A Quaresma e a Semana Santa me iluminam. É um tempo em que sinto muito forte a presença de Deus, que passa na brisa e procura assoprar para longe as minhas sombras tantas.
Neste ano, já no amanhecer da quarta-feira de Cinzas, durante a Missa, pude notar qual seria, para mim, a fala forte do Senhor. Em sua homilia, o Padre Milton Rogério Vicente disse, de maneira profunda e inspirada, como é próprio dele, sobre o melhorar-se para Jesus Cristo. Questionou-me demais! E, desde aquele dia, tenho pensado sobre esse burilar-se, que pode atrair plateia e ou o voltar-me ao Misericordioso, sem preocupação alguma de aplausos. Tenho refletido, ainda, sobre o risco de resolver carências na busca das virtudes.
E veio-me a grande Madre, Santa Teresa D’Ávila, em seu livro “Caminho da Perfeição”, no capítulo 36: “Jesus diz estas palavras: ‘perdoai-nos as nossas ofensas, assim com nós perdoamos a quem nos tem ofendido’. A verdadeira honra consiste em buscar o proveito da alma. (...) Porque o proveito da alma e aquilo que o mundo chama de honra nunca podem ser bons companheiros. Não posso acreditar que uma alma que tanto se aproxime da própria Misericórdia, onde conhece quem é e o muito que Deus lhe tem perdoado, deixe de perdoar logo com toda a facilidade e não se disponha a ficar muito bem com quem o ofendeu.” (...) E completa no capítulo 37: “Espanta-me ver que estejam, em tão poucas palavras, encerradas a contemplação e a perfeição, parecendo que não temos necessidade de estudar nenhum livro: basta-nos o pai-nosso”.
Interessante, já lera os dois capítulos, contudo se diluíram. Para voltar-me ao Senhor e não a mim, falta-me a consciência de que a verdadeira dignidade, de filha de Deus, não é a da terra, mas a da procura do interesse da alma, por isso o perdoar sempre, ainda que me machuquem e me pisem no coração.
Tenho experimentado certas situações em que, de imediato, me recordo que só me fere a honra aquilo que me escurece a alma. E isso me dá uma liberdade de Ressurreição. Creio ser um momento como o dos discípulos de Emaús, relatado por São Lucas (24, 13-35), que sentiram o coração arder, quando o Senhor lhes falava pelo caminho e explicava as escrituras.
Feliz Páscoa, gente querida! Uma santa semana! Que os que creem e os que não creem experimentem a claridade da madrugada de Jerusalém celeste.
MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE -
Professora e cronista. Coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher – Santa Maria Madalena/ Magdala. Jundiaí, Brasil.
Infelizmente, não conheço pessoalmente todos vocês. Porém, nas figuras de alguns leitores (que seja fisicamente seja em palavras vêm até mim), envio meu extensivo abraço poético-musical.
São eles: o seu Romeu, amigo da Vanda, agora meu amigo também, já que amigo dela é; a Vanda, é claro; a Rita daqui da rua, que a diversas ruas propaga o que lê; a arteira garimpeira Anna Lydia; o Walter e a Fátima, pais do Guilherme, namorado da minha Raquelzinha; a Marilu, que me fez o elogio mais inesperado e honroso que já ouvi: “você me faz lembrar mamãe (Jorosil)”; o Rodrigo, meu anjo, que com religiosos comentários posteriores às publicações sempre me instiga a novos artigos...
Ou seja, o presente escrito tem endereço certo: vocês.
Sem distinção.
Vai, inclusive, à memória do seu Luiz Vicente, que recortava e guardava as colunas. Sua netinha Luíza as encontrará em seus guardados. E um pouco de mim, neles.
Quanto eu os imagino, um a um, dado o mistério de nosso “relacionamento”.
Tanta gente me escreve.
Como há gente no mundo. Gente de todo jeito.
Curioso como há gente curiosa! A curiosidade do outro faz do pensar na cabeça da gente baita moto-contínuo.
Dão-me sugestões; fazem críticas elogiosas, sinuosas, insinuantes, discordantes, diletantes...
Uns têm dúvidas; uns assinam embaixo; outros, caso pudessem, imprimiriam esses meus escritos apenas para poder rasgá-los!
É questão de opinião.
Nada nisso, em si, importa mais do que vocês.
Vocês são importantes. Vocês, eu, nós.
Nós, os que fazemos a coisa acontecer. Nós, os que tornamos impossíveis as que, por sua vez, acontecer não devem.
“Gente”: motivo de quase tudo estar perdido.
“Gente”, razão da perda ainda não total.
Eu queria, gente, de verdade, poder abraçá-los um a um. Agradecer-lhes como se deve.
No entanto, talvez, vocês, críticos perspicazes que são, poderiam se zangar e, por conseguinte, inquirir-me: “mas, afinal, dona moça, isto posto, ademais à parte... chega de lenga-lenga... viemos aqui pra discutir ou só enrolar?”.
E para não chegarmos a ponto tão crítico de uma já duradoura e honesta amizade é que me proponho, neste final, a palavras de fato de mestre (Drummond): “Somos capazes de boas e más ações, conforme a hora e o fígado”.
E tenho dito.
