Espavorida agita-se a criança,
De noturnos fantasmas com receio,
Mas se abrigo lhe dá materno seio,
Fecha os doridos olhos e descansa.
Perdida é para mim tôda a esperança
De volver ao Brasil; de lá me veio
Um pugilo de terra; e, neste creio,
Brando será meu sono, sem tardança.
Qual o infante a dormir em peito amigo,
Tristes sombras varrendo da memória
Ó doce Pátria, sonharei contigo!
E ente visões de Paz, de Luz, de Glória,
Sereno aguardarei no meu jazigo,
A justiça de Deus na voz da História!
D. Pedro II, Imperador do Brasil - 1825-1891
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Dissertação do Mestrado de Padre Vicentino Lourenço Mika
O Padre Lourenço Mika, de Curitiba, é colaborador do "Diário Católico", e responsável pelo site: www.maikol.com.br . Amigo, e antigo leitor, do nosso blogue: "luso-brasileiro", autorizou-nos a publicar a sua interessante Dissertação, apresentada no Mestrado em Comunicação e Linguagens, na Universidade TUIUTI, do Paraná, sobre:
que agradecemos, esperando que seja do inteiro agrado do leitor .
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Horário das missas em, Jundiai ( Brasil):
Horário da missas em São Paulo:
Horário das missas na Diocese do Porto( Portugal):
http://www.diocese-porto.pt/index.php?option=com_paroquias&view=pesquisarmap&Itemid=163
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Após um trabalho em nível mundial para que o dia de seu aniversário, 18 de julho, fosse anualmente dedicado ao voluntariado, desde 2012 é celebrada nesta data o Dia Internacional de Nelson Mandela, outorgado pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas. Um ótimo momento para mobilizar no mundo a cidadania, através de ações efetivas, pressionando políticos e governo para enfrentarem concretamente a questão do racismo, já que a Justiça exige a igualdade, um de seus elementos intrínsecos. Com efeito, ela concebe que não se venham a tratar desigualmente pessoas ou situações entre si iguais.
No Brasil, a luta por isonomia parte de um pressuposto legítimo: de acordo com a Constituição Federal, preconceito contra um indivíduo ou um grupo social pela sua raça, ou seja, cor de pele, país ou cultura é crime inafiançável, sendo que a legislação penal prevê pena de um a seis anos de reclusão àqueles que o praticarem sobre quaisquer formas. Contudo, as estatísticas constatam que a desigualdade racial persiste, a despeito dos diplomas legais vigentes.
Por isso, reverenciemos a vida e obra desse grande líder mundial, marcadas pela decisão de libertar não só a si mesmo, mas a todos os negros oprimidos sob o “apartheid”- regime institucionalizado de segregação racial por supremacia branca, extremamente opressor e que prevaleceu durante longo período na África do Sul, sua pátria. Nascido em 1918 em Mvezo, com o nome de Rolihlahla (“criador de problemas”), passou a ser chamado de Nelson por sua professora em 1925.
Sua trajetória começou em 1943, quando aderiu ao partido Congresso Nacional Africano (CNA) cujos propósitos tomaram grandes proporções, com enfrentamentos e mortes. Em 1960, uma passeata de 10 mil manifestantes que entoavam canções de liberdade terminou com a morte de 69 pessoas e mais de 200 feridas. O CNA passou então para a clandestinidade em 1964 e milhares de militantes foram presos, inclusive ele, sendo condenado à prisão perpétua por sabotagem e conspiração contra o Estado sul-africano. E mesmo preso, continuou a fazer apelos pela continuidade das realizações a favor do completo equilíbrio entre raças.
Durante quase 27 anos, foi o detento 466/64 do presídio da Ilha de Robben, número esse que hoje dá nome à campanha contra a AIDS que ele promoveu durante muito tempo. O grito de seus partidários “Libertem Mandela”, com campanhas em inúmeros países e shows com a participação de consagrados artistas internacionais, fez eco por todo o mundo, até que, aos 72 anos, ele foi libertado. O maior evento foi o festival “Free Mandela” (Liberdade para Mandela), realizado em Londres em 1988, comemorando seus 70 anos.
Ganhou incontáveis prêmios pela defesa dos direitos humanos, sendo o mais notório, o Nobel da Paz de 1993. Em 1994, pela primeira vez na história da África do Sul, os negros puderam votar – e o elegeram para governar o País. Honrando a palavra, ele foi presidente por apenas um mandato. Veio a falecer no dia 5 de dezembro de 2013, continuando a ser um dos homens mais admiráveis de todos os tempos.
Por ocasião da data que avizinha e a qual o reverencia mundialmente, transcrevemos alguns de seus pensamentos, reveladores de suas firmes convicções: “Ninguém nasce odiando outro por cor, origem ou religião. Precisa aprender e pode ser ensinado a amar.” - "Sonho com o dia em que todas as pessoas levantar-se-ão e compreenderão foram feitos para viverem como irmãos." - "Uma boa cabeça e um bom coração formam uma formidável combinação."- "A queda da opressão foi sancionada pela humanidade, e é a maior aspiração de cada homem livre." - "A educação é a arma mais forte que você pode usar para mudar o mundo".
