PAZ - Blogue luso-brasileiro
Domingo, 17 de Dezembro de 2017
CINTHYA NUNES VIEIRA DA SILVA - FECHANDO CICLOS

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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            Por alguma razão que meus parcos conhecimentos não me permitem saber, nós, seres humanos, somos dominados pelos ciclos, dividindo nossa existência em etapas. É claro que a própria natureza nos impõe determinados ciclos, como os da lua, as regras femininas, o nosso crescer, amadurecer e o morrer. Assim como todas as criaturas viventes, estamos sujeitos a fases, muitas das quais não nos é dado, por mais que tentemos, fugir.

            Mas a despeito das fases não passíveis de domínio, nós ainda temos o hábito de nos submetermos a várias outras, impondo-nos resultados e escolhas de acordo com o andamento desses marcos. Assim, por exemplo, até determinada idade precisamos saber o que queremos da vida e de nós mesmo. Fazemos uma fábrica de malucos, desesperados pela ausência de respostas, sendo que, a bem da verdade, a imensa maioria de nós jamais tem resposta satisfatória ou definitiva para esses questionamentos existenciais.

            É fato, por outro lado, que sendo seres mortais, nosso tempo terreno é limitado e, se quisermos viver em sociedade somos obrigados a aderir a determinados padrões, mas a cada dia que passa eu concluo que ao invés de termos ganhos com isso, acabamos desperdiçando tempo, essa moeda tão sem troca ou troco que valha a pena.

            Desde que comecei a dar aulas em faculdades e lá já se vão mais de dezoito anos, vivo cercada de jovens que dão seus primeiros passos na direção de seus futuros profissionais e o que tenho visto nesses anos todos tem feito com que eu me convença que o tempo não é igual para todos, tampouco pode ser medido ou cobrado da mesma forma. Há aqueles que chegam à universidade amadurecidos, mas os que são pouco mais do que crianças confusas, tenham a idade que tiverem.

            A imposição ou convenção social segundo a qual se é obrigado a tomar decisões ainda não amadurecidas, além de produzir profissionais não vocacionados, ainda produz legiões de infelizes, o que é ainda mais triste. Assim, segundo me parece, muitas vezes falta coragem de simplesmente encerrar um ciclo, permitir-se dar um ponto final ao que não deu certo ou que já parou de dar certo. Tristeza por tristeza, deixamos para a vida aquelas que não podemos evitar, os ciclos que se fecham ao arrepio de nossa vontade, como a perda de entes queridos, por exemplo.

            Estamos nos aproximando do término de mais um ano e eu, também moldada por alguns ciclos da existência, começo a fazer uma análise do ano que passou. Vejo que vou fechando alguns ciclos que iniciei, mas dos quais tenho me policiado para não ser escrava, doa a quem doer. Creio que não seja apenas eu a pensar assim, mas sei que no discurso tudo é mais simples do que a prática, eis que requer coragem. Nem me refiro aqui a grandes decisões, mas de toda e qualquer coisa que nos atrapalhe a alegria e a leveza do existir, essa nossa tão frágil condição.

            Acredito que alguns ciclos nos ajudam a organizar o viver, a termos noção de começo, meio e fim. Outros, no entanto, são convenções que nos amarram, apropriam-se indevidamente do que nos é ou deveria ser mais caro. Que nesse fim de ano, saibamos reconhecer os ciclos que precisamos encerrar, aqueles que valem a pena iniciarmos e aqueles que devemos ignorar. Que tenhamos sabedoria para aproveitamos a vida, esteja ela na fase que estiver, até porque todo fim, de algum modo, é recomeço...

 

 

 

 

 

CINTHYA NUNES VIEIRA DA SILVA - Advogada na Silva Nunes Advogados Associados, professora universitária, membro da Academia Linense de Letras e cronista.       São Paulo.  -  cinthyanvs@gmail.com

 

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PÉRICLES CAPANEMA - FELIZ NATAL, VOTOS DE FESTAS SÉRIAS

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Anima ouvir feliz Natal. Soa agradável Natal de muita saúde e paz.  Santo Natal, expressão afável, cada vez menos comum. Escutei sem-número de vezes votos de alegre Natal. Óbvio, jamais me deram votos de tristes festividades natalinas.

 

E nem de sério Natal. Cairia estranho, poderia parecer censura a um brincalhão. Pensando bem, nem tão estranho assim. Pelo menos uma vez, gostaria que alguém me tivesse dito: “um sério Natal”.

 

Desejar feliz Natal é querer as festas em ambiente leve. Sério Natal, que continuem presentes as graves questões que povoam a vida de cada um de nós. Gravidade e leveza não se excluem, nunca se excluíram, complementam-se. Leveza sem gravidade despenca para a leviandade. Gravidade sem leveza descamba para caturrice. Sábia é a pessoa que alia leveza e gravidade. Minha ambição hoje é alcandorar a seriedade, raiz da sabedoria, caminho para a felicidade. Se conseguir bem, será brilhante bola vermelha na árvore da sala, meu presente de Natal para os leitores.

 

Já no começo, faz falta acabar com a confusão entre alegria e felicidade. Em geral, as pessoas querem ser vistas alegres para assim parecer felizes. E é comum um abismo entre as duas realidades.Le bonheur n’est pas gai (a felicidade não é alegre), frase que retumbou mundo afora, resumia o filme Le Plaisir, baseado em três contos de Guy de Maupassant. Continuando no tema, mudo o cenário. Li, faz pouco, o mesmo por aqui: “Sou alegre, mas não feliz”, lamento de Dadá Maravilha, o futebolista folgazão. O mais alegre dos jogadores se vê como um infeliz.

