Uma equipe de psicólogos e especialistas americanos, que trabalhava em terapia conjugal, elaborou os Dez Mandamentos do Casal.
Gostaria de analisá-los aqui, já que trazem muita sabedoria para a vida e felicidade dos casais. É mais fácil aprender com o erro dos outros do que com os próprios.
A todo custo evitar a explosão. Quanto mais a situação é complicada, mais a calma é necessária. Então, será preciso que um dos dois acione o mecanismo que assegure a calma de ambos diante da situação conflitante. É preciso nos convencermos de que na explosão nada será feito de bom. Todos sabemos bem quais são os frutos de uma explosão: apenas destroços, morte e tristeza. Portanto, jamais permitir que a explosão chegue a acontecer. D. Helder Câmara tem um belo pensamento que diz: “Há criaturas que são como a cana, mesmo postas na moenda, esmagadas de todo, reduzidas a bagaço, só sabem dar doçura…”
A não ser que a casa esteja pegando fogo.
Quem tem bons argumentos não precisa gritar. Quanto mais alguém grita, menos é ouvido. Alguém me disse certa vez que se gritar resolvesse alguma coisa, porco nenhum morreria (…) Gritar é próprio daquele que é fraco moralmente, e precisa impor pelos gritos aquilo que não consegue pelos argumentos e pela razão.
Perder uma discussão pode ser um ato de inteligência e de amor. Dialogar jamais será discutir, pela simples razão de que a discussão pressupõe um vencedor e um derrotado, e no diálogo não. Portanto, se por descuido nosso, o diálogo se transformar em discussão, permita que o outro “vença”, para que mais rapidamente ela termine.
Discussão no casamento é sinônimo de “guerra” ; uma luta inglória. “A vitória na guerra deveria ser comemorada com um funeral”; dizia Lao Tsé. Que vantagem há em se ganhar uma disputa contra aquele que é a nossa própria carne? É preciso que o casal tenha a determinação de não provocar brigas; não podemos nos esquecer que basta uma pequena nuvem para esconder o sol. Às vezes uma pequena discussão esconde por muitos dias o sol da alegria no lar.
A outra parte tem que entender que a crítica tem o objetivo de somar e não de dividir. Só tem sentido a crítica que for construtiva; e essa é amorosa, sem acusações e condenações. Antes de apontarmos um defeito, é sempre aconselhável apresentar duas qualidades do outro. Isso funciona como um anestésico para que se possa fazer o curativo sem dor. E reze pelo outro antes de abordá-lo em um problema difícil. Peça ao Senhor e a Nossa Senhora que preparem o coração dele para receber bem o que você precisa dizer-lhe. Deus é o primeiro interessado na harmonia do casal.
A pessoa é sempre maior que seus erros, e ninguém gosta de ser caracterizado por seus defeitos.
Toda vez que acusamos a pessoa por seus erros passados, estamos trazendo-os de volta e dificultando que ela se livre deles. Certamente não é isto que queremos para a pessoa amada. É preciso todo o cuidado para que isto não ocorra nos momentos de discussão. Nestas horas o melhor é manter a boca fechada. Aquele que estiver mais calmo, que for mais controlado, deve ficar quieto e deixar o outro falar até que se acalme. Não revidar em palavras, senão a discussão aumenta, e tudo de mau pode acontecer, em termos de ressentimentos, mágoas e dolorosas feridas.
Nos tempos horríveis da “guerra fria”, quando pairava sobre o mundo todo o perigo de uma guerra nuclear, como uma espada de Dâmocles sobre as nossas cabeças, o Papa Paulo VI avisou o mundo: “a paz impõe-se somente com a paz, pela clemência, pela misericórdia, pela caridade”. Ora, se isto é válido para o mundo encontrar a paz, muito mais é válido para todos os casais viverem bem. Portanto, como ensina Thomás de Kemphis, na Imitação de Cristo, “primeiro conserva-te em paz, depois poderás pacificar os outros”. E Paulo VI, ardoroso defensor da paz, dizia: “se a guerra é o outro nome da morte, a vida é o outro nome da paz.” Portanto, para haver vida no casamento, é preciso haver a paz; e ela tem um preço: a nossa maturidade.
Na vida a dois tudo pode e deve ser importante, pois a felicidade nasce das pequenas coisas. A falta de atenção para com o cônjuge é triste na vida do casal e demonstra desprezo para com o outro. Seja atento ao que ele diz, aos seus problemas e aspirações.
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Se isso não acontecer, no dia seguinte o problema poderá ser bem maior. Não se pode deixar acumular problema sobre problema sem solução.
Já pensou se você usasse a mesma leiteira que já usou no dia anterior, para ferver o leite, sem antes lavá-la? O leite certamente azedaria. O mesmo acontece quando acordamos sem resolver os conflitos de ontem.
Os problemas da vida conjugal são normais e exigem de nós atenção e coragem para enfrentá-los, até que sejam solucionados, com o nosso trabalho e com a graça de Deus. A atitude da avestruz, da fuga, é a pior que existe. Com paz e perseverança busquemos a solução.
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Muitos têm reservas enormes de ternura, mas esquecem de expressá-las em voz alta. Não basta amar o outro, é preciso dizer isto também com palavras. Especialmente para as mulheres, isto tem um efeito quase mágico. É um tônico que muda completamente o seu estado de ânimo, humor e bem estar. Muitos homens têm dificuldade neste ponto; alguns por problemas de educação, mas a maioria porque ainda não se deu conta da sua importância.
Como são importantes essas expressões de carinho que fazem o outro crescer: “eu te amo”, “você é muito importante para mim”, “sem você eu não teria conseguido vencer este problema”, “a tua presença é importante para mim”; “tuas palavras me ajudam a viver”… Diga isto ao outro com toda sinceridade toda vez que experimentar o auxílio edificante dele.
Admitir um erro não é humilhação. A pessoa que admite o seu erro demonstra ser honesta, consigo mesma e com o outro. Quando erramos não temos duas alternativas honestas, apenas uma: reconhecer o erro, pedir perdão e procurar remediar o que fizemos de errado, com o propósito de não repeti-lo. Isto é ser humilde. Agindo assim, mesmo os nossos erros e quedas serão alavancas para o nosso amadurecimento e crescimento. Quando temos a coragem de pedir perdão, vencendo o nosso orgulho, eliminamos quase de vez o motivo do conflito no relacionamento, e a paz retorna aos corações. É nobre pedir perdão!
É a sabedoria popular que ensina isto. Será preciso então que alguém tome a iniciativa de quebrar o ciclo pernicioso que leva à briga. Tomar esta iniciativa será sempre um gesto de grandeza, maturidade e amor. E a melhor maneira será “não por lenha na fogueira”, isto é, não alimentar a discussão. Muitas vezes é pelo silêncio de um que a calma retorna ao coração do outro. Outras vezes será por um abraço carinhoso, ou por uma palavra amiga.
