FELIPE AQUINO - Escritor católico. Prof. Doutor da Universidade de Lorena. Membro da Renovação Carismática Católica.
Sem dúvida o contato com a natureza faz toda diferença.
Não vivi minha infância no meio do mato, ao contrário, morei até meus dezessete anos no centro de Jundiaí. Depois fui para São Paulo, onde tinha dificuldade de enxergar as estrelas e sentir o ar um pouco mais puro.
Mas nesses dezessete anos tive o privilégio, de formas variadas, de manter contato com a mata, as árvores, os frutos, a terra, os bichos, o céu, a lua, cachoeiras, plantas, lagos, mar... Tudo nos era oferecido de graça e só hoje percebo o imensurável valor daquela convivência, muito embora à época a sensação de prazer e felicidade acho que era sim um reconhecimento do quanto aquilo me faria bem para o resto da vida.
Não consigo deixar de imaginar o contraste de como aproveitávamos cada minuto do dia, em comparação ao cotidiano ofertado às crianças hoje. Mesmo sabendo que cada época tem suas especificidades, que as mudanças são inevitáveis, parece difícil acreditar crer que o estilo de vida que temos atualmente seja mais saudável do que aquele que tínhamos há trinta anos.
Com tantas ofertas, opções e excessos nos dias atuais, a impressão que dá, por vezes, é que em nossa infância fazíamos muito mais, aproveitávamos melhor o tempo, gastávamos nossas energias de maneira a nos sentir recompensados...
Talvez porque nos movimentávamos e fazíamos do nosso corpo o maior veículo para as brincadeiras. O contato com a rua, com o quintal, com o pé de fruta, com a casa do amigo, com os diversos amigos e uma gama de jogos e brincadeiras que nos auxiliaram na construção de nosso universo, tudo isto integra a construção da cultura de uma época. De uma cultura que é possível narrar, se quisermos. De uma história que não vai até a página um somente...
Muitos dos meus medos desbravei - imagino - adentrando bosques, subindo em árvores, nadando em lagos, levando boladas e indo de bicicleta a lugares desconhecidos.
Provavelmente nada disso tenha muito significado em tempos de extrema tecnologia.
Até porque bosques, lagos, árvores, bichos, estrelas... são elementos que estão cada vez mais distantes de nós, ou melhor, elementos dos quais cada vez mais nos afastamos.
Alguém poderá dizer que tais elucubrações são pura nostalgia. Eu direi que não. São apenas reflexões de uma geração que teve passado.
RENATA IACOVINO, escritora e cantora / reiacovino.blog.uol.com.br / reval.nafoto.net / reiacovino@uol.com.br
A homenagem ao Patrono Marcos Gasparian reuniu na Casa das Letras e Artes de Jundiaí pessoas sensíveis e interessadas em saber e contribuir para a Educação. Inaugurando o projeto Patronos das Escolas de Jundiaí, que se espelha naquele criado na gestão do ex-presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, José Renato Nalini, homenageando os Patronos dos Fóruns do Estado de São Paulo, a Academia Jundiaiense de Letras, presidida por João Carlos José Martinelli, abriu as portas para receber a comunidade escolar, acadêmicos, autoridades, familiares e convidados, em sessão especialmente dedicada à Educação, no último dia 13.
O Coral dos alunos acompanhado pela professora Gisele Nascimento interpretou o Hino do Grupo Escolar Marcos Gasparian, composto em 1955, com música de Luiz Biela de Souza e letra de Carmen Silvia, do qual transcrevo verso no título deste artigo. Lembrei-me do orgulho que sentíamos e do entusiasmo com que cantávamos o hino do Instituto de Educação, sob a batuta do querido Maestro. Senti saudades de Seu Nassib Cury, coordenadoras, professores, funcionários e colegas do curso ginasial e colegial.
Após a breve palestra acadêmica sobre o Patrono, a diretora Conceição Pontes apresentou slides com fotos e documentos do acervo da escola. Revi a foto de minha mãe, professora Maria Godoy de Araújo Cintra, quando era coordenadora pedagógica, na década de 1980. Marcos Gasparian Neto falou em nome dos familiares e lembrou fatos relacionados à Casa Armênia, no Brás, e ao estabelecimento da Fábrica de Tecidos São Jorge, da Creche e Grupo Escolar, em nossa cidade. O secretário Tércio Marinho representando o prefeito Pedro Bigardi comentou a importância cultural do evento.
