PAZ - Blogue luso-brasileiro
Sábado, 30 de Setembro de 2017
JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI - " DIA INTERNACIONAL DA NÃO VIOLÊNCIA", HOMENAGEM A GANDHI

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Cognominado o “Mahatma” (“a grande alma”), apóstolo nacional e religioso da Índia, o advogado Mohandas Karamchand Gandhi, estudou Direito em Londres de 1888 a 1891, tendo depois residido na África do Sul, de 1893 a 1914, onde tomou a defesa da comunidade indiana, sujeita a um racismo que as instituições tendiam a legalizar. Seus pais eram descendentes de mercadores e a palavra “gandhi” identificava os vendedores de alimentos e a casta à qual a família pertencia.

 A sua doutrina - baseada no hinduísmo, no cristianismo e em pensadores como Tolstoi – é exposta em “A Autonomia da Índia” (1909), obra que contém um verdadeiro requisitório contra o materialismo da civilização ocidental e contra a violência. Após o massacre de Amritsar (1919), quando os ingleses mataram diversos hindus, já vivendo terras indianas desde 1915, ele se engajou em lutar contra o domínio da Inglaterra, motivo que o levou diversas vezes à prisão, tornando-se líder inconteste do ideal nacional de liberdade.

Transformando-se num fenômeno de massa que conseguia mobilizar também os muçulmanos, seu movimento se alicerçava na religiosidade e na política e a partir de 1922, consagrou-se à educação popular. Os períodos de intensa militância e jornadas pacifistas eram seguidos de retiros, onde aprimorava seus meios de ação, inspirados no princípio do “Satyagraha”, “reivindicação cívica da verdade” por meios não violentos (“ahimsa”).

         A independência do subcontinente indiano foi obtida em 1947, ao mesmo tempo em que a Índia foi dividida em dois Estados, a União Indiana hindu e o Paquistão muçulmano, um racha que Gandhi considerou inaceitável. Dedicou a partir daí, a reconciliar as duas comunidades, mas em 30 de janeiro de 1948, foi assassinado por Nathuram Godse, um extremista hindu que acreditava que o líder havia feito muitas concessões ao novo país (Paquistão), embora o criminoso tenha sido seu discípulo.

Em homenagem a dedicação e repercussão de sua causa, e o intenso apreço por princípios fundamentais de Direito, de respeito à dignidade humana e de combate à tirania, a ONU – Organização das Nações Unidas, através de resolução, declarou DOIS DE OUTUBRO, aniversário de Gandhi, o DIA INTERNACIONAL DA NÃO VIOLÊNCIA. A medida recomenda que todos os Estados-membros e organizações internacionais comemorem a data de uma “forma apropriada”, divulgando “a mensagem da não violência a partir da educação e da conscientização pública”.

Trata-se de uma iniciativa muito importante, pois a sua figura nos inspira a algumas reflexões. Para se construir um mundo mais fraterno e digno, é preciso, em  primeiro lugar, firmar um compromisso sincero com a vida. Um gesto concreto é defender com garra os direitos de cidadania, sobretudo das pessoas mais humildes.

 

 

SETE  MOTIVOS  PARA  REFLEXÃO

 

 

A título de meditação, vale destacar que no túmulo de Ghandi, estão escritos os sete pecados da humanidade moderna: 1) política sem princípios, 2) riqueza sem trabalho, 3) prazer sem consciência, 4) conhecimento sem caráter, 5) economia sem ética, 6) ciência sem humanidade e 7) religião sem sacrifício. Por outro lado, o saudoso Papa João Paulo II, em jornada ecumênica, apontou sete condições para o restabelecimento da paz: 1) educação e consciência ecológica; 2) o respeito pela vida desde o útero materno até o seu fim natural; 3) a dignidade da pessoa humana que supõe a igualdade de dignidade de todos, 4) o zelo pelos direitos humanos, 5) uma nova ordem econômica, 6) a ética na política e 7) diálogo inter-religioso em favor da unidade.

 

 

 

 

JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é advogado, jornalista, escritor e professo universitário. É presidente da Academia Jundiaiense de Letras (martinelliadv@hotmail.com)

 

 



publicado por Luso-brasileiro às 18:27
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ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOS - AS GENEALOGIAS DO ABADE DE JAZENTE

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fiz referência, no artigo da última semana, a um soneto famoso, escrito pelo Abade do Jazente, satirizando as pessoas que, sem bom senso nem espírito crítico, supervalorizam linhagens fabulosas. Uma amiga que não via há muitos anos me telefonou, perguntando quem foi o Abade de Jazente e onde podia ler o soneto.

Já mandei a ela o texto do soneto e já conversamos sobre a identidade do seu autor. Mas, como outros leitores podem também ter interesse, aqui compartilho  algumas informações.

“Abade do Jazente” era o título eclesiástico que tinha o sacerdote e poeta Paulino Cabral de Vasconcelos, nascido em Amarante, no Norte de Portugal, em 1719, e falecido na mesma vila, em 1789. No Brasil, abade é o título dos superiores de alguns mosteiros religiosos beneditinos, cistercienses etc.; já em Portugal, também eram designados como abades os sacerdotes não membros de ordens religiosas, mas pertencentes ao clero secular (“clero diocesano”, na nomenclatura atual), quando assumiam o paroquiato de algumas igrejas principais que no passado gozavam de um estatuto especial e recebiam os dízimos diretamente dos fiéis, sem a intermediação da Coroa ou de outra autoridade eclesiástica. Como o Padre Paulino foi nomeado, em 1752, pároco da Igreja de Santa Maria de Jazente, que tinha então esse estatuto, tornou-se conhecido como “o Abade de Jazente”, e por esse título assinava seus versos.

Vejamos, pois, o soneto:

“Qualquer homem, como eu, tem quatro avós, / Estes quatro por força dezesseis, / Sessenta e quatro a estes contareis / Em só três gerações que expomos nós.

