PAZ - Blogue luso-brasileiro
Sábado, 22 de Julho de 2017
MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE - MATERNAGEM OU COMPAIXÃO

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Não sei se é maternagem ou compaixão este sentimento que aflora diante das duas mocinhas grávidas. Ou maternagem e compaixão seriam, de certa forma, sinônimos para se dizer da vontade de dar colo, sussurrar cantigas de ninar e assoprar dores?
São filhas da periferia e nela conservam-se.  Em seu relacionamento de fertilidade, me parecem mais movidas pelas carências do que por amor ou busca de prazer.   Essencial olhar além da silhueta. Não é ausência de sonho, mas de possibilidades para chegar ao cimo de uma montanha. Faltaram: fortalecimento na família, aprendizagem na escola, olhar da sociedade e do poder para o pequeno mundo em que nasceram e cresceram. O tempo das brincadeiras foi atropelado pela realidade complicada.  Os anos foram passando e cavando por dentro sem colocar sementes. O companheiro que surgiu não era o ideal e nem veio montado em cavalo branco, contudo aparentava ser o único. Talvez realmente fosse. De certa forma, acreditam que sejam possíveis mudanças e que, na transformação, sem álcool, pó e pedra, eles se tornem melhor. Nesse reconhecimento, mascaram os hematomas das agressões e prosseguem. Pelo menos, têm a impressão de que são consideradas. Existe, agora, no entanto, uma angústia que não passa em tempo de Zika, de microcefalia... Como desembarcará o bebê que trazem em suas entranhas? Gostariam de uma ecografia semanal, que lhes dissesse que se encontra tudo bem, que o bebê possui as medidas normais e que a cabecinha segue na mesma proporção. Um bebê com limites acumularia nelas uma espécie a mais de fracasso. Incrível como não possuem consciência de que muita coisa nas pegadas delas não é culpa pessoal, mas da insensibilidade de inúmeros diante da miséria que arruína a vida de tantos. Que bom, em Jundiaí, termos, dentre outros profissionais, a enfermeira obstetra Maria Manoela Duarte Rodrigues, comprometida com a humanização da gravidez e do parto. 
Vem-me nessa mistura de maternagem e compaixão, a música Gente Humilde de Garoto, Vinícius de Moraes e Chico Buarque: “Tem certos dias/ que eu penso em minha gente,/ e sinto assim meu coração se apertar... E aí me dá uma tristeza/ no meu peito/ feito um despeito por não ter como lutar...” Mas termino o canto de maneira diferente: e eu que creio, “peço a Deus por minha gente, / é gente humilde/ que vontade de chorar”.

 

 

 

MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE -

 Professora e cronista. Coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher – Santa Maria Madalena/ Magdala. Jundiaí, Brasil.



publicado por Luso-brasileiro às 15:02
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RENATA IACOVINO - ESCREVENDO COM ELAS

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Bastou eu sentar para escrever (digitar) este artigo e logo tenho à minha volta todas elas, as cinco filhas felinas, que não me deixam um minuto desde que adentro cá no apartamento.

Uma sobre a cama, outra do meu lado, outra buscando passar despercebida, coloca-se entre meus pés; aquela que anda mais arisca por não querer interagir com as demais, pula no batente da janela e pelo vidro aprecia a paisagem, e a última que fica me olhando e miando, pois quer que eu passe a mão sobre ela, acarinhando seu corpo e seus pelos macios.

Adoraria tirar uma foto da cena e publicar aqui. Mas entre um pensamento e outro e nova frase se formando, as gatas vão revezando seus lugares, passando a explorar novas tentativas.

Tenho escrito algumas vezes sobre elas porque esses seres de fato me intrigam e me encantam.

Por mais que pensemos já conhecer o suficiente desse universo para convivermos com uma dada rotina, a verdade é que essa rotina acaba não existindo. Sempre há novas informações no dia a dia, curiosidades que nos fazem até nos questionarmos como seres humanos.

Nós, que no alto de nossa sabedoria, dando todo crédito à ciência e aos estudos na área, sempre reforçamos a ideia de que esses bichinhos não sentem e que no lugar dessa característica exclusivamente humana, só existem os instintos...

Mas nessa convivência é fácil percebermos que há mais mistérios entre os felinos e os humanos do que comprovou a ciência até o momento. E talvez nunca comprove, pois o que é da ordem do metafísico...

Contando para uma conhecida a respeito da minha relação com meu gato já falecido, o Dimitri, disse a ela que em alguns momentos em que eu estava com ele, principalmente nos momentos em que eu o escovava e ele ronronava bastante, se mostrando feliz, eu sentia a presença de minha mãe (falecida). E ela disse-me algo no sentido de que aquele momento era tão especial para mim e eu me sentia tão bem e aberta, que provavelmente esse clima possibilitasse tal sensação.

Pois bem, cá estou às voltas com este texto e com as gatas, que com a sabedoria típica dos felinos, estão me ajudando a redigi-lo.

E finalizando, digo que a maior bobagem que ouvi e continuo ouvindo, é que gatos são interesseiros. São é interessados! Interessados em carinho, interessados por nós. Mais do que muitos de nós pelos outros.

 

 

 

RENATA IACOVINOescritora e cantora / www.facebook.com/oficialrenataiacovino/

 



publicado por Luso-brasileiro às 14:57
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VALQUÍRIA GESQUI MALAGOLI - MOTIVOS PESSOAIS

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

            Se existe algo que não se pode fazer nas relações de amizade ou trabalho, e cuja penalidade é passar por “chato”, isso, o que não se pode – ou deve – é dizer a verdade. Ou, pior ainda – apontá-la.

            Quem é o dono da verdade? Ora, ninguém. Principalmente, encarada seja como ela é: mais relativa impossível.

            Mas, ainda assim, há verdades tão cuspidas e escarradas que um simples apontar de dedos escancara. E ninguém precisa ser o dono da dita-cuja para apontá-la.

            Acontece que, ainda que no intuito de ajudar, prevalecerá o gesto de apontar este que aponta como presunçoso ao gesto outro simplicíssimo de corrigir o apontado erro. Ou, pior, fazer ouvidos moucos.

            Desapontamento geral.

            Venho alegando “motivos pessoais” para desligar-me de “coisas”.

            Motivos pessoais. Prova cabal de minha submissão idêntica à de qualquer um; ato tão humano quanto o de qualquer outro mortal, a fim de justificar atitudes – pensadas e irreversíveis, portanto, tranquilas.

Motivos pessoais. Antiquíssimo recurso, segundo o qual para fazer valer bons modos frente quem não os merece, deturpa-se a verdade.

            Ai ai... quisera agora afirmar que encarno José Régio: “Ninguém me diga: ‘vem por aqui’!/ A minha vida é um vendaval que se soltou,/ É uma onda que se alevantou,/ É um átomo a mais que se animou.../ Não sei por onde vou,/ Não sei para onde vou/ Sei que não vou por aí!”. Tenho, ao invés disso, ido por aí.

Por isso, aliás, é que venho cada dia menos poetando. Poetar vinha se tornando um refúgio onde entregar-me a uma verdade escrita e personalíssima, enquanto de lado e entregue a outrem ficava, essa sim, a verdadeira verdade para bem ou muitíssimo mal ser vivida!