Para encerrar a manhã, o recém-empossado Secretário da Educação do Estado de São Paulo, José Renato Nalini, conterrâneo de quem muito Jundiaí se orgulha, ex-presidente da Academia Paulista de Letras, resumiu a complexidade da pasta que assumiu, o desafio que a Educação é para todos os brasileiros, a significância da escola na acolhida e comunicação com os alunos e a necessidade de equilíbrio da economia para o país progredir. Em foto da inauguração do Grupo Escolar, reconheceu o Pe. Adalberto de Paula Nunes e a Sra. Vitória Furlan de Souza, ao lado de Dona Zília Gasparian. Concluiu seu discurso dizendo: “É preciso fazer com que a figura do patrono seja reverenciada. O aluno tem que ter orgulho de saber que aquele nome é inspirador”.
SONIA CINTRA - ESCRITORA E PROFESSORA UNIVERSITÁRIA .
Estamos passando por um momento de grande preocupação quanto ao Zika vírus e o estímulo ao aborto. Ainda não foi comprovado cientificamente a ligação entre esse vírus e os casos de microcefalia, mas os grandes defensores da liberação do aborto estão aproveitando-se deste momento.
Será que a Igreja admite alguma exceção nos casos de aborto
Confira neste vídeo uma conversa do Padre Paulo Ricardo e o Prof. Felipe Aquino sobre Zika vírus e eugenia:
FELIPE AQUINO - Escritor católico. Prof. Doutor da Universidade de Lorena. Membro da Renovação Carismática Católica.
Não sei se é bom ou ruim o fato de que tem gosto pra tudo na raça humana. Há um lado bom desta afirmação se pensarmos que todos se casam porque sempre há pretendentes de plantão. Seria terrível para os homens caso as mulheres só se apaixonassem pelos galãs das novelas, por exemplo; mas, quem sabe, seria pior para os artistas se precisassem demonstrar compromissos com as Leis de Deus para serem amados.
Pois é, infelizmente, também há adeptos para qualquer tipo de pecado: mata-se por dinheiro, as novelas têm melhor ibope do que as missas, a fama é mais valorizada do que praticar a caridade no anonimato, revistas pornográficas vendem em grandes quantidades enquanto a Bíblia fica jogada num canto da casa...
Quanta gente pode estar lendo isto e pensando: ‘Viver não é só rezar e nada mais’. Concordo, mas exagerar nas coisas erradas sem se arrepender, caminhando para o inferno, é demais para a minha compreensão. Tem gente que diz ser incapaz de perdoar e vive pedindo perdão a Deus. Reza o Pai-nosso somente da boca para fora!
Como o Criador é amor, precisamos nos abrir a esse amor para sermos salvos. Quem se volta para Deus, recebe o perdão dos pecados e caminha rumo ao Céu. Pena que, ao invés disso, muitos preferem ficar na escuridão e se afundar na incredulidade.
Eu continuo tentando me aproximar de Jesus a cada dia, principalmente quando lembro o quanto Ele me ama. Os ‘milagres’ que recebi foram em grande número e até escrevi um livro contando, porém, recordo algumas graças que nunca narrei. Podem parecer pequenas, mas, sem elas, talvez eu nem estivesse escrevendo este artigo.
Em novembro de 1973, fui a Campinas assistir algumas aulas de revisão no Curso Mac Poli Vestibulares. Fiquei hospedado numa república de amigos durante 40 dias. Certa manhã, ao perceber que um colega ainda não havia se levantado do beliche, comecei a fazer-lhe cócegas, pedindo que acordasse. De repente, ele desferiu um forte ‘coice’ e encaixou o calcanhar no meu olho direito. Fui jogado para trás e me desesperei por não estar enxergando quase nada.
Durante a aula, ao invés de prestar atenção no assunto, testava sucessivamente a visão, mas nada de enxergar. Como o jogador Tostão havia encerrado a carreira recentemente por um problema no olho, conclui que, como ele, a minha retina havia se descolado. Então, toda a esperança de cura recaiu na oração e comecei a rezar, rezar e rezar. No dia seguinte, tudo se normalizou. Hoje, meus olhos veem claramente os caminhos de Jesus Cristo à minha frente.
Também há mais de trinta anos em Monte Sião, eu voltava a pé da casa da Fátima, ainda minha namorada, numa noite muito fria. Não havia ninguém na rua e resolvi correr um pouco para me aquecer e terminar de assistir um jogo na televisão. Ao chegar na praça, tropecei e fui de cabeça na quina da calçada. Lembro que vi a um palmo de distância a quina de pedra à minha frente quando desviei o rosto. Levantei com a calça rasgada, mas dando graças a Deus por estar com a cabeça inteira. Foi um tremendo susto e uma grande bênção.