Valquíria Gesqui Malagoli, escritora e poetisa, vmalagoli@uol.com.br
A entrada triunfal de Jesus em Jerusalém impressionou vivamente alguns gentios que tinham vindo participar da festa judaica da Páscoa. Desejaram ver Jesus de perto e disseram a Felipe: ”Nós queremos ver Jesus” (Jo 12, 20-33). Com esse apóstolo podiam falar em grego. Felipe expõe o caso a André e ambos levam a mensagem até Jesus. Surpreendente, até mesmo estranha, a resposta que recebem, pois Cristo lhes não lhes responde diretamente. Afirma: “Chegou a hora na qual o Filho do Homem deve ser glorificado”. Tal, porém, aconteceria através da paixão e morte de cruz, dado que seria deste modo que Ele seria exaltado. Donde a curta parábola do grão de trigo. Esse aparentemente morre quando sepultado na terra, para ressurgir e dar muito fruto. Os sofrimentos de Jesus durante sua Paixão e Morte gerariam vida fecunda e abundante. A presença daqueles gentios era sinal de que Ele se imolaria também por outras ovelhas que se juntariam às de seu rebanho. Os efeitos de sua imolação atingiriam homens e mulheres de todos os países, línguas e nações. Jesus proclama diante dos Judeus e dos Gregos que sua paixão seria glorificante. Ele passaria deste mundo ao Pai “para reunir na unidade os filhos de Deus dispersos" (Jo 11,52). Ele seria morto e sepultado, mas ressuscitaria para oferecer o fruto da universal salvação. Ao desejarem ver Jesus os gentios o homenageavam e provocavam todas essas explanações feitas por Ele naquela ocasião. Sempre que alguém no íntimo de seu coração realmente deseja ver Jesus coisas surpreendentes se dão em seu derredor. Jesus, o grão de trigo lançado na terra, continha em si um germe de vida eterna e era com Ele que os gregos desejavam conversar pessoalmente. Note-se que primeiro interpelam a Felipe que se torna um instrumento de evangelização. Ele e André eram discípulos do Mestre e podiam levar outros até Ele como ocorreu com aqueles gregos iniciados no judaísmo. Eis aí a grande tarefa dos seguidores de Cristo. Pelas suas obras demonstram fé no divino Redentor e se tornam pontes para que muitos outros cheguem perto de Jesus. Esse conta com cada batizado para que os que estão fora de seu redil entrem no mesmo e se salvem. Então Jesus será honrado, acolhido, escolhido, seguido e através dele outros também repetirão: “Queremos ver Jesus”. De fato. o modo de ser do cristão atrai e arrasta para o bem os que estão longe do Mestre divino. Outros podem, desta maneira, contemplar a glória que Ele possui antes de todos os séculos. Antes os que estavam envoltos nas trevas do erro e das paixões deparam com a luz verdadeira. Inúmeros são assim os que passam a partilhar a plenitude da felicidade que só o divino Redentor pode oferecer. Ele transmite a verdade e transforma cada um em sua imagem. Ele o único que tem condições de reconfortar em todas as aflições humanas. De fato, como é bom ver Jesus e seguir os seus passos nos caminhos da justiça. Com a graça divina resulta a perseverança que leva a irradiar a bondade do Senhor, sendo cada um fiel em servir a Cristo. Esse ilumina o espírito humano com o fulgor que vem do alto. Assim, a língua, o coração, todo o ser, toda a energia se inflamam do amor pelos outros, pois todos são criaturas amadas por Deus. As exigências do Evangelho se tornam um patrimônio espiritual de valor inestimável e se transformam numa recompensa nesta e na outra vida. Quem, de fato, viu Jesus não se deixa enganar pela gabolice do modo de falar dos jactanciosos e perversos, pelas ilusões patrocinadas pelos meios de comunicação social, porque contemplou Jesus e dele não mais quer se apartar. O poder de Cristo ultrapassa sempre as forças humanas e o cristão opera maravilhas para o reino de Deus. Muitos quererão, graças ao testemunho de vida, ver Jesus. Entretanto, para levar os outros a Jesus, é preciso que, antes, cada um saiba ser outro Cristo para que possa atrair todos ao divino Redentor. Para isso é preciso viver com humildade. Jesus ensinou: “Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração”. Cumpre partilhar com os outros o muito ou o pouco que se recebeu de Deus. Estar a serviço do próximo, pois Jesus foi claro: “O que fizerdes ao menor de vossos irmãos foi a mim que o fizestes”. Portanto, cumpre vê-lo naquele com o qual nos encontramos a cada instante. Para isto é necessário dulcificar o coração de pedra pelo amor do Deus que é bondade e ternura. É necessário ainda guiar os cegos espirituais os afastando das trevas. Aliviar os fardos dos outros, pois é a Jesus que se está ajudando. Visitar os enfermos, levando-lhes uma palavra de conforto é neles mirar o próprio Cristo. Olhar também Jesus crucificado e percebê-lo dentro de si mesmo no momento de uma prece ardente ou de uma fervorosa comunhão. É o maravilhoso poder da fé que leva assim a ver Jesus na oração, na Eucaristia, no próximo e onde quer que se esteja.
JOSÉ GERALDO VIDIGAL DE CARVALHO - Professor. Membro da Academia Mineira de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro
Os santos dizem que depois da santa Missa, a melhor prática espiritual é a meditação da Paixão de Cristo. Então, vamos meditar um pouco neste mistério de dor e de salvação. As ações de Cristo são “teândricas”, isto é, humanas, mas também divinas, e o tempo não as destrói; por isso, hoje, podemos contemplar de maneira atualizada a Sua dolorosa Paixão e beber a Redenção na sua fonte. Essa é uma meditação que eu procuro fazer sempre depois que rezo o Terço da Misericórdia, como Jesus pediu.
“Compadeço-me, Senhor Jesus, da agonia mortal que o Senhor no Horto das Oliveiras naquela noite da quinta feira santa. Sua alma “estava triste até a morte”, e o Senhor pediu aos discípulos que velassem com o Senhor, ao menos uma hora, mas eles estavam com sono e dormiram. Mesmo neste momento de angústia mortal o Senhor os educa: “Vigiai e orai, porque o espírito é forte, mas a carne é fraca”. Uma lição extraordinária para vencer a tentação e o pecado. Por essa angústia mortal Senhor, socorre-nos em todas as nossas angústias, tristezas, depressões, lutas, tentações e aflições.
Compadeço-me, Senhor, da consolação do vosso Anjo da Guarda neste momento de agonia mortal em que o sangue vasava pelos vasos capilares subcutâneas e jorravam por sua pele misturado com o suor gelado. Que este Sangue bendito Senhor caia sobre os nossos corpos e nossas almas e livre-nos de todo o mal.
Compadeço-me, Senhor da chegada de Judas com os soldados, armados até os dentes, para prender o Cordeiro manso de Deus. Compadeço-me pelo beijo traiçoeiro de Judas. Como doeu no Teu sagrado Coração Jesus! Aquele que o Senhor escolheu, educou, amou… levantou o calcanhar contra Vós, como tinha anunciado o profeta. Por essa traição Senhor, perdoa-nos todas as nossas traições, nossos pecados, infidelidades e ingratidões para com o Senhor.
Compadeço-me, Senhor, da Vossa prisão no Horto, e todos os mal tratos que o Senhor sofreu nas mãos dos soldados ali no Horto, nos caminhos, na casa de Anás, Caifás, Herodes, Pilatos, e na fortaleza Antônia onde os soldados o maltrataram. Por todos esses mal tratos Senhor, perdoai as nossas ofensas, de ontem e de hoje, e concede-nos a graça de Vos amar e servir com amor puro e reta intenção.
Compadeço-me, Senhor, da brutal e sanguinária flagelação na coluna, com c23hicotes de três cordas, com pedacinhos de ossos nas pontas para rasgar as Vossas carnes, que ficaram expostas. Que dor, Senhor! Rasgaram o Vosso Corpo sagrado de alto a baixo, sem dó nem piedade. Todo o inferno se reuniu ali para destrui-lo. E o Senhor não abriu a boca para reclamar… Oh, Senhor, concede-nos essa força no sofrimento! Ajuda-nos a sofrer com fé e esperança, sabendo que nada se perde de toda dor unida à Sua dor.
