Comemora-se a primeiro de maio, o Dia Internacional do Trabalho, instituído a partir de um movimento grevista em 1886, em Chigago/EUA, que resultou na morte de diversos operários que reivindicavam uma jornada de oito horas diárias, baseados na tese de um pastor protestante inglês, John Peacock. Ele apregoava que Deus fizera o dia com vinte e quatro horas exatas, a fim de que elas fossem dividias em três, como o número da Santíssima Trindade: oito para o trabalho, oito para dormir e oito para orar.
Transcorridos mais de cento e trinta e dois anos, a modernização das relações trabalhistas e o combate ao desemprego são as principais preocupações da maioria dos países. Por isso, o momento pede reflexão e os desafios necessitam ser enfrentados, sob pena de se deturpar totalmente o conceito de modernidade, ou seja, o bem-estar dos trabalhadores ser rebaixado em função do enobrecimento da tecnologia. Destacando apenas o primeiro aspecto, já que o outro merece atenção especial futura, reitere-se que o homem não se define pelo trabalho. Não é somente um ser que trabalha: sua criatividade, sua espiritualidade, sua própria personalidade, transcendem infinitamente seu campo de trabalho. Antes de ser um trabalhador, o homem é uma pessoa que tem seu fim em si mesmo. Onde este princípio é olvidado, o homem volta a ser escravo e seu trabalho reduz seu desenvolvimento e sua dignidade à dimensão materialista.
A ideia de sacrificar a vida pessoal pelo trabalho muitas vezes pode terminar em depressão. Segundo o psicoterapeuta carioca Sérgio Garbati, as pessoas costumam sentir um vazio existencial quando percebem que deixaram de viver para se dedicar apenas ao trabalho, o que vem acompanhado do sentimento de culpa e de depressão.
Todos nós sabemos que o trabalho é necessário à manutenção e ao desenvolvimento de cada homem pessoalmente e de todos os homens como um grande corpo social. Invocando o Pe. Jadeu Grugs, podemos dizer que “a sociedade humana não pode existir sem um sistema de trabalho organizado. Não é que o trabalho esteja na origem da vida humana, mas a atividade do homem se transformou em trabalho através da organização da vida em sociedade. Em outras palavras, o caráter do trabalho depende da incorporação da atividade do homem na organização social. Entende-se, pois, - e isto deve ficar firme – que a auto- realização do homem precede e transcende o processo de trabalho”.
Há algum tempo, a revista francesa Le Ponint, de prestígio internacional, apontou que um funcionário que esteja satisfeito na sua vida pessoal e familiar dobra o seu rendimento no trabalho. Esse conceito, já absorvido por empresas europeias e americanas, começa a ganhar espaço no Brasil. Há uma consciência geral de que o grande passo ao futuro é a humanização das relações no trabalho. Aquela história de vestir a camisa o tempo todo, mesmo que para isso seja preciso se anular, é equivocada.
Desta forma, num sentido mais amplo, é preciso aniquilar os privilégios, aliviar a pressão da caldeira e fazer com que as constantes estatísticas aterradoras – acidente de trabalho, miséria, contenção de renda – sejam abolidas da nossa sociedade. Basta existir, para isso, vontade política e responsabilidade de todos na busca de um sistema econômico mais justo e equitativo.
JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é advogado, jornalista, escritor e professor da Faculdade de Direito Padre Anchieta de Jundiaí. É presidente da Academia Jundiaiense de Letras (martinelliadv@hotmail.com)
Quando entro em bibliotecas ou sebos, às vezes fico me perguntando se, na sua maior parte, aqueles volumes, ali depositados não conservam intacta sua “virgindade”, jamais tendo sido lidos por leitores em qualquer tempo ou lugar.
De fato, quanta e quanta coisa se escreve e se publica e logo, logo, logo, é sepultada no esquecimento! Todo autor, especialmente iniciante, tem esperança de virar best-seller, de conquistar fama, glória, prêmios... E quase todos os autores acabam se resignando à triste sina dos escritores sem fama, sem glória, sem prêmios e, o que é pior, muitas vezes com prejuízos econômicos.
Não me consta que tenham sido feitas estatísticas de quantos, dos muitos milhares de lançamentos que, ano a ano, faz nosso mercado editorial, chegam a render alguns suados tostões aos seus laboriosos autores. Mas creio que é uma porcentagem mínima! A seleção natural do mercado livreiro é dura, é cruel, é inclemente.
Por tudo isso, é sempre com satisfação que abro, ou reabro, um livro com valor inquestionável, que já passou pelo crivo da crítica e, ainda que não tenha tido o merecido sucesso comercial, tornou-se bem conhecido dos entendidos e rendeu, se não dinheiro, pelo menos merecido prestígio ao seu autor.
É um desses livros que estou saboreando no momento, e que, a bem dizer, já nasceu com vocação para tornar-se um clássico no seu gênero: “Como aprendi o português e outras aventuras”, de Paulo Rónai, publicado pela primeira vez em 1956 e, em segunda edição, pela Editora Artenova, do Rio de Janeiro, em 1975. É esta segunda edição que tenho em mãos.
Rónai, nascido em Budapeste, na Hungria, em 1907 e falecido em Nova Friburgo, em 1992, chegou ao Brasil já adulto, em 1940, e aqui se estabeleceu de modo tão harmonioso e feliz que se transformou num dos grandes mestres das nossas letras. Fez parte de um numeroso grupo de intelectuais de origem judaica que conseguiram escapar à perseguição do III Reich e vieram, no Brasil, refazer sua vida, aqui deixando copiosa obra. Talvez o mais famoso desses intelectuais tenha sido o bem conhecido Stefan Zweig (1881-1942). Mas Rónai, pelo seu mérito intelectual não fica atrás de Zweig, pelo contrário, ambos travam um páreo muito duro e possivelmente encerre com empate, ambos em primeiro lugar. Otto Maria Carpeaux (1900-1978), crítico literário austríaco, é outro desses intelectuais aclimatados no Brasil e incorporados à sua alta cultura.
Aqui em nosso País, Rónai logo se abrasileirou. Colaborou intimamente com o dicionarista Aurélio Buarque de Hollanda Ferreira e, juntos, empreenderam muitas edições de livros estrangeiros, em traduções bem cuidadas e acessíveis. Teve, ainda, amizade e colaboração com Guimarães Rosa, Cecília Meirelles e Carlos Drummond de Andrade. Foi professor emérito do Colégio Pedro II, onde lecionou Francês e Latim, e publicou numerosos livros de sua lavra, ademais das traduções, destacando-se ainda como crítico literário.
O livro que estou lendo é um conjunto de trinta pequenos ensaios, todos originalíssimos pelo tema e pelo modo como o escritor os aborda. Todos são lidos de modo agradável, porque escritos de modo interessante e descontraído. Não cometerei, podem meus leitores estar certos disso, a impropriedade de reproduzir aqui, com minhas palavras, o que ele escreveu. Melhor é que todos vão se abeberar à fonte e leiam, nas próprias palavras de Rónai, o que ele escreveu.
Limito-me a um ou outro ponto, apenas como “isca”, como chamariz para incentivar os leitores a lê-lo diretamente.
Sabem como ele aprendeu o português? Esse é o tema do primeiro dos ensaios. Veremos isso na próxima semana.
ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOS, é historiador e jornalista profissional, membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e da Academia Portuguesa da História.
Quando adotamos o gatinho preto que achamos na rua no último dia do ano, o nome adotado foi Bento. Como alguns dias antes tínhamos achado um outro gatinho preto que logo ganhou no nome de Benedito, em homenagem ao Santo, achamos que Bento seria uma boa opção, mais porque combinava com o outro nome e porque desconfiamos que ambos fossem irmãos.