Por isso é que, ao invés de meus e mal traçados, tomo emprestados versos de Gonzaguinha para traduzir o que sinto: “Palavras, palavras, palavras/ Eu já não aguento mais/ Palavras, palavras, palavras/ Você só fala, promete e nada faz/ Palavras, palavras, palavras/ Desde quando sorrir é ser feliz?/ Cantar nunca foi só de alegria/ Com tempo ruim/ Todo mundo também dá bom dia!/ Cantar nunca foi só de alegria/ Com tempo ruim/ todo mundo também dá bom dia!”.

            Se bem que, enquanto determinado por pessoas, motivos são de fato pessoais.

 

 

 

Valquíria Gesqui Malagoli, escritora e poetisa, vmalagoli@uol.com.br / www.valquiriamalagoli.com.br

 

 



publicado por Luso-brasileiro às 14:53
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FELIPE AQUINO - É VERDADE QUE A PÍLULA DO DIA SEGUINTE É ABORTIVA ?

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Frequentemente recebemos perguntas sobre as pílulas contraceptivas. Elas são abortivas? E a pílula do dia seguinte?

Confira neste vídeo uma explicação do Prof. Felipe Aquino sobre este assunto:

 

 

 

 

 

https://youtu.be/WQxS57g7h4Y

 

 

 

FELIPE AQUINO - Escritor católico. Prof. Doutor da Universidade de Lorena. Membro da Renovação Carismática Católica.

 



publicado por Luso-brasileiro às 14:40
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PAULO R. LABEGALINI - O TERCEIRO SEGREDO DE FÁTIMA

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Há anos, inúmeros foram aqueles que solicitaram do Cônego José Geraldo Vidigal de Carvalho, Professor no Seminário de Mariana, uma análise teológica sobre o Terceiro Segredo de Fátima – mentirosamente divulgado na internet. E ele esclareceu:

“Cumpre que se diga que temos obrigação de crer nas revelações divinas contidas na Bíblia Sagrada. Estas terminaram com o que está escrito no Apocalipse, último livro das Escrituras. Depois disto, revelações particulares não têm, evidentemente, o mesmo alcance, inclusive, as mensagens de Fátima. Jesus foi claro: ‘Fazei penitência e crede no Evangelho’ (Mc 1,15).

O importante é viver em função das virtudes teologais e praticar plenamente as virtudes morais. A mensagem de Fátima conclama a que se unam as forças do bem no mundo, para que haja harmonia nesta terra. Cumpre confiar em Jesus, nosso único salvador, cuja cruz assentada na montanha deste mundo é o sinal da vitória do bem contra as forças malignas.

Sob este aspecto, não há novidades na referida mensagem, mas há um alerta que deve ser permanente. Em todos os tempos houve e haverá guerras, tribulações, perseguições à Igreja, crueldades, mas a fé em Jesus sustenta os cristãos que não esmorecem nunca e se entregam à santidade de vida. À frente da Igreja, surgem sempre as figuras dos papas a ajudarem a subida da montanha.

As visões de Lúcia são consoladoras se bem interpretadas e mostram o poder redentor de um Deus numa história humana de martírio e de lutas ferozes contra o Inimigo do gênero humano. Cumpre ao cristão seguir o que Jesus preconizou: ‘Se alguém quiser ser meu discípulo, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me’ (Mt 15,24); deixando de lado especulações sobre o fim do mundo, impedindo todo e qualquer tipo de pânico e tendo uma visão otimista da história – apesar dos males causados pelo pecado original, fonte de tantas misérias. Tudo que está na mensagem de Fátima se refere ao passado e não ao futuro.

O que é preciso é muita oração, penitência e conversão interior. Isto é o que Nossa Senhora de Fátima quer de seus devotos, e não especulações infantis. Seria bom que se lesse Lucas: 17,20-25. O Coração Imaculado de Maria há de triunfar sim, na medida em que os seus filhos imitarem suas virtudes e forem verdadeiramente ‘sal da terra e luz do mundo’ (Mt 5,13).

Maria foi aquela que acreditou (Lc 1,45) e foi fiel ao ‘sim’ que deu ao Ser Supremo. Satanás quer a perdição das almas, mas quem se acha sobre a proteção da Virgem Santa estará salvo. O viver livre e sem coação, o escolher o seu modo de existência, ignorando os Mandamentos divinos, são a nascente dos males hodiernos.

Saber viver intensamente o Evangelho neste clima atual de individualização inteiramente liberal é uma arte que exige um esforço sobre-humano, mas o devoto de Maria evita traumas e conflitos fatais sob sua égide poderosa. Ela está a clamar: ‘Se sois cristãos, tendes o mundo nas mãos. Salvai-o com vossas preces e vossa penitência’. Nada, portanto, de pensamentos alheios à realidade dos fatos!”

Que reflexão maravilhosa, não? O conteúdo da terceira parte do Segredo de Fátima, revelado em 13 de julho de 1917 e redigido em 3 de janeiro de 1944 pela Ir. Lúcia dos Santos, é o seguinte:

“Escrevo, em ato de obediência a Vós meu Deus, que me mandais por meio de Sua Excelência Reverendíssima o Senhor Bispo de Leuria e da Vossa e minha Santíssima Mãe. Depois das duas partes que já expus, vimos ao lado esquerdo de Nossa Senhora, um pouco mais alto, um anjo com uma espada de fogo na mão esquerda.

Ao cintilar, desprendia chamas que pareciam incendiar o mundo. Mas, apagavam-se com o contato do brilho que da mão direita expedia Nossa Senhora ao seu encontro. O anjo, apontando com a mão direita para a terra, com voz forte, dizia: ‘Penitência, penitência, penitência’.

E vimos numa luz imensa, que é Deus, algo semelhante a como se veem as pessoas no espelho quando lhe diante passa um bispo vestido de branco. Tivemos o pressentimento de que era o Santo Padre. Vimos vários outros bispos, sacerdotes, religiosos e religiosas subir uma escabrosa montanha, no cimo da qual estava uma grande cruz de tronco tosco, como se fora de sobreiro como a casca. O Santo Padre, antes de chegar aí, atravessou uma grande cidade, meia em ruínas e meio trêmulo, com andar vacilante, acabrunhado de dor e pena. Ia orando pelas almas dos cadáveres que encontrava pelo caminho.

Chegando ao cimo do monte, prostrado de joelhos aos pés da cruz, foi morto por um grupo de soldados que lhe disparavam vários tiros e setas, e assim mesmo foram morrendo uns após os outros: os bispos, os sacerdotes, religiosos, religiosas e várias pessoas seculares, cavalheiros e senhoras de várias classes e posições. Sob os dois braços da cruz, estavam dois anjos. Cada um com um regador de cristal nas mãos recolhendo neles o sangue dos mártires e com eles irrigando as almas que se aproximavam de Deus.”

Este, portanto, é o conteúdo do Terceiro Segredo de Fátima. Todo o resto é pura fantasia.

 

 

 

PAULO ROBERTO LABEGALINI Escritor católico. Vicentino de Itajubá - Minas Gerais - Brasil. Professor doutor do Instituto Federal Sul de Minas - Pouso Alegre.‘Autor do livro ‘Mensagens Infantis Educativas’ – Editora Cleofas

 



publicado por Luso-brasileiro às 14:31
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HUMBERTO PINHO DA SILVA - COMO É FEITA A OPINIÃO

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Certo politico – que dizem ser o pai da democracia portuguesa, – proferiu, certa vez, frase (que não era sua) que ficou célebre: “Só os burros é que não mudam!”