“Se o calculo procede, espreitai vós / Que pela proa vêm cinquenta e seis / Sobre duzentos mais, que lhe dareis, / Qual chapéu de cardeal, que espalha os nós.

“Se um homem só dá tanto cabedal / Dos ascendentes seus, que farão mil? / Uma província? Todo Portugal?

“Por esta conta, amigo, ou nobre, ou vil, / Sempre és parente do marquês de tal, / E também do porteiro Afonso Gil.”

Esse soneto, muito conhecido em Portugal, satiriza as genealogias fabulosas, inspirado numa passagem do Apóstolo São Paulo, que recomendou aos fiéis que "não se ocupassem em fábulas e genealogias intermináveis, as quais servem mais para questões do que para aquela edificação de Deus, que se funda na fé" (Primeira Epístola a Timóteo, 1, 4). A ideia que desenvolve é que, tendo todos os homens, de qualquer condição, dois pais, quatro avós, oito bisavós etc. etc., já na 8ª. geração todo mundo tem 256 costados, na 9ª., 512 e na 10ª. 1024. Ora, 10 gerações, em termos de tempo, correspondem a cerca de apenas 300 anos, o que é muito pouco. Assim, no fundo, todo mundo é parente de todo mundo e não se precisa subir a “árvore genealógica” até o Sr. Adão e sua digníssima esposa Dona Eva para se constatar isso...

A Bíblia condena, pois, as genealogias fabulosas e vãs, mas não condena as genealogias verdadeiras e não censura a legítima ufania pelos antepassados ilustres e dignos de memória. Boa parte do Gênesis e todo o Primeiro Livro dos Paralipômenos (livro que, nas edições mais recentes da Escritura, é denominado como Primeiro Livro de Crônicas) são dedicados às genealogias. E, no Eclesiástico é recomendada a ufania pelos antepassados: “Louvemos os varões ilustres, os nossos maiores, a cuja geração pertencemos. O Senhor operou neles muitas maravilhas (...) Todos eles alcançaram glória entre as gerações do seu povo, e foram louvados no seu tempo. Os que deles nasceram deixaram um nome que faz recordar os seus louvores” (44,1-10).

 

 

 

 

ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOS é historiador e jornalista profissional, membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e da Academia Portuguesa da História.



publicado por Luso-brasileiro às 18:24
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CINTHYA NUNES VIEIRA DA SILVA - DOCUMENTO EM BRANCO Nº9
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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O cursor do computador está piscando na página em branco, como se estivesse me provocando, desafiando-me a digitar alguma coisa. Olho para a tela, imóvel, sem que qualquer ideia me venha à mente. Já passa da uma da manhã e eu ainda vou precisar acordar bem cedo para corrigir provas que vão se amontoando em uma quase torre de Pisa sobre minha escrivaninha.

Sinto meus olhos arderem e fico tentada a sucumbir e deixar que Morfeu me leve para suas distantes terras, mas preciso ao menos escrever alguma coisa, algo que eu possa dar seguimento amanhã, já com meu prazo agonizante.

 Pisco os olhos com força e tenho a impressão de que, no silêncio do meu quarto, devo ter cochilado em uma fração de segundos, numa rápida incursão pelo mundo dos sonhos, eis que tive a impressão de estar em outro lugar, fazendo uma outra coisa qualquer. Nunca a expressão em um piscar de olhos me pareceu tão significativa. 

 Seja como for, ainda não faço ideia do que posso escrever. A casa e seus moradores, gente  e bicho, à exceção de mim, dormem um sono manso e protegido. As madrugadas são mesmo sempre minhas desde criança. Delas sou amante fiel e ardorosa, mas até a sedução pode se cansar em algum momento.

Respiro o mais profundo que sou capaz, no desejo de que uma overdose de oxigênio possa me acordar. Contudo, mesmo no silêncio, a musa não vem me visitar e tampouco me recordo de algum fato marcante na semana que passou, de algo que me pudesse iluminar as ideias. Na verdade a semana passou tão rápido que me ficou a sensação de uma espécie de atropelamento, de engavetamento, com segundas que se parecem sextas e vice-versa.

Já quase sem desespero, olho para cima e, onde eu deveria ter escrito um título, consta “em branco n. 9”. Faço a remota ideia de que devo ter começado e não nomeado outros oito anteriores textos, numa espécie de aborto literário, com ideias e palavras que jamais chegaram a deixar meus rascunhos.

Curioso como há vezes nas quais a criatividade e a inspiração se rebelam e me deixam a ver navios. Teimosa, fico enchendo as linhas com minhas outras palavras, aquelas de reserva, de revolta, que deixo guardadas em minha caixa de Pandora. Verborrágica como sou, odeio me sentir assim, abandonada e sem ideias, desafiada pelo branco que insiste em ocupar espaço negativo. Recuso-me, no entanto, a sucumbir. Irei até o fim, lutando bravamente pela palavra minha de cada dia.

Resta-me, agora, a esperança de que, em uma linha qualquer da vida, eu me reencontre, em muito breve, com aquelas que tanto me são caras, que me escravizam a alma, dominando meu coração. Que as palavras nunca me faltem, pois sem elas nada sou...