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Compadeço-me, Senhor, da sangrenta, dolorosa e humilhante coroação de espinhos. Dezenas de espinhos pontiagudos penetraram em Vossa Cabeça divina, arrancando sangue e dores lancinantes. Um Rei coroado de espinhos. Um Deus massacrado por nossos pecados. Um Deus zombado, cuspido, em cuja cabeça bateram com uma cana fazendo penetrar profundamente dos espinhos. Por essa coroação cruel, Senhor, perdoa os nossos pecados de soberba, inveja, maledicência, arrogância, prepotência, ira, orgulho e vaidade. E cura-nos Senhor de todas as nossas maldades espirituais.
Compadeço-me, Senhor, da condenação a morte por Pilatos, num julgamento covarde e iníquo. Obrigado por ter-lhe deixado claro que Vosso Reino não é deste mundo, mas que o Senhor é Rei de verdade! Por essa injustiça Senhor, concede-nos a graça da verdade, da justiça e da fidelidade a Vós em toda a nossa vida.
Compadeço-me, Senhor, da cruz pesada colocada sobre teus ombros já flagelados, levando-a pelo caminho do Calvário, completamente sem forças. Por esse mistério da iniquidade, Senhor, concede-nos a graça e a bênção de poder renunciar a nós mesmos, tomar a nossa cruz a cada dia e seguir atrás do Senhor (Lc 9,23). Sei que o Senhor transformou o sofrimento em matéria prima de nossa salvação, para lhe dar um sentido. Dá-nos a graça de unir todas as nossas dores às Vossas e assim diviniza-las.
Compadeço-me, Senhor, do encontro doloroso com Nossa Senhora das Dores. De fato, as sete Espadas de dor transpassaram o Seu materno coração. Por essas dores indizíveis, concede-nos a graça de Tê-la ao nosso lado em nossas lutas, aflições e sofrimentos, amparando-nos com sua materna presença e intercessão. Que Ela enxugue nossas lágrimas, segure nossas mãos e nos ajuda a caminhar até o fim. Que Ela nos ajude a como o Senhor, dizer “consumatum est!”. Tudo está consumado Pai, nas tuas mãos entrego meu espírito.
Compadeço-me Senhor da ajuda de Simão Cireneu, diante de Tua fraqueza absoluta em carregar a cruz até o Calvário. Por esse mistério Senhor, em que até o Senhor quis ser ajudado, nós também sejamos socorridos por um Cireneu quando não pudermos mais seguir com a cruz de cada dia. E que nós também, Senhor, tenhamos a sensibilidade e o amor de sermos Cireneus para nossos irmãos que sofrem a nosso lado.
Compadeço-me, Senhor, das santas mulheres de Jerusalém que te consolaram e que foram consoladas pelo Senhor. Certamente entre elas estavam Maria Sua Mãe, Maria de Cléofas, Maria Madalena, Salomé, e outras. Mesmo esmagado pelas dores, pela flagelação, pela coroa de espinhos, e pelo lenho da cruz nas costas, o Senhor ainda consolava, não aceitava a auto piedade que tanto nos atinge. Oh, Senhor, por esse mistério de amor, concede-nos a graça de consolar os outros que sofrem e que passam em nosso caminho, mesmo que a dor nos esmague.
Compadeço-me, Senhor, do gesto delicado e generoso de Verônica ao enxugar Teu divino rosto humano ensanguentado. Quisestes que a Tua face Sagrada ficasse gravada no seu lenço. Que esta mesma Face Senhor resplandeça sobre nós, ilumine nosso caminho, fortaleça nossos pés em nossa caminhada para Vós. Que Teu Rosto sagrado, Senhor, fique marcado em nossa alma toda vez que socorrermos ao Senhor mesmo que sofre em cada criatura. “Tudo o que fizerdes ao menos desses pequeninos é a Mim que o fazeis”.
Compadeço-me, Senhor, da Tua chegada ao Calvário. Brutalmente os soldados arrancaram suas vestes e o crucificaram: pregaram suas mãos e seus pés, e o levantaram no madeiro, pendurado por três pregos, em agonia asfixiante, por três horas, até a morte. Algo indizível, inenarrável, inefável, sofrimento igual nunca houve na face da terra. É o preço terrível de nossos pecados! Como eles Te massacraram Senhor! Ajuda-nos e a ter aversão a eles, a renunciá-los completamente; lavá-los no Teu Sangue preciosíssimo.
Compadeço-me, Senhor, das 7 Palavras que o Senhor pronunciou na Cruz, Seu Testamento final. “Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste?” Compadeço, Senhor, desse abandono Terrível que experimentou no lugar de todos nós pecadores rompidos com Deus. “Pai, perdoai-lhes porque não sabem o que fazem!”. Que misericórdia para com seus algozes! Por esse perdão o Centurião o reconheceu como verdadeiro “Filho de Deus”, na cruz. O perdão amolece o coração do pecador. “Ainda hoje estará comigo no Paraíso!”. Que alegria a do bom ladrão, que soube roubar o céu na hora da dor, e reconhecer a Tua divindade. Que graça é esta Senhor que ele mereceu? Certamente o Seu perdão! “Mulher, eis ai o Teu filho; filho, eis ai a Tua mãe”. Obrigado, Senhor, porque depois de nos ter dado tudo, nos deu o que ainda lhe restava aos pés da Cruz, Vossa Mãe santíssima, para ser minha Mãe. Mãe e guia espiritual para me mostrar o caminho do Céu. Mãe da Igreja! “Tenho sede!” Sei que essa sede é sede de almas, Senhor, pois não quisestes beber aquele vinagre que entorpece. Sei que a maior alegria que podemos te dar é trabalhar para salvar almas, cujo sangue o Senhor derramou com esta finalidade. Sei que o Pai não quer que o Senhor perca nenhum daqueles que Ele te deu. Nem a centésima ovelha pode ser abandonada. Da-nos a graça, Senhor, de na força do Teu Espírito, buscarmos cada ovelha tresmalhada do Teu Rebanho. “Tudo está consumado!” Toda a obra foi cumprida! O cálice foi sorvido até a última gota. A vontade do Pai foi perfeitamente cumprida, Adão foi resgatado e com ele toda a humanidade. Descanse em Paz, Senhor. “Pai, nas Tuas mãos entrego meu espírito!” Pela contemplação de todos esses mistérios, Senhor, possamos também nós, cumprirmos a nossa missão até o fim segundo a Tua santa vontade. Tem misericórdia de nós, Senhor!
Ouça também: Como surgiu a prática da “Via-Sacra”?
Compadeço-me do Teu corpo sagrado descido nos braços de Nossa Senhora das Dores; que sofrimento, que Espada de dor. Mas esta Mulher estava aos pés de Tua cruz, oferecendo-o por nós, “Stabat!” (De pé!), sem desmoronar! Na fé suportou o peso da cruz e a penetração da Espada da Dor. Ela é a grande Mulher, que atravessou do Gênesis ao Apocalipse.
