PAZ - Blogue luso-brasileiro
Domingo, 18 de Setembro de 2016
MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE - BEM FAZER

 

 

 

 

 

 

 

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A Casa da Fonte-CSJ viveu, como viagem, o DiaDoBemFazer.  Como viagem porque a solidariedade é sempre um movimento para dentro do coração e, em seguida, para o mundo.
Encontro-me atrasada para essa crônica. Justifico: Graciliano Ramos, em entrevista em 1948, explicou: “Deve-se escrever da mesma maneira como as lavadeiras lá de Alagoas... Elas começam com uma primeira lavada, molham a roupa suja na beira da lagoa ou do riacho, torcem o pano, molham-no novamente...Colocam o anil, ensaboam e torcem uma, duas vezes. (...) Batem o pano na laje ou pedra limpa. (...) Somente depois de feito tudo isso é que elas dependuram...” São muitas informações para um texto apenas, por isso a necessidade de lavar, torcer, ensaboar, bater...
Tudo começou com um e-mail da Rafaela Ribeiro Macedo da Construtora Camargo Corrêa. A ela se juntaram: Ana Cláudia D. Oliveira e Alessandra Cristina da CCR Actua e Letícia M. S. Santos e o Eng. Sérgio, também da Camargo. Vieram, depois, Marina Mattaraia – CCR –, Luís Gustavo Zanini – Camargo e funcionários-voluntários.
Escolhida a “estação” para ir além: Casa da Fonte da Companhia Saneamento de Jundiaí, iniciou-se a estrutura da plataforma: troca de terra no espaço, pintura dos mourões, construção da quadra de areia, novo tom aos brinquedos, organização dos canteiros da horta... Sr. Alcides “regeu” a estrutura para o “passeio”. E a Prefeitura, através do Fundo Social de Solidariedade – FUNSS, atendeu algumas necessidades para o evento.
Alma em festa de nossa gente pequena e um pouco maior no dia 28 de agosto, “Dia do Voluntariado”, recebendo o bem para ir além. Os pais também compareceram. Convívio afetuoso.
Dança, ginástica artística, capoeira e corte de cabelo daqui. Coral e banda das Escolas Estaduais “Almerinda Chaves” e “Alessandra C. R. Pezzato”. Trouxeram: BuZum – teatro de bonecos -, brinquedos infláveis, palestra-show sobre álcool e drogas,  oficina de saúde, formiga-me, plantio, cachorro-quente, pipoca... Em cada “estação” um encanto.  Photo Truck da ImageMágica presente: a escrita da luz na fotografia para sensibilizar o olhar.
Escreveu Manuel Bandeira: “...Passa pasto/ Passa boi/ Passa boiada/ Passa galho/ Da ingazeira/ Debruçada/ No riacho/ Que vontade/ De cantar!”
Três empresas em sintonia: investimento em um mundo melhor. Semente de bem-me-quer na alma de quem esteve.

 

 

 

MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE-  Professora e cronista. Coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher – Santa Maria Madalena/ Magdala. Jundiaí, Brasil.



publicado por Luso-brasileiro às 19:22
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JOSÉ RENATO NALINI - TARDES MÁGICAS

 

 

 

 

 

 

 

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É um privilégio poder frequentar a Academia Paulista de Letras e usufruir de um convívio realmente encantador. Quem é que pode se encontrar todas as quintas-feiras à tarde com Lygia Fagundes Telles, a maior ficcionista brasileira, cuja obra inebria todas as idades? Quem é que tem condições de se sentar ao lado de Maurício de Sousa, com a sua simpatia, ouvir as estórias do maestro Julio Medaglia, usufruir da sapiência de José Goldemberb, Celso Lafer, José Gregori, conviver com pessoas do gabarito de Renata Pallottini, Ada Grinover, Anna Maria Martins, Gabriel Chalita, Antonio Penteado Mendonça, José de Souza Martins, José Fernando Mafra Carbonieri, Paulo Nogueira Neto, Juca de Oliveira, Raul Marino, Raul Cutait, dom Fernando Figueiredo e os demais, que completam o cenáculo dos quarenta imortais paulistas? Esta semana tivemos uma exposição interessantíssima sobre o franquismo, a morte ainda enigmática de Federico Gqrcia Lorca, o mistério do lugar onde seu corpo foi arremessado, a homenagem que Flávio de Carvalho prestou a ele, com a escultura inaugurada em 1968 e que por duas vezes foi destruída por seguidores de ideologia antagônica.

Jô Soares, que foi recentemente eleito para a vaga de Francisco Marins, este contador de estórias que turbinou minha imaginação de adolescente, não faltou a nenhuma reunião desde que se tornou “imortal”. Acrescentou espirituosa observação após a fala de Renata Pallottini, poeta e dramaturga muito ligada à cultura hispânica. O corpo desaparecido de Lorca é motivo simbólico de sua alma continuar viva em cada um de nós. Para completar a tarde, Lygia Fagundes Telles recitou dois poemas de Cecilia Meireles, a poeta que ela recebeu, quando acadêmica de Direito no Largo de São Francisco e que só pode oferecer um humilde ramalhete de violetas, pois sua mesada não comportava outros arranjos mais sofisticados.

São momentos como esse que justificam nossa crença de que a Humanidade é um projeto exitoso, de que a espécie tem primícias esplendorosas, que a cultura tem vez e que as Academias constituem refúgio de beleza e serenidade, o que nem sempre se encontra em outros ambientes nos quais nossa presença ainda é obrigatória.

 

Fonte: Jornal de Jundiaí | Data: 11/09/2016

 


JOSÉ RENATO NALINI é secretário da Educação do Estado de São Paulo. E-mail: imprensanalini@gmail.com.

 

 

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publicado por Luso-brasileiro às 19:15
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FELIPE AQUINO - CONHECENDO UM POUCO DA VIDA DE SÃO JOÃO CRISÓSTOMO, DOUTOR DA IGREJA

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

É o mais conhecido dos Padres da Igreja grega. Nasceu em Antioquia, Síria. Educado pela mãe, Santa Antusa, viveu vida monástica dentro de casa, nos anos de sua juventude. Quando morreu sua mãe, retirou-se para o deserto e aí permaneceu seis anos, dos quais os dois últimos passou no retiro solitário em uma caverna, em detrimento da saúde física.

