Embora o Direito do Trabalho não seja minha área de atuação na advocacia, é de minha mais completa preocupação, inclusive enquanto trabalhadora, que os direitos assegurados aos trabalhadores não sejam suprimidos de tal forma que os tornem ainda mais vulneráveis diante do poderio econômico de alguns empregadores. É fato, contudo, que, diante da modernização das relações humanas, muita coisa deva ser revista, ajustada, sob pena de tornar o emprego formal algo em extinção.
Curiosamente, enquanto se debate sobre o tema, dividindo-se as opiniões, colocando muita gente em lados diametralmente opostos, sem que, em muitos casos, sequer se conheça exatamente sobre o que se está discutindo, pouco ou nada se fala de diminuir regalias absurdas, de caráter monárquico, das quais se beneficiam uma imensa gama de servidores públicos de altos escalões e toda a classe política.
O descompasso entre o que alguns poucos tem direito e que falta a tantos outros é tão abissal que parece já ter causado torpor na população que, de olhos cobertos por cortinas de fumaça oportuna e levianamente criadas, fica incapaz de reagir corretamente, pelo voto crítico e por movimentos efetivos. Somos esfolados por uma carga tributária pornográfica, espoliados por todo tipo de ladrões e bandidos, desde os mais ignorantes aos mais cultos e tudo o que se ouve de solução para os rombos orçamentários envolve aumento de impostos e retirada de direitos.
Alguma coisa está errada e não é de hoje. Não vou entrar no mérito sobre a legitimidade de greves, até porque, ao meu entender, elas deveriam ocorrer em dias não úteis, de forma a não prejudicar serviços essenciais e sem tornar reféns e coagidos aqueles que não desejam ou não podem aderir ao protesto. Democracia envolve fazer parte daquilo que está conforme minhas convicções e não que eu tenha que obedecer ao grito de guerra levantado por alguns.
Estamos vivendo um estado de coisas nesse país que, a prosseguir como está, logo seremos uma nação de desfavorecidos que, diante do encastelamento de uma minoria, estaremos tão enfraquecidos que nada mais nos restará a não ser conceder aos nossos soberanos o sangue que corre em nossas veias.
Eu espero, honestamente, que o bem, o bom-senso e a Justiça ainda possam prevalecer e, ao invés de estarmos indo para as trevas do Direito e da democracia, estejamos passando por um divisor de águas, pela abertura que nos levará à libertação, a amadurecermos como lugar em que político não é profissão, mandato não seja trono e que dinheiro público não seja sinônimo de caixa dois.
Enquanto isso não chega, vale refletirmos se o Dia do Trabalho deve ser apenas visto como mais um feriado ou como uma alerta de que, pior do que está ainda pode ficar...
CINTHYA NUNES VIEIRA DA SILVA - Advogada, mestra em Direito, professora universitária e escritora - São Paulo. - cinthyanvs@gmail.com
Determinados meses do ano são marcados por características fortes e importantes para a vida de uma nação ou das pessoas. Maio, por exemplo, logo em seu início, exalta o trabalho, nitidamente relevante à manutenção do equilíbrio social. Além de dignificar a pessoa, permite o desenvolvimento de suas capacidades, define o tempo e a história humana, contribui à promoção do bem comum e garante a subsistência do trabalhador e de sua família. Constitui-se ainda em elemento à realização pessoal deste, quando executa seu ofício com prazer, unindo satisfação com precisão.
Sob a ótica existencial e geral, é fonte de sentido para a vida humana. Com efeito, o exercício de uma atividade digna se faz necessária ao ser humano, constituindo-se num direito e num dever de todos os que têm condições e idade de trabalhar. Buscar soluções que não ameacem as conquistas já alcançadas e que propiciem ao mesmo tempo estabilidade de emprego é o grande desafio de nosso tempo. Para tanto, é preciso vontade política para obtenção de medidas que mantenham a meta de garantir e proteger os anseios básicos dos empregados em geral.
Por isso o DIA DO TRABALHO é marcante em quase todo o mundo, já que foi instituído para reverenciar o passado de lutas das classes laboriosas, reafirmar o compromisso com as mesmas propostas no presente e meditar sobre o futuro de uma sociedade igualitária, sem explorados, nem exploradores. Sua origem já enseja tais atributos. No dia 1º de maio de 1886, em Chicago, nos Estados Unidos, registrou-se um episódio de horror: a passeata de trabalhadores daquela cidade, em busca da redução da jornada para 8 horas diárias, terminou numa chacina praticada pela polícia, insuflada pelos patrões. Três anos depois, no Congresso Socialista realizado em Paris, foi oficializada a data como aquela em que se homenageariam os trabalhadores de todo o mundo.
Saudades dos piqueniques
Quando garoto, no dia primeiro de maio tradicionalmente aconteciam os inesquecíveis piqueniques, esperados com muita ansiedade. As mães preparavam lanches, sucos, doces e outros alimentos mais leves para serem apreciados sobre toalhas colocadas nas gramas de jardins, normalmente de sítios, parques ou quintais. Com o tempo, começaram a se efetivar em associações, clubes e sedes de sindicatos. Lembro-me dos realizados logo no início da sede de campo do Jundiaiense, quando o presidente, Sr. Oswaldo de Almeida Leite (Oswaldão) pessoalmente comandava a distribuição das guloseimas e refrigerantes aos associados. Com o tempo, essa prática infelizmente foi se extinguindo, restando poucos que ainda resistem, mas que a curtem com muita alegria e principalmente, com a participação de amigos ou familiares, ressaltando a importância dos relacionamentos humanos, tão escassos ultimamente.
Dia da Literatura Brasileira
Também se celebra em primeiro de maio o Dia da Literatura Brasileira, em homenagem ao romancista José de Alencar, que nasceu nessa data em 1829 e dentre suas obras mais conhecidas estão ”O Guarani” (1857), “Iracema” (1854) e “Lucíola” (1862). Uma data que deveria ser reverenciada com ênfase, já que a literatura se constitui num instrumento de educação e formação do ser humano, dotada de importante função social.
