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Sábado, 21 de Janeiro de 2017
CINTHYA NUNES VIEIRA DA SILVA - MUCHAS GRACIAS

 

 

 

 

 

 

 

 

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Se dependesse da minha vontade eu já conheceria muitos lugares do mundo. Embora eu nao tenha um espírito aventureiro, sendo uma pessoa que, no dia a dia, aprecia mais a estabilidade das coisas, a seguranca da minha casa, gosto de conhecer lugares e culturas diferentes. infelizmente, entretanto, o meu desejo de viajar, de globalizar meu conhecimento sobre lugares e pessoas acaba sendo tolhido por questoes como trabalho e condicoes financeiras. Aos poucos, porém, conforme vou me organizando, vou ampliando meus horizontes.
E foi assim, pagando em varias prestacoes que vim parar no Uruguai. Nesse momento em que escrevo, estou na cidade de Montevideo, na recepcao do hotel no qual me hospedo, usando um dos computadores da recepcao, já que me esqueci de trazer notebook ou tablet. Registro que, para isso, estou sofrendo um pouco: nao consigo encontrar,  no teclado, como colocar a cedilha e nem alguns acentos. Contarei, nesse tocante, com a boa vontade dos revisores dos jornais que publicam meus textos, para que me facam o favor de, antes de publicar esse, fazerem as correcoes necessárias. Caso voce leitor, esteja lendo sem essa correcao, peco que me perdoe, mas nao encontrei meios de digitar corretamente. 
Pois bem, a língua nao se apresentou como barreira ao menos. Durante minha vida acabei estudando espanhol e, pela semelhanca com o portugues, se os uruguaios tem a caridade de falar um pouco menos rápido, é possível entender e se comunicar sem maiores problemas. Desse modo, televisao, rádio e informacoes escritas sao decifráveis com alguma atencao.
Achei o Uruguai, pelo que vi até o momento, um país bem diferente do Brasil em vários sentidos. Aqui há uma campanha séria pela reducao do sódio na alimentacao e, para quem é acostumado com comida mais salgada, tudo parece meio sem gosto. Acredito, inclusive, que essa reducao seja a responsável pela forma física dos uruguaios, já que a populacao quase nao tem obesos, sobretudo obesos severos. 
No verao, aqui em Montevidéu (nao sei se o mesmo se passa no restante do país), as pessoas comecam trabalhar somente às 10h da manha e, antes desse horário é possível encontrar um número muito significativo de pessoas caminhando pelas orla do Rio da Prata, usando as praias de água doce para prática de exercicios, lazer e descanso. Notei também que há muitas pessoas idosas, mas o que mais me chamou a atencao foi notar o quanto delas disputa o espaco entre os corredores e ciclistas. 
Em um dos dias da minha estadia fui conhecer a cidade de Colonia Del Sacramiento. Para quem pensa em vir ao Uruguai eu acredito que esse seja um passeio imperdível. O lugar é repleto de história, charme e conservacao. A estrada até lá, partindo de Montevideu, no entanto, além de monótona, é mal sinalizada e fiscalizada. Incomodou-me a imensa quantidade de corpos de animais que, atropelados, ficam apodrecendo nos acostamentos, sem que ninguém os retire. Caes, tatus e outros pequenos mamíferos que nao consequi identificar ficam expostos em um retrato bem cruel da morte.
A comida aqui é muito baseada na carne e em batatas fritas, o que é um tanto sofrido para mim que, aos poucos, venho me abstendo da carne vermelha e de frituras. O curioso é que os pratos sao enormes, a comida calórica e as pessoas nao sao gordas... Exercicios, dormir até tarde e a diminuicao do sal talvez sejam, juntos, a explicacao para isso.
Uma coisa assusta muito os recém chegado: a moeda deles, o peso uruguaio, é desvalorizado frente ao real e, assim, 1000 pesos sao cerca de 100 reais. Entao, para o brasileiro, em um primeiro momento, assusta ir comer um simples lanche e pagar 500 pesos. Quando se converte ao real, porém, muitas vezes se percebe que  certas coisas aqui custam menos do que no Brasil. Só para se ter uma nocao, um almoco em um restaurante, para 4 pessoas, facilmente fica 2000 pesos, o que é assustador se pensado em números absolutos, mas nao tem o mesmo efeito quando se entende a proporcao e já se converte tudo automaticamente. 
No geral, os uruguaios sao um povo muito agradavel, cortes e bonito. Como nao viajo muito creio ser pouco provável que eu volte para cá, ao menos a curto e médio prazo, mas irei embora levando boas impressoes. Como acontece com os países da América do Sul, muito há a se corrigir e ajustar, mas ficou para mim a aparencia de que o povo aqui é mais feliz do que em muitos lugares do mundo. 
"Mucho Gusto" Uruguai! Até qualquer hora dessas, "si Dios" quiser...
 
 
 
 
CINTHYA NUNES VIEIRA DA SILVA - Advogada, mestra em Direito, professora universitária e escritora - São Paulo.  -  cinthyanvs@gmail.com


publicado por Luso-brasileiro às 18:43
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VALQUÍRIA GESQUI MALAGOLI - TAPINHA NAS COSTAS

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Amigos, ou o que se convencionou chamar assim, muitas vezes não perdoam.

Animais, sim, sabem que errar é humano!

Por isso, à menor perspectiva de desconfiança infundada, os primeiros costumam abandonar, enquanto os segundos... os segundos são lá e cá abandonados, à semelhança nossa, por seu “melhor amigo”.

Já entrei, amigos (posso chamá-los de amigos?), em briga para defender direito de companheiros que... pensam que me acompanharam? Deram-me um tapinha nas costas a título de boa sorte.

Quando a gente é gente, precisa saber que se é para entrar numa briga, é com a cara e a coragem, sem contar com os da própria raça.