Assim é; mas será que a maioria das pessoas têm opinião ou sabem o que é ter opinião?

Creio que não: porque os pareceres mudam, consoante: os momentos, os interesses e a opinião do “ clube”, que estão inseridos.

Vejamos: Qual é o militante, que pretende ascender a cargos – remunerados ou não,  do seu partido, que se atreve a discordar do líder quando este está em plena ascensão?

Poucos ou nenhuns. A opinião do militante, é, salvo raras exceções, a mesma do chefe.

Uma vez o líder em queda, surgem, então, os pareceres, as discórdias; e poucos o defendem, mesmo os que meses antes se batiam heroicamente a seu favor.

Também o critico da moda – literário ou teatral, – ao escrever o comentário, tem o pensamento na “ capelinha” que o apoia, que não lhe perdoaria critica negativa, a camarada.

O escritor é excelente ou medíocre, conforme o grau de amizade, ou por haver tratado tema, que agrada a certa feição, seja: politica, religiosa ou desportista.

Sejamos francos e honestos: a obra pode ser excecional, o autor um génio, mas se os ideais defendidos são contrários ao nosso ponto de vista, a obra é: má ou assim, assim.

Para o homem da esquerda, só tem valor o que pensa como ele; e o mesmo acontece, quase sempre, ao que milita em partidos de direita.

Mas, o que é afinal, ser de direita ou de esquerda?

Há homens de direita, que pensam e agem, como se fossem de esquerda; e há de esquerda, que quando agem, enquadram-se até na extrema-direita!...

 Uma coisa é vê-los falar; outra, são as obras…

É que a escolha de ideologia ou partido, é feita, muitas vezes, por razões sentimentais ou conveniências…

Já repararam: se futebolista joga num clube rival ao nosso, as atitudes incorretas, taxamo-las de: indisciplina e má educação; mas, se o nosso clube, contrata-o, passam a ser: nervosismo”, ” ter o coração junto da boca”…

Sabemos que é assim; mas as massas não sabem; e como são incapazes de raciocinar sem a muleta do crítico ou comentador, seu parecer, é o que está em voga, ou o que seu jornal defende.

E está em voga, porque, minoria, bem organizada,  com poder, domina a mass-media, e interessa-lhe que o Senhor “A” seja uma sumidade, e que o Senhor “B“, burro chapado ao quadrado! …

E, as massas acéfalas, em rebanho, engrossam as manifestações e os abaixo assinados, convencidas que pensam, mas não pensam…E mal é quem lhes diga isso…

E assim, o povo, não passa de bonequinho de marioneta: salta, canta, chora, ri, aplaude, censura, grita, berra, sem se aperceber, que é comandado por cordelinhos invisíveis! …

 

 

 

 

HUMBERTO PINHO DA SILVA   -   Porto, Portugal



publicado por Luso-brasileiro às 14:26
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CASIMIRO DE ABREU - DEUS

 

 

 

 

 

 

 

 

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Eu me lembro, eu me lembro! - Era pequeno

E brincava na praia; o mar bramia

E, erguendo o dorso altivo, sacudia

A branca espuma para o céu sereno.

 

 

E eu disse à minha mãe nesse momento:

- " Que dura orquestra! Que furor insano!

Que pode haver maior do que o oceano,

Ou que seja mais forte do que o vento ? "

 

 

Minha mãe a sorrir olhou pr'os céus

E respondeu: - " Um ser, que nós não vemos,

É maior do que o mar, que nós tememos,

Mais forte que o tufão... Meu filho: é Deus !

 

 

 

 

CASIMIRO DE ABREU   -  poeta brasileiro

 

 

 

 

***

 

RESPIGANDO NA NET

 

 

 

https://sol.sapo.pt/noticia/572801/a-nova-inquisicao

 

 

 

A nova Inquisição

 

 

 

Com os incêndios a continuarem a queimar o país, outros incêndios – estes verbais – assolaram o nosso universo mediático.

 

 

 

 

 
 
 
 
 
 
 

Foram as acusações de racismo feitas pelo Ministério Público a 18 agentes da PSP de Alfragide; foram as declarações de Gentil Martins considerando a homossexualidade «uma anomalia» e condenando Ronaldo por ter recorrido a uma barriga de aluguer; foram as declarações do candidato do PSD/CDS a Loures, André Ventura, de crítica a supostos comportamentos da etnia cigana.

Independentemente da opinião que cada um de nós possa ter a respeito destes casos, uma coisa é certa: hoje pode chamar-se tudo a toda a gente, inclusivamente chamar «palhaço» ao Presidente da República.

Mas ai de quem diga alguma coisa que cheire a preconceito racial ou de crítica à comunidade gay. São temas tabu.

Que mostram que a liberdade de opinião tem zonas proibidas.

Há uma coisa que muita gente não percebe: o facto de alguém ter opiniões diferentes das nossas, e que nos merecem repúdio, não significa que não tenha direito a exprimi-las.

Este é o primeiro ponto. Gentil Martins e André Ventura têm todo o direito a exprimir a sua opinião, independentemente, de se estar ou não de acordo com eles.

O segundo ponto tem a ver com o cinismo das pessoas. Confesso que ouço muita gente dizer coisas parecidas com o que o Gentil Martins disse sobre os gays e Ronaldo, ou com o que André Ventura disse sobre o comportamento da etnia cigana.

Todos já ouvimos opiniões semelhantes.

Mas se alguém diz alto aquilo que muitos dizem baixo, aqui d’el Rei! É homofóbico, é xenófobo, é racista, etc.

Em terceiro lugar – e no que respeita a André Ventura –, ele disse coisas objetivas: que muitos ciganos em Loures não pagam os transportes públicos, que não trabalham e vivem do rendimento mínimo, que querem viver acima da lei.

Ora, em vez de discutirmos ideologia, por que não vamos ver se as afirmações são certas ou erradas? Se diz a verdade ou não?

Se diz a verdade, há que fazer um trabalho junto da comunidade cigana para que se integre melhor e passe a cumprir a lei. Se não diz a verdade, deve ser desmascarado. Mas com factos – e não com palavras ou insultos.

Numa democracia, as coisas passam-se assim.

O ‘politicamente correto’ é o index de uma nova Inquisição.

 

 

 

 JOSÉ ANTÓNIO SARAIVA

 

 

(Transcrito do semanário: " SOL")

 

 

***

 

 

 

https://www.facebook.com/aroldo.mendonca/videos/1100926163372803/

 

 

 

 

Antonio J C da Cunha

 

 

BANCO DE LEITOS HOSPITALARES: UM PROJETO FABULOSO CRIADO E DESENVOLVIDO PELO COMPANHEIRO AROLDO MENDONÇA, COMO MEMBRO EFETIVO DO ROTARY CLUB LOTE QUINZE, SEMPRE APOIADO PELOS ROTARIANOS DO DISTRITO 4570, ESPECIALMENTE PELOS CLUBES DA BAIXADA FLUMINENSE.

 

 

HOJE, DIA 18 DE JULHO DE 2017, DATA EM QUE AROLDO MENDONÇA COMPLETA 89 ANOS DE VIDA, SEU FILHO AROLDINHO E SEU NETO PROMETEM DAR CONTINUIDADE À OBRA QUE AROLDO MENDONÇA CRIOU, AUXILIADO, SEMPRE, PELOS COMPANHEIROS ROTARIANOS DO "LOTE XV" - PARABÉNS COMPANHEIRO AROLDO.