Liberdade de Imprensa
Em 1993, a Assembléia Geral da ONU – Organização das Nações Unidas proclamou três de maio como o DIA INTERNACIONAL DA LIBERDADE DE IMPRENSA, com base numa resolução da UNESCO que estabeleceu o preceito de que uma imprensa livre, pluralista e independente, é componente essencial de qualquer sociedade democrática. Esta data foi assim designada em homenagem a Declaração de Windhoek para Promover uma Imprensa Africana Independente e Pluralista, aprovada a 3 de maio de 1991 pelo Seminário realizado em Windhoek (Namíbia) sobre o mesmo tema. Efetivamente, a liberdade de imprensa é de grande importância ao regime democrático, pois não pode aceitar distorções tanto no caminho da apuração como na divulgação ao leitor, respeitando ainda princípios éticos. Por outro lado, ela “é uma reação espontânea: produto do pensamento, jamais há de morrer” (Alphonse Marie Louis de Prat de Lamartine)
JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é advogado, jornalista, escritor e professor universitário. É presidente da Academia Jundiaiense de Letras (martinelliadv@hotmail.com).
Ivan Wasth Rodrigues (1927-2007), artista de muito talento, formado na Escola Belas Artes de São Paulo, é frequentemente confundido com seu tio José Wasth Rodrigues (1891-1957), do qual foi discípulo e continuador. Ivan deixou obra monumental, como ilustrador de livros históricos brasileiros e autor de muitos selos impressos pelos Correios nacionais. Trabalhou também para o MEC e o IBGE. Possuía grande erudição histórica, haurida autodidaticamente, e dominava vários idiomas, também estudados e assimilados por conta própria. Pesquisava conscienciosamente fontes e informações históricas antes de fazer cada desenho, de pintar cada aquarela. Extremamente rigoroso consigo mesmo, a autenticidade documental de suas produções resiste aos críticos mais severos.
A “História do Brasil em quadrinhos”, com texto de Gustavo Barroso, lançada em 1959/1962 pela EBAL (Editora Brasil-América, do Rio de Janeiro) em dois volumes, foi inteiramente ilustrada por Ivan, com desenhos fantásticos que constituem uma coleção maravilhosa, com grande autenticidade documental e muito bom gosto. A obra mais chamativa que produziu foi a quadrinização de “Casa Grande & Senzala”, de Gilberto Freyre, publicada pela EBAL em preto e branco em 1981, e em cores, no ano 2000, pela ABEGraph.
Cheguei a ter um contato pessoal com ele, por telefone, quando já estava no fim da vida. Autorizou-me de boa vontade a usar algumas imagens suas num livro que eu estava editando e, embora não estivesse bem do ponto de vista econômico, compreendeu que se tratava de uma edição de alto interesse cultural e sem nenhuma perspectiva de lucro, de modo que nada quis cobrar pela utilização de suas imagens.
Uma das suas obras mais valorizadas é a coleção dos uniformes militares utilizados no Brasil desde o século XVI, reproduzida em “Uniformes Militares Brasileiros”, livro-álbum lançado em 1984 pela Léo Christiano Editorial, do Rio de Janeiro, com texto de Deocleciano Azambuja e aquarelas de Ivan Wasth Rodrigues. Trata-se de uma raridade bibliográfica disputadíssima. Há muitos anos desejo adquiri-la, mas sempre que a encontrei foi a preços proibitivos fora do meu alcance. Coleções incompletas são, frequentemente, desfeitas e suas pranchas destacáveis, com as aquarelas impressas, são oferecidas avulsamente, em leilões. Também alcançam altos preços.
O uniforme é peça de grande importância para o militar, com algumas funções primordiais: 1) deve lhe servir como proteção ao corpo, contra o frio e o calor excessivos, contra a chuva, contra o sol, e, quando em situação de combate, deve também protegê-lo contra o inimigo, por meio de equipamentos defensivos (por exemplo, o capacete) e uso de artifícios de camuflagem; 2) deve ser prático, no sentido de oferecer a ele mobilidade e conforto para o exercício de suas atividades, tanto na paz quanto em combate; 3) deve servir como fator de identificação hierárquica e funcional; 4) deve também, por via de simbolismo, exprimir e significar valores morais que têm, para o militar, importância fundamental.
A enorme variedade dos uniformes, ao longo da História, em épocas e situações distintas, permite identificar os valores e as ideologias dominantes em cada tempo histórico. Vou dar um único exemplo que permite identificar como ideologias podem influenciar um uniforme. Tradicionalmente, os militares portavam no peito as medalhas e condecorações recebidas. O critério dessas distinções sempre foi qualitativo, ou seja, o militar ia subindo de grau, dentro de uma mesma ordem de valores, a cada nova ação digna de recompensa que praticasse. Podia subir de cavaleiro para oficial, para dignitário, para grã-cruz de uma ordem, podia passar de uma coroa ou medalha de bronze para outra de prata e, por fim, de ouro etc. etc.
Os exércitos comunistas, igualitários por ideologia, instituíram um critério novo de homenagens, mais quantitativo do que qualitativo. Passaram a conferir a mesma medalha ao mesmo indivíduo, no mesmo grau único, um número indefinido de vezes. Um sujeito podia, por exemplo, ser três ou quatro vezes condecorado com a mesma insígnia de “Herói da União Soviética”. E houve um que recebeu onze vezes a mesma “Ordem de Lenine”. O que valia era a quantidade, mais do que a qualidade. Por trás dessa mudança de critério - que se exprimia de modo visual e vivo, no uniforme - estava todo um universo de concepções filosóficas e criteriológicas, que marcava bem a diferença entre a civilização e a cultura anteriormente predominantes, e a “nova sociedade” socialista. igualitária e proletária que tentavam implantar.
Um estudo dessas variações, sobretudo no âmbito da Nova História Cultural (tendência historiográfica à qual prefiro tender, apesar de ter em relação a ela alguns pontos de dissonância), é algo extremamente rico e sugestivo.
ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOS, é historiador e jornalista profissional, membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.