 

Uma mãe que trabalha de sol a sol para pagar os estudos da filha aplicada pode não estar alegre, mas será intensamente feliz, animada com o cumprimento do dever e por abrir boas perspectivas para a moça. Todos percebem, o esforço e o dever estão mais ligados à felicidade que à alegria. Enfim, são várias as formas de alegria. A felicidade pode ser alegre, pode estar triste, pode brilhar num rosto esgotado. Um menino brincando sozinho com um carrinho em geral tem semblante sério e feliz. Nietzsche afirmava, o homem se torna maduro quando reencontra a seriedade que tinha quando brincava em criança. Temos aqui, não a procura, mas o reencontro de um tempo às vezes perdido durante a adolescência e a juventude. O Natal autêntico tem isso, festa familiar com nota infantil séria. A alegria natalina ▬ calma, temperante, esperançosa, entendendo o sofrimento ▬ é átrio para entrar no palácio da felicidade.

 

Sem seriedade, não alcançamos ser felizes. A alegria contemporânea desembesta para o rumo oposto. Para esconder a infelicidade, procura saída artificial, aparece vestida com roupagem extravagante. Basta examinar os role models atuais, celebridades do entretenimento em primeiro lugar, a mais de outras nos mais multifários espaços da vida humana. Inautênticos, estadeiam estilos de vida estapafúrdios, sorrisos exagerados, risadas desatinadas. Ali pululam as drogas, o suicídio, as separações matrimoniais contínuas, tanta coisa mais. O que são em suas representações enganadoras? Embusteiros, alguns geniais, juntos na promoção de uma fraude.

 

O bem não faz barulho e o barulho não faz bem, escreveu são Francisco de Sales, o suave doutor da Igreja. Discreta, a verdadeira felicidade pode conviver com a tristeza, a dor, o fracasso; também com a alegria, os êxitos, as grandes conquistas. Mas sempre se manifestará veraz. Assoma agora à porta uma irmã da seriedade, a autenticidade, saudemo-la.

 

Verazes, autênticos e sérios caminhemos até a manjedoura onde dorme placidamente o Menino-Deus. Súplices, peçamos a Ele que nos sustente em todos os passos da peregrinação ao encontro da Felicidade infinita.

 

 

 

PÉRICLES CAPANEMA   -    é engenheiro civil, UFMG, turma de 1970, autor do livro “Horizontes de Minas

 

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LAURINDO BARBOSA - NATAL !

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O que de bom há no coração e no espírito dos homens

 ou nos ritos e culturas próprias dos povos,

não só não se perde, mas é purificado, elevado e consumado

para glória de Deus , confusão do demónio e felicidade do homem”

 

 

 

                                                                                             Vaticano II, Decreto AD Gentes - 9

 

 

Prezado Leitor 

 

 

Estas palavras do Concílio são também convite e exortação para celebrarmos o Natal sempre e em toda a parte, porque faz parte da cultura de muitos povos, com ritos e intenções de dar glória a Deus e aumentar a nossa felicidade. Talvez tão importante como isso, é a afronta que fazemos contra o demónio, que fica confuso e exasperado sempre que vê, em cada celebração que fazemos, o que há de bom no nosso coração e no nosso espírito.

A “coisa” principiou há mais de dois mil anos. Quando o Anjo Gabriel veio anunciar à Virgem que ela iria ter um filho, filho do Altíssimo que seria o Salvador, o demónio entrou em pânico e confusão, iniciando-se assim a felicidade do homem. Ele sabia que isso havia de suceder, mas um tanto infantilmente confiava no seu poder de diferir infinitas vezes o acontecimento, e, então, apavorado, estendeu as manápulas e abriu as mandíbulas, qual dragão atento para lhe devorar o filho. A mulher não “fugiu para o deserto”, mas “retirou-se para o Egipto”, frustrando as suas intenções, golpe profundo nas suas ânsias de domínio que o feria de morte se não tivesse o poder de, por estranha cissiparidade, continuar a existir e a se multiplicar.

Para nossa alegria e felicidade, o demónio anda profundamente inquieto, de riso alarve e sardónico contra Aquele que o destronou. De vez em quando celebra algumas vitórias, mas ele próprio sabe que está condenado e que de vitória em vitória caminha para a derrota final. Por isso, anda pelo mundo procurando a perdição das almas, de facies hediondo, raivoso e feroz. E apesar de tudo, a muitos consegue enganar!

A sua grande vitória seria a de aquele Jesus Cristo nunca ter ressuscitado, conforme ele quer fazer acreditar a todos. Na verdade, se Cristo, o grande vencedor dos seus poderes satânicos, não tivesse ressuscitado, uma grande risada, vitoriosa e sarcástica, ecoaria por toda e eternidade aos ouvidos de toda a Humanidade. Mas eu, nós, ninguém ouve nada . . .

Neste Natal e em todos os Natais da nossa vida, vamos celebrar, segundo o Concílio, a glória de Deus e a felicidade do homem, mas regozijamo-nos também com o despeito e a confusão do demónio. Paradoxalmente que pareça, Deus permite-nos que odiemos alguém.

