O SIM de Maria dito ao Arcanjo Gabriel foi determinante para dar início à História da nossa Salvação…
Santo Agostinho disse que: “Adão, sendo homem, quis tornar-se Deus e perdeu-se. Cristo, sendo Deus, quis fazer-se homem para a salvação do homem. Por seu orgulho o homem caiu tão baixo que só podia ser levantado pelo abaixar-se de Deus”.
O pecado original nos fez perder a filiação divina; a humanidade foi expulsa do paraíso; e só poderia se reconciliar com Deus se houvesse a salvação por meio de Deus mesmo.
Mas, para que o Filho de Deus pudesse se tornar também homem, e nosso Salvador, sem deixar de ser Deus, era preciso que fosse concebido por uma mulher. Desde a queda de Adão e Eva Deus já tinha prometido que a salvação da humanidade viria por meio de uma Mulher, já que o demônio seduziu a primeira mulher para injetar seu veneno na sua descendência. Deus disse à Serpente maligna: “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gen 3,15). Esta Mulher prometida no Protoevangelho era Maria.
Este projeto de Deus para a nossa salvação se realizou como São Paulo explicou: “Mas quando veio a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, que nasceu de uma mulher e nasceu submetido a uma lei, a fim de remir os que estavam sob a lei, para que recebêssemos a sua adoção. A prova de que sois filhos é que Deus enviou aos vossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai!” (Gal 4,4). Por meio da Virgem Maria veio o Salvador, que nos reconciliou com Deus por Sua morte e ressurreição. Nele nos tornamos novamente filhos de Deus por adoção, pelo Batismo, e Deus enviou o Espirito Santo aos nossos corações.
Diz o nosso Catecismo que: “A Anunciação a Maria inaugura a “plenitude dos tempos” (Gl 4,4), isto é, o cumprimento das promessas e das preparações. Maria é convidada a conceber aquele em quem habitará “corporalmente a plenitude da divindade” (Cl 2,9).
Deus anunciou muitas vezes pela boca dos seus profetas como isso aconteceria. O Salvador viria da tribo de Davi, filho de Jessé: “Um renovo sairá do tronco de Jessé, e um rebento brotará de suas raízes ”(Is 11,1). “O próprio Senhor vos dará um sinal: uma Virgem conceberá e dará à luz um Filho, e o chamará Deus Conosco” (Is 7, 14). “O povo que andava nas trevas viu uma grande luz; sobre aqueles que habitavam uma região tenebrosa resplandeceu uma Luz… um Menino nos nasceu, um filho nos foi dado, a soberania repousa sobre os seus ombros, e ele se chama: Conselheiro Admirável, Deus Forte, Príncipe da Paz” (Is 9,1-7). Quando Ele vier e estabelecer Seu Reino entre nós, haverá paz e bem estar:
“Então o lobo será hospede do cordeiro, a pantera se deitará ao pé do cabrito, o touro e o leão comerão juntos, e um menino pequeno os conduzirá; a vaca e o urso se fraternizarão, suas crias repousarão juntas, e o leão comerá palha com o boi. A criança de peito brincará junto à toca da víbora, e o menino desmamado meterá a mão na caverna da serpente. Não se fará mal nem dano em todo o meu Santo Monte.” (Is 11, 1-9). Virá Aquele que “ilumina todo homem que vem a este mundo” (João 1, 9).
Leia também: O Sim de Maria
Maria, a Mulher do Gênesis ao Apocalipse
Influência da Virgem Maria na vida da Igreja
Ele será o Messias, o esperado pelas nações, “o mais belo dos filhos dos homens”. Sem a sua luz o homem vive nas trevas; “permanece para si mesmo um desconhecido, um enigma indecifrável, um mistério insondável”, como disse São João Paulo II; sem Ele ninguém sabe quem é, e não sabe para onde vai.