A senhorinha, afrodescendente, de história de luta, que desde os cinco anos teve que dar um jeito nisso ou naquilo, neste ou naquele, porque a mãe se foi cedo demais e, na fazenda, quando o sino batia para os trabalhadores da roça, não havia tempo de espera – o chicote entoava os acordes do castigo -, gosta demais de participar e ajudar na organização da Via-Sacra da Pastoral da Mulher/ Magdala pelas ruas centrais. É um momento muito dela com Jerusalém e nosso da mesma forma. Não importa que não saiba ler e escrever. A escola era para gente de posses na fazenda em que nasceu e se criou. Suas mãos, no entanto, se tornaram macias para os quitutes e enxerga além das aparências. Compartilha sentimentos com o Sagrado.
Comentava, no final da semana passada, que se emocionou em três situações. A primeira foi na saída. O trânsito parado e as imagens da Via-Sacra e das dores de Nossa Senhora ao alto. O Padre Milton Rogério, pároco da Catedral, tendo ao lado o seminarista Salathiel, começando as preces em tom terno de acolhimento. E, um pouco depois, a voz, que desperta a alma, do Salmista Marquinhos: “Vamos Jesus passear, na minha vida...” Disse-me, eufórica, com seu sotaque mineiro de doçura: “Em cada estação a gente se cura um pouco”. Trouxe comigo essa sua conclusão. Cura-se de quê? Creio que das condenações, que a sociedade impõe, a uma mulher empurrada para o uso e abuso; da angústia das cruzes de cada dia; das quedas; do rosto dolorido por olhares com cusparadas; do desespero; da vergonha na desnudação de sua vida, de sua história; dos cravos do preconceito que dilaceram as vísceras; das mortes tantas; das privações. Sem dúvida, a Ressurreição coloca claridade em todos os acontecimentos e oferece alforria e vida nova.
Houve mais uma etapa, segundo ela, fortíssima: o Padre José Brombal, assessor da Pastoral/ Magdala à espera na porta da Catedral e o sino repicando. Veio-me a colocação de John Donne, Meditações VII, que aprecio muito: “Nenhum homem é uma ilha isolada; cada homem é uma partícula do continente, uma parte da terra; (...) a morte de qualquer homem diminui-me, porque sou parte do gênero humano. E por isso não perguntes por quem os sinos dobram; eles dobram por ti”.
O acelerar o coração de uma pessoa, na cadência do Céu, me acrescenta claridade. Decerto, os sinos cantavam para ela.
MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE -
Professora e cronista. Coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher – Santa Maria Madalena/ Magdala. Jundiaí, Brasil.
Um dia li que, segundo o padre vicentino Lucas de Almeida, temos sete chaves para abrirmos o coração e lermos a Bíblia de forma libertadora, agradável e correta. As chaves são fáceis de encontrar, pois estão simbolizadas em nosso próprio corpo. Através delas, encontraremos a Palavra de Deus e entendemos melhor o sentido escondido atrás das mensagens. Eis as chaves:
1. Pés plantados na realidade – Para ler bem a Bíblia é preciso olhar para a vida, conhecer a realidade pessoal, familiar e comunitária do país e do mundo. É preciso conhecer também a condição na qual viveu o povo de Deus. A Palavra não caiu do céu prontinha, ela nasceu das lutas, das alegrias, das esperanças e da fé de um povo.
2. Olhos bem abertos – Um olho deve estar sobre o texto e o outro na própria vida. O que fala o texto da Bíblia? O que fala o texto da vida? A Palavra de Deus está na Bíblia e na vida, e precisamos ter olhos para enxergá-la.
3. Ouvidos atentos – Um ouvido deve escutar o chamado de Deus e o outro escutar o irmão. Às vezes, o chamado é o mesmo!
4. Coração livre para amar – Ler a Bíblia com sentimento, com a emoção que o texto provoca. Só quem ama a Deus e o próximo pode entender o que o Todo-poderoso fala na Escritura e na vida. Existe um coração pronto para viver em conversão?
5. Boca para anunciar e denunciar – Aquilo que os olhos viram, os ouvidos ouviram. E o coração, sentiu a Palavra e a vida?
6. Cabeça para pensar – Usar a inteligência para meditar, estudar e buscar respostas para nossas dúvidas. Ler também outros livros que nos expliquem a Bíblia.
7. Joelhos dobrados em oração – Só com muita fé e oração dá para entender a Palavra e a vida. Pedir o dom da sabedoria ao Espírito Santo para entender a Bíblia.
Além das chaves que abrem nossos corações, o mesmo sacerdote recomenda algumas regras de ouro para a leitura da santa Palavra, que são:
1. Ler todos os dias – Quando tivermos vontade e quando não tivermos também. É como um remédio: com ou sem vontade, tomamos porque é necessário.
2. Ter uma hora marcada para a leitura – Descobrir o melhor período do dia para ouvirmos Deus.
3. Marcar a duração da leitura – O ideal é que seja, no mínimo, de 30 a 40 minutos por dia.
4. Escolher um bom lugar – É bom lermos no mesmo lugar todos os dias. Deve ser um local tranquilo, silencioso, que facilite a concentração e favoreça a criação de um clima de oração. Se, num determinado dia, não pudermos fazer o trabalho no lugar escolhido, não faz mal. Em qualquer lugar e em qualquer hora devemos ler. O importante é lermos disciplinadamente todos os dias.
5. Ler com lápis na mão – Sublinharmos e anotarmos: as passagens mais importantes, tudo aquilo que chamar nossa atenção, e as coisas que Deus falar de modo especial ao nosso coração. Isso facilitará encontrarmos as passagens quando precisarmos delas.
6. Fazer tudo em espírito de oração – Termos um diálogo com Deus: escutarmos, nos sensibilizarmos, chorarmos etc. É um encontro entre duas pessoas que se amam. Quando rezamos, falamos a Deus; quando lemos as Sagradas Escrituras, é Deus quem nos fala.
7. Decidir aplicar os ensinamentos – Para agradar a Deus e caminhar para a eternidade, temos que ser obedientes à Palavra; portanto, quanto antes decidirmos colocá-la em prática, melhor. As oportunidades que teremos para servir o irmão necessitado são limitadas e não podemos desperdiçá-las, mesmo porque dificilmente passaremos pelas mesmas leituras futuramente.