Porém, será óptimo esquecermo-nos desse direito e, principalmente pelo Natal, secundarmos o coro dos anjos para que se “manifeste a grandeza de Deus nas alturas e na terra se faça brilhar a sua glória”. Eu, eu e tu, prezado leitor, todos nós, vamos “acordar a aurora”, fazendo retinir as nossas úvulas em sinfonia de campainhas, a proclamar com arte e com alma, que “todo o mundo é um hino de glória à grandeza de Deus nosso Rei, e cada homem é a imagem sagrada de Deus nosso Pai”. Por isso, com fé e amor, desejamos que cada homem, especialmente se menos favorecido que nós, tenha sempre o seu jardim e sua horta bem irrigados, que tenha o conforto da nossa cama, a segurança do nosso tecto e abundância da nossa mesa. Pelo Natal, em preparação para a Páscoa, e na Páscoa em preparação para o Natal, em cada manhã que desponta agradeçamos a Deus o dia que Ele nos oferece – é uma “manhã que nos traz a notícia da presença de Deus jovem e gloriosa”, com a certeza serena de que esse novo dia proclama a ajuda de Deus terna e amorosa, para nós e toda a humanidade.

 

 

 

 

LAURENTINO SABROSA - Senhora da Hora, Portugal.

laurindo.barbosa@gmail.co

 

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FELIPE AQUINO - 10 VERDADES SOBRE O NATAL

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

1- O Papai Noel é um mito, Jesus é uma realidade! Papai Noel é um deleite, Jesus um Sacrifício.

2- A nossa expectativa em esperar o Natal é a mesma de toda a humanidade de todos os tempos a espera de que o Filho de Deus viesse a nós, em nossa natureza, para de novo ligar o Céu com a Terra.

3- O Natal nos lembra que estamos mergulhados no amor de Deus e não damos conta disso.

4- “Estarias morto para sempre, se Ele não tivesse nascido no tempo. Jamais te libertarias da carne do pecado”. Santo Agostinho

5- “O Natal é a primeira festa litúrgica, o recomeçar do ano religioso, como a nos ensinar que tudo recomeçou ali”. Dom Fernando Rifan

6- “O Natal é o terreno seguro e sempre fecundo, onde brota a esperança da humanidade”. São João Paulo II

 

 

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Leia também: Como viver o Natal em família?

Por que Deus se fez homem e quis habitar entre nós?

Qual é o melhor presente que podemos ofertar a Jesus?

O Salvador nasceu! Como devemos acolhê-lo em nossa vida?

 

 

7- “Se não tens nem incenso nem ouro para oferecer a Jesus, oferece-Lhe a mirra do teu sofrimento!” São Pio de Pietrelcina

8- Deus se fez homem e nasceu entre nós de maneira humilde e silenciosa, para dizer a cada pessoa de maneira muito concreta: “Eu te amo!”

9- Depois que o Verbo se fez Homem, assumiu nossas dores e sepultou a nossa morte, com a Sua morte, ninguém mais pode duvidar do Amor de Deus.

10- “És Maria, a beleza e o esplendor da terra, és o protótipo da santa Igreja. Por uma mulher, veio a morte, por outra mulher a Vida.” Santo Agostinho

 

 

 

FELIPE AQUINO - Escritor católico. Prof. Doutor da Universidade de Lorena. Membro da Renovação Carismática Católica.

 

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publicado por Luso-brasileiro às 17:18
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Sábado, 16 de Dezembro de 2017
PAULO R. LABEGALINI - A CRIATIVIDADE NA EVANGELIZAÇÃO

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Todos nós somos inovadores em maior ou menor grau, basta sabermos usar a criatividade para alcançarmos, com simplicidade, alguns resultados desejados.

No trabalho, por exemplo, se o patrão nos cobra um serviço urgente e o tempo não é suficiente para realizá-lo adequadamente, a criatividade pode ser melhor praticada para o sucesso da missão.

Nos estudos, muitos alunos conseguem bons resultados por serem criativos no aprendizado: inventam artifícios diversos para decorar fórmulas; destacam aspectos importantes da matéria para resumir; fazem questionários, simulando a própria prova etc.

Também podemos usar do nosso poder criativo e ajudar muitos irmãos a seguir pelos caminhos da fé. Um simples objeto religioso à mostra no nosso corpo, serve como instrumento de evangelização. Pode ser uma camiseta, um terço, uma corrente, um broche, enfim, um símbolo que destaque a nossa fé e dê abertura para que outras pessoas se sintam atraídas por aquela mensagem.

Colocar um adesivo plástico no vidro do carro é um outro recurso válido e barato para evangelizar. Têm imagens de Jesus e de Maria belíssimas, que chamam a atenção! Basta ser criativo: escolhendo uma bela estampa e a divulgando em local de destaque.

Além desses meios, eu procuro evangelizar com testemunhos de fatos vividos em família ou na comunidade. Por serem casos reais que provam o amor de Jesus e de Maria por nós, geralmente tocam profundamente nas pessoas. Assim, fica mais fácil ‘amolecer certos corações’ e conduzi-los para junto de Deus.

O importante é que, na evangelização, nunca falte humildade no relacionamento com os irmãos desgarrados e sempre haja muita oração – pedindo ao Espírito Santo que nos ilumine para resgatar almas perdidas.

Mas, pelo fato do assunto ser ‘criatividade’, não dá para esgotar o assunto. Cada um pode e deve colocar em prática o dom criativo que Deus lhe deu e ajudar a chamar mais pessoas para o trabalho em comunidade. Se nos unirmos contra as ciladas do demônio, cada vez mais nos afastaremos do pecado e alcançaremos mais graças dos Céus.

Ao ressuscitar, Jesus nos mostrou que ‘quem ri por último, ri melhor’. Portanto, a cada alma que ajudamos a chegar no Paraíso, estaremos cumprindo uma parte da nossa missão aqui na terra e provocando boas gargalhadas dos anjos da guarda.

Se você ainda não tentou ajudar a Deus no processo de pescar e salvar almas, tenha coragem, seja criativo e tente. Vale a pena!