Mas para que tudo isso acontecesse, Deus tinha de escolher uma Mulher, a melhor Mulher, e escolheu. A tradição judaica diz que todas as mulheres judias acalentavam o sonho de ser a Mãe do Messias, menos a pequena Maria, escondida na pequenina e desprezada Nazaré. Mas Deus precisava da mulher mais humilde para esta missão, porque a primeira mulher foi soberba, pecou porque “quis ser como Deus”. Santo Irineu de Lião (†200) disse que pela obediência de Maria foi desatado o nó da desobediência de Eva. E Jesus pela radical humilhação anulou a soberba de Adão.
A Igreja nos ensina que: “Deus enviou Seu Filho” (Gl 4,4), mas, para “formar-lhe um corpo” quis a livre cooperação de uma criatura. Por isso, desde toda a eternidade, Deus escolheu, para ser a Mãe de Seu Filho, uma filha de Israel, uma jovem judia de Nazaré na Galileia, “uma virgem desposada com um varão chamado José, da casa de Davi, e o nome da virgem era Maria” (Lc 1,26-27): “Quis o Pai das misericórdias que a Encarnação fosse precedida pela aceitação daquela que era predestinada a ser Mãe de seu Filho, para que, assim como uma mulher contribuiu para a morte, uma mulher também contribuísse para a vida”. (Cat. n. 488; LG, 56).
O SIM de Maria dito ao Arcanjo Gabriel foi determinante para dar início à História da Salvação. “Eis aqui a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a Tua palavra” (Lc 1,38). Não colocou qualquer obstáculo e nem a menor exigência ao plano e à vontade de Deus. Então Nela o Verbo se fez carne e habitou entre nós. Foi inaugurada a História da nossa salvação. Deus se fez homem no sei da Virgem preparada por Deus, concebida sem pecado original, virgem como Eva, mas Imaculada. Deus a escolheu por ser a mais humilde de todas as mulheres. Ela canta em seu Magnificat: “Ele olhou para a humildade de Sua serva”.
O Espírito Santo foi enviado para santificar o seio da Virgem Maria e fecundá-la divinamente, ele que é “o Senhor que da a Vida”, fazendo com que ela concebesse o Filho Eterno do Pai em uma humanidade proveniente da sua. Quando ela foi servir a Sua prima Santa Isabel, logo foi saudada por Isabel, cheia do Espírito Santo, como “a Mãe do meu Senhor”.
Santo Agostinho exclama: “És Maria, a beleza e o esplendor da terra, és para sempre o protótipo da santa Igreja. Por uma mulher, a morte, por outra mulher a vida: por ti, Mãe de Deus. Eva foi a causadora do pecado; Maria, causadora do merecimento. Aquela feriu, esta curou.
Maria é mais bem-aventurada recebendo a fé de Cristo do que concebendo a carne de Cristo. Maria permaneceu Virgem concebendo seu Filho, Virgem ao dá-lo a luz, Virgem ao carregá-lo, Virgem ao alimentá-lo do seu seio, Virgem sempre. Jesus tomou carne da carne de Maria. Na Eucaristia Maria perpetua e estende a sua Divina Maternidade”.
O SIM de Maria fez dela a Mãe do Senhor, a Mãe da Igreja e a Mãe de cada irmão de Jesus resgatado pelo Seu Sangue. Diz ainda Santo Agostinho: “Maria é chamada nossa Mãe porque cooperou com sua caridade para que, nós, fiéis, nascêssemos para a vida da graça, como membros da nossa cabeça, Jesus Cristo”. São Tomás de Aquino disse que: “Maria pronunciou o seu “fiat” (faça-se) em representação de toda a natureza humana”. “Por ser Mãe de Deus, Maria, tem uma dignidade quase infinita”. Em nome de cada um de nós Nossa Senhora disse Sim a Deus, e a salvação chegou até nós. Por isso Deus fez dela a medianeira de todas as graças.
São Francisco de Sales, o grande doutor inspirador de Dom Bosco disse que: “As crianças, vendo o lobo, correm logo para os braços do pai ou da mãe, pois ali se sentem seguras. Assim devemos fazer: recorrer imediatamente a Jesus e a Maria”.