Bem, na verdade, esta sétima regra eu introduzi por considerar que vivemos planejando melhorias em nossa vida e sempre deixamos para depois. Damos desculpas diversas achando que Deus aceita e perdoa tudo. É bom sabermos que também existe a justiça Divina avaliando as nossas atitudes.
Temos que estar sempre vigilantes, porque parte de nós é vontade, mas a outra parte é cansaço; parte de nós é esperança, mas a outra é medo; parte de nós é crença, mas a outra é dúvida; parte de nós é caridade, mas a outra parte é ambição. Porém, nunca deixe de acreditar, porque parte de Deus é amor, e a outra também.
Deixe Jesus Cristo cuidar de tudo e não se arrependerá. Faça de conta que você é inquilino Dele e considere que assinaram um contrato que precisa ser fielmente cumprido. Pense na multa contratual muito alta que fatalmente pode lhe trazer sérios prejuízos. E na casa que alugou, coloque Nossa Senhora como governanta. Peça que ela arrume tudo direitinho para você e que não permita que o Patrão seja ofendido. Pecados? Nem pensar!
Dá para adequar isso à realidade? Com certeza, muito mais felizes são aqueles que conseguem obedecer a Deus e entregar seus problemas à Virgem Maria. Então, para experimentar essas bênçãos, pegue agora mesmo as sete chaves e repasse algumas cláusulas do ‘contrato’. Sabe onde se encontra a sua Bíblia?
PAULO ROBERTO LABEGALINI - Escritor católico. Vicentino de Itajubá - Minas Gerais - Brasil. Professor doutor do Instituto Federal Sul de Minas - Pouso Alegre.‘Autor do livro ‘Mensagens Infantis Educativas’ – Editora Cleofas
Quando me perguntam quantos tenho e respondo “cinco”, vem a reação de espanto. Complemento a informação: “cinco fêmeas”.
Nada planejado, apenas as circunstâncias fizeram com que uma a uma fosse chegando. Assim como não é minha conduta comprar animais, também não escolho o gênero.
Desta forma, as cinco gatas foram por mim adotadas e apresento-lhes, então, na sequência em que chegaram: Lola, Parda, Pérola, Léo e Mel. Estas três últimas vieram juntas de um mesmo local.
Lola adotei quando era bem pequena e Mel é sua irmã, embora tenha ido para outra casa e só posteriormente voltou a reencontrar a irmã, aqui.
Como é comum acontecer em casas onde gatos são adotados, dificilmente os chamamos pelo nome oficial. Sempre há um segundo nome, um apelido, enfim, uma alcunha (ou mais!) que às vezes está ligada a alguma característica do bichano, a algo que ele fez ou coisa equivalente.
Já li que há uma relação entre gatos e espiritualidade. Não sei qual o fundamento disto e se procede, mas que eles possuem uma sensibilidade que nos atinge de maneira tocante, isto é fácil comprovar, ou melhor, sentir.
Léo me olha tão profundamente que parece penetrar em meus segredos. Sempre que saio do banho, ela sobe na pia e começa a miar, pedindo para eu abrir a torneira a fim de que possa beber água. É a mais miona.
Mel é rabugenta no inter-relacionamento felino, mas é muito doce no trato com humanos. E possessiva. Aonde vou e paro, ela vai atrás, encosta e fica. Não gosta de colo, mas adora ficar juntinho. Parece querer sentir meu calor.
Pérola, branquinha de olhos azuis, é a mais tranquila e se deleita ficando sobre a cama, na fresta de sol que entra de manhã pela janela. Quase não mia.
Parda é a mais frágil. Chegou desnutrida, tendo dado à luz a sete filhotes, comendo-os na sequência, por instinto de sobrevivência. Também estava bem ruinzinha da rinotraqueíte, que após os cuidados necessários não voltou a aparecer.
Lola, que recebeu este nome em homenagem à sua mãe, uma gata de rua chamada Lolita, é a que menos se deixa manipular, mas gosta de um carinho, é só saber o jeitinho certo.
As personalidades distintas, a rotina, as surpresas, esta convivência, enfim, têm efeito curativo, é uma terapia alternativa, um encontro conosco.
E aos que perguntam se tenho filhos, respondo: sim, cinco.
RENATA IACOVINO, escritora e cantora / www.facebook.com/oficialrenataiacovino/
No mês de abril de 1925, alguns empresários do setor de sucata se reuniram no Hôtel de Crillon, na Praça da Concórdia, em Paris, para discutirem um assunto importante: a venda da Torre Eiffel. Naquela época, a atual primeira atração da França estava com graves problemas estruturais e sua manutenção tinha custo altíssimo.
Tendo sido erigida na ocasião da Exposição Universal, em 1889, com altura de 320 metros e quinze mil peças metálicas soldadas entre si, estava se deteriorando e, em breve, iria ao chão.
A maioria dos franceses não a via com bons olhos. Fora erguida provisoriamente e deveria ter sido desmontada ao fim da exposição. Nesses trinta e seis anos fora danificada pela erosão e o alto custo da manutenção era assunto de insatisfação pelos franceses. A Torre Eiffel tivera papel importante durante a Primeira Guerra Mundial, em 1914, servindo como antena de rádio para captar mensagens dos inimigos e como observatório militar.
As discussões entre os políticos e o povo eram acirradas. Uns afirmavam que deveria ser derrubada, outros vendida. Nesse clima, um jornalista francês resolveu fazer uma enquete e publicou:
- Devemos vender a Torre Eiffel?
Os franceses, que viam nela uma odiosa intrusão na paisagem parisiense, votaram sim; poucos votaram por sua permanência. Um comerciante austríaco de nome Victor Lustig leu a enquete e se interessou em intermediar a venda. Muito inteligente, dotado de charme europeu e inescrupuloso, costumava aplicar golpes com astúcia. Ao ler o anúncio, Victor Lustig e o comparsa americano Dan Collins elaboraram um golpe .Apresentaram-se às autoridades francesas com identidades falsas. O presidente francês Gaston Doumergue e o Primeiro Ministro autorizaram a negociata das sete mil toneladas de ferro, por lance secreto, aos sucateiros da França.