Será, então, mesmo, tão estranho que não me entre na cabeça por que ainda me questionam sobre minha devoção aos animais?

É tão difícil esse raciocínio simples?

Tenho assistido envenenamentos de gatos na minha rua; vejo gente que vive de envenenar-se e aos outros com fofocas sobre a vida alheia, cujo principal objetivo, afora o maldito hábito, é tirar da sua própria vida o foco da falação.

Tenho ouvido constantes relatos de pessoas que viram alguém abrir a porta do carro, soltar um cão e depois dar no pé.

Tenho visto a mesma fulana que me roubou, se livrar de me pagar o que deve, ancorando-se em brechas de leis que lhe permitem, entre outros absurdos, abrir nova firma – como fez – para oferecer exatamente o mesmo trabalho, descaradamente anunciando chavões do tipo: somos uma empresa idônea; realizamos seu sonho. Tenho observado outros ingênuos, motivados pelo tão comumente explorado sonho, caírem na mesma falcatrua. E tenho que ficar quietinha, porque senão ela pode usar o que quer que eu diga como termo ofensivo durante o processo.

Tenho recebido visitas imediatas ao solicitar uma prestação de serviço, mas amargado esperas que não ou muito mal se cumprem quando se faz necessário corrigir o que foi mal executado.

Tenho falado com as paredes, e torço para que além de ouvidos tenham coração, já que a maioria dos ouvidos humanos está sob algum tipo de fone.

Tenho ouvido que esse mundo ainda não está perdido.

A essa altura é que me perco. Não sei se não entendo bem, ou se não ouvi direito.

 

 

 

Valquíria Gesqui Malagoli, escritora e poetisa,  vmalagoli@uol.com.br / www.valquiriamalagoli.com.br

 



publicado por Luso-brasileiro às 18:40
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JÚLIA FERNANDES HEIMANN - A PALAVRA DEUS

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ao observar o segundo mandamento da Lei de Deus: “Não tomar Seu santo nome em vão”, refletimos sobre o uso impróprio que dele fazemos.

Com tantas notícias ruins que ouvimos sobre a Cidade de Deus-RJ, ficamos imaginando se não é um paradoxo o uso desse nome. A Cidade de Deus foi um conjunto habitacional de casas populares, erguido em 1964, no governo de Carlos Lacerda,  objetivando a remoção de favelas e a criação de casas de cimento. Pertencia ao bairro Jacarepaguá, mas foi desmembrado. Em 2002, com o filme homônimo,o bairro foi projetado, nacional e internacionalmente, como violento. Fama que absorveram. Em 2011, recebeu a visita de Barack Obama, que jogou futebol com as crianças e foi bem recebido.

       Maior uso impróprio é o que acontece  no Estado Islâmico pois, em Seu nome, são degolados homossexuais e adúlteras, porque Alá não os aprova.No Êxodo, então, Deus jamais ordenaria a Moisés o que ele mandou seus seguidores fazerem: “Cada um de vocês pegará uma espada e irá pelo acampamento, de ponta a ponta, matando seus parentes e amigos que profanam a Deus, adorando o Bezerro de Ouro”. O livro do Êxodo, 28, completa: “Os levitas obedeceram à ordem de Moisés e mataram, naquele dia, cerca de três mil homens”. Também, em nome de Deus, as oito cruzadas foram sangrentas. Um historiador curdo escreveu: “Mulheres e crianças corriam pelos becos, eram alcançadas e degoladas. Chegando à Síria, o chefe da Primeira Cruzada prometeu clemência se eles se rendessem. Mentiu. Durante três dias passaram a população à espada. E mais, para alimentar a tropa, cozeram pagãos adultos em caldeirões e enfiaram crianças em espetos e as assaram. Em documento enviado a Urbano II, o comandante justificava:- Uma fome terrível nos atormentou e impôs a necessidade de nos alimentarmos com os corpos dos sarracenos”.

  Do Mar Vermelho ao norte da Síria, do Mediterrâneo até a Babilônia, o sangue daquele povo, que professava outras maneiras de ver Deus, jorrou abundante nas guerras religiosas e de conquistas.

   Era um povo bárbaro e sanguinário? Então, por que em pleno século XXI os facões da organização jihadista do EI já degolaram mais de dois mil prisioneiros que consideraram infiéis?

E o mundo assiste a tudo isso feito em nome de Deus. A barbaridade continua.

 

 

 

 

JÚLIA FERNANDES HEIMANN   - escritora, poetisa e acadêmica. Jundiaí.    



publicado por Luso-brasileiro às 18:36
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FELIPE AQUINO - SIM. HÁ UM CAMINHO MAIS INTELIGENTE E MAIS SUAVE !

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Pare um instante e reflita no que dizem essas poucas linhas…

 

 

Realmente hoje temos muita ciência, mas pouca sabedoria. O primado da técnica sobre a ética e da ciência sobre a moral não garantem a felicidade do homem moderno. Isto faz com que ele tenha medo daquilo mesmo que construiu com suas mãos e sua inteligência. Há um caminho mais suave para se viver e ser feliz. Que caminho é esse?

É por onde se observa coisas simples e naturais, medita e equilibra: ciência e fé. Por exemplo:

A rua mais limpa não é aquela que se varre mais vezes, é a que se suja menos.

A consciência mais tranquila não é a que se confessa muito, mas a que peca menos.

Ser rico não é se matar de trabalhar, de negociar, às vezes até passando os outros para trás. Ser rico não é ter muito, é precisar de pouco.

Ser culto e erudito não é apenas devorar muitos livros, mas também saber aprender com os outros.

Ser saudável não é fazer muito regime e muita ginástica; é comer menos, dormir mais, se agitar pouco.

Ter saúde não é tomar frascos e frascos de vitaminas; é se alimentar bem, sem exagero, com uma ração balanceada, colorida, saudável.