(Medite o Salmo 49)

 

 

 

 

PAULO ROBERTO LABEGALINI Escritor católico. Vicentino de Itajubá - Minas Gerais - Brasil. Professor doutor do Instituto Federal Sul de Minas - Pouso Alegre.‘Autor do livro ‘Mensagens Infantis Educativas’ – Editora Cleofas.

 

 

 

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HUMBERTO PINHO DA SILVA - CARTAS AO MENINO JESUS

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

No número de Nov/Dez, da revista “ Move-Nos”, do ano passado, apareceu interessante artigo intitulado: Cartas com barbas”, onde o articulista, diz: O projecto das cartas ao Pai Natal, foi lançado, em 1985”. Disse, e disse bem; mas olvidou – certamente por desconhecimento, – que já em 1971, o jornal “ O Comércio do Porto” (01-01-71), recolheu as cartas enviadas pelas crianças, ao Menino, e respondeu a muitas.

Nessa época, o Pai Natal, ainda não tinha “saneado”, o Menino, das famílias portuguesas.

Soube-se, na redacção do matutino, que as cartas para o “ Menino” eram enviadas para “Refugo”.

E soube-se, também, que nos anos cinquenta (ou sessenta?) os trabalhadores da Central dos Correios do Porto, cotizaram-se para comprar boneca a menininha pobre, que a pedira em termos comoventes.

Com aprovação de Costa Barreto, coube ao jornalista Pinho da Silva, expor ao director da “ Central”, o Sr. Mário Domingues, a ideia do jornal.

Este, logo acarinhou o projecto, e solicitou ao Sr. Pinto Monteiro e ao Sr. Nunes, para colaborarem com o diário portuense.

Reunida a correspondência, foi levada a pequena salinha – que ficava junto da redacção do matutino, – onde havia sólida mesa pé-de-galo e pesados cadeirões, – onde o Sr. Costa Barreto, após ler algumas missivas, deu inteira liberdade, ao jornalista, para “cozinhar” as respostas.

Tudo isso é do desconhecimento dos CTT, penso eu.

 

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Para satisfazer a curiosidade dos leitores mais interessados, translado, o início do artigo que veio a lume, in “ O Comércio do Porto”:

“ Por esta altura dos meus anos, os Correios lá do Céu não tem mãos a medir! É uma farturinha de cartas que nem fazes ideia! …Vem de todos os cantos do mundo! …Ele são cartas m português, em francês, em inglês, em chinês, imagina tu! Até em chinês! Ora eu não posso responder a tudo ao mesmo tempo, e então resolvi arranjar uns secretários por aqui, por ali, por acolá, de maneira que…

-” Não ponhas mais na conta, querido Jesus do meu coração: - pelos vistos secretário, “ por aqui”… fico a ser eu!!!? - atalhei, todo bobadinho de alegria.”

E o “ secretário” começou a responder aos meninos e meninas portuenses.

Tudo aconteceu, catorze anos antes dos CTT criarem “oficialmente” as “ Cartas ao Pai Natal”.

 

 

 

HUMBERTO PINHO DA SILVA   -   Porto, Portugal

 

 

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EUCLIDES CAVACO - SONHO DE NATAL

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Com o meu abraço natalício, partilho com os meus amigos e seguidores mais este SONHO DE NATAL, que poderão
ver e ouvir neste link :



https://www.euclidescavaco.com/sonho-natal

 

 

 

 

EUCLIDES CAVACO  -   Director da Rádio Voz da Amizade , Canadá.
 
 
 
 
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3º DOMINGO DO ADVENTO
Palavra do Pastor - 17-12-2017
DIOCESE DE JUNDIAÍ
 

https://youtu.be/TAkO0H0wzrc

 

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Horário das missas em, Jundiai ( Brasil):

 

http://www.horariodemissa.com.br/search.php?opcoes=cidade_opcoes&uf=SP&cidade=Jundiai&bairro&submit=73349812

 

 

 Horário da missas em São Paulo:


http://www.horariodemissa.com.br/search.php?uf=SP&cidade=S%C3%A3o+Paulo&bairro&opcoes=cidade_opcoes&submit=12345678&p=12&todas=0

 

http://www.horariodemissa.com.br/search.php?uf=SP&cidade=S%C3%A3o+Paulo&bairro&opcoes=cidade_opcoes&submit=5a348042&p=4&todas=0

 

 

Horário das missas na Diocese do Porto( Portugal):

http://www.diocese-porto.pt/index.php?option=com_paroquias&view=pesquisarmap&Itemid=163

 

 

 

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Cartão de Boas Festas - Blog PAZ.jpg

 



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Sábado, 9 de Dezembro de 2017
ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOS - CAVALOS E ESPADAS QUE DEIXARAM NOME NA HISTÓRIA

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Os nomes de alguns cavalos da Antiguidade foram conservados até hoje na memória histórica. Tornou-se famoso o Bucentauro, que foi domado pelo grande Alexandre, quando este era apenas um adolescente, e que depois disso jamais se deixou montar por qualquer outro cavaleiro. Também o Genitor, de Júlio César, deixou boa fama, enquanto um outro equino célebre, na mesma Roma, deixou memória não tão honrosa: refiro-me a Incitatus, cavalo do imperador Calígula ao qual este, para humilhar o Senado de Roma, deu o título de senador e obrigou a ser recebido com honras na mais alta curul do Império.

O costume de dar nomes a certos cavalos muito especiais teve prolongamento na Idade Média cristã. O cavalo e o espada eram, para o cavaleiro medieval, instrumentos de combate particularmente importantes e do mais alto significado simbólico. O cavalo se entendia como o prolongamento dos pés - e portanto significava a mobilidade e a agilidade do cavaleiro – enquanto a espada era o prolongamento de seu braço -  e, portanto, exprimia simbolicamente sua força e sua capacidade de fazer justiça aos que dela necessitavam. 