“Recorre a Maria! Sem a menor dúvida eu digo, certamente o Filho atenderá sua Mãe. Tal é a vontade de Deus, que quis que tenhamos tudo por Maria”, disse o doutor São Bernardo. Ele garante que “Maria recebeu de Deus uma dupla plenitude de graça. A primeira foi o Verbo eterno feito homem em suas puríssimas entranhas. A segunda é a plenitude das graças que, por intermédio desta divina Mãe, recebemos de Deus. Deus depositou em Maria a plenitude de todo o bem”. Por isso, o grande doutor dizia:
“O servo de Maria não pode perecer. Se se levantam os ventos das tentações, se cais nos escolhos dos grandes sofrimentos, olha para a Estrela, chama por Maria! Se as iras, ou a avareza, ou os prazeres carnais se abaterem sobre a tua barca, olha para Maria. Se, perturbado pelas barbaridades dos teus crimes, se amedrontado pelo horror do julgamento, começas a ser sorvido em abismos de tristeza e desespero, olha para a Estrela, chama por Maria. Nos perigos, nas angústias, nas dúvidas, pensa em Maria, invoca Maria. Que ela não se afaste dos teus lábios, não se afaste de teu coração. Maria é a onipotência suplicante”.
FELIPE AQUINO - Escritor católico. Prof. Doutor da Universidade de Lorena. Membro da Renovação Carismática Católica.
Eis um breve relato de algumas visões do padre João Baptista Reus, com relação à maravilhosa realidade sobrenatural da Santa Missa. Falecido em odor de santidade, teve este sacerdote a graça de ver o que acontece de sobrenatural durante a Santa Missa, a qual, por razão, costumava chamar de ‘A FESTA NO CÉU’.
Ao tempo em que o demônio procura esconde-la, vamos adorar mais e mais a Jesus, em reparação a tantas blasfêmias que contra a Eucaristia se cometem. Eis o que era dado ver ao Padre Reus:
“Nossa Senhora convida todo o Paraíso para participar da Santa Missa. Todos os anjos e Santos a seguem em maravilhoso cortejo até o altar. Os Santos formam um semicírculo ao redor do sacerdote celebrante e o acompanham até o altar. Lá chegando, os anjos se colocam atrás dos Santos. Outra multidão de anjos cerca a igreja e cobre os fiéis, impedindo a aproximação dos demônios durante a Santa Missa, em honra à Majestade de Nosso Senhor Jesus Cristo.
A Virgem Santíssima está sempre junto do celebrante, do lado do altar onde é servida a água e o vinho, e onde são lavadas as mãos do sacerdote. É a própria Mãe de Jesus quem serve o celebrante e lava suas mãos. Entre Nossa Senhora e o celebrante, é convidado o Santo do dia.
Todas as almas do Purgatório também são convidadas pela Virgem Maria e permanecem durante toda a Santa Missa aos pés do altar, entre o celebrante e os fiéis.”
Conta o Padre que ele via as almas do Purgatório em verdadeira festa e com grande esperança de libertação. Padre Reus via uma chuva caindo sobre o Purgatório durante toda a Santa Missa.
No momento sublime da Consagração, quando estas almas veem Nosso Senhor Jesus Cristo em Corpo, Sangue, Alma e Divindade, sentem um desejo incontrolável de sair daquelas chamas e se atirarem em Seus braços, mas não conseguem, por não estarem ainda purificadas.
Após a Consagração, acontece a libertação do Purgatório, das almas que já atingiram a purificação. Nossa Senhora estende a mão a cada uma delas e diz: ‘Minha filha, pode subir.’
Os anjos saúdam as almas libertadas do Purgatório, abraçando-as. É um momento de imensa alegria e beleza. Em seguida, estas almas, resplandecendo com a beleza indescritível, adornadas como noivas, como anjos, são introduzidas triunfalmente no Paraíso, por uma multidão de anjos, ao som de música e cantos celestiais.
E agora que já sabe quão santa e maravilhosa é a santa missa, saiba também quem foi Padre Reus:
PAULO ROBERTO LABEGALINI - Escritor católico. Vicentino de Itajubá - Minas Gerais - Brasil. Professor Doutor do Instituto Federal Sul de Minas - Pouso Alegre.‘Autor do livro ‘Mensagens Infantis Educativas’ – Editora Cleofas.