Se realizar não é falar muito e parecer “o bom”; é saber usar o silêncio para degustar a sabedoria que os outros nos passam e que nos enriquecem.

 

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Leia também: A autêntica meditação cristã

A Ciência e a fé podem conviver em harmonia?

O dom da Sabedoria

 

Ser humilde não é se desvalorizar e enterrar os próprios talentos, é ser fiel à verdade de sua vida e de sua realidade.

Ser casto não é fazer penitências pesadas para vencer as tentações, é fugir delas, na vigilância e na oração.

Ser eficiente não é correr contra o tempo, é saber usar o tempo, contar com ele. Tudo que é feito sem contar com ele, ele se incumbe de destruir.

Ser perfeito não é querer imitar os outros, é desenvolver os próprios talentos e aceitar a sua realidade.

 

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Ser produtivo não é se matar de trabalhar, é trabalhar sempre, sem pressa, mas sem parar, como a planta.

Quando você não conseguir fazer alguma coisa de maneira rápida, não desista; apenas tente fazer devagar.

Que tal seguir um caminho mais suave, mais natural, mais humano?

 

 

FELIPE AQUINO - Escritor católico. Prof. Doutor da Universidade de Lorena. Membro da Renovação Carismática Católica.

 



publicado por Luso-brasileiro às 18:27
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PAULO R. LABEGALINI - NÃO TEMA, CRÊ SOMENTE

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O título deste artigo é uma frase do capítulo 5 de São Marcos. E antes de refletir melhor sobre o assunto, vou contar uma história.

Um rei condenou seu humilde súdito à morte. O homem, prestes a ser executado, propôs e teve a concordância do rei, permitindo que ensinasse o cavalo real a voar. Caso não conseguisse no prazo de um ano, então sua sentença seria cumprida. Foi quando um companheiro de cela lhe perguntou:

– Por que adiar o inevitável?

– Não é inevitável. Das cinco possibilidades de ocorrência, as chances são quatro a uma a meu favor. Veja, dentro de um ano: o rei pode perder o trono; eu posso fugir; o cavalo pode morrer; ou posso ensiná-lo a voar! Só na pior hipótese, o animal pode não colaborar e acabarei morrendo.

Bem, frequentemente nos vemos diante de obstáculos difíceis e aparentemente impossíveis de transpor, não é verdade? Por mais que busquemos soluções, elas parecem não existir. O primeiro impulso pode até ser desistir, mas é preciso que jamais esqueçamos que para o nosso amado Deus todas as coisas são possíveis.

Assim como o súdito da história, aprendamos a olhar a situação com otimismo. Para cada possibilidade adversa, muitas favoráveis poderão ser encontradas e, com muita fé e determinação, o que parecia impossível logo será realidade.

Mas, além da fé, é preciso ação! Por exemplo, se existem três sapos numa folha de vitória régia e um deles decide pular para dentro d’água, quantos sapos restam na folha? A resposta certa é: três sapos – porque o sapo apenas decidiu pular e não pulou.

Muitas vezes, decidimos fazer isso, fazer aquilo, mas acabamos não fazendo nada! Na vida, temos que tomar decisões – algumas fáceis e outras difíceis. A maior parte dos erros que cometemos não se deve às decisões erradas, mas às indecisões. Temos que viver com as consequências das nossas decisões e isto é arriscar. Aliás, tudo é arriscar.

Rir é correr o risco de parecer um tolo. Chorar é correr o risco de parecer sentimental. Expor ideias e sonhos é arriscar-se a perdê-los. Amar é correr o risco de não ser amado. Viver é correr o risco de morrer. Ter esperanças é correr o risco de se decepcionar e tentar é correr o risco de falhar.

Os riscos precisam ser enfrentados, porque o maior fracasso da vida é não arriscar nada. A pessoa que não arrisca, não faz nada e não tem nada. Ela pode evitar o sofrimento e a dor, mas não aprende, não muda e não cresce. Também quem se entrega nas mãos de Deus e ‘arrisca receber uma grande graça’, é sempre aquele mais abençoado.

Porém, quanto mais aliados tivermos, menores serão os riscos de insucesso. Então, temos que aprender a nos aproximar das pessoas que nos cercam e este conto nos ensina a fazer isso:

Um dia, um pensador indiano fez a seguinte pergunta a seu discípulo:

– Por que as pessoas gritam quando estão aborrecidas?

– Gritamos porque perdemos a calma.

– Mas, por que gritar quando a outra pessoa está ao seu lado?

– Bem, porque desejamos que nos ouça melhor.

– Então, não é possível falar-lhe em voz baixa?

– Talvez sim, mas é difícil controlar!

– O fato é que, quando duas pessoas estão aborrecidas, seus corações se afastam muito. Para cobrir essa distância precisam gritar para poderem escutar-se mutuamente. Quanto mais aborrecidas estiverem, mais forte terão que gritar para ouvir um ao outro através da grande distância.

E o mestre continuou explicando:

– Por outro lado, o que sucede quando duas pessoas estão enamoradas? Elas não gritam! Falam suavemente porque seus corações estão muito perto. A distância entre elas é pequena e, às vezes, seus corações estão tão próximos que nem falam, somente sussurram! E quando o amor é mais intenso, não necessitam sequer sussurrar, apenas se olham e basta.

Por fim, o pensador concluiu, dizendo:

– Quando discutir com alguém, não deixe que seus corações se afastem e não diga palavras que os distanciem mais, pois chegará um dia em que a distância será tanta que não mais encontrarão o caminho de volta. Pense nisso, meu amigo!

Portanto, quando também você for discutir com alguém, lembre-se que o coração não deve tomar parte nisso. Se a pessoa não concordar com suas ideias, não é motivo para gostar menos dela ou se distanciar, ainda que por instantes. E quando pretender encontrar soluções para as desavenças, fale num tom de voz que permita uma aproximação cada vez maior.