Compadeço, por fim, Senhor, do Teu corpo sagrado, que não pode nem mesmo ser velado por Tua Mãe, colocado no sepulcro novo de José de Arimateia. Descanse em Paz divino Redentor! Desce com Tua alma à mansão dos mortos e vai levar a salvação aos justos que viveram antes de Vós. E Ressuscite triunfante, vencendo a morte, o pecado, o inferno e a dor.
FELIPE AQUINO - Escritor católico. Prof. Doutor da Universidade de Lorena. Membro da Renovação Carismática Católica.
Graças a Deus, alguns amigos continuam me presenteando com belas histórias pela internet. Eis mais uma que vale a pena refletir na sua mensagem:
“Uma mulher saiu na porta de sua casa e viu três homens com longas barbas brancas sentados em frente ao seu quintal. Mesmo sem conhecê-los, convidou-os para entrar e comer alguma coisa.
- Não podemos entrar porque o homem da casa não está. - disseram.
À noite, quando o marido chegou, a mulher saiu na porta novamente e insistiu que entrassem.
- Não podemos entrar juntos. – responderam. E um deles explicou:
- Eu sou o Amor, ele é o Fartura e este outro se chama Sucesso. Vá e discuta com o seu marido qual de nós querem em sua casa.
Entrando, ouviu do marido:
- Nesse caso, vamos convidar o Fartura. Deixe-o vir para nos contar o que tem de bom para nós.
- Meu querido, por que não convidamos o Sucesso? – disse a esposa.
Um dos filhos que estava com eles, discordou:
- Não seria melhor convidar o Amor? Eu gostei mais dele do que dos outros.
A mulher saiu e perguntou a dois deles:
- Vocês não ficarão chateados de somente o Amor ser o nosso convidado?
O Fartura respondeu-lhe:
- Se a senhora me convidasse ou convidasse o Sucesso, dois de nós esperariam aqui fora, mas como a senhora convidou o Amor, nós também entraremos com ele.
Assim, a família compreendeu que onde há amor, há também fartura e sucesso!”
Portanto, não exclua o amor de sua vida: dê-lhe asas! A melhor forma de receber amor é oferecendo-o aos irmãos, sem nenhuma forma de preconceito. Por outro lado, a forma mais rápida de ficar sem amor é apegando-se demasiadamente às coisas do mundo. Cuidado, não corra esse risco!
Jesus e Maria nos amam e querem continuar morando em nossos corações.
PAULO ROBERTO LABEGALINI - Escritor católico. Vicentino de Itajubá - Minas Gerais - Brasil. Professor Doutor do Instituto Federal Sul de Minas - Pouso Alegre.‘Autor do livro ‘Mensagens Infantis Educativas’ – Editora Cleofas.
Dizem, que não há animais maus. A maldade, é, muitas vezes, forma de defesa.
Todos os bandidos perigosos, têm momentos de ternura. A má conduta, é, em regra, devido à educação, e ao meio em que viveram ou vivem.
Não é verdade, que o cachorro, é, quase sempre, o reflexo do dono? É que o animal, “ copia “, sentimentos e reações, de quem cuida dele.
Tudo isto vem a propósito, do que li, num jornal beirão: “ O Varzeense”, de 15 de Fevereiro, do corrente ano.
Narrava o periódico, que estando em casa, determinada senhora, mencionada apenas com o nome de Maria, ouvira barulho estranho, na varanda de sua casa.
Era ao fim da tarde. Estava já escuro. Abriu a porta, e deparou com uma raposa, que a olhava de olhos mansos.
Como ouvira falar, que andava a rondar, a aldeia, uma raposa inofensiva, a senhora Maria, apiedou-se do animal; e, logo pensou procurar comida, já que os incêndios devastadores das florestas, deixaram-na, provavelmente, sem recursos, para se alimentar.
Dirigiu-se, então. à cozinha, para buscar um bocado de carne.
Aproximou-se, receosa, da rapozinha, e ela veio comer à sua mão.
Depois… ganhando confiança, entrou em casa, e “jantou”, perante o espanto e receios da gata, que olhava amedrontada para a intrusa, que se portava como um cão.
Ficou a senhora Maria, espantada, quando, afoitamente, passou a mão, levemente, na cabeça. A raposa, como que a agradecer-lhe o “jantar”, pôs-lhe as patas, nas pernas, tal qual, cachorro manso e grato.
Certamente gostaria de ter ficado com ela; cuidando da rapozinha, mas era-lhe impossível. Limitou-se a tirar-lhe uma foto, como recordação da cena comovedora.
Ao contar tudo isso, a senhora Maria, formula um pedido: se virem a rapozinha, não lhe façam mal. Simplesmente dêem-lhe de comer.
Ao ler a notícia, lembrei-me do lobo da Porsiúncula, que todos temiam, e que S. Francisco, dando-lhe de comer e cuidando dele, transformou-se num cãozarrão manso e humilde.
Muitas vezes os animais (e as pessoas) são maus e ariscos, porque não encontraram quem os compreenda, e lhes dê um pouco de carinho.
Como o Mundo se transformaria, se todos espalhassem sorrisos e palavras de amizade, sem o interesse de serem retribuídos!
Todos buscam compreensão e ternura; até a raposa selvagem de Góis, soube agradecer, a quem a recebeu com amizade e amor.
HUMBERTO PINHO DA SILVA - Porto, Portugal
Assinalo a efeméride do dia internacional da poesia com este poema que partilho com todos vós, desejando um felicíssimo dia a todos os poetas e amantes da poesia.
Vejam e ouçam neste video elaborado por Gracinda Coelho:
https://www.youtube.com/watch?v=78tm82F0RMQ&feature=youtu.be
EUCLIDES CAVACO - Director da Rádio Voz da Amizade , Canadá.
Palavra do Pastor, com Dom Vicente Costa,
bispo diocesano de Jundiaí
Domingo de Ramos
Horário das missas em, Jundiai ( Brasil):
Horário da missas em São Paulo:
Horário das missas na Diocese do Porto(Portugal):
http://www.diocese-porto.pt/index.php?option=com_paroquias&view=pesquisarmap&Itemid=163
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Minha saudosa mãe sempre foi devota de São José. Tanto que insistiu muito para que o seu nome constasse do meu, mesmo seu filho mais velho, já se chamando JOSÉ Eduardo. Meu pai queria João Caros e para evitar conflito, fui registrado como João Carlos JOSÉ Martinelli. Lembrei-me desse fato para demonstrar que há anos atrás as crenças nos santos eram grandiosas e as pessoas, fervorosas, mantinham diversos usos, costumes e tradições, envolvendo-os de várias maneiras, evidentemente, sempre de formas respeitosas.