Que seus gestos e suas palavras sirvam de inspiração e de exemplos para milhares de atividades positivas em todo o mundo, principalmente o Brasil, para extinguirmos definitivamente as manifestações discriminatórias, persistindo no firme propósito de alcançarmos o triunfo da igualdade.
JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é advogado, jornalista, escritor e professor universitário. É presidente da Academia Jundiaiense de Letras (martinelliadv@hotmail.com)
Até agora, falei do Arcebispo, de sua obra, de suas realizações. Falarei agora, muito rapidamente, dele enquanto homem.
Para entender sua figura, há que entender a época em que viveu. Querer analisá-lo pelos critérios de hoje seria anacronismo. Naquele tempo, se exigia de uma autoridade, civil ou eclesiástica, que adotasse uma postura condizente com essa autoridade. Exigia-se de uma pessoa dessas que tivesse uma dignidade, uma seriedade, um ar de superioridade que, em nossos dias, pode parecer artificial e orgulhoso. Hoje, elogia-se a simplicidade de um homem público; quanto mais modesto e até vulgar ele for, quanto mais se parecer um qualquer, mais ele atrai, mais simpatia desperta, mais votos consegue.
Naquele tempo, a mentalidade era muito diferente de hoje. O primeiro dever da autoridade... era ser autoritária, era tomar um ar de superioridade e de responsabilidade próprias do seu cargo, da sua função. Basta ver os retratos dos presidentes da república da época – Epitácio Pessoa, Artur Bernardes, Washington Luiz, por exemplo. As figuras eclesiásticas da época seguiam exatamente o mesmo padrão; assim eram, assim se apresentavam. Cada Bispo era um verdadeiro soberano na sua diocese, somente a Deus no Céu e ao Papa, na Terra, prestavam conta. Não havia conferências episcopais, não havia o que depois se denominou “colegialidade”.
Era sumamente cioso de sua autoridade e fazia-se respeitar. Até seu irmão e seu médico, Dr. Tarcísio Leopoldo e Silva, ele não recebia no Palácio sem estar completamente vestido como Arcebispo, inclusive com anel e cruz peitoral.
Conheci muito bem Mons. Sylvio de Moraes Mattos, que foi o último secretário de D. Duarte. Mons. Sylvio contava como morreu D. Duarte. Durante a noite, teve um ataque cardíaco e sentiu que estava morrendo. Mas não queria ser socorrido enquanto estava de pijama; somente tocou a sineta para pedir ajuda depois de se ter, com grande esforço, levantado e vestido completamente, com trajes de Arcebispo. Foi com toda a solenidade que pediu socorro e pouco depois morreu.
Às vezes, ele até assustava um pouco os padres jovens, que tinham um verdadeiro temor reverencial por ele. Mons. João Pavésio, que conheci já bem velhinho e respeitadíssimo como cerimoniário da Cúria, relatava de modo muito engraçado sua atrapalhação quando, jovem recém-ordenado, D. Duarte o chamou porque queria confessar-se com ele. Diante do velho Arcebispo ajoelhado, o padre Pavésio ficou tão intimidado que não sabia direito como proceder...
Muitos casos engraçados, na mesma linha, são contados por Mons. Francisco Bastos, antigo Pároco da Igreja da Consolação, em seu livro de memórias “Reminiscências de um Pároco de cidade”.
Essa a figura do grande Arcebispo que foi homenageado pelo Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo – ao qual pertenceu e do qual foi vice-presidente – nos 150 anos de seu nascimento.
ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOS é historiador e jornalista profissional, membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e da Academia Portuguesa da História.
Ninguém está isento de errar quando se escreve, de se equivocar na grafia ou mesmo na concordância, entre outras possibilidades perigosas da comunicação escrita e falada. Também é importante frisar que não se pode cobrar o acertado manejo da língua portuguesa de pessoas que não tiveram condições adequadas para estudar, para formar, pela leitura livre ou pelos bancos escolares, vocabulário mais denso. Muita pretensão daquele que acredita que não erra nesse campo, sobretudo com uma língua tão rica como a nossa.
E é exatamente por isso, pela grandiosidade do idioma que falamos (ou deveríamos falar) nessa terrinha, que não posso entender as razões pelas quais é colocada tão de lado em determinados meios, como no corporativo, por exemplo, embora não exclusivamente. Ao contrário de ser valorizada, de ser colocada em primeiro lugar nas entrevistas de seleção de funcionários, de ser exigida como requisito diferenciador, o que mais se nota nos anúncios de vagas é que o domínio do português cede diante da necessidade de se falar/escrever em inglês.
Antes que me acusem de ignorância sobre a importância de se dominar o inglês, eu registro que não olvido que ser fluente em uma das línguas mais faladas do mundo é relevante em um mundo globalizado. Por óbvio que para um executivo ou outro funcionário que precise ler, conversar ou fazer outros contatos com estrangeiros, será imprescindível poder se comunicar adequadamente, mas não é sobre essas pessoas que comento nesse texto. Refiro-me àqueles que não somente não falam inglês corretamente, como também mal manejam a língua portuguesa, mas abusam de expressões em inglês que, desnecessárias, alternam pieguice com pedantismo.