Bem, podemos concluir dizendo que nossa vida é como a vida de um atleta. Estamos numa corrida e no final do percurso está Jesus, esperando para nos entregar pessoalmente a medalha de campeão. Ele nos encoraja a todo tempo, dizendo: ‘Força!’.

O nosso prêmio será tê-Lo em nossa vida para sempre, mas lembre-se: para ser um atleta vencedor e correr poucos riscos de perder, você precisa de muito treino. Então, deixe que a oração traga Jesus para fazer parte da corrida para o Céu.

Coragem! Não esmoreça nunca! Mesmo que tudo indique o contrário, creia: o seu cavalo pode voar!

 

 

 

PAULO ROBERTO LABEGALINI - Escritor católico. Vicentino de Itajubá - Minas Gerais - Brasil. Professor doutor do Instituto Federal Sul de Minas - Pouso Alegre.‘Autor do livro ‘Mensagens Infantis Educativas’ – Editora Cleofas



publicado por Luso-brasileiro às 18:21
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HUMBERTO PINHO DA SILVA - A TRISTE SINA DA CASA DE SOARES DOS REIS

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fica na rua de Camões, em Vila Nova de Gaia, a casa onde viveu e trabalhou o nosso maior escultor, autor do famosíssimo “ Desterrado”, e cujo nome foi dado ao  maior museu da cidade do Porto

A moradia, construída para nela haver atelier, que recebesse luz apropriada, encontra-se, actualmente, abandonada, com portas esfaceladas e vidros partidos.

Encontra-se hoje, mas sempre esteve assim - apesar das várias chamadas de atenção, da imprensa.

Em 1913 - 01/Junho, - “A Paz” - ( jornal gaiense,) insurgia-se pelo facto do atelier do escultor, onde trabalhara e recebera ilustres pintores e intelectuais, ter sido, após sua morte, em 1889, transformado em armazém de urnas!…

Nos anos sessenta, após ter sido restaurada, serviu de abrigo a hortaliceira, que colocava a mercadoria à porta!…

Certa vez - e já lá vão muitos anos, - abordando figura encontronavel da cultura gaiense, sobre o triste destino da casa do escultor, disse-me: que não seria difícil mobila-la, tal qual Soares dos Reis a tinha, visto haver fotos do interior da casa ( Ver: “ Álbum Fototipico e Descritivo da Obras de Soares dos Reis” - Edição do Centro Artístico Portuense).

Rejubilei, convencido que a minha preocupação não tinha fundamento.

Enganara-me. Por falta de verba, desinteresse ou simplesmente porque a criação de Casa-Museu, não tivesse qualquer valor eleitoral, tudo ficou, como sempre esteve: abandonado.

Entusiástico pela reabilitação da casa do escultor e divulgação da sua obra, foi o dermatologista gaiense Casimiro Macedo.

Em 1967, sugeriu, nas páginas  do matutino “  O Comercio do Porto”, que fossem colocadas, obras, em bronze, do ilustre gaiense, no jardim que tem seu nome, em Gaia.

Também essa justa homenagem, caiu no esquecimento…

Parece - espero que esteja em erro, - que o Município de Gaia despreza o escultor, porque, desde 1913 - já lá vão mais de cem anos! - a residência de Soares dos Reis, considerado o mestre dos mestres da escultura portuguesa, está votada ao ostracismo.

Agora, que o turismo está na moda, pode ser que se lembrem da casa do escultor.

Se não se fez por respeito a Soares dos Reis, faça-se, pelo menos, na esperança de ser fonte de receita… já que, agora, tudo se paga… até para entrar em certos estabelecimentos comerciais, e algumas igrejas…

 

 

 

HUMBERTO PINHO DA SILVA   -   Porto, Portugal



publicado por Luso-brasileiro às 18:14
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CLARISSE BARATA SANCHES - A VIÚVA POBRE

 

 

 

 

 

 

 


 
 

 

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                                             No Templo, Jesus, um dia,

                                             Meditando, reparava

                                             Nas ofertas de valia

                                             Que cada rico deixava.


                                             E vendo uma pobrezinha,

                                             Viúva, a deitar apenas

                                             Com modéstia na caixinha

                                             Duas moedas pequenas;

 

 

                                             Aludiu naquela hora:

                                             - Na verdade esta mulher

                                             Humilde, lançou agora

                                             Muito mais, que outro qualquer.

 

                                             Porque esses deram dos seus

                                             Fartos bens em rendimento;

                                             Mas ela cedeu a Deus

                                             Do que tinha pra sustento.


 

Clarisse B. SanchesGóis – Portugal

 

 

***

 

 

 

 Horário das missas em, Jundiai ( Brasil):

 

http://www.horariodemissa.com.br/search.php?opcoes=cidade_opcoes&uf=SP&cidade=Jundiai&bairro&submit=73349812

 

 

 Horário da missas em São Paulo:


http://www.horariodemissa.com.br/search.php?uf=SP&cidade=S%C3%A3o+Paulo&bairro&opcoes=cidade_opcoes&submit=12345678&p=12&todas=0

 

http://www.horariodemissa.com.br/search.php?uf=SP&cidade=S%C3%A3o+Paulo&bairro&opcoes=cidade_opcoes&submit=5a348042&p=4&todas=0

 

 

 Horário das missas na Diocese do Porto( Portugal):

 

http://www.diocese-porto.pt/index.php?option=com_paroquias&view=pesquisarmap&Itemid=163

 

 

 

***

 

 

 



publicado por Luso-brasileiro às 17:59
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Sábado, 14 de Janeiro de 2017
JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI - IMPORTANTES COMEMORAÇÕES NO FINAL DESSE MÊS

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Comemora-se a 30 de janeiro, o Dia da Saudade, cuja palavra vem do latim “solitate”, que na tradução literal quer dizer solidão. Em nossa língua, no entanto, ela tem uma concepção mais romântica, com caráter dúbio, ou seja, indica lembrança nostálgica e, ao mesmo tempo, suave. Temos saudades de pessoas, de momentos, de situações, de lugares e de tudo o que nos faz bem. E, como apregoa o adágio popular, relembrar é viver e ela nos transporta para um tempo em que fomos mais felizes, trazendo, muitas vezes, no entanto, momentos doloridos.