Nessa semana, 19 de março, a Igreja Católica lhe consagra a data. Também conhecido por José de Nazaré ou José, o Carpinteiro foi, segundo o Novo Testamento, o esposo da Virgem Maria e o pai adotivo de Jesus. Exemplo de operário passou a ser conhecido por "Padroeiro dos Trabalhadores", e, pela fidelidade a sua esposa e dedicação paternal, também como "Padroeiro das Famílias". Tido como padroeiro universal do catolicismo, ele denomina muitos templos e lugares ao redor do mundo. Em nossa cidade temos a “Paróquia São José” sita à Rua Mariano Latorre, n. 300, no Parque Almerinda e a “Paróquia São José Operário”,à Rua Maestro Paulo Mário de Souza, n. 284, Parque Brasília.
Embora ocorram divergências quanto à sua profissão, motivada exclusivamente pela interpretação de um termo grego genérico usado para designar funções da construção civil, ela efetivamente é mencionada pelo evangelista Mateus quando afirma, no capítulo 13 e versículo 55 de seu Evangelho,que Jesus era filho de “carpinteiro”, razão pela qual também essa categoria o adota como patrono.
Desempenhou sua missão cristã de forma magnífica, tornando-se digno da grande admiração que desperta. Tanto que para o Papa Francisco, “São José aparece como um homem forte, corajoso, trabalhador, mas, no seu íntimo, sobressai uma grande ternura, que não é a virtude dos fracos, antes pelo contrário denota fortaleza de ânimo e capacidade de solicitude, de compaixão, de verdadeira abertura ao outro, de amor”. E o Papa Emérito Bento XVI assim se expressou: “O exemplo de São José é para todos nós um forte convite a desempenhar com fidelidade, simplicidade e humildade a tarefa que a Providência nos destinou”.
Resta-nos, com convicção, solicitar por sua constante proteção e que ele sempre rogue por nós.
DIAS COMEMORATIVOS
Em reverencia a São José, também festejamos a 19 de março o Dia do Artesão, o Dia do Carpinteiro e o Dia do Marceneiro, trabalhadores que se destacam por habilidades manuais, que vão desde móveis e pequenos objetos de madeira esculpidos até artigos de decoração, inclusive que enfocam o folclore brasileiro. Por outro lado, a diferença básica entre os ofícios é que o carpinteiro trabalha diretamente com madeira bruta para ser utilizada na construção civil, e o marceneiro trabalha transformando-a em móveis (como armários, estantes, etc), em peças e utilitários das mais variadas formas.
Rendemos nossas sinceras homenagens a esses profissionais que unem técnica e criatividade para criar belas peças e que são indispensáveis aos mais diversos setores sociais.
ELIMINAR A DISCRIMINAÇÃO RACIAL
Há 57 anos, em 21 de março de 1960, cerca de vinte mil negros protestavam contra a lei do passe na cidade de Joanesburgo, na África do Sul. Lutavam contra um sistema que os obrigava a aportar cartões de identificação que especificava os locais por onde podiam circular. Era uma das lutas contra o“apartheid”. No bairro negro de Shaperville, os manifestantes se defrontaram com tropas de segurança que atiraram sobre a multidão, deixando 186 feridos e 69 mortos.. Em memória às suas vítimas, em 1976, a ONU (Organização das Nações Unidas) institui a data como o Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial. Aliás, mais do que nunca, é preciso combater veementemente todas as formas de racismo e exclusão social. Inexiste atitude mais indigna do que separar as pessoas em raças e infelizmente em pleno século XXI ainda são registrados muito casos discriminatórios dessa natureza.
JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é advogado, jornalista, escritor e professor universitário. É presidente da Academia Jundiaiense de Letras (martinelliadv@hotmail.com)
Encontrei no meu computador um velho arquivo, no qual há muito não mexia. Trata-se de uma coleção de reflexões humorísticas politicamente incorretas, que fui elaborando e anotando ao longo dos anos, à medida que me vinham ideias à cabeça. Nem tudo é publicável, obviamente... Mas aqui vão algumas amostras:
* As formas de governo são três, monarquia, aristocracia e demagogia barata. Esta última, de barata só tem o nome, porque normalmente é a que sai mais cara para os contribuintes.
* Democracia é o regime em que a metade mais um tem o direito de livremente oprimir a metade menos um durante um tempo pré-determinado que quase sempre se consegue um jeitinho de espichar.
* A falsa democracia é a mais cruel forma de ditadura: é a ditadura do número sobre a qualidade.
* É preciso respeitar todas as culturas? Tudo bem, mas também as faltas de cultura?
* O pior da ditadura não é o fato de oprimir o povo inteiro, mas é oprimir a pequeníssima minoria dos que realmente pensam e, portanto, são de fato livres. Só esses sofrem com a opressão. O resto nem sente.
* Em igualdade de condições homens e mulheres são completamente diferentes. Ainda bem!
* Segundo influentes políticos de várias regiões do Brasil, a grande injustiça da seca do Nordeste é que só os políticos nordestinos podem se beneficiar dela.
* Escola pública é o local em que os analfabetos funcionais são produzidos em série pelos funcionários do analfabetismo.
* As escolas públicas só funcionarão bem quando todos os funcionários públicos (desde o presidente da república até o mais modesto dos servidores municipais) forem forçados, por lei, a só matricular em escolas públicas seus filhos, netos, bisnetos e tataranetos, legítimos e ilegítimos, reconhecidos ou não... mas sem poder escolher “ilhas de excelência” do ensino público. Deveria ser obrigatório estudar na escola pública mais próxima da respectiva residência, seja ela qual for.
* O SUS só funcionará quando todos os governantes, desde o presidente da república até o mais modesto, assim como os seus parentes ascendentes, descendentes e colaterais, até à 99a. geração, forem obrigados a se tratar pelo SUS, ficando terminantemente proibida a utilização de quaisquer outros planos de saúde e a contratação de médicos, hospitais ou clínicas particulares sob pena de imediata e inapelável cassação de mandato e prisão perpétua com trabalhos forçados, bola de ferro no pé etc. etc. etc.
* O mal das medidas provisórias é que elas quase sempre se eternizam. E o mal das medidas excepcionais é que elas tendem a se tornar regra geral.
* A forma mais democrática de eleição é por sorteio. Se todos são iguais e ninguém é melhor do que ninguém, por que não sortear, entre todos os brasileiros, um presidente da república? A grande vantagem é que, de repente, seria sorteado alguém honesto.
