PAZ - Blogue luso-brasileiro
Sábado, 28 de Abril de 2018
JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI - DIA DO TRABALHO E A BUSCA DE UM SISTEMA MAIS JUSTO E EQUITATIVO

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                        Comemora-se a primeiro de maio, o Dia Internacional do Trabalho, instituído a partir de um movimento grevista em 1886, em Chigago/EUA, que resultou na morte de diversos operários que reivindicavam uma jornada de oito horas diárias, baseados na tese de um pastor protestante inglês, John Peacock. Ele apregoava que Deus fizera o dia com vinte e quatro horas exatas, a fim de que elas fossem dividias em três, como o número da Santíssima Trindade: oito para o trabalho, oito para dormir e oito para orar.

                   Transcorridos mais de cento e trinta e dois anos, a modernização das relações trabalhistas e o combate ao desemprego são as principais preocupações da maioria dos países. Por isso, o momento pede reflexão e os desafios necessitam ser enfrentados, sob pena de se deturpar totalmente o conceito de modernidade, ou seja, o bem-estar dos trabalhadores ser rebaixado em função do enobrecimento da tecnologia. Destacando apenas o primeiro aspecto, já que o outro merece atenção especial futura, reitere-se que o homem não se define pelo trabalho. Não é somente um ser que trabalha: sua criatividade, sua espiritualidade, sua própria personalidade, transcendem infinitamente seu campo de trabalho. Antes de ser um trabalhador, o homem é uma pessoa que tem seu fim em si mesmo. Onde este princípio é olvidado, o homem volta a ser escravo e seu trabalho reduz seu desenvolvimento e sua dignidade à dimensão materialista.

                   A ideia de sacrificar a vida pessoal pelo trabalho muitas vezes pode terminar em depressão. Segundo o psicoterapeuta carioca Sérgio Garbati, as pessoas costumam sentir um vazio existencial quando percebem que deixaram de viver para se dedicar apenas ao trabalho, o que vem acompanhado do sentimento de culpa e de depressão.

                   Todos nós sabemos que o trabalho é necessário à manutenção e ao desenvolvimento de cada homem pessoalmente e de todos os homens como um grande corpo social. Invocando o Pe. Jadeu Grugs, podemos dizer que “a sociedade humana não pode existir sem um sistema de trabalho organizado. Não é que o trabalho esteja na origem da vida humana, mas a atividade do homem se transformou em trabalho através da organização da vida em sociedade. Em outras palavras, o caráter do trabalho depende da incorporação da atividade do homem na organização social. Entende-se, pois, - e isto deve ficar firme – que a auto- realização do homem precede e transcende o processo de trabalho”.

                   Há algum tempo, a revista francesa Le Ponint, de prestígio internacional, apontou que um funcionário que esteja satisfeito na sua vida pessoal e familiar dobra o seu rendimento no trabalho. Esse conceito, já absorvido por empresas europeias e americanas, começa a ganhar espaço no Brasil. Há uma consciência geral de que o grande passo ao futuro é a humanização das relações no trabalho. Aquela história de vestir a camisa o tempo todo, mesmo que para isso seja preciso se anular, é equivocada.

                   Desta forma, num sentido mais amplo, é preciso aniquilar os privilégios, aliviar a pressão da caldeira e fazer com que as constantes estatísticas aterradoras – acidente de trabalho, miséria, contenção de renda – sejam abolidas da nossa sociedade. Basta existir, para isso, vontade política e responsabilidade de todos na busca de um sistema econômico mais justo e equitativo.

 

 

 

 

JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é advogado, jornalista, escritor e professor da Faculdade de Direito Padre Anchieta de Jundiaí. É presidente da Academia Jundiaiense de Letras (martinelliadv@hotmail.com)



publicado por Luso-brasileiro às 15:29
link do post | comentar | favorito

ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOS - O ABRASILEIRAMENTO DE UM INTELECTUAL HÚNGARO

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Armando Alexandre dos Santos.jpg

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Quando entro em bibliotecas ou sebos, às vezes fico me perguntando se, na sua maior parte, aqueles volumes, ali depositados não conservam intacta sua “virgindade”, jamais tendo sido lidos por leitores em qualquer tempo ou lugar.

De fato, quanta e quanta coisa se escreve e se publica e logo, logo, logo, é sepultada no esquecimento! Todo autor, especialmente iniciante, tem esperança de virar best-seller, de conquistar fama, glória, prêmios... E quase todos os autores acabam se resignando à triste sina dos escritores sem fama, sem glória, sem prêmios e, o que é pior, muitas vezes com prejuízos econômicos.

Não me consta que tenham sido feitas estatísticas de quantos, dos muitos milhares de lançamentos que, ano a ano, faz nosso mercado editorial, chegam a render alguns suados tostões aos seus laboriosos autores. Mas creio que é uma porcentagem mínima! A seleção natural do mercado livreiro é dura, é cruel, é inclemente.

Por tudo isso, é sempre com satisfação que abro, ou reabro, um livro com valor inquestionável, que já passou pelo crivo da crítica e, ainda que não tenha tido o merecido sucesso comercial, tornou-se bem conhecido dos entendidos e rendeu, se não dinheiro, pelo menos merecido prestígio ao seu autor.

É um desses livros que estou saboreando no momento, e que, a bem dizer, já nasceu com vocação para tornar-se um clássico no seu gênero: “Como aprendi o português e outras aventuras”, de Paulo Rónai, publicado pela primeira vez em 1956 e, em segunda edição, pela Editora Artenova, do Rio de Janeiro, em 1975. É esta segunda edição que tenho em mãos.

Rónai, nascido em Budapeste, na Hungria, em 1907 e falecido em Nova Friburgo, em 1992, chegou ao Brasil já adulto, em 1940, e aqui se estabeleceu de modo tão harmonioso e feliz que se transformou num dos grandes mestres das nossas letras. Fez parte de um numeroso grupo de intelectuais de origem judaica que conseguiram escapar à perseguição do III Reich e vieram, no Brasil, refazer sua vida, aqui deixando copiosa obra. Talvez o mais famoso desses intelectuais tenha sido o bem conhecido Stefan Zweig (1881-1942). Mas Rónai, pelo seu mérito intelectual não fica atrás de Zweig, pelo contrário, ambos travam um páreo muito duro e possivelmente encerre com empate, ambos em primeiro lugar. Otto Maria Carpeaux (1900-1978), crítico literário austríaco, é outro desses intelectuais aclimatados no Brasil e incorporados à sua alta cultura.

Aqui em nosso País, Rónai logo se abrasileirou. Colaborou intimamente com o dicionarista Aurélio Buarque de Hollanda Ferreira e, juntos, empreenderam muitas edições de livros estrangeiros, em traduções bem cuidadas e acessíveis. Teve, ainda, amizade e colaboração com Guimarães Rosa, Cecília Meirelles e Carlos Drummond de Andrade. Foi professor emérito do Colégio Pedro II, onde lecionou Francês e Latim, e publicou numerosos livros de sua lavra, ademais das traduções, destacando-se ainda como crítico literário.

O livro que estou lendo é um conjunto de trinta pequenos ensaios, todos originalíssimos pelo tema e pelo modo como o escritor os aborda. Todos são lidos de modo agradável, porque escritos de modo interessante e descontraído. Não cometerei,  podem meus leitores estar certos disso, a impropriedade de reproduzir aqui, com minhas palavras, o que ele escreveu. Melhor é que todos vão se abeberar à fonte e leiam, nas próprias palavras de Rónai, o que ele escreveu.

Limito-me a um ou outro ponto, apenas como “isca”, como chamariz para incentivar os leitores a lê-lo diretamente.

Sabem como ele aprendeu o português? Esse é o tema do primeiro dos ensaios. Veremos isso na próxima semana.

 

 

 

 

 

ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOS, é historiador e jornalista profissional, membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e da Academia Portuguesa da História.

 



publicado por Luso-brasileiro às 15:19
link do post | comentar | favorito

CINTHYA NUNES VIEIRA DA SILVA - BENTANÁS

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Cinthya Nunes Vieira da Silva.jpg

 

 

 

 

 

 

 

 

 

            Quando adotamos o gatinho preto que achamos na rua no último dia do ano, o nome adotado foi Bento. Como alguns dias antes tínhamos achado um outro gatinho preto que logo ganhou no nome de Benedito, em homenagem ao Santo, achamos que Bento seria uma boa opção, mais porque combinava com o outro nome e porque desconfiamos que ambos fossem irmãos.