Desses dois instrumentos de luta dependia a própria vida do cavaleiro, que precisava, pois, neles ter total confiança. Tão intensa era sua carga simbólica que, por assim dizer, como que adquiriam personalidade própria. Daí o costume de terem nomes individualizados os cavalos de combate e as espadas.

O Cid Campeador tornou famosos os nomes de Babieca, seu cavalo de combate (que muitos supõem, erradamente, ter ido uma égua, por causa da sonoridade feminina do nome), e os de Tizona e Colada, suas duas espadas. Ainda hoje, nas ruas encantadoras de Toledo, existem dezenas de lojas nas quais qualquer turista pode comprar por preços muito acessíveis lindas réplicas da Tizona, da Colada ou de outras espadas históricas. Eu mesmo adquiri, quando lá estive, uma belíssima réplica da espada do rei São Fernando III de Castela, em tamanho natural. Isso foi bem antes do “Onze de Setembro”, num tempo em que ainda era possível embarcar tranquilamente, num avião com destino ao Brasil, portando uma “arma” tão perigosa...

A espada do legendário e mítico Rei Artur era a Excalibur. O imperador Carlos Magno tinha também a sua espada famosa, de nome Joyeuse. Rolando, o mais famoso dos Pares de Carlos Magno, tornou célebre a espada Durendal, “qui bien tranche et bien taille” (que bem trincha e bem corta), que em vão tentou quebrar, na Chanson de Roland, depois da Batalha de Roncesvalles, para que não caísse em mãos dos inimigos sarracenos. O nome Durandal inspirou o de Durindana, que em Portugal e no Brasil acabou por se tornar sinônimo de espada.

Não se conhece o nome da espada do Quixote, mas a novela de Cervantes celebrizou o Rocinante, o cavalo do seu herói.

Estou trabalhando, na minha tese de doutorado, sobre uma novela de cavalaria catalã escrita por autor anônimo do século XV, intitulada “Curial e Guelfa”. No enredo, exerce papel secundário, mas expressivo, o rei Pedro III de Aragão, cujo cavalo tinha o nome de Pompeu. Era natural que Pedro III, tipicamente um cavaleiro medieval, imaginado por Dante penando suas culpas veniais no Purgatório, desse um nome ao seu cavalo, e que fosse tão carregado de simbolismo histórico: Pompeu, o adversário à altura de Júlio César!

Quanto à sua espada, não existem registros de que tenha recebido um nome específico, mas uma passagem significativa da novela mostra o que ela significava para seu portador: quando Pedro III apareceu sozinho, no acampamento da cidade de Melun, um cavaleiro aragonês, cujo escudeiro havia reconhecido o rei incógnito, avisou seu senhor, o qual foi até o soberano, fez-lhe a devida reverência e manifestou estranheza pelo fato de um tão alto rei ter viajado sem acompanhantes. A resposta do rei: “– Estai certo de que não fiquei só, pois minha espada me fez companhia por onde estive”. (ANÔNIMO. Curial e Guelfa. - Primeira tradução para o português e notas: Ricardo da Costa - Revisão: Armando Alexandre dos Santos. Estudo introdutório e edição de base: Antoni Ferrando). Santa Barbara, California: EHumanista, 2011.)

 

 

 

 

ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOS é historiador e jornalista profissional, membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e da Academia Portuguesa da História.

 

 

 



publicado por Luso-brasileiro às 19:59
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JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI - VALORIZARMOS ASPECTOS ESPIRITUAIS ENQUANTO É TEMPO !

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Em pleno século XXI ainda encontramos algumas pessoas que se sentem superiores as demais e outras, preconceituosas e discriminatórias. Acham-se melhores, não se misturam, isolam-se em grupos integrados por indivíduos que pensam da mesma forma. Acreditam que podem tudo, são prepotentes, muitas vezes arrogantes. Chegam a esnobar seus semelhantes e para elas, tudo gira em torno de status financeiro e posição social. Julgam-se eternas. Na realidade, são inseguras, infelizes, incompetentes e desconhecem a felicidade de contarem incondicionalmente com alguém. Não têm noção de finitude da vida. E às vezes, apesar de irritarem, apenas são dignas de piedade.

Realmente, há os que não percebem o quanto a vida é curta e principalmente, a rapidez com que o tempo passa. Influenciado pelo sistema, que só valoriza os que têm dinheiro e poder, vivem competindo até com parentes próximos  e procurando angariar cada vez mais recursos para talvez se sentirem maiores  ou melhores que os demais indivíduos. Agem apenas em função de suas próprias vantagens. Esquecem-se das pequenas coisas, dos gestos simples e se afastam daqueles que não tem as mesmas ou menores condições.

E o pior, esnoba-os ou os ignoram. Praticam constante e nitidamente atos de desigualdade, prepotência, empáfia e egoísmo, acreditando que são soberanos e são melhores que qualquer um e por isso mesmo, tendo “o rei na barriga”, tudo podem.

             Ledo engano. Próximos do fim da vida verificarão que as suas verdades não passam de mentiras veladas; remontam o passado e surgem remorsos; descobrem que os amigos só se aproximaram por interesse; procuram, mas não acham qualquer relacionamento consistente e descobrem que a falsidade encobriu o manto de todos os que os cercaram.
            Aprendem muito tarde a maior de todas as lições: valorizaram só a matéria e deixaram a espiritualidade de lado. Assim, os seus legados são manifestamente frágeis, vazios e inócuos, pois não prezaram quaisquer dos valores reais: amizade sincera, simplicidade, solidariedade, amor ao próximo e respeito irrestrito aos indivíduos indistintamente. Os seus passaportes para o outro lado acabam se vencendo e provavelmente irão a lugar nenhum. Suas novas trajetórias serão de desencontros, infortúnio e absoluta solidão.