Todos nós temos a necessidade de um “bode expiatório” quando algo adverso nos ocorre. Quase que inconscientemente queremos, como se diz, “pegar alguém para Cristo”, a fim de desabafar as nossas mágoas e tensões. Isto é um mecanismo de compensação psicológica que age em todos nós nas horas amargas, mas é um grande perigo na vida familiar. Quantas e quantas vezes acabam “pagando o pato” as pessoas que nada têm a ver com o problema que nos afetou. Às vezes são os filhos que apanham do pai que chega em casa nervoso e cansado; outras vezes é a esposa ou o marido que recebe do outro uma enxurrada de lamentações, reclamações e ofensas, sem quase nada ter a ver com o problema em si.
Temos que nos vigiar e policiar nestas horas para não permitir que o sangue quente nas veias gere uma série de injustiças com os outros. E temos de tomar redobrada atenção com os familiares, pois, normalmente são eles que sofrem as consequências de nossos desatinos. No serviço, e fora de casa, respeitamos as pessoas, o chefe, a secretária, etc; mas, em casa, onde somos “familiares”, o desrespeito acaba acontecendo. Exatamente onde estão os nossos entes mais queridos, no lar, é ali que, injustamente, descarregamos as paixões e o nervosismo. É preciso toda a atenção e vigilância para que isto não aconteça. Os filhos, a esposa, o esposo, são aqueles que merecem o nosso primeiro amor e tudo de bom que trazemos no coração. Portanto, antes de entrarmos no recinto sagrado do lar, é preciso deixar lá fora as mágoas, os problemas e as tensões. Estas, até podem ser tratadas na família, buscando-se uma solução para os problemas, mas, com delicadeza, diálogo, fé e otimismo.
É o amor dos esposos que gera o amor da família e que produz o “alimento” e o “oxigênio” mais importante para os filhos. Na Encíclica Redemptor Hominis, o Papa João Paulo II disse algo marcante:
“O homem não pode viver sem amor. Ele permanece para si próprio um ser incompreensível e a sua vida é destituída de sentido, se não lhe for revelado o amor, se ele não se encontra com o amor, se não o experimenta e se não o torna algo próprio, se nele não participa vivamente”. (RH,10)
Sem o amor a família nunca poderá atingir a sua identidade, isto é, ser uma comunidade de pessoas.
O amor é mais forte do que a morte e é capaz de superar todos os obstáculos para construir o outro. Assim se expressa o Cântico dos Cânticos:
“…o amor é forte como a morte…
Suas centelhas são centelhas de fogo, uma chama divina.
As torrentes não poderiam extinguir o amor, nem os rios o poderiam submergir.” (Ct 8,6-7)
Há alguns casais que dizem que vão se separar porque acabou o amor entre eles. Será verdade?
Seria mais coerente dizer que o “verdadeiro” amor não existiu entre eles. Não cresceu e não amadureceu; foi queimado pelo sol forte do egoísmo e sufocado pelo amor próprio de cada um. Não seria mais coerente dizer: “nós matamos o nosso amor?”
O poeta cristão Paul Claudel resumiu de maneira bela a grandeza da vida do casal:
“O amor verdadeiro é dom recíproco que dois seres felizes fazem livremente de si próprios, de tudo o que são e têm. Isto pareceu a Deus algo de tão grande que Ele o tornou sacramento.”
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Do livro: ‘Família, Santuário da Vida’, Prof. Felipe Aquino
FELIPE AQUINO - Escritor católico. Prof. Doutor da Universidade de Lorena. Membro da Renovação Carismática Católica.
Dona Maria, uma velha senhora, morava só. Recebia um salário mínimo como pensionista do marido falecido e se virava para pagar aluguel, água, luz e gás. Alimentava-se mal para economizar e poder comprar seus remédios caros. Mesmo assim, no final do mês, sempre ficava devendo na farmácia e na mercearia. Tinha sete filhos, mas todos eram casados, lutavam com a vida e não podiam ajudar a mãe. Um dia, ela recebeu a visita de um deles:
– Mãe, estivemos conversando em família e, como a senhora vive só nesta pequena casa, pensamos em arrumar um lugar pra senhora sossegar.
– E o que vocês pensaram?
– Num lar para idosos. É limpo, comida boa, enfermeira, tudo controlado. Até já conseguimos o lugar.
– Lar de idosos? Vocês querem dizer asilo? Depois de oitenta anos trabalhando muito e criando vocês, agora vão me enfiar num asilo?
– Mãe, a senhora vai gostar! O lar é bem cuidado, a senhora precisa ver. Nós gostamos muito de lá!
– Ah, gostaram? Vocês gostariam de ficar lá?
Então, dona Maria tirou um velho lenço do bolso do avental e começou a enxugar algumas lágrimas. Seus pensamentos falavam por ela: ‘Depois de velha, não podendo andar direito, quase surda e enxergando pouco, mesmo com um monte de filhos e netos, vou ser levada para morar num asilo de idosos. Ah, se o meu velho estivesse vivo!’.
Ouvira falar muito de asilos: gente fazendo caridade e olhando o próximo com carinho; mas, ficar distante da família, sem conviver com os netos, que tristeza! E o filho insistiu:
– Mãe, entenda bem, a gente não tem condição de olhar a senhora! Levar ao médico, dar remédios... e se a senhora cair, quebrar uma perna, vai ficar na cadeira de rodas?
– Mas, no asilo eu não posso cair também?
– Acontece que lá eles têm gente pra olhar!
No outro dia, dona Maria levantou cedo, arrumou a cama, fez o café e comeu pão seco. Começou a varrer a casa e viu um envelope na sala. Como não sabia ler, foi até a vizinha, dona Chica. Então, ela soube que a carta era do Dr. Antonio, advogado, pedindo para comparecer ao seu escritório.
– Dona Maria, o que a senhora fez? – perguntou a vizinha.
– Nada! Sabe, deve ser alguma coisa do asilo. Meus filhos vão me levar pra lá!
– Asilo? Que falta de caridade para com a mãe! Mas, espere, vou ligar para esse advogado e saber dessa história direito.
Conversando com a secretária, dona Chica ficou sabendo que a vizinha ganhou a ação da revisão de aposentadoria do marido e iria receber uma bolada! O dinheiro já estava no banco e a pensão mensal iria aumentar também.
– Minha Nossa Senhora, obrigada! Obrigada minha Santa! – exclamou a velha senhora, e começou a chorar de emoção. Mais tarde, contou para um dos filhos e, à noite, a família estava toda reunida em sua casa: filhos, noras, netos e até ‘amigos’!
– Mãe, parabéns! A senhora merece! Vamos fazer uma festa pro seu aniversário que foi no mês passado – falou uma filha, em nome de todos.
– Mas, e o asilo?
– Asilo? Mãe, esqueça disso! Tem muita gente aqui pra olhar a senhora!