            Conforme já contei nesse espaço, tentamos doa-lo de todas as formas, mas, diante da ausência de interessados, ele acabou indo morar em casa mesmo, aumentando para 4 o número de felinos residentes. Nem de longe era o idealizado, mas foi o que acabou acontecendo.

            De início, como era bem filhote, o gatinho comportou-se de acordo com o nome de Batismo. Dócil, alegre, mansinho. Descobrimos que ele é praticamente surdo, ouvindo o mínimo possível. Talvez o silêncio no qual ele viva contribua para ele se comunicar de forma diversa, já que praticamente não mia. E assim a rotina da casa prosseguia sem maiores alterações.

            Com certa de duas semanas de chegado a nossa casa, ele mostrou um apetite extremamente voraz. Difícil até mesmo de acreditar que ele fosse capaz, sendo tão magrinho e pequeno, de comer aquela incrível quantidade de comida. Todas as semanas tínhamos que correr para repor o estoque de sachês e de ração. Era quase como se tivéssemos colocado mais três gatos em casa e todos famintos.

            O resultado de tanta fome, para além de caixas de areia que precisavam ser limpas várias vezes ao dia, foi que a criaturinha, em pouquíssimo tempo praticamente dobrou de tamanho e, para nosso pânico, adquiriu uma agilidade e uma energia até então não constatada por nós no comportamento das outras três gatas.

            Comentando sobre isso com uma amiga que tem gatos ouvi dela a simples, lógica e assustadora explicação para o “fenômeno”: _ ah, é porque é macho!

            Na hora eu falei: _ Mas como assim? Tanta gente tem gatos machos que são tranquilos... Logo esse meu, que se chama Bento?

            Segundo pesquisei, no que espero estar certa, esse comportamento é mais predominante nos machos adolescentes. Ele já está castrado e atualmente com seis meses. Embora seja manso, é como se diz por aí, “atentado”. Corre como um louco, se joga dos lugares mais improváveis, derruba coisas que estão sobre a mesa ou mesmo sobre a geladeira, corre atrás das gatas e até do cachorro, cujo rabo ele elegeu como brinquedo. Não bastasse isso, desenterra vasos, morde plantas e se enfia na minha bolsa para de lá sair em desabalada carreira com meus fones de ouvido ou elásticos de cabelo.

            De toda forma, é, no fim das contas, uma fonte de risadas, já que cada dia promete uma nova aventura. Quando se cansa, permite ser pego e acariciado até dormir, quase sempre encostado a nós. Não me arrependo nem por um segundo de tê-lo salvo do abandono das ruas, mas, se fosse hoje, soubesse eu do que sei, teria lhe dado outro nome...

 

 

 

 

 

CINTHYA NUNES VIEIRA DA SILVA - Advogada,professora universitária, membro da Academia Linense de Letras e escritora.  São Paulo.



publicado por Luso-brasileiro às 15:11
link do post | comentar | favorito

MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE - A ARTE DE SE CONTRARIAR

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

2vl2knt.jpg

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 
São três assuntos que possuem em comum o uso de drogas. 
Em artigo na Folha de São Paulo de 15 de abril – C6 Ilustrada -, o Dr. Drauzio Varella discorreu sobre um efeito colateral do uso da maconha: a síndrome de hiperemese por canabinoides (SHC). O desconhecimento sobre essa síndrome dá origem a exames laboratoriais, ultrassons, tomografias e endoscopias inúteis. Segundo Varella, “em alguns casos, o quadro é interpretado como crises de vesícula biliar, apendicite ou obstrução intestinal, suspeitas que podem levar ao centro cirúrgico”. E há pessoas encaminhadas para tratamentos psiquiátricos prolongados, nos quais recebem antidepressivos e ansiolíticos que agravam o quadro. E eu que pensava que o grande problema da maconha fosse, apenas, abrir uma porta, como o álcool, para outros tipos de droga.
Junto à reflexão sobre o assunto, tenho comigo a fala de um adolescente e um moço. Conheci os dois aos 11 anos. Um foi meu aluno de português. Rebelde, questionador, mas sem perder a claridade de alma em suas redações. Em meio aos seus gingados, que tocavam despenhadeiros, jamais deixei de acreditar na sua possibilidade de voo no azul. O adolescente cresceu aos trancos e barrancos, de cara fechada, amargurado. Na primeira oportunidade, fez-se das drogas e do tráfico. Um dia desses, encontrava-se em papel de “olheiro”. Comentou, no radinho, com o “patrão” que a polícia se aproximava. Recebeu como resposta que era para se manter na “visão”. Foi detido. A algema doeu fundo. Pediu para alargá-la um pouco. Observaram seu pulso esquálido. Apertaram mais. Temeriam uma fuga? Restaram-lhe duas pulseiras de feridas. 
O moço, hoje com 41 anos, usuário por 25 anos, reconheceu, na humildade, seus limites, abriu mão das justificativas para sua história pessoal. Deixou de desistir de si mesmo. Gosta do conceito de que recuperação é a arte de se contrariar, enfatizando que hoje a disciplina é sua liberdade. Além do Poder Superior em que acredita, foram essenciais em sua escolha: a vontade própria, a esposa amada, o esporte, o NA. Insiste que a dependência química é uma questão de saúde pública, que o tráfico é mantido por pessoas em condições de adquirir drogas mais caras, que também “sobem o morro” com seus carros de luxo, fortalecendo o ilícito. A diferença está no local de consumo. Conteúdo para se perscrutar. 
 
 

 

 

MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE -

 Professora e cronista. Coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher – Santa Maria Madalena/ Magdala. Jundiaí, Brasil.

 



publicado por Luso-brasileiro às 15:11
link do post | comentar | favorito

VALQUÍRIA GESQUI MALAGOLI - GUARDAR SEGREDO

 

 

 

 

 

 

 

 

Valquíria Malagoli_Blog da Paz.jpg

 

 

 

 

 

 

 

 

 

“Perdi o sono... perdi de vez, porque/ a criança pequenina acorda à noite,/ e eu regressei ao berço por você./ De tão perdida, eis que me encontro, enfim!/ Do tempo, toda a gente estranha o açoite -/ ah, mas se eles soubessem sobre mim.../ Vendavais, intempéries causam medo,/ e a forma como o mundo ruma ao fim.../ Porém, mais me amedronta esse segredo./ Ter que guardá-lo, santo, em relicário;/ ver que escorre, então, por um e outro dedo./ Dizê-lo apenas em confessionário./ Um coração que é um cofre: isso é pavor!/ Tê-lo indefeso e imóvel qual armário,/ guardando os caros bens do seu senhor.”.

Você sabe guardar segredo?

Pela dificuldade que é manter os próprios, a gente consegue medi-la no tocante aos dos outros.

Topamos com essas criaturas – os outros –, tão iguais e imensuravelmente distintas de nós, onde for que estejamos.

O que fazer a seu respeito?

Guardar seu segredo.

Torcer para que, num gesto idêntico, preservem nossa dignidade, mesmo após nos flagrarem, à semelhança de si, menos belos do que o ideal, menos agradáveis do que o pretendido, mais falíveis e infelizes do que o aparente.

Torcer para que, mirando-se em si, sejam tão sigilosos com nossos instintos postos à prova e à mostra, quanto temos sido com os deles, seja por identificação, por algum medo ou solidariedade.

Embora ruim, é-me inevitável, ao topar, dia após dia, na rua, com esses estranhos, perceber que a maioria deles, na face avessa, traz explícito olhar de poucos amigos.

Ocorre-me a reflexão de Álvaro de Campos: “Arre, estou farto de semideuses!/ Onde é que há gente no mundo?”... Mas, a ojeriza passa logo. Basta entrar em casa e dar de cara com o espelho.

“Exploro a estrada que leva ao meu centro:/ este caminho que ninguém explora,/ nem a solidão – esta me ignora!,/ pouco lhe importa se de mim vai dentro./ Examino que mal mais me corrói:/ se a saudade de quem eu fui um dia.../ se uma revolta à toa, nostalgia.../ Junto d´alma esta carne também dói./ Sinto-me tão pesada pra estas pernas;/ minhas mãos são enormes pra estes braços;/ meus olhos diminutos pra este pranto./ Os meus irmãos são luzes de lanternas,/ e desfilam saúde... e eu só cansaços./ eu sou toda pecado... e o mundo é santo!”.