Por isso constantemente é tema de músicas, poemas, filmes e não há quem já não a tenha sentido. Para celebrarmos a data, invocamos Vinícius de Moraes e Tom Jobim que cantaram o clássico da bossa nova “Chega de saudade, a realidade é que sem ela não há paz, não há beleza é só tristeza e a melancolia que não sai de mim, não sai de mim, não sai”. E Mário Quintana: “O tempo não para! Só a saudade é que faz as coisas pararem no tempo...”.

E no dia 31 de janeiro, celebra-se o Dia Internacional da Solidariedade e esta, como propósito moral que vincula o indivíduo à subsistência, aos interesses e às obrigações dum grupo social, duma nação ou da própria humanidade, fazendo com que ele partilhe construtivamente da vida do seu semelhante, encerra dois aspectos, ou seja, participação e ajuda: uma virtude que se subordina à disposição afetiva em relação a quem nos avizinha. Para Franz Kafka, ela “é o sentimento que melhor expressa o respeito pela dignidade humana”.

Numa época na qual os padrões dominantes privilegiam o ter em detrimento do ser, faz-se necessário traçarmos um novo horizonte para o amanhã, com a asseveração de princípios básicos como a solidariedade, que integra a terceira geração dos direitos humanos. Por isso, imperioso que se multipliquem as ações sociais. Todavia, isso só se tornará realidade quando, dentro de nós mesmos, o individualismo for substituído pelo amor sincero ao próximo. Somente a solidez dessa conduta capacita os indivíduos a resistir aos apelos fáceis e as tentações do mundo moderno. E essa mesma firmeza é que cria a respeito e o entendimento entre as pessoas, sendo que o compromisso com o bem comum vai se traduzindo no esforço constante de se promover o ser humano.

O futuro, coletivo e individual, depende de esforços pessoais que se somam e começam a mudar pequenas questões para que estruturados em muito trabalho e nunca boa dose de renúncia, alcançar gradualmente, e o quanto antes, a consolidação de uma convivência afável, fraterna e justa.

 

 

                   O aniversário de São Paulo

 

 

Nos anos 60, num dos tradicionais festivais de música da TV Record em SP, Brasil, o compositor baiano Tom Zé foi o vencedor com a música “São São Paulo Meu Amor” na qual mostrava a realidade da grande cidade naquela ocasião. Um dos trechos da composição dizia: “porém com todo defeito, te carrego no meu peito”.o D

Esse verso traduz uma nítida realidade até hoje: apesar de todos os problemas como excesso de carros, deficiência nos transportes públicos, um número exacerbado de pessoas, dificuldades de locomoção e de atendimento de saúde, poluição e a manifesta violência etc. a cidade de São Paulo é extremamente amada por seus filhos e por moradores que vêm de todo o mundo.

Realmente essa metrópole desperta as mais variadas paixões, que produzem desde músicas, crônicas, poemas e poesias, até apaixonantes declarações, sempre enfocando a primazia de nela se residir, trabalhar ou passear. Parabéns São Paulo.

 

 

 

Histórias que divertem gerações

 

 

30 de Janeiro é Dia Nacional da História em Quadrinhos no Brasil, já que nessa mesma data, em 1869, o jornal Vida Fluminense (RJ) publicou a primeira "tirinha" de uma história ilustrada chamada “As Aventuras de Nhô Quim”, contando as peripécias de um caipira perdido na cidade grande - escrita e desenhada por Ângelo Agostini. As revistas e as tiras nos periódicos apresentam uma linguagem importante ao desenvolvimento recreativo e cultural das crianças, exercitando a criatividade de forma prazerosa e divertida, além de entreterem os adultos. É possível definir as HQs como arte sequencial, pois a história é narrada quadro a quadro através de sequência de acontecimentos ilustrados, trazendo benefícios há muitas gerações.

 

 

 

JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é advogado, jornalista, escritor e professor universitário. Presidente da ACADEMIA JUNDIAIENSE DE LETRAS –SP/BR (martinelliadv@hotmail.com)        



publicado por Luso-brasileiro às 18:43
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ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOS - SOBRE A REFORMA DO ENSINO MÉDIO - 2

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

No Brasil independente, tanto no período imperial como na Primeira República, houve iniciativas de ensino público aplicadas em várias partes do Brasil – lembrem-se o Colégio Pedro II, do Rio, e os Ginásios Estaduais criados em quase todo o Brasil depois de 1889 – mas essas iniciativas, embora muito meritórias, nunca alcançaram grande sucesso em termos quantitativos.

Passemos ao Estado Novo (1937-1945). Sou crítico severo de Getúlio Vargas e de sua ditadura. No tocante ao ensino, porém, julgo que a “Reforma Capanema” foi altamente benéfica. O livro “Tempos de Capanema”, de Simon Schwartzman et alii (São Paulo: Paz e Terra, 2000) apresenta uma visão bastante completa dessa reforma.