Os dois farsistas começaram a fazer contatos, um sucateiro de nome André Poisson se interessou pela compra. Foi informado, pela dupla, que participaria de uma concorrência mas, se lhes pagasse uma propina, garantiam-lhe a compra. O ingênuo aceitou a proposta e deu-lhes alta quantia. Dias depois, deram-lhe papéis com timbre e assinaturas falsas. O homem só descobriu a farsa quando foi à Prefeitura de Paris para informar sobre a operação de desmonte. Descobriu, então, que caíra em trapaça. Nada foi registrado na polícia, nem a autorização do governo e nem a propina paga pelo sucateiro.
Os dois, após o golpe, fugiram para Viena. Após alguns meses na cidade natal de Lustig, ao verificarem que nada havia acontecido e nenhuma referência ao assunto fora publicada, resolveram voltar e tentar novo golpe. O segundo sucateiro os denunciou e fugiram, agora para os EUA. Em 1935, Lustig foi preso e condenado a 20 anos de prisão em Alcatraz.
A Citroën ajudou a revitalizá-la e usou-a para anúncio da empresa, até 1934.
Hoje, aos 128 anos, o símbolo da França está passando por nova revitalização, agora, para sediar os Jogos Olímpicos, o que acontecerá em 2024, em Paris.
JÚLIA HEIMANN - é poetisa e escritora, autora de nove livros.
Vinha da Casa da Música, no autocarro 903, com destino a V. N. de Gaia, quando junto ao Mercado do Bom-Sucesso, entraram duas senhoras, dos seus quarenta e poucos anos, que se sentaram no banco, à minha frente.
Ainda não tínhamos chegado à praça da Galiza, quando uma, começou a lamentar a violência que grassa pelo país; responsabilizando a policia e o facto das fronteiras encontrarem-se escancaradas:
- “ É como se dormíssemos com as portas abertas! …”
Logo a outra, contrariou. A seu ver, a culpa da violência, que já não é só na rua, mas na escola e em casa, é da educação – ou falta dela. – E começou a dissertar sobre o comportamento dos alunos na sala de aula.
Tratava-se de professora do Primeiro Ciclo, já com muitos anos de experiência.
- “ Se outrora havia exagero de professoras, que abusavam da palmatória e da cana nodosa (no seu tempo - esclareceu, - ainda usavam a “régua” e a vara, embora fosse proibido,) agora, a indisciplina está a progredir a olhos vistos.”
E a professora começou a narrar o que fazem os alunos:
-” Ainda a semana passada marquei trabalho de casa. Quando ia para corrigir, houve alunos que não fizeram. Perguntei a razão: “ Não me apeteceu…” Conversam, quando estou a explicar; levantam-se; vão à janela; brincam; e dão respostas mal criadas…”
A amiga mostrava no rosto, uma expressão de espanto, e interrogava: se não comunicava aos pais o comportamento reprovável dos filhos.
- “ Os pais nem aparecem, e quando aparecem, desculpam-nos: “ O menino é muito vivo!”Ainda é muito criança!” “ Que tenha paciência… Que tenha paciência…”. Sei que também não obedecem aos pais. Alguns até chegam a tentar bater-lhes, e ameaçam: que fazem isto e aquilo…”
A conversa continuou, mas por falta de espaço e de interesse, não a vou reproduzir.
Ficou-me a certeza: a escola está transformada num local, onde os jovens (protegidos pela autoridade e pelos pais,) fazem o que lhes apetecem, convencidos que não são imputáveis pelos actos.
Se assim é nos primeiros anos, o que será nos últimos?
Os pais, com receio de traumatizarem o menino, deixam-no fazer tudo. Se outrora, os filhos, tratavam-nos por senhor, hoje tratam-nos por tu e por você, do mesmo jeito como conversam com companheiros de folguedo.
Há pais que parecem terem medo dos filhos. São eles que marcam as horas, que devem chegar a casa, e tomam a liberdade de dormirem fora, com colegas, sem autorização.
A desagregação da Família: pais separados; filhos dele e dela; filhos de ambos; educação partilhada; a influência malévola da TV; os enredos torpes das telenovelas, defendendo, e aceitando, como natural e comum, comportamentos promíscuos; a ausência de educação religiosa; e o exemplo deplorável de figuras públicas, tem degradado de tal modo a nossa sociedade, que esta tornou-se: hipócrita, egoísta, e violenta…
Dizem que é o fim do Mundo…; eu diria: é o fim da Civilização Ocidental, tal como a conhecemos, se não houver arrepio, e não se voltar aos valores tradicionais, que enobreceram o nosso povo.
HUMBERTO PINHO DA SILVA - Porto.Portugal
São poucos relatos históricos que contam a vida do Imperador Dom Pedro II no Brasil. A historiografia brasileira pouco se preocupou em preservar os relatos do nosso império. E depois da Proclamação da República muito do que se tinha preservado foi jogado fora ou apagado.
Hoje são poucas a informações que temos sobre esse período. Tentando mudar esse fato, preparamos uma série de curiosidades sobre Dom Pedro II, o apaixonado imperador brasileiro.
Aumento do próprio salário?
O Imperador esteve no trono brasileiro por 50 anos. Mas nunca aceitou aumento na sua dotação, isto é, o salário. Quando morreu exilado em 1891, não havia acumulado riquezas. Ao contrário, deixou dívidas.
Pouco depois de ser coroado, ainda com 14 anos, tratou de extinguir cargos públicos que considerava inúteis, como a Guarda Imperial. Ela foi recriada na República com o nome de Dragões da Independência.
Ainda existem relatos de que Dom Pedro pagou do próprio bolso estudos de brasileiros no exterior – que foram estudar arte, medicina e engenharia, com a condição de retornar ao Brasil e aplicar aqui seus conhecimentos. O imperador brasileiro também doava recorrentemente parte do salário a obras de caridade e alforria de escravos.