* O voto não deveria ser secreto, mas apenas secreto pela metade. Deveria haver um jeito de cada eleitor poder comprovar em quem votou. E a escolha eleitoral deveria deixar de ser uma procuração irrevogável vigente por quatro anos. Deveria passar a ser revogável. Se um eleitor se desiludisse com seu candidato, por achar que não cumpriu suas promessas, poderia a qualquer momento poder anular o seu voto. O governante ou o parlamentar que, durante os quatro anos de seu mandato, perdesse eleitores desiludidos deveria, conforme o caso, ser deposto e dar lugar ao seguinte, na ordem da votação. Será que funcionaria?
* Num país monárquico, o poder é vitalício. Pela lógica, numa república decente ele não poderia se prolongar. Assim sendo, deveriam ser proibidas reeleições de qualquer espécie (nem de presidente, nem de governador, nem de prefeito, nem de senador, nem de deputado, nem de vereador, nem de síndico de prédio, nem de sogra). Qualquer cargo público, uma vez exercido num período de quatro anos, deveria incapacitar o seu titular para exercer qualquer outro cargo. O ex-qualquer-coisa deveria voltar, sem apelação, para o batente, para o trabalho duro. No máximo poderia incluir, no seu currículo, o cargo ou posto que exerceu, e nada mais.
* Proposta de alteração na lei de proteção ao consumidor: a cada vez que um fornecedor de qualquer natureza responda (por qualquer meio que seja) a uma queixa ou reclamação escrita com resposta padronizada genérica, sem entrar na análise dos pormenores e especificidades expostos pelo queixoso, entende-se a omissão como confissão de que tudo quanto foi afirmado na queixa e não contestado objetivamente na resposta é verdade. E ficam dobradas todas as penas, indenizações e multas cabíveis.
* Os bancos deveriam ser obrigados a pagar aos clientes, pelo saldo positivo de suas contas bancárias, um mínimo de 50% dos juros que cobram deles quando entram no cheque especial. Nada mais justo e equitativo, não é mesmo?
Mais alguns pensamentos politicamente incorretos
Prossigo o artigo anterior, transcrevendo mais alguns trechos do meu projeto de livro humorístico impublicável, com pensamentos politicamente bem incorretos:
* FHC declarou ser louco por uma boa buchada de bode. Compreende-se. Depois de tantos anos comendo em Paris o amargo caviar do exílio, devia estar mesmo querendo variar o menu...
* Deveria ser proibido arredondar preços de qualquer produto comercial para cima. Se alguém quer anunciar um produto por R$ 9,99, deve providenciar estoque suficiente de moedinhas de um centavo. Ou então arredondar para menos. Qualquer violação a essa lei deveria ser punida com extrema severidade. Deveria ser também proibido o troco com balinhas ou chicletes.
* Por que ninguém fala de instituir quotas para gordos(as) e feios(as), como artistas principais em filmes e telenovelas? Já não está na hora de acabar com as discriminações injustas de que são vítimas esses excluídos da moda?
* Por que os aviões cobram mais para os altos, que precisam de mais espaço entre as cadeiras? E por que não colocam cadeiras mais largas para os gordinhos e as suas congêneres femininas?
* Seria preciso ampliar urgentemente o vocabulário politicamente correto. Se anões são "prejudicados verticalmente" e cegos são "deficientes visuais", os gordos deveriam ser "beneficiados latitudinalmente" e os feios poderiam ser chamados "modelos de beleza atípica" ou "modelos esteticamente alternativos", os gagos poderiam ser chamados de “reiterativos silabares”, os paralíticos de “hiperestáveis”, os burros de “portadores de inteligência não espandida” etc. Aceitam-se sugestões para um futuro dicionário.
* Em monarquias, o poder é hereditário. Nas repúblicas coerentes, isso devia ser proibido. Por isso, filhos, netos e sobrinhos de eleitos deveriam ser inelegíveis. Alcançaríamos assim a autenticidade democrático-republicana, evitaríamos a praga dos políticos profissionais e, de quebra, liquidaríamos o nepotismo.
* O grande problema dos igualitários é que eles se julgam mais iguais que os outros e querem privilégios desiguais.
* Os governos existem, em princípio, para prestarem serviços ao povo. Se é assim, por que não aplicar ao governo a Lei de Proteção ao Consumidor, que vigora para todos os prestadores de serviço do país (menos governantes, funcionários públicos e banqueiros)? O ônus da prova não deveria caber sempre ao cidadão, mas ao órgão público. Isso em todos os níveis, desde a Receita Federal até o azulzinho que multa o motorista. A "otoridade" é que teria que provar que o particular andou mal, em vez de o cidadão honesto ser obrigado a provar que andou bem. Por que sempre se parte do princípio de que o Estado tem razão e o particular é suspeito? Não devia ser exatamente o contrário? A presunção não deveria ser em favor do particular, ao invés de ser em favor do Estado?
* Toda constituição tem cláusulas pétreas, "imexíveis", de pontos dogmáticos que não podem ser alterados. No caso das constituições republicanas, a cláusula pétrea antimonarquista só caiu na constituição atual, de 1988. Antes disso, institucionalmente era crime ser monarquista.
Na atual constituição, há clausulas pétreas, por exemplo, o famoso artigo 5, sobre os direitos fundamentais do homem. Ele pode ser aumentado, mas não pode ser objeto de nenhuma emenda restritiva. Isso é cláusula pétrea. Que tal uma cláusula pétrea constitucional proibindo qualquer mandatário político, em qualquer nível, de obter qualquer tratamento preferencial ou privilégio em função desse cargo? Por exemplo, todos os deputados seriam obrigados a usar serviços públicos de saúde, a matricularem seus filhos em escolas públicas, renunciariam, como condição para ser eleitos, a foros privilegiados, a prisões especiais, a esquemas de segurança pagos pelos cofres públicos etc. etc. Será que se houvesse uma cláusula pétrea dessas a Política não atrairia gente honesta e idealista?
* No regime monárquico havia uma classe privilegiada (a nobreza) da qual se exigiam responsabilidades especiais, como contrapartida pelo seu privilégio de não pagar impostos. Eram obrigados ao "imposto do sangue” (somente os nobres podiam ser recrutados para a guerra), não podiam exercer atividades comerciais (privilégio exclusivo da burguesia plebeia, que, em contrapartida, tinha que pagar impostos). Enfim, era um sistema desigual, mas equilibrado de direitos e deveres. Hoje, os políticos teoricamente são iguais a todos nós, mas na realidade são privilegiados que só têm direitos e prerrogativas, não têm deveres de espécie alguma. Antes os nobres tinham o dever moral de dar bom exemplo à sociedade. Nem sempre davam, mas quando não davam tinham vergonha de sua atitude. Hoje os políticos parece que têm o dever moral de dar mau exemplo e têm vergonha quando não conseguem exibir, em seus currículos, algumas fichas bem sujas...
ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOS, é historiador e jornalista profissional, membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e da Academia Portuguesa da História.