Quem já frequentou ou frequenta o mundo corporativo, sabe que são rotina as “Brainstorm”, as decisões "topdown”, as reuniões de “feedback”, questões de “Compliance” e mais algumas coisas. Fico pensando se não seria mais fácil se falar em troca intensa de ideias ou posicionamentos, as decisões de vem de cima, de quem manda, assim como as reuniões de retorno e as questões de confiança e comprometimento institucional. Ainda que certas expressões em inglês possam não ter eventualmente significado idêntico correspondente a uma palavra em português, acredito piamente que se deva ter cuidado com o excesso de outra língua em detrimento da língua pátria.
O curioso é que vemos altos executivos, repetidores de expressões americanizadas, mas paradoxalmente incapazes de redigir um texto ou falar diante das câmeras sem que seus textos tenham sido adredemente preparados por assessores de imprensa ou outros auxiliares. Isso sem dizer da quantidade de vezes nas quais após intermináveis reuniões lotadas de estrangeirismos, presentes apenas brasileiros, soltam um “gratuÍto".
Admiro profundamente as pessoas que tem domínio em outros idiomas e eu mesma vivo estudando para isso, embora esteja a milênios de ser fluente em qualquer língua, diga-se de passagem. O que chamo à reflexão é o fato de como parece que perdemos o interesse e a importância pela nossa língua, usando de qualquer outra e não exclusivamente o inglês, para nomearmos coisas para as quais temos nomes comuns.
Acredito piamente que um profissional que se expresse bem em português e em outra língua deva ser melhor remunerado se sua função requer tal qualificação, mas hoje se passou a exigir conhecimentos de inglês até para funções bem simples, sem que se dê o mesmo valor para o português. Depois não adianta cobramos o acerto de cartazes, emails, avisos, provas e outros que, repletos dos mais absurdos erros, estampam postagens engraçadas das redes sociais.
Estou certa de que todos nós conhecemos a dificuldade que muitas pessoas têm na pronúncia e na escrita de palavras muito simples. Embora por vezes engraçadas em um primeiro momento, isso é na verdade lamentável. Estamos nos tornando uma nação colonizada pelo idioma que mal compreendemos, mas que ocupa nossa vida diária, imposto por pessoas que, não raras vezes, escrevem e falam errado o que deveriam fazer corretamente.
Certa feita, enquanto recebia alguns amigos australianos, pedi desculpas por não falar inglês corretamente como gostaria. Ele olhou para mim, meio sem entender (talvez não tivesse mesmo, rs) e, sorrindo, respondeu-me que tudo bem, já que ele igualmente não sabia português. O que chamou minha atenção foi a naturalidade ao admitir algo que, no Brasil, parece um crime capital, um demérito, uma vergonha que parece não existir quando se trata de escrever e falar excrecências em português.
Acredito que, nas últimas décadas de forma mais acentuada, acabamos perdendo valores importantes para o fortalecimento como nação, tais como sentimento de propriedade, de patriotismo. E penso que isso passa pela valorização da língua, sabendo que uma palavra não fica mais bonita se for substituída pelo seu nome em inglês ou outro idioma, bem como ninguém ficam mais importante por ser um “Administration financial founder partner tabajara” se sequer sabe se fazer entender pelos seus pobres súditos.
Comunicação é entendimento, é transmissão de ideias, não mero derrame de palavras!
CINTHYA NUNES VIEIRA DA SILVA - Advogada na Silva Nunes Advogados Associados, professora universitária, membro da Academia Linense de Letras e cronista. São Paulo. - cinthyanvs@gmail.com
MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE -
Professora e cronista. Coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher – Santa Maria Madalena/ Magdala. Jundiaí, Brasil.
Era cedinho, o dia clareava, embora cinzento, devido à garoa de um outono híbrido.
No ponto de ônibus fiz sinal para que ele parasse, e para minha surpresa, em véspera de feriado prolongado, encontro um lugar para sentar, logo atrás dos bancos reservados aos preferenciais. Ali estava, também, um jovem com uma mochila e com um capuz sobre a cabeça, que cobria quase todo o rosto.
Dormia profundamente?
Mais à frente, uma idosa sobe e cedo meu lugar. Ela olhou para o garoto ao meu lado e disse para todos ouvirem: "ele é quem deveria se levantar. Olha que sono ele tem - dizia irônica, mas sutil. Toda vez ele faz isso!". E então me agradeceu e sentou-se.
No assento ao lado uma moça também se levantou, pois logo desceria. A senhora, então, optou por ali se sentar e pediu que eu voltasse a ocupar o lugar, o que fiz, agradecendo.
O cobrador incomodou-se, até porque já conhecia a rotina de alguns passageiros e desaprovou a atitude do rapaz.
O trânsito fluía bem, mesmo em pontos onde o fluxo de veículos seria intenso. Muitos já deveriam estar na estrada, a fim de aproveitar mais cedo o feriado.
Em meio a este e outros pensamentos, que corriam à velocidade do ônibus, uma senhora junto com uma criança de aproximadamente sete anos sobem e olham buscando um lugar. Novamente me levanto, concomitantemente à fala do cobrador: "Ô rapaz, levanta! Não vê que esse lugar não é para você? Acorda!". À essa manifestação somou-se à da primeira senhora, que tornou a dizer quase as palavras que havia dito antes.