Vamos pensar muito nestes aspectos e circunstâncias. Talvez assim, trataremos os seres igualmente, sem quaisquer diferenças, lembrando que todos são idênticos perante Deus e que a Constituição Federal do Brasil dispõe que um dos fundamentos da República Federativa é “promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”.

 

 

A VIDA É BEM MAIS QUE “COISAS”

 

 

O famoso poeta português Fernando pessoa, já dizia: “Sinto-me nascido a cada momento / para a eterna novidade do mundo”. Realmente, o milagre da perfeição é obra de esforço, conhecimento, disciplina, elevação, serviço e aprimoramento próprios, pois a grandeza humana não consiste apenas em ter sabedoria e sim em sabermos usá-la. Ter fé em Deus e aceitar os percalços da vida tornam as dificuldades mais suportáveis.

 

 

BREVE REFLEXÃO

 

 

 

“Se temos de esperar, que seja para colher a semente boa que lançamos hoje no solo da vida. Se for para semear, então que seja para produzir milhões de sorrisos, de solidariedade e amizade... (Cora Coralina).

 

 

 

JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é advogado, jornalista, escritor e professor universitário. É presidente de Academia Jundiaiense de Letras (martinelliadv@hotmail.com)



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CINTHYA NUNES VIEIRA DA SILVA - NO FIO DO BIGODE

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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            Acredito que os mais jovens não devam se lembrar dessa expressão antiga, utilizada como sinônimo de palavra dada, de comprometimento. Quando se faz um acordo no "fio do bigode", realiza-se um compromisso, o qual será honrado pela simples palavra dada, independentemente de documentos, de formalidades.

            Quando me refiro ao fato de que alguns talvez possam não conhecer a expressão cunhada em tempos de outrora, temo que não saibam é o significado de comprometimento, de palavra empenhada. Da forma como fui educada, nada tem mais valor do que o compromisso que eu tiver assumido. Não preciso de papel ou testemunha para cumprir meus acordos, meus combinados, eis que entendo que minha palavra me obriga pela honra.

            Para minha tristeza, infelizmente, tenho percebido que essa não é a tônica de muita gente. Como advogada, por hábito da profissão, recomendo que meus clientes tenham o cuidado de registrar seus compromissos, eis que, comprovadamente, há quem não os respeite deliberadamente, apenas cumprindo aquilo que a lei possa obrigar e, ainda assim, ignorando o máximo que  possível for.

            Nas minhas relações particulares, contudo, não subordino meus acordos à força de assinaturas, eis que pressuponho delas não precisar, mas não raras vezes me decepciono. Já fui enganada por quem trabalhava para mim, a quem confiei dinheiro e mais uma infinidade de outras coisas, até descobrir que o dinheiro que deveria ser entregue a um prestador de serviço acabara sendo indevidamente “embolsado".

            Já tomei uma “rasteira” de colegas de trabalho, alguns dos quais eu preparava para me substituir, mas que, ingenuamente, não fui capaz de imaginar que lutariam para tomar meu lugar na base da trapaça, dos conchavos. Pessoas as quais empenhei minha palavra, a qual cumpri, mas para a qual não tive o retorno devido.

            Já vivenciei a situação de pessoas que garantiram que jamais agiriam de determinada forma, que se comprometeram comigo, mas que, na última hora, simplesmente disseram que não seria possível, sem qualquer justificativa. Em todos esses casos, muito além do prejuízo financeiro ou profissional que eu possa ter sofrido, sobrou foi a decepção sobre as pessoas, a sensação de que é uma ilusão acharmos que grande parte das pessoas é confiável.

            Recentemente tomei outra, agora vinda de uma pessoa próxima, a qual eu admirava e pela qual, ainda na seara dos ditados populares, “colocava minha mão no fogo". Confesso que a decepção é sempre proporcional à expectativa que temos quanto às pessoas. Quanto mais a altura, maior o tombo... 

            Para além das minhas mãos totalmente queimadas pelas chamas do desapontamento, restou a infelicidade de constatar, uma vez mais, que não é recomendável baixar a guarda, ignorar cuidados básicos ou mesmo esperar demais dos outros, eis que os riscos são altos e o prejuízo também o será. Novamente cabe a mim decidir o que fazer do que sinto agora, mas lamento a casca grossa que vai se formando sobre mim, colocando defesas que julgava desnecessárias.

            Como já externei diversas vezes, tenho o cuidado de analisar minhas próprias condutas e fico me questionando se já agi de forma parecida com alguém, se já prometi o que não cumpri, por minha livre e espontânea vontade. Ainda que seja certo o fato de que somos juízes brandos em causa própria, não tenho a recordação de que eu tenha sido capaz de fazer isso. Quiçá seja porque só me comprometo com o que de fato posso cumprir.

            Da forma como vejo, um compromisso afiançado pela palavra deveria ser levado até as últimas consequências, pois a honra é o seu pendão e a honra deveria ser valor capaz de suplantar questões mundanas como dinheiro, por exemplo, mas é claro que sabemos que não é essa a ótica desse mundo em que vivemos.

            Como li dia desses, atualmente sabemos o preço de quase tudo, mas o valor de quase nada...