Eu preciso confessar que sinto um certo desconforto diante dos inúmeros e variados comentários sobre a morte da vereadora do Rio de Janeiro. Embora eu tema ser mal interpretada quanto ao que vou escrever, não consigo deixar de fazê-lo.
Pode até ser que seja ignorância de minha parte, mas até então eu jamais tinha tomado conhecimento da existência dessa moça, nem mesmo do ativismo dela pelos Direitos Humanos. Acredito, ainda, que a imensa maioria dos brasileiros também não o soubesse. Registro até que é sempre lamentável, por sinal, quando alguém que defende boas causas não é tão conhecido como quem se notabiliza pelas partes do corpo que exibe em rede nacional.
Toda e qualquer vida perdida para o crime deve ser lamentada profundamente, assim como todo e qualquer crime deve ser apurado com o máximo rigor possível. Nesse sentido, não há dúvidas de que quem retirou a vida da referida vereadora, bem como do motorista que com ela estava, deva receber a punição estatal, além da divina.
O que me causa espanto é o oportunismo que surge em situações como essas. De repente é como se todo mundo sempre tivesse dado a ela a visibilidade que agora estão dando, bem como o apoio efetivo para a causa por ela defendida. Pergunto-me, humildemente, se as mesmas emissoras que agora estão televisionando e lucrando com a morte dela, outrora lhe ofereceram algum tipo de apoio.
Isso sem dizer da quantidade de absurdos nas redes sociais. Gente colocando mensagens como se tivessem perdido um ídolo, quando sequer sabiam de quem se tratava até então. Todos os dias, curiosa e tristemente, homens e mulheres, brancos ou negros, sucumbem pela violência, pela miséria, pelo descaso, mas ninguém lhes dá esse mesmo direito de glória post mortem.
E que não me venham dizer, como já andei lendo, que andam querendo comparar mortes ou ranquear suas importâncias. Ao contrário, é exatamente por não se tratar disso é que fico perplexa diante do caráter midiático que se dá a tudo isso. Até nome de praça já está prometido em nome e lembrança da vereadora e aqui entre copas eu fico me perguntando se ela que, como dizem, defendia a igualdade e os direitos humanos, estaria, de fato, orgulhosa do palanque que armaram em torno de sua morte, como se outras tantas vidas fossem menos dignas de manifestações de apoio.
Outra questão é que grande parte de quem agora fica levantando bandeiras nunca fez nada, verdadeiramente, por qualquer causa humanitária, à exceção de seus próprios interesses. Escrever textos longos nas redes sociais, vestir camisetas de apoio ou se dizer indignado, pouco ou nada faz pelo outro, exceto, talvez, ao próprio ego.
Coragem de fazer, de defender alguma coisa, de desapegar, de doar-se ao próximo, de colocar-se em risco, verdadeiramente, é coisa que se faz na vida e não apenas atrás de uma câmera ou de um computador. Nesse tocante, assim como tantas e tantos outros que fazem ou fizeram algo pelo bem do próximo, é mais do que lamentável a perda de uma voz. A morte, contudo, não nos diferencia, mas nos iguala...
CINTHYA NUNES VIEIRA DA SILVA - Advogada,professora universitária, membro da Academia Linense de Letras e escritora. São Paulo.
Estou lendo “Sobre Educação e Juventude” do sociólogo Zygmunt Bauman. Nascido na Polônia, mora na Inglaterra desde 1971. Professor emérito das universidades de Varsóvia e Leeds. O autor traça, para os educadores, o caminho para nutrir a resistência e o espírito crítico. E aconselha que “é pela escola que devemos recomeçar”.
Um livro atualíssimo que mostra a problemática, diante da vida líquido-moderna, dos jovens que tendem a se isolar no mundo on-line de relacionamentos virtuais, na depressão, no abuso de álcool ou de drogas. E os que se lançam a formas violentas de comportamento, como as gangues de rua. Jovens ávidos por participar do mercado de consumo.
Ao refletir sobre a colocação acima, me vem o número de suicídios ultimamente em meio aos jovens. Parece-me existir um amargo existencial que não se consegue preencher, somado a problemas como desemprego, doenças não detectadas e não tratadas desde a infância...
Todos os capítulos muito interessantes, mas destaco o sétimo: “A depravação é a estratégia mais inteligente para a privação”. Bauman aborda a forma de vida que a geração jovem de hoje nasceu, numa sociedade de consumidores e numa cultura “agorista” – inquieta e em perpétua mudança. Comenta, ainda, que “a ressonância entre as agendas da TV (um redemoinho de trajes sumários e strip-teases emocionais) e o modo como nossa forma de vida nos treinou e adestrou a sentir e desejar é medida pelo ranking das emissoras”. Evidencia, o autor, a obsolência instantânea, que reduz a distância entre a novidade e a lata de lixo.
A “cultura de cassino” líquido-moderna, de acordo com o sociólogo, está adaptada ao mercado de consumo. Os mercados de consumo oferecem produtos destinados à pronta devoração.
Penso nas mocinhas de 13, 14, 15 anos nos jogos da vida. Tornam-se ficha sem aposta. Transformam-se em artigo de consumação. E como o mercado é célere são sorvidas em instantes. Surgem os filhos do acaso.
Penso nos mocinhos de 13, 14, 15 anos nos jogos da vida. O entorno os afasta das peladas nos terrenos baldios pela urgência em se tornarem consumidores de meninas. E quem não se adapta ou encena se torna alienígena.
“Reduz-se a distância entre a novidade e a lata de lixo.” Quem deixa de ser curiosidade se transforma em entulho.
É urgente salvar os jovens, em meio às redes sociais, do “agorismo”.
MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE -
Professora e cronista. Coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher – Santa Maria Madalena/ Magdala. Jundiaí, Brasil.
Vive-se hoje numa sociedade ultrarrápida que impulsiona para o futuro com uma rapidez desconcertante.
O cotidiano passa velozmente exigindo resultados imediatos e, por vezes, muitos se entregam a uma fuga através de passatempos que malbaratam a própria existência.
Trata-se de um mundo cheio de possibilidades como o atual, mas que leva facilmente para a dispersão. Nada mais importante, portanto, do que saber desfrutar a vida.
Isto supõe antes de tudo captar plenamente a própria missão e vocação pessoal.
Daí resulta o aproveitamento máximo do tempo existencial, dilatando a capacidade de ser persistente na vivência do objetivo vislumbrado.
Aí entra a resiliência, ou a aptidão de ser firme.
Então se passa a viver ao máximo o instante presente, ou seja, o hic et nunc, o aqui e agora.
Impede-se deste modo o arrependimento pelas horas perdidas.