Tenho, na gavetinha das recordações, três lindas cantarinhas; cada qual a mais graciosa.
Três bonitas cantarinhas, autografadas.
Recebi-as numa tarde soalheira de Maio, cheias de sol e amor.
Uma, deu-ma rapazinho, que partiu para não voltar. Se voltar, será transubstanciado em: luz e amor.
As outras duas, recebi-as de lindas e virtuosas meninas, com carinho e amizade.
Naquela tépida e longínqua manhã de Maio, deambulava, distraído, entre milhentos cestinhos, repletos de cantarinhas.
Eram todas em miniatura; todas pequeninas; todas de barro bem vermelhinho. Pintadas com amor e carinho.
Raparigas travessas, banhadas de sol, e saias garridas, soltavam gaias gargalhadas, e, mirando-me de soslaio, perpassavam com sobrançaria.
Mocinhas sisudas, de saias compridas, e olhos baixos, reclinavam, recatadas, os rostinhos rosados, e sorriam…; mas nenhumas me ofereciam cantarinhas…
Tinham namorado; e as que não tinham, buscavam-no. Não eu; pobre solitário, que em dia de sol, de vento ameno e acariciador, espairecia entre fogosa meninada, que adquiria dúzias de cantarinhas.
Porém, ao pôr-do-sol, ao recolher da tarde, quando o céu azul começou a carminar-se, duas lindas meninas, brindaram-me com duas amorosas cantarinhas; pintadas a cores festivas, e gravadas a letra manuscrita.
Uma, é “alta”, esguia, e elegante, tem um: “T”, bem lançado; a outra, é baixa e graciosa, e tem, no “ largo” bojo, um: “G”, tremidinho.
Quase cinco décadas passaram. Passaram, igualmente, ilusões, e também os risonhos sonhos da juventude; mas, na gavetinha das recordações, permanecem, bem aconchegadas, bem guardadinhas, três pequeninas cantarinhas, que três jovens, em morno dia de maio, ofereceram-me com carinho e muito amor.
Como é bom recordar! … Como é bom ver as cantarinhas! …Todas três embrulhadinhas. Todas três juntinhas, como estão as meninas, que mas deram, ainda, no meu coração…
HUMBERTO PINHO DA SILVA - Porto, Portugal
JORGE VICENTE - Fribourgo, Suiça
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Palavra do Pastor, com Dom Vicente Costa,
bispo diocesano de Jundiaí
3º Domingo de Páscoa
Horário das missas em, Jundiai ( Brasil):
Horário da missas em São Paulo:
Horário das missas na Diocese do Porto(Portugal):
http://www.diocese-porto.pt/index.php?option=com_paroquias&view=pesquisarmap&Itemid=163
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Atualmente é uma constante irmos a quaisquer lugares públicos e encontrarmos pessoas juntas fisicamente, mas afastadas umas das outras já que passam quase todo tempo conectadas individualmente às redes sociais. Em bares, por exemplo, já flagramos amigos sentados à mesa, tomando aperitivos e mexendo em seus celulares, longes de um diálogo franco e alegre como tais encontros costumeiramente ensejavam.
Muitas vezes as poucas conversas giram em torno de postagens mostradas entre os próprios elementos que acabam se distanciando desses momentos que seriam de distração, harmonia e aproximação. E a situação praticamente virou epidêmica. São muitos os que não conseguem largar o hábito, permanecendo longos períodos sintonizados com o mundo virtual.
Sem dúvida, elas produzem excelentes efeitos aproximando amigos ou parentes que há vezes não se viam durante anos, pois até mudaram para locais longínquos. Também tem muito material bom que é permanentemente divulgado, além de comemorações e demonstrações de carinho e amizade entre entes próximos e queridos. Mas há publicações maldosas, inúteis, alienantes e até desprovidas de um mínimo de lógica que acabam por influenciar negativamente inúmeros usuários desprovidos de uma formação crítica ou de estabilidade emocional.
Assim, não somos contra as redes sociais e a utilizamos com frequência. Não concordamos são com os exageros e a impessoalidade que criam em determinadas circunstâncias, principalmente nas de convivência social. Sempre que estivermos juntos, aproveitemos para reciprocamente darmos sorrisos, jogarmos conversas fora, outorgamos compreensão, atenção e distribuirmos principalmente inúmeros cumprimentos.