Conforme já contei nesse espaço, tentamos doa-lo de todas as formas, mas, diante da ausência de interessados, ele acabou indo morar em casa mesmo, aumentando para 4 o número de felinos residentes. Nem de longe era o idealizado, mas foi o que acabou acontecendo.
De início, como era bem filhote, o gatinho comportou-se de acordo com o nome de Batismo. Dócil, alegre, mansinho. Descobrimos que ele é praticamente surdo, ouvindo o mínimo possível. Talvez o silêncio no qual ele viva contribua para ele se comunicar de forma diversa, já que praticamente não mia. E assim a rotina da casa prosseguia sem maiores alterações.
Com certa de duas semanas de chegado a nossa casa, ele mostrou um apetite extremamente voraz. Difícil até mesmo de acreditar que ele fosse capaz, sendo tão magrinho e pequeno, de comer aquela incrível quantidade de comida. Todas as semanas tínhamos que correr para repor o estoque de sachês e de ração. Era quase como se tivéssemos colocado mais três gatos em casa e todos famintos.
O resultado de tanta fome, para além de caixas de areia que precisavam ser limpas várias vezes ao dia, foi que a criaturinha, em pouquíssimo tempo praticamente dobrou de tamanho e, para nosso pânico, adquiriu uma agilidade e uma energia até então não constatada por nós no comportamento das outras três gatas.
Comentando sobre isso com uma amiga que tem gatos ouvi dela a simples, lógica e assustadora explicação para o “fenômeno”: _ ah, é porque é macho!
Na hora eu falei: _ Mas como assim? Tanta gente tem gatos machos que são tranquilos... Logo esse meu, que se chama Bento?
Segundo pesquisei, no que espero estar certa, esse comportamento é mais predominante nos machos adolescentes. Ele já está castrado e atualmente com seis meses. Embora seja manso, é como se diz por aí, “atentado”. Corre como um louco, se joga dos lugares mais improváveis, derruba coisas que estão sobre a mesa ou mesmo sobre a geladeira, corre atrás das gatas e até do cachorro, cujo rabo ele elegeu como brinquedo. Não bastasse isso, desenterra vasos, morde plantas e se enfia na minha bolsa para de lá sair em desabalada carreira com meus fones de ouvido ou elásticos de cabelo.
De toda forma, é, no fim das contas, uma fonte de risadas, já que cada dia promete uma nova aventura. Quando se cansa, permite ser pego e acariciado até dormir, quase sempre encostado a nós. Não me arrependo nem por um segundo de tê-lo salvo do abandono das ruas, mas, se fosse hoje, soubesse eu do que sei, teria lhe dado outro nome...
CINTHYA NUNES VIEIRA DA SILVA - Advogada,professora universitária, membro da Academia Linense de Letras e escritora. São Paulo.
São três assuntos que possuem em comum o uso de drogas.
Em artigo na Folha de São Paulo de 15 de abril – C6 Ilustrada -, o Dr. Drauzio Varella discorreu sobre um efeito colateral do uso da maconha: a síndrome de hiperemese por canabinoides (SHC). O desconhecimento sobre essa síndrome dá origem a exames laboratoriais, ultrassons, tomografias e endoscopias inúteis. Segundo Varella, “em alguns casos, o quadro é interpretado como crises de vesícula biliar, apendicite ou obstrução intestinal, suspeitas que podem levar ao centro cirúrgico”. E há pessoas encaminhadas para tratamentos psiquiátricos prolongados, nos quais recebem antidepressivos e ansiolíticos que agravam o quadro. E eu que pensava que o grande problema da maconha fosse, apenas, abrir uma porta, como o álcool, para outros tipos de droga.
Junto à reflexão sobre o assunto, tenho comigo a fala de um adolescente e um moço. Conheci os dois aos 11 anos. Um foi meu aluno de português. Rebelde, questionador, mas sem perder a claridade de alma em suas redações. Em meio aos seus gingados, que tocavam despenhadeiros, jamais deixei de acreditar na sua possibilidade de voo no azul. O adolescente cresceu aos trancos e barrancos, de cara fechada, amargurado. Na primeira oportunidade, fez-se das drogas e do tráfico. Um dia desses, encontrava-se em papel de “olheiro”. Comentou, no radinho, com o “patrão” que a polícia se aproximava. Recebeu como resposta que era para se manter na “visão”. Foi detido. A algema doeu fundo. Pediu para alargá-la um pouco. Observaram seu pulso esquálido. Apertaram mais. Temeriam uma fuga? Restaram-lhe duas pulseiras de feridas.
O moço, hoje com 41 anos, usuário por 25 anos, reconheceu, na humildade, seus limites, abriu mão das justificativas para sua história pessoal. Deixou de desistir de si mesmo. Gosta do conceito de que recuperação é a arte de se contrariar, enfatizando que hoje a disciplina é sua liberdade. Além do Poder Superior em que acredita, foram essenciais em sua escolha: a vontade própria, a esposa amada, o esporte, o NA. Insiste que a dependência química é uma questão de saúde pública, que o tráfico é mantido por pessoas em condições de adquirir drogas mais caras, que também “sobem o morro” com seus carros de luxo, fortalecendo o ilícito. A diferença está no local de consumo. Conteúdo para se perscrutar.
MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE -
Professora e cronista. Coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher – Santa Maria Madalena/ Magdala. Jundiaí, Brasil.
“Perdi o sono... perdi de vez, porque/ a criança pequenina acorda à noite,/ e eu regressei ao berço por você./ De tão perdida, eis que me encontro, enfim!/ Do tempo, toda a gente estranha o açoite -/ ah, mas se eles soubessem sobre mim.../ Vendavais, intempéries causam medo,/ e a forma como o mundo ruma ao fim.../ Porém, mais me amedronta esse segredo./ Ter que guardá-lo, santo, em relicário;/ ver que escorre, então, por um e outro dedo./ Dizê-lo apenas em confessionário./ Um coração que é um cofre: isso é pavor!/ Tê-lo indefeso e imóvel qual armário,/ guardando os caros bens do seu senhor.”.
Você sabe guardar segredo?
Pela dificuldade que é manter os próprios, a gente consegue medi-la no tocante aos dos outros.
Topamos com essas criaturas – os outros –, tão iguais e imensuravelmente distintas de nós, onde for que estejamos.
O que fazer a seu respeito?
Guardar seu segredo.
Torcer para que, num gesto idêntico, preservem nossa dignidade, mesmo após nos flagrarem, à semelhança de si, menos belos do que o ideal, menos agradáveis do que o pretendido, mais falíveis e infelizes do que o aparente.
Torcer para que, mirando-se em si, sejam tão sigilosos com nossos instintos postos à prova e à mostra, quanto temos sido com os deles, seja por identificação, por algum medo ou solidariedade.
Embora ruim, é-me inevitável, ao topar, dia após dia, na rua, com esses estranhos, perceber que a maioria deles, na face avessa, traz explícito olhar de poucos amigos.
Ocorre-me a reflexão de Álvaro de Campos: “Arre, estou farto de semideuses!/ Onde é que há gente no mundo?”... Mas, a ojeriza passa logo. Basta entrar em casa e dar de cara com o espelho.
“Exploro a estrada que leva ao meu centro:/ este caminho que ninguém explora,/ nem a solidão – esta me ignora!,/ pouco lhe importa se de mim vai dentro./ Examino que mal mais me corrói:/ se a saudade de quem eu fui um dia.../ se uma revolta à toa, nostalgia.../ Junto d´alma esta carne também dói./ Sinto-me tão pesada pra estas pernas;/ minhas mãos são enormes pra estes braços;/ meus olhos diminutos pra este pranto./ Os meus irmãos são luzes de lanternas,/ e desfilam saúde... e eu só cansaços./ eu sou toda pecado... e o mundo é santo!”.