O jovem despertou! Constrangido (ou não!), passou por meio dos que ali estavam e também pela catraca, sob o olhar indignado do cobrador.
Também me levantei e passei, assim a senhora e seu neto puderam se acomodar juntos.
O motorista pergunta ao garotinho, falante e simpático, se sua irmã já nasceu, ao que ele respondeu que ainda não, mas que vai nascer logo. A avó então se encarrega de dizer que ainda vai demorar um pouco e conta para o motorista (e para os que estão acompanhando esta e outras histórias) que o irmão disse que ele é quem cuidará da irmãzinha. O menino, todo afirmativo, atesta o que a avó narra.
O adolescente desceu, mas não sem antes ouvir, de forma didática do cobrador, para que servem os assentos de cores diferentes.
Ponto final: Vila Mariana.
RENATA IACOVINO, escritora e cantora / www.facebook.com/oficialrenataiacovino/
O Concurso Literário Vida Iluminada, promovido pela Associação Mulher Unimed do Estado de São Paulo para pessoas com deficiência visual, tem obtido grande aceitação na cidade e região. Com o esforço conjunto do Instituto Luiz Braille, do Programa de Esportes e Atividades Motoras Adaptadas e da Comissão Julgadora, este ano foram abrangidas Cabreúva, Cajamar, Campo Limpo Paulista, Francisco Morato, Franco da Rocha, Itupeva, Jarinu, Jundiaí, Louveira e Várzea Paulista. A comissão julgadora, composta por professores, escritores e psicólogos reuniu-se para ler e reler os textos inscritos e classificá-los nas categorias juvenil e adulto. O primeiro lugar adulto coube ao poema “Minha Vida”, de autoria da acadêmica Yole Antiqueira Mendes Pereira, e o juvenil, ao poema “Através de olhos especiais”, da estudante Mariah Eduarda Menezes Oliveira.
A solenidade de premiação foi alegre e motivadora da próxima edição, prevista para 2018. Após a abertura pela presidente da AMU-Jundiaí Márcia Lourenção Delamanha houve apresentação dos alunos do Peama e do Coral Unimed. Em seguida, os jurados leram os textos vencedores de cada categoria, entusiasmando o público presente com o efeito benéfico das Oficinas de Textos coordenadas pela Profª. Cleide Papes.
Iniciado em 2000, o Programa Vida Iluminada trabalha para o desenvolvimento integral das pessoas com deficiência visual e sua integração na comunidade, e o Concurso Vida Iluminada, implantado em 2013, vem ganhando novos adeptos desde então. A Antologia com os trabalhos dos participantes é transcrita em linguagem comum e em braille, para que todos a compreendam.
Neste ano em que Lima Barreto (RJ 1881-1922), pré-modernista, iluminado e injustiçado cronista do suburbano carioca, que denunciou os vícios da Primeira República e dos literatos da época, é o autor homenageado na Feira do Livro de Parati (Flip), penso não faltem palavras sobre sua vida e obra. Por isso, caro leitor, peço licença para encerrar este breve artigo transcrevendo uma estrofe de cada poema vencedor da edição 2017 do Concurso Literário Vida Iluminada.
A principiar por Yole: “Percebi a vida pulsante / do Universo que me envolve, / observando os detalhes / e os efeitos tão lindos / da luz que brilha no alto / e que se reflete em mim”. E a terminar por Mariah: “Nascer igual, tornar-se diferente / Nascer diferente tornar-se especial / Aprender a reconhecer os encantos da vida / Através dos olhos do coração”.
SONIA CINTRA - É doutora em Letras Clássicas e Vernáculas pela Universidade de São Paulo. Pesquisadora da Cátedra José Bonifácio - IRI/USP e membro efetivo da UBE. Fundadora e mediadora do Clube de Leitura da Academia Paulista de Letras e do Clube de Leitura Jundiaiense. Ex-presidente da AJL, oradora da Aflaj e madrinha do Celmi. Pós-graduada em Educação Ambiental, ensaísta e articulista de jornais, revistas e blogs nacionais e internacionais. Tem 13 livros publicados com tradução para o italiano, francês e espanhol.
“Bem aventurados os puros de coração, porque eles verão a Deus” (Mt 5,8).
A pureza de coração foi colocada por Jesus entre as oito bem-aventuranças, pois, não pode faltar na vida do santo. E São Paulo faz eco às palavras de Jesus, ao dizer aos tessalonicenses:
“Esta é a vontade de Deus: a vossa santificação; que eviteis a impureza, que cada um de vós saiba possuir o seu corpo em santificação e honestidade, sem se deixar levar pelas paixões desregradas como fazem os pagãos que não conhecem a Deus… Deus, não nos chamou para a impureza, mas para a santidade” (1Ts 4,3-7).
Jesus, embora misericordioso com aqueles que eram vítimas do pecado da carne, Madalena, a mulher adúltera, a samaritana do poço de Jacó, em Sicar, etc., no entanto, foi duro contra esse pecado. Na verdade, ele é radical nesse ponto. No Sermão da Montanha ele não deixa dúvidas:
“Ouvistes que foi dito aos antigos: Não cometerás adultério. Eu, porém, vos digo: Todo aquele que lançar um olhar de cobiça para uma mulher, já adulterou com ela em seu coração” (Mt 5,28).