 

 

 

 

Valquíria Gesqui Malagoli, escritora e poetisa, vmalagoli@uol.com.br

 



publicado por Luso-brasileiro às 15:03
link do post | comentar | favorito

PÉRICLES CAPANEMA - DESVIO DE ROTA NA CAMPANHA PRESIDENCIAL

 

 

 

 

 

 

 

 

Péricles Capanema.jpg

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Para os poucos que desconhecem o significado da palavra; mantra, originário do hinduísmo, também utilizado no budismo, é som ritual pronunciado de forma repetida, que busca quase sempre criar um estado de paz interior (alguns sugerem, narcotizante) em quem o cantarola ou escuta. É uma forma de encantamento. Existem mantras para facilitar a concentração e a meditação, para energizar, para dormir ou despertar. Tem gente que repete o som, pasmem, para vibrar canais energéticos, com o fito de desobstrui-los, sabe lá Deus o que isso possa designar. A mais, noutro aspecto, sua repetição traria bons relacionamentos, saúde, prosperidade, dinheiro. Por aí afora.

 

Está lotada de mantras, saindo pelo ladrão, a campanha presidencial no Brasil que já anda solta, apesar de oficialmente nem ter começado. Programas, até agora, quase nada. É perigoso o quadro, abaixo tratarei da kakistocracia.

 

Atrás dos votos, venham de ondem vierem, os candidatos fogem dos temas espinhosos, que podem tirá-los. Privatização é um deles. Aborto, outro. União homossexual, mais um. Austeridade fiscal e reforma da Previdência, na lista. A favor ou contra a possibilidade da prisão em 2ª instância, depois de sentença de colegiado, antes do trânsito em julgado? Que amplitude dar ao foro especial por prerrogativa de função? No máximo, generalidades sobre tudo isso. Corrupção, era natural, virou mantra, mas se evita dizer que a presença fortíssima das estatais na economia é caldo de cultura dela. Escutam-se aqui e ali censuras à presença crescente das estatais chinesas na economia brasileira. A campanha começa com generalidades desnorteantes, pode bem acabar com troca de ofensas pessoais do mais baixo nível.

 

Agora, alguns mantras. Avanço (vago, todos querem avanços, ▬ versão adjetivada, avanços sociais ▬, justificativa frequente para gastos irresponsáveis e concessão de direitos ilusórios que pouco ou nada ajudarão de fato o povo; em geral o prejudicam no longo prazo); medidas progressistas (expressão utilizada amiúde para atitudes na ordem política que flertam com ditaduras sanguinárias de esquerda; na ordem moral via de regra medidas que favorecem a desintegração moral, como facilidades maiores para a união homossexual). Mais um, preservação de setores estratégicos (empregado para deixar a estatização mais ou menos como está, continuando sob o domínio das patotas partidárias gigantescos setores da economia e da máquina estatal). Aliás, bobagem essa história de setores estratégicos na economia. Nos Estados Unidos o petróleo, a energia elétrica, a mineração, o subsolo estão desde sempre em poder dos particulares. Prejudicou a segurança do País? Impediu a economia de crescer e distribuir seus benefícios para a população? Ajudou e muito, essa é a verdade. Ênfase reformista no governo (aqui ninguém sabe o que esse mantra quer dizer de fato).

 

Em linhas gerais, nessa largada todos os candidatos são democráticos, populares, progressistas, reformistas. Como efeito a ser tido em conta, seduz, ilude e entorpece a repetição meio atoleimada de tais slogans. No meu caso aconteceu o contrário, impliquei. Cansei da cantilena, enfarei da lorota, enjoei dos mantras.

 

Poderia esmiuçar cada um deles. Estaco em um, o regime democrático. Ou, em outra formulação, a democracia. Diante de seu altar todos se inclinam, reverentes e sôfregos lhe prestam homenagens subservientes, como pagãos incultos e crédulos arqueados diante do Júpiter tronante.

 

Aqui, vou devagar, piso em terreno cheio de pregos e vidros, ando em área politicamente incorreta, mas estou disposto a pingar is pelo trajeto, atendendo ao fundamental para quem fala ou escreve: a clareza.

 

Simplificando, com alguma base se atribuiu a Aristóteles a classificação dos regimes em monárquicos, aristocráticos, democráticos e mistos, todos legítimos, com condições de buscar o bem comum. Luís Taparelli d’Azeglio (1793-1862), tratadista do Direito Natural, vê apenas diferenças acidentais, de quantidade, entre os regimes aristocráticos e democráticos, já que nos últimos, de fato, nunca a totalidade dos membros da sociedade participa dos assuntos públicos. A democracia corrompida degenera em demagogia, a aristocracia em oligarquia, a monarquia em tirania. Lembrei teoria de forma sumária para fixar os pontos principais da questão.

 

Agora, um mergulho na prática. Nossa democracia tem pouco a ver com o governo de todos da teoria aristotélica. Na casca, nomes iguais ou parecidos. No miolo, diferenças abissais. Nossa democracia tem caráter oligárquico e demagógico.  É partidocracia. Minorias organizadas tangem maiorias desnorteadas, manipulando o que por aí chamam de vontade popular. Focalizando de momento só um aspecto do quadro, vivemos na era dos robots nas redes sociais, das fake news, dos spin doctors, afundados no ambiente da pós-verdade. Tal montoeira de recursos propicia a kakistocracia, palavra nova que significa o governo dos piores. E se generaliza no povo a descrença e o repúdio. Aqui está um motivo pelo qual nenhuma proposta de voto facultativo avança no Congresso. O voto não obrigatório, sem o cabresto da sanção, poria a nu a inautenticidade de nossa democracia. Desconfiada, desinteressada ou raivosa, a maioria não iria até as urnas, o comparecimento, quanto muito, bateria nos 30%.

 

E nem trato dos regimes de partido único, feição totalitária, buscando a hegemonia, que é para onde caminha a Venezuela, nos passos de Cuba, aplaudidas delirantemente pelo PT e alguns partidos afins.

 

É, estamos vendo, nossa democracia tem muita telha de vidro no telhado. Outras. Já no nascedouro, foi fruto de golpe militar que incinerou a ordem constitucional. Em texto conhecido, afirmou Aristides Lobo, ministro do primeiro governo da República: “O povo assistiu àquilo bestificado, atônito, surpreso, sem conhecer o que significava. Muitos acreditaram seriamente estar vendo uma parada”. Mais grave nem foi o alheamento popular. Desde o começo plantou as raízes doutrinárias na Revolução Francesa, fede a racionalismo e iluminismo; e pisa, por lógica incoercível, o chão ensanguentado do Terror.

 

Democracia e república não são sinônimos entre si, nem são sinônimos de liberdade. Nunca foram. Na defesa das liberdades naturais, hoje agredidas por tudo quanto é canto, mora a questão mais séria. Para um católico seguidor da doutrina social da Igreja, repito, o primordial são as liberdades naturais: liberdade de cultuar o verdadeiro Deus, liberdade de buscar a própria perfeição, liberdade de comprar e vender, de empreender, de casar, ter filhos, educá-los. Enfim, ampla autonomia na vida pessoal, papel suplementar cabe ao Estado.

 

Nosso regime democrático asfixia várias das liberdades naturais, quando o direito seria bafejá-las, oxigená-las. Alguns poucos exemplos. Os candidatos prometerão expandir a liberdade de empreender, tão sufocada no Brasil? Constarão de seu programa compromissos de proteção à ordem que constituirão obstáculos sérios a quem delas abusa? Lembro os quebra-quebras do MST e do MTST. Prometerão proteger o direito de os pais educarem os filhos, criando condições que propiciem a luta contra a ideologia de gênero? É liberdade ameaçada pela tirânica coorte dos que pretendem impor na educação e na vida em geral tal doutrina devastadora. Parece, crescerá sem cessar ao longo dos anos a pressão pela vitória da ideologia de gênero, em especial por trabalho dos grandes meios de divulgação e da academia.

 

Tanta coisa mais haveria a dizer, mas preciso parar por aqui. Constato com tristeza, porém estou certo de que assuntos assim ▬ fundamentais para nosso destino de nação cristã e civilizada ▬, caso presentes nos debates, estarão de forma tangencial. A demagogia vai correr solta; se vier enxurrada, com facilidade poderemos despencar na kakistocracia.

 

 

 

 

PÉRICLES CAPANEMA é engenheiro civil, UFMG, turma de 1970, autor do livro “Horizontes de Minas"

 

 

 



publicado por Luso-brasileiro às 14:57
link do post | comentar | favorito

FELIPE AQUINO - SÃO JORGE É SANTO MESMO ?