Um terceiro fato marcante ocorreu em 1994, quando eu e a Fátima íamos para Campinas aplicar o vestibular da UNIFEI. Perto de Itapira, devido à chuva pesada, parei o carro no acostamento e, em seguida, fomos atingidos por um veículo em alta velocidade. Resumindo a história, o meu Fiat Uno ficou completamente destruído na parte de trás e a seguradora deu perda total. Se tivesse alguém sentado no banco traseiro, provavelmente teria morrido.
Eis a providência Divina: todo ano meus filhos me acompanhavam nessa viagem; a única vez que isso não aconteceu foi naquele dia. Meio de última hora, eles ficaram e se salvaram. Além disso, se o violento impacto não tivesse sido exatamente no pneu traseiro esquerdo, a lataria do veículo não nos protegeria e teríamos nos machucado bastante, com certeza. Eu apenas cortei o supercílio.
Se estas graças foram as menores, imagine quanto Nossa Senhora e seu Filho já me ajudaram! Portanto, se alguém me considera muito ‘rezador’, já sabe os motivos que me levaram a isso, além da missão que tenho de evangelizar.
E concluindo, conta-se que havia um pastor que, independente do que lhe acontecesse, rendia graças a Deus, como orienta a Primeira Carta de São Paulo aos Tessalonicenses: “Em tudo dai graças; porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco”.
Certo dia, ele foi assaltado e o fato gerou tristeza, mas também muita curiosidade em saber, no culto seguinte, como ele iria relatar o caso e se conseguiria agradecer pelo assalto. Então, no domingo pela manhã, o pastor deu início à sua pregação, dizendo que lhe fora subtraída a carteira com algum dinheiro. Afirmou que gostaria de compartilhar com a comunidade quatro motivos de agradecimento a Deus pelo assalto:
1. Era grato, pois até então nunca havia sido roubado.
2. Agradecia também porque o assaltante levou apenas a carteira e poupou-lhe vida.
3. Rendeu graças pelo fato de que não carregava uma quantia expressiva de dinheiro.
4. E o principal motivo: ele era o assaltado e não o assaltante.
Antes de encerrar a reflexão, o pastor falou: ‘Tem gosto pra tudo, mas o gosto da gratidão tem um sabor especial’.
PAULO ROBERTO LABEGALINI - Escritor católico. Vicentino de Itajubá - Minas Gerais - Brasil. Professor doutor do Instituto Federal Sul de Minas - Pouso Alegre.‘Autor do livro ‘Mensagens Infantis Educativas’ – Editora Cleofas
Estamos no ano de 1858. João Nogueira Gandra, falecera a 5 de Dezembro, deixando o lugar vago, no Biblioteca da cidade do Porto.
Camilo Castelo Branco pensou que seria ocasião ideal para obter rendimento certo, e habilitou-se ao cargo, de bibliotecário. Para isso solicitou ao deputado José Barbosa da Silva, seu amigo, que o recomendasse junto do Governo.
O lugar era cobiçado por muitos, que tinham a seu favor, diploma, atestando o “saber”, passado por uma Universidade.
Camilo era autodidacta, de vasta cultura. Frequentara a Escola Médica e o Seminário, mas não concluirá nada. A sua credencial: era de escritor de indiscutível mérito, romancista de grande sucesso; de primeira plana, na literatura portuguesa.
Alexandre Herculano, ao saber da pretensão do escritor, escreve a 19 de Dezembro de 1858, na primeira página, do periódico lisboeta: “ Jornal do Comércio”: “ (…) Camilo Castelo Branco é um dos escritores mais fecundos do Pais, e, indiscutivelmente, o primeiro romancista portugueses.”
E asseverava, que a melhor escolha da Câmara portuense e do Governo, seria nomeá-lo para o cargo.
Mas Camilo tinha muitos inimigos. Não era bacharel, e havia ainda, o escândalo de se ter apaixonado por Ana Plácido – casada com o capitalista Manuel Pinheiro Alves, – cunhada do filho da celebre Ferreirinha, viúva de António Bernardo Ferreira.
Inimigos do escritor, quiçá familiares dos pretendentes ao cargo, escreveram cartas anónimas ao Presidente do Conselho, dizendo-lhe: que Camilo era mulherengo incorrigível, e detestado na cidade do Porto.
Concluindo: a 24 de Fevereiro de 1859, foi nomeado bibliotecário da Biblioteca do Porto, Eduardo Augusto Allen.