 

 

 

CINTHYA NUNES VIEIRA DA SILVA - Advogada na Silva Nunes Advogados Associados, professora universitária, membro da Academia Linense de Letras e cronista.       São Paulo.  -  cinthyanvs@gmail.com



publicado por Luso-brasileiro às 18:19
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MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE - VIVÊNCIAS DO SAGRADO

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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São muitas as vivências do Sagrado nos acontecimentos de minha vida. Inúmeras delas estão ligadas a Santa Teresinha do Menino,  a Santa das rosas, cuja festa acontece no próximo domingo. Recordo-me de um acontecimento nos meus 15 anos. Rezava no Mosteiro São Bento, pedindo a Deus que me fizesse crescer na fé. De repente, vi, no chão, dois botões de rosa, colocados em forma de cruz. Ao sair, me convidaram para participar da comunidade de jovens que havia ali: TUSA - Turma Unida Sempre Amiga. Sem dúvida, marcou minha história e senti, naquele dia, um sopro vindo de Liseux. Deus passou na brisa. Desde aquela época, o Carmelo – especialmente o de São José de Jundiaí -, com suas Monjas, Santos e Beatos me tocam em profundidade o coração.
O fato que relato hoje foi de observação. Sábado, fui à Igreja São João Batista para me confessar. Enquanto aguardava, um moço se dirigiu ao Padre. Ao voltar ao banco, ajoelhou-se, rezou e, em seguida, subiu ao altar. Percebi-o descalço e que pouco se importava com a plateia. Ela ele mesmo em plenitude. Abraçou o Sacrário com ternura tanta que me emocionou. Compreendia, sem dúvida, a História de Amor que se encontrava naquele tabernáculo. Ele envolvia, com as batidas de seu coração, o Amor que dá sentido à vida dele. Tão divino aquele momento: Deus que passa com meiguice e sopra longe os resquícios de desencanto.
Ao final, tirou do bolso o celular e fotografou o Sacrário, a imagem de Nossa Senhora das Graças e se foi.
O azulado dos vitrais tão lindos da Matriz da Ponte São João me envolveram e minha alma cantou: “Quando eu medito em seu amor tão grande/ Teu Filho dando ao mundo pra salvar/ Na cruz vertendo o Seu precioso sangue/ Minh'alma pode assim purificar. / Então minh'alma canta a Ti, Senhor/ Quão grande és Tu! Quão grande és Tu!”

 

 

 

 

 

MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE -

 Professora e cronista. Coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher – Santa Maria Madalena/ Magdala. Jundiaí, Brasil.


 



publicado por Luso-brasileiro às 18:15
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VALQUÍRIA GESQUI MALAGOLI - MARIA VAI COM AS OUTRAS

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

“Por que você não faz assim?”; “por que você não faz assado?”...

Faz-se ouvidos moucos para não ser indelicado, mas, a bem da verdade, a vontade é de, perguntando também, responder: “assim ou assado, por que você não faz?”.

Sugestão todo mundo tem. Mãos à massa quem quer levar???

Há um precipício entre a beleza da ideia e o gosto da concretização.

Sim, porque concretizar é, em si, um gosto que quem só idealiza jamais provará.

Uma delícia que não está no projeto.

Um gozo que o pensar não garante.

Ou seja, um prazer proibido aos preguiçosos, aos delirantes, aos viajandões, cuja solicitude está sempre à língua sem jamais descer aos braços.

São outros os braços que, literalmente, carregam o piano.

São outros os braços e pernas que movem, que transpõem montanhas.

Tem gente que é só garganta, que é só da boca pra fora, que não sabe da missa a metade, que come mortadela e arrota peru...

Falar é fácil. Por isso mesmo é que tanto se fala.

Cada um na sua.

Em se tratando de fazer arte... comum, não!, comum não, fácil!, aliás, facílimo (e nem sempre o mais fácil é o melhor caminho) é falar que para atrair público é fundamental haver coquetel.

Tem que haver coquetel!

Tem que haver “comes e bebes” para que haja público em eventos.

Não tem problema que o programa seja meia-boca. Afinal, havendo uma boquinha pra se fazer... é ou não é?

Estamos todos muito mal, amigos. Das duas uma: ou fazemos muito mal a nossa arte – todos nós, artistas... ou a barriga consagrou-se o termômetro do paladar de todos nós, público.

Estamos muito, muitíssimo mal. A ver navios...

Há de haver navios onde embarcar uma porcaria dessas? Um pensamento dominante e quinquilharesco desse – diminuto, mas pesado; ridículo, mas contagiante.

Ok. Vamos todos tornar ao pão e circo.

E, como é sabido que a semente tem que se plantar em casa, comecemos por dar a nossos filhos apenas doce antes, durante e após as refeições; apenas “sim” a torto e a direito;  apenas presentes, presentes, presentes... alegria, alegria, alegria...

Vamos dar o que se quer a quem bem o quiser.

Não é assim que se faz ou se deve fazer?

Ah, embaixo assine: Maria vai com as outras.

 

 

 

 

Valquíria Gesqui Malagoliescritora e poetisa, vmalagoli@uol.com.br / www.valquiriamalagoli.com.br

 



publicado por Luso-brasileiro às 18:11
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JOSÉ RENATO NALINI - PAI & MESTRE

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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O constituinte de 1988 foi sábio ao erigir a educação em direito de todos, mas em dever do Estado e da Família, em colaboração com a Sociedade. O primeiro dever de educar é dos pais. Atrair a família para a sala de aula é receita para melhorar o desempenho dos alunos.

Escolas que dão certo convidam os pais a atuar dentro da sala de aula desde o primeiro dia do ano letivo. A participação é gratificante e os pais aprendem a ajudar a alfabetização dos filhos. Até brincando se aprende e se ensina. Depois, mostra à criança que a escola é um lugar de acolhimento. Não é um depósito onde os pais deixam os filhos para poder trabalhar.

Essa receita vale para todos os lares. Não se distingue o estamento social a que a família pertença. O envolvimento dos pais na escola dos filhos é fator de evidente melhoria no aproveitamento do aluno.

Intuitivo que os pais que leem para os filhos, verificam se fazem seus deveres de casa e comparecem às reuniões na escola, obtêm resultados melhores nas avaliações a que seus filhos são submetidos. Na verdade, a avaliação apenas reflete uma situação contextual. Não pode ser bom aluno aquele que em casa é negligenciado, tratado com menosprezo ou com déficit de carinho.