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Recebi um e-mail de uma pessoa me perguntando: “São Jorge, qual a verdadeira história dele, é um santo mesmo? Da Igreja Católica ou de macumba? Nunca me senti bem em relação a ele, pois já vi sua imagem em lugares nada cristãos… Poderia me esclarecer por favor?”

 

 

 

A Igreja não tem dúvida de que São Jorge existiu e é Santo; tanto assim que sua memória é celebrada no Calendário litúrgico no dia 23 de abril. São Jorge foi mártir; a Igreja possui os “Atos do seu martírio” e sua “Paixão”, que foi considerada apócrifa pelo Decreto Gelasiano do século VI. Mas não se pode negar de maneira simplista uma tradição tão universal como veremos: a Igreja do Oriente o chama de “grande mártir” e todos os calendários cristãos incluíram-no no elenco dos seus santos.

São Jorge é considerado um dos “oito santos auxiliadores” (8 de agosto). Já no século IV o grande imperador romano Constantino, que se converteu ao cristianismo em 313, construiu uma igreja em sua honra. No século V já havia cerca de 40 igrejas em sua honra no Egito. Em toda a Europa multiplicaram as suas igrejas. Em 1222, o Concílio Regional de Oxford na Inglaterra estabeleceu uma festa em sua honra, e nos primeiros anos do século XV, o arcebispo de Cantuária na Inglaterra ordenou que esta festa fosse celebrada com tanta celebridade como o Natal. No ano de 1330, o rei católico Eduardo III da Inglaterra já tinha fundado a Ordem dos Cavaleiros de São Jorge.

São Jorge, além de haver dado nome a cidades e povoados, foi proclamado padroeiro de muitas cidades como Gênova, Ravena, Roma, de regiões inteiras espanholas, de Portugal, da Lituânia e da Inglaterra, com a solene confirmação, para esta última, do Papa Bento XIV.

O culto de São Jorge começou desde os primeiros anos da Igreja em Lida, na Palestina, onde o mártir foi decapitado e sepultado no início do século IV. Seu túmulo era alvo de peregrinações na época das Cruzadas, no século XII, quando o sultão muçulmano Saladino destruiu a igreja construída em sua honra.

A conhecida imagem de São Jorge como cavaleiro que luta contra o dragão, difundida na Idade Média, é parte de uma lenda contada em suas muitas narrativas de sua paixão.

 

 

saojorge-300x164.jpg

 

 

Leia também: 23/04 – São Jorge

 

Diz a lenda que um horrível dragão saía de vez em quando de um lago perto de Silena, na Líbia, e se atirava contra os muros da cidade fazendo morrer muita gente com seu hálito mortal, sendo que os exércitos não conseguiam exterminá-los. Então, o povo, para se livrar desse perigo lhe ofereciam jovens vítimas, escolhidas por sorteio. Só que num desses sorteios, à filha do rei foi sorteada para ser oferecida em comida ao monstro. Desesperado, o rei, que nada pôde fazer para evitar isso, acompanhou-a em prantos até às margens do lago. Mas, de repente apareceu um corajoso cavaleiro vindo da Capadócia. Era são Jorge, que marchou com seu cavalo em direção ao dragão e atravessou-o com sua lança. Outra lenda diz que ele amansou o dragão como um cordeiro manso, que a jovem levou preso numa corrente, até dentro dos muros da cidade, entre a admiração de todos os habitantes que se fechavam em casa, cheios de pavor. O misterioso cavaleiro lhes assegurou, gritando-lhes que tinha vindo, em nome de Cristo para vencer o dragão. Eles deviam converter-se e ser batizados.

 

relacao_santos_e_beatos.png

 

Continua a narração dizendo que o tribuno e cavaleiro Jorge fez ao povo idólatra da cidade um belo sermão, após o qual o rei e seus súditos se converteram e pediram o batismo. O rei lhe teria oferecida muito dinheiro, mas Jorge teria partido sem nada levar, mandando o rei distribuir o dinheiro aos pobres.

É claro que isso é uma lenda na qual não somos obrigados a acreditar; mas é preciso entender o valor subjetivo das lendas religiosas sobre os santos. O povo as criava e divulgava para enaltecer a grandeza do santo, de maneira parabólica e fantasiosa; mas nela há um fundo de verdade. É um estilo de literatura, fantasiosa sim, mas que não pode ser desprezada de todo.Muitos artistas e escultores famosos pintaram e esculpiram imagens do Santo: Rafael, Donatelo, Carpaccio, etc.

Segundo a tradição São Jorge foi condenado à morte por ter renegado aos deuses do império, o que muito acontecia com os cristãos. Ele foi torturado, mas parecia que era de ferro, não se queixava. Diz a tradição que diante de sua coragem e de sua fé, a própria mulher do imperador se converteu, e que muitos cristãos, diante dos carrascos, encontraram a força de dar o testemunho a Cristo com o próprio martírio. Por fim, também são Jorge inclinou a cabeça sobre uma coluna e uma espada super afiada pôs fim à sua jovem vida.

 

intercessao_culto_santos.png

 

Como houve muitos cristãos que morreram mártires nesses tempos da perseguição romana, nada impede que um deles tenha sido o cavaleiro e tribuno militar Jorge.

 

 

 

FELIPE AQUINO - Escritor católico. Prof. Doutor da Universidade de Lorena. Membro da Renovação Carismática Católica.



publicado por Luso-brasileiro às 14:46
link do post | comentar | favorito

PAULO R. LABEGALINI - AS BOAS OBRAS

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Paulo Labegalini.jpg

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O nome dele era Fleming – um humilde fazendeiro escocês. Um dia, enquanto trabalhava para ganhar o sustento da família, ouviu um pedido desesperado de socorro vindo de um pântano próximo. Largou suas ferramentas e imediatamente correu para lá. Encontrou um menino enlameado até a cintura e tentando se livrar da morte. Com coragem, o fazendeiro o salvou.

No dia seguinte, uma carruagem riquíssima chegou à humilde casa do escocês trazendo um nobre - elegantemente vestido - que se apresentou como o pai do garoto salvo por Fleming.

-         Eu quero recompensá-lo, você salvou a vida do meu filho – disse o nobre.

-         Não posso aceitar recompensa pelo que fiz – respondeu o fazendeiro, recusando prontamente a oferta.

Vendo o filho do escocês na porta do casebre, propôs o nobre:

-         Deixe-me levá-lo e dar-lhe uma boa educação. Se este rapaz for como o pai, crescerá e será um homem do qual você terá muito orgulho.

Tempos depois, o filho do fazendeiro se formou no St. Mary’s Hospital Medical School, de Londres, e ficou conhecido no mundo como o notável senhor Alexander Fleming – o descobridor da penicilina.

Mais algum tempo se passou e o filho do nobre ficou muito doente, com pneumonia. Sabe o que o salvou? Penicilina. O nome do nobre? Senhor Randolph Churchill. O nome de seu filho? Senhor Winston Churchill!

Você está surpreso(a)? Acredito que sim, mas principalmente pelo fato de que hoje os personagens são muito conhecidos na história da humanidade, certo? Quantas ‘coincidências’ como essa não acontecem anonimamente no dia a dia?

Na verdade, quem pratica boas obras sem esperar receber bens materiais em troca, sempre é muito bem recompensado. E, sabemos, a recompensa maior vem do céu! O nosso Pai e Criador nos conhece muito bem e sabe se estamos cumprindo ou fugindo da missão que temos pela frente. Afinal, de que adianta passar por este mundo sem ter feito nada em favor dos irmãos necessitados?

As boas obras de Deus podem ser materiais ou espirituais. Se cada um de nós se esforçar e se envolver em ambas, melhor. E é sempre bom lembrar que praticar boas obras aqui na Terra nos garante uma vida eterna no Céu. E não custa quase nada!

 

 

 

PAULO ROBERTO LABEGALINI - Escritor católico. Vicentino de Itajubá - Minas Gerais - Brasil. Professor Doutor do Instituto Federal Sul de Minas - Pouso Alegre.‘Autor do livro ‘Mensagens Infantis Educativas’ – Editora Cleofas.

 



publicado por Luso-brasileiro às 14:43
link do post | comentar | favorito

HUMBERTO PINHO DA SILVA - SER DOUTOR...

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

De longe a longe, deparamos com a triste noticia, que este ou aquele político ou figura pública, inclui, no currículo, habilitações que não possui.

A descoberta é recebida com júbilo pelos inimigos (que se dizem antagonistas) e comentada com condescendência, pelos “ amigos”

Tal sucede, porque de dá mais valor, ao diploma, do que ao verdadeiro saber.