Bem, refletindo sobre ‘caridade’, se isso não fosse importante para a nossa salvação, Jesus Cristo não nos teria pedido uma especial atenção com os pobres. Se não fosse importante para a promoção da vida, muita gente não estenderia humildemente a mão para receber um pedaço de pão. Se a caridade não fosse tão importante para cumprirmos a missão que Deus nos deu, quase não existiriam santos no Céu!
Pois é, sem a caridade, nem haveria a Sociedade de São Vicente de Paulo e a população do nosso planeta, com certeza, hoje seria muito menor. Se imaginarmos que, além dos vicentinos, outras milhões de pessoas ajudam o próximo, é fácil concluir que existem outros milhões de irmãos sobrevivendo graças aos corações generosos de quem os servem.
E o mais importante está em saber o que é ou deixa de ser caridade. Por exemplo, na história que leu neste artigo, em nenhum momento os filhos de dona Maria praticaram caridade, concorda? É claro que fica difícil julgar a intenção do outro, mas Deus tudo vê!
Nós, vicentinos, sabemos que a caridade não se limita a bens materiais, mas principalmente está na ajuda para aliviar os sofrimentos causados pela falta de fé, desamor ou injustiças sociais. Nestes casos, também os ricos precisam da nossa atenção para, um dia, crescendo em espiritualidade, se tornem benfeitores dos pobres.
Caridade, portanto, tem que ser praticada sempre, em oração, sem pressa, desinteressadamente, com amor, sem exclusão e oferecendo algo significativo para promover a vida material ou espiritual do irmão. Geralmente, esse ato de acolhimento começa com um sorriso que brota de dentro do coração. Quem não o pratica em família, dificilmente partilhará o bem comum com outras pessoas.
Com certeza, alguém que ama o próximo como a si mesmo pratica a verdadeira caridade e será santo no Céu.
PAULO ROBERTO LABEGALINI - Escritor católico. Vicentino de Itajubá - Minas Gerais - Brasil. Professor doutor do Instituto Federal Sul de Minas - Pouso Alegre.‘Autor do livro ‘Mensagens Infantis Educativas’ – Editora Cleofas
Quando me via, atirava-me um olhar pleno de admiração; e, enlaçando com frágeis bracitos, o meu pescoço, enchia-me de doces beijinhos.
Era pequenina, de tez cor de centeio, daquele centeio moreno, que só se encontra em morenas terras de Trás -os -Montes.
Tinha olhos castanhos-escuros; lábios rubros, como cerejas, sempre húmidos; narizinho curto, levemente achatado; e sedosos cabelos, claros, com belos reflexos de oiro velho.
Trazia - quase sempre, - vaporoso vestidinho branco, imaculadamente branco, de meia-manga, com leve renda, igualmente branca, nos bordos.
Parecia uma princepezinha moura; princepezinha encantada, que encantava todos, com o olhar terneroso e feiticeiro.
A seu pensar, eu era uma figura misteriosa. Aparecera do nada. Viera de longe, de longe paragem; de cidade banhada pelo imenso oceano; oceano que ela mal conhecia…
Mas alguém, que logo compreendera, que podia confiar. Abrir o pequenino coração, ansioso de ser amado, e quiçá, de amar.
E, no entanto, a diferença de idade, sendo colossal… não nos apartava; ao invés: aproximava-nos, ainda mais; permitindo afectos, sem malícia humana; sem reprovações hipócritas, de línguas linguareiras.
Sempre que nos encontrávamos – e eram tantas vezes! … – sempre havia novidade para narrar e mostrar.
Tudo nos servia de conversa…; até simples infantilidades! …. E se a boca se fechava, nossos olhos indiscretos, falavam em silencio, e cruzavam-se e recruzavam-se: em felizes e festivos, sorrisos amorosos.
Na minha já longa existência, nunca possui tamanha amizade. Amizade de menininha que despertava para a vida. Vida, que ainda podia contar pela mãozinha rechonchuda….
Deus ofereceu-me essa amizade infantil, muito antes de possuir a minha própria criança: carne da minha carne; sangue de meu sangue…
Quando a velhice chega, e a tarde adormece, na luz ensanguentada do crepúsculo, que antecede a morte, a memória, acorda para o passado; para passado que passou, e nos persegue sempre, como sonho, que entristece e alegra.
Vejo, agora – com nitidez que me confunde –: cenas, diálogos, companheiros de brinquedo de outrora, como se fossem crianças; como se tivessem: as mesmas linhas juvenis, a mesma graciosidade, os mesmos gestos imprecisos, as mesmas expressões interrogativas…
Por sortilégio, que desconheço, todo o passado nasce e renasce dentro de mim, como se nada houvesse mudado; então, no meu rosto envelhecido, nos meus lábios descorados, aflora a sombra de um sorriso: sorriso do passado, sorriso de saudade…
Hoje, lembrei-me dessa garotinha, que se sumiu no mundo, como se sumiram, um a um, todos os meus lindos sonhos de meninice; mas que, para sempre, ficaram retidos, na retina, como lembrança saudosa, ainda que esfumada, de velhos tempos, que, inseguro e hesitante, buscava um novo rumo, ainda incerto, para a minha vida; então: triste e solitária; plena de ilusões e fantásticas fantasias…
HUMBERTO PINHO DA SILVA - Porto, Portugal
CANTO DAS MÁGOAS - no Fado/Balada de Coimbra.Interpretação do meu saudoso amigo Alfredo Louro.
Ouçam e vejam o poema formatado aqui neste link:
http://www.euclidescavaco.com/Po…/Canto_das_Magoas/index.htm
EUCLIDES CAVACO - Director da Rádio Voz da Amizade , Canadá.
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Tudo que aconteceu antes, durante e depois das últimas eleições presidenciais, é fruto de uma cultura política desconexa e desequilibrada que domina esse país há muitos anos, independente do partido que assuma o comando de seus destinos. Infelizmente, qualquer agremiação que alcança êxito eleitoral, coloca os interesses coletivos abaixo dos particulares e os projetos de reformas são preteridos pelos anseios de se manterem no poder.
A situação só melhorará quando houver um mínimo de decência da maioria de nossos homens públicos, sejam eles de que facções forem. Isso acontecerá quando a população fiscalizar permanentemente nossos representantes, não só próximos dos pleitos, protestando, cobrando e exigindo posturas dignas, e principalmente, acompanhando os resultados dos processos instaurados contra atos de inescrupulosos, de improbidade e de malversação de dinheiro público, comuns em todos os níveis. Além do mais, as disputas devem ser ideológicas e não apenas de proveitos, conveniências e vantagens dos próprios grupos políticos, deixando de se basearem os debates em acusações recíprocas, apresentando propostas concretas. Está mais no que na hora de mudar esse escabroso quadro.