Foi ordenado sacerdote pelo bispo Fabiano, em Antioquia. Os sermões de João duravam horas inteiras, por isso o chamavam de Crisóstomo (“Boca de ouro”). As multidões se acotovelavam para ouvir seus sermões. Em 398 foi chamado para substituir o patriarca Netário em Constantinopla. Aí criou hospitais, promoveu procissões contra a heresia ariana; pregava sermões “de fogo” com que atacava os vícios e as friezas, severas advertências aos monges indolentes e aos eclesiásticos dominados pela riqueza. Teve muitas lutas com a corte bizantina, o imperador Acádio e a imperatriz Eudóxia.

 

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O ano de 387 foi “o ano heroico” de João, o da chamada “revolta das estátuas”. O povo derrubou as estátuas imperiais, em sinal de protesto contra o aumento das taxas. Ele pronunciou as suas 22 vibrantes homilias sobre as estátuas.

Como patriarca da capital do Império, viu-se com frequência envolvido em questões e intrigas políticas. Outro pretexto contra ele foi a presença de alguns monges egípcios, excomungados pelo patriarca Teófilo de Alexandria que se refugiaram em Constantinopla. Denunciava os pecados dos ricos e da corte, amava os pobres; era amado pelo povo, embora odiado pelo imperador e pela imperatriz. Dizia a verdade e não temia os poderosos. Um fato o colocou em desgraça com a corte imperial. Um ministro poderoso chamado Eutrópio caiu em desgraça diante de Arcádio e Eudóxia; Eutrópio, perseguido, refugiou-se na basílica de Santa Sofia, invocando o direito de asilo que ali existia. São João Crisóstomo o defendeu e protegeu contra o imperador e a imperatriz. Além do mais Crisóstomo incomodava o alto clero em sua vida fácil e cortesã, acusando-os de simonia, e os monges que andavam rompidos com seus conventos. Denunciava os desvios morais das damas.

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São João Crisóstomo tinha um forte inimigo, o bispo de Alexandria, o orgulhoso Teófilo, que esperava ser o patriarca de Constantinopla no lugar seu lugar. Teófilo se uniu a Eudóxia contra São João, de modo que num falso sínodo em Carvalho, 36 bispos inimigos de São João, o depuseram (“Conciliábulo de Carvalho”), em 403. Então, o imperador Arcádio o exilou na Bitínia com grande dificuldade, enfrentando o povo. Após este primeiro exílio houve um forte tremor de terra em Constantinopla que a imperatriz Eudóxia interpretou como um sinal do céu em favor de São João; o fez voltar do exílio. O patriarca foi aclamado pelo povo e recebido por cerca de trinta bispos.

Mas as intrigas contra o santo continuaram. Em 404 houve a expulsão dos presbíteros encarregados dos Batismos na Vigília pascal, o que marcou o reinício da perseguição a Crisóstomo e dos seus seguidores, os chamados “Joanitas”. Na ocasião da inauguração **bacanalesca** de uma imagem de Eudóxia, o patriarca criticou a imoralidade. E São João foi exilado a segunda vez na Ásia. O Papa Inocêncio I (401-417) informado por São João, condenou as decisões do “Conciliábulo de Carvalho”; mas não podia fazer muito e Arcádio fez o santo desaparecer no Cáucaso, em 406, em Cucusa, na Armênia. O deslocamento extenuante de Cucusa para Pytius, foi feito para impedir as visitas dos fiéis. Do exílio escreveu comovedoras e numerosas cartas onde manifestava as suas preocupações pastorais.

 

Leia também: Você sabe o que é Patrística?

A caridade segundo São João Crisóstomo

Os Santos Padres da Igreja

 

São João Crisóstomo morreu neste segundo exílio, de maus tratos, em 14 de setembro de 407, em Comano no Ponto. Era o dia da Exaltação da Santa Cruz. Sua morte se deu numa capela dedicada ao mártir São Basilisco, que na noite anterior à sua morte lhe apareceu em sonho e disse: “Coragem, meu irmão João, amanhã estaremos juntos”. Foi sepultado ao lado do mártir (Palladio, Vita 119).

É considerado mártir da Igreja. Morreu dizendo: “Seja dada glória a Deus em tudo”. O bispo Proclo obteve do imperador o translado do corpo de São João para Constantinopla; as relíquias chegaram em 21 de janeiro de 438 recebidas por milhares de barcos iluminados.

A sua reabilitação aconteceu em 438 com Teodósio II (408-450). O próprio Teodósio II, apesar de tudo, presidiu a deposição das relíquias na Basílica dos Santos Apóstolos, túmulo dos reis, em Constantinopla, e depois transladadas em 1204 para Roma, para a primitiva Basílica constantiniana, e agora estão na capela do Coro dos Cônegos da Basílica de São Pedro. Em 24 de Agosto de 2004 uma considerável parte delas foi doada pelo Papa João Paulo II ao Patriarca Bartolomeu I de Constantinopla. A memória litúrgica do santo celebra-se a 13 de setembro. O beato João XXIII proclamou-o padroeiro do Concílio Vaticano II.

Crisóstomo coloca-se entre os Padres mais fecundos: dele chegaram até nós 17 tratados, mais de 700 homilias autênticas, os comentários a Mateus e a Paulo (Cartas aos Romanos, aos Coríntios, aos Efésios e aos Hebreus), e 241 cartas. Não foi um teólogo especulativo, mas transmitiu a doutrina tradicional e segura da Igreja numa época de controvérsias teológicas por causa do arianismo, isto é, a negação da divindade de Cristo.

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São numerosos os escritos do santo: Sobre o Sacerdócio, Exortação a Teodoro I e II, Tratado sobre a compunção, Comentário à primeira e segunda Carta aos Coríntios; Contra os adversário da vida monástica, Da incompreensibilidade de Deus, Da providência de Deus; Cartas a Olympia e muitas homilias que chegaram a nós. Foi proclamado pelo Papa São Pio X, padroeiro dos pregadores. (Arrarás, 1983). Gostava de lembrar aos fiéis: “Nunca te esqueças de que Deus fez de ti seu amigo”. (João Crisóstomo, n. 27/1 e 2, (2010).

Próximo da morte, escreveu que o valor do homem consiste no “conhecimento exato da verdadeira doutrina e na retidão da vida” (Carta do exílio).