Quando realizei série de entrevistas, a figuras notáveis, jovem deputado, revelou-me: que resolveu ingressar na Universidade, porque, para ser escutado e reconhecida a competência, era preciso obter o título de “ doutor”! …

Não é novidade. Erasmo, dizia, que teve que ir a Roma, para que seus conhecimentos (talento?) fossem reconhecidos.

Há anos, jornalista da RTP, João Adelino, estava a coordenar debate político. Um, recusou participar, porque não o tinha tratado por: “ Sr. Doutor”! …

Conclui João Adelino, na crónica que escreveu no “ JN” de 14-04-2012: “ (…) Não há convidado na televisão, que não seja apelidado, invariavelmente, de “doutor” ou “engenheiro”.

Não admira, portanto, que quando não se possui diploma, se busque um “canudo”; os meios justificam o fim…

Poucos sabem avaliar com justiça. A maioria, avalia: pelo grau académico, cor politica, e ainda pelo parecer de comentadores e críticos.

Certa ocasião, famoso jurista portuense, perguntou a meu pai, que curso possuía. Sua mulher, formada em Letras, era admiradora das crónicas que publicava no matutino: “ O Comércio do Porto””.

Como lhe dissesse que frequentara “apenas” as Belas-artes, rematou deste modo:

- “ Continue…Continue…Tem muito jeito para a escrita! …!

Meu pai foi apresentado, pelo Fernando Figueirinhas (da livraria Figueirinhas) a António Lopes Ribeiro – famoso realizador de cinema e escritor de mérito, além de comentador da RTP.

Seguindo o “uso” latino, tratou-o por: “doutor”.

Ao que o extraordinário realizador cinematográfico, respostou de imediato:

- “ Sr. Pinho da Silva: Trata-me por António ou António Lopes Ribeiro. Eu tenho nome e orgulho-me dele! …”

E acrescentou: “ Já reparou: aos grandes homens ninguém os trata por “doutor”! …

Na nossa terra, mal é de quem não é licenciado e não obteve a pró-graduação numa Universidade famosa, algures na Inglaterra ou na América…

É bacoquice nacional?! … Certamente que sim; mas tão arreigada está, que, quem enriquece, tem que ser forçosamente tratado por: “doutor” … e “excelência “…

 

 

 

Humberto Pinho da Silva    -   Porto, Portugal



publicado por Luso-brasileiro às 14:32
link do post | comentar | favorito

EUCLIDES CAVACO - DIVINO FADO

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 
 
 
Poema e récita de Euclides Cavaco a confirmar que o fado também se pode dizer.
Ouça e veja neste video elaborado por Gracinda Coelho.
 
 
 
 
 

 

 

 Desejos duma magnífica semana.

 

 

 

EUCLIDES CAVACO  -   Director da Rádio Voz da Amizade , Canadá.

 

 

 

 

 

***
 
 
 
 
 
 
logotipo_dj_dvc[1].png
 
 
 
 

Palavra do Pastor, com Dom Vicente Costa, 

bispo diocesano de Jundiaí

 

5º Domingo de Páscoa

 
 
https://youtu.be/6uzrHKB-hk0
 
 
 
 
 
 
 
***
 
 
 
 
 
 

001 (2).jpg

 

 

002 (2).jpg

 

 

 

 

Fonte: Revista Stella Nº 029

 

***

 

 

Segue o calendário das Missas da Pastoral Rodoviária, Missas oficiadas em Postos de Combustíveis.

São 3 Padres Missionários Vicentinos que, a partir de Curitiba-PR, percorrem todo o Brasil.

Compareça à Missa, ofereça-se para ajudar na Equipe Litúrgica, divulgue, repasse o e-mail, avise os caminhoneiros, facilite reportagens na mídia eletrônica e impressa...

 

 

Apoio: www.maikol.com.br – lmaikol@uol.com.br – Face: Máikol Mikako – Zap (41) 99189 9595

 

 

 

 


 

DATA

POSTO

MUNICÍPIO

FONE

HORA

12 - Quinta

Santa Cruz

Antonio Olinto-PR

42/99976-0199

19:30 h

13 - Sexta

Cupim

São Mateus do Sul-PR

42/3532-3710 (98802-9517)

20:00 h

14 - Sábado

Coxilhão

São João do Triunfo-PR

42/3447-1658

19:00 h

15 - Domingo

Rest. Pioneiro

Palmeira-PR/Colonia Maciel

42/3251-1156 (1240)

09:30 h

16 - Segunda

Lanchonete Bife em Pé

Ponta Grossa-PR

42/3228-9488 (98811-0277)

20:00 h

20 - Sexta

Guarany

Campo Largo-PR

41/3649-4264

20:00 h

 


Maio - 2018 - Pe. Germano - Fone ( 41 ) 99955-6687 (TIM) - 
germano.nalepa@uol.com.br

 

DATA

POSTO

MUNICÍPIO

FONE

HORA

01 - Terça

Tibagi/Pelanda

Ponta Grossa-PR

42/3222-1481 (99244-7387)

20:00 h

02 - Quarta

Churrascaria Novoeste

Assis-SP

18/3321-4372 (99816-5978)

20:00 h

03 - Quinta

Raposão

Presidente Venceslau-SP

18/3271-2516 (5860)

19:30 h

04 - Sexta

Kátia Locatelli

Campo Grande-MS

67/3393-2235 (2066)

20:00 h

05 - Sábado

San Martin II

São Gabriel d’Oeste-MS

67/3682-2002

19:00 h

06 - Domingo 

Pegoraro

Coxim-MS

67/3291-9200 (9205)

19:00 h

07 - Segunda

São Lucas

Poxoreo-MT

66/3436-1548 (1875)

19:00 h

08 - Terça

Alvorada

Primavera do Leste-MT

66/3497-1200

19:00 h

09 - Quarta

Paraná

Campo Verde-MT

66/3419-1262 (1240)

20:00 h

10 - Quinta

Águia Branca

Nova Mutum-MT

65/3371-8000

19:30 h

11 - Sexta

Tibirissá

Ipiranga do Norte-MT

66/3588-1412 (1411)

19:30 h

12 - Sábado

Sabiá

Lucas do Rio Verde-MT

65/3549-1565 (1316)

19:00 h

13 - Domingo

Tibirissá

Nova Maringá-MT

66/3537-1073 (98108-4526)

19:30 h

14 - Segunda 

Gabriela/Locatelli

Tangara da Serra-MT

65/3326-2723

19:30 h

15 - Terça

Guará

Sapezal-MT

65/3383-1255 (1196)

19:30 h

16 - Quarta 

Cidade

Comodoro-MT

65/3283-1399 (99911-6401 Ilda)

19:30 h

17 - Quinta   

Trevo

Vilhena-RO

69/3321-5700 (3322-3410)

20:00 h

18 - Sexta

Planalto

Vilhena-RO

69/3322-3638 (3146)

19:30 h

20 - Domingo

Rec. Roda Mais

Pimentão

Vilhena-RO

Pimenta Bueno-RO

69/3321-4202 (4438)

69/3451-2496 (2689)

09:00 h

19:30 h

21 - Segunda

Pinheirao

Alta Floresta do Oeste RO

69/3641-2376

20:00 h

22 - Terça

Bodanese

Vilhena-RO

69/3321-3213 (3205)

19:00 h

23 - Quarta

Posto J.K.