Diz o ditado popular que “quando uma estrutura está rachada, todo o prédio pode ruir”. Parece que este preceito retrata com fidelidade a atual situação de nosso país: a corrupção corre solta, atingindo incalculáveis proporções e minando quase todos os segmentos sociais. E o que é pior: os que têm a força e a necessária autoridade nas mãos acabam se acomodando em suas próprias vantagens e impedem quaisquer avanços em favor de uma sociedade mais igualitária e participativa.
As pessoas estão descompromissadas com os valores cristãos, humanos e familiares, sem os quais não se operam as necessárias transformações sociais. A política, que deveria se revelar numa realidade extremamente dinâmica, estacionou-se quase que em barganhas, nos conchavos entre compadres, nos favorecimentos espúrios, na troca de dívidas amorais e em outros aspectos, caracterizados pela baixeza e total falta de ética. Os reclamos populares só são atendidos se renderem dividendos políticos, o que frustra necessárias ações de longo prazo, todas de infraestrutura capazes de alterar a estagnação nos campos da saúde e educação.
Para o Direito, a vida do ser humano deve estar acima de tudo. Mas inúmeras situações demonstram que o egoísmo prevalece e a insensibilidade faz parte do cotidiano de muitos indivíduos, relegando a humanização da convivência a um segundo plano. A violência parece um problema insolúvel, já que não se ataca o mal pela raiz e a impunidade reina triunfante nas brechas jurídicas.
Por isso, precisamos acompanhar de perto os trabalhos de nossos parlamentares e governantes, pressionando-os mediante manifestações e apoiando-os em seus avanços. A participação possibilita atentarmos aos achegos do jogo político, evitando abusos e fiscalizando o que é feito com as coisas públicas. Mais do que nunca, temos que batalhar por uma sociedade justa e fraterna, ainda que tal tarefa seja constantemente dificultada por inúmeras circunstâncias. No entanto, é preferível pecar pela ação que pela omissão.
9 de julho e a restauração do Estado de Direito
Foi em nome de ideias e da liberdade para colocá-las em prática que o povo de São Paulo, independentemente de classe ou riqueza, em 1932 pegou em armas para lutar contra o anacronismo social brasileiro, exigindo um regime político que desse aos cidadãos as condições mínimas para vencer na vida e garantir para sua família o direito de continuar trilhando o caminho do progresso e do bem-estar social. Em 09 de julho se iniciou a Revolução Constitucionalista. Assim, essa data é de suma importância, já que a revolta que se instalou contra a ditadura vigente visava à restauração do estado de Direito pelos paulistas. Integrantes das variadas classes sociais se juntaram para aniquilar a angústia provocada por um regime prepotente e autoritário, buscando-se a realização dos anseios de Justiça e ordem social. A maioria dos políticos atuais deveria se mirar no exemplo dos constitucionalistas de 1932, cuja data se comemora na próxima quinta-feira: decência, ética, idealismo e a luta pelos interesses coletivos na busca do Estado Democrático de Direito.
JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é advogado, jornalista, escritor e professor universitário. Presidente da Academia Jundiaiense de Letras (martinelliadv@hotmail.com).
Quando meu cachorro, no início desse ano, por uma fatalidade, acabou matando minhas calopsitas, fui acometida de um sentimento de profunda tristeza e jurei que não teria outra calopsita novamente. Não depois de perder meu Kiko, que, muito manso, ficava assoviando para mim e que acordava a casa, logo cedinho ao som de “quem tem medo do lobo mau”. Foram meses dedicados a ensina-lo e uma alegria toda vez que percebia que ele já tinha aprendido a melodia.
Preciso admitir que, quando eles morreram, a cena da forma como os encontrei ficou por muito tempo gravada em minha mente e, sem avisar, as lágrimas vinham-me aos olhos inadvertidamente. Fiz um texto em homenagem aos meus pequenos Kiko e Sol e demorei um bom tempo para perdoar meu cãozinho, ainda que eu saiba que ele apenas seguiu o instinto que o comanda. Foi-me impossível desfazer dos corpinhos de minhas aves e os enterrei em um vaso do meu quintal, rezando para que o Criador, pai de toda vida, desse a eles asas eternas, em Sua morada.
Soube, algum tempo depois que meu texto circulou pelos jornais, que algumas pessoas queriam me presentear com outra calopsita, no desejo de apaziguar meu coração. Eu queria que, de alguma forma, essas pessoas soubessem que esse desejo fez diferença e que inundou meu coração de afeto. Ao menos a vida do Kiko e da Sol não teve uma passagem imperceptível por esse mundo. Eles marcaram não apenas a minha vida, mas a de todos aqueles que, ainda que por alguns minutos, leram o que escrevi.
O fato é que depois de um tempo eu já havia me conformado, até que minha irmã caçula, que viria passar uns dias em São Paulo me liga e me diz que, embora fosse surpresa, ela agora estava apreensiva, por receio de que eu pudesse não gostar, mas ela estava me levando uma calopsita de presente. Na hora fiquei meio sem reação, mas é claro que eu a receberia. E foi assim que uma ave mansa, inteiramente branca, chegou até minha casa. Era uma fêmea, batizada pelo meu sobrinho Otávio, de 4 anos, de Pompom!
Como eu não tenho coragem de deixar ninguém sozinho, tratei de arrumar um companheiro e, poucos dias depois, um filhote chamado Elvis era o mais novo habitante de casa. Fiz questão de escolher um que não fosse parecido com o Kiko e, dessa forma, escolhi um inteiramente cinza escuro.
Quando percebi que ele queria ensaiar alguns assovios, tratei de escolher uma música para ensinar a ele. Escolhi o tema dos sete anões e tratei de passar todo tempo possível no qual estivesse em casa, assoviando “eu vou, eu vou, pra casa agora eu vou...”. Agora, pensando, não sei a razão da escolha, mas só sei que foi o que me veio à mente. Agora, passado algum tempo, vejo que ele já assobia os primeiros acordes da música, todo cheio de si.
O que de fato é curioso é que o Elvis perdeu a cor escura e acabou ficando muito parecido com o Kiko, tanto que, quando minhas sobrinhas chegaram em casa, numa visita recente, a Sofia, de 4 anos, deu um gritinho de alegria e falou para a irmã: _ Isa, olha, o Kiko viveu!
Não consegui evitar que uma lágrima fugitiva escorresse pelos cantos de meus olhos e pensei, com o coração cheio de saudades, que, de alguma forma, isso de fato fosse verdade...
“Eu vou, eu vou, para casa agora eu vou...”
CINTHYA NUNES VIEIRA DA SILVA - Advogada, mestra em Direito, professora universitária e escritora - São Paulo. - cinthyanvs@gmail.com
Entre os Voluntários da Pátria da primeira hora, arregimentados para enfrentar o ataque proveniente do Paraguai, foram incorporados numerosos elementos da Guarda Nacional, força paramilitar constituída por civis, instituída em 1831 e convocável em caso de conflito, quando passaria a ser corpo auxiliar do Exército nacional. Também elementos da polícia e de outros corpos arregimentados auxiliares (equivalentes, em termos atuais, às nossas Polícias Militares) contribuíram efetivamente para a constituição dos corpos de Voluntários da Pátria.