 

COM A CONTINUIDADE DESTE TRABALHO, CERTAMENTE TE TORNARÁS IMORTAL. VIVA O AROLDO MENDONÇA. O VALOR DO PROJETO NÃO ESTARÁ NO NOME ANUNCIADO A PARTIR DE ENTÃO. SE EM NOME DO ROTARY LOTE XV OU DA FUNDAÇÃO AROLDO MENDONÇA. O VALOR ESTÁ EM SEUS PROPÓSITOS E CONTINUARÁ A SER RECONHECIDO PELOS SERVIÇOS PRESTADOS À COMUNIDADE CARENTE E NECESSITADA DOS SEUS BENEFÍCIOS: LEITOS HOSPITALARES, CADEIRAS DE RODAS, CADEIRAS HIGIÊNICAS E QUAISQUER OUTROS PRODUTOS HOSPITALARES DE REABILITAÇÃO.


O encontro do dia 18 de julho de 2017 - será mais uma oportunidade de se declarar a importância do ROTARY em nossas vidas. Estamos presentes para homenagear o companheiro AROLDO MENDONÇA, por seu aniversário e por sua genial iniciativa de criar um banco de leitos hospitalares em nosso clube. A sua iniciativa pode ser resumida numa única palavra: SOLIDARIEDADE. O texto, adaptado da obra de Sérgio Freire, é a minha homenagem ao ilustre companheiro.


A vida é vivida a partir de parâmetros. Configuramos e reconfiguramos valores e conceitos ao sabor das linhas desenhadas no caderno de nossa existência. A cristalina certeza de ontem é hoje a opaca dúvida que nos atormenta. As demonstrações e juras de amor que vão dormir acesas acordam cinzas de indiferença. Porque o mundo gira e porque a vida treme, já não temos mais tanta certeza. A única certeza é que a vida tem se tornado mais difícil para todos.

 

A solidariedade é o preenchimento da expectativa de que o outro vai retribuir aqueles momentos em que você prostrou-se na frente daquela batalha, porque acreditava na causa, a mesma causa que agora eles prostram-se ao seu lado. Solidário é o companheiro de trincheira. A solidariedade é aquela vozinha de defesa no meio da gritaria estridente de acusações. É a manifestação eloquente, ainda que silenciosa, da presença solidária na sustentação, em meio aos fortes ventos criados por articulações maléficas, daqueles que só se solidarizam para fazer o mal, o que não é solidariedade, mas cumplicidade.


Tomar chuva na trincheira, gritar pelo outro até perder a voz por vontade própria, quando e onde estiver, a hora em que for preciso. Isso é ser solidário. A solidariedade é a capacidade de fazer sólido quem de solidez necessita. Parece contraditório, mas o cristal é a matéria-prima da solidariedade, se trinca por algum motivo, nem mesmo o mais perfeito artesão, que é o tempo, é capaz de remover as estrias.
Esquecemos de cuidar bem do meio ambiente e dos homens. Os fenômenos naturais fogem do nosso controle, a fome nos traz doença e pavor. A Terra está numa evolução contínua e as pessoas estão aptas a responder a este apelo de amor e solidariedade, sem esses dois sentimentos (amor e solidariedade) não há como o homem sobreviver. Entendo agora o porquê dos maremotos, enchentes, vulcões, terremotos, acidentes etc. que nos tem assolados, eles existem por conta dos nossos erros e servem para despertar o nosso amor e solidariedade, desta forma também entendo porque o Rotary e Aroldo existem, eles complementam-se na ação de servir.
Assim é a estória do ROTARY, assim é a vida de Aroldo Mendonça, exemplo de cidadão, de rotariano, símbolo do nosso distrito 4570, do amigo, do companheiro, do incansável construtor da união e da eficácia do RC BR LOTE XV. Parabéns aos rotarianos que tornaram possível a realização de um dos muitos sonhos desta figura amada e respeitada que é o AROLDO MENDONÇA.


ATÉ AQUI, O QUE DIRIGIU A VIDA DE AROLDO MENDONÇA ? Certamente... a vontade de servir.... a solidariedade quando mais se precisa, na dor...
Mas, o Aroldo não é pessoa de falar e sim de fazer... de fazer o bem sem olhar a quem... sempre. Todos nós temos as nossas vidas dirigidas por algo.... Por uma referência....


Você, companheiro Aroldo, é uma referência para todos os rotarianos.
E você, meu prezado companheiro, aqui presente, o que dirige a sua vida? Pense nisso.... Sem um propósito claro, ficamos sem alicerce sobre o qual fundamentar nossas decisões, como empregar o nosso tempo, como aplicar os nossos recursos. A tendência será tomar decisões com base nas circunstâncias, nas pressões do momento e no humor do dia. Quem não conhece a si mesmo não consegue A PAZ NO SERVIR.


A solidariedade, sem dúvida, é o amor em movimento. É do tipo mais nobre, do tipo admirável em todos os aspectos, indispensável. Hoje compreendemos melhor o que é solidariedade, porque temos o BANCO DE LEITOS HOSPITALARES, criado por este admirável rotariano.

PARABÉNS AROLDO MENDONÇA.

 

 

 

***

 

 

 

Horário das missas em, Jundiai ( Brasil):

 

http://www.horariodemissa.com.br/search.php?opcoes=cidade_opcoes&uf=SP&cidade=Jundiai&bairro&submit=73349812

 

 

 

 Horário da missas em São Paulo:


http://www.horariodemissa.com.br/search.php?uf=SP&cidade=S%C3%A3o+Paulo&bairro&opcoes=cidade_opcoes&submit=12345678&p=12&todas=0

 

http://www.horariodemissa.com.br/search.php?uf=SP&cidade=S%C3%A3o+Paulo&bairro&opcoes=cidade_opcoes&submit=5a348042&p=4&todas=0

 

 

 

 Horário das missas na Diocese do Porto( Portugal):

 

http://www.diocese-porto.pt/index.php?option=com_paroquias&view=pesquisarmap&Itemid=163

 

 

 

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publicado por Luso-brasileiro às 13:43
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Sábado, 15 de Julho de 2017
ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOS - PEDRO II E SEUS ESCRÚPULOS DE CONSCIÊNCIA

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

“Scrupulum”, em latim, significa pedrinha. Por extensão, usa-se a palavra escrúpulo para designar a inquietação de consciência com coisas pequenas que incomodam, à maneira de uma pedrinha dentro do sapato. D. Pedro II era muito escrupuloso com o dinheiro público. Não transigia com falcatruas de espécie alguma. Seu reinado, como se comentava na época, instaurou no Brasil a “ditadura da moralidade”. São inúmeros os fatos bem documentados que confirmam essa fama. Vejamos um deles.