Em 1860, Camilo seria preso por adultério, visto viver na companhia de Ana Plácido (esposa de Manuel Pinheiro Alves,) com quem viria a casar, a 9 de Março de 1888, – depois da morte de Pinheiro Alves, – num prédio da rua de Santa Catarina, no Porto. Actualmente redacção do jornal: “A Ordem”.
HUMBERTO PINHO DA SILVA - Porto, Portugal.
Convido os meus amigos a uma visita a esta histórica cidade alentejana e ali se deixar conduzir ao passado no autocarro do tempo.
Para ver neste link:
http://www.euclidescavaco.com/Poemas_Ilustrados/Evora_Cidade_Museu/index.htm
(Continua para a próxima semana)
PINHO DA SILVA - (1915 – 1987). Nasceu a 12 de Janeiro, em Vila Nova de Gaia, (Portugal). Frequentou a Escola de Belas Artes, do Porto. Discípulo de Acácio Lino, Joaquim Lopes e do Mestre Teixeira Lopes. Primo do escultor Francisco da Silva Gouveia (autor da celebre estatueta de Eça de Queiroz). Vila-florense adotivo, por deliberação da Câmara Municipal. Redator do “Jornal do Turismo”. Membro da Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto. Foi Secretário-geral da ACAP. Publicou " Minha Vida Com Teresinha", livro autobiográfico.
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Congresso Internacional do Espírito Santo: génese, evolução e atualidade da utopia da fraternidade universal
http://www.
Coimbra | Lisboa | Alenquer
Junho e Setembro 2016
Prestigiados Centros de Investigação da Universidade Aberta (CIDH), da Universidade de Coimbra (CECH e CHSC), da Universidade de Lisboa (CLEPUL) e a Reitoria do ISCTE associaram-se à Câmara Municipal de Alenquer e à Confraria da Rainha Santa Isabel para a promoção do Congresso Internacional do Espírito Santo: génese, evolução e atualidade da utopia da fraternidade universal.
Este evento científico, sob o largo tema do Espírito Santo e a sua fecundação de utopias de concórdia, fraternidade, paz e justiça sobre a terra, propõe-se também assinalar a passagem de cinco importantes datas centenariais que se interligam na esperança ativa da construção de um mundo unido e melhor: 800 Anos da Fundação da Ordem Franciscana em Portugal; 500 Anos da Beatificação da Rainha Santa Isabel; 500 Anos do Primeiro Compromisso Impresso das Misericórdias; 500 Anos da publicação da Utopia de Tomás Moro e 300 Anos da criação do Patriarcado de Lisboa.
Encontra-se aberto o período de apresentação de propostas para participação nas sessões científicas do congresso com comunicação académica.
PAINÉIS TEMÁTICOS
Pneumatologia e Teologias da História
Joaquim de Flora, a Doutrina das Três Idades e Joaquimismo
Metamorfoses da utopia da Terceira Idade da História
Posteridade espiritual e filosófica de Joaquim de Flora
Teologia do Espírito na Reforma Protestante e na Contra-Reforma Católica
A Rainha Santa Isabel: Santos enquanto espelho do Amor de Deus
A Rainha Santa Isabel: Santidade e Cristianismo
As devoções da Rainha Santa Isabel: as tradições e instituições do Espírito Santo
As devoções da Rainha Santa Isabel: a devoção à Imaculada Conceição de Maria
A Rainha Santa enquanto agente cultural
A Rainha Santa na Arte
A Rainha Santa na Literatura
A Rainha Santa Isabel: Culto e memória dos santos
A Rainha Santa Isabel: Cristianismo e intervenção social
A Rainha Santa Isabel: Religião e política
A Rainha Santa Isabel e a tradição franciscana
Cultura e Humanismo no séc. XVI
Cristianismo e Culturas no séc. XVI
A proliferação das confrarias do Espírito Santo e seu significado
Génese medieval das confrarias e das Festas do Espírito Santo
Fundação e ação dos Franciscanos na promoção do Joaquimismo
Franciscanos na criação de tradições e instituições paracletianas
Evolução e expressões modernas das Festas Paracletianas
Diáspora Portuguesa e Festa do Espírito Santo
Filosofia Portuguesa, a tradição joaquimita e o Espírito Santo
O Espírito Santo e a utopia do Quinto Império
Expansão Portuguesa e globalização das tradições do Espírito Paráclito e da devoção à Rainha Santa
A criação das Misericórdias e as experiências confraternais dedicadas ao Espírito Santo
Misericórdias e a institucionalização da utopia da Fraternidade Universal
Consciência de crise e a afirmação moderna do pensamento utópico
A fortuna da ideia e do conceito de utopia na Época Moderna
A Utopia de São Tomás Moro e a sua recriação
O pensamento utópico em Portugal: influências e originalidades
A fundação do Patriarcado de Lisboa e o lugar da capital portuguesa no quadro do pensamento utópico
O Espírito Santo, a utopia da Fraternidade Universal e a História das Ideias de Portugal
Atualidade do pensamento utópico e traduções contemporâneas da utopia da Fraternidade Universal
Espírito Santo: Arte e Utopia
Valores das inscrições com comunicação:
Até 31 de dezembro de 2015: €190
Até 31 de março de 2016: €250
Até 31 de maio de 2016: €300
*** Apenas serão admitidas à avaliação as propostas de comunicações com as respetivas inscrições efetivamente pagas.
Nota: Serão selecionadas as 4 melhores propostas de comunicação de jovens investigadores (até 29 anos) para serem distinguidas com certificado de prémio. Os premiados serão reembolsados do pagamento da inscrição com comunicação e com a oferta de um livro especial.
Para formalizar a apresentação de proposta de comunicação enviar para o e-mail do Secretariado Executivo (congresso.espiritosanto.2016@
Mais informações e inscrições:
http://www.
congresso.espiritosanto.2016@
966 754 980
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Há coisas que não consigo compreender como a defesa ao aborto provocado, que para mim é uma violação do direito à vida.
Conheço pessoas que, em momento de desespero, buscaram o aborto como “solução” para manter as aparências na sociedade hipócrita ou por razões outras, contudo carregam uma dor de arrependimento que vai e vem. Uma delas, que acompanhei de perto um mês antes de morrer, entre a lucidez e o devaneio, repetia-me, com desespero, que salvasse o seu bebê. Soube, em seu velório, que, 51 anos antes, recorrera a um aborto. Embora discorde e lamente, compreendo os casos que citei acima. E não tenho dúvida alguma de que o pai da criança é, pelo menos, 50% responsável pela destruição do filho.
Machuca-me a argumentação de grupo ou individual a que se mate um ser humano em desenvolvimento, que é distinto da mãe, mas considerado sem valor para nascer. E sua condição de vulnerabilidade lhe impede a defesa.
A partir do aumento de grávidas com diagnóstico de infecção pelo vírus da zika, de imediato pensam em incluir o direito ao aborto de bebês diagnosticados com microcefalia. Segundo o jornal “Folha de São Paulo” em 31 de janeiro, existem mulheres se submetendo a abortos clandestinos em clínicas privadas, mesmo sem a confirmação do bebê se encontrar ou não com microcefalia.
O fundamento é o seguinte: se os exames comprovam que uma criança possui anomalias físicas ou psíquicas, se é filha de estupro, se atrapalha os projetos da mãe e/ou do pai, como lado mais fraco, destina-se, por métodos diferentes, como por uma injeção de cloreto e potássio no coraçãozinho, ao lixo hospitalar ou a terrenos clandestinos.
No ano passado, a revista Veja – São Paulo – Ano 48/ Nº 45, entrevistou um obstetra do Hospital Pérola Byington, referência no país na realização de abortos autorizados pela Justiça. Na matéria (pág. 46), ele conta ter demitido um ultrassonografista que insistia em mostrar os batimentos cardíacos fetais e as imagens para a paciente, como forma de convencê-la a desistir. Ou seja, o profissional testemunhava que no ventre materno havia uma criatura humana. Não serviu para o hospital.
Embora os defensores do aborto provocado proclamem com gritos as suas “razões”, não conseguirão calar os movimentos do indivíduo que habita as entranhas maternas à espera de sobreviver fora dela.
MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE - Professora e cronista. Coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher – Santa Maria Madalena/ Magdala. Jundiaí, Brasil.
Minha família nunca foi muito fã das festas de Carnaval, muito embora sempre que possível, usemos o feriado para nos reunirmos e para descansar. Quando eu era criança, tudo o que tínhamos de contato com a Folia de Momo era assistir a alguns desfiles pela televisão ou vermos um pouco dos blocos de rua.
Quando fiquei adolescente, entretanto, quis acompanhar meus amigos nos bailes dos Clubes e, como os pais de minha amiga marcavam presença com mesa comprada e tudo, eu acabei conseguindo uma espécie de “licença” para pular o Carnaval. Era um outro tempo e, talvez com certa nostalgia, as músicas que animavam as pessoas parecem-me bem melhores do que as atuais.