 

 

 

 FELIPE AQUINO Escritor católico. Prof. Doutor da Universidade de Lorena. Membro da Renovação Carismática Católica.



publicado por Luso-brasileiro às 18:59
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SÔNIA CINTRA - NOSSAS OLIMPÍADAS

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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            Conversando com o tenista Glenio Vilela na Padaria do Sassá, no Parque do Colégio, num desses domingos secos e ensolarados, comentávamos a Abertura dos Jogos Olímpicos - Rio 2016. Um espetáculo incomum, de emocionantes efeitos virtuais e pirotecnia, cujo tema remete às questões ambientais planetárias com foco em nossas florestas, águas e atmosfera. Salvo alguns raros apelos - já caducos - que ainda insistem em vender a imagem do Brasil “baixaria”, as encenações e performances dos participantes foram altamente criativas. Gisele Bündchen mostrou que continua estrela ao atravessar incólume a passarela idealizada no estádio superlotado; Caetano e Gil deram um show de elegância e distinção de música popular e da poesia de Tom e Vinicius; o desfile alegre e multicolorido das delegações culminou com o plantio de sementes e esperanças. O Maracanã chegava até nós e aos recantos do mundo iluminado pelo auriverde de nossa Bandeira e abençoado pelo Cristo Redentor. Na Candelária, a tocha olímpica se fez sol. Valeu o empenho e o trabalho dos dirigentes, dos voluntários e daqueles que antecederam a gloriosa Abertura. Senti falta do Lula, da Dilma, do Pelé, da Elza Marina Mazzei, campeã na natação e na solidariedade, e de outros brasileiros que tanto fizeram para que nosso País se destacasse nos esportes e sediasse a 31ª Olimpíada.

            O slogan “Um mundo novo”, sem deixar de refletir às avessas a obra admirável de Aldous Huxley, coloca a ciência e a tecnologia a serviço da vida original e da estética, resgatando valores éticos e humanitários, muitos deles herdados da Grécia Antiga, renovado berço da Civilização Ocidental. Recordei que, no final da década de 60 e início de 70, quando titular da seleção de vôlei do Instituto de Educação e de Jundiaí, joguei ao lado das irmãs Analice e Cleide, Tica e Ditinha, Vera e Ana, da Eris, Rosa, Ana Leite, Selva, Ângela, Terezinha e Cecília. Treinávamos no Bolão. O técnico era o Professor Maffia, e Nelsão, o preparador físico. Às vezes, improvisávamos um time misto com a equipe masculina de João Machado, Eurico, irmãos Romano, Cirilo, Vasco, Beto, Marino, Fernando e Renato. Jundiaí já era reconhecida nos desportes: Osvaldão no remo, a turma veterana do Brayner na Esportiva, Nélson Prudêncio e Jurandir Ienne no atletismo, Ramón no basquete e a florescente Paula no Divino. Esses são momentos mágicos que a memória garante na história de nossa Terra e na continuidade da existência.

 

 

 

 

SONIA CINTRA - ESCRITORA E PROFESSORA UNIVERSITÁRIA.

 



publicado por Luso-brasileiro às 18:03
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PAULO R. LABEGALINI - CUIDADO COM O QUE DIZ

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Contam que quando o Titanic estava saindo para a sua primeira viagem, o capitão do navio disse a seguinte frase: ‘Nem Deus afunda este navio!’. Bem, sabemos que Deus não castigaria todos os passageiros apenas pela declaração irresponsável do comandante, mas, talvez, sua alma não tenha se salvado.

Outro fato parecido aconteceu em setembro na cidade de Londrina. Uma jovem de 19 anos, que começou a usar drogas, aguardava os amigos em casa para mais uma noitada. Os rapazes passaram para buscá-la com o som do carro muito alto e bebendo bastante.

A mãe da moça, desesperada, disse a eles antes de saírem: ‘Deus acompanhe vocês’. Gargalhando, a jovem pôs a cabeça para fora do veículo e gritou: ‘Só se for no porta-malas, porque aqui dentro está lotado!’. E não demorou muito para o motorista do carro perder o controle e bater num poste, matando os cinco passageiros.

Os bombeiros acharam drogas com os ocupantes do automóvel, mas ficaram surpresos com o estado do porta-malas – estava intacto! Lá, havia uma bandeja com 34 ovos e nenhum deles se quebrou, apesar do carro todo destruído! Impressionante, não? É claro que cada um tem o direito de concluir o que quiser, mas são fatos como este que também ajudam muita gente a tomar mais cuidado com o que diz.

Um simples ‘sim’ ou ‘não’ pode mudar completamente o rumo de nossas vidas, não é mesmo? Hoje, quase todos meus ‘sim’ de antigamente se tornaram ‘não’, e vice-versa. Procuro deixar Jesus responder por mim e, assim, fica mais fácil tomar decisões acertadas a cada dia. E também não é difícil saber a vontade de Deus em cada situação, pois sua Palavra nos orienta naquilo que é certo e que é errado; portanto, é só colocar em prática os ensinamentos dos Evangelhos!

Por exemplo, uma senhora entrou apressada numa lanchonete e, enquanto comia uma porção de fritas, resolveu passar um e-mail urgente ao patrão através do laptop. Foi quando uma voz soou por trás:

– Tia, dá um trocado?

– Não tenho, menino.

– Só uma moedinha para comprar pão!

– Está bem, compro um pra você.

– Tia, pede pra colocarem manteiga também?

– Tá certo, mas depois me deixa trabalhar. Estou ocupadíssima!

O garçom trouxe o pedido e perguntou a ela se queria que pusesse o garoto para fora. Lembrando-se da homilia do padre no dia anterior, a senhora respondeu que o deixasse ficar. E, enquanto comia, o menino perguntou:

– Tia, você tem internet?

– Sim, tenho. É essencial no mundo de hoje.

– O que é a internet que todos falam?

– É um mundo virtual onde podemos ver e ouvir muitas coisas que acontecem por toda parte.

– E o que é virtual?

– É um local que imaginamos mas não podemos pegar. Criamos um monte de coisas que gostaríamos de fazer e até sonhamos!

– Ah, entendi! Eu vivo nesse mundo virtual.

– Você tem computador?

– Não, mas meu mundo é desse jeito. Minha mãe trabalha, passa o dia todo fora e eu fico imaginando ela passeando com a gente. Quando meu irmão pequeno chora de fome, dou água com açúcar pra ele e digo que é sopa. Meu pai está preso, mas sempre sonho que um dia vai voltar com brinquedos pra mim. Isso tudo é virtual, não é?