É imatura uma sociedade em que os pais abdicam do dever de educar e transferem para o governo essa missão indeclinável. A criança deve chegar à escola com o currículo “oculto” ou “implícito” bem consolidado. É a mãe a primeira mestra, aquela que inculca os bons modos, a educação de berço, a polidez, aquela que treina a espontaneidade no uso das palavras mágicas do “muito obrigado”, “por favor”, “com licença” e outras tantas.

O treino social da prole começa muito cedo. Os anos iniciais são fundamentais. Os traumas vão surgir na maturidade e muito adulto infeliz, inseguro, agressivo ou introvertido é o resultado de pais que se descuidaram daquilo que é tão natural e urgente: preparar aquele que não pediu para nascer, para ser uma pessoa o quão feliz possa vir a ser.

 

Fonte: Diário de S. Paulo| Data: 28/09/2017

 

 

 

JOSÉ RENATO NALINI é secretário da Educação do Estado de São Paulo

 



publicado por Luso-brasileiro às 18:07
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FELIPE AQUINO - TODA PESSOA QUE SE SUICIDA ESTÁ CONDENADA ?

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Antigamente se pensava que sim, embora a Igreja nunca tenha ensinado isso oficialmente; pois ela nunca disse o nome de um condenado. Hoje, com a ajuda da psicologia e psiquiatria, sabemos que a culpa do suicida pode ser muito diminuída devido a seu estado de alma.

 

Evidentemente que o suicídio é, objetivamente falando, um pecado muito grave, pois atenta contra a vida, o maior dom de Deus para nós. Infelizmente há países que chegam a facilitar e até mesmo estimular esta prática para pacientes que sofrem ou para doentes mentais. Na Suíça, por exemplo, uma decisão da Suprema Corte abriu o caminho para a legalização da assistência ao suicídio de pacientes mentalmente doentes. O país já permite legalmente o suicido assistido para outros tipos de pacientes com uma ampla faixa de doenças e incapacidades físicas. É o império da “cultura da morte” através da eutanásia.

 

 

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O Catecismo da Igreja ensina que:

 

  • 2280 – “Cada um é responsável por sua vida diante de Deus que lha deu e que dela é sempre o único e soberano Senhor. Devemos receber a vida com reconhecimento e preservá-la para sua honra e a salvação de nossas almas. Somos os administradores e não os proprietários da vida que Deus nos confiou. Não podemos dispor dela”.
  • 2281 – “O suicídio contradiz a inclinação natural do ser humano a conservar e perpetuar a própria vida. É gravemente contrário ao justo amor de si mesmo. Ofende igualmente o amor do próximo porque rompe injustamente os vínculos de solidariedade com as sociedades familiar, nacional e humana, às quais nos ligam muitas obrigações. O suicídio é contrário ao amor do Deus vivo”.

 

 

 

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Leia também: Todos os suicidas vão para o inferno?

Não escolhemos viver, porque haveremos de escolher morrer?

Não desesperar da salvação dos suicidas

O que a Igreja ensina sobre a morte?

O que dizer sobre o suicídio?

 

 

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Mas o Catecismo lembra também que a culpa da pessoa suicida pode ser muito diminuída:

 

  • 2282 – “Se for cometido com a intenção de servir de exemplo, principalmente para os jovens, o suicídio adquire ainda a gravidade de um escândalo. A cooperação voluntária ao suicídio é contrário à lei moral. Distúrbios psíquicos graves, a angústia ou o medo grave da provação, do sofrimento ou da tortura podem diminuir a responsabilidade do suicida”.

Portanto, ninguém deve pensar que a pessoa que se suicidou esteja condenada por Deus; os caminhos de Sua misericórdia são desconhecidos de nós. O Catecismo manda rezar por aqueles que se suicidaram:

 

  • 2283 – “Não se deve desesperar da salvação das pessoas que se mataram. Deus pode, por caminhos que só ele conhece, dar-lhes ocasião de um arrependimento salutar. A Igreja ora pelas pessoas que atentaram contra a própria vida”.

Certa vez o santo Cura D´Ars, São João Maria Vianney, ao celebrar a santa Missa notou que uma mulher vestida de luto estava no final da igreja chorando, seu marido havia suicidado na véspera, saltando da ponte de um rio. O santo foi até ela no final da Missa e lhe disse: “pode parar de chorar, seu marido foi salvo, está no Purgatório; reze por sua alma”. E explicou à pobre viúva: “Por causa daquelas vezes que ele rezou o Terço com você, no mês de maio, Nossa Senhora obteve de Deus para ele a graça do arrependimento antes de morrer”. Não devemos duvidar dessas palavras.

 

 

 

FELIPE AQUINO - Escritor católico. Prof. Doutor da Universidade de Lorena. Membro da Renovação Carismática Católica.

 

 

 



publicado por Luso-brasileiro às 17:34
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PAULO R. LABEGALINI - CAMINHOS PARA ENTRAR NA VIDA ETERNA

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Hoje, vou refletir um pouco sobre a salvação.

São João Crisóstomo, doutor da Igreja, bispo de Antioquia e de Constantinopla no século IV, escreveu sobre os caminhos da conversão que conduzem ao Céu. O primeiro é a condenação das nossas faltas. Condenando os pecados cometidos, o Senhor sempre nos atenderá; e disse o santo: “Aquele que condena as suas faltas, tem a vantagem de recear tornar a cair nelas”.

O segundo caminho é dominar a nossa cólera para perdoar as ofensas dos nossos companheiros, porque é assim que obteremos o perdão do Mestre. “Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também o vosso Pai celeste perdoará a vós” (Mt 6,14).

O terceiro caminho da conversão é a oração fervorosa e perseverante do fundo do coração. O quarto é a esmola  ela tem uma força considerável e indizível. Em seguida, a humildade não é meio inferior para destruir os pecados pela raiz. Temos como prova disso o publicano que não podia proclamar as suas boas ações, mas que as substituiu pela oferta da sua humildade e entregou o pesado fardo das suas faltas (Lc 18,9).