Cada corpo de voluntários era composto, regulamentarmente, por oito companhias. O número de corpos de Voluntários se elevou a várias dezenas, em linhas gerais correspondendo às províncias do Império, mas havendo diversas províncias, mais populosas, que contavam com vários corpos de voluntários. Foram esses corpos que suportaram o maior rigor da guerra, nela perdendo muitos homens.
Ao final da guerra, os sobreviventes, reincorporados à vida civil, nem sempre obtiveram tudo quanto o Governo havia inicialmente prometido. Foram injustiçados. São beneméritos patriotas que contribuíram com seu suor e seu sangue para a vitória sobre o Paraguai. Escreveram páginas das mais belas do heroísmo nacional, merecendo figurar na História do Brasil em lugar de destaque, com honra muito especial. Todos os brasileiros dignos desse nome se orgulham deles.
Como disse no meu artigo anterior, a história dos Voluntários da Pátria se confunde com a própria história da Guerra da Tríplice Aliança. Não seria possível relatar, aqui, as atividades de todos os numerosos corpos de Voluntários. Vou me concentrar no caso dos Voluntários da Pátria de São Paulo, que constituíram, inicialmente, o 7º CVP. Embora mais tarde, com as reformulações, esse corpo tenha recebido reforços de outro CVP paulista, o 42º, e mais tarde do 45º CVP, foi “o Sétimo” que marcou a História de São Paulo e nela ficou para sempre consignado.
Na “Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo”, publicação mais que centenária da qual tenho a honra de ser, no momento presente, diretor e editor-responsável, encontra-se, no vol. XXII, referente ao ano de 1923, um estudo de 180 páginas, escrito pelo então Tenente-Coronel Pedro Dias de Campos, intitulado “O Espírito Militar Paulista”. É desse estudo que extraio as informações a seguir, sobre “o Sétimo”.
Logo no início de 1865, em atenção ao Decreto Imperial de 7 de janeiro daquele ano, foi constituída em São Paulo, com sede no Largo da Sé, uma “Associação Promotora de Voluntários da Pátria”, que rapidamente recrutou um grande contingente de soldados voluntários. Esta mesma associação também fardou, armou e transportou os voluntários que formaram o 7º Corpo de Voluntários da Pátria. Esse batalhão era composto de oito companhias, tendo cada uma um capitão, um tenente e dois alferes. Como comandante, o Tenente-Coronel Francisco Joaquim Pinto Pacca, major reformado do Exército.
A nominata dos oficiais do 7º CVP, integralmente reproduzida pelo autor do estudo publicado na “Revista do IHGSP”, permite facilmente identificar numerosos elementos das principais famílias do establishment paulista (inclusive de Piracicaba), o que demonstra como a rica e poderosa aristocracia cafeeira de São Paulo deu efetiva colaboração para a formação do 7º CVP.
Eram membros de famílias de posses, eram pessoas que não precisavam de promessas de recompensas financeiras ou em terras para acorrerem ao combate. Fizeram-no por verdadeiro patriotismo. Isso ocorreu no Brasil inteiro.
Contrariamente ao que diz o jornalista Júlio Chiavenato, os Voluntários da Pátria, tal como os conservou a grata memória coletiva brasileira, não foram “um mito”, mas foram uma realidade. Houve, sem dúvida, episódios tristes e dolorosos de “voluntários” forçados e de escravos aliciados: nem tudo foi luz no quadro, houve nele também sombras. Mas destruir a memória nacional como tentou forçadamente fazer Chiavenato no seu livro Os voluntários da pátria (e outros mitos) é um erro insustentável.
Registra Pedro Dias de Campos, no citado estudo “O Espírito Militar Paulista”: “Era o 7º um corpo luzido, formado com a flor da mocidade paulistana, estuante de brio, de entusiasmo patriota e de desejos de marchar para o teatro de luta, que se feria em toda vasta fronteira do Sul. Ansiavam os voluntários pela ordem de marcha, que aguardavam, havia já seis longos meses”. (continua)
ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOS é historiador e jornalista profissional, membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.
O detento escreveu para a mãe: “Estou bem. Agora estou vendo que tenho capacidade de ser um homem que tem tudo pra ser alguém na vida. Saindo daqui vou agradecer a Deus por ter me dado uma nova oportunidade e agora vejo quem é quem”. A sentença de 20 meses pesou nele. Nos anos anteriores, assumiu, perante a autoridade, compromissos que não pôs em prática. Julgava descartáveis as conversas sobre: “a droga, que te leva até as nuvens, não oferece paraquedas”. Despencou feio, após um mês dos seus 18 anos e de atividade nos meandros das sombras. Tornou-se mais um dos esquecidos de seus companheiros. Creio ser por isso a sua conclusão de que agora enxerga “quem é quem”.
No mesmo dia em que li a carta, soube da morte do narcotraficante Jorge Rafaat, em emboscada, no dia 15 de junho, na cidade paraguaia Pedro Juan Caballero, fronteira com Ponta Porã no Mato Grosso do Sul. Os atiradores usaram uma metralhadora antiaérea calibre 50, rompendo a barreira do carro blindado. Disputa pelo controle do tráfico de armas e drogas, consideram.
Rafaat, com nacionalidade brasileira, vivia como empresário influente, dono de lojas e produtor rural no Paraguai. Dizem que se apropriara, nos anos 2000, das rotas de tráfico de Fernandinho Beira-Mar. A sua história no crime organizado começou desde os anos 90 com contrabando de café. Circulava livremente porque, segundo o titular da Secretaria Nacional Antidrogas do Paraguai, Luís Rojas, não havia ordem de prisão nem no Brasil, nem no Paraguai.
Terminou assim: uma poça de coágulos, manchete de inúmeros jornais e a família com riscos de ser vítima de violência. Por certo, não valeu a pena se enveredar pelo mundo dos delitos em que os investimentos são feitos com sangue.
Voltando à carta do jovem: “... mas to (sic) tirando meus dias da melhor forma, tirando a cadeia pra ela não me tirar. Às vezes, eu ‘chapo’, mas procuro trocar um papo com algum companheiro, pegar boas ideias, aprimora (sic) minha mente, ser mente pensante para quando sair daqui saber distingui (sic) o certo e o errado”. Ou seja, cumprindo sua pena, de acordo com a lei, sem fazer as “lições” da escola de criminalidade que os estabelecimentos penitenciários possuem.
Sonha ser para os filhos, que possam vir, um pai de verdade, que se importa, em contraste com aquele que o gerou.
Que Deus o fortaleça e salve!
MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE - Professora e cronista. Coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher – Santa Maria Madalena/ Magdala. Jundiaí, Brasil.