A ‘tia’ fechou o computador e, emocionada, pediu um sanduíche reforçado para o garoto levar ao irmão. Então, ela partiu para o seu mundo real e ele continuou vivendo no virtual – mas castigado pela sociedade atual.

Se cada um de nós fizesse um pouco do que aquela senhora fez, não existiria tanta gente passando fome pelas ruas. Talvez devêssemos também evangelizar mais a respeito do céu e do inferno. Se todos tivessem certeza que eles existem e que a nossa alma é eterna, muitos iriam querer salvá-la. Já pensou ficar sofrendo para sempre e sem a mínima possibilidade de sair do inferno? Deus me livre!

E como o meu maior desejo na vida é ver Nossa Senhora de perto e ela não aparece pra mim, vou continuar me esforçando para estar à sua frente no Céu. E este desejo é tamanho que não quero perder tempo no purgatório; então, neste final de semana irei trabalhar no Cursilho de Bom Repouso e ajudar mais irmãos receberem graças de Deus. Nada mais justo fazer a minha parte na construção do Reino, já que Jesus me dá graças de graça.

 

 

 

PAULO ROBERTO LABEGALINI - Escritor católico. Vicentino de Itajubá - Minas Gerais - Brasil. Professor doutor do Instituto Federal Sul de Minas - Pouso Alegre.‘Autor do livro ‘Mensagens Infantis Educativas’ – Editora Cleofas

 



publicado por Luso-brasileiro às 18:01
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HUMBERTO PINHO DA SILVA - AINDA DOUTORES & COMPANHIA

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ao comentar a minha crónica: “ Doutor, Engenheiros & Companhia”, no Recanto do Escritor, alguém disse: Quando frequentei a Faculdade de Direito, tive professor, que tratava os alunos do último ano, por doutor, para se habituarem…

E de Campo Grande, por correio eletrónico, o Sr. António Menezes, pergunta-me: “ Se o grau académico não será o meio, de plebeus, terem a ilusão de terem entrado na aristocracia?”

Vou-lhe responder, citando Garrett: A aristocracia era uma instituição admirável, se houvesse todos os anos um júri seleto e imparcial para regular quem havia de entrar para ela e sair dela.” - “ O Arco de Santana”.

Devia haver, também, um júri, para avaliar, se o licenciado, obtido o diploma, continuava a atualizar-se… pelo menos, nas profissões, que cuidam da nossa saúde.

Mário Gonçalves Viana, narra, na “Arte de Estudar”, que certo aluno do Colégio da Trindade, de Oxford, concluído o curso, foi despedir-se do diretor, declarando-lhe que acabara os estudos.

O mestre, admirado, respondeu-lhe: “ Pois meu rapaz, fica sabendo, que eu só agora é que verdadeiramente comecei a saber alguma coisa!”

Marden, explica a razão ou a necessidade, de obter diploma: “ É que se dá mais importância (…) a uma sabedoria fictícia, do que à verdadeira sabedoria, sem garantia de diploma.”

Sempre foi assim. Erasmo – cito “ Erasme” de Léon – E. Halkin” – Classiques du XXº siecle. Ed. Universitaires – escreveu: que teve necessidade de ir a Itália para dar à minha cienciazinha a autoridade desta ilustre estadia; depois obter o grau de doutor.

O mesmo aconteceu a Cesário Verde, que matriculou-se no Curso Superior de Letras, em 1873, como se as Letras lá estivessem, no curso! …

Passa-se o mesmo na pintura e na escultura: Só se dá valor ao artista, depois de ter ido a Paris… à Cidade da Luz.

E quem quer subir na consideração do vulgo, tem que estagiar e obter o mestrado ou doutoramento, numa universidade, fora do seu país.

Também o escritor, só obtém o “ Olimpo”, depois de ser traduzido e premiado no estrangeiro. (Sabe Deus, por que meios, conseguiu o prémio! …)

E por que é assim, em todos os países?!

Porque o ser humano só aprecia o que está longe! …

Não sei se já repararam, que alguns consultórios médicos, encontram-se recheados de certificados de: estágios, congressos, seminários, passados, muitas vezes, por entidades desconhecidas ou quase?!

É para impressionarem o doente…

Havia, na minha cidade, dentista, que mandou encaixilhar diploma de curso de cinco horas, numa clínica de São Paulo! …

Cinco horas bastaram para deslumbrar os pacientes! …

Muito mais poderia escrever sobre o tema, mas parece-me que basta, por agora.

Para remate, é bom lembrar, que há anos, veio do Canadá, famoso professor universitário, para ocupar o cargo de ministro.

Ao chegar a Lisboa, foi aguardado por batalhão de jornalistas, que perguntaram: “ Devemos tratá-lo por Professor ou Sr. Ministro”?

- “ Apenas por Álvaro…”

E de catedrático competentíssimo, passou a ser olhado de excêntrico…Porque não queria ser tratado por Professor nem Senhor Ministro! …

 

 

HUMBERTO PINHO DA SILVA    -   Porto, Portugal.

 

 

 

 



publicado por Luso-brasileiro às 17:51
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EUCLIDES CAVACO - MARGENS DA VIDA

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Terminadas as férias deste ano, aqui regresso de novo com a minha habitual publicação poema da semana. Hoje com este tema declamado
que nos convida a uma reflexão sobre a nossa fragilidade humana.


Veja e ouça este tema em poema da semana ou aqui neste link:



http://www.euclidescavaco.com/Poemas_Ilustrados/Margens_da_Vida/index.htm

 

 

 

 

EUCLIDES CAVACO - Director da Rádio Voz da Amizade , Canadá.

 

 

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publicado por Luso-brasileiro às 17:32
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Terça-feira, 6 de Setembro de 2016
ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOS - AINDA A RESPEITO DOS ANACRONISMOS

                 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Talvez nenhuma época histórica tenha sua compreensão tão prejudicada, pelas distorções produzidas pelo anacronismo, como a Idade Média.