Tais gestos de solidariedade e afinidade estão se exaurindo pelo fechamento provocado pelo egoísmo reinante e pelas equivocadas visões de que ter e aparecer mais meritórios do que ser. E os avanços tecnológicos na área da comunicação não podem piorar o triste quadro. Ao contrário, precisam amenizar as muitas dificuldades que afligem as pessoas em geral, relevando sempre o relacionamento humano.
Dia Internacional do Livro Infantil
Diz-se que a literatura infantil é o início de um universo repleto de possibilidades. Com certeza, uma criança que recebe o estímulo à leitura certamente adquirirá incontáveis benefícios que o hábito de ler proporciona. O Dia Internacional do Livro Infantil foi comemorado em 02 de abril, aniversário de nascimento de um dos mais importantes nomes da área, o dinamarquês Hans Christian Andersen, o primeiro autor a adaptar fábulas já existentes para uma linguagem mais adequada aos pequenos. Entre os brasileiros, podemos citar escritores como Ana Maria Machado, Ruth Rocha entre tantos outros. Em nosso país a celebração é 18 de abril que marca o aniversário de nascimento do precursor do gênero, Monteiro Lobato.
Datas importantes
Celebra-se a 07 de abril, desde 1948, o Dia Mundial da Saúde promovido pela OMS – Organização Mundial da Saúde. No decorrer de todos esses anos, a comemoração se transformou, em escala mundial, numa excelente oportunidade de conscientização e realização de promoções que enfatizam a importância do cuidado com a saúde humana. Em 2017, o tema está centrado na depressão, transtorno frequente que pode afetar pessoas de qualquer idade em qualquer etapa da vida.
Na sequencia, 08 de abril é o Dia Internacional de Combate ao Cancer, ocasião para refletirmos sobre a importância de compreendermos a situação dos pacientes de doenças graves e principalmente, respeitar seus posicionamentos, procurando em todos os setores, outorgar-lhes melhor qualidade de vida.
Breve reflexão
"Quando eu tinha 5 anos, minha mãe sempre me disse que a felicidade era a chave para a vida. Quando eu fui para a escola, me perguntaram o que eu queria ser quando crescesse. Eu escrevi “feliz”. Eles me disseram que eu não entendi a pergunta, e eu lhes disse que eles não entendiam a vida" (JOHN LENNON)
JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é advogado, jornalista, escritor e professor universitário. É presidente da Academia Jundiaiense de Letras (martinelliadv@hotmail.com)
A meu ver, o "segredo" das instituições políticas do Império brasileiro não estava tanto em fórmulas políticas bem concebidas e executadas, mas estava muito mais num teor de relacionamento humano, entre o Imperador e seus súditos profundamente afim com o modo de ser e de pensar do brasileiro, e atendendo às aspirações mais profundas e mais caras de nosso povo.
No "Parlamentarismo à brasileira" estava presente, sem dúvida, algo do que há de essencial no regime parlamentarista inglês, mas tomando em consideração o feitio psicológico do brasileiro, que tende naturalmente a depositar sua confiança e até seu entusiasmo não tanto em meras fórmulas políticas abstratas e impessoais - quase como num teorema de geometria - mas sobretudo em personalidades de escol revestidas de verdadeiro poder político e dotadas do clássico "jeitinho" para governar. Isso atraía para o governo e as instituições um verdadeiro afeto e a confiança do país.
O arquétipo desse modo brasileiro de governar foi D. Pedro II.
Ele não extrapolava suas funções imperiais, e respeitava escrupulosamente os limites que a Constituição fixava para sua atuação; mas as funções que lhe cabiam - em larga medida representadas pelo Poder Moderador - fazia questão de as exercer em toda a sua plenitude. Entretanto, nesse exercício, que os oposicionistas do regime chamavam de "Poder Pessoal", a força de direção que dele emanava provinha menos do fato de ele ser o titular do Poder Moderador do que do fato de ser ele um brasileiro arquetípico pelo qual nosso povo se sentia compreendido e amado paternalmente e além do mais dirigido com um senso psicológico todo paterno. Sentia-se que o Imperador via em cada brasileiro um filho; e a imensa maioria dos brasileiros via nele um pai.