Valquíria Gesqui Malagoli, escritora e poetisa, vmalagoli@uol.com.br
Para os poucos que desconhecem o significado da palavra; mantra, originário do hinduísmo, também utilizado no budismo, é som ritual pronunciado de forma repetida, que busca quase sempre criar um estado de paz interior (alguns sugerem, narcotizante) em quem o cantarola ou escuta. É uma forma de encantamento. Existem mantras para facilitar a concentração e a meditação, para energizar, para dormir ou despertar. Tem gente que repete o som, pasmem, para vibrar canais energéticos, com o fito de desobstrui-los, sabe lá Deus o que isso possa designar. A mais, noutro aspecto, sua repetição traria bons relacionamentos, saúde, prosperidade, dinheiro. Por aí afora.
Está lotada de mantras, saindo pelo ladrão, a campanha presidencial no Brasil que já anda solta, apesar de oficialmente nem ter começado. Programas, até agora, quase nada. É perigoso o quadro, abaixo tratarei da kakistocracia.
Atrás dos votos, venham de ondem vierem, os candidatos fogem dos temas espinhosos, que podem tirá-los. Privatização é um deles. Aborto, outro. União homossexual, mais um. Austeridade fiscal e reforma da Previdência, na lista. A favor ou contra a possibilidade da prisão em 2ª instância, depois de sentença de colegiado, antes do trânsito em julgado? Que amplitude dar ao foro especial por prerrogativa de função? No máximo, generalidades sobre tudo isso. Corrupção, era natural, virou mantra, mas se evita dizer que a presença fortíssima das estatais na economia é caldo de cultura dela. Escutam-se aqui e ali censuras à presença crescente das estatais chinesas na economia brasileira. A campanha começa com generalidades desnorteantes, pode bem acabar com troca de ofensas pessoais do mais baixo nível.
Agora, alguns mantras. Avanço (vago, todos querem avanços, ▬ versão adjetivada, avanços sociais ▬, justificativa frequente para gastos irresponsáveis e concessão de direitos ilusórios que pouco ou nada ajudarão de fato o povo; em geral o prejudicam no longo prazo); medidas progressistas (expressão utilizada amiúde para atitudes na ordem política que flertam com ditaduras sanguinárias de esquerda; na ordem moral via de regra medidas que favorecem a desintegração moral, como facilidades maiores para a união homossexual). Mais um, preservação de setores estratégicos (empregado para deixar a estatização mais ou menos como está, continuando sob o domínio das patotas partidárias gigantescos setores da economia e da máquina estatal). Aliás, bobagem essa história de setores estratégicos na economia. Nos Estados Unidos o petróleo, a energia elétrica, a mineração, o subsolo estão desde sempre em poder dos particulares. Prejudicou a segurança do País? Impediu a economia de crescer e distribuir seus benefícios para a população? Ajudou e muito, essa é a verdade. Ênfase reformista no governo (aqui ninguém sabe o que esse mantra quer dizer de fato).
Em linhas gerais, nessa largada todos os candidatos são democráticos, populares, progressistas, reformistas. Como efeito a ser tido em conta, seduz, ilude e entorpece a repetição meio atoleimada de tais slogans. No meu caso aconteceu o contrário, impliquei. Cansei da cantilena, enfarei da lorota, enjoei dos mantras.
Poderia esmiuçar cada um deles. Estaco em um, o regime democrático. Ou, em outra formulação, a democracia. Diante de seu altar todos se inclinam, reverentes e sôfregos lhe prestam homenagens subservientes, como pagãos incultos e crédulos arqueados diante do Júpiter tronante.
Aqui, vou devagar, piso em terreno cheio de pregos e vidros, ando em área politicamente incorreta, mas estou disposto a pingar is pelo trajeto, atendendo ao fundamental para quem fala ou escreve: a clareza.
Simplificando, com alguma base se atribuiu a Aristóteles a classificação dos regimes em monárquicos, aristocráticos, democráticos e mistos, todos legítimos, com condições de buscar o bem comum. Luís Taparelli d’Azeglio (1793-1862), tratadista do Direito Natural, vê apenas diferenças acidentais, de quantidade, entre os regimes aristocráticos e democráticos, já que nos últimos, de fato, nunca a totalidade dos membros da sociedade participa dos assuntos públicos. A democracia corrompida degenera em demagogia, a aristocracia em oligarquia, a monarquia em tirania. Lembrei teoria de forma sumária para fixar os pontos principais da questão.
Agora, um mergulho na prática. Nossa democracia tem pouco a ver com o governo de todos da teoria aristotélica. Na casca, nomes iguais ou parecidos. No miolo, diferenças abissais. Nossa democracia tem caráter oligárquico e demagógico. É partidocracia. Minorias organizadas tangem maiorias desnorteadas, manipulando o que por aí chamam de vontade popular. Focalizando de momento só um aspecto do quadro, vivemos na era dos robots nas redes sociais, das fake news, dos spin doctors, afundados no ambiente da pós-verdade. Tal montoeira de recursos propicia a kakistocracia, palavra nova que significa o governo dos piores. E se generaliza no povo a descrença e o repúdio. Aqui está um motivo pelo qual nenhuma proposta de voto facultativo avança no Congresso. O voto não obrigatório, sem o cabresto da sanção, poria a nu a inautenticidade de nossa democracia. Desconfiada, desinteressada ou raivosa, a maioria não iria até as urnas, o comparecimento, quanto muito, bateria nos 30%.
E nem trato dos regimes de partido único, feição totalitária, buscando a hegemonia, que é para onde caminha a Venezuela, nos passos de Cuba, aplaudidas delirantemente pelo PT e alguns partidos afins.
É, estamos vendo, nossa democracia tem muita telha de vidro no telhado. Outras. Já no nascedouro, foi fruto de golpe militar que incinerou a ordem constitucional. Em texto conhecido, afirmou Aristides Lobo, ministro do primeiro governo da República: “O povo assistiu àquilo bestificado, atônito, surpreso, sem conhecer o que significava. Muitos acreditaram seriamente estar vendo uma parada”. Mais grave nem foi o alheamento popular. Desde o começo plantou as raízes doutrinárias na Revolução Francesa, fede a racionalismo e iluminismo; e pisa, por lógica incoercível, o chão ensanguentado do Terror.
Democracia e república não são sinônimos entre si, nem são sinônimos de liberdade. Nunca foram. Na defesa das liberdades naturais, hoje agredidas por tudo quanto é canto, mora a questão mais séria. Para um católico seguidor da doutrina social da Igreja, repito, o primordial são as liberdades naturais: liberdade de cultuar o verdadeiro Deus, liberdade de buscar a própria perfeição, liberdade de comprar e vender, de empreender, de casar, ter filhos, educá-los. Enfim, ampla autonomia na vida pessoal, papel suplementar cabe ao Estado.
Nosso regime democrático asfixia várias das liberdades naturais, quando o direito seria bafejá-las, oxigená-las. Alguns poucos exemplos. Os candidatos prometerão expandir a liberdade de empreender, tão sufocada no Brasil? Constarão de seu programa compromissos de proteção à ordem que constituirão obstáculos sérios a quem delas abusa? Lembro os quebra-quebras do MST e do MTST. Prometerão proteger o direito de os pais educarem os filhos, criando condições que propiciem a luta contra a ideologia de gênero? É liberdade ameaçada pela tirânica coorte dos que pretendem impor na educação e na vida em geral tal doutrina devastadora. Parece, crescerá sem cessar ao longo dos anos a pressão pela vitória da ideologia de gênero, em especial por trabalho dos grandes meios de divulgação e da academia.