O mineiro Gustavo Capanema era homem de ampla cultura. A partir de 1942, em plena ditadura estadonovista, elaborou as Leis Orgânicas do Ensino, com inspiração humanística e clássica, fortemente influenciadas por dois jesuítas de grande cultura, que eram conselheiros do Ministério da Educação – Padres Leonel Franca e Arlindo Vieira. As regras instituídas por essa reforma, inspirada na famosa Ratio Studiorum, da Companhia de Jesus, privilegiavam a formação humanística, sem esquecer as áreas das Exatas, a das chamadas Ciências Naturais e a formação profissionalizante. A “Reforma Capanema” vigorou no Brasil, plenamente, até o início da década de 1960. Verificou-se, durante sua vigência, um ensino público de alto nível, tendo como único ponto negativo o fato de atingir um número muito pequeno de alunos. As escolas públicas da época ministravam um ensino muito bom, extremamente rigoroso. No máximo, tolerava-se uma repetição de ano; caso o aluno não se emendasse e repetisse novamente, era “jubilado” – eufemismo que significava ser expulso da escola. Havia escolas particulares de muito bom nível no Brasil, geralmente de instituições confessionais católicas ou protestantes, mas não ministravam ensino significativamente melhor do que o oficial. Os egressos de escolas públicas, dos Cursos Clássico e Científico (as duas principais vertentes em que se desdobrava o Ensino Médio, da época), que desejavam prosseguir estudos universitários não tinham dificuldade para obterem aprovação nos exames vestibulares, que naquele tempo não constituíam a barreira terrível (verdadeiro mata-burro!) em que mais tarde se transformariam.

Havia, isso sim, um verdadeiro terror na época, que eram os exames de admissão ao Curso Ginasial. Eu, que nasci em 1954, ainda peguei, aos 10 anos de idade, esse exame, que era realmente aterrorizante... Muita gente parava no ensino primário, o qual, no modelo de Capanema, dava uma boa base para a maior parte das profissões – digamos – modestas. Saía-se do ensino primário sabendo ler e escrever com correção, sabendo muito bem as operações matemáticas fundamentais, e com noções gerais sólidas, embora rudimentares e superficiais, sobre História e Geografia do Brasil.

No Curso Ginasial, que era então de quatro anos, aprofundava-se bem mais o aprendido no Curso Primário, e estudava-se Latim, Francês, (às vezes também Inglês e Espanhol), História Geral, Geografia do Brasil e do Mundo, Ciências Naturais, Trabalhos Manuais, Noções de Higiene e Moral etc. Do Ginásio, saía-se habilitado para a grande maioria das profissões “médias” – para ser funcionário público, para se empregar no comércio ou para “trabalhar em escritório” – o que, para filhos de operários, significava uma enorme promoção social e econômica. Não havia exame vestibular para o Clássico ou Científico, mas a imensa maioria dos alunos optava por parar, ali mesmo, os estudos, ingressando desde logo no mercado de trabalho.

Os que desejavam continuar faziam-no já visando ao futuro Curso Superior, que na época se resumia quase exclusivamente aos três tradicionais cursos de Direito, Medicina e Engenharia, pois os outros cursos superiores ainda eram uma novidade; ou faziam o Curso Normal, que habilitava muitas mocinhas (e alguns poucos mocinhos) para lecionarem em escolas primárias; ou, ainda, optavam por algum curso técnico, como o de Contador ou o de Comércio.

Uma jovem formada pelo Curso Normal era prestigiada e muito bem paga. Geralmente, as “normalistas” faziam ótimos casamentos, por todo o interior do Brasil, com advogados, juízes, médicos, promotores ou filhos de ricos fazendeiros.

A Reforma Capanema, que vigorou no país por cerca de 20 anos, proporcionava, repito, um ensino excelente, considerando as condições do tempo. A meu ver, seria preciso tê-lo ampliado e generalizado, corrigindo o defeito de ser pouco disseminado no conjunto da sociedade. Em outras palavras, havia que democratizá-lo sem abaixar seu nível. Infelizmente, não foi o que aconteceu.

 

 

 

 

ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOS, é historiador e jornalista profissional, membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



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MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE - BARBÁRIE EM FASES

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Que horror a selvageria acontecida nos presídios de Manaus e Roraima.  Crueldade em seu estágio máximo. As facções do crime, que atuam dentro e fora dos cárceres, voltaram a ser destaque nas manchetes: PCC, Comando Vermelho e Família do Norte.
Tenho lido reportagens e opiniões diversas sobre o assunto e penso a respeito da “capacitação” para o embrutecimento que a sociedade contemporânea oferece. Decapitar alguém, cortar as pessoas como carne em açougue, ou os autores se tornaram sem domínio sobre seus instintos ou, movidos pelo pavor de não sobreviverem, seguem as determinações dadas: ora pagamento de dívidas, ora “batismo” com o propósito de se inserirem nos grupos da criminalidade.
Há qualificação para o embrutecimento na história de crianças que crescem sob o descuido dos pais, perdidas pelas ruas, atrás de bola de futebol e, em seguida, de pipa com linha cortante. Na escola, não rendem e são colocadas em um espaço no qual não atrapalhem a evolução dos demais.
Existe preparo para o embrutecimento na caminhada de púberes e adolescentes, os quais se desenvolvem sem eira e nem beira e se aprofundam nos becos da periferia, nos “pontos conhecidos de drogas e de receptação. Pontos citados ao deterem alguém na proximidade, contudo não existe um esforço maior para fechá-los, assim como para impedir o tráfico internacional pelas estradas, pelos rios, pelo ar... Adolescentes que anseiam por vestuário e objetos de consumo, pelo prazer sem limites e pelo poder com riqueza, apresentados como sinônimo de felicidade. Evadem-se das escolas para alívio de alguns.
Há instrução para o embrutecimento na “cultura da corrupção”, com imagens fictícias de mulheres e homens bem sucedidos.  Isso também é selvageria, pois estraçalha o direito do cidadão a sobreviver com dignidade.
Existe habilitação para o embrutecimento na maioria dos cárceres destinados aos pobres, com celas superlotadas, estrutura em péssimas condições, denúncias de propina para enriquecimento de quem manda.
Não compreendo o motivo da inexistência, no sistema carcerário, desde a detenção, de uma atividade a ser desenvolvida pelos presidiários, incluindo formação, para se inserirem, em liberdade, no mercado de trabalho.
Há treino para o embrutecimento, quando as pessoas são consideradas estorvos e sobrevivem distantes de olhares que aproximam e cuidam.