Certa vez o imperador enviou uma carta a Câmara Municipal com os seguintes dizeres: “Sua Majestade, faz questão de saber quem pagou as carruagens que levou a Família Imperial, da estação a Cidade. Se foi pago pela Câmara, então Sua Majestade faz questão de devolver o dinheiro”.
Seca já era um problema.
Outro relato é que ao visitar o Nordeste durante uma seca terrível em 1877, o imperador prometeu ajudar a região. Entre as medidas sugeridas por uma comissão criada à época havia a abertura de um canal para levar água do Velho Chico às áreas castigadas por estiagens e a construção de uma ferrovia para interligar a região. As obras iniciadas em 1879 foram paralisadas pelo Parlamento em 1881 e esquecidas com o Golpe Militar de 1889.
Ele era tão respeitado e admirado mundialmente que durante uma visita aos Estados Unidos recebeu mais de 8 mil votos válidos para as eleições presidenciais de 1877. Esta foi uma situação muito curiosa, já que Dom Pedro II era Imperador do Brasil.
D. Pedro II era um cientista e botânico, tinha um observatório astronômico no topo de um dos torreões do Paço Imperial de São Cristóvão. Como inventor, criou o que seria a primeira máquina para ginastica. Seus escritos e teses botânicas são objeto de estudo até hoje.
Foi um grande fotógrafo pioneiro e incentivador da fotografia com profissionalização.
Grande estudioso da astronomia e responsável pelo primeiro centro astronômico do país.
Esteve no Oriente, atraído por seu grande interesse em Egiptologia, assunto do qual era profundo conhecedor. Seus escritos sobre o assunto são referência mundial até hoje.
Durante seu Reinado, foram construídas as primeiras e únicas ferrovias do Brasil, com planos de ligar o país do norte ao sul. Atualmente o número de ferrovias funcionais é menor que em seu governo.
Construção de Inúmeras Escolas Públicas e Construção do edifício da Santa Casa de Misericórdia em 1852. Lançamento dos primeiros Cabos Submarinos para comunicação telegráfica com regiões do Brasil, e também com a Europa, em 1874.
A iluminação a gás e posteriormente a elétrica em todos principais pontos do País.
Reflorestamento e Criação do Parque Nacional da Tijuca.
Criação das primeiras aldeias indígenas com proteção governamental.
Os Bondes elétricos e os navios a vapor mais modernos da época eram constantemente introduzidos nas cidades e renovados logo com o surgimento de modelos mais avançados.
O Brasil tinha navios mais modernos que a própria Inglaterra em 1870.
Nenhuma residência imperial possuía escravos. Depois de adulto, D. Pedro II alforriou todos os escravos de suas propriedades particulares. Os negros que trabalhavam recebiam salário para tal. Seu legado histórico é de um homem culto, tinha temperança como uma de suas qualidades, era bom chefe de família, bom esposo, popular e admirado pelos súditos. Tanto é que, seu principal gabinete havia vencido as últimas eleições com 82% dos votos, a aprovação e popularidade de D. Pedro II eram de 92% junto ao povo no momento do golpe militar que o derrubou. Por isso as ações de expulsão foram feitas pela madrugada, para prudência do povo reagir contra os miliares de Deodoro.
Durante seu reinado havia total liberdade de imprensa, e talvez nenhum político ou chefe de estado tenha sido tão caricaturado como ele. Logo após o golpe e expulsão do monarca, a maioria dos jornais foram fechados e jornalistas foram exilados na Amazônia.
Era um homem afável e popular, e quando comparecia a eventos ou caminhava pelas ruas como um cidadão comum, era costumeiramente aplaudido pelo povo, o que o deixava vermelho de vergonha por ser uma persona tão avessa a pompas e elogios em demasia.
Era corriqueiro vê-lo caminhar normalmente com seu amigo e médico Conde Mota Maia pelas ruas da Cidade como qualquer senhor de classe média da época.
“Estava eu e mui Mota Maia andando pela a rua ouvidor quando lembro em comprar um regalo para meu neto mais moço, escolhi o agrado e fui pagar à senhorita do balcão do estabelecimento comercial, quando lhe entreguei uma nota de réis ela ruborizou-se olhando para nota onde minha velha face estava ao centro da impressão, a jovem olhou para mim e desmaiou em seguida. Mota a examinou e brevemente acordou timidamente, começou a fazer reverências que eu nunca tinha assistido ou recebido. Depois do susto saímos à calçada, avistei flores, peguei um ramo vistoso, voltei à loja e entreguei a simpática senhorita. Hoje foi um dia bom, porém sempre fico reflexivo sobre tais momentos onde fica claro que meu povo ainda me enxerga como um Rei Medieval dos contos que lia quando infante, mas vi admiração e um belo sorriso no rosto belle enfant, foi compensador.”
(Diário de Pedro II, disponível na Biblioteca Nacional e no Museu Imperial de Petrópolis)
ANTÔNIO JOAQUIM COELHO DA CUNHA - Da Academia Duque caxiense de Letras e Artes Integrante da CIP PLOP – Comissão Interpaíses da Língua Oficial Portuguesa, Rotary Club Duque de Caxias (D. 4570). Duque de Caxias (RJ) Brasil.
EUCLIDES CAVACO - Director da Rádio Voz da Amizade , Canadá.
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Falei, no último artigo, de uma modalidade muito comum nos antigos estudos genealógicos: a religiosa, aquela que focalizava a dimensão sagrada da transmissão da vida em determinadas estirpes, de geração em geração e através dos tempos.
Além dos registros genealógicos de cunho religioso, valorizavam-se no passado os de cunho nobiliárquico. Certas estirpes se destacavam por sua liderança, por sua maior capacidade de ação, por sua dedicação ao bem comum das sociedades grandes ou pequenas, não apenas se preocupando com o seu interesse individual ou familiar, mas também gerindo a sociedade e cuidando de prover às necessidades coletivas. Os membros dessas estirpes tendiam, muito explicável e naturalmente, a ser vistos com especial respeito pelos demais.