Somente aos 46 anos de idade D. Pedro conseguiu realizar um de seus maiores desejos: conhecer a Europa. Nascido em 1825, teve uma infância atribulada, ficou órfão de mãe com um ano de idade, não havia completado seis anos quando seu pai abdicou, cresceu em meio às conturbações da Regência, foi coroado com apenas 14 anos, enfrentou a seguir inúmeras dificuldades para pacificar os focos de insurreição surgidos durante a Regência, teve que resolver o problema espinhosíssimo da Revolução Farroupilha, teve com a Inglaterra a Questão Christie - também muito complicada - teve guerras no Prata, teve depois a Guerra do Paraguai. Em consequência de tudo isso, somente pôde pela primeira vez ir ao Velho Mundo em 1871, quando por sua vez a Princesa Isabel já estava com 26 anos, e convinha que ela exercitasse a regência para se preparar para o Terceiro Reinado que viria depois. E quando, por outro lado, a saúde periclitante da Imperatriz D. Teresa Cristina também fazia com que ela necessitasse de tratamento na Europa.

O Imperador, eximiamente observante da Constituição, pediu à Assembleia Geral licença para se ausentar do país. A Câmara e o Senado concederam a licença não sem alguma relutância, porque estava sendo debatido, na ocasião, um polêmico projeto de abolir a escravidão para todos os nascituros (projeto esse que iria resultar na Lei do Ventre-Livre). Temia-se que, estando ausente o Imperador, os debates acalorados degenerassem em desordens de maior vulto, e a jovem Princesa não tivesse força moral suficiente para fazer face à situação.

 Concedida afinal a licença, começaram naturalmente os debates sobre como seria a viagem do Imperador. O deputado Teixeira Junior, futuro Visconde do Cruzeiro, sugeriu a concessão de uma verba extra de 2 mil contos de réis (o que era uma verdadeira fortuna na época) para o Imperador fazer sua viagem. Outro deputado, Melo de Morais, achou essa quantia insuficiente e propôs o dobro.

Os deputados se puseram então a debater, se davam 2, se davam 4 mil contos. Debatiam também sobre a conveniência de ser aumentada a dotação da Princesa Isabel, enquanto esta exercesse a Regência. Mas D. Pedro tomou conhecimento desses debates e mandou logo um bilhete ao Ministro João Alfredo Corrêa de Oliveira, nos seguintes termos: "Espero que o Ministério se apresse em fazer desaprovar quanto antes semelhantes favores, que eu e minha filha rejeitamos. Respeito a intenção de todos; mas respeitem também o desinteresse com que tenho servido à Nação".

  1. Pedro não quis aceitar essa verba que era mais do que razoável, uma vez que a sua dotação manteve-se a mesma, nunca subindo, desde 1841 até a proclamação da República, embora o orçamento da despesa geral do Império tenha decuplicado nesse período.

O Governo ofereceu para o transporte do Monarca um navio de guerra brasileiro. Um deputado chegara a propor, na Câmara, uma escolta de três navios de guerra para acompanhar o imperial viajante. Este, no entanto, recusou, pois estava viajando como particular e não como Chefe de Estado. Fez questão de ir num navio de carreira, num vapor inglês, acompanhado da Imperatriz e de uma reduzida comitiva, sem pesar em nada sobre os cofres públicos.

Mas o fato é que D. Pedro II não tinha dinheiro para a viagem. E também não queria pedir pessoalmente financiamento a nenhum banco inglês, porque sabia que o financiamento lhe seria concedido por ser ele o Imperador do Brasil... Aceitou então o oferecimento de um amigo - o Conde de Baependi - e foi este que abriu em favor de D. Pedro II um crédito de 50 mil libras esterlinas num estabelecimento bancário inglês. Era, entretanto, dinheiro demais para o "bolsinho" imperial, e só com sacrifício poderia ser pago depois, escrupulosamente e até o último centavo. Um fato como esse, que é relatado por Heitor Lyra em "História de Dom Pedro II" (EDUSP/Itatiaia, Belo Horizonte, 1977, vol. II, p. 172-175 e 343-344), seria hoje inimaginável!

Os escrúpulos de consciência na utilização de dinheiro público rapidamente se esvaíram no Brasil republicano. Poderia citar centenas de exemplos, mas me limito a um único. Quando Sarney viajou a Paris em 1989, para comemorar os 200 anos da Revolução Francesa, levou em sua comitiva mais de 100 pessoas. Segundo a revista "Veja", de 14-3-1990, "em cinco anos de gestão, Sarney fez 34 viagens internacionais e passou 124 dias fora do Brasil. Pelo menos 2020 convidados, no total, o acompanharam em suas jornadas, com diárias de até 350 dólares cada um, tudo pago pelos contribuintes. Na viagem a Paris, para o bicentenário da Revolução Francesa, o presidente chegou a mobilizar dois Boeings de convidados, além de fretar um DC-10 para seu conforto".

 

 

 

 

ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOS é historiador e jornalista profissional, membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e da Academia Portuguesa da História.

 



publicado por Luso-brasileiro às 15:04
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JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI - COOPERATIVAS UNEM AS PESSOAS GERANDO RENDA E TRABALHO COM EQUIDADE SOCIAL

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                                                          

Na busca de uma globalização mais humana, mostra-se necessário diminuir a distância entre as pessoas pobres e os benefícios gerados pelo processo de globalização, principalmente nos países em desenvolvimento.

E o cooperativismo, que se constitui num sistema de organização que prega a livre adesão de sócios, autonomia, cooperação e interesse pela comunidade, aparece como um dos instrumentos de maior eficácia à justiça social com equilíbrio.      

Ele surgiu em 1844, quando foi formada a primeira cooperativa formal na Inglaterra, reunido vinte e oito pioneiros que estabeleceram alguns princípios.        Baseando-se nos seus preceitos, podemos dizer que as são organizações voluntárias, abertas a todas as pessoas interessadas em utilizar seus serviços e dispostas e aceitar as responsabilidades da sociedade, sem discriminação social, racial, política, religiosa e sexual.

Da mesma forma são democráticas e controladas por seus associados, que contribuem igualmente e participam ativamente na fixação de políticas, nas tomadas de decisões e na administração do capital; são autônomas e de autoajuda, fornecendo educação e treinamento a seus integrantes, aos representantes eleitos e empregados, para que possam contribuir efetivamente no desenvolvimento dos grupos aos quais pertencem; servem seus associados mais efetivamente e fortalecem o movimento cooperativista, trabalhando juntas através de estruturas locais, regionais e internacionais, buscando o desenvolvimento sustentável de suas comunidades através de políticas aprovadas por seus membros.

         Na Europa, 45% da população participam de alguma cooperativa, enquanto nos EUA, esse percentual chega a 35%. As cooperativas de trabalho legitimamente constituídas geram trabalho e renda, criando mais de 300 mil postos no Brasil.

Assim, em homenagem ao Dia Internacional do Cooperativismo, 04 de julho, ressalta-se sua função em gerar renda e trabalho com equidade social, contrapondo-se à prática devastadora do mercado, objetivo que se alinha à satisfação das necessidades básicas dos seres humanos, constituindo-se em evidente instrumento de realização de direitos fundamentais e comprovando a sua capacidade em possibilitar uma globalização justa e solidária.