Se houve no Brasil um parlamentarismo bem sucedido é porque foi praticado nesse enquadramento psicológico e afetivo.
O elemento distintivo do "Parlamentarismo à brasileira" não era só ser um parlamentarismo monárquico; não era só ser um parlamentarismo monárquico exercido com Poder Moderador; mas era ser um parlamentarismo monárquico exercido com Poder Moderador dentro desse enquadramento psicológico e afetivo entre o soberano e os súditos.
Se D. Pedro II não exercesse o Poder Moderador e se fosse reduzido a mero símbolo sem nenhuma capacidade de influir na vida política, muito dificilmente poderia ter desempenhado o papel grandioso que desempenhou. É por isso que afirmo que o Poder Moderador possibilitou o "segredo" que assegurou o sucesso da monarquia brasileira. Mas não bastava o Poder Moderador, como não bastava o sistema monárquico, e, menos ainda, bastava o mero parlamentarismo.
Sem dúvida, D. Pedro II foi um homem excepcionalmente bem dotado para fixar o modelo ideal de monarca brasileiro. No seu tempo, talvez tenha sido o único homem capaz disso. Em quase todas as monarquias europeias houve, em épocas diversas, grandes reis que representaram, em seus países, papel análogo ao que D. Pedro II representou no Brasil.
Uma vez fixado esse modelo ideal, a tendência dos seus legítimos sucessores é se inspirarem naquele modelo humano, naturalmente adaptando-o ao próprio modo de ser, às mutações dos tempos e das circunstâncias. Mesmo descendentes menos dotados do que o modelo podem dar continuidade à obra iniciada por aquele antepassado de dimensões extraordinárias. Essa continuidade de uma obra através das gerações é característica das monarquias; sua ausência é uma das maiores fraquezas das repúblicas.
No Brasil, nos três períodos em que assumiu a regência do Império em nome de seu pai - totalizando três anos e meio de regência - a Princesa Isabel deu suficientes mostras de que, com a bondade e a delicadeza características do sexo feminino, teve o pulso e a energia para bem desempenhar seu papel. Ela estava inteiramente à altura de prosseguir a obra de D. Pedro II. E a tendência natural é que esses dotes de governo se perpetuem de geração em geração, pelos legítimos sucessores. Carecem, pois, de fundamento, certos republicanos que reconhecem ter sido o Império bem sucedido, mas atribuem tal sucesso exclusivamente à envergadura excepcional de D. Pedro II, o qual não teria sucessores à sua altura.
ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOS, é historiador e jornalista profissional, membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e da Academia Portuguesa da História.
Gosto muito de viajar e de conhecer lugares novos e suas incríveis histórias e estórias. Nem precisa ser para um lugar distante, até porque eu penso que há muitos locais inexplorados bem próximos de nós. Se eu pudesse, por certo viajaria mais. Contudo, mesmo dentro de certas limitações, procuro aproveitar as oportunidades que surjem. E foi assim que acabei indo conhecer a Rota da Uva em Jundiaí, cidade bem próxima de São Paulo, onde moro.
Com ingressos para o Trem Turístico que só podem ser comprados na bilheteria da Estação da Luz, partimos, com mais um casal de primos, para um passeio no último sábado do mês de março, eis que apenas nesse dia da semana ele acontece. Pela descrição do passeio disponível na internet, haveria a visitação a plantações de uva e adegas existentes na região.
A partida do trem, que sai da restaurada e nostálgica estação da Luz, na região central da cidade, estava marcada para as 8h30. Com medo de perdermos hora, lá estávamos bem antes disso. Examinando o entra e sai das pessoas, bem como a construção da estação, eu não pude evitar uma imaginária viagem no tempo, fantasiando sobre como deveria ter sido tudo aquilo nos seus tempos áureos.