Tanta coisa mais haveria a dizer, mas preciso parar por aqui. Constato com tristeza, porém estou certo de que assuntos assim ▬ fundamentais para nosso destino de nação cristã e civilizada ▬, caso presentes nos debates, estarão de forma tangencial. A demagogia vai correr solta; se vier enxurrada, com facilidade poderemos despencar na kakistocracia.
PÉRICLES CAPANEMA - é engenheiro civil, UFMG, turma de 1970, autor do livro “Horizontes de Minas"
Recebi um e-mail de uma pessoa me perguntando: “São Jorge, qual a verdadeira história dele, é um santo mesmo? Da Igreja Católica ou de macumba? Nunca me senti bem em relação a ele, pois já vi sua imagem em lugares nada cristãos… Poderia me esclarecer por favor?”
A Igreja não tem dúvida de que São Jorge existiu e é Santo; tanto assim que sua memória é celebrada no Calendário litúrgico no dia 23 de abril. São Jorge foi mártir; a Igreja possui os “Atos do seu martírio” e sua “Paixão”, que foi considerada apócrifa pelo Decreto Gelasiano do século VI. Mas não se pode negar de maneira simplista uma tradição tão universal como veremos: a Igreja do Oriente o chama de “grande mártir” e todos os calendários cristãos incluíram-no no elenco dos seus santos.
São Jorge é considerado um dos “oito santos auxiliadores” (8 de agosto). Já no século IV o grande imperador romano Constantino, que se converteu ao cristianismo em 313, construiu uma igreja em sua honra. No século V já havia cerca de 40 igrejas em sua honra no Egito. Em toda a Europa multiplicaram as suas igrejas. Em 1222, o Concílio Regional de Oxford na Inglaterra estabeleceu uma festa em sua honra, e nos primeiros anos do século XV, o arcebispo de Cantuária na Inglaterra ordenou que esta festa fosse celebrada com tanta celebridade como o Natal. No ano de 1330, o rei católico Eduardo III da Inglaterra já tinha fundado a Ordem dos Cavaleiros de São Jorge.
São Jorge, além de haver dado nome a cidades e povoados, foi proclamado padroeiro de muitas cidades como Gênova, Ravena, Roma, de regiões inteiras espanholas, de Portugal, da Lituânia e da Inglaterra, com a solene confirmação, para esta última, do Papa Bento XIV.
O culto de São Jorge começou desde os primeiros anos da Igreja em Lida, na Palestina, onde o mártir foi decapitado e sepultado no início do século IV. Seu túmulo era alvo de peregrinações na época das Cruzadas, no século XII, quando o sultão muçulmano Saladino destruiu a igreja construída em sua honra.
A conhecida imagem de São Jorge como cavaleiro que luta contra o dragão, difundida na Idade Média, é parte de uma lenda contada em suas muitas narrativas de sua paixão.
Leia também: 23/04 – São Jorge
Diz a lenda que um horrível dragão saía de vez em quando de um lago perto de Silena, na Líbia, e se atirava contra os muros da cidade fazendo morrer muita gente com seu hálito mortal, sendo que os exércitos não conseguiam exterminá-los. Então, o povo, para se livrar desse perigo lhe ofereciam jovens vítimas, escolhidas por sorteio. Só que num desses sorteios, à filha do rei foi sorteada para ser oferecida em comida ao monstro. Desesperado, o rei, que nada pôde fazer para evitar isso, acompanhou-a em prantos até às margens do lago. Mas, de repente apareceu um corajoso cavaleiro vindo da Capadócia. Era são Jorge, que marchou com seu cavalo em direção ao dragão e atravessou-o com sua lança. Outra lenda diz que ele amansou o dragão como um cordeiro manso, que a jovem levou preso numa corrente, até dentro dos muros da cidade, entre a admiração de todos os habitantes que se fechavam em casa, cheios de pavor. O misterioso cavaleiro lhes assegurou, gritando-lhes que tinha vindo, em nome de Cristo para vencer o dragão. Eles deviam converter-se e ser batizados.
Continua a narração dizendo que o tribuno e cavaleiro Jorge fez ao povo idólatra da cidade um belo sermão, após o qual o rei e seus súditos se converteram e pediram o batismo. O rei lhe teria oferecida muito dinheiro, mas Jorge teria partido sem nada levar, mandando o rei distribuir o dinheiro aos pobres.
É claro que isso é uma lenda na qual não somos obrigados a acreditar; mas é preciso entender o valor subjetivo das lendas religiosas sobre os santos. O povo as criava e divulgava para enaltecer a grandeza do santo, de maneira parabólica e fantasiosa; mas nela há um fundo de verdade. É um estilo de literatura, fantasiosa sim, mas que não pode ser desprezada de todo.Muitos artistas e escultores famosos pintaram e esculpiram imagens do Santo: Rafael, Donatelo, Carpaccio, etc.
Segundo a tradição São Jorge foi condenado à morte por ter renegado aos deuses do império, o que muito acontecia com os cristãos. Ele foi torturado, mas parecia que era de ferro, não se queixava. Diz a tradição que diante de sua coragem e de sua fé, a própria mulher do imperador se converteu, e que muitos cristãos, diante dos carrascos, encontraram a força de dar o testemunho a Cristo com o próprio martírio. Por fim, também são Jorge inclinou a cabeça sobre uma coluna e uma espada super afiada pôs fim à sua jovem vida.
Como houve muitos cristãos que morreram mártires nesses tempos da perseguição romana, nada impede que um deles tenha sido o cavaleiro e tribuno militar Jorge.
FELIPE AQUINO - Escritor católico. Prof. Doutor da Universidade de Lorena. Membro da Renovação Carismática Católica.
O nome dele era Fleming – um humilde fazendeiro escocês. Um dia, enquanto trabalhava para ganhar o sustento da família, ouviu um pedido desesperado de socorro vindo de um pântano próximo. Largou suas ferramentas e imediatamente correu para lá. Encontrou um menino enlameado até a cintura e tentando se livrar da morte. Com coragem, o fazendeiro o salvou.
No dia seguinte, uma carruagem riquíssima chegou à humilde casa do escocês trazendo um nobre - elegantemente vestido - que se apresentou como o pai do garoto salvo por Fleming.
- Eu quero recompensá-lo, você salvou a vida do meu filho – disse o nobre.
- Não posso aceitar recompensa pelo que fiz – respondeu o fazendeiro, recusando prontamente a oferta.
Vendo o filho do escocês na porta do casebre, propôs o nobre:
- Deixe-me levá-lo e dar-lhe uma boa educação. Se este rapaz for como o pai, crescerá e será um homem do qual você terá muito orgulho.
Tempos depois, o filho do fazendeiro se formou no St. Mary’s Hospital Medical School, de Londres, e ficou conhecido no mundo como o notável senhor Alexander Fleming – o descobridor da penicilina.
Mais algum tempo se passou e o filho do nobre ficou muito doente, com pneumonia. Sabe o que o salvou? Penicilina. O nome do nobre? Senhor Randolph Churchill. O nome de seu filho? Senhor Winston Churchill!
Você está surpreso(a)? Acredito que sim, mas principalmente pelo fato de que hoje os personagens são muito conhecidos na história da humanidade, certo? Quantas ‘coincidências’ como essa não acontecem anonimamente no dia a dia?
Na verdade, quem pratica boas obras sem esperar receber bens materiais em troca, sempre é muito bem recompensado. E, sabemos, a recompensa maior vem do céu! O nosso Pai e Criador nos conhece muito bem e sabe se estamos cumprindo ou fugindo da missão que temos pela frente. Afinal, de que adianta passar por este mundo sem ter feito nada em favor dos irmãos necessitados?