Eis o significado do carpe diem quam minimum credula postero – colha o dia de hoje e confie o mínimo possível no amanhã. Para quem tem um objetivo claro este conselho horaciano leva a valorizar cada minuto, evitando a escravização às atividades inúteis.
Muito tempo se perde no uso descontrolado do computador, do celular ou da internet em geral.
Verifica-se, desta maneira, o empobrecimento pessoal, porque fica impedido aquilo que se poderia realizar de útil, através do enriquecimento individual, fazendo o mundo melhor.
Não se deve ter medo da vida, mas é de bom alvitre recear não vivê-la intensamente.
Progresso ininterrupto, mas não depois, e sim neste lugar em que se está, nesta hora que está sendo oferecida por Deus.
Todo adiamento é sempre pernicioso para si e para os outros.
Ser venturoso agora e não deixar a felicidade para depois é uma medida sábia e necessária para que o porvir seja risonho e saudável.
Razão teve Camus ao lembrar: “A verdadeira generosidade para com o futuro consiste em dar tudo ao presente”.
Pensar no ontem apenas para corrigir o que se fez de errado e deixar o vindouro nas mãos da providência divina é curtir com sabedoria a caminhada nesta terra.
Evitam-se, deste modo, também os condicionamentos de uma sociedade de consumo, materialista, que leva o ser humano a nunca estar satisfeito com o que tem, impedindo-o de desenvolver as qualidades que possui.
Por tudo isto nada melhor do que momentos de reflexão visando o desenvolvimento pessoal à luz dos ensinamentos do Mestre divino, Jesus Cristo.
Depara-se, deste modo, o equilíbrio no cotidiano. Atinge-se o sentido do viver, a missão pessoal neste mundo, a fixação de objetivos para progredir cada vez mais, desfrutando verdadeiramente a vida.
JOSÉ GERALDO VIDIGAL DE CARVALHO - Professor.Membro da Academia Mineira de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro
Tenho sido severo ▬ suponho, com justiça ▬ com aspectos da vida nacional. Severidade pode ser sinônimo de objetividade para quem procura observar com realismo. Recebo estímulos; aqui e ali, censuras. Não importa, é quinhão inevitável. Qualquer um que, mesmo que modesta e de forma efêmera, pise o âmbito público, está sujeito a boas críticas e a injustiças. Moral da história, tocar a vida sem se preocupar com elas.
Neste texto vou virar a quilha de meu navio e navegar em rumo diverso. A palavra ufanismo com conotação de orgulho exagerado por determinada coisa tem sido associada ao conde Afonso Celso (1860-1939). Pouca gente hoje sabe, Afonso Celso, conde pontifício, foi filho do visconde de Ouro Preto, último presidente do Conselho de Ministros da monarquia brasileira. Professor, historiador, escritor, deputado geral no Império, é dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, por ele presidida por duas vezes.
Entre suas obras figura o opúsculo “Por que me ufano de meu País”, publicado em 1900, redigido, singelo o confessa, para que seus filhos amassem o Brasil. É trabalho ingênuo, prova pouco e mal o que deseja demonstrar. Mas tem frescor, a bem dizer inexistente no convulsionado Brasil de nossos dias. Todos sabemos, o frescor é das mais belas manifestações da vida, em especial das coisas que nascem. O país conservava traços da infância; apresenta hoje, sob tantos pontos de vista ▬ sejamos objetivos ▬ catadura de maturidade depravada.
Vejam o que ele diz dos homens públicos do Brasil de então (era ainda a geração do Império), um dos motivos enumerados pelo escritor para esperar na grandeza da Pátria: “Honradez no desempenho de funções públicas ou particulares. A estatística dos crimes depõe muito em favor dos nossos costumes. Viaja-se pelo sertão, sem armas, com plena segurança, topando sempre gente simples, honesta, serviçal. Os homens de Estado costumam deixar o poder mais pobres do que nele entram. Magistrados subalternos, insuficientemente remunerados, sustentam terríveis lutas obscuras, em prol da justiça, contra potentados locais. Casos de venalidade enumeram-se raríssimos, geralmente profligados. A República apoderou-se de surpresa dos arquivos do Império: nada encontrou, que o pudesse desabonar. Por ocasião dessa revolução, senadores ficaram tão pobres que o novo regime lhes ofereceu pensões. Ao Imperador que governara 50 anos, assegurou a Constituição Republicana meios de subsistência de que ele precisava, mas que não aceitou. Quase todos os homens políticos brasileiros legam a miséria às suas famílias. Qual o que já se locupletasse à custa do benefício público?”
Parece que Afonso Celso fala de outro país e outro povo. A honestidade (Afonso Celso diz honradez) era característica comum, presente em nossas elites políticas de então, reflexo de realidade social generalizada. Temos agora sob os olhos a república dos ratos magros, esfomeados, lembrando imagem de Roberto Jefferson. Também outra é a realidade na sociedade.
O viço presente no livro embebe a descrição do quotidiano de são José de Anchieta, inserido ali para nos fazer sentir o sabor do Brasil nascente. Leva-nos a crer que, pelos rogos do padroeiro, Deus se apiedará do Brasil e o recolocará na trilha almejada pelo grande missionário e fundador de nação: “Vem depois José de Anchieta, o taumaturgo, o santo do Brasil. Anchieta vai para Piratininga como mestre-escola. Passa aí misérias sem nome, fome, frio, falta de roupa, morando numa pequena barraca, onde funcionavam as aulas, e que era, a um tempo, enfermaria, dormitório, refeitório, cozinha, despensa. Ensinava latim e aprendia tupi, de que compôs o vocabulário e a primeira gramática. Trabalhava dia e noite, escrevendo as lições para cada aluno, pois não havia livro. Escrevia hinos, baladas, interrogatórios para confissões, resumos dialogados da fé cristã e autos teatrais que os índios representavam ou viam representar, em palcos por ele improvisados. Exercia funções de médico, barbeiro, fazedor de alpercatas, cujos cordões serviam também de disciplinas. Poeta, elaborou um poema sobre a vida da Virgem Maria, na esperança de manter a própria pureza, fixo o pensamento na mais pura das mulheres. Sem papel, pena e tinta, metrificava os versos, passeando. Traçava-os em seguida na areia e os confiava à memória.”
Por que destaco a cena? Na árvore as raízes sãs valem mais que tronco, galhos, flores e frutos. Delas tudo depende. Aí acima estão as mais lídimas raízes do Brasil, mais enterradas que as analisadas com talento e lentes deformantes por Sérgio Buarque de Holanda. No meio da tormenta, justificam esperanças sobrenaturais de que um dia se tornará realidade o que, com ufania, ainda que em esboço esmaecido, foi confusamente antevisto pelo simpático conde pontifício.
PÉRICLES CAPANEMA - é engenheiro civil, UFMG, turma de 1970, autor do livro “Horizontes de Minas"
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