Infelizmente, como tudo no Brasil que se refere à patrimônio publico e histórico, o trem, ainda que conservado, estava longe de ser glamouroso. Ao meu lado, pequenas baratinhas passaram faceiras, correndo pelas cortinas. Os vagões não estavam sujos ou malcheirosos, mas tinham aquela aparência meio encardida, quando se é apenas um vestígio, uma lembrança do que se foi.
Com uma velocidade reduzida, o percurso durou uma hora e meia. Confesso que não fui capaz de apreciar a paisagem. Para minha tristeza, o que mais vi foram morros e encostas ocupadas por favelas que, circundando pequenos rios, despejavam pilhas de lixo em seus leitos. Sem deixar de lado o aspecto do descaso com as vidas humanas que ali se empilhavam, eu me doí demais pela natureza que agoniza de maneira cruel. Da forma como vejo, a humanidade é uma triste praga do planeta, destruindo tudo que encontra pela frente.
Assim que chegamos até Jundiaí nos reunimos com um grupo que seguiu, de ônibus, para a Rota da Uva. Visitamos pequenas propriedades produtoras de uvas e aprendi que a uva Niágara rosada surgiu de uma mutação espontânea ocorrida muitas décadas atrás, originando todas as suas atuais descendentes. Até antes disso só havia a roxa e a verde. Desconfio que isso tenha sido fruto é de um amor proibido, rs.
Aprendi também que uma praga, décadas atrás, acabou com mais de 80% da produção de uva da região, o que fez com que os produtores diversificassem suas culturas, plantando outras frutas como o figo, que hoje também notabiliza a região de Jundiaí. Fiquei imaginando o desespero que tantas famílias de imigrantes italianos e portugueses devem ter sentido ao perderem as plantas que os sustentavam e as suas famílias.
Em meio às visitas íamos provando os vinhos artesanais, bem como sucos e outros produtos derivados da uva. Fraca para bebidas alcoólicas, logo depois de dois míseros cálices eu já estava flutuando, mas tudo era tão gostoso, tão rústico e ao mesmo tempo delicado, que eu tinha vontade de ter estômago para poder degustar um pouco de tudo, prestigiando os esforços das pessoas e das uvas.
Em uma das pequenas adegas que fomos foi possível aprender noções gerais sobre o plantio, poda e mesmo do controle de pragas. Descobri que sempre são plantadas roseiras próximas às videiras e o intuito disso não é o de conferir beleza e cor ao local, mas o de instalar uma espécie de alarme biológico para detecção de pragas, eis que essas primeiro atacam a roseira, permitindo que se tomem providências antes que seja tarde demais.
Quando a fome bateu fomos almoçar em um restaurante no meio do mato, em um lugar repleto de orquídeas e cercado por lagos cheios de peixes, os quais era possível alimentar com ração comprada no local, a mesma que servia para dar também aos patos, gansos e marrecos que andavam soltos e vinham comer na mão dos mais corajosos ou curiosos, como eu.
Pedimos duas meias porções e descobrimos que só meia seria capaz de alimentar quatro pessoas, já que tudo era exagerado, mas ao mesmo tempo barato. Depois de comermos, bebermos e andarmos muito, foi a hora de voltar. Entre o balanço do trem e a chuvinha fina que caia, nem me dei conta de que caí no sono, daqueles que misturam a realidade com a fantasia, quando dormimos daquele jeito que sequer sabemos onde estamos.
Foi um dia diferente, sem dúvidas. Aprendemos sobre uma história que não se transmite formalmente, bem como conhecemos pessoas e lugares especiais. Velejar é preciso, mas quem não tem navio se vira com trem. Recomendo a experiência. Pena sermos um país tão indiferente às pessoas que realmente produzem algo de bom.
CINTHYA NUNES VIEIRA DA SILVA - Advogada,professora universitária, membro da Academia Linense de Letras e escritora. São Paulo.
MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE -
Professora e cronista. Coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher – Santa Maria Madalena/ Magdala. Jundiaí, Brasil.
A profunda crise que acometeu o Brasil nos últimos anos derivou de falta de educação. Custa crer que a elite intelectual disso não tenha se apercebido. Educação consistente produz cidadania mais do que ativa: proativa, assertiva, fiscalizadora e exigente.