No Medievo, a sociedade se ordenava de modo hierárquico e estamental, em três faixas distintas (clero, nobreza e povo), com funções distintas na organização social. O clero não pagava impostos, mas rezava, pensava, ensinava e cuidava da saúde da população. Cabia-lhe prover ao que presentemente é atribuição dos ministérios da Educação, da Cultura e da Saúde - é claro que com as limitações e as peculiaridades da época, com os critérios culturais e valorativos do tempo. Ignorá-lo, seria, precisamente, anacronismo.

A nobreza governava e lutava. Também não pagava imposto em dinheiro, mas pagava o “impôt de la sang”, o imposto do sangue. Os plebeus não eram obrigados a combater, essa obrigação era dos nobres, os quais também tinham o dever de caçar, A caça, que mais tarde se tornou um esporte e uma atividade prazerosa, durante séculos foi uma rude e sacrificada obrigação, já que a Europa era infestada por feras que punham em risco a vida da população. Lobos, ursos, javalis e, mais remotamente, grandes felinos, durante muito tempo ameaçaram a segurança das populações europeias. Os nobres, caçando, protegiam as populações indefesas e, ao mesmo tempo, preparavam-se para a guerra, sua obrigação maior. Os nobres eram senhores territoriais, mas estavam proibidos de comerciar e não era bem visto guardarem dinheiro. Poder fazer comércio e acumular bens era privilégio do “terceiro estado”, que trabalhava a terra e pagava impostos. Desse privilégio popular e da urbanização, ocorrida a partir do século XII, decorreria o surgimento de uma classe burguesa, que foi crescendo em poder e acabou, como é bem sabido, por desbancar a nobreza e até mesmo a realeza.

A sociedade medieval era entendida como um organismo vivo. Nele, cada órgão desempenhava seu papel específico, em ordem ao bom funcionamento do conjunto. Clero, nobreza e povo se equilibravam, para benefício de todos, como registra Jacques Castelnau: “A vida, que na Idade Média repousa antes de tudo na igreja, tem um segundo ponto de apoio: o castelo. Ela é, ao mesmo tempo, religiosa e heroica. Esse heroísmo, quem o encarna e simboliza, é o senhor feudal, que, assim como o padre, nasceu de uma necessidade popular. Lembrai-vos dos desesperos dos primeiros tempos da cristandade. Sobre as ruínas acumuladas pelos bárbaros, ergueu-se o bispo, com a cruz na mão, ensinando a existência de um mundo sobrenatural e melhor. Acreditou-se nele, e a vida se tornou menos rude. A seu lado, apareceu o nobre, com a espada na mão. E as populações inquietas se sentiram reconfortadas, porque se viram defendidas. Em troca desses dois socorros, o homem do povo levou ao homem de Deus e ao homem da guerra os frutos de suas plantações, as colheitas de seus campos, o duro trabalho de seus músculos. Todos acharam que o negócio era bom. A sociedade medieval, composta de elementos díspares, forma, assim, um conjunto harmonioso, a classificação dos indivíduos correspondeu a uma necessidade, sua hierarquia correspondeu a um entendimento e a um contrato” (La vie au Moyen Age d´après les contemporains, Hachette, Paris, 1949, p. 52).

Por mais que pareça estranha aos homens de nosso tempo, a divisão da sociedade medieval em três estamentos era algo natural e a ninguém ocorria contestar, nem mesmo pôr em dúvida, a razoabilidade dessa ordenação.  É anacronismo imaginar, na Idade Média, sentimentos e anseios de igualdade social que de todo inexistiam.

Esse anacronismo é apontado, de modo espirituoso, pelo historiador francês Frantz Funck-Brentano: “Na Idade Média (...) as relações dos homens entre si são regradas por prescrições estabelecidas, de cuja legitimidade ninguém tem a menor dúvida. Ninguém cogita de protestar contra a sociedade tal como ela é (...) ou imagina que possa existir alguma mais bem construída, mas todos quereriam que ela fosse ainda mais completamente o que ela devia ser. Depois disso, é de muito engraçado ver nossos historiadores do século XIX, com Michelet à frente, pretenderem dar lições aos homens do século XII: - Vós tínheis, senhores, instituições que não vos eram convenientes. - Ora, ora, senhores, começai por considerar o modo como vós mesmos vos acomodais, antes de vos colocardes em nosso lugar e em nosso papel, para julgar das nossas coisas! Muito engraçada, realmente, é a vossa pretensão de nos vir ensinar, oito séculos depois de nós, qual deveria ter sido o nosso procedimento!” (La Renaissance, Paris, Arthème Fayard et Cie. Éditeurs, 1935).  

 

 

 

 

ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOS, é historiador e jornalista profissional, membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.



publicado por Luso-brasileiro às 14:52
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JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI - INDEPENDÊNCIA NO BRASIL AINDA É RELATIVA...

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Com muitas solenidades cívicas, celebra-se a Sete de Setembro o Dia da Independência no Brasil já antecedido por diversos festejos durante a Semana da Pátria. Sem dúvida alguma uma data histórica extremamente importante, cujo próprio significado traduz um processo ou uma condição a ser conquistada a cada dia. E aqui reside uma grande preocupação: efetivamente, uma nação que não investe prioritariamente em educação, trabalho, saúde e cultura, não pode ser considerada independente de fato e, assim, seu povo também não o será. Um indivíduo inculto não tem condições de se revelar num homem psicologicamente livre porque, incapaz de avaliar seus esforços, deixa-se sonegar pelas injustiças dos poderosos.

O Brasil tem sérios e profundos problemas que demandam soluções urgentes, estando na iminência de se instituir um verdadeiro caos social, onde o desrespeito às normas e às instituições se transforme numa abusiva constância. Grande parte dessa situação se origina da alienação e massificação que prevalecem até em pessoas que frequentam escolas em função da baixa formação que recebem. Tais circunstâncias geram egoísmo e comodismo levando ao embrutecimento espiritual e moral, tão bem produzidos por uma cultura consumista, embasada exclusivamente pelo poder econômico, muitas vezes, estritamente ligado à área política.

Para se combater problemas como a desigualdade social, a corrupção, a violência, a recessão e tantos outros, é necessário mais que a simples indignação. O percurso passa pela organização cada vez maior da sociedade civil e pelo exercício concreto da cidadania, também no cumprimento de se exigirem posturas compatíveis com as necessidades fundamentais da população, garantindo-lhe seus direitos básicos, sustentáculo da vida social.