Mais do que um corpo puro, Jesus exige um coração puro, uma mente pura, liberta das escravidões. A castidade, antes de ser uma virtude do corpo, é uma virtude da alma. Acabamos realizando aquilo que concebemos no coração. O Apóstolo São Tiago explica isso:
“Cada um é tentado pela sua própria concupiscência, que o atrai e alicia. A concupiscência, depois de conceber, dá à luz o pecado, e o pecado, uma vez consumado, gera a morte” (Tg 1,13-15).
O pecado original desvirtuou a beleza das faculdades de nossa alma, entre elas, a sensualidade. Colocada em nós, para ser o veículo do amor para o casal, nos aspectos unitivo e procriativo, tornou-se, pela concupiscência, uma fonte de desordem, se não for redimida pela graça de Deus. O coração do homem foi ferido de morte pelo pecado, por isso dele é que procede agora todo o mal da criatura:
“Não é aquilo que entra pela boca que mancha o homem, mas aquilo que sai dele… Porque é do coração que provém os maus pensamentos, os homicídios, os adultérios, as impurezas, os furtos, os falsos testemunhos, as calúnias” (Mt 15,10-19).
Leia também: Abra seu Coração
Por que são tão importantes as bem-aventuranças?
Você deseja alcançar a santidade?
Jesus quer limpar o nosso coração de tudo isso, e para tal derramou o seu sangue.
A castidade unifica a pessoa e coloca à sua disposição todas as suas energias físicas, racionais e espirituais.
Mahatma Ghandi, mesmo não sendo cristão, bebeu no Sermão da Montanha os ensinamentos de Jesus. Aos quarenta anos decidiu, de comum acordo com sua esposa, renunciarem à vida sexual, tal era o valor que dava à castidade. E não tinha dúvidas em afirmar que: ‘a educação sexual deve ter como objetivo o superamento e a sublimação da paixão sexual’. E dizia que: ‘a vida sem castidade parece-me vazia e animalesca. Um homem entregue aos prazeres perde o seu vigor, torna´se efeminado e vive cheio de medo. A mente daquele que segue as paixões baixas é incapaz de qualquer grande esforço’.
Ao falar da força da Igreja dizia:
”Eu penso que é exatamente graças ao celibato dos seus sacerdotes que a Igreja católica romana continua sempre vigorosa”. Para Ghandi, a castidade significa o controle de todos os órgãos do sentido, não apenas o sexo. Para ele, ‘aquele que dominou os sentidos é o primeiro e o mais importante dos homens’.
Sem dominar as paixões, do sexo, da gula, dos olhos, do ouvido e da língua, o homem não tem paz e tranquilidade, pois elas são para o coração o que as tempestades são para o oceano, como dizia Ghandi.
É importante notar como um grande homem, não cristão ‘embora fascinado por Cristo e pelo Evangelho’ valorizava tanto a castidade e a temperança.
Perseguindo uma pureza integral, Jesus acrescenta:
‘Se teu olho direito é para ti causa de queda, arranca-o e lança-o para longe de ti, porque te é preferível perder-se um só de teus membros, a que o teu corpo todo seja lançado na geena’ (Mt 5,29).
E mais:
‘O olho é a luz do corpo. Se teu olho é são, todo o teu corpo será iluminado. Se teu olho estiver em mal estado, todo o teu corpo estará nas trevas’ (Mt 6,22).
Como se peca hoje com os olhos! Praticamente não há mais um veículo de comunicação, que não tenha se transformado em veículo de pornografia e imoralidade. A televisão, o cinema, as revistas, os videos, etc., trazem a marca profunda de um sexo ascintoso. As campanhas vergonhosas para que o povo use a ”camisinha”, levada a efeito pelas próprias autoridades, revelam a grande decadência moral da nossa civilização. Incita-se ao pecado, sem a mínima vergonha!
Para São Paulo o pecado da impureza é grave porque atenta contra a santidade do corpo, que é o tempo santo de Deus:
‘Não sabeis que vossos corpos são membros de Cristo? Tomarei, então, os membros de Cristo, e os farei membros de uma prostituta? De modo algum. Ou não sabeis que o que se ajunta à prostituta faz´se um só corpo com ela?’ (1Cor 6,15-16).
E o apóstolo insiste no assunto:
‘Ou não sabeis que o vosso corpo é templo do Espírito Santo, que habita em vós, o qual vos foi dado por Deus?’ (6,19).
‘Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá. Porque o templo de Deus, que sois vós, é santo’ (1Cor 3,17).
São Paulo, ao contrário dos maniqueistas dualistas do seu tempo, que desprezavam a matéria e o corpo, enfatiza a sua importância e convida-nos a darmos glória a Deus pela pureza dos nossos corpos:
‘Não sabeis que assim já não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por um grande preço. Glorificai pois a Deus no vosso corpo’ (1Cor 6,19).
‘O corpo não é para a fornicação e, sim, para o Senhor, e o Senhor é para o corpo’ (6,13).