Portanto, segundo João Crisóstomo, estes são os cinco caminhos de conversão: condenação das faltas, perdão das ofensas, oração, caridade e humildade. E completou-os, dizendo: “Não fiques inativo, mas, em cada dia, utiliza estes caminhos. São fáceis e não podes usar a tua miséria como desculpa”.

Com certeza, ele se inspirou na Bíblia para dar estes conselhos. E para testemunhar o valor do santo Livro, eis as palavras do padre vicentino Lucas de Almeida:

“A Sagrada Escritura é realmente sagrada. Seu autor é o próprio Deus, que se serviu de autores humanos, que respeitou neles os seus variados estilos e variados graus de cultura. É uma coleção de pequenos livros, mas infinitos no valor: 46 do Antigo Testamento e 27 do Novo. É o livro mais lido do mundo, o mais estudado e o que mais ricas lições têm para todos os homens – mesmo os que não pertencem à Igreja de Cristo nem ao povo judeu.

Até como valor literário, distribuído na beleza do Evangelho, na riqueza da oração dos Salmos, na profundidade dos ensinamentos dos Profetas, na doutrina dos sábios que escreveram os Livros Sapienciais, a Bíblia é simplesmente maravilhosa. O mais belo livro do mundo!

A Bíblia é Deus caminhando com a gente. Desde aqueles capítulos iniciais do Gênesis, que são na Bíblia uma espécie de pré-história – sem as características do rigor histórico e mais como meditação sobre a ação de Deus na criação do mundo – até o canto final do Apocalipse, cheio de mistério e de santidade, vamos acompanhando a ação de Deus a guiar o homem pelos caminhos da verdade e da justiça.

A começar de Abraão, lemos a maravilhosa história dos patriarcas, com os quais Deus fez sua primeira aliança, multiplicando-lhe a descendência como as estrelas do céu e como as areias do mar. Depois da escravidão do Egito, veio Moisés, com toda a maravilha do êxodo e da formação do Povo de Deus ao deserto, com a promulgação do Decálogo e a Aliança do Sinai.

Depois vieram os Juízes, os Reis, a divisão das doze tribos em dois reinos – Judá e Israel –, o exílio da Babilônia, a volta, a era dos Macabeus, até se chegar ao Novo Testamento.  Em todo esse tempo, Deus está com seu povo. Admoestando-o e instruindo-o pelos profetas, suportando e perdoando sua prevaricação e levando-o sempre a uma nova esperança.

Com a chegada de Cristo, chegou o Evangelho e a Igreja. Dentro dela nasceram os livros do Novo Testamento. E aí está a Bíblia. Aberta generosamente na estante da história, ela continua a ser o caminho de Deus conosco, útil para instruir, refutar, corrigir, educar na justiça, afim de que o homem de Deus seja perfeito e qualificado para todas as boas obras, como escreveu São Paulo a seu discípulo Timóteo (2Tm 4,16).”

Pois é, mesmo que o Pe. Lucas passasse toda a sua vida explicando, não conseguiria retratar as maravilhas do Livro Sagrado. É tão magnífico que nele constatamos que quanto mais cometemos pecados, mais somos amados e temos a atenção de Deus. Ele se comunica conosco e nos chama à conversão.

E para correspondermos a esse Amor gratuito, devemos cumprir os nossos deveres cristãos, participando: da Eucaristia, da Confissão Sacramental e das práticas de piedade com os nossos irmãos. Tudo isso faz com que a tibieza não penetre em nosso coração e tome conta da nossa alma.

No livro ‘O Monge e o Executivo’, há esta bela lição: “o amor é o que o amor faz”. Lembre-se sempre disso e caminhe com passos firmes para a vida eterna.

 

 

 

PAULO ROBERTO LABEGALINI - Escritor católico. Vicentino de Itajubá - Minas Gerais - Brasil. Professor doutor do Instituto Federal Sul de Minas - Pouso Alegre.‘Autor do livro ‘Mensagens Infantis Educativas’ – Editora Cleofas

 

 



publicado por Luso-brasileiro às 17:27
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HUMBERTO PINHO DA SILVA - O GAROTINHO BRAGANÇANO

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Não sei se já vos falei de amoroso menino, que conheci, nos anos sessenta, na velha cidade de Bragança.

Tinha a cabeça coberta de farto e fino cabelo; cabelo macio, escorrido, de nuances em ouro velho, que lhe descia até aos ombros. Rosto oval. Pele branca, cetinosa, ligeiramente tostadinha. Olhos vivos e meigos. Lábios bem desenhados. Pescoço alto e esbelto; e cândida expressão, que cativava.

Foi meu companheiro. Companheiro dedicado, com quem passei largos e longas horas de ameno convívio fraternal.

Certa ocasião, após ter vindo, definitivamente, para a cidade do Porto, hospedei-me em modesta pensão bragantina, cuja fachada era fronteira à velha estação ferroviária.

Após o almoço, inesperadamente, surgiu-me, num lanço das escadas, que comunicavam com os quartos, sorrindo. Sorriso lindo, que jamais pude esquecer.

Admirei-me da insólita presença, e indaguei, curioso, a razão de me esperar:

- “ Olá! Então por aqui?! …”

Num trejeito juvenil, disse-me, encolhido, titubeando:

- “ Minha mãe pediu-me para o vir buscar, e ajudá-lo a levar a mala… – Explicou, de mãos enlaçadas, balanceando o corpo.

Agradeci, penhorado, a gentileza, e cortesmente, esclareci que não pretendia incomodar.

- “ O primo Humberto nunca incómoda! …Assim ficamos todos juntos…”

Fiquei sem palavras. Emocionado. Sabia que falava com sinceridade. Os olhos não enganavam…

Não o deixei trazer a mala, como queria. Mala antiga, de cartão endurecido, de cor acastanhada. Insistiu. Recusei. Vencido, acompanhou-me em silêncio.