Comodoro-MT

65/3283-2346

19:30 h

24 - Quinta

Porto

Porto Esperidião-MT

65/3225-1122

19:00 h

26 - Sábado

São Cristóvão

Jaciara-MT

66/3461-1365 (2109)

19:00 h

27 - Domingo

San Martin

São Gabriel d’Oeste-MS

67/3295-1752 (1162)       

19:00 h

28 - Segunda

Igor Locatelli

Campo Grande-MS

67/3344-4782 (3096)

19:00 h

29 - Terça

Mutum

Ribas do Rio Pardo-MS

67/3238-4800

19:00 h

30 - Quarta

Cervantes

Água Clara-MS

67/3239-1744 (2760)

19:00 h

31 - Quinta

Esplanada

Cassilandia-MS

67/3596-1271

19:00 h

 

Junho - 2018 - Pe. Germano - Fone ( 41 ) 99955-6687 (TIM) - germano.nalepa@uol.com.br

DATA

POSTO

MUNICÍPIO

FONE

HORA

01 - Sexta

Trevão

Paranaíba-MS

67/3668-1367 (1564)

19:00 h

02 - Sábado

Chapadão

Chapadão do Sul-MS

67/98169-9502 (99643-9426 Nego)

19:00 h

03 - Domingo

Do Arlei

Presidente Epitácio-SP

18/3281-1003 (Rest. 1499)

19:00 h

12 - Terça

Jam

Terra da Areia RS

51/3666-1564

19:30 h

15 - Sexta

Supergasbras

Santo Antonio da Patrulha-RS

51/3662-1451

10:00 h

 

 

Abril - 2018 - Padre Arno Longo - Fone ( 41 ) 99729-8192 (TIM) - arnolongo-miguel@hotmail.com

 

DATA

POSTO

MUNICÍPIO

FONE

HORA

24 - Terça

Pelanda 16

Curitiba-PR/Campo Santana

41/3525-4900

19:30 h

28 - Sábado

Campo Largo

Campo Largo-PR

41/3392-2144

20:30 h

 

 

Maio - 2018 - Padre Arno Longo - Fone ( 41 ) 99729-8192 (TIM) - arnolongo-miguel@hotmail.com

 

DATA

POSTO

MUNICÍPIO

FONE

HORA

02 - Quarta

Mariental 5

Campo Largo-PR/Itaqui

41/3399-1896

20:00 h

03 - Quinta

Tio Zico I

São José dos Pinhais-PR

41/3634-1122 (98416-1122)

20:00 h

10 - Quinta

Irmãos Breda

Miracatú-PR

13/3847-3100

20:00 h

11 - Sexta

Chur.Comandante

Moreira César-SP

12/3641-1283 (99744-0049)

20:00 h

12 - Sábado 

Santini

Rio das Flores-RJ

24/2488-2349 (2263-3828 Res.)

19:00 h

13 - Domingo

3 D. de Anta

Lampião

Sapucaia-RJ

Sapucaia-RJ

24/2272-1121 (1124)

24/2271-1188 (1035)

09:30 h

19:00 h

14 - Segunda

3 D. de Leopoldina

Leopoldina-MG

32/3441-4008

19:00 h

15 - Terça  

Monte Alto

Itambacuri-MG

33/3511-1435 (1002)

20:00 h

16 - Quarta

Faisão 2

Águas Vermelhas-MG

33/3755-1900

20:00 h

17 - Quinta     

São Jorge

Vitoria da Conquista-BA

77/2101-7171 (7161) (99989-7070)

19:00 h

18 - Sexta 

Paraná

Jaguaquara-BA

73/3530-1073 (1940)

19:00 h

19 - Sábado 

Reforço II

Umbaúba-SE

79/3546-1252 (1238)

19:00 h

20 - Domingo

Reforço 6

Rio Largo-AL

82/3262-1122

19:00 h

21 - Segunda

Noretur

Caruaru-PE

81/3728-8041

19:00 h

22 - Terça

Milênio

Campina Grande-PB

83/3335-5000

19:30 h

23 - Quarta

Santa Ana

Serra Branca-PB

83/3354-2498

19:30 h

24 - Quinta

João Paulo II

Seledade-PB

83/99966-1606

19:30 h

25 - Sexta

Higino Dantas

Parelhas-RN

84/99649-7718 (99949-7718)

19:30 h

26 - Sábado

Toscano

Curais Novos-RN

84/3431-2147 (98899-1265)

19:30 h

28 - Segunda      

Sabugi (do Moinho)

Caicó-RN

84/99999-0787

19:30 h

29 - Terça

Santana III

São José do Seridó-RN

84/3478-2266 (98718-1818)

19:30 h

30 - Quarta

Manoel Januncio

Jucurutu-RN

84/3429-2172 (99656-8822)

19:30 h

 

 

Junho - 2018 - Padre Arno Longo - Fone ( 41 ) 99729-8192 (TIM) - arnolongo-miguel@hotmail.com

 

DATA

POSTO

MUNICÍPIO

FONE

HORA

01 - Sexta

Adauto Dias

Caicó-RN

84/3421-1274

19:30 h

02 - Sábado

Morvan

Jardim do Seridó-RN

84/3472-2272 (99962-2272)

19:30 h

05 - Terça

Estrela Dalva

Mossoró-RN

84/3318-1841(3061-8998Raimundo)

19,30 h

06 - Quarta

Florestal

Assu-RN

84/3331-4409 (1000)

19:30 h

07 - Quinta

Militão

Lajes-RN

84/3532-2072

20:00 h

08 - Sexta

Alvorada

Tangará-RN

84/99977-3748 (99619-0863

19:30 h

10 - Domingo

Novo Horizonte

Natal-RN

84/99997-4430

17:00 h

11 - Segunda

Emaus Ipiranga

Macaíba-RN

84/3271-4207 (99117-9870)

19:30 h

12 - Terça

Churrascaria na Brasa

Macaíba-RN

84/3271-4974 (999477-0594)

20:00 h

13 - Quarta      

Pinheiro Borges

Parnamirim-RN

84/3272-0777

20:00 h

14 - Quinta

São João

Montanhas-RN

84/3240-3213

19:00 h

15 - Sexta 

Planalto Subaé

Canguaretama-RN

84/99982.6242 (98173.5770)

19:30 h

16 - Sábado

Churrascaria Gaucha

São José do Mipibu-RN

84/98117-5242 (98792-5730)

18:00 h

18 - Segunda

Cajá - BR 230

Caldas Brandão-PB

83/3284-1046

19:30 h

19 - Terça 

Pichilau

João Pessoa-PB

83/3233-1514 (81/2119-2772)

19:30 h

20 - Quarta

Pichilau

Jaboatão dos Guararapes-PE

81/3476-5012

19:30 h

21 - Quinta 

Escada (Pichilau)

Escada-PE

81/3534-1082 (5416)

19:30 h

22 - Sexta

Canavial

Ribeirão-PE

81/3671-1272 (98877-3590)

19:00 h

23 - Sábado

Pichilau

Rio Largo-AL

82/3262-1174 (1565 Cecato)

19:00 h

24 - Domingo 

Sorriso e Roda Chimar

Capela-SE/Pirunga

79/99845-0466

19:00 h

26 - Terça 

Reforço

Poções-BA

77/3431-1171 (1152)

19:00 h

27 - Quarta  

Teimozão

Itaobim-MG

33/3734-1324 (1347)

19:00 h

28 - Quinta

Mecânica Santos

Fervedouro-MG

32/3742-1699(98402-3055 Ademar)

19:00 h

30 - Sábado

Smiderle

Itatiaia-RJ

24/3357-3050 (3111)

20:00 h

 

 

Abril - 2018 - Padre Miguel Staron
Fone ( 41 ) 99909 - 1919 (TIM) e ( 41 ) 99189 - 3232 (VIVO)

 

DATA

POSTO

MUNICÍPIO

FONE

HORA

12 - Quinta

Cupim

Campina Grande do Sul-PR

41/3676-1212

19:00 h

18 - Quarta

Quitandinha

Quitandinha-PR

41/3623-1222

19:00 h

19 - Quinta

Cupim 7

Araucária-PR

41/3643-2929

19:30 h

 

 

Maio - 2018 - Padre Miguel Staron
Fone ( 41 ) 99909 - 1919 (TIM) e ( 41 ) 99189 - 3232 (VIVO)

 

DATA

POSTO

MUNICÍPIO

FONE

HORA

03 - Quinta

Pelanda

Jaguariaiva-PR

43/3567-8095 (41/99207-2867)

19:00 h

04 - Sexta

Restaurante Garoto

Tatuí-SP

15/99787-3861

19:00 h

05 - Sábado

Ibaté

Ibaté-SP

16/3343-1664

19:00 h

07 - Segunda

Marajó

Frutal-MG

34/3423-4100 (99678-8800)

19:30 h

08 - Terça

Do Décio

Campina Verde-MG

34/3412-8000

20:00 h

09 - Quarta

Do Décio

Centralina-MG

34/99927-0702 (34/3267-9200)

20:00 h

10 - Quinta

Brito Acessórios

Rio Verde-GO

64/3612-3308

20:00 h

11 - Sexta

São José

Rio Verde-GO

64/3051-9300 (99906-0566 João)

19:30 h

12 - Sábado

Do Décio

Rio Verde-GO

64/2101-7151 (99313-2252)

19:00 h

13 - Domingo 

Marajó-Aparecida

Aparecida de Goiás-GO

62/4012-6884

19:00 h

14 - Segunda

Presidente

Anápolis-GO

62/3387-7555

20:00 h

15 - Terça

São Cristóvão

Luziânia-GO

61/3620-1081

19:00 h

16 - Quarta

J.K.