 

 

Também há uma data comemorativa aos homens

 

 

          Depois do Dia da Mulher, nada mais justo do que festejar também um dia para os homens. Quem nunca recebeu uma corrente em redes sociais  com a indicação de que a mulher tem um dia só para ela, mas os homens têm o resto do ano só para eles? Brincadeiras à parte, agora o sexo masculino tem uma data exclusiva, embora sua comemoração ainda seja bem discreta. O Dia Internacional do Homem é celebrado a 15 de julho e foi criado há quinze anos pelo ex-presidente russo Mikhail Gorbachev  com apoios da Organização das Nações Unidas em Viena. Os seus objetivos básicos são: promover modelos masculinos positivos, não apenas de estrelas do cinema ou esportes, mas de homens do dia-a-dia cujas vidas são decentes e honestas; comemorar as contribuições masculinas positivas para a sociedade, comunidade, família, casamento, guarda de crianças e meio-ambiente; concentrar sobre a saúde do homem e seu bem-estar social, emocional, físico e espiritual; destacar a discriminação profissional contra os homens nas áreas de serviços sociais, nas atitudes e expectativas sociais e no direito; melhorar as relações de gênero e promover a igualdade de gênero e criar um mundo melhor, onde as pessoas possam se sentir seguras e crescer para alcançar seu pleno potencial.

 

 

         BREVE REFLEXÃO

 

 

                “Há pessoas que choram por saber que as rosas têm espinhos. Há outras que sorriem por saber que os espinhos têm rosas!” (Machado de Assis)

 

 

 

 

JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é advogado, jornalista, escritor e professor universitário. É presidente da Academia Jundiaiense de Letras (martinelliadv@hotmail.com)



publicado por Luso-brasileiro às 14:59
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CINTHYA NUNES VIEIRA DA SILVA - FRIO PARA QUEM GOSTA DE FRIO

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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 Tem feito muito frio nos últimos dias aqui na cidade de São Paulo. Pelo que tenho visto pela mídia e das conversas com parentes e amigos, o frio se estendeu por grande parte do país, considerando as temperaturas médias de cada lugar. Sendo inverno, não é algo de se estranhar, mas como o clima anda louco, creio que andávamos meio desacostumados com o congelar das orelhas e narizes ao vento.

Admito que não gosto de temperaturas muito baixas, exceto se for para ficar sob as cobertas lendo um bom livro ou em algum lugar aconchegante com amigos, a passeio. Para acordar cedo e ir trabalhar, no entanto, não é a minha predileção. Desde sempre tenho o hábito de dormir tarde e acordar muito cedo jamais foi minha praia. O que se dirá com temperaturas baixas.

Acho muito lindos os lugares turísticos onde faz frio boa parte do ano. Só que acho ainda mais lindos quando volto para casa. Para me sentir confortável eu preciso estar com tanta roupa que fico me sentindo desconfortável. Coloco luvas para minhas mãos não congelarem e não consigo pegar nada, nem atender ao celular. Sou obrigada a melecar o rosto e corpo de cremes para não me sentir uma uva se tornando passa. Em resumo: não tenho o estofo psicológico e social necessário para ser gostar de frio e ainda conseguir ser elegante, rs.

Eu me recordo de dias frios da minha infância quando era preciso colocar um cobertor forrando a cama e outros milhares por cima. Era quase um treinamento sobre como sobreviver em caso de soterramento. Além disso, tomar banho era uma aventura à parte. Contra qualquer norma de segurança, colocávamos uma lata com álcool, originariamente de um achocolatado, e tacávamos fogo, improvisando um aquecedor caseiro. Eram, por certo, outros tempos.

Sair para ir à escola também não era algo muito simples, porque íamos disfarçados de cebolas, com milhares de camadas de roupas. Hoje, pensando, eu nem sei como era capaz daquela peripécia, porque creio que não sou mais capaz de vestir duas calças e calçar um sapato com três meias, eis que, lamentavelmente, não tenho mais espaço para isso.

Embora eu saiba que muita gente ainda se vale das mais diversas estratégias para se livrar do frio, bem como aqueles que, infelizmente, sequer tem algo que os possa aquecer, devo dizer que continuo não gostando do frio, mesmo que, atualmente, não me seja tão custoso como no passado.

Prefiro os dias doces e delicados do outono e da primavera. Gosto da temperança, mas sei que, assim como na vida, cada fase, cada estação, tem algo a ensinar. Muitas plantas precisam do choque do inverno para que possam florir, por exemplo. Eu, talvez, precise do inverno para me lembrar de que há frios que não cessam, que há o tempo de me recolher (ou de me encolher, no caso), que sempre há algum calor para compartilharmos com o próximo ou, ainda, que um dia os dias gelados se vão...

 

 

 

 

CINTHYA NUNES VIEIRA DA SILVA Advogada na Silva Nunes Advogados Associados, professora universitária, membro da Academia Linense de Letras e cronista.       São Paulo.  -  cinthyanvs@gmail.com



publicado por Luso-brasileiro às 14:53
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MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE - VIVÊNCIAS DE ALINHAVO E AFETO

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Gosto demais dessas vivências de alinhavo do passado com o presente e do presente com o passado. Não permitem que nada se perca.
No último dia oito de julho, a Nicolina Nogueira completou 80 anos de vida e de coração bonito. Foi aluna da mamãe, aos oito, em 1945, na Fazenda Ipê em Itatiba. E seu irmão Clodoaldo Nogueira, também. Eram filhos do administrador do local. A mamãe ficava hospedada na fazenda durante a semana e, dessa forma, aproximou-se mais deles ainda. O reencontro entre os alunos e sua professorinha, assim a chamam até hoje, se deu há três anos pelo Clodoaldo. O irmão mais velho, com 90 anos, Gervásio, gosta de relembrar que era ele que selava o cavalo para ela andar ou que a conduzia de charrete até o ponto da estrada onde aguardava, aos finais de semana, a jardineira a fim de retornar a Jundiaí.  Um acontecimento raro o da semana passada: a mestra de 93 anos cantando parabéns para a ex-aluna de 80. Essa família Nogueira - com seus descendentes - entrou para sempre no meu coração. E percebo que o convívio com eles rompe os limites da idade da mamãe: ela se faz presença com alegria. E tem mais, a Nicolina propôs, como lembrança dessa data, aos convidados, um item para os quitutes da Magdala ou de material de escola para a Casa da Fonte – CSJ. Projetos com os quais a mamãe possui laços de ternura e se integra.
 Considero tudo isso incrível!  Um privilégio fazer parte, de alguma forma, dessa história. Gente de alma iluminada a família Nogueira.
Na mesa do bolo da Nicolina, dentre outros encantos, havia a frase: “Desejo que você tenha a quem amar e, quando estiver cansada, ainda exista amor para recomeçar”. Amor, sem dúvida, não lhe falta. Amor, sem dúvida, não lhes falta.
Gratidão imensa por essa experiência de afeto e amizade que o tempo não leva.
 

 

 

MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE -

 Professora e cronista. Coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher – Santa Maria Madalena/ Magdala. Jundiaí, Brasil.

 
 



publicado por Luso-brasileiro às 14:49
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ANTONIO VENDRAMINI NETO - NA RUA COBERTA, A LENDA DO NEGRINHO DO PASTOREIO

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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As lendas desse nosso País são as mais variadas; estão mais acentuadas nos lugarejos distantes da nossa selva de pedra. Elas vagueiam pelos rincões, onde existe uma menor concentração de pessoas. O “contador” solta o verbo e a imaginação, fazendo a mente de quem ouve percorrer céus, terras e mares, aumentados pela crendice, perpetuando em seu bojo, caminhos inimagináveis. 

 

Certa ocasião, em viagem de férias pelo Sul do Brasil, mais precisamente na cidade de Gramado, na serra gaúcha, em uma noite de muito frio, após sair de um concerto musical, eu e a esposa tivemos a ideia de tomar um chocolate quente. Informou-nos uma das pessoas, a existência de um local, em uma rua que é conhecida como “A Rua Coberta”.