 

 

 

 

MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE -

 Professora e cronista. Coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher – Santa Maria Madalena/ Magdala. Jundiaí, Brasil.


 



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CINTHYA NUNES VIEIRA DA SILVA - ETIQUETA VIRTUAL

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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             Acredito que por mais que estejamos vivenciando tempos de modernidade, algumas coisas permanecem as mesmas, ainda que com roupagem diferente. No que diz respeito à etiqueta social, às boas práticas de relacionamento e convivência, muita coisa ainda precisa ser observada.

            Fui ensinada a sempre que entrasse na casa das pessoas, deveria levar um mimo aos donos, ajudar a arrumar as coisas após uma refeição, fosse auxiliando o anfitrião a recolher a louça ou a lavá-la. Meus pais me ensinaram que não deveria ir até a casa dos outros "de mãos abanando". Tudo era uma questão de consideração, de respeito por quem abria as portas de seu lar para nos receber.

            O tempo passou e embora seja cada vez menos comum, sobretudo nas cidades grandes, receber amigos em casa, ainda considero a regra de ouro e penso que pequenas gentilezas atraem coisas boas e caem bem em qualquer lugar. E é por isso que, embora eu não seja uma pessoa versada nas normas de etiqueta social, pouco sabendo diferenciar para que serve o garfo esquisito e nunca consiga memorizar para que serve cada tipo de taça, defendo que o convívio social reclama algum refinamento no agir, mesmo que virtual.

            Gosto das redes sociais por alguns motivos, sobretudo porque me permitem a proximidade daqueles que estão geograficamente longe e, assim, com eles, compartilhar de alguns bons momentos, mas não gosto do excesso de exposição pessoal, profissional e familiar que algumas pessoas se submetem. Até aí, contudo, é um problema (ou não) da pessoa e não meu. O que o outro veste, os locais que frequenta, o corpo que exibe e os bens que possue não me dizem respeito e nem me prejudicam em nada.

            O que me incomoda é como as pessoas interagem eventualmente. Penso que o bom senso resolveria tudo, mas algumas pessoas simplesmente não o possuem. Há aqueles que se acham no direito de dar sua opinião sobre tudo o que os outros escrevem, mesmo que isso possa ofender a pessoa. Bastaria pensar que, comparativamente, a página da pessoa é a casa dela e se você não gosta de alguém, simplesmente bastaria não ir visita-lo.

            Além dos "palpiteiros" há ainda aqueles que gostam de fazer piadas de mau gosto, grosseiras, nos comentários alheios, muitas vezes deturpando o que a outra pessoa havia escrito. Acredito que, da mesma forma como se solicita a amizade de alguém virtualmente, não se pode pensar que isso não significa nada, pois se assim o for, melhor não aceitar. No mínimo é indelicado desafazer uma amizade virtual que existia também no mundo real, sem sequer se dar um motivo para isso, como se tudo se resumisse, de fato, a uma mera tecla de computador.

            No fundo, seja como for, a boa educação cabe em todos os lugares, no real e no que tenta imitar o real. Por mais que os meios de interação tenham se modificado, modernizado, o material humano, as pessoas por detrás das teclas continuam sendo tão somente pessoas, repletas de sentimentos, bons e nem tão bons. E o coração é chão onde se deve pisar com cautela, com respeito, sob pena de torna-lo irremediavelmente árido é estéril.

            Se é para visitar alguém leve flores, um mimo, um sorriso, uma mensagem de incentivo, uma palavra de amizade ou de consolo.  A tecnologia deve servir para aproximar as pessoas, para permitir que expandam seus horizontes, tenham acesso a notícias, descobertas,  entretenimento e não para ser escudo para covardia, grosseria, crueldade e até mesmo crimes. Se não for para somar, melhor nem ser...

            As pessoas devem estar cientes de que, por mais que a tela de um computador possa fazer suas vidas parecerem menos ordinárias, é do lado de fora que as coisas de verdade acontecem. O lado de dentro é só vitrine, só aparência, é como regra a projeção que se faz daquilo que se gostaria de ser. Ainda somos feitos de carne e ossos, por mais que alguns de nós pensem que já sejam meio avatares.

            De um jeito ou de outro, gente mal-educada, louca e grossa não se torna melhor porque tem uma foto bonita ou produzida ou porque copia e cola frases de efeito. Talvez as pessoas que assim sejam o sejam por questões genéticas, por falta de exemplos ou por falta de estofo moral mesmo, mas eu me recuso a achar isso normal, a aceitar que comportamentos inadequados nas redes sociais devam ser tolerados, restem impunes ou ditem os padrões a serem adotados. Assim, aos próximos aos quais eu solicitar amizade ou de quem eu aceitar amizade virtual, farei a advertência de que isso implica na aceitação do fato de que, caso eu não queria mais manter tal status, a pessoa saberá exatamente as razões. Espero, no mínimo, o mesmo, inclusive dos amigos atuais. Amigo, afinal de contas, é coisa para se guardar do lado esquerdo do peito, como muito já se cantou por aí...

 

 

 

CINTHYA NUNES VIEIRA DA SILVA - Advogada, mestra em Direito, professora universitária e escritora - São Paulo.  -  cinthyanvs@gmail.com



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SÔNIA CINTRA - TODOS NO MESMO BARCO

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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            Disse, outro dia, ao Araken, que algumas pessoas estão sempre presentes em nosso pensamento e com elas compartilhamos conquistas e frustrações, bendizendo no silêncio da prece o bom anjo da guarda que as colocou em nosso quinhão, nesse campo de semeadura e colheita de que é feita a existência. Há um afeto secreto que nos une, mesmo ante os desconcertos do mundo, que apenas a sabedoria é capaz de compreender e transmutar em alegrias.