As boas obras de Deus podem ser materiais ou espirituais. Se cada um de nós se esforçar e se envolver em ambas, melhor. E é sempre bom lembrar que praticar boas obras aqui na Terra nos garante uma vida eterna no Céu. E não custa quase nada!
PAULO ROBERTO LABEGALINI - Escritor católico. Vicentino de Itajubá - Minas Gerais - Brasil. Professor Doutor do Instituto Federal Sul de Minas - Pouso Alegre.‘Autor do livro ‘Mensagens Infantis Educativas’ – Editora Cleofas.
De longe a longe, deparamos com a triste noticia, que este ou aquele político ou figura pública, inclui, no currículo, habilitações que não possui.
A descoberta é recebida com júbilo pelos inimigos (que se dizem antagonistas) e comentada com condescendência, pelos “ amigos”
Tal sucede, porque de dá mais valor, ao diploma, do que ao verdadeiro saber.
Quando realizei série de entrevistas, a figuras notáveis, jovem deputado, revelou-me: que resolveu ingressar na Universidade, porque, para ser escutado e reconhecida a competência, era preciso obter o título de “ doutor”! …
Não é novidade. Erasmo, dizia, que teve que ir a Roma, para que seus conhecimentos (talento?) fossem reconhecidos.
Há anos, jornalista da RTP, João Adelino, estava a coordenar debate político. Um, recusou participar, porque não o tinha tratado por: “ Sr. Doutor”! …
Conclui João Adelino, na crónica que escreveu no “ JN” de 14-04-2012: “ (…) Não há convidado na televisão, que não seja apelidado, invariavelmente, de “doutor” ou “engenheiro”.
Não admira, portanto, que quando não se possui diploma, se busque um “canudo”; os meios justificam o fim…
Poucos sabem avaliar com justiça. A maioria, avalia: pelo grau académico, cor politica, e ainda pelo parecer de comentadores e críticos.
Certa ocasião, famoso jurista portuense, perguntou a meu pai, que curso possuía. Sua mulher, formada em Letras, era admiradora das crónicas que publicava no matutino: “ O Comércio do Porto””.
Como lhe dissesse que frequentara “apenas” as Belas-artes, rematou deste modo:
- “ Continue…Continue…Tem muito jeito para a escrita! …!
Meu pai foi apresentado, pelo Fernando Figueirinhas (da livraria Figueirinhas) a António Lopes Ribeiro – famoso realizador de cinema e escritor de mérito, além de comentador da RTP.
Seguindo o “uso” latino, tratou-o por: “doutor”.
Ao que o extraordinário realizador cinematográfico, respostou de imediato:
- “ Sr. Pinho da Silva: Trata-me por António ou António Lopes Ribeiro. Eu tenho nome e orgulho-me dele! …”
E acrescentou: “ Já reparou: aos grandes homens ninguém os trata por “doutor”! …
Na nossa terra, mal é de quem não é licenciado e não obteve a pró-graduação numa Universidade famosa, algures na Inglaterra ou na América…
É bacoquice nacional?! … Certamente que sim; mas tão arreigada está, que, quem enriquece, tem que ser forçosamente tratado por: “doutor” … e “excelência “…
Humberto Pinho da Silva - Porto, Portugal
Desejos duma magnífica semana.
EUCLIDES CAVACO - Director da Rádio Voz da Amizade , Canadá.
Palavra do Pastor, com Dom Vicente Costa,
bispo diocesano de Jundiaí
5º Domingo de Páscoa
Fonte: Revista Stella Nº 029
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Segue o calendário das Missas da Pastoral Rodoviária, Missas oficiadas em Postos de Combustíveis.
São 3 Padres Missionários Vicentinos que, a partir de Curitiba-PR, percorrem todo o Brasil.
Compareça à Missa, ofereça-se para ajudar na Equipe Litúrgica, divulgue, repasse o e-mail, avise os caminhoneiros, facilite reportagens na mídia eletrônica e impressa...
Apoio: www.maikol.com.br – lmaikol@uol.com.br – Face: Máikol Mikako – Zap (41) 99189 9595
DATA | POSTO | MUNICÍPIO | FONE | HORA |
12 - Quinta | Santa Cruz | Antonio Olinto-PR | 42/99976-0199 | 19:30 h |
13 - Sexta | Cupim | São Mateus do Sul-PR | 42/3532-3710 (98802-9517) | 20:00 h |
14 - Sábado | Coxilhão | São João do Triunfo-PR | 42/3447-1658 | 19:00 h |
15 - Domingo | Rest. Pioneiro | Palmeira-PR/Colonia Maciel | 42/3251-1156 (1240) | 09:30 h |
16 - Segunda | Lanchonete Bife em Pé | Ponta Grossa-PR | 42/3228-9488 (98811-0277) | 20:00 h |
20 - Sexta | Guarany | Campo Largo-PR | 41/3649-4264 | 20:00 h |
Maio - 2018 - Pe. Germano - Fone ( 41 ) 99955-6687 (TIM) - germano.nalepa@uol.com.br
DATA | POSTO | MUNICÍPIO | FONE | HORA |
01 - Terça | Tibagi/Pelanda | Ponta Grossa-PR | 42/3222-1481 (99244-7387) | 20:00 h |
02 - Quarta | Churrascaria Novoeste | Assis-SP | 18/3321-4372 (99816-5978) | 20:00 h |
03 - Quinta | Raposão | Presidente Venceslau-SP | 18/3271-2516 (5860) | 19:30 h |
04 - Sexta | Kátia Locatelli | Campo Grande-MS | 67/3393-2235 (2066) | 20:00 h |
05 - Sábado | San Martin II | São Gabriel d’Oeste-MS | 67/3682-2002 | 19:00 h |
06 - Domingo | Pegoraro | Coxim-MS | 67/3291-9200 (9205) | 19:00 h |
07 - Segunda | São Lucas | Poxoreo-MT | 66/3436-1548 (1875) | 19:00 h |
08 - Terça | Alvorada | Primavera do Leste-MT | 66/3497-1200 | 19:00 h |
09 - Quarta | Paraná | Campo Verde-MT | 66/3419-1262 (1240) | 20:00 h |
10 - Quinta | Águia Branca | Nova Mutum-MT | 65/3371-8000 | 19:30 h |
11 - Sexta | Tibirissá | Ipiranga do Norte-MT | 66/3588-1412 (1411) | 19:30 h |
12 - Sábado | Sabiá | Lucas do Rio Verde-MT | 65/3549-1565 (1316) | 19:00 h |
13 - Domingo | Tibirissá | Nova Maringá-MT | 66/3537-1073 (98108-4526) | 19:30 h |
14 - Segunda | Gabriela/Locatelli | Tangara da Serra-MT | 65/3326-2723 | 19:30 h |
15 - Terça | Guará | Sapezal-MT | 65/3383-1255 (1196) | 19:30 h |
16 - Quarta | Cidade | Comodoro-MT | 65/3283-1399 (99911-6401 Ilda) | 19:30 h |
17 - Quinta | Trevo | Vilhena-RO | 69/3321-5700 (3322-3410) | 20:00 h |
18 - Sexta | Planalto | Vilhena-RO | 69/3322-3638 (3146) | 19:30 h |
20 - Domingo | Rec. Roda Mais Pimentão | Vilhena-RO Pimenta Bueno-RO | 69/3321-4202 (4438) 69/3451-2496 (2689) | 09:00 h 19:30 h |