Como já se disse, a solidariedade e a capacidade de reivindicar são armas poderosas e imprescindíveis, que nos outorgam a convicção de que, apesar das adversidades, somos e devemos ter capacidade de resistir a uma dominação que só privilegia poucos. A sociedade precisa se decidir de vez a cobrar menos improviso e mais planejamento de seus governantes e estes, ouvirem o clamor por mais eficácia.

  Por outro lado, patriotismo não é só ufanismo em vitórias da seleção de futebol ou de vôlei, nem tão pouco só em momentos de comoção nacional. Ele principalmente se consolida com sentimento, ação, idealismo, bravura, abnegação e esforço. Mas é também realismo, lealdade, esforço, e concretiza-se no exato cumprimento do dever, na solidariedade e na responsabilidade.

Cada cidadão, por isso, precisa fazer a sua parte, privilegiando a ética nos seus próprios atos e cobrando o máximo de seriedade dos governantes e das instituições, de forma permanente e participativa. Entendemos que uma Nação só atuará com  determinação própria e com concreta independência, quando todos tiverem seus direitos assegurados, com livre acesso, sem quaisquer distinções ou restrições aos legítimos e inalienáveis instrumentos concernentes à dignidade humana, pondo-se fim à enorme exclusão social, à grande concentração de renda nas mãos de poucos e à privação para a maioria, dos bens mais primários.

 

                       

                        DIA DA ALFABETIZAÇÃO

 

 

No dia oito de setembro, o mundo celebra o DIA INTERNACIONAL DA ALFABETIZAÇÃO, criado pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura), cuja luta prioritária, é a educação para todos. Num momento em que evolução é sinônimo de conhecimento, em que se produz uma admirável revolução no campo das comunicações, é intolerável que tantos brasileiros continuem a ter seu acesso barrado ao mundo da cultura e da informação, apesar dos significativos avanços nos últimos tempos. Por isso não deve ser descurado o combate ao analfabetismo e quando o Estado não propicia condições para tanto, evidentemente que o voluntariado se faz cada vez mais necessário, já que o setor privado, preenchendo uma lacuna deixada pelo Poder Público, beneficiar-se-á das conquistas neste campo. Associar o desenvolvimento educacional ao desenvolvimento social é fundamental para que se obtenham resultados positivos verdadeiros no processo de alfabetização, principalmente no caso daqueles que perderam a chance de passar pela escolarização regular.

 

 

JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI, jornalista, escritor e professor universitário. É presidente da Academia Jundiaiense de Letras (martinelliadv@hotmail.com)



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MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE - ALÉM DO SEMBLANTE

 

 

 

 

 

 

 

 

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A moça me enviou, via WhatsApp, fotos com panelas grandes de arroz, feijão e inúmeras bandejas de salada, arrumadas com esmero. E ela, em uma das imagens, de avental, touca, escumadeira e sorriso imenso. Escreveu como legenda: “Para você que acreditou em mim”. Comovi-me.
Conheci-a faz onze anos. Naquela época, não conseguia acertar o ritmo de sua vida. Entrou e saiu, duas ou três vezes, de uma clínica de recuperação para dependentes químicos. Havia nela uma espécie de pororoca. Bem assim: ondas violentas no encontro de sensações contraditórias. Ora desejava assumir com determinação seus compromissos de mãe e filha, ora um sentimento amargo a arrastava para os becos escuros de seu eu. E do beco, a pedra suicida. O crack, sem dúvida, é uma pedra assassina e suicida, que submete o organismo a seus efeitos, refletindo-se na ausência de hábitos básicos de higiene e cuidados com a aparência, em problemas respiratórios, no aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial, na degeneração dos músculos esqueléticos, nas oscilações do humor, nas lesões no cérebro, em prejuízos cognitivos, em paranóias, em alucinações, na exposição temerária à violência e a situações de perigo. O crack era o “remédio” de segundos que aliviava seu desespero, porém a estrangulava.
Uma dessas ondas impetuosas a empurrou para as esquinas com fluxo maior de veículos, onde pedia uma moeda. Cabelos embaraçados, rosto com nódoas de sol a pino, sujeira das ruas nas roupas, fala em soluços, olhar perdido no nada.
 Abordei-a por inúmeras vezes. Tentei levá-la de volta para casa. Uma tristeza imensa a estagnava em coisa alguma.
Veio a cadeia, a audiência, o alvará de soltura, as palavras de reflexão, mas permaneceu aprisionada ao vício que insistia em submergi-la. Veio a noite com o susto pela dívida, que a machucou e sacudiu. Veio a consciência, se bem que embaçada, pelos fracassos e riscos de morte prematura. Recomeçou, passo a passo, dia por dia. Refez-se, sem perder a clareza de que, esporadicamente, como acontece, o passado a amedrontaria. Aprendeu a soprar as angústias que derrubam e dar lugar à prece que a aproxima de Deus. Recuperou o colo que os filhos buscavam e luta para que não passem por pegadas suas de outrora.
Jamais perdi, realmente, a fé em sua transformação, pois transbordavam, de seus olhos, lágrimas com alma.

 

 

 

MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE-  Professora e cronista. Coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher – Santa Maria Madalena/ Magdala. Jundiaí, Brasil.
 



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CINTHYA NUNES VIEIRA DA SILVA - BAH TCHÊ!

 

 

 

 

 

 

 

 

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Aos poucos, conforme minhas condições de tempo e dinheiro permitem, vou buscando conhecer lugares diferentes, dentro e fora do Brasil. Ainda não pude muito, mas tenho a esperança de prosseguir fazendo minhas pequenas incursões, sobretudo porque as faço em família e isso dá um significado todo especial a esses momentos.

Assim, dessa vez, escolhemos conhecer Gramado, no Rio Grande do Sul. Para aproveitarmos as férias de todos e o clima que torna o local um destino especial  para o inverno, partirmos em dois casais e meu sobrinho de 4 anos.

Para começo de conversa, lá estava bem frio. Claro que nada comparado a lugares do mundo que são congelantes, mas para mim, ao menos, temperatura perto de zero e sensação térmica negativa já são suficientes. Sobretudo porque eu não gosto de frio! Pois é! E por que fomos pra lá? Porque eu gostaria de conhecer  e porque perdi a votação...