Ao cruzarmos a Praça da Sé, junto ao Café Central, voltou-se para mim, e, timidamente, declarou:

- “ Minhas irmãs estão ansiosas de o ver…”

Este rapazinho, de bondade e sensibilidade extrema, foi o meu companheiro predileto; amigo sincero e leal, nos anos, que, por obrigação, permaneci na sua velha e encantadora cidade.

Decorrido um bom par de anos, após a derradeira visita, que fiz, encontrei-o, já adolescente, na bonita aldeia de seu pai.

Avizinhou-se, numa tarde abafada de Agosto, com a mesma simplicidade de sempre, e convidou-me para acompanhá-lo a bonito prado, onde pesada vaca, malhada, branca e preta, pastava pachorrentamente, com chocalho barulhento.

Deitamo-nos na relva fofa, mirando o céu azul – onde vagavam pequenas e esfarrapadas nuvens brancas, – sob frondosa e farfalhuda figueira. Uma andorinha, num voo baixo e elegante, rasgou o ar, pairando sobre a relva.

Raios doirados do Sol, crivados pela espessa e fresca ramagem, manchavam-nos o rosto de sombras escuras e claras. Enorme e acolhedora paz, envolvia-nos. Calor de rachar! …Cantavam, não sei onde, à compita, cigarras e grilos – gri, gri.gri…; crass,crass…zzz…- quebrando o murmúrio do silencio.

Os cavalos – que nos transportaram – libertos do selim, espojavam-se, retoiçando e relinchando, alegremente, na relva verde-escura. Ao longe, ladravam cães, e chegavam vozes imperceptíveis, de mulheres e crianças.

Conversamos sobre a canícula, que tudo secava; da beleza de viver à beira-mar; e da tumultuosa vida citadina.

Disse-lhe, então, que dentro de dias tinha que regressar.

- “ E não vai a Bragança?! – Indagou, com pontinha de censura.

- “ Não. Parto diretamente para o Porto.”

_ “ Fique mais uns dias! …A mãe, e minhas irmãs, também gostam muito do primo…”

Não fiquei. Não podia. Na hora da despedida, abraçou-me, beijou-me, e não sei se chegou a chorar.

Fiquei com a sensação – talvez errada, – que me queria dizer, muito baixinho: “ leve-me consigo…”

Soube, mais tarde, por meu irmão, que havia falecido, de forma trágica.

Fiquei triste. Muito triste…

Triste, por não o ter visitado mais vezes. Triste, porque amizades assim, nunca mais encontrei.

Escrevo, esta crónica, ao cair da tarde. Em breve, para as verdes várzeas do Candal, o céu azul, alaranjar-se-á; e tonalidades quentes de vermelho-sangue e amarelo-ouro-esverdeado, pintarão o azul desmaiado do céu, desta tórrida tarde de Verão.

É o pôr-do-sol. Espetáculo apoteótico de luz e cor. Extasiante; sempre renovado e belo, que encanta, e deixa paz na alma angustiada.

O Sol sempre nasce e sempre morre; morre e nasce todos os dias: iluminando, dando vida e cor à Terra.

Mas…Ai de mim! …, que, vertiginosamente, caminho para as derradeiras cores do meu crepuscular…

Em breve chegará a noite negra; mas enquanto não vier o sono, viverei dos lindos sonhos, que vivi, e dos que não vivi, mas gostaria de os ter vivido…

Recordando companheiros que partiram… mas vivem, eternamente, dentro de mim; e os que ainda não partiram… mas já me sepultaram no esquecimento…

Este garotinho não morreu: repousa no meu coração saudoso: sempre jovem, sempre sorrindo, sempre a dizer muito baixinho à minha alma contristada: “ Gosto muito do primo! …”

 

 

 

HUMBERTO PINHO DA SILVA   -   Porto, Portugal



publicado por Luso-brasileiro às 17:22
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EUCLIDES CAVACO - PORTUGAL É UM JARDIM

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Hoje passa o dia mundial do turismo e o nosso Portugal é um jardim turístico que me apraz cantar neste poema:

 

 


https://www.euclidescavaco.com/portugal-jardim

 

 

 


PORTUGAL É UM JARDIM

 

 

                                                      

As Terras de Portugal
São um jardim sem igual
Que à beira do mar se sita
Cada terra é uma flor
Plena de perfume e cor
Sempre viçosa e bonita.

 

O seu perfume exalado
Cheira a mar e cheira a fado
Cheira à Gente Portuguesa
Sem saber qual a mais bela
Cada terra é aguarela
De fulgurante beleza.

 

Os poetas e pintores
Dão mais vida a estas flores
Na sua inspiração
Quer na tela ou pergaminho
Fertilizam com carinho
E regam com emoção.

 

Todos temos uma flor
Neste jardim sedutor 
Que é nossa Terra Natal
Temo-la sempre no peito
Feita flor amor-perfeito
A colorir Portugal !...

 

 

 

EUCLIDES CAVACO  -   Director da Rádio Voz da Amizade , Canadá.

 

 

***

 

 

Horário das missas em, Jundiai ( Brasil):

 

http://www.horariodemissa.com.br/search.php?opcoes=cidade_opcoes&uf=SP&cidade=Jundiai&bairro&submit=73349812

 

 

 

 Horário da missas em São Paulo:


http://www.horariodemissa.com.br/search.php?uf=SP&cidade=S%C3%A3o+Paulo&bairro&opcoes=cidade_opcoes&submit=12345678&p=12&todas=0

 

http://www.horariodemissa.com.br/search.php?uf=SP&cidade=S%C3%A3o+Paulo&bairro&opcoes=cidade_opcoes&submit=5a348042&p=4&todas=0

 

 

 

 Horário das missas na Diocese do Porto( Portugal):

 

http://www.diocese-porto.pt/index.php?option=com_paroquias&view=pesquisarmap&Itemid=163

 

 

 

 

*** 

 



publicado por Luso-brasileiro às 17:14
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Domingo, 24 de Setembro de 2017
ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOS - ACADEMIA PORTUGUESA DA HISTÓRIA

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Estou de partida para Portugal, onde terei a honra de ingressar na condição de Acadêmico Correspondente Brasileiro, na Academia Portuguesa da História, fundada em 1720, com o nome de Academia Real da História Portuguesa, pelo Rei D. João V. Em 1910, a recém-proclamada República Portuguesa considerou-a abolida, julgando-a resquício do Antigo Regime que acabava de ser deposto e porque pretendia recomeçar a trajetória de Portugal a partir da estaca zero... como se fosse possível ignorar sete séculos de História! 26 anos depois, entretanto, a própria República decidiu restaurar a venerável instituição, com o nome atual de Academia Portuguesa da História.