Cristalina-GO

61/3612-1699 (1299)

19:30 h

17 - Quinta

Coopervap/Hotel Catui

Paracatu-MG

38/3679-8943 (3671-1374 Mozart)

20:00 h

18 - Sexta

Rec. Pneu Forte

Caetanópolis-MG

31/3714-6579 (99986-2156)

20:00 h

20 - Domingo

Três Poderes

Sete Lagoas-MG

31/3773-5300

10:30 h

21 - Segunda

Emp.Rápido Resende

Contagem-MG

31/3393-1166

19:00 h

22 - Terça

Capixaba 1

Careacú-MG

35/3452-1800 (99831-8720)

20:00 h

23 - Quarta

Servsul

Pouso Alegre-MG

35/3429-8011 (99984-1362)

19:00 h

24 - Quinta

Enxovia

Tatuí-SP

15/3451-0534 (99787-3861)

20:00 h

25 - Sexta

Menino Jesus

Itapetininga-SP

15/3271-1100 (8288)

19:00 h

 

 

Apoio: www.maikol.com.br – lmaikol@uol.com.br – Face: Máikol Mikako – Zap (41) 99189 9595

 

 

 

 

 

 ***
 
 
 
 


publicado por Luso-brasileiro às 14:02
link do post | comentar | favorito

Sábado, 21 de Abril de 2018
JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI - DOMÉSTICOS AINDA LUTAM POR UM JUSTO RECONHECIMENTO

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O trabalho doméstico, infelizmente, sempre foi desprestigiado no Brasil, inexistindo por muitos anos, inclusive, qualquer regulamentação específica no sistema jurídico. Com o transcurso do tempo e após muitas lutas, passou da completa marginalização ao reconhecimento de alguns direitos aos seus executores. Nesta trilha, louve-se a Constituição de 1988 que além de indicá-los, representou um grande avanço, impondo definitivamente sua inclusão na abrangência do Direito do Trabalho.

Na realidade, os que atuam nesta área são profissionais diferenciados quanto à diversificação de tarefas (a babá, a faxineira, a cozinheira, a enfermeira que cuida da avó doente etc.) e identificados quanto ao local do desempenho das mesmas, normalmente a residência de seus patrões, ainda que no âmbito externo (o motorista que leva os filhos à escola, o jardineiro habitual etc). Modernamente, podemos conceitua-los como aqueles que, sem finalidade lucrativa para os empregadores, mas mediante remuneração mensal, prestam serviços de natureza contínua a pessoas ou famílias, no reduto habitacional destas.

Tais profissionais, em face da intensa convivência diária nos lares onde trabalham e da confiança que transmitem, estabelecem vínculos pessoais fortes e de amizade com as patroas, seus familiares e parentes próximos. Essas breves observações objetivaram ilustrar a grandeza do ofício, os inúmeros problemas que ainda os aflige e embasar nossa homenagem a uma enorme parcela da categoria, as EMPREGADAS DOMÉSTICAS, cuja data comemorativa é 27 de abril, por ser o dia de Santa Zita. Ela nasceu em 1218 na Itália e devido a sua origem humilde e camponesa, aos 12 anos começou a atuar como empregada doméstica, trabalhando para a mesma família por várias décadas. Generosa com as esmolas aos pobres que batiam à casa dos Fatinelli, nome da família de seus patrões, tirava do seu próprio salário para ajudar aos necessitados. O Papa Pio XII proclamou-a padroeira da categoria.

Atualmente e diante dos avanços sociais esse tratamento amistoso, carregado de uma carga de afetividade, vem tomando contornos profissionais e em algumas circunstâncias, gerando conflitos e litígios, geralmente provocados pela falta de conhecimento sobre os direitos e deveres de cada parte, apontando-se como motivo de maior discórdia, a ausência de registro dos contratos de trabalho. Por outro lado, elas continuam vítimas de violência e preconceito, sendo anotadas nos seus sindicatos e delegacias de Polícia, inúmeras ocorrências de agressões e de situações as mais constrangedoras, desde ofensas e humilhações, até denunciações caluniosas.

Evidentemente, apesar da crise financeira que atinge o país, prejudicando diretamente a classe média e refletindo nas relações entre empregadores e empregadas, precisamos consolidar um país sem exclusões, onde apesar dos problemas financeiros, prevaleça o princípio da isonomia, no qual todos possam se sentir igualmente protegidos pela lei. Por isso, desejamos que anseios prioritários da categoria sejam prontamente atendidos para que se alcance a tão almejada paridade com as outras atividades. E mesmo com a Emenda Constitucional 72 de abril de 2013, que lhes estendeu direitos assegurados aos demais trabalhadores, muitos deles ainda estão à espera da regulamentação para começar a valer.

 

 

 

 

 

JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é brasileiro, advogado, jornalista e professor universitário. É presidente da Academia Jundiaiense de Letras (martinelliadv@hotmail.com)



publicado por Luso-brasileiro às 15:16
link do post | comentar | favorito

ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOS - A GRANDE SURPRESA DE RÓNAI AO CHEGAR AO BRASIL

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Armando Alexandre dos Santos.jpg

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Continuemos a falar da aproximação do húngaro Paulo Rónai com a língua portuguesa.

Camões, que para nós apresenta não pequenas dificuldades, curiosamente foi fácil para Rónai, porque auxiliado por uma boa tradução húngara e, sobretudo, porque conhecia bem Virgílio e Torquato Tasso, estando ainda familiarizado com a mitologia grega.

Pôs-se, a certa altura, a traduzir para o húngaro, poesias brasileiras. E então os problemas ficaram ainda mais aflitivos, porque os brasileirismos não constavam do dicionário Português-Alemão, nem de um velho dicionário Português-Francês que, àquela altura, já tinha conseguido. O resultado é que o mesmo Rónai que lia sem dificuldade Os Lusíadas, penava para decifrar, e muitas vezes não conseguia, poetas como Vicente de Carvalho e Mário de Andrade.

Um exemplo, entre muitos outros: certa vez teve que traduzir para o húngaro a palavra dezembro, dentro de um poema. Em magiar, a palavra equivalente, de mesma raiz (december) evoca, de imediato, ideia de frio intenso, de gelo, fome e miséria. Nada mais estranho à ideia que, no poema brasileiro, esse vocábulo queria significar, aludindo a um escaldante Natal carioca. Como traduzir sem trair a forma ou o fundo do poema?

Outro exemplo: como traduzir “morros cariocas” ou “gente do morro”? Morros, qualquer dicionário explicava, eram elevações de terreno, colinas, outeiros. Até aí, tudo bem. Cariocas, também ficava claro, era a designação dada às pessoas e, por extensão, às regiões do Rio de Janeiro. Mas o que queria dizer o poeta com aquela reiterada referência aos morros cariocas? Só depois de muito penar é que o tradutor conseguiu compreender a conotação sociológica e econômica da expressão. “Gente do morro” era a gente pobre, favelada, sem eira nem beira. Como ele poderia adivinhar isso, se em Budapeste as famílias mais ricas moravam exatamente nos morros, ficando as regiões mais baixas da cidade reservadas para as pessoas menos endinheiradas?

Outra expressão difícil: rede. Traduzindo certo poeta que divagava em sonhos deitado numa rede, Rónai, que nunca vira uma rede brasileira, não foi capaz de perceber a conotação de placidez e preguiça que o poeta queria transmitir com seus versos. Mas entendeu tratar-se, metaforicamente de uma rede de sonhos em que o poeta se enredava e na qual se perdia, à maneira do inseto aprisionado na teia de uma aranha... e traduziu assim, erradamente. Somente muitos anos depois se deu conta do engano.

As poesias brasileiras, traduzidas por Rónai, foram publicadas no final de agosto de 1939, num volume, sob o título “Mensagens do Brasil”. Durante três dias, o audaz e pioneiro tradutor gozou dos louros de seu feito, celebrado e bem acolhido pela crítica. No quarto dia, porém, tinha início a Segunda Guerra Mundial, com a invasão da Polônia pelas tropas nazistas, apoiadas pelos russos, com os quais Hitler acabava de firmar tratado de amizade e cooperação, o famoso tratado Ribentrop-Molotov.