Seja como for, após ingressar na faculdade, em parte por ter perdido as companhias tradicionais e em parte por ter mudado o foco das minhas atenções e intenções, acabei deixando de participar das festas carnavalescas, mas, cada vez mais, por outro lado, espero ansiosamente por alguns dias de descanso, longe da correria do trabalho.
Tenho percebido, inclusive, que, ao contrário de cair na folia, atualmente, muitas pessoas se valem dessa trégua para visitar entes queridos, para colocar a leitura e os filmes em dia, para arrumar o que nunca dá tempo de fazer ou simplesmente para ficar sem fazer nada, vestindo a fantasia do ócio. O fato é que uma pausa é sempre algo a ser comemorado em tempos de estresse e de overdose de informações e de afazeres cotidianos.
Diga-se de passagem, que ficar em São Paulo em período de feriado é uma experiência muito boa, eis que a cidade fica vazia e faz a gente pensar como seria bom se todos os dias fossem parecidos com esses, sem trânsito, congestionamento e barulho em excesso. Como em uma cidade grande, mesmo sendo feriado, poucos lugares ficam fechados, é ainda uma ótima época para passear, sem preocupações e sem gastar muito dinheiro.
Nas cidades menores, a experiência é outra. Muita gente viaja para a casa de parentes e as cidades do interior, em geral, ficam cheias, alegres, com amigos queridos se reencontrando o tempo todo, mesmo que por acaso. Muitos pais e avós ficam esperando essas datas de feriado prolongado para receberem, como muita comida e carinho, aqueles que moram distantes.
Do meu modo, vou cair na folia também! Ao invés de Momo, procurarei Morfeu, entretanto. Meu bloco só vai desfilar na avenida perto de casa para boas caminhadas e os foliões já estão aqui na concentração, esparramados pelo sofá ou pelas caminhas. O samba enredo vai variar com as trilhas sonoras dos filmes, mas há grande expectativa de um som bacana.
Para todos aqueles que curtem um carnaval caseiro ou para o pessoal que tem samba no pé, desejo um excelente feriado, cada qual com a purpurina e serpentina que melhor lhe apetecer...
CINTHYA NUNES VIEIRA DA SILVA - Advogada, mestra em Direito, professora universitária e escritora - São Paulo. - cinthyanvs@gmail.com
Em novembro de 2007, a Assembléia Geral das Nações Unidas (ONU) proclamou o dia 20 de fevereiro como o Dia Mundial da Justiça Social. Uma data de extrema importância por objetivar a erradicação da pobreza, a promoção de empregos, a igualdade de gênero e o acesso ao bem-estar social e justiça para todos. Além disso, a comemoração evidencia a importância do atendimento, sem quaisquer distinções dos serviços essenciais e básicos (atenção médica, cultura e nutrição, etc.) e o desenvolvimento lastreado na isonomia de direitos, na solidariedade coletiva, na harmonia e no respeito ao ser humano dentro e entre os países.
A Justiça Social é concebida como o equilíbrio entre a base financeira e o pilar social de uma determinada comunidade, obtido por meio da criação de proteções a favor dos mais fracos e desfavorecidos, ilustrando-se tal conceito, pela figuração de que enquanto “a justiça comum e tradicional é cega, esta deve tirar a venda para ver a realidade e compensar as desigualdades que nela se produzem”. No mesmo sentido, diz-se que, enquanto a chamada “justiça comutativa é a que se aplica aos iguais, a justiça social corresponderia à justiça distributiva, aplicando-se aos desiguais”. O seu mais importante teórico contemporâneo é o filósofo liberal John Rawls que no livro “Uma Teoria da Justiça” de 1971 defende que uma sociedade será justa se respeitar três princípios: garantia das liberdades fundamentais para todos; correspondência equitativa de oportunidades e manutenção de diferenciações apenas para favorecer os diferentes.
Dessa forma, constatamos que o Brasil está longe de alcançar uma posição de destaque nesses propósitos. Na verdade, grande parte dos homens públicos está comprometida com interesses próprios e de grupos econômicos, deixando de lado o coletivo; muitas de nossas instituições estão sendo ocupadas por pessoas gananciosas e corruptas; as diferenças prevalecem e a indignação maior provém do desinteresse dos órgãos oficiais com as questões cruciais da população. Infelizmente, essas nuvens sombrias parecem pairar de modo permanente, afastando quaisquer sinais de mudança. Efetivamente não dá mais para suportar o drama de muitos, o desemprego, a desesperança dos jovens diante do descaso com a educação, saúde e a crescente violência, tentando-se maquiar a realidade com os mais variados subterfúgios.