É preciso notar que para São Paulo a gravidade da impureza está no fato de sujarmos o Corpo de Cristo, já que, pelo Batismo, somos os seus membros. A vida sexual afeta a pertença a Cristo e deve ser compatível com a dignidade de membro do seu corpo.
Aos casados, a fim de evitarem o adultério, o apóstolo ensina:
‘Para evitar a fornicação, tenha cada homem a sua mulher e cada mulher o seu marido’ (1 Cor 7,2).
A moral católica reconhece a legitimidade da vida sexual somente no casamento. No entanto, não reconhece como legítimas todas as formas de relações sexuais. O que não está de acordo com a natureza não está de acordo com a lei de Deus. Assim, o sexo oral ou anal, e outras estrepolias, não são legítimas para o casal cristão.
Sobre esse assunto diz o Catecismo da Igreja:
‘Os atos com os quais os cônjuges se unem íntima e castamente são honestos e dignos. Quando realizados de maneira verdadeiramente humana, testemunham e desenvolvem a mútua doação pela qual os esposos se enriquecem com o coração alegre e agradecido’ (N.2362).
E de forma alguma a Igreja aceita o adultério:
”O matrimônio seja honrado por todos, e o leito conjugal, sem mancha, porque Deus julgará os impuros e os adúlteros” (Hb 13,4).
Mais do que em outros assuntos, é indispensável a vigilância e a oração, que Jesus recomendou aos apóstolos, pois ‘a carne é fraca’. Entre os muitos conselhos sábios o livro do Eclesiástico nos diz:
”Não olhes para a mulher do outro, e não te ponhas junto do teu leito” (41,27).
‘Não lances olhares para uma mulher leviana, para não acontecer que caias em suas ciladas’ (9,3).
‘Não detenhas o olhar sobre uma donzela, para não acontecer que a sua beleza venha a causar tua ruína’ (9,5).
O Catecismo da Igreja, de maneira clara, condena o que chama de ‘as ofensas à castidade’. É a palavra oficial da Igreja. São os seguintes casos:
”Luxúria” desejo desordenado do prazer sexual, quando buscado por si mesmo, isolado das finalidades de procriação e da união (nº 2351).
”Masturbação” excitação voluntária dos órgãos genitais a fim de conseguir um prazer sexual. Ato intrínseco e gravemente desordenado (nº 2352).
”Fornicação” união carnal fora do casamento entre um homem e uma mulher livres. ‘É gravemente contaria à dignidade das pessoas e da sexualidade humana, naturalmente ordenada para o bem dos esposos, bem como para a geração e a educação dos filhos’ (nº 2353).
”Pornografia” retirar os atos sexuais, reais ou simulados, da intimidade dos parceiros para exibi-los a terceiros de maneira deliberada. Atenta gravemente contra a dignidade daquele que a pratica (nº 2354).
”Prostituição” viola a castidade à qual a pessoa comprometeu no seu batismo e mancha, seu corpo, templo do Espírito Santo. É um flagelo social. (nº 2355).
”Estupro” penetração à força na intimidade sexual da pessoa. Fere a justiça e a caridade. É sempre um ato intrínsecamente mau (nº 2356).
”Homossexualidade” sua origem psiquíca continua amplamente inexplicada. ‘Apoiando-se na Sagrada Escritura, que os apresenta como depravações graves (Gn 19,1-29 ; Rm 1,24´27; 1 Cor 6,10; 1 Tm 1,10), a tradição sempre declarou que os atos de homossexualidade são intrinsecamente desordenados. São contrários a lei natural. Em caso algum podem ser aprovados´(nº 2357).
São Paulo fala muitas vezes em suas cartas sobre a impureza:
‘Fornicação e qualquer impureza ou avareza nem sequer se nomeiem entre vós, como convém a santos’ (Ef 5,3).
‘Pois é bom que saibais que nenhum fornicário ou impuro ou avarento ‘que é um idolatria’ tem herança no Reino de Cristo e de Deus’ (5,5).
É interessante notar como o Apóstolo chama a atenção para as conversas obcenas:
‘Nada de baixezas, de conversas impróprias, de palavras incovenientes; em vez disso, ações de graça (5,4).
E Paulo mostra o perigo também do excesso no beber: ‘Não vos embriagueis com vinho, que leva à luxúria, mas enchei-vos do Espírito’ (5,18).
FELIPE AQUINO - Escritor católico. Prof. Doutor da Universidade de Lorena. Membro da Renovação Carismática Católica.
Santa Cecília viveu no século III e pertencia a uma das famílias mais tradicionais de Roma. Assim que atingiu a maturidade, seus pais prometeram-na em casamento para um jovem chamado Valeriano, também membro da alta sociedade local.
Mesmo contra sua vontade, Cecília aceitou a decisão dos pais, mas pediu que o rapaz se convertesse ao cristianismo e respeitasse seu voto de castidade concedido ao Senhor. Somente após receber a visita de um anjo, Valeriano se converteu, foi catequizado e batizado pelo Papa Urbano.
Mas, Cecília foi presa e levada a julgamento por negar-se a adorar outro Deus. Condenada à morte por asfixia, colocaram-na numa câmara de banho turco totalmente fechada. Então, começou a cantar incessantemente músicas de louvor a Cristo – por este motivo, foi eleita padroeira dos músicos.
