriquecido pela presença do Eterno dentro da fragilidade do mundo. Aliás, “passa a figura deste mundo”
(1Cor 7,31).
Estas verdades se tornam ainda mais significativas no começo de novo Ano. Com efeito; ressoa então mais vivamente a advertência do Apóstolo: “A nossa salvação está agora mais próxima do que quando começamos a acreditar ou a viver a nossa fé” (Rm 13, 11). E continua o Apóstolo: “A noite vai adiantada, o dia se aproxima”; na verdade, para quem sofre de insônia, a noite é tanto mais penosa quanto mais adiantada: mas este sofrimento especial é garantia de término próximo.
Assim é a vida do cristão: passada na penumbra ou mesmo na noite da fé, quanto mais avançada em anos ela é, tanto mais penosa pode ser, mas também tanto mais penetrada pelos raios do dia que vai despontando e aos poucos dissipará as trevas.
Importa, pois, a todo discípulo de Cristo levar cada vez mais a sério a exortação do Senhor: “Vigiai, pois não sabeis nem o dia nem a hora” (Lc 12, 35-40). Qualquer momento pode ser o último e há de ser intensamente vivido na presença do Eterno.
Que o novo Ano signifique para todos os nossos leitores uma aproximação ainda mais consciente da luz do Dia sem ocaso!
FELIPE AQUINO - Escritor católico. Prof. Doutor da Universidade de Lorena. Membro da Renovação Carismática Católica.
Uma história comovente e de profundo amor da Mãe de Deus por seus filhos ocorreu no ano de 1917, em Portugal. Começa em 1916, quando o mundo passava pela I Guerra Mundial e por todas as desgraças que ela trazia às famílias – destruídas pela morte, pobreza e descrença. Naquela época, num vilarejo de Fátima, viviam três crianças: os irmãos Francisco e Jacinta – 9 e 7 anos – e a prima Lúcia de Jesus – 10 anos. Felizes, eles tomavam conta de ovelhas, brincavam e, principalmente, rezavam o Terço.
Um dia, tocando o rebanho, descobriram uma gruta. Entraram para descansar e, de repente, apareceu-lhes um anjo convidando-os para rezar a seguinte oração: “Meu Deus, eu creio, adoro, espero e amo-vos. Peço-vos perdão pelos que não creem, não adoram, não esperam e não vos amam. Amém”.
A partir daquele dia, os pastorzinhos passaram a rezar constantemente, preparando seus corações para as próximas visitas do anjo; e, na sua última visita, ele deu às crianças três Hóstias pingando o Preciosíssimo Sangue de Jesus – a Primeira Comunhão! Assim, os pequenos foram perfeitamente preparados para as revelações futuras em suas vidas.
Os videntes receberam a primeira aparição de Nossa Senhora de Fátima ao meio dia de 13 de maio de 1917. Ela apareceu sobre uma árvore pequena, com uma nuvem a seus pés, vestida de branco e segurando um lindo Rosário. Naquele momento tão abençoado, a Virgem Maria disse-lhes: “Não temam, não lhes farei nenhum mal. Vim do Céu para pedir que venham aqui seis meses seguidos, no dia 13, a esta mesma hora e, em outubro, direi quem sou e o que desejo de vocês para o futuro”.
Ela perguntou aos meninos: “Vocês se oferecem a Deus para suportar os sofrimentos que Ele enviar, em reparação pelos pecados com que é ofendido e pela conversão dos pecadores?”. Eles responderam “sim” e um pacto divino teve seu início. Os três compreenderam o que Maria pediu e nos pede até hoje: oração e conversão.
Durante os seis meses das aparições e mesmo depois que elas terminaram, os três foram interrogados e pressionados pelas autoridades. Chegaram a ser raptados, presos, ameaçados de morte, sofreram violências físicas e todos zombavam deles, mas, pela graça de Deus e intercessão de Nossa Senhora, superaram as dificuldades.