 

Era bem perto e fomos a pé, e logo percebemos a cobertura de telhas em arco em um de seus trechos, onde os turistas aproveitam a bela estrutura, cheia de bares e bistrôs, com um palco, no qual um conjunto de moças e rapazes se exibe, cantando músicas do folclore sulino. Ao lado, tinha uma fogueira; ao redor, fileiras de espetos com aquelas carnes preparadas com muito carinho e bom gosto por aquele povo, amante do churrasco e um bom chimarrão.

 

O alegre cantor do grupo, com vestimentas próprias da região, em um dado momento, apanhou uma espécie de vara que servia para direcionar o sapateado sobre a plataforma de madeira, e com suas longas botas, fazia um repique maravilhoso, emitindo sons de um sapateado lá dos pampas, arrancando aplausos das pessoas que estavam assistindo. 

 

Com aquela “vara”, que mais parecia um cajado, veio até uma das mesas e começou a “prosear”, informando que a próxima atração, seria uma música sobre uma lenda conhecida por “O Negrinho do Pastoreio”; afastou-se, em seguida, para reintegrar o conjunto no início da canção.

 

No decorrer dos versos, lembrei-me que seus integrantes, pareciam aquele famoso conjunto, “Os Farroupilhas”, que tanto se apresentaram em shows, teatros e muito nas redes de televisões, época que ainda existiam esses musicais.

 

Terminada a apresentação, o cantor, a pedido do público, veio até o centro da rua onde estavam postadas as mesas; foi solicitado então, que falasse mais sobre a lenda contida na canção. Com muita empolgação e todo vestido a caráter, foi falando com aquele sotaque peculiar:

 

- Olha aqui, moçada, sou gaúcho vindo lá do cafundó da fronteira, terra de índio e bugre bravo.

 

- Ta bom, eu sei disso, falou uma moça que estava mais perto; - queremos saber de toda a lenda desse menino negrinho, como aconteceu?

 

- Foi no tempo da escravidão, um senhor muito poderoso e rico, tinha em sua fazenda, uma criação de cavalos que era a sua paixão e também o seu sustento, uma vez que vendia, de quando em quando, lotes para um mercador que vinha de longe buscá-los.

 

- O filho desse senhor, falou o cantor/contador da lenda, era fruto de uma união com uma moça fina da cidade, que morreu no parto, e muito querido e estimado pelo pai; e ele, de desgosto, não casou mais, entregando para esse filho, tudo o que tinha.

 

- Mas vou dizendo: era meio que sem vergonha e de pouca vontade na lida com os animais; escolheu um negrinho esperto, em uma noite na senzala, embaixo do casarão, para tomar conta da tropa. 

 

O contador sorveu uma talagada de chimarrão, cortou um naco de carne do espeto, mandou que trouxesse um copo de pinga, daquelas fabricadas no pé da serra, e virou tudo de uma única vez; o líquido desceu goela abaixo, arrancando um suspiro e um forte urro, despertando os sonolentos no fundo da rua.

 

Nessa empolgação, colocou mais lenha na fogueira, para aquecer os ouvintes, sentados em mesas próximas ao seu palco iluminado. Contava que o patrão do negrinho, certa vez, comprou uma tropa de cavalos tordilhos, tendo como líder, um belo cavalo baio, que foi entregue ao negrinho para pastorear.

 

E o filho do fazendeiro, como sempre, para judiar do negrinho, espantava a manada, para ver o pai ralhar com o menino.

 

No prosseguimento de sua narrativa, contou que um dia o negrinho voltou para o casarão, sem a tropa. O velho senhor já com cabelos brancos, barba comprida e com um chapéu que lhe cobria a fronte, deu um berro da varanda, pedindo explicações por que estava voltando sozinho.

 

- É patrão, o seu filho espantou novamente os tordilhos, e o baio não conseguiu arrebanhá-los e sumiram pelas coxilhas.

 

- Seu desgraçado, insuportável de uma figa, venha cá que vou lhe surrar de chicote.

 

- Ah. Patrão eu não tenho culpa, foi o seu filho que espantou os animais.

 

- Vou lhe dar um castigo; hoje à noite vamos às coxilhas (campina com pequenas elevações arredondadas) e, se não acharmos os cavalos, você vai ver uma coisa, o chicote vai comer solto no seu lombo, negrinho dos infernos.

 

Lá nas coxilhas nada foi visto. Então o senhor, cheio de rancor, tirou as vestes do negrinho e o colocou sentado sobre um formigueiro e lascou o chicote, deixando-o todo ensanguentado para ser comido pelos insetos.

 

Três dias se passaram e o senhor acabou encontrando o negrinho perfeitamente são, por obra e graça de Nossa Senhora, que era a sua protetora. Estava em pé ao lado do formigueiro, tendo ali próximo a tropa desaparecida e o cavalo baio que lhe servia de montaria.

 

Nasceu, então, essa lenda com o nome de Negrinho do Pastoreio, que se tornou o protetor dos animais e das pessoas perdidas. Sempre que alguém perde alguma coisa no campo, pede-lhe ajuda, acendendo um toco de vela à noite em um local escuro.

 

De repente, naquele palco iluminado, as luzes se apagaram, o que teria acontecido? Coloquei a mão no bolso e percebi que me faltava a carteira. Rapidamente, solicitei uma vela ao garçom e a acendi, pedindo que eu a encontrasse. Nesse momento, meu pé sentiu algo embaixo da mesa: era a carteira! Seria um milagre? Lógico que não, foi pura coincidência.

 

Com as luzes ainda apagadas, ouviu-se então um tropel de cavalo, o som vinha em nossa direção e pudemos ver o negrinho montado no cavalo baio. Das patas do animal, no local escuro, saiam faíscas de suas ferraduras no asfalto da rua encantada, momento em que as luzes foram acesas.

 

No lombo do baio, o negrinho falou comigo:

 

- Pois é, senhor, encontrou a sua carteira, não é mesmo? Eu ouvi o seu pedido e vim aqui mostrar a minha força mental, para que o povo dessa terra continue acreditando nessa lenda.

 

Vou sempre ajudar as pessoas que perdem alguma coisa.

 

- Obrigado, mas de onde você surgiu? Quem é você?

 

- Faço parte do grupo de teatro que se apresentou lá onde vocês assistiram à peça teatral.

 

- Boa noite a todos disse o artista, continuem visitando nossa cidade e os encantos de nossa serra gaúcha. E retirou-se num galope aturdido e emocionante, saudando a todos os presentes naquele reduto de emoções, proporcionando, tenho certeza, uma bela noite de cultura, tendo como pano de fundo as lendas de nossa terra.

 

Foi servido, então, um belo churrasco para encerrar aquela noite maravilhosa; enfiei a mão no bolso e senti que minha carteira estava lá pronta para pagar a conta.

 

Foi quando acordei de um sonho... Tudo foi fruto de minha fértil imaginação. No criado-mudo, da cama do hotel, estava, ao meu lado, um prospecto de uma empresa de turismo, informando que à noite haveria uma peça teatral e depois todos iriam para a ‘rua coberta’ dar um passeio e tomar um chocolate quente, típico do local.