 

 

 

 

CINTHYA NUNES VIEIRA DA SILVA - Advogada na Silva Nunes Advogados Associados, professora universitária, membro da Academia Linense de Letras e cronista.       São Paulo.  -  cinthyanvs@gmail.com

 



publicado por Luso-brasileiro às 19:45
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MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE - VIVÊNCIAS DE PEQUENAS GRANDES COISAS

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Vivências de pequenas grandes coisas ampliam o coração. São três histórias bonitas. Minha mãe, nos seus quase 94 anos, é professora de tapeçaria e bordado, duas vezes por semana, para crianças da Casa da Fonte, projeto do terceiro setor com investimento socioeducacional da Companhia Saneamento de Jundiaí (CSJ). É costume dela, uma vez por semana, distribuir pirulitos para as crianças e adolescentes que frequentam o espaço. Atitude de quem reconhece que a doçura é primordial.
Um dia desses, uma de suas alunas, de nove anos, comentou com as demais que gostaria de ganhar muito, muito, muito dinheiro e, se isso acontecesse, daria tudo à “vó Irene”, porque ela se preocupa em distribuir as coisas para os outros. Interessante: é uma criança com quatro irmãos, moram em três cômodos e a mãe, que os cria sozinha e sem qualquer colaboração paterna, se esforça bastante, no trabalho de faxina, para não faltar o dinheiro do aluguel e do alimento. O comum seria a menina pensar na quantia para desejos pessoais, no entanto, é capaz de enxergar além de si própria. Encantei-me ao saber. E é uma garota de certa forma calada, que não costuma expressar o que sente.
A terceira história aconteceu comigo. Comprava pãozinho francês na padaria de um supermercado que não costumo frequentar. Após colocá-los no saquinho de plástico, encontrava-me com dificuldade em dar um nó na ponta. Uma menina, de uns oito anos, ao lado da mãe me observava. Ficou na ponta do pé e me ofereceu, cautelosa, um amarrilho, que se achava na parte superior do balcão. Eu desconhecia. Que graça! Gente de coração educado para a solidariedade e atenção. Crianças assim fortalecem a esperança em uma sociedade generosa.

 

 

 

 

MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE -

 Professora e cronista. Coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher – Santa Maria Madalena/ Magdala. Jundiaí, Brasil.


 



publicado por Luso-brasileiro às 19:44
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VALQUÍRIA GESQUI MALAGOLI - SUGAR O SEIO DA IMPOSSIBILIDADE

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

            Os “Desejos Vãos” de Florbela Espanca se materializaram numa tarde seca dessas, quando “o Sol, altivo e forte, ao fim de um dia,/ Tem lágrimas de sangue na agonia!”.

Em consonância, vieram tocar-me a mente, os acordes da composição de João Ricardo e Paulinho Mendonça: “O sol que veste o dia/ O dia de vermelho/ O homem de preguiça/ O verde de poeira/ Seca os rios os sonhos/ Seca o corpo a sede na indolência”.

            Talvez tudo consoe afinal em essência ao menos.

Quando tudo concorre para desanimarmos e não desanimamos... o que o explica???

            Talvez ocorra que, de fato e a despeito das fragilidades, em paralelo, ou por isso mesmo, sejamos mais do que a inveja do outro; mais do que o despeito do outro; mais do que o desrespeito do outro; mais do que a soberba do outro; mais do que o desdém do outro; mais do que a preguiça do outro; mais do que a competitividade e, portanto, do que o medo do outro...

            Talvez sejamos mais do que o de quanto mais poderíamos, desperdiçando tempo, acusá-lo – o outro.

            E talvez sejamos menos, outrossim.

            Menos preocupados com o outro; menos pretensos a causar-lhe semelhante mal, porque talvez diferentemente já tenhamos ouvido falar da lei do retorno e de outras leis.

            Porque (talvez), graças a Deus, às Musas, ao Acaso, à Felicidade ou à Tranquilidade Interior somente, o outro para nós não seja mais nem menos que o próprio Deus, as próprias Musas, o próprio Acaso, a Felicidade ou a Tranquilidade Interior própria, ou ainda, quem sabe, tudo isso junto e por demais impróprio!

            Talvez todo mundo seja somente nada mais que a materialização, instrumentos, caminhos por onde ou por quem prosseguir...

            Motivos pelos quais e não por sobre os quais continuar.

            Afinal, o outro, o escancaradamente diverso de mim é o meu avesso.

Sei lá. Será mesmo?

            O outro, o estranho, talvez fosse o eu, caso não estivesse tão bem comigo, tão em paz.

            O outro é talvez a possibilidade do não-eu.

            O outro é, talvez, alguém somente que ainda não se permitiu “beber o suco de muitas frutas/ o doce e o amargo/ indistintamente/ beber o possível/ Sugar o seio da impossibilidade/ Até que brote o sangue/ Até que surja a alma/ Dessa terra morta/ Desse povo triste.”.

 

 

 

   Valquíria Gesqui Malagoli, escritora e poetisa, vmalagoli@uol.com.br / www.valquiriamalagoli.com.br



publicado por Luso-brasileiro às 19:29
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PÉRICLES CAPANEMA - O BRASIL CARCARÁ

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Procurava subsídios para artigo e encontrei aos montes o que não esperava. Foi assim. Em vez de fixar a atenção apenas nas colaborações para os sites políticos das mais variadas orientações, voltei-a para a seção de comentários. Deparei-me com o horror. Mares de opiniões pavorosas pela irreflexão, superficialidade, insciência, despropósito, primarismo e boçalidade; aqui e ali, pérolas nos brejos, observações inteligentes. Aproveitei o embalo e, para verificar se o fenômeno era generalizado, fui espiar por alto repercussões em sites de futebol, mundo do espetáculo e alguma coisa mais. Mesma coisa. Propositalmente deixo de lado o enorme monturo da linguagem chula e dos palavrões. Não recomendo a peregrinação deprimente.