21 - Segunda | Pinheirao | Alta Floresta do Oeste RO | 69/3641-2376 | 20:00 h |
22 - Terça | Bodanese | Vilhena-RO | 69/3321-3213 (3205) | 19:00 h |
23 - Quarta | Posto J.K. | Comodoro-MT | 65/3283-2346 | 19:30 h |
24 - Quinta | Porto | Porto Esperidião-MT | 65/3225-1122 | 19:00 h |
26 - Sábado | São Cristóvão | Jaciara-MT | 66/3461-1365 (2109) | 19:00 h |
27 - Domingo | San Martin | São Gabriel d’Oeste-MS | 67/3295-1752 (1162) | 19:00 h |
28 - Segunda | Igor Locatelli | Campo Grande-MS | 67/3344-4782 (3096) | 19:00 h |
29 - Terça | Mutum | Ribas do Rio Pardo-MS | 67/3238-4800 | 19:00 h |
30 - Quarta | Cervantes | Água Clara-MS | 67/3239-1744 (2760) | 19:00 h |
31 - Quinta | Esplanada | Cassilandia-MS | 67/3596-1271 | 19:00 h |
Junho - 2018 - Pe. Germano - Fone ( 41 ) 99955-6687 (TIM) - germano.nalepa@uol.com.br
DATA | POSTO | MUNICÍPIO | FONE | HORA |
01 - Sexta | Trevão | Paranaíba-MS | 67/3668-1367 (1564) | 19:00 h |
02 - Sábado | Chapadão | Chapadão do Sul-MS | 67/98169-9502 (99643-9426 Nego) | 19:00 h |
03 - Domingo | Do Arlei | Presidente Epitácio-SP | 18/3281-1003 (Rest. 1499) | 19:00 h |
12 - Terça | Jam | Terra da Areia RS | 51/3666-1564 | 19:30 h |
15 - Sexta | Supergasbras | Santo Antonio da Patrulha-RS | 51/3662-1451 | 10:00 h |
Abril - 2018 - Padre Arno Longo - Fone ( 41 ) 99729-8192 (TIM) - arnolongo-miguel@hotmail.com
DATA | POSTO | MUNICÍPIO | FONE | HORA |
24 - Terça | Pelanda 16 | Curitiba-PR/Campo Santana | 41/3525-4900 | 19:30 h |
28 - Sábado | Campo Largo | Campo Largo-PR | 41/3392-2144 | 20:30 h |
Maio - 2018 - Padre Arno Longo - Fone ( 41 ) 99729-8192 (TIM) - arnolongo-miguel@hotmail.com
DATA | POSTO | MUNICÍPIO | FONE | HORA |
02 - Quarta | Mariental 5 | Campo Largo-PR/Itaqui | 41/3399-1896 | 20:00 h |
03 - Quinta | Tio Zico I | São José dos Pinhais-PR | 41/3634-1122 (98416-1122) | 20:00 h |
10 - Quinta | Irmãos Breda | Miracatú-PR | 13/3847-3100 | 20:00 h |
11 - Sexta | Chur.Comandante | Moreira César-SP | 12/3641-1283 (99744-0049) | 20:00 h |
12 - Sábado | Santini | Rio das Flores-RJ | 24/2488-2349 (2263-3828 Res.) | 19:00 h |
13 - Domingo | 3 D. de Anta Lampião | Sapucaia-RJ Sapucaia-RJ | 24/2272-1121 (1124) 24/2271-1188 (1035) | 09:30 h 19:00 h |
14 - Segunda | 3 D. de Leopoldina | Leopoldina-MG | 32/3441-4008 | 19:00 h |
15 - Terça | Monte Alto | Itambacuri-MG | 33/3511-1435 (1002) | 20:00 h |
16 - Quarta | Faisão 2 | Águas Vermelhas-MG | 33/3755-1900 | 20:00 h |
17 - Quinta | São Jorge | Vitoria da Conquista-BA | 77/2101-7171 (7161) (99989-7070) | 19:00 h |
18 - Sexta | Paraná | Jaguaquara-BA | 73/3530-1073 (1940) | 19:00 h |
19 - Sábado | Reforço II | Umbaúba-SE | 79/3546-1252 (1238) | 19:00 h |
20 - Domingo | Reforço 6 | Rio Largo-AL | 82/3262-1122 | 19:00 h |
21 - Segunda | Noretur | Caruaru-PE | 81/3728-8041 | 19:00 h |
22 - Terça | Milênio | Campina Grande-PB | 83/3335-5000 | 19:30 h |
23 - Quarta | Santa Ana | Serra Branca-PB | 83/3354-2498 | 19:30 h |
24 - Quinta | João Paulo II | Seledade-PB | 83/99966-1606 | 19:30 h |
25 - Sexta | Higino Dantas | Parelhas-RN | 84/99649-7718 (99949-7718) | 19:30 h |
26 - Sábado | Toscano | Curais Novos-RN | 84/3431-2147 (98899-1265) | 19:30 h |
28 - Segunda | Sabugi (do Moinho) | Caicó-RN | 84/99999-0787 | 19:30 h |
29 - Terça | Santana III | São José do Seridó-RN | 84/3478-2266 (98718-1818) | 19:30 h |
30 - Quarta | Manoel Januncio | Jucurutu-RN | 84/3429-2172 (99656-8822) | 19:30 h |
Junho - 2018 - Padre Arno Longo - Fone ( 41 ) 99729-8192 (TIM) - arnolongo-miguel@hotmail.com
DATA | POSTO | MUNICÍPIO | FONE | HORA |
01 - Sexta | Adauto Dias | Caicó-RN | 84/3421-1274 | 19:30 h |
02 - Sábado | Morvan | Jardim do Seridó-RN | 84/3472-2272 (99962-2272) | 19:30 h |
05 - Terça | Estrela Dalva | Mossoró-RN | 84/3318-1841(3061-8998Raimundo) | 19,30 h |
06 - Quarta | Florestal | Assu-RN | 84/3331-4409 (1000) | 19:30 h |
07 - Quinta | Militão | Lajes-RN | 84/3532-2072 | 20:00 h |
08 - Sexta | Alvorada | Tangará-RN | 84/99977-3748 (99619-0863 | 19:30 h |
10 - Domingo | Novo Horizonte | Natal-RN | 84/99997-4430 | 17:00 h |
11 - Segunda | Emaus Ipiranga | Macaíba-RN | 84/3271-4207 (99117-9870) | 19:30 h |
12 - Terça | Churrascaria na Brasa | Macaíba-RN | 84/3271-4974 (999477-0594) | 20:00 h |
13 - Quarta | Pinheiro Borges | Parnamirim-RN | 84/3272-0777 | 20:00 h |
14 - Quinta | São João | Montanhas-RN | 84/3240-3213 | 19:00 h |
15 - Sexta | Planalto Subaé | Canguaretama-RN | 84/99982.6242 (98173.5770) | 19:30 h |
16 - Sábado | Churrascaria Gaucha | São José do Mipibu-RN | 84/98117-5242 (98792-5730) | 18:00 h |
18 - Segunda | Cajá - BR 230 | Caldas Brandão-PB | 83/3284-1046 | 19:30 h |
19 - Terça | Pichilau | João Pessoa-PB | 83/3233-1514 (81/2119-2772) | 19:30 h |
20 - Quarta | Pichilau | Jaboatão dos Guararapes-PE | 81/3476-5012 | 19:30 h |
21 - Quinta | Escada (Pichilau) | Escada-PE | 81/3534-1082 (5416) | 19:30 h |
22 - Sexta | Canavial | Ribeirão-PE | 81/3671-1272 (98877-3590) | 19:00 h |
23 - Sábado | Pichilau | Rio Largo-AL | 82/3262-1174 (1565 Cecato) | 19:00 h |
24 - Domingo | Sorriso e Roda Chimar | Capela-SE/Pirunga | 79/99845-0466 | 19:00 h |
26 - Terça | Reforço | Poções-BA | 77/3431-1171 (1152) | 19:00 h |
27 - Quarta | Teimozão | Itaobim-MG | 33/3734-1324 (1347) | 19:00 h |
28 - Quinta | Mecânica Santos | Fervedouro-MG | 32/3742-1699(98402-3055 Ademar) | 19:00 h |
30 - Sábado | Smiderle | Itatiaia-RJ | 24/3357-3050 (3111) | 20:00 h |
Abril - 2018 - Padre Miguel Staron
Fone ( 41 ) 99909 - 1919 (TIM) e ( 41 ) 99189 - 3232 (VIVO)
DATA | POSTO | MUNICÍPIO | FONE | HORA |
12 - Quinta | Cupim | Campina Grande do Sul-PR | 41/3676-1212 | 19:00 h |
18 - Quarta | Quitandinha | Quitandinha-PR | 41/3623-1222 | 19:00 h |