 

A nossa cultura é muito rica, os nomes podem variar em algumas regiões, mas as “estórias” e aparições nunca são esquecidas. Temos um grande repertório ligados à natureza, envolvendo pessoas, animais, rios e estrelas. As crendices populares são um tesouro cultural que não podemos deixar que desapareçam. Tudo isso, deveria ser cultuado nas escolas, pois as crianças teriam o que contar para os seus descendentes, não deixando morrer essas lendas maravilhosas.

 

 

 

 

ANTONIO VENDRAMINI NETO   -   escritor,cronista e poeta. Jundiaí, Brasil.



publicado por Luso-brasileiro às 14:31
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ANTÔNIO J C DA CUNHA - NORTH KING - ESTE NAVIO TROUXE MILHARES DE PORTUGUESES PARA O BRASIL...

 

 

 

 

 

 

 

 

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O NORTH KING foi palco de uma das minhas histórias. Era um navio com biografia muito interessante (pesquisa internet). Foi montado na Alemanha. No inicio da Primeira Grande ficou escondido nos Estados Unidos da América. Com a entrada dos Estados Unidos na guerra contra os alemães, o North King foi tomado pelos americanos e logo afundado pela própria tripulação. Foi recuperado, reparado e convertido em navio militar de transportes. Com o fim da guerra foi negociado com companhias de navegação terminou nem Sociedade Luso Panamenha como embarcação de carga. Foi esse navio que me trouxe para o Brasil no final de 1954, entrando no cais do porto do Rio de Janeiro no dia 13 ou 15 do mês de janeiro de 1955.

 

 

 

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Poderia começar escrevendo: era uma vez um adolescente, nascido em uma aldeia da região de Braga/Portugal, onde, ainda não havia energia elétrica, não conhecendo, por conseguinte, seus benefícios com tudo que ela proporciona na vida moderna. Vale dizer que nem a luz elétrica existia. Esta ficava por conta do uso de velas, de candeias ou lampiões.  Vim conhecer o poder da energia elétrica, no Rio de Janeiro, com idade de 14 anos, passando antes por experiências como esta que irei contar, tendo o Navio North King como um dos palcos.

 

Com os meus 12 ou 13 anos,  foi-me apresentada uma velha lanterna, mais conhecida como “FOX”, nome vindo da sua marca (inglesa, diziam). Não sabia tão pouco o que eram pilhas ! Com esta velha lanterna e uma pilha usada achada nos entulhos da construção vizinha de uma represa para uma hidroelétrica no Rio Cávado, abriu-se a curiosidade para os segredos desta força mágica. Vez por outra minha mãe permitia minha ida para lá recolher fios condutores nos escombros depois de usados na explosão de dinamites que abriam espaço por debaixo da terra por onde passariam as águas desviadas, nas profundezas, depois de movimentar as usinas geradoras. Junto com esses fios era também possível reunir pequenas baterias com as quais fazia minhas experiências. Experiências que me permitiram iluminar alguns cômodos da minha residência (quatros, sala e cozinha). Coisas de criança que os adultos aplaudiam neles incluídos minha mãe, minha avó, minhas tias e alguns primos.

 

Antes de contar a minha experiência de “cientista maluco” em alto mar, abro um parêntese para dizer que cada português ou luso-descendente, em qualquer lugar do mundo, em qualquer país, carrega certamente o amor por duas pátrias. Crescemos como crianças especiais enriquecidas pelo imaginário de duas culturas, muitas vezes diferentes. Lembro-me, quando criança das noites dormidas à luz de candeias ou lamparinas de querosene, assustado com as histórias que meus pais e amigos, nos contavam, normalmente à noite. Eram comentadas as invasões de lobos vindos dos montes vizinhos, Sto. Tirso e Serra do Carvalho do complexo do Gerez, bruxas e bruxedos ou lobisomens. A presença de comunidades ciganas de passagem pela aldeia era também explorada nas histórias que causavam arrepios.

 

As atividades dos campos com as cegadas do centeio ou a colheita do milho e do feijão, das medas, tomar banhos de rio ou ribeiros, caçar passarinhos. Do trabalho árduo de meus vizinhos, de sol-a-sol. Nosso mundo imaginário, enquanto brincávamos de fazer bichos ou monstros  nas sombras na parede, era povoado de histórias de neve, montanhas, adegas e vinho, que encontravam reforço ao saborearmos as comidas com as quais fomos criados. Nas casas das tias, reforçava a importância ou uso de determinado prato, mesmo que para nós, crianças, ficasse muito distante a relação de determinada comida com certa estação do ano. Comia-se o que terra nos propiciava. Melhorada com um pouco do que se podia comprar na feira da freguesia vizinha

 

 

O que um luso-descendente anseia secretamente é “reencontrar” a pátria de nossos pais, sorver a emoção das histórias mágicas de nossa infância e fazer uma conexão com a genealogia “separada”.

 

Mas vamos a história que me propôs contar. Ao descobrir a foto do North King, voltei no tempo para lembrar-me de minha viagem e do segredo nunca contado. Trazia comigo alguns fios e outros apetrechos, usados nas minhas expediências de menino prodígio ao conseguir produzir iluminação que não fosse a querosene. Em navio que não era de primeira classe, acolheram-me em dormitório, destinando-me um beliche, Coube-me usar a cama superior bem próxima ao teto onde existia o ponto de luz sem lâmpada. Era tudo que eu queria para por em prática, pela primeira vez, uma experiência com energia elétrica. E contemplando aqueles terminais, não deixei para depois. A viagem transcorria em alto mar, depois de termos passado pelo Porto de  Funchal/ilha da Madeira e Cabo Verde. Entre a Madeira e Cabo Verde, na costa africana, enfrentamos grande tempestade colocando o navio em risco. Era uma embarcação comprida e estreita e as fortes ondas cruzavam o convés. Vencida a tormenta o North King deixou o Porto de Mindelo. E depois de alguns dias de viagem com destino ao Rio de Janeiro, em tarde serena, após o almoço, recolhi-me ao dormitório para colocar em prática em minha aventura. Escolhidos os melhores fios e uma pequena lâmpada, sem me preocupar com a voltagem, pois disso eu não entendia, os condutores foram ligados à fonte, terminal           sobre o beliche. Após o, a escuridão tomou conta do dormitório facilitando  esconder-me debaixo do lençol até que a tripulação de manutenção restabelecesse a normalidade. Certamente que, com o curto provocado, algum fusível de segurança, foi queimado. Já se passaram mais de 60 anos ! Acredito que estejam ainda procurando as razões do curto circuito que provocou a acidente. Escondido o material recolhi-me à obscuridade e vim para novas experiências no Rio de Janeiro. Contando com a colaboração de amigos, companheiros de trabalho na oficina gráfica em fui trabalhar como aprendiz, fiz de tudo em me deram oportunidades, inclusive como eletricista. Muitas máquinas foram reparadas e pequenas instalações, contando com a cobertura e a supervisão do chefe geral, o inesquecível alemão, Sr. Augusto Hofman, que sempre me chamou de senhor Antônio. Que Deus tenha em bom lugar juntamente com tantos profissionais que me ajudaram a crescer.

 

 

 

 

ANTÔNIO J C DA CUNHA   -   Da Academia Duque caxiense de Letras e Artes. Integrante da CIP PLOP – Comissão Interpaíses da Língua Oficial Portuguesa. Rotary Club Duque de Caxias (D. 4570). Duque de Caxias (RJ) Brasil.

 



publicado por Luso-brasileiro às 14:15
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