Reuni, portanto, todo meu pequeno arsenal "antifrio", a coragem de que dispunha e segui para as Serras Gaúchas e agora sou obrigada a dizer que ainda bem que aceitei a vontade da maioria. Para começar, a paisagem, por si só é de tirar o fôlego. A natureza ainda está melhor preservada e, no geral, as cidades são limpas. Mas aquele lugar esconde uma ameaça capaz de fazer explodir calças e botões de camisa: a comida! Como se come bem naquele lugar e nas cidades ao derredor! Se a pessoa for chocólatra é de bom alvitre que vá com preparo psicológico ou que se desprenda de algumas vaidades, pois a artilharia lá é pesada, deliciosamente letal para regimes.

O negócio é que para onde você vire há uma fábrica de chocolate e todas elas oferecendo novidades e degustação. E basta a primeira dose ou a primeira mordida, conforme seja chocolate quente ou cruéis barras amargas, meio-amargas, ao leite, brancas, com passas, pimenta ou sabe-se lá mais que alquimia incorporada. Mesmo eu que não sou comedora compulsiva de chocolate, quase enlouqueci com tantas cores, formas, aromas e sabores diferentes.

Mas as tentações gastronômicas não se resumem aos produtos derivados do cacau! A coisa toda é muito mais séria: há uma mistura entre culinária italiana e alemã que resulta em pães divinos, geleias de todos os sabores, massas e molhos, sopas, strudel de maçã, cucas, embutidos, queijos, vinhos e uma nata divina que se come junto com doces variados... Em resumo, dá para comer por mais de uma semana sem repetir o cardápio, tranquilamente. Embora não impunemente, rssss...

Claro que a culinária foi um dos pontos marcantes, mas nem de longe o único. Há muitos lugres belíssimos para conhecer, quase todos onde a natureza ou é a protagonista ou coadjuvante importante. Os parques, as cascatas, as trilhas e o ar especialmente puro são um show à parte. Vale a pena conferir também os museus que resgatam a história do lugar, com suas tradições.

Maravilhoso o passeio de Maria Fumaça até as cidades de Garibaldi e Bento Gonçalves, com shows de música e humor dentro dos vagões, passando por vinícolas e criações de ovelhas, tudo como se fosse uma rústica máquina do tempo, repleta de história e tarantela!

À  propósito, encantou-me o quanto os gaúchos preservam suas tradições, desde a apresentação de dança e música típicas até a comercialização de produtos artesanais. Tudo isso somado a uma simpatia quase ímpar. Ser bem atendido lá é estar na normalidade, destacando-se aqueles que não o fazem. É claro que para nossas bandas também contamos com bons atendimentos, mas parece-me que, aos poucos, infelizmente, equação vai se invertendo.

Gostei de conhecer um pedaço do Rio Grande do Sul e de constatar, mais uma vez, que embora sejamos vários "países" dentro de um mesmo país, somos de uma riqueza ímpar, um bom gigante adormecido que vem sendo espoliado por anões de má índole, ignorante que é da força que tem. Quiça um dia possamos despertar em tempo.

Espero retornar em breve, conquistada que fui pela alegria das prendas, pelo bater das bombachas e pelo sotaque daquela gente cheia de vida e vontade. Até qualquer dia! Bah Tchê!

 

 

 

CINTHYA NUNES VIEIRA DA SILVA - Advogada, mestra em Direito, professora universitária e escritora - São Paulo.  -  cinthyanvs@gmail.com



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ARMANDO SOUSA - A MOURA DO NORTE

 

 

 

 

 

 

 

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Ainda estavam longe os anos de 1500, mas a alma de aventura da gente Portuguesa deixava-se voar num sonho, nas ondas de uma realidade que se vinha acentuado, o mundo não era um disco direito, mas para muitos ainda não tinha barreiras de gelo intransponíveis,.

Os homens de Barcelos, Minhotos encetados por seu rei e seus fidalgos, embarcavam procurando o fim do mundo.

O maravilhoso desconhecido para além do mar.

Um dia desembarcaram num lugar onde apenas se via gelo e o vento era gelado, cortante... estes homens desceram e exploraram os arredores de montanhas de neve

Os navios ficaram rodeados de gelo e não poderão seguir viagem, estes valentes então resolveram esperar e explorar...homens dotados de maneira de sobrevivência, confeccionaram vestuários com peles de animais que viam mergulhar nas águas gélidas por furos que eles mesmos faziam no gelo.

Estes valentes de alma nobre Portuguesa, ali viveram, valendo-se da pesca e da caça a animais como o urso a render e a foca.....

Os meses passaram, o gelo ia derretendo, com a subida do sol, ali não havia nada, apenas neve...como eles diziam, Ca-nada, ficando o nome Canadá....

Esses duros e valente homens minhotos, ao descerem os mares das costas Americanas, para fugirem dos gelos, encontraram grande barcos movidos pela força do homem remando e atacaram as caravelas dos valentes Portugueses, estes astuciosos os levaram a sítios só deles conhecidos, assim os poderão encurralar e vencer pela fome e pelas armas.

Os barcos vikings vinham repletos de mulheres cobertas de seda, onde apenas os olhos verdes azeitonados reluziam por entre as sedas; estas deixavam transparecer beleza de contornos de geométricos corporal, estas violas faziam enlouquecer homens por tantos meses longe da macieza de mãos de mulheres...

Na luta, muitos dos portugueses ficaram feridos, mas salvaram tantas jovens de serem desfloradas, ou mesmo talvez mortas, depois de saciados os Vikings.

D. Mendes de Sousa ficou terrivelmente ferido, e uma dessas jovens com carinho de uma deusa, vinda do além, que apenas um sabe de onde, esta o veio curar.

Assim limpou as ferias com as sedas de suas faldas, as mais graves feridas, as coseu, molhando com seus lábios a linha par amaciar a dor.

Assim tiveram de voltar ao gelo para dar tempo de curar todas as feridas.

Fatema, foi sempre a enfermeira de D. Mendes de Sousa, cada momento, esta o acordava com beijos nas suas feridas, este ia ganhando forças e curiosidade, ao mesmo tempo sentia o seu coração transbordando de amor, por aquele corpo de mulher que ainda não tinha visto sua verdadeira beleza.

A febre por vezes o faria delirar, e no seu delírio este declarava que amaria ser casado com mulher de tão bom coração, amaria beijar aqueles lábios que lhe beijavam suas feridas, e as estavam a fazer sarar como por encanto; mas como o fazer sem magoar o seu pudor, sem ferir talvez sua crença.