A mais importante dentre as missões educativas é a de ensinar a ler. Por isso é que o alfabetizador mereceria reconhecimento singular, distintivo e preferencial em relação às demais todas nobres funções docentes. É que ensinar a ler significa abrir as janelas d‘alma para a maravilha do universo.
Quem lê viaja sem pagar passagem, se transporta para o interior de outras mentes, se transforma e se aperfeiçoa de forma divertida, espontânea e gratuita. Além disso, a leitura completa a formação integral do ser humano. Atende aos objetivos da educação, direito de todos e dever do Estado e da família, a ser propiciado em colaboração com a sociedade.
Objetivos que são o desenvolvimento pleno das potencialidades de cada pessoa, a formação para a cidadania e a qualificação para o trabalho. 53 mil estudantes que se submeteram ao Enem – Exame Nacional do Ensino Médio, tiraram nota zero na prova de redação. Não sabem escrever. Qual o motivo? Não sabem ler. Ou não gostam de ler. Ou não foram estimulados a fazer da leitura o mais saudável hábito e o mais enriquecedor do nosso patrimônio pessoal.
Muitas pessoas já despertaram para isso. Em São Paulo, capital, a lei 16.333/2015 institui o Plano Municipal do Livro, Leitura, Literatura e Biblioteca. A lei 14.999/2009 institui a Semana de Incentivo e Orientação ao Estudo e à Leitura e a lei 14.477/2007 cria a Semana da leitura.
Há projetos de lei como o 547/2014, que cria o Programa Leitura nos ônibus, com espaço para livros dentro dos veículos, o 266/2014, que cria a Parada Cultural, com bibliotecas nos pontos de ônibus, o 279/2014, que amplia as atribuições da Biblioteca Mário de Andrade e o 517/2013, que institui o Programa Vale-Leitura aos profissionais de educação do Município.
Barueri promove todos os anos o dia da leitura, Lençóis Paulista é a cidade em que mais se lê no Estado de São Paulo, em Catanduva o projeto “Centopeia” incentiva os alunos da rede pública estadual a lerem ao menos 10 livros por ano. Mas todos podemos fazer mais para que a leitura se torne prazerosa, não obrigatória. Uma satisfação, uma alegria, um momento de crescimento prazeroso, não uma obrigação. Sem isso, não haverá futuro para o Brasil. É missão urgente, para a qual todos somos chamados.
Fonte: Jornal de Jundiaí | Data: 26/06/2016
JOSÉ RENATO NALINI é secretário da Educação do Estado de São Paulo. E-mail: imprensanalini@gmail.com.
Conheça 10 conselhos de Dom Bosco para ajudá-lo a conquistar seu filho
Para se educar bem um filho é preciso conquistá-lo. Quando se conquista o coração de alguém podemos levar a pessoa a receber e acolher nossos ensinamentos e exemplos. Um rapaz enamorado faz com alegria tudo que sua amada deseja. Um filho é a mesma coisa; para educá-lo com os valores que queremos que ele viva, é preciso conquistá-lo, com dedicação, dia após dia, gastando tempo com ele, deixando de lado muitos dos nossos afazeres e prazeres para, simplesmente, entregar nossa inteira atenção a ele. Não se conquista um filho sem gastar tempo e dedicação a ele. E se não conquista-lo, como o levaremos mais para perto de Deus? A grande missão dos pais e educadores é, mais do que educar os filhos para o mundo, educa-los para Deus.
Nosso querido Dom Bosco, que dedicou praticamente toda a sua vida para cuidar de crianças, adolescentes e jovens, entre tantos ensinamentos, nos deixou algumas dicas práticas de como podemos conquistar nossos filhos:
Para conquistar um filho é preciso valorizá-lo; saber elogiar seus pequenos sucessos; mostrar-lhe os seus talentos e incentivá-lo a desenvolvê-los para o seu bem e para o bem dos outros. Seu filho deve se sentir precioso, único. Muitas vezes, os pais sabem disso, mas os filhos não. É importante dizer a ele. Ajude-o a entender seu valor para si mesmo, para a sua família, para a sociedade e para Deus. A Beata Madre Teresa de Calcutá costumava dizer que enquanto perdemos tempo julgando os defeitos, não temos tempo para amar.
Acreditar no filho é nunca desanimar por causa de seus problemas, seja na escola, em casa ou em outros assuntos. Cada criança tem seus problemas, seus medos, suas dificuldades e limitações. E cada criança é diferente da outra. Nossos filhos não são iguais. Muitos pais se desesperam ao comparar um filho ao outro. Acredite que com amor e carinho, com paciência e sabendo dar tempo ao tempo, tudo pode mudar. Na educação de meus cinco filhos eu vi isso; aquele filho que mais trabalho me deu na escola, foi o que mais se destacou nos estudos depois de adulto. Acreditar no filho é ter paciência com ele, como se tem com uma plantinha que precisa se cuidada com carinho e proteção para poder crescer. Cuide dessa plantinha a cada dia, o melhor que puder, e entregue o futuro a Deus. Se você não acreditar no seu filho, quem poderá acreditar?
Não há como conquistar o filho e educá-lo bem sem amá-lo e respeitá-lo profundamente. Amar alguém significa dar-se; esquecer-se de si mesmo; dizer não a si para dizer sim ao outro. Exige renuncia, compreensão, paciência, tolerância, bondade, humildade, respeito. Nunca humilhar o filho, nunca zombar de seus erros, nunca desconfiar de suas palavras, nunca menosprezá-lo. Respeitar significa ainda nunca corrigi-lo na frente dos outros, dos irmãos, para que ele não fique humilhado e zangado conosco. Bem nos lembra São Paulo em sua carta aos colossenses: “Pais, deixai de irritar vossos filhos para que não se tornem desanimados”.Col 3,21.
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Todo mundo gosta de ser elogiado, ninguém gosta de ser criticado. Os pais precisam elogiar os filhos nos seus acertos e sucessos, bons comportamentos, bons gestos, etc., pois isso estimula o filho a querer repetir o que fez de bom. Mas não podemos exagerar para não despertar orgulho e vaidade inconvenientes. Por outro lado, não se pode deixar de corrigir quando necessário, sempre a sós, sem que ninguém veja, fazendo a crítica construtiva e sempre mostrando a razão da correção, com carinho e sinceridade.
Todos nós temos nossos erros, e precisamos que as pessoas nos perdoem e nos ajudem a mudar. De nada vale uma repreensão severa sem o um estímulo para mudar. Dom Bosco dizia para atrair as abelhas vale mais uma colher de mel do que um barril de vinagre. A crítica ácida e humilhante nunca vai ajudar um filho a crescer e superar-se. Também é importante que cultive o diálogo com seu filho e saiba escutá-lo. Muitas crianças e jovens se queixam de não conversarem profundamente com seus pais por eles não saberem ouvir, ou simplesmente, não se importarem com o que acontece no seu dia-a-dia. Muitas vezes, você só conseguirá compreender o seu filho se conseguir penetrar na sua vida. Nem tudo os filhos falam. Também é preciso compreender seus silêncios.