E como não faleceu após várias horas, tentaram também matá-la numa casa em chamas, porém, ela saiu intacta. Então, quase foi degolada, mas inexplicavelmente o soldado não conseguiu cortar sua cabeça. Ela somente viria a morrer três dias depois, devido aos ferimentos no pescoço. Anos após, o Papa Paschal I ordenou que suas relíquias fossem levadas para a cidade de Trastevere, na Itália, onde hoje se encontra a grande catedral de Santa Cecília.
Pouco antes de sua morte, ela pediu ao papa Urbano que transformasse sua bela casa num templo de orações e que todos os seus bens fossem doados aos pobres. Atualmente, na Europa, dentre todos os santos da Igreja Católica, Santa Cecília é a que possui o maior número de igrejas e capelas. Portanto, além de salvar a alma, seu exemplo cristão se perpetuou e valeu a pena tanta abnegação ao amor de Deus, concorda?
Outra história conta que um homem estava dirigindo há horas e, cansado da estrada, resolveu procurar uma pousada para descansar. Em poucos minutos, avistou um letreiro luminoso com o nome: Hotel Venetia. Quando chegou à recepção, o hall estava iluminado com luz suave. Atrás do balcão, uma moça de rosto alegre o saudou amavelmente: ‘Bem-vindo ao Venetia, senhor’.
Três minutos após a saudação, o hóspede já se encontrava confortavelmente instalado no seu quarto e impressionado com os procedimentos: uma discreta opulência, uma cama impecavelmente limpa, uma lareira e um fósforo tentador – em posição perfeitamente alinhada para ser riscado. Aquele homem que queria um simples quarto para passar a noite, começou a pensar que estava com sorte.
Mudou de roupa para o jantar. A refeição foi deliciosa, como tudo o que tinha experimentado naquele local até então. Assinou a conta e retornou ao quarto. Fazia frio e ele estava ansioso pelo fogo da lareira. Qual não foi a sua surpresa! Alguém havia se antecipado a ele, pois havia uma chama crepitante na lareira. A cama estava preparada, os travesseiros arrumados e uma bala de menta sobre cada um.
No dia seguinte, o cliente deixou a pousada muito feliz por ficar num lugar tão acolhedor, e pensou: ‘Valeu a pena ter descansado naquele local’. Mas, o que lhe ofereceram de especial? Principalmente, um fósforo e uma bala de menta? Sim, mas acontece que o valor das pequenas coisas conta, e muito! O bom relacionamento fez com que ele, cliente, percebesse o quanto era um parceiro importante!
Isso vale também para nossas relações na família. Pensar no outro como ser humano é sempre uma satisfação para quem doa e para quem recebe. Seremos muito mais felizes, pois a verdadeira felicidade está nos gestos mais simples do nosso dia-a-dia e, na maioria das vezes, passamos despercebidos pelos detalhes.
Se Deus nos permitisse viver sem obstáculos, não seríamos como somos hoje. A força também vem dos problemas que temos para resolver e, a coragem, pode estar no perigo para superá-los. Às vezes, a gente se pergunta: não recebi nada do que pedi a Deus; mas, na verdade, recebemos muito mais do que precisamos e nem percebemos! Cada oração nos traz uma graça.
Portanto, estas duas histórias que contei servem de referência para comprovar as palavras de Fernando Pessoa: “Tudo vale a pena quando a alma não é pequena”. Tanto a morte de mártires cristãos como os simples gestos de serviço ao próximo, contribuíram para o mundo que vivemos. Se ainda está longe do ideal, certamente seria pior se pessoas de bem não tivessem plantado exemplos de dignidade.
Então, não quebre essa corrente de amor. Quando doar uma bala ao próximo, faça com um sorriso no rosto e veja o resultado. Quanto mais nos envolvermos no Projeto de Amor de Deus, maior será a certeza de que um dia ouviremos pessoalmente do Pai: “Valeu a pena, meu querido filho!”.
PAULO ROBERTO LABEGALINI - Escritor católico. Vicentino de Itajubá - Minas Gerais - Brasil. Professor doutor do Instituto Federal Sul de Minas - Pouso Alegre.‘Autor do livro ‘Mensagens Infantis Educativas’ – Editora Cleofas
Acontecia, outrora, aos médicos da província, cada uma, que nem ao mais levado mafarrico lembrava.
Fernando Namora, narra, com a graça que lhe era peculiar, as suas aventuras, em: “ Retalhos da Vida de um Médico”.
E muitas pitorescas e engraçadas historietas, se contam, desses humildes “ João Semanas”: - verdadeiros heróis, que alcançavam “ milagres” com os escassos recursos que dispunham.
Ora, havia nesse tempo, jovem médico, com consultório montado no centro da cidade de Bragança, considerado e respeitado, por todos os brigantinos.
Suas curas, espampanantes, espalharam-se por todo o distrito, desde Bragança até a terras de Miranda, porque não havia maleita, que não sarasse, nem mal que não passasse.
Tinha o jovem doutor, tia, velha, teimosa e rabugenta, que sofria de graves males, que seriamente a atormentavam. Mas – apesar dos rogos, – recusava, peremptoriamente, ir ao médico.