Seguiram-se quinze meses de sofrimento e aflições, que pareciam ter sepultado, para todo o sempre, o hospitaleiro, mas distante Brasil, com sua hermética poesia cheia de mistérios. Mas, afinal, Rónai conseguiu escapar com vida. Chegando a Portugal, uma decepção: entendia tudo o que lia, sem problemas, mas não entendia absolutamente nada do que ouvia.  Ele, que julgava já conhecer o idioma português razoavelmente, deu-se conta de que sua prosódia lhe era completamente desconhecida! O sistema luso de “comer” as vogais subtônicas na pronúncia deixou-o sem referenciais. Começou a duvidar do idioma português que julgava já conhecer.

Embarcou, então, para o Brasil. Quando desembarcou, no Rio de Janeiro, desde o primeiro momento estava entendendo tudo o que todos falavam. Era o português do Brasil, com todas as suas vogais bem pronunciadinhas, e não o de Portugal, que ele, sem jamais ter ouvido som algum, aprendera nas suas incursões linguísticas realizadas, autodidaticamente, em Budapeste!

Tinha início, então, a vida de Rónai em sua terra de adoção.

Fico por aqui, que já escrevi demais. Fica, mais uma vez, feito o convite para o paciente leitor e a amável leitor: que, vão, diretamente, ao velho Rónai. Repito o nome do livro: “Como aprendi o português e outras aventuras”.

Garanto que não se arrependerão.

 

 

 

 

ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOSé historiador e jornalista profissional, membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e da Academia Portuguesa da História.



publicado por Luso-brasileiro às 15:12
link do post | comentar | favorito

CINTHYA NUNES VIEIRA DA SILVA - O LIVRO NOSSO DE CASA DIA

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Cinthya Nunes Vieira da Silva.jpg

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                Mesmo antes de aprender a ler eu já era fissurada por livros e pela mágica que são capazes de produzir assim que suas páginas são abertas. Tão logo aprendi a ler, nunca mais consegui me manter longe de um livro.  Não se passa um único dia no qual eu não tenha lido algo, sem que eu tenha me aventurado para dentro de alguma outra realidade, outro mundo ou simplesmente para vida de outras pessoas.

            Acredito até que quando o assunto é livro eu tenho praticamente uma compulsão. O detalhe é que não tenho o mesmo ímpeto consumista para praticamente nada. Sou uma pessoa de gastos ponderados, que planeja e gasta de acordo com os recursos disponíveis. Contudo, perco a cabeça quando entro em alguma livraria ou mesmo banca de jornal. Ainda que eu não faça loucuras, sempre saio carregada de livros. Na pior das hipóteses (ou na melhor?) saio de lá com ao menos um exemplar.

            Não adquiro livros, porém, para que se tornem acessórios em uma estante. Compro para consumi-los, devorá-los, em uma fome que me ultrapassa. Não estou aqui querendo me qualificar como intelectual ou coisa do gênero. Tampouco é falsa modéstia. Até mesmo porque meu gosto para leitura é muito variado, indo desde gibis, fontes das minhas primeiras leituras, passando pelos policiais e ficções das mais diversas, para somente depois encontrar os livros técnicos, relacionados às áreas nas quais milito.

            A coisa toda é que gosto mesmo de ler, compulsivamente. Assino revistas, jornais e boletins, físicos ou eletrônicos. Faço parte de dois clubes de livros e todos os meses fico alucinada quando vejo o correio trazer minhas caixinhas. Tenho ainda um kindle, dispositivo para leitura de livros digitais, capaz de armazenar milhares de livros e que, tendo iluminação própria, permite que eu leia em qualquer ambiente, mesmo onde não há luz ou no qual a luz poderia incomodar a quem está dormindo. Aliás, preciso ler para dormir, nem que sejam poucas páginas. É mais como o passaporte que adquiro como ingresso aos sonhos que se seguirão.

            Tenho o sincero propósito de ler todos os livros que tenho comigo. O grande problema é que enquanto leio uns 4 por mês, compro uns 5 e assim estou sempre um passo atrás de mim mesma. Além disso, sabendo desse meu hábito, sempre há quem me presentei com algum exemplar ou, tendo lido um bom livro, ofereça para me emprestar, o que prontamente aceito.

            Embora não empreste meus livros para qualquer pessoa, gosto de fazê-lo para aqueles que sei que os lerão e, sobretudo, devolverão. Tenho ciúme deles, confesso. São meus como são de alguém as suas memórias. São memórias alheias, dos autores ou dos personagens, das quais me aproprio despudora e eternamente.

            Não sou pessoa de dar conselhos, até porque apreendi que isso quase sempre é inútil, mas a quem deseja ampliar seus horizontes, viver várias vidas em uma, recomendo doses maciças de livros, até porque eles existem para todos os gostos, de todos os sabores. Livro é tão bom que deveria ser adjetivo, segundo li certa feita. Gosto tanto disso que, quando eu morrer, quero ser enterrada dentro de um...

 

 

 

 

 

CINTHYA NUNES VIEIRA DA SILVA - Advogada,professora universitária, membro da Academia Linense de Letras e escritora.  São Paulo.



publicado por Luso-brasileiro às 15:07
link do post | comentar | favorito

mais sobre mim
arquivos

Julho 2024

Maio 2024

Março 2024

Fevereiro 2024

Janeiro 2024

Dezembro 2023

Novembro 2023

Outubro 2023

Setembro 2023

Agosto 2023

Julho 2023

Junho 2023

Maio 2023

Abril 2023

Março 2023

Fevereiro 2023

Janeiro 2023

Dezembro 2022

Novembro 2022

Outubro 2022

Setembro 2022

Julho 2022

Junho 2022

Maio 2022

Abril 2022

Março 2022

Fevereiro 2022

Janeiro 2022

Dezembro 2021

Novembro 2021

Outubro 2021

Setembro 2021

Julho 2021

Junho 2021

Maio 2021

Abril 2021

Março 2021

Fevereiro 2021

Janeiro 2021

Dezembro 2020

Novembro 2020

Outubro 2020

Setembro 2020

Agosto 2020

Julho 2020

Junho 2020

Maio 2020

Abril 2020

Março 2020

Fevereiro 2020

Janeiro 2020

Dezembro 2019

Novembro 2019

Outubro 2019

Setembro 2019

Agosto 2019

Julho 2019

Junho 2019

Maio 2019

Abril 2019

Março 2019

Fevereiro 2019

Janeiro 2019

Dezembro 2018

Novembro 2018

Outubro 2018

Setembro 2018

Julho 2018

Junho 2018

Maio 2018

Abril 2018

Março 2018

Fevereiro 2018

Janeiro 2018

Dezembro 2017

Novembro 2017

Outubro 2017

Setembro 2017

Agosto 2017

Julho 2017

Junho 2017

Maio 2017

Abril 2017

Março 2017

Fevereiro 2017

Janeiro 2017

Dezembro 2016

Novembro 2016

Outubro 2016

Setembro 2016

Julho 2016

Junho 2016

Maio 2016

Abril 2016

Março 2016

Fevereiro 2016

Janeiro 2016

Dezembro 2015

Novembro 2015

Outubro 2015

Setembro 2015

Agosto 2015

Julho 2015

Junho 2015

Maio 2015

Abril 2015

Março 2015

Fevereiro 2015

Janeiro 2015

Dezembro 2014

Novembro 2014

Outubro 2014

Setembro 2014

Agosto 2014

Julho 2014

Junho 2014

Maio 2014

Abril 2014

Março 2014

Fevereiro 2014

Janeiro 2014

Dezembro 2013

Novembro 2013

Outubro 2013

Setembro 2013

Agosto 2013

Julho 2013

Junho 2013

Maio 2013

Abril 2013

Março 2013

Fevereiro 2013

Janeiro 2013

Dezembro 2012

Novembro 2012

Outubro 2012

Setembro 2012

Agosto 2012

Julho 2012

Junho 2012

Maio 2012

Abril 2012

Março 2012

Fevereiro 2012

Janeiro 2012

Dezembro 2011

Novembro 2011

Outubro 2011

Setembro 2011

Julho 2011

Junho 2011

Maio 2011

Abril 2011

Março 2011

Fevereiro 2011

Janeiro 2011

Dezembro 2010

Novembro 2010

Outubro 2010

Setembro 2010

Agosto 2010

Julho 2010

Junho 2010

Maio 2010

Abril 2010

Março 2010

Fevereiro 2010

Janeiro 2010

Dezembro 2009

Novembro 2009

Outubro 2009

Setembro 2009

Agosto 2009

Julho 2009

favoritos

JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINEL...

pesquisar
 
links