            Uma dessas pessoas é Dona Sebastiana Gebram. De solteira, Almeida, mãe, avó e bisavó amada. Assim como de ponto em ponto cria seu crochê, de cor em cor pinta seus panos de prato, ou de canteiro em canteiro cultiva o jardim; de exemplo em exemplo ela tece laços de convivência, sem mando ou maldade, incluindo docemente todos nós nesse seu cruzeiro contínuo. Aprendemos com ela a fazer dos maus momentos uma estrela-guia que nos aponta os rochedos, em horas de tormenta, no mar da lida. Aprendemos com ela a ignorar as malícias e seguir adiante, de velas pandas.

            Ao se casar com Salim Mussalam Gebram, Sebastiana veio de Itatiba, sua terra natal, morar em Jundiaí, e, neste ano em que a Gebram Seguros completa oitenta anos, ao ouvir o seu discurso comemorativo, recordo momentos especiais de nossa relação, que dura mais de quatro décadas. Ao lado dos três filhos, Salim, Sérgio e Sílvio, aqui fez inúmeras amizades e restritos amigos e consolidou uma empresa fidedigna. Por sobre as intempéries e os infortúnios ela passou, sem nunca haver consentido à peçonha fazer ninho em sua morada, sem nunca ter dado largas a maldizentes, nem haver alimentado intrigas. Nesse grande rio com seus afluentes, suas vazantes e suas enchentes, estivemos sempre unidas, lamentando tacitamente os naufrágios e acolhendo os navegantes que aportavam.

            Juntas, costuramos os adornos do berço e do cortinado da neta primogênita, Sandra, depois readaptados para o caçula, Fernando; juntas, fizemos os docinhos e confeitamos o bolo dos primeiros aniversários deles, comemorados pelos familiares e amigos, na casa da Rua Barão; juntas nos emocionamos durante batizados, formaturas e estreias; juntas sofremos algumas tristezas e desfrutamos de muitas alegrias. Juntas, apreciamos a boa música, e, juntas, prosseguimos nossa viagem, pois muito há para brindarmos, como, por exemplo, bodas e bisnetos, e para lembrarmos, como as histórias de sua mãe, a saudosa Vó Quita, porque estamos todos no mesmo barco.

 

 

 

 

SONIA CINTRA    -    É doutora em Letras Clássicas e Vernáculas pela Universidade de São Paulo. Pesquisadora da Cátedra José Bonifácio - IRI/USP e membro efetivo da UBE. Fundadora e mediadora do Clube de Leitura da Academia Paulista de Letras e do Clube de Leitura Jundiaiense. Ex-presidente da AJL, oradora da Aflaj e madrinha do Celmi. Pós-graduada em Educação Ambiental, ensaísta e articulista de jornais, revistas e blogs nacionais e internacionais. Tem 13 livros publicados com tradução para o italiano, francês e espanhol.

 



publicado por Luso-brasileiro às 18:23
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RENATA IACOVINO - UM CANTO PARADOXAL

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

            Sim, o tipo de música que faço e que canto não agrada à maioria. Tampouco sei se agrada à minoria. Se agrada...

            Sei é que sigo fazendo. E que esta é a minha verdade. Em meio a tantas inverdades ou a verdades tantas incertas, creio na minha. Pelo menos no tocante a este aspecto. No tocante, inclusive, no sentido de tocar. É o que me toca. Somente conseguirei transmitir algo, se não plenamente, mas que seja próximo a isto, se eu o fizer ou buscar fazer de forma plena.

            Sim, a plenitude também transita pelo utópico. Mas buscar o acessível, a esta altura... não é o bastante, o suficiente.

            Assim, pois, sigo, fazendo o que é cada vez mais raro (não pelo valor, mas pela escassez), reunindo-me com os cada vez mais raros e estranhos como eu. Mas entre estranhos deixamos de ser estranhos, não? Passamos a ser um pouco mais comuns... E às vezes - às vezes! - a sensação de ser comum é alentadora.

            Encontrar espaços onde minha voz possa soar com acolhimento, como dizia, é tentativa desafiadora, é estar na corda bamba.

            Não preciso fazer o que outros já fazem, ou realizar algo que não me realiza. Pra isso já existem as obrigações cotidianas, os horários e afazeres que nos deixam pela metade. Busco inteireza no que é possível encontrar. E o que mora em nossa essência, por mais que por vezes tentemos negar em razão de um motivo ou outro, volta à tona para nos libertar, para nos dar de comer e beber, para nos fazer respirar mais fundo e dormir.

            Não há nada de muito concreto nisso tudo. Nem naquilo.

            Apenas vou abstraindo para poder me abstrair e tentar alcançar o mínimo do inefável que mora em algum canto. Ou que se movimenta de um canto para o outro. E eu vou de canto em canto atrás desse movimento. Um canto ora rouco, ora silencioso, ora brilhante, ora opaco, ora outro, ora ele, ora nada.

            Tal qual uma oração inútil e descrente; assim como um grito avassalador e de efeito... Paradoxal em sua própria existência.

            Há os que de fato ouvem; os que ouvem, mas ignoram; os que ouvem, sem ouvir; os que jamais ouvirão; os que desejam ouvir e não conseguem; os que não querem ouvir e ouvem; os que não ouviam e passam a ouvir; e os que ouviam e começam a não ouvir.

            Existe de tudo. Mas como boa estranha, tento absorver esse mundo das estranhezas. Afinal, qual outro universo conhecemos? 

 

 

 

RENATA IACOVINO, escritora e cantora / www.facebook.com/oficialrenataiacovino/

 

 



publicado por Luso-brasileiro às 18:14
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