Os familiares andavam deveras preocupadíssimos. Como demove-la da contumácia?
À Vila não queria ir. Também o médico, que ai clinicava, estava tão ancilosado, que mal conseguia diagnosticar a mais leve enfermidade.
Os desconfiados aldeões, preferiam as antigas mezinhas das avós, ou a arte mágica de bruxas da região. - Por sinal, poucas e ignorantes, e tão néscias como os rústicos campesino, - do que ir à Vila.
O que fazer, então?, já que a velhinha piorava a olhos vistos?
Após muito matutarem e altercarem, entre si, os parentes da velha casmurra, assentaram encetar a árdua e perigosa viagem, por vales e montes e caminhos escabrosos, até Bragança. Terra grande, onde havia hospital e vivia o sobrinho (?) da enferma, que granjeara reputação de “ sapiente”.
Mas como, se a velha não queria?! …
Nessa recuado tempo, não havia quem tivesse automóvel - nem na aldeia, nem, talvez, no concelho. - O remédio era transportá-la de burro – animal pachorrento e amigo de fazer vontades.
Mas como convencer a velha?; se não queria sair de casa?
Acordaram, por unanimidade, chamar dois valentões, que agarraram e amarraram a mulher, com grossas cordas, à albarda, coberta por velha e surrada liteira.
Bem segura e bem atada, lá foi a nossa velha, bracejando e chorando, até à Praça da Sé, e da Praça até, à porta do consultório do famoso médico, onde arreataram o jerico,
Estava o clínico, de estetoscópio na mão, a auscultar conscientemente o peito de respeitosa idosa, quando escuta grande alarido, que subia da rua. Algazarra infernal, chinfrinado endiabrado, à mistura de muitos guinchos, berros e vozearia.
“ O que seria?!” – Pensou, atónito, o jovem médico.
Esclareceu-lhe a curiosidade a solicita empregada, que entrou afogueada no consultório, explodindo num misto de surpresa e indignação:
- “ Senhor doutor: Está uma mulher, a gritar e a estrebuchar, amarrada a um burrico! …e muita gente à volta! … Dizem que é tia do Senhor doutor!!! …”
- “ Pois vá dizer: que não sei quem é. E mande-os embora…Não atendo ninguém que venha amarrado a um burro! …”
Não houve outro remédio, apesar dos rogos e altercações, senão regressarem à terra, com a velha amarrada, e mais séquito de festiva garotada, até ao Loreto, que em risos e chalaças, galhofavam com a grotesca e hilariante cena.
Mais tarde, parentes do jovem médico, diziam, entre si, e para quem os queria ouvir, com olhos de indignação cravados no céu:
_ “ Parece impossível! Ter vergonha da tia! … Sangue do seu sangue! …”
E os aldeões, que os ouviam, repetiam, com cibinho de ira, sacudindo negativamente a cabeça:
- “ Vão estudar para a cidade. Ficam ricos, e não querem saber dos pobres! … É para isso que uma mãe cria o filho! …”
HUMBERTO PINHO DA SILVA - Porto, Portugal
Tenho ao cimo da escada, de maneira
Que logo, entrando, os olhos me dão nela,
Uma Nossa Senhora de madeira
Arrancada a um calvário,de capela.
Põe as mãos com fervor e angústia. O manto
Cobre-lhe a testa, os ombros, cai composto;
E uma expressão de febre e espanto
Quase lhe afeia o fino rosto.
Mãe das Dores, seus olhos enevoados
Olham, chorosos, fixos, muito além...
E eu, ao passar, detenho os passos apressados,
Peço-lhe - " A sua benção, Mãe!"
Sim, fazemo-nos boa companhia
E não me assusta a sua dor: quase me apraz,
O Filho dessa Mãe nunca mais morre. Aleluia!
Só isto bastaria a me dar paz.
- " Porque choras, Mulher?" - docemente a repreendo.
Mas à minh'alma, então, chega de longe a sua voz
Que eu bem entendo:
- " Não é por Ele..."
Eu sei! Teus filhos somos nós.
JOSÉ RÉGIO
O jornalista PINHO DA SILVA, sentado na mesa de trabalho, do poeta José Régio, na sua casa de Vila do Conde.
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Dissertação do Mestrado de Padre Vicentino Lourenço Mika
O Padre Lourenço Mika, de Curitiba, é colaborador do "Diário Católico", e responsável pelo site: www.maikol.com.br . Amigo, e antigo leitor, do nosso blogue: "luso-brasileiro", autorizou-nos a publicar a sua interessante Dissertação, apresentada no Mestrado em Comunicação e Linguagens, na Universidade TUIUTI, do Paraná, sobre:
que agradecemos, esperando que seja do inteiro agrado do leitor .
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RESPIGANDO NA NET
As crianças não são hiperactivas, são mal-educadas
A Tempo e a Desmodo
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Horário das missas em, Jundiai ( Brasil):
Horário da missas em São Paulo:
Horário das missas na Diocese do Porto( Portugal):
http://www.diocese-porto.pt/index.php?option=com_paroquias&view=pesquisarmap&Itemid=163
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