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A alegria um grande tônico de vida; é bom ter uma pessoa que sabe sorrir ao nosso lado. Os pais devem ser alegres com os filhos, precisam saber contar histórias saudáveis engraçadas, e se alegrar com os pequenos feitos de seus filhos, desde um pequeno desenho mal rabiscado em um papel, até um sucesso na escola, nos esportes, etc. Mas os pais não podem mimar seus filhos. A Palavra de Deus diz que “aquele que estraga seus filhos com mimos terá que lhes curar as feridas” (Eclo 30,7).
Viva com o seu filho. Viva no meio dele. Conheça seus amigos. Procure saber onde ele vai, com quem está. Convide-o a trazer seus amigos para a sua casa. Participe amigavelmente de sua vida. Não afaste seu filho de você, mandando-o ir para sempre para a casa dos outros. Misture-se com seus amigos em suas diversões. Para ser amigo de seu filho você precisa também ser amigos dos amigos de seus filhos, e participar de suas atividades.
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Não podemos tratar os filhos com desatenção ou com mentiras. E não podemos deixar de leva-los a sério pelo fato de serem crianças ainda. Nos limites de suas idades e de suas compreensões dos fatos da vida, os pais precisam considerar com cuidado e atenção suas observações, ideias, intenções, e nas conversas que possam parecer sem importância.
Por outro lado, não se pode exigir que o filho faça algo que os pais não fazem. Para educar os filhos é mais importante o exemplo do que as palavras. O filho perde a confiança nos pais quando eles dizem uma coisa e fazem outra.
Os educadores dizem que é preciso educar a criança para não ter que punir mais tarde os adultos. A criança precisa ser educada enquanto é criança. O livro do Eclesiástico diz: “Aquele que dá ensinamentos a seu filho será louvado por causa dele” (Eclo 30,2), e ainda: “A criança entregue a si mesma torna-se temerária” (v.8). É preciso saber corrigir os filhos com sabedoria, pois aquele que ama o seu filho o corrige com frequência para que se alegre com ele mais tarde.
A educação integral da criança envolve a educação do corpo, da mente e do espírito. Não há como educar bem o filho, na totalidade da realidade humana, sem a fé e a religião; pois sem isso o filho deixa de ter uma formação transcendente, que supera os limites dessa vida. Fomos criados por Deus e para viver com Ele aqui e na eternidade; por isso, Ele como o “escultor” de nosso ser, sabe o que é melhor para sermos felizes. Deixar de seguir as leis de Deus seria fazer como alguém que usa uma máquina sem observar o catálogo do seu criador.
FELIPE AQUINO - Escritor católico. Prof. Doutor da Universidade de Lorena. Membro da Renovação Carismática Católica.
Para sabermos quando D. João VI mandou formar o Jardim Botânico - no Rio de Janeiro - ou abriu os portos brasileiros às nações amigas é fácil, basta consultarmos livros de História; para os mais novos, consultar a Internet.
No entanto, são as “coisas miúdas”, os pormenores fora dos livros que dão sabor à leitura e ao conhecimento.
Ao visitarmos o Jardim Botânico, encontramos, entre centenas de espécies raras de plantas, uma palmeira interessantíssima: a Palma Filia, e resolvemos contar algo sobre ela.
Essa palmeira é descendente da Palma Mater, plantada por D. João VI, em 1809. O primeiro exemplar foi trazido pelo oficial português Luiz Vieira da Silva, quando fugiu da prisão na Ilha Mauricius, na França. Para agradar ao então regente D. João, o oficial retirou uma muda do Jardim Gabrielle e a trouxe na viagem de fuga que empreendeu ao Brasil.
Quando foi plantada, pelo próprio D. João, recebeu o nome de Palmeira Imperial (Roystonea Oleacerea).
Os frutos das palmeiras são pequenos coquinhos, sendo também estes as suas sementes. Quando amadurecem e caem na terra, brotam normalmente.
No caso da Palma Mater, para que fosse a única espécie, os escravos que cuidavam da limpeza no Jardim Botânico eram obrigados a queimar, sob a rígida vigilância do feitor, todos os frutos caídos.
Porém, eles eram escravos mas não eram bobos. Perceberam o valor daquele espécimen porque muitos estudiosos da flora o observavam e procuravam, atentamente, por algum fruto esquecido no chão.
Quando tinham oportunidade de entabular uma conversa, sorrateiramente, perguntavam se havia algum interesse nos frutos, o que os botânicos logo afirmavam.
Os escravos então, à noite, livres da vigilância do feitor que dormia, subiam na Palma Mater, tiravam alguns frutos e os escondiam.
Pela manhã, recolhiam os caídos e os queimavam, sob pena de serem chicoteados.
Os frutos retirados e escondidos eram vendidos por 100 réis cada.
A propagação dessa palmeira no Brasil deve-se, então, aos espertos escravos da época.
A Palma Mater viveu 163 anos. Em 1972, foi fulminada por um raio. Em seu lugar foi plantada uma muda, a Palma Filia, que não é filha única devido aos “desobedientes” escravos!
Continuando com curiosidades, lemos que a maior semente de palmeira que existe é a da Lodoicea Maldivica, originária das Ilhas Seychelles, ilhas inglesas no Oceano Indico. Ela, a semente, pesa cerca de vinte e oito quilos e seus primeiros frutos só nascem depois da árvore-mãe completar cem anos. Equiparando-se ao milagre concedido à Sara, mulher de Abraão, que gerou Isaac aos cem anos.
É a natureza nos dando lições.
JÚLIA FERNANDES HEIMANN - escritora, poetisa e acadêmica. Jundiaí.
Uma história que li pela internet dizia que enquanto abria o telegrama, uma expressão mais de surpresa do que de dor tomou conta do rosto de José Roberto. Palavras breves: ‘Seu pai faleceu. Enterro sábado 18 horas. Mamãe’.
Nenhuma lágrima lhe veio aos olhos.
Era como se houvesse morrido um estranho.
Avisou a esposa, tomou o ônibus e se foi.
No íntimo, não queria ir e, se estava indo, era apenas para que a mãe não ficasse mais amargurada. Ela sabia que pai e filho não se davam bem.
A coisa havia chegado a esse ponto no dia em que José Roberto havia feito as malas e partido, prometendo nunca mais botar os pés naquela casa. Um emprego razoável, casamento, telefonemas à mãe pelo Natal, Ano Novo e Páscoa... Ele havia se desligado da família, não pensava no pai e a última coisa na vida que desejava era ser parecido com ele.
No velório, a mãe estava pálida e chorosa. Foi um abraço de desesperado silêncio. Depois, ele viu o corpo sereno envolto por um lençol de rosas vermelhas – como as que o pai gostava de cultivar. Novamente
José Roberto não verteu uma única lágrima – o coração não pedia. Era como estar diante de um desconhecido, mas acompanhou o funeral ao lado da mãe.