Já na Antiguidade, um tanto mesclado com o preponderante elemento religioso, constituíram-se aristocracias no verdadeiro sentido etimológico do termo (ou seja, os melhores ou os mais fortes exercendo o governo), as quais possuíam senso nobiliárquico, tendo noção clara de que constituíam uma elite, tinham conhecimento de seu passado e tinham esperança e disposição para um futuro na mesma orientação. Manda a verdade que se diga essas aristocracias antigas muito frequentemente degeneravam naquilo que é, segundo Aristóteles e São Tomás de Aquino, a corrupção da aristocracia, ou seja, a oligarquia.
Passando agora da Antiguidade para as origens da Idade Média, ou seja, após a verdadeira derrocada que representou, para o Império Romano do Ocidente, a avalanche das invasões bárbaras, à medida que os povos bárbaros se foram civilizando, que foram sendo expulsos os restos de paganismo, a tendência natural era para se constituírem e se consolidarem estirpes aristocráticas. É muito explicável que se procurasse registrar e conservar os feitos e os fastos dessas estirpes, de onde os linhagistas medievais que existiram em todos os países da Europa. Para falar em termos portugueses, recorde-se o famoso Livro Velho das Linhagens, também conhecido como Nobiliário do Conde D. Pedro.
A essas três modalidades clássicas de Genealogia, poderíamos acrescentar a do falso nobre. Ou seja, a da pessoa que se pretende nobre, se imagina nobre, e procura doidamente, numa ascendência irremediavelmente plebeia, algum antepassado nobre. E, como reza o velho ditado, "não há geração sem conde e ladrão", pode acabar encontrando algum nobre. Então começa o delírio: supervaloriza-o, põe-se a falar dele para toda a gente, começa a usar anel de nobreza sem ter a isso direito, e comete toda espécie de desatinos que a convertem verdadeiramente numa caricatura de nobre... e numa caricatura de verdadeiro genealogista.
Essa ridícula posição, naturalmente, sempre foi alvo fácil de sátiras de todo tipo. Seria um não mais acabar se fôssemos aqui transcrever algumas dessas sátiras, verdadeiramente espirituosas. Apenas à guisa de exemplo, lembrem-se a de Alexandre de Gusmão (Genealogia Geral para desvanecer a errada opinião dos Senhores Puritanos, Biblioteca Nacional, Lisboa, Códice 7663, pgs. 48, in "Brasil Genealógico", tomo 1, n° 1, 1960); a do Abade de Jazente, com seu famoso soneto satirizando os que supervalorizam linhagens fabulosas (apud Armando Barreiros Malheiro da Silva, A Genealogia em Portugal e o desafio do presente, em "Armas e Troféus", Lisboa, 1984, V série, tomo V, n°s 1-3); a de Frei Antonio de Santa Maria Jaboatão, que no final do seu Catálogo Genealógico das principais famílias da Bahia e Pernambuco, escreve em duas páginas a genealogia fabulosa da família Fialho (apud Luiz Marques Poliano, Heráldica, Edições GRD/Instituto Municipal de Arte e Cultura-Rioarte, São Paulo, 1986, pp. 330-333).
Por fim, outra modalidade que tinham os estudos genealógicos até 20 ou 30 anos atrás, era quando se destinavam a assegurar a transmissão de patrimônios pela via da sucessão hereditária. Em Portugal, por exemplo, nos séculos XVI a XVIII eram clássicas as querelas judiciárias prolongadíssimas (algumas se arrastando por diversas gerações) pela disputa de um vínculo, de um morgadio, de um senhorio qualquer que, por vontade do primitivo proprietário, se transmitia indivisível de geração em geração, pela linha da primogenitura, segundo certas regras gerais fixadas nas Ordenações do Reino, e segundo certas normas específicas estabelecidas pelo instituidor. Ao cabo de 100, 200 ou 300 anos, muitas vezes extinguia-se o ramo primogênito, e acontecia que se apresentavam vários pretendentes. Entravam então em cena genealogistas que, com ou sem razão, procuravam sustentar a precedência de umas linhas sobre outras, ou contestar a legitimidade de certas sucessões.
ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOS, é historiador e jornalista profissional, membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.
O Dia da Terra é celebrado a 22 de abril desde 1970 quando o senador democrata Gaylord Nelson, representante do Estado de Wisconsin, no norte dos Estados Unidos, chamou a atenção para a necessidade de ações a favor do meio ambiente. Com o tempo, outros países passaram a comemorar a data, inclusive o Brasil. No entanto, esse chamado em defesa do planeta, embora tenha repercutido em todo o mundo, não trouxe os resultados práticos esperados.
Com efeito, inúmeros interesses econômicos interferem no equacionamento dos problemas, adiando políticas eficazes para a restauração ambiental de forma sustentável – entendida como a maneira mais adequada de compatibilizar desenvolvimento e o respeito incondicional à natureza como “habitat” compartilhado. Nessa trilha, tenta-se criar, a todo custo, a falsa ideia de que meio ambiente é entrave ao desenvolvimento, quando, na verdade, é sua condição.
Uma gravíssima advertência de Lévi-Strauss - “O MUNDO COMEÇOU E ACABARÁ SEM O HOMEM”- serve como um grande alerta para o desastre na área decorrente das lógicas da globalização e do consumo. Invoquemos aqui o economista Gilberto Dupas, coordenador-geral do Grupo de Conjuntura Internacional da USP- Universidade de São Paulo - Brasil:- “Há, pois, fortes evidências de que a civilização está em xeque. Urge aos governos e às instituições internacionais tomarem medidas preventivas drásticas imediatas em nome dos óbvios interesses dos nossos descendentes. Mas, como fazê-lo, se o modelo de acumulação que rege o capitalismo global exige contínuo aumento de consumo e sucateamento de produtos, acelerando brutalmente o uso de recursos naturais escassos? O dilema é ao mesmo tempo simples e brutal: ou somamos o modelo ou envenenamos o planeta, sacrificando de vez a vida humana saudável sobre a terra” ( Folha de São Paulo-30/01/2007- A- 3).