Um dia, D. Mendes acordou das suas dores, e viu sua enfermeira de cara descoberta a joelhada, de crescente entre as mãos, como implorando pelas melhoras deste ser ali estendido... então D. Mendes tirou do peito uma cruz dizendo, este é o símbolo do meu Deus.

Mas as línguas eram diferentes, apenas os sentimentos se compreendiam; os sorrisos também, se o tule não cobri-se sua face e seus olhos; estes brilhavam com luz doce.

Assim principiou um aprendizado em língua Portuguesa, onde os gestos eram grandes mestres; os homens demonstraram o grande respeito que tinham pela mulher, por sua beleza e macieza do falar, e a cura que davam à dor, seus lábios tudo poderiam dar. Estas aprenderam que um toque de homem poderia ser uma onda eléctrica de prazer, ou de sofrimento, se este toque não transmitisse o desejo do amor, e confiança de uma vida terrena cheia de felicidade.

Estes souberam que aquelas mulheres ainda crianças, foram retiradas as famílias e se destinavam a formar aldeias com os Vikings mas forcadas pelo chicote.

Os Gentis Homens Comandados por D. Mendes de Sousa, deram-lhe escolha, voltar a suas terras do Norte, ou seguirem para Portugal e se juntarem se assim fosse sua vontade, ao mouros que habitavam as terras Portuguesas. Mas advertiram que estes estavam debaixo de ferros; ou abandonarem as terras Portuguesas, ou renegar a seus deuses, tornando-se cristãos novos.

Estas Mulheres depois de ponderarem as conseqüências que poderiam sofrer com a lei Islamista, ao voltarem, poderiam ser apedrejadas ate à morte.

Estas mulheres amavam os homens da fé em cristo e seu respeito pelo ser humano em especial pelas Mulheres; resolveram seguir para Portugal com seus salvadores.

Fatema, era este o nome da moura do Norte; sem o dizer, amava D. Mendes de Sousa, um jovem ainda de vinte e quatro anos, mas já capitão e com Ducado.

Este, um dia depois de se ter recuperado de suas feridas par as libertar, desembainhou sua espada depondo-a sobre seus ombros, fez de Fatema sua rainha, pedindo-lhe para que fosse sua esposa, educando seus filhos na lei de cristo.

As outras seguiram Fatema, na escolha de sua fé, retirando o véu que lhes cobria a face e os cabelos, estas prometeram ser esposas fieis dos homens escolhidos.

O casamento de D Mendes foi celebrado por cercas de uma semana a cada dia; Fatema era uma beleza no seu manto de nobreza, os beijos a electrificavam, mas as saudades de sua casinha do Norte a mortificavam.

Esta se recolheu perante a dor; D. Mendes de Sousa, este procurava os melhores sábios, mas estes diziam que não havia remédio par as saudades, e suas saudades eram do manto branco que cobria o seu pais, a neve, e o fogo da lareira em família.

Então D. Mendes mandou plantar amendoeiras, estas se estendiam da serra da estrela ate ao Algarve. Depois que as amendoeiras floriram este chamou sua esposa par ver o manto de brancura, mas em flores e em cheiro.

As faces desta se reanimaram como uma cor rose, de veludo...

Moura linda, e esposa, quanto mais descia a caminho do mar, desse mar macio a tinha visto chegar, mais cores e flores entravam em seus olhos, então esta maravilhosa esposa pediu par restar mais algum tempo vendo este lugar dos mais aprazíveis ate aqui já visto. Os meses decorreram perto do mar, mas ainda no descer da serra em Monchique a moura do Norte deu à luz uma menina a quem deu o nome de Primavera do Mar.

Assim esta filha foi a cura de tantas saudades, vivia no torrão de sua filha.

 

 

 

ARMANDO C. SOUSA   -   Escritor português, radicado em Toronto, Canadá.

 

 

 

 



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JOSÉ RENATO NALINI - A MARICOTINHA DA ESCOLA PÚBLICA

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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A 24ª Bienal do Livro de São Paulo já produziu um efeito magnífico para a selecionada plateia de formadores de opinião que participou da solenidade de abertura. Foi o show de Maria Bethânia, cada vez melhor e mais inspiradora, a declamar, a cantar e a provocar a reflexão dos extasiados ouvintes de sua performance. Sua voz faz com que tudo revista encanto novo. Canções antigas adquirem colorido inesperado. Apelos se impregnam de emotividade mais intensa. Que privilégio participar desse momento mágico.

Para além da beleza auditiva, permanece a responsabilidade de refletir sobre o que Bethânia ali nos legou. A mensagem de aluna da escola pública, que se viu nesse universo despertada para a transformação que só a palavra é capaz de propiciar a quem se propuser ouvi-la. Quem se detém a encarar a palavra, é por ela inevitavelmente conquistado. Conquista definitiva, de cumplicidade que só se apura com o tempo. A paixão pela palavra, qual fonte copiosa e infinita, continua a jorrar pela vida afora o precioso milagre do encantamento.

Bethânia se lembrou com carinho de sua primeira professora. Pronunciou com respeito o seu nome. O nome reverenciado daquela que incutiu na artista o amor pelos poetas populares, cujos nomes também deveriam ser decorados – guardados no coração – e proclamados com veneração por todos os alunos, em todas as escolas, todos os dias.

A escola pública produziu maravilhas e continua a produzi-las. No imenso universo das redes oficiais deste nosso Brasil tão heterogêneo e tão complexo, é a professora do estado ou do município a mais heroica das profissionais. A despeito das dificuldades, das incompreensões, da ingratidão e da falta de reconhecimento, quantas delas continuam a propagar o conhecimento, a difundir a sabedoria, a entusiasmar o aluno a desvendar o mundo e a persistir na busca do crescimento interior, que não tem termo definitivo, mas tem a duração de cada existência.

Que bom seria que egressos da escola pública alardeassem, como o faz Maria Bethânia, o legítimo orgulho dessa proveniência que é a mais comum entre os brasileiros e que precisa tanto do reconhecimento, do respeito e do carinho de quem ainda considera a educação o maior desafio e a maior esperança da gente brasileira.

 

Fonte: Jornal de Jundiaí | Data: 01/09/2016

 

 


JOSÉ RENATO NALINI é secretário da Educação do Estado de São Paulo. E-mail: imprensanalini@gmail.com.

 

 

 

 



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