À noite, prometeu a ela que voltaria trazendo netos e esposa para conhecê-la, porque aquele que não o amava não estava mais lá para criticá-lo.
Na despedida, a mãe colocou-lhe algo pequeno na mão, dizendo-lhe: ‘Há mais tempo você poderia ter recebido isto, mas, infelizmente, só depois que ele se foi eu encontrei entre os guardados mais importantes’.
Minutos depois de começar a viagem, meteu a mão no bolso e pegou o presente: uma caderneta de capa vermelha. Abriu-a curioso e se deparou com páginas amareladas. Na primeira, reconheceu a caligrafia firme do pai: “Nasceu hoje o meu primeiro filho, um garotão! Estou orgulhoso de ser o pai daquele que será a minha continuação na Terra!”.
À medida que folheava, sentia um aperto na boca do estômago, mistura de dor e perplexidade, pois as imagens do passado ressurgiam firmes e atrevidas como se acabassem de acontecer. Continuou:
“Hoje, meu filho foi para escola. Está um homenzinho! Quando eu o vi de uniforme, fiquei emocionado e desejei-lhe um futuro cheio de sabedoria. A vida dele será diferente da minha, que não pude estudar por ter sido obrigado a ajudar meu pai; mas, para meu filho, desejo o melhor”.
Outra página: “Roberto me pediu uma bicicleta. Meu salário não dá, mas ele merece porque é estudioso e esforçado. Fiz um empréstimo que espero pagar com horas extras”. José Roberto mordeu os lábios, pois lembrava-se da sua intolerância, das brigas feitas para ganhar a sonhada bicicleta. Se todos os amigos ricos tinham uma, por que ele também não poderia ter a sua?
Foi lendo: “É duro para um pai castigar um filho e bem sei que ele poderá me odiar por isso, entretanto, devo educá-lo para seu próprio bem. Foi assim que aprendi a ser um homem honrado e esse é o único modo que sei ensiná-lo”.
José Roberto fechou os olhos e viu toda a cena quando, por causa de uma bebedeira, tinha ido parar na cadeia e, naquela noite, se o pai não tivesse aparecido para libertá-lo... Lembrava-se também do automóvel retorcido e manchado de sangue que tinha batido contra uma árvore...
As páginas se sucediam com curtas e longas anotações, cheias das respostas que revelavam o quanto, em silêncio e amargura, o velho o havia amado. A última página era a do dia em que o pai havia partido: “O que fiz de errado para meu filho me odiar tanto? Por que sou considerado culpado se apenas tentei transformá-lo num homem de bem? Meu Deus, não permita que essa injustiça me atormente para sempre! Que um dia ele possa me compreender e perdoar por eu não ter sido o pai que ele merecia ter”.
Depois, não havia mais anotações e as folhas em branco davam a idéia de que o pai tinha morrido naquele dia. José Roberto fechou depressa a caderneta. O peito doía e o coração parecia haver crescido tanto que lutava para escapar pela boca. Quando o ônibus chegou na rodoviária, levantou aflito e saiu correndo porque precisava de ar puro. A aurora rompia no céu e a vida continuava...
Uma onda de vergonha quase o prostrou por terra numa derradeira lição de humildade. Quis gritar, erguer-se procurando agarrar o velho para sacudi-lo e abraçá-lo. Encontrou apenas o vazio. Havia uma raquítica rosa vermelha no jardim de uma casa; então, José Roberto acariciou as pétalas e lembrou-se da mãozona do pai podando, adubando e cuidando com amor. Por que nunca tinha percebido aquilo antes?
Agora sim, uma lágrima brotou como o orvalho e, erguendo os olhos para o céu dourado, desabafou-se numa confissão sincera: “Se Deus me mandasse escolher hoje, eu juro que não queria ter tido outro pai que não fosse você, velho. Obrigado por tanto amor! E me perdoe por ter sido tão cego!”
PAULO ROBERTO LABEGALINI - Escritor católico. Vicentino de Itajubá - Minas Gerais - Brasil. Professor doutor do Instituto Federal Sul de Minas - Pouso Alegre.‘Autor do livro ‘Mensagens Infantis Educativas’ – Editora Cleofas
Circula, pela Internet, oportuno abaixo-assinado, com origem no Brasil, que aborda o uso excessivo de estrangeirismos e neologismos, na nossa língua.
Pretendem os subscritores, que se deixe de importar vocábulos de outros idiomas, já que a “brasileira” é rica; não carecendo de rebuscar palavras noutros países.
Estou cem por cento de acordo, mas… é pena, que ao redigirem o manifesto tenham escrito: “Língua brasileira”.(!)
É que, se assim pensarmos, muito em breve teremos: língua angolana, cabo-verdiana, moçambicana… ou língua argentina, chilena e australiana…e por ai fora…
Já dizia Vasco Botelho de Amaral in: “ Mistérios e Maravilhas da Língua Portuguesa” – 1941, Porto, pág. 632: que leu no jornal “ A Manhã” do Rio de Janeiro, a notícia (que considerou sensacional) de que se fundara o “ Instituto de Língua Brasileira”; e admirava-se, que entre os apoiantes, aparecessem membros da “Academia Brasileira de Letras “, seus conhecidos.
A língua que os portugueses levaram para o Brasil, sofreu, como sabemos, influência do quimbundo, importado com os escravos, que o falavam, e do Tupi. O primeiro tem numerosos vocábulos em nh (ao princípio), como, por ex. nhanha (bocejo); nhoque (abelha), etc.
Também o Tupi, tem o grupo nh no princípio do vocábulo, como nhau (barro); nhê (acaso), etc - segundo o conhecido filólogo Cândido de Figueiredo.
Junte-se às duas línguas, citadas, a de milhares de europeus, emigrantes, e forçosamente, o português, tinha que ser adulterado, tanto foram os tratos de polé, que sofreu.
Dizem, que se fala mal, o português, no Brasil; e é verdade; mas apenas pelos ignorantes, pelas classes mais baixas da sociedade - e não todos!…
“ Se os brasileiros pensassem bem, teriam mais carinho pela língua portuguesa e tratariam de falar melhor (…) “, disse, com acerto, o Prof. Doutor Rafael Correia, lente da Universidade de São Paulo; mas pensar bem, não convêm a certos políticos… nem pseudo intelectuais…
Penso que foi lapso, ao escreverem “ língua brasileira”, no abaixo-assinado, pois, quem se preocupa com a pureza desta, ao ponto de querer expurgá-la de estrangeirismos e neologismos - maleita que ataca os dois países irmãos, - devido “ à nossa facilidade de imitação e aceitação de modas estrangeiras”, segundo afirma M. Rodrigues Lapa, na sua “ Estilística da Língua Portuguesa”, certamente, não diria tal dislate, se não fosse por lapso.
HUMBERTO PINHO DA SILVA - Porto, Portugal
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