Efetivamente, não temos o direito de destruir – por ignorância nossa, por incompetência técnica ou por pura ganância – os recursos naturais e o meio ambiente que são patrimônio das futuras gerações. Assim, cultivar o debate sobre o tema e criar comprometimento com as soluções a serem adotadas é o caminho para que a questão seja encarada com seriedade e como aspecto inerente à própria sobrevivência da espécie.
E mesmo que haja excepcionalmente alguns excessos dos preservacionistas, a luta em defesa da natureza é uma causa das pessoas em geral a merecer apoio de toda a comunidade, que deve ser motivada a partir da educação infantil nos lares e nas escolas, constituindo-se num dever do Poder Público e de toda a coletividade, o cuidado, a defesa, a preservação e o respeito à ecologia, reavaliando-se constantemente hábitos e costumes que alterem e prejudiquem o ecossistema.
Por outro lado, a Terra é o terceiro planeta do Sistema Solar, tendo uma distância média de cento e cinquenta milhões de quilômetros do Sol, a estrela mais próxima. Sua massa está estimada em cinco sextilhões e oitocentos e oitenta e três quintilhões de toneladas. Sua área total é de 510.100.000 quilômetros quadrados, dos quais 148.940.000 são ocupados por terra, o restante, por água. Toda a superfície está dividida em várias nações com povos de costumes e línguas diferentes, as quais infelizmente, além dos problemas ambientais, vivem marcadas por guerras étnicas, religiosas, raciais e por profundas manifestações de desigualdades sociais. A sociedade concreta em que vivemos, está marcada pelas desigualdades, pelo egoísmo e pelas injustiças. As comunidades estão cada vez mais individualistas e o consumo parece ditar todas as normas, gerando a omissão daqueles que não são financeiramente úteis. O materialismo absoluto determina o êxito das pessoas e a mídia quase sempre destaca os mais ricos e poderosos, incentivando o crescimento exclusivo da área econômica. Por isso, mais do que nunca também é preciso despertar a consciência da humanidade para uma melhoria nas condições de vida, destacando o espírito de paz e fraternidade que deveria prevalecer entre todos seres do mundo.
Caetano e uma homenagem à Terra
Para comemorar o “Dia da Terra”, invocamos um poema do cantor e compositor CAETANO VELOSO, que concebeu uma verdadeira declaração de amor ao nosso planeta: “Quando eu me encontrava na cela de uma cadeia foi que vi pela primeira vez as tais fotografias em que apareces inteira. Porém lá não estavas nua e sim coberta de nuvens. Terra, Terra por mais distante o errante navegante quem jamais te esqueceria./ Ninguém supõe a morena dentro da estrela azulada na vertigem do cinema manda um abraço pra ti, pequenina como se eu fosse a Paraíba Terra, Terra.../Eu estou apaixonado por uma menina Terra, signo de elemento Terra, do mar se diz Terra à vista. Terra, para o pé firmeza. Terra para a mão carícia. Outros astros lhes são guia. /Terra...Eu sou um leão de fogo. Sem ti me consumiria a mim mesmo eternamente e de nada valeria acontecer de eu ser gente e gente é outra alegria diferente das estrelas. Terra... De onde nem tempo nem espaço que a força mande coragem pra gente te dar carinho durante toda a viagem que realizar no nada através do qual carregas o nome da tua carne./ Terra... Nas sacadas dos sobrados da velha São Salvador. Há lembranças de donzelas. Do tempo do imperador tudo, tudo na Bahia. Faz a gente querer bem. A Bahia tem um jeito Terra...”.
JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é advogado, jornalista, escritor e professor universitário. Presidente da Academia Jundiaiense de Letras (martinelliadv@hotmail.com)
Os cigarros eletrônicos, chamados de e-cig, em meio a adolescentes na periferia me angustiam. Talvez se encontrem em outros grupos sociais e a aflição será a mesma.
É um aparelho mecânico-eletrônico, muitos deles se parecem com uma caneta, dividido em três partes principais, bateria (recarregávelque fornece energia para o funcionamento da parte eletrônica; atomizador, comporta a resistência que esquenta o líquido armazenado no cartucho e recipiente que armazena a solução química. Não deixa mau cheiro na pessoa que fuma e no ambiente. O fumante traga o vapor com substâncias tóxicas. Segundo o site o Hospital A.C. Camargo Câncer Center, por se tratar de um aparelho quente também é um fator de risco para inflamações na mucosa bucal ou de câncer de boca e garganta.
Além da nicotina, óleo de maconha e de haxixe, extraídos a partir de material vegetal, da mesma forma pode ser colocado no cartucho. O óleo é obtido através de destilação ou extração com solventes de origem orgânica (álcool, acetona, butano etc.) posteriormente evaporados.
Parece-me que, para alguns meninos de 11, 12, 13 anos, sem grande perspectiva de futuro, compartilhar com outros, da mesma idade, um cigarro eletrônico com maconha seria como um rito de passagem. Que judiação! São púberes que, inúmeras vezes, se percebem à margem da escola, da família, da sociedade... Meninos de comportamento difícil, que gente perversa chama de lixo e joga para fora de espaços que são dele por direito.
Que diferença dos ritos de passagem, por exemplo, da tribo dos Karajás. Existem celebrações que marcam a mudança do indivíduo, dando importância ao momento. São pintados com o preto azulado do jenipapo e ficam confinados durante sete dias numa casa ritual chamada de Casa Grande. Recebem ensinamentos dos mais velhos como caçar, pescar e se comportar como adulto.
Desconheço se é possível, no cigarro eletrônico, tragar vapor do crack ou do oxi – mistura de pasta-base de cocaína, querosene e cal virgem ou de outros ingredientes como cimento, acetona, ácido sulfúrico, amônia e soda cáustica -, que produz o dobro da euforia do primeiro.
Os púberes usuários, das bordas estéreis, que são seduzidos para o uso dessas substâncias, em entrega de ovos de Páscoa, abraçados com quem veste a fantasia de coelho, demonstram felicidade e pureza. É urgente salvá-los!
MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE -
Professora e cronista. Coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher – Santa Maria Madalena/ Magdala. Jundiaí, Brasil.
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