 

Lembrei-me quase automaticamente de desabusadas e já antigas ponderações de Nelson Rodrigues: “Antes, o silêncio era dos imbecis, hoje são os melhores que emudecem. Até o século 19 o idiota era apenas o idiota e como tal se comportava. E o primeiro a saber-se idiota era o próprio idiota. Não tinha ilusões. Aquele sujeito que antes limitava-se a babar na gravata passou a existir socialmente, economicamente, politicamente, culturalmente. Houve, em toda parte, a explosão triunfal dos idiotas. Outrora, os melhores pensavam pelos idiotas, hoje, os idiotas pensam pelos melhores”.

 

A lógica empurra o jornalista para a conclusão: “O grande acontecimento do século [20] foi a ascensão espantosa e fulminante do idiota”.

 

Existiriam aos milhares, mas não vou memorar casos engraçados, nem piadas sobre a idiotice. Bastaria empilhar trechos dos improvisos, qualquer deles, da ex-presidente Dilma Rousseff para provar pela evidência como andava certo Nelson Rodrigues. Um só, em Nova York. Ali, logo depois do discurso inaugural da assembleia da ONU, feito pelo Brasil, achando que dava o grande, disparando conselhos, procurando impressionar públicos de outros países, assim se saiu a nossa então Presidente: “Até agora, até agora, a energia hidroelétrica é a mais barata. Em termos que ela dura, da sua manutenção e também pelo fato da água ser gratuita. E da gente podê estocá. O vento podia ser isso tamém, mais ocê num conseguiu ainda tecnologia pa estocá vento. Então, se a contribuição dos outros países, vamos supor que seja desenvolver uma tecnologia que seja capaz de na eólica estocá, ter uma forma docê estocá, porque o vento, ele é diferente em horas do dia. Então vamos supor que vente mais à noite, cumé que eu faria para estocá isso? Hoje, nós usamos as linhas de transmissão, cê joga de lá pra cá, de lá pra lá pra podê capturá isso”. A nossa Presidente, em golpe de genialidade, na exposição solicitava aos outros países que desenvolvessem tecnologia para estocar vento.

 

Repito, não é exceção, é apenas exemplo delirante (nada no trecho tem pé nem cabeça) de fenômeno generalizado. Disparates desse nível intelectual se encontram aos milhões em comentários na rede sobre os mais diversos temas. De fato, lá tem coisa pior. De irmãos nossos, brasileiros, enfim, e até de boa orientação. E, como a ex-presidente, arrogantes, pretensiosos e autoconfiantes.

 

Assim, não convido para rir, o riso seria ▬ de novo Nelson ▬ o disfarce de mágoa incurável, são retratos de nossa decadência. “Assim é o brasileiro, tem sempre uma piada fulminante, não temos dinheiro, mas temos a anedota”, outra observação do escritor recifense.

 

Tudo isso está muito entranhado no Brasil, arrancar tais raízes demanda décadas (com otimismo). E será nesse ambiente que se darão as eleições de 2018. Então, com realismo, temos de nos preparar para o pior, fazendo tudo ao nosso alcance para que tal não ocorra.

 

Só outros hábitos nos tirariam do buraco. Lembro alguns. Observação minuciosa, paciente e aplicada da realidade. E depois, com base no material trabalhado e nas leituras, refletir com humildade, despretensão, serenidade. Opinar? Sim e muito. Mas tão-somente quando tiver alguma coisa de realmente útil para o enriquecimento do debate, mesmo os domésticos. Já seria um começo.

 

A generalizada atmosfera de excitação, caldo de cultura para opiniões definitivas e bestas, traz logo após o abatimento e a desorientação. Daí escorrega para o irrealismo, a subserviência a clichês ocos e o desastre. Fracasso não só pessoal, já seria lamentável, mas do Brasil. Em especial vale para os jovens, e lá vou eu atrás de outro dito do grande dramaturgo: “Se o homem de uma maneira geral tem vocação para a escravidão, o jovem tem uma vocação ainda maior. O jovem, justamente por ser mais agressivo e ter uma potencialidade mais generosa é muito suscetível ao totalitarismo. A vocação do jovem para o totalitarismo, para a intolerância, é enorme. Eu recomendo aos jovens, envelheçam depressa.”

 

Enquanto lia a seção dos leitores de vários sites, irritantemente me voltava à memória o refrão de conhecida música “Carcará, pega, mata e come”. Magro, feioso e voraz, um solidéu de penas pretas na cabeça, o pássaro carniceiro só sabe pegar, matar e devorar. Na paisagem sáfara, lá fica ele no alto, indiferente a tudo, menos às presas. Desce rápido e as estraçalha. Pousa então em galhos das árvores, cabeça alta, bicão tosco levantado. Logo depois volta a fazer o mesmo. É sua existência, bom símbolo de cegueira para a realidade, pensamento mínimo e arrogância.

 

Termino com bonito, quase tocante, trecho de Nelson Rodrigues: “O ser humano é um caso perdido. E falo isto com a mágoa de quem queria ser um santo. O único ideal que eu teria na vida, se fosse possível realizá-lo, era ser um santo. Eu queria ser um sujeito bom. A única coisa que eu admiro é o bom, fora disto não admiro mais nada”. Programa para cada um, para o Brasil, apropriado especialmente para dias do Natal.

 

 

 

PÉRICLES CAPANEMA   -    é engenheiro civil, UFMG, turma de 1970, autor do livro “Horizontes de Minas”.

 



publicado por Luso-brasileiro às 19:23
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