É importante sabermos que, na última das aparições, em 13 de outubro de 1917, Maria revelou em sua mensagem: “Eu sou a Senhora do Rosário. Vim para exortar os fiéis a reformarem o seu comportamento e pedirem perdão dos pecados que cometeram. É preciso que eles não ofendam mais a Jesus, já bastante ofendido e ultrajado pelos pecados e crimes da humanidade. Meu Coração Imaculado haverá de triunfar!”.
Em seguida, a chuva forte que caía parou e o sol girou no céu milagrosamente, fazendo mais de cinquenta mil pessoas acreditarem que Nossa Senhora estava aparecendo ali na Cova da Iria. Ela insistiu também em quatro pontos muito importantes para que o seu Imaculado Coração possa realmente triunfar e nos trazer muitas graças:
1. Que tenhamos uma grande devoção ao seu Imaculado Coração;
2. Que rezemos o Rosário diariamente, com muita fé e devoção;
3. Que façamos sacrifícios pelos pecadores, pelo Papa e em reparação aos pecados cometidos contra o seu Imaculado Coração; e
4. Que haja a nossa consagração sincera ao seu Imaculado Coração.
Santa Mãe de Deus, rogai por nós também em 2016. Amém!
PAULO ROBERTO LABEGALINI - Escritor católico. Vicentino de Itajubá - Minas Gerais - Brasil. Professor doutor do Instituto Federal Sul de Minas - Pouso Alegre.‘Autor do livro ‘Mensagens Infantis Educativas’ – Editora Cleofas.
Estava neste fim-de-semana a almoçar num restaurante bairradino, com familiares, quando toca o telemóvel.
Apressei-me a procurá-lo. Pedi licença para levantar-me e verifico que a chamada era realizada por número desconhecido.
Será algum cliente? - Pensei de mim para mim.
Não era.
Era empresa de comunicação a oferecer-me seus serviços:
- “ Fala da X. Boa tarde. Qual é a sua empresa fornecedora de Internet e TV?”
Respondi-lhe – estava aborrecido de me ter ausentado da mesa, interrompendo a conversa que mantinha, – que: “ Não interessa…”
- “ É que venho oferecer-lhe melhores vantagens.” - Insistia a menina.
- “Desculpe - respondi, - mas não estou interessado. Sinto-me satisfeito com a minha empresa, e não pretendo mudar.”
- “ Mas a nossa é melhor! … Quanto paga pelo serviço prestado?”
Cortei a conversa e vim para a mesa, comentando o atrevimento dessa empresa, que durante semanas não parava de incomodar-me, por vezes, com dois telefonemas diários.
Outrora era o telefone fixo que não parava de tocar: eles eram: pedidos de contributos para criancinhas abandonadas; prendes oferecidas em troca de respostas a inquérito; sondagens de empresas…
Agora é o telemóvel que não me deixa descansar.
Resolvi não atender números desconhecidos… mas os negócios? Alguém pode necessitar de comunicar comigo.
Mandei, há muito, cortar o nome da lista telefónica. Resultou. Mas agora é pior, porque apanha-nos: na rua, no carro, no transporte publico, em toda a parte….até no quarto de banho! …
É praga pior ou igual à do Egipto, que não nos deixa.
Como descobrem o número?
Sei que muitos compram endereços eletrónicos e números telefónicos; outros, utilizam o número que vamos dando, quando nos solicitam; e ainda outros, possuem listas “confidenciais”, como disse certa menina, quando lhe perguntei como descobrira o meu telemóvel.
Não haverá meio de nos livrarmos dessa praga arreliadora?
HUMBERTO PINHO DA SILVA - Porto, Portugal
AMOR E PAZ NO MUNDO
Com Amor se cria a Paz no coração
A Paz que cria Amor do nosso agrado,
Façamos dele vela em digressão
Pelo mundo a torná – lo mais amado.
O Amor, Deus quer que seja consagrado
Voando pela terra, mão em mão,
Como chama de luz, abençoado,
E a ele todos tenham adesão.
Se seguíssemos bem o Evangelho
E a lei de Deus reinasse por conselho,
O lar de cada qual era perfeito.
Logo o mundo se erguia em oração
Sem que faltasse ao pobre nenhum pão
E às crianças a Paz que têm direito.
Clarisse Barata Sanches - Góis - Portugal
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