19 - Quinta | Cupim 7 | Araucária-PR | 41/3643-2929 | 19:30 h |
Maio - 2018 - Padre Miguel Staron
Fone ( 41 ) 99909 - 1919 (TIM) e ( 41 ) 99189 - 3232 (VIVO)
DATA | POSTO | MUNICÍPIO | FONE | HORA |
03 - Quinta | Pelanda | Jaguariaiva-PR | 43/3567-8095 (41/99207-2867) | 19:00 h |
04 - Sexta | Restaurante Garoto | Tatuí-SP | 15/99787-3861 | 19:00 h |
05 - Sábado | Ibaté | Ibaté-SP | 16/3343-1664 | 19:00 h |
07 - Segunda | Marajó | Frutal-MG | 34/3423-4100 (99678-8800) | 19:30 h |
08 - Terça | Do Décio | Campina Verde-MG | 34/3412-8000 | 20:00 h |
09 - Quarta | Do Décio | Centralina-MG | 34/99927-0702 (34/3267-9200) | 20:00 h |
10 - Quinta | Brito Acessórios | Rio Verde-GO | 64/3612-3308 | 20:00 h |
11 - Sexta | São José | Rio Verde-GO | 64/3051-9300 (99906-0566 João) | 19:30 h |
12 - Sábado | Do Décio | Rio Verde-GO | 64/2101-7151 (99313-2252) | 19:00 h |
13 - Domingo | Marajó-Aparecida | Aparecida de Goiás-GO | 62/4012-6884 | 19:00 h |
14 - Segunda | Presidente | Anápolis-GO | 62/3387-7555 | 20:00 h |
15 - Terça | São Cristóvão | Luziânia-GO | 61/3620-1081 | 19:00 h |
16 - Quarta | J.K. | Cristalina-GO | 61/3612-1699 (1299) | 19:30 h |
17 - Quinta | Coopervap/Hotel Catui | Paracatu-MG | 38/3679-8943 (3671-1374 Mozart) | 20:00 h |
18 - Sexta | Rec. Pneu Forte | Caetanópolis-MG | 31/3714-6579 (99986-2156) | 20:00 h |
20 - Domingo | Três Poderes | Sete Lagoas-MG | 31/3773-5300 | 10:30 h |
21 - Segunda | Emp.Rápido Resende | Contagem-MG | 31/3393-1166 | 19:00 h |
22 - Terça | Capixaba 1 | Careacú-MG | 35/3452-1800 (99831-8720) | 20:00 h |
23 - Quarta | Servsul | Pouso Alegre-MG | 35/3429-8011 (99984-1362) | 19:00 h |
24 - Quinta | Enxovia | Tatuí-SP | 15/3451-0534 (99787-3861) | 20:00 h |
25 - Sexta | Menino Jesus | Itapetininga-SP | 15/3271-1100 (8288) | 19:00 h |
Apoio: www.maikol.com.br – lmaikol@uol.com.br – Face: Máikol Mikako – Zap (41) 99189 9595
Horário das missas em, Jundiai ( Brasil):
Horário da missas em São Paulo:
Horário das missas na Diocese do Porto(Portugal):
http://www.diocese-porto.pt/index.php?option=com_paroquias&view=pesquisarmap&Itemid=163
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O trabalho doméstico, infelizmente, sempre foi desprestigiado no Brasil, inexistindo por muitos anos, inclusive, qualquer regulamentação específica no sistema jurídico. Com o transcurso do tempo e após muitas lutas, passou da completa marginalização ao reconhecimento de alguns direitos aos seus executores. Nesta trilha, louve-se a Constituição de 1988 que além de indicá-los, representou um grande avanço, impondo definitivamente sua inclusão na abrangência do Direito do Trabalho.
Na realidade, os que atuam nesta área são profissionais diferenciados quanto à diversificação de tarefas (a babá, a faxineira, a cozinheira, a enfermeira que cuida da avó doente etc.) e identificados quanto ao local do desempenho das mesmas, normalmente a residência de seus patrões, ainda que no âmbito externo (o motorista que leva os filhos à escola, o jardineiro habitual etc). Modernamente, podemos conceitua-los como aqueles que, sem finalidade lucrativa para os empregadores, mas mediante remuneração mensal, prestam serviços de natureza contínua a pessoas ou famílias, no reduto habitacional destas.
Tais profissionais, em face da intensa convivência diária nos lares onde trabalham e da confiança que transmitem, estabelecem vínculos pessoais fortes e de amizade com as patroas, seus familiares e parentes próximos. Essas breves observações objetivaram ilustrar a grandeza do ofício, os inúmeros problemas que ainda os aflige e embasar nossa homenagem a uma enorme parcela da categoria, as EMPREGADAS DOMÉSTICAS, cuja data comemorativa é 27 de abril, por ser o dia de Santa Zita. Ela nasceu em 1218 na Itália e devido a sua origem humilde e camponesa, aos 12 anos começou a atuar como empregada doméstica, trabalhando para a mesma família por várias décadas. Generosa com as esmolas aos pobres que batiam à casa dos Fatinelli, nome da família de seus patrões, tirava do seu próprio salário para ajudar aos necessitados. O Papa Pio XII proclamou-a padroeira da categoria.
Atualmente e diante dos avanços sociais esse tratamento amistoso, carregado de uma carga de afetividade, vem tomando contornos profissionais e em algumas circunstâncias, gerando conflitos e litígios, geralmente provocados pela falta de conhecimento sobre os direitos e deveres de cada parte, apontando-se como motivo de maior discórdia, a ausência de registro dos contratos de trabalho. Por outro lado, elas continuam vítimas de violência e preconceito, sendo anotadas nos seus sindicatos e delegacias de Polícia, inúmeras ocorrências de agressões e de situações as mais constrangedoras, desde ofensas e humilhações, até denunciações caluniosas.
Evidentemente, apesar da crise financeira que atinge o país, prejudicando diretamente a classe média e refletindo nas relações entre empregadores e empregadas, precisamos consolidar um país sem exclusões, onde apesar dos problemas financeiros, prevaleça o princípio da isonomia, no qual todos possam se sentir igualmente protegidos pela lei. Por isso, desejamos que anseios prioritários da categoria sejam prontamente atendidos para que se alcance a tão almejada paridade com as outras atividades. E mesmo com a Emenda Constitucional 72 de abril de 2013, que lhes estendeu direitos assegurados aos demais trabalhadores, muitos deles ainda estão à espera da regulamentação para começar a valer.
JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é brasileiro, advogado, jornalista e professor universitário. É presidente da Academia Jundiaiense de Letras (martinelliadv@hotmail.com)
Continuemos a falar da aproximação do húngaro Paulo Rónai com a língua portuguesa.