Precisamos intensificar esforços para consolidar um mínimo da Justiça Social. Para tanto, é urgente deixarmos de lado o comodismo e o egoísmo e lutarmos decisivamente pela busca de caminhos que garantam uma vida digna à maioria dos brasileiros e não apenas a uma minoria privilegiada, propiciando- lhes terra, trabalho, moradia e condições para exercer a cidadania.
Ao pesarmos o triste cotidiano, verificamos a imediata necessidade da transmissão dos verdadeiros valores, para se situar os paramentos do certo e do errado. Tais princípios básicos, além dos pertinentes à ordem e ao Direito, devem servir como referências ao ser humano, tornando-o eticamente responsável e ao mesmo tempo solidário, fraternizando-se com aqueles com quem convive. Imprescindível que o povo se organize e procure soluções ao seu modo, reivindicando, fiscalizando e cobrando de nossas autoridades a satisfação de seus anseios constitucionalmente garantidos.
JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é adgovado, jornalista, escritor e professor universitário. É presidente da Academia Jundiaiense de Letras (martinelliadv@hotmail.com).
No artigo anterior falamos sobre a inveja, classificada pelos teólogos como um dos sete vícios ou pecados capitais, e sua importância na história da humanidade. Existem numerosas representações da inveja na arte da Idade Média e do Renascimento, todas elas exprimindo, de um modo ou de outro, a doutrina dos pecados ou vícios capitais.
Na Idade Média, muitas vezes, a inveja era representada como sendo um ramo da Árvore dos Vícios, à qual se opunha antiteticamente uma Árvore das Virtudes. A Árvore dos Vícios tinha como tronco o orgulho, enquanto a Árvore das Virtudes tinha como tronco o Amor, quer dizer, a Caridade. Já no Medievo começam a surgir representações antropomórficas personificando a Inveja, ou mostrando pessoas vitimadas por ela – pessoas vivas, ou pessoas no Inferno, padecendo os tormentos reservados especificamente aos invejosos. No Renascimento acentuaram-se bastante as representações antropomórficas, a ponto de se terem tornado quase exclusivas.
Exemplo impressionante de representação da inveja é o que Giotto di Bondone (+ 1337) pintou na Cappela Scrovegni, ou Cappela Arena, em Pádua.
Trata-se de um afresco de 120x55cm, datado de 1306. A inveja é nele representada antropomorficamente como uma velha, com o rosto tão enrugado e marcado por bexigas que, numa análise superficial, parece até coberto de barbas: tem chifres, como um diabo, e imensas orelhas – já que o invejoso está sempre atento e pronto a ouvir tudo quanto alimenta sua paixão; uma serpente lhe sai da boca, como se fosse uma grande língua, voltando-se contra ela própria e picando-o na testa, de modo que o invejoso é a principal vítima de si mesmo; tem os olhos vendados, para indicar a cegueira, que impede o invejoso de ver de modo objetivo a realidade das coisas e das pessoas entre as quais vive; tem a mão direita levantada, insinuando que o invejoso é ativo e cheio de iniciativas para prejudicar as pessoas a quem inveja e às quais deseja o mal; também parece estar, com a mão, em posição de quem arranha a honra e a boa reputação alheias; na mão esquerda, segura com sofreguidão uma bolsa, indicativa da profunda ligação que têm a inveja e a cobiça dos bens materiais e, ao mesmo tempo, mostra como a inveja é intimamente relacionada com a avareza, outro pecado capital; e, por fim, está sobre uma fogueira ardente, mostrando que a paixão o devora e abrasa, transformando sua vida num inferno, prenunciativo do castigo que lhe está reservado na Eternidade. Nesse afresco, Giotto soube retratar, com gênio, todo o horror da inveja, vício que avilta e atormenta quem se entrega a ele.
ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOS é historiador e jornalista profissional, membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.
Desde bem jovem tive uma quedinha pelo palco... "Queda" é gíria do meu tempo... E "meu tempo" já é uma expressão de quem começa a recordar o passado. E recordar o passado é um eufemismo de quem inicia uma fase mais madura, digamos assim.