Sem embargo da ligeira modificação na sua denominação, a atual APH mantém a continuidade histórica com a primitiva fundação joanina, da qual se afirma explicitamente herdeira e continuadora. Os estatutos de 1937, estabelecidos no contexto do Estado Novo, foram reformados e atualizados nas últimas décadas do século XX.

A APH se insere no aparelhamento oficial do Estado português, subordinada ao Ministério da Cultura, e tem sede num lindo edifício, o Palácio dos Lilases, situado na Alameda das Linhas de Torres, em Lisboa. Conserva a mesma divisa latina desde a sua primitiva fundação, de 1720: “Restituet omnia”, que em sentido literal significa “que sejam restabelecidas (ou restituídas) todas as coisas”. Trata-se de alusão aos feitos gloriosos da História lusa; é missão acadêmica restabelecer a verdade histórica sobre eles, elaborando uma história científica e isenta, mas que valorize o passado glorioso da nação lusa. Como registra o site da Academia, esta “desenvolve a sua atividade visando a permanente valorização e conhecimento do passado histórico português, com critério de isenção, mas sempre cultivando a importância da identificação de um povo com a gesta dos seus antepassados”.

A Academia congrega, ainda de acordo com o site institucional, “especialistas em várias áreas do saber, cuja obra seja um contributo decisivo para a História de Portugal, nos mais diversos âmbitos (linguística, militar, religiosa, regional e local etc.” É composta por 40 Acadêmicos de Número, sendo 30 portugueses e 10 brasileiros. Somente esses 40, bem como um número ainda mais reduzido de Acadêmicos de Mérito têm direito de voto. A Academia conta ainda com um número máximo de 190 Acadêmicos Correspondentes, eleitos entre “pessoas que tenham demonstrado a sua competência pela publicação de importantes estudos de investigação e crítica” sobre a História lusa. Desses 190, até 80 são portugueses, até 20 brasileiros, até 10 cidadãos dos demais países de língua portuguesa e até 80 provêm de outras nacionalidades.

A atual Presidente da Academia, Profa. Dra. Manuela Mendonça, da Universidade de Lisboa e da Sociedade Portuguesa de Estudos Medievais, é uma historiadora com importantes trabalhos desenvolvidos sobre o Medievo português e com uma linha de pesquisa que estuda, no Brasil, as raízes medievais da cultura brasileira. 

Tive a honra de ter meu nome proposto por três ilustres acadêmicos de número, sendo dois brasileiros e um português. Pelo Brasil indicaram-me a arqueóloga Dra. Maria da Conceição de Moraes Coutinho Beltrão, da UFRJ, e o Prof. Dr. Edivaldo Machado Boaventura, da Universidade do Estado da Bahia. Por Portugal, fui indicado pelo Dr. Miguel Corrêa Monteiro, da Universidade de Lisboa.

A cerimônia de tomada de posse será na sede da APH, na tarde do próximo dia 22 de fevereiro, seguindo o ritual próprio, consagrado pela tradição. Deverei ser saudado por um antigo membro da Academia, e responder em seguida com um discurso de agradecimento, o qual deverá necessariamente desenvolver algum tema histórico. Motivo de particular alegria para mim é que o discurso de saudação será proferido por um grande e dileto amigo de quase quatro décadas – o Acadêmico Dr. D. Marcus de Noronha da Costa, Conde de Subserra, que conhece em profundidade a História do Brasil, como bem poucos brasileiros. No meu discurso de agradecimento, falarei sobre a participação do Brasil na Primeira Guerra Mundial. Neste ano, celebra-se precisamente o centenário da entrada do Brasil, e também de Portugal, no conflito.

 

 

(Esta crónica, do eminente historiador brasileiro, e nosso colaborador, ficou esquecida. Pelo facto de a considerarmos importante, e de interesse, publicámo-la hoje, pedindo desculpe, ao autor, pelo atraso.)

 

 

 

ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOS é historiador e jornalista profissional, membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e da Academia Portuguesa da História.



publicado por Luso-brasileiro às 16:57
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VALQUÍRIA GESQUI MALAGOLI - O LIMITE DO ILIMITÁVEL

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

“Mesmo quando tudo pede/ um pouco mais de calma/ Até quando o corpo pede/ um pouco mais de alma/ A vida não para...” é trecho da canção intitulada Paciência, do Lenine. Um hino, cuja veracidade gritante falta à popularizada frase “paciência tem limite”. Essa – ledo engano.

Quem tem limites somos nós. A paciência é paciente.

Nós, isso sim, é que não perdemos a oportunidade de criar ou deturpar o sentido das coisas. Cada coisa tem o seu.

Nós é que, por nossa vez, temos perdido o senso, a direção...

Enquanto isso... “O mundo vai girando/ Cada vez mais veloz/ A gente espera do mundo/ E o mundo espera de nós/ Um pouco mais de paciência...”.

É odioso e hodierno como vimos, dia a dia, remodelando tudo de forma a que tudo se ajuste a nosso bel-prazer.

Folgadinhos nós, hein!

É de dar nos nervos!!! Isso é que é!

Aliás, eu venho bem impaciente, viu. Por minha pouca flexibilidade em me moldar às remodelagens-padrão.