Camões, que para nós apresenta não pequenas dificuldades, curiosamente foi fácil para Rónai, porque auxiliado por uma boa tradução húngara e, sobretudo, porque conhecia bem Virgílio e Torquato Tasso, estando ainda familiarizado com a mitologia grega.
Pôs-se, a certa altura, a traduzir para o húngaro, poesias brasileiras. E então os problemas ficaram ainda mais aflitivos, porque os brasileirismos não constavam do dicionário Português-Alemão, nem de um velho dicionário Português-Francês que, àquela altura, já tinha conseguido. O resultado é que o mesmo Rónai que lia sem dificuldade Os Lusíadas, penava para decifrar, e muitas vezes não conseguia, poetas como Vicente de Carvalho e Mário de Andrade.
Um exemplo, entre muitos outros: certa vez teve que traduzir para o húngaro a palavra dezembro, dentro de um poema. Em magiar, a palavra equivalente, de mesma raiz (december) evoca, de imediato, ideia de frio intenso, de gelo, fome e miséria. Nada mais estranho à ideia que, no poema brasileiro, esse vocábulo queria significar, aludindo a um escaldante Natal carioca. Como traduzir sem trair a forma ou o fundo do poema?
Outro exemplo: como traduzir “morros cariocas” ou “gente do morro”? Morros, qualquer dicionário explicava, eram elevações de terreno, colinas, outeiros. Até aí, tudo bem. Cariocas, também ficava claro, era a designação dada às pessoas e, por extensão, às regiões do Rio de Janeiro. Mas o que queria dizer o poeta com aquela reiterada referência aos morros cariocas? Só depois de muito penar é que o tradutor conseguiu compreender a conotação sociológica e econômica da expressão. “Gente do morro” era a gente pobre, favelada, sem eira nem beira. Como ele poderia adivinhar isso, se em Budapeste as famílias mais ricas moravam exatamente nos morros, ficando as regiões mais baixas da cidade reservadas para as pessoas menos endinheiradas?
Outra expressão difícil: rede. Traduzindo certo poeta que divagava em sonhos deitado numa rede, Rónai, que nunca vira uma rede brasileira, não foi capaz de perceber a conotação de placidez e preguiça que o poeta queria transmitir com seus versos. Mas entendeu tratar-se, metaforicamente de uma rede de sonhos em que o poeta se enredava e na qual se perdia, à maneira do inseto aprisionado na teia de uma aranha... e traduziu assim, erradamente. Somente muitos anos depois se deu conta do engano.
As poesias brasileiras, traduzidas por Rónai, foram publicadas no final de agosto de 1939, num volume, sob o título “Mensagens do Brasil”. Durante três dias, o audaz e pioneiro tradutor gozou dos louros de seu feito, celebrado e bem acolhido pela crítica. No quarto dia, porém, tinha início a Segunda Guerra Mundial, com a invasão da Polônia pelas tropas nazistas, apoiadas pelos russos, com os quais Hitler acabava de firmar tratado de amizade e cooperação, o famoso tratado Ribentrop-Molotov.
Seguiram-se quinze meses de sofrimento e aflições, que pareciam ter sepultado, para todo o sempre, o hospitaleiro, mas distante Brasil, com sua hermética poesia cheia de mistérios. Mas, afinal, Rónai conseguiu escapar com vida. Chegando a Portugal, uma decepção: entendia tudo o que lia, sem problemas, mas não entendia absolutamente nada do que ouvia. Ele, que julgava já conhecer o idioma português razoavelmente, deu-se conta de que sua prosódia lhe era completamente desconhecida! O sistema luso de “comer” as vogais subtônicas na pronúncia deixou-o sem referenciais. Começou a duvidar do idioma português que julgava já conhecer.
Embarcou, então, para o Brasil. Quando desembarcou, no Rio de Janeiro, desde o primeiro momento estava entendendo tudo o que todos falavam. Era o português do Brasil, com todas as suas vogais bem pronunciadinhas, e não o de Portugal, que ele, sem jamais ter ouvido som algum, aprendera nas suas incursões linguísticas realizadas, autodidaticamente, em Budapeste!
Tinha início, então, a vida de Rónai em sua terra de adoção.
Fico por aqui, que já escrevi demais. Fica, mais uma vez, feito o convite para o paciente leitor e a amável leitor: que, vão, diretamente, ao velho Rónai. Repito o nome do livro: “Como aprendi o português e outras aventuras”.
Garanto que não se arrependerão.
ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOS, é historiador e jornalista profissional, membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e da Academia Portuguesa da História.
Mesmo antes de aprender a ler eu já era fissurada por livros e pela mágica que são capazes de produzir assim que suas páginas são abertas. Tão logo aprendi a ler, nunca mais consegui me manter longe de um livro. Não se passa um único dia no qual eu não tenha lido algo, sem que eu tenha me aventurado para dentro de alguma outra realidade, outro mundo ou simplesmente para vida de outras pessoas.
Acredito até que quando o assunto é livro eu tenho praticamente uma compulsão. O detalhe é que não tenho o mesmo ímpeto consumista para praticamente nada. Sou uma pessoa de gastos ponderados, que planeja e gasta de acordo com os recursos disponíveis. Contudo, perco a cabeça quando entro em alguma livraria ou mesmo banca de jornal. Ainda que eu não faça loucuras, sempre saio carregada de livros. Na pior das hipóteses (ou na melhor?) saio de lá com ao menos um exemplar.
Não adquiro livros, porém, para que se tornem acessórios em uma estante. Compro para consumi-los, devorá-los, em uma fome que me ultrapassa. Não estou aqui querendo me qualificar como intelectual ou coisa do gênero. Tampouco é falsa modéstia. Até mesmo porque meu gosto para leitura é muito variado, indo desde gibis, fontes das minhas primeiras leituras, passando pelos policiais e ficções das mais diversas, para somente depois encontrar os livros técnicos, relacionados às áreas nas quais milito.
A coisa toda é que gosto mesmo de ler, compulsivamente. Assino revistas, jornais e boletins, físicos ou eletrônicos. Faço parte de dois clubes de livros e todos os meses fico alucinada quando vejo o correio trazer minhas caixinhas. Tenho ainda um kindle, dispositivo para leitura de livros digitais, capaz de armazenar milhares de livros e que, tendo iluminação própria, permite que eu leia em qualquer ambiente, mesmo onde não há luz ou no qual a luz poderia incomodar a quem está dormindo. Aliás, preciso ler para dormir, nem que sejam poucas páginas. É mais como o passaporte que adquiro como ingresso aos sonhos que se seguirão.
Tenho o sincero propósito de ler todos os livros que tenho comigo. O grande problema é que enquanto leio uns 4 por mês, compro uns 5 e assim estou sempre um passo atrás de mim mesma. Além disso, sabendo desse meu hábito, sempre há quem me presentei com algum exemplar ou, tendo lido um bom livro, ofereça para me emprestar, o que prontamente aceito.
Embora não empreste meus livros para qualquer pessoa, gosto de fazê-lo para aqueles que sei que os lerão e, sobretudo, devolverão. Tenho ciúme deles, confesso. São meus como são de alguém as suas memórias. São memórias alheias, dos autores ou dos personagens, das quais me aproprio despudora e eternamente.
Não sou pessoa de dar conselhos, até porque apreendi que isso quase sempre é inútil, mas a quem deseja ampliar seus horizontes, viver várias vidas em uma, recomendo doses maciças de livros, até porque eles existem para todos os gostos, de todos os sabores. Livro é tão bom que deveria ser adjetivo, segundo li certa feita. Gosto tanto disso que, quando eu morrer, quero ser enterrada dentro de um...
CINTHYA NUNES VIEIRA DA SILVA - Advogada,professora universitária, membro da Academia Linense de Letras e escritora. São Paulo.
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