Gostava (gosto?) dos palcos para ver meus ídolos. E vê-los bem de pertinho! Não bastava ir aos shows. A realização só acontecia, de fato, quando o olho no olho se dava. Um pouco de ilusão, ficção misturadas à realidade... um pouco dessa sensação fez parte de minha formação. E nesse embalo conheci muita gente, inúmeros universos e tantas músicas, dançarinos, atores e autores.
Subir ao palco, enquanto o show acontecia, ou ao final dele, era prática comum. Quantas vezes partilhei de tais momentos no palco da saudosa Esportiva, naqueles shows promovidos por Leopoldo Berger. Ou em palcos como do Anhembi, Palace e casas de espetáculo de São Paulo.
O que pra alguns pode significar um universo vazio, para mim resultou num amontoado de experiências boas.
Não imagino como isso se daria hoje, com ídolos tão mais fabricados, desprovidos de espontaneidade, com músicas transformadas em sabão em pó (embora saibamos que a arte mesmo continua a existir no lugar dela, que não é na grande mídia), com a velocidade com que tudo é descartado.
Imaginar, hoje, que aguardávamos ansiosos pelo lançamento de um disco (ainda falo "disco") durante um ano inteiro... parece um acontecimento de três séculos atrás e não de três décadas. Aliás, falar em três décadas, naquele tempo, era algo que nem parecia tanto tempo assim. Hoje, dizer para um jovem que alguma coisa aconteceu há trinta anos beira o surreal.
A memória está minguando e dando lugar à emergência dos acontecimentos nascidos para morrer minutos após...
Mas voltando à minha queda, paralelamente às subidas aos palcos para cantar e dançar com meus ídolos, eu me colocava atrás dos bastidores quando já me atrevia a querer fazer arte. Foi quando comecei a escrever textos para outros interpretarem. Vieram os festivais de monólogo da época e os grupos de teatro amador, aqui e acolá.
Mais tarde, conheci o palco de uma outra maneira. Cantando e tocando. Não esse palco com aura de glamour. Mas o que está presente nos cantos mais inusitados, sem holofotes e com pouco público. Foram os melhores palcos que conheci.
RENATA IACOVINO, escritora e cantora / reiacovino.blog.uol.com.br /http://reval.nafoto.net / reiacovino@uol.com.br
Para o filósofo David Livingstone Smith, diretor do Instituto de Ciência Cognitiva e Psicologia Evolutiva da Universidade de New England, nos Estados Unidos, o ser humano é naturalmente mentiroso. Quem disser que não mente é mentiroso.
Escreveu o livro “Por que Mentimos. Os Fundamentos Biológicos e Psicológicos da Mentira” (Editora Campus/Elsevier) e sustenta que somos programados para enganar desde os primórdios da humanidade. A franqueza só faz inimigos. Quando se anuncia que dentro em breve a telepatia estará ao alcance de todos, cada qual podendo ler o pensamento do próximo, está-se também dizendo que haverá muita encrenca.
Já pensou detectar aquilo que pensam de nós e não têm coragem de dizer na cara? É claro que o julgamento moral condena a mentira e ninguém quer se assumir mentiroso. Há quem justifique as “mentiras inocentes”, de alegar compromisso para deixar de aceitar um convite, as desculpas do trânsito, até as “mortes” fabricadas de parentes imaginários que servem de motivo de escusa para uma falha imperdoável.
Para Smith, a mentira traz vantagens indiscutíveis. Os bons mentirosos são populares e bem-sucedidos. A mentira é o pilar das relações sociais. Os pais ensinam os filhos a mentir. A não criticar as pessoas, a agradecer o presente, mesmo que não goste dele, a não dizer que alguém é feio. Pode-se chamar isso de “boas maneiras”, mas não deixa de ser mentira.
O mentiroso é também mais inteligente. Fala aquilo que as pessoas querem ouvir. A melhor mentira é aquela contada por quem acredita no que está dizendo. De tanto mentir, a mentira se converte numa versão de verdade. Não é novidade, como diz Smith, que “políticos são mentirosos profissionais. Eles mentem habilmente e, na maioria das vezes, têm consciência disso. O que eles fazem é captar com precisão os anseios do eleitorado. Eles não estão preocupados se vão conseguir fazer o que prometem ou não. O político mente para se dar bem. Quando ele acredita na própria mentira, seu poder de persuasão se torna infinitamente maior”. Por isso, não é de se estranhar que, mesmo diante de provas contundentes e eloquentes, o “malfeitor” sempre negue. Está sendo humano. Naturalmente humano.
Fonte: Jornal de Jundiaí | Data: 23/01/2016
JOSÉ RENATO NALINI - Secretário da Educação do Estado de São Paulo.
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