E quando lá e cá explodo e rodo a baiana, como se diz, não falta gente a me elogiar: não sei como você tem tanta paciência!

Deus do céu! Pois se tenho claras vistas dado do contrário?!

Então, é isso? O mundo anda tão virado e remexido que a gente precisa bater na mesma tecla toda hora pra dizer simplicissimamente a mesmíssima coisa?

Disse-o muitíssimo bem o irreverente e preciso André Abujamra: “O mundo tá muito gripado,/ O açúcar é doce./ O sal é salgado.”.

Disse-o mais e muito melhor ainda: “O mundo caquinho de vidro,/ Tá cego do olho,/ tá surdo do ouvido./ O mundo tá muito doente,/ O homem que mata,/ O homem que mente.”.

E a gente vai fazendo tempestade em copo d’água, adoecendo de doenças cada vez mais novas, querendo matar uns aos outros e descobrindo variadas formas de fazê-lo, mentindo que tá tuuudo bem... Ou seja, a vida vai seguindo seu curso, serena e mansamente...

Afinal, o que é estar constantemente à beira de um ataque de nervos, senão apenas o apontar naturalíssimo de um sinal dos tempos?!, um roteiro de filme?!, um nada-demais?!

Vamos lá – haja paciência; seja ela ilimitável, já que “Todos somos filhos de Deus,/ Só não falamos as mesmas línguas./ Everybod is filhos de God/ Só não falamos as mesmas línguas./ Everybod is filhos de Gandhi...”.

 

 

 

Valquíria Gesqui Malagoli, escritora e poetisa, vmalagoli@uol.com.br / www.valquiriamalagoli.com.br



publicado por Luso-brasileiro às 16:54
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CINTHYA NUNES VIEIRA DA SILVA - A CURA

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Cinthya Nunes Vieira da Silva.jpg

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Nos últimos dias as redes sociais se agitaram por conta de um juiz do DF que supostamente teria afirmado que a homossexualidade é uma doença. A partir da notícia dada nesse sentido, inaugurou-se todo um movimento de repúdio à referida decisão judicial, bem como de apoio aos homossexuais que, por conta disso, teriam sido taxados de doentes.
Quero registrar que, de toda forma, antes de que eu mesma seja bombardeada com ataques imerecidos, não acredito que a homossexualidade seja doença. Eu lá tenho tempo de me preocupar com quem os outros amam? Mal dou conta da minha própria vida, diga-se de passagem. Além disso, quem sou eu para julgar as outras pessoas?
Confesso que eu julgo mal os pedófilos e quem pratica zoofilia, pois isso, de fato, não me parece justo, já que em envolve quem não tem condições de consentir ou se defender. Também confesso que tenho os meus julgamentos íntimos e desfavoráveis sobre alguns tipos, mas daí a desperdiçar meu tempo finito nesse mundo para avaliar se alguém pode ou não amar quem quer amar, já é coisa que não me permito. Para além disso tudo, outrossim, a quem interessa minha opinião? Só a mim mesma os meus valores, sentimentos e juízos devem importar.
Há algum tempo venho traçando a seguinte regra para os meus atos e para o que penso dos atos alheios, naquilo que me é permitido pensar: Se o que faço não prejudica a vida de outra pessoa, só a mim mesma, a minha consciência e ao Criador é que deles devo prestar contas. Idêntico direito, portanto, assiste aos demais. Assim como o amor do outro não me machuca, o ódio que eu tiver poderá machucar ao meu próximo.
Mas voltando à ideia central desse texto e feitos esses esclarecimentos, é preciso dizer que muita gente saiu gritando à toa, rebelando-se sem justo motivo, pois a decisão do juiz, mencionada acima, não teve o teor alardeado. De acordo com uma leitura mais atenta e técnica da decisão, o que se pode verificar é que longe de chamar alguém de doente, sequer houve qualquer juízo de valor nesse ou em sentido parecido.
O magistrado tão somente decidiu que, a despeito de uma portaria específica, os psicólogos que fossem procurados por pessoas que voluntariamente (frise-se!) quisessem receber tratamentos relativos à reorientação sexual, pudessem atender tais pessoas sem sofrerem punição por isso.
Se as pessoas podem ou devem buscar um psicólogo para lidar com seus conflitos sexuais, psicológicos ou da ordem que forem, já é outro tema, o qual não se discute aqui, mas igualmente não se fez na sentença. O que entendeu o juiz, ainda assim em uma decisão provisória, ou seja, que pode ser alterada inclusive por ele mesmo, é que não faz sentido o psicólogo não poder exercer sua profissão de forma livre, impedido de orientar que as suas portas bater. Vejam que é bem diferente de dizer que os gays são doentes.
Concordo que, fosse esse o verdadeiro teor da decisão, sem dúvida seria algo, no mínimo, descriminatório. É preciso que as pessoas façam valer os seus direitos, que defendam suas causas, mas é preciso comedimento, até para não se sair falando abobrinhas por aí, pois a mentira é bicho cruel e se aumenta da importância que lhe dão!
De outra banda andamos mesmo precisando de cura, a cura para a fofoca, para a maldade, para a intolerância, para a soberba, para a crueldade, para a falta de respeito pelas escolhas, opções, aparências, crenças, entre outras coisas, eis que essa lista é infelizmente muito vasta. Nós priorizamos o externo, as formas e nos esquecemos de que, sob esse amontoado de coisas que agregamos, embaixo dessa carne que nos prende ao terreno, somos somente essência, apenas uma ligeira fagulha de vida, tão tênue quanto as linhas que tracei nesse papel...

 

 

 

 

CINTHYA NUNES VIEIRA DA SILVA - Advogada na Silva Nunes Advogados Associados, professora universitária, membro da Academia Linense de Letras e cronista.       São Paulo.  -  cinthyanvs@gmail.com



publicado por Luso-brasileiro às 16:37
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