O Brasil disseminou os direitos sociais antes de investir nos direitos civis. Prodigalizou benefícios sem contraprestação. Manter a pobreza iludida de que bolsas variadas resolveriam sua viagem por uma existência privada de dignidade.
O resultado é a crescente demanda de satisfação de infindáveis novos direitos, sem avaliar as consequências que adviriam de seu atendimento. Um País que não cabe no seu PIB. Legião de despreparados sobrevivem na informalidade e as necessidades da 4ª Revolução Industrial não conseguem ser atendidas porque não se prepara profissional à altura das exigências da era digital.
Tudo isso passa por uma escola decente. Nos últimos tempos, divulga-se a criação de nichos de excelência com unidades educacionais de última geração, predestinadas a acolher futuras lideranças. É bom. Mas é pouco. Quem está a observar o lado cruel do agravamento da desigualdade?
Algumas vozes lúcidas trazem a receita que é conhecida e não constitui novidade. No artigo “Ao sol do novo mundo”, publicado na Ilustríssima da FSP de 4.2.18, Armínio Fraga e Robert Muggar fazem análise do papel do Brasil na nova ordem internacional, sob a crescente influência da China e declínio norte-americano e reconhecem a supervalia da educação: “…não menos importante, a sociedade civil vem se mobilizando para reverter sua profunda e histórica negligência quanto a um ensino público de alta qualidade como fundação para o desenvolvimento econômico e político”.
Menos mal. Tento fazer minha parte. Conclamei mais de 5 mil empresas, bancos, clubes, Igrejas, organizações, entidades e pessoas físicas a “adotarem afetivamente” escolas públicas estaduais. Não é caridade, nem filantropia, nem marketing. É a obrigação da sociedade civil que, ao lado da família e do Estado, é solidariamente responsável pela escola pública. O projeto educacional brasileiro não prescinde da atuação conjunta e consistente dessa tríplice aliança.
A resposta nunca representa o que seria desejável. Mas bons exemplos já frutificam. O melhor é que os adotantes recebem muito mais do que as unidades escolares adotadas. Conviver coma infância e juventude nesta era digital, constatar sua criatividade, engenhosidade, vontade de dominar as ferramentas para uma sobrevivência cada vez mais inesperada é gratificante.
Mas é preciso mais. O crescimento das organizações não governamentais foi um fenômeno estimulado por uma Constituição que acreditou no associativismo e reconheceu que, sozinho, o indivíduo pode ser impotente para o enfrentamento dos gigantescos desafios deste século XXI. Elas podem colaborar para fortalecer a família – ou o que sobrou dela – a fim de que pais, núcleos afetivos, grupos que substituem a “família típica”, também cumpram com o seu dever de participar ativamente da vida da escola.
O projeto “Escola da Família” subsiste, apesar dos altos e baixos do contingenciamento orçamentário e de uma certa paralisia que mantém a inércia e um certo desalento diante de tudo o que as altas esferas oferecem como exemplo do que não deve ocorrer.
Mas a presença de pais ou responsáveis na escola não precisa esperar fim de semana ou feriado. Precisa ser mais constante. Tudo melhora quando a família está ao lado das equipes docente e gestora e colabora para que o rendimento do aprendizado seja mais próximo ao ideal.
Saudável também verificar que a educação é a ênfase do total de depoimentos exibidos pela TV Estadão desde outubro de 2017. Educação é uma prioridade brasileira. Educação resolve problema de saúde, de segurança, de emprego, da crise ecológica, do convívio fraterno que o Brasil precisa propiciar a um dos povos mais inteligentes do planeta, mas que continua capenga quando comparado com aqueles que dispararam, mercê de educação levada a sério.
Fonte: Correio Popular | Data: 06/04/2018
JOSÉ RENATO NALINI é secretário estadual de Educação e docente da Uninove
Nos já distantes começos dos anos 70 alguém intitulou ▬ não me lembro quem ▬ de A Equipe a um conjunto de grandes atores da cena internacional. Nixon, Kissinger, Brejnev, Willy Brandt, Pompidou, outros ainda, pareciam agir em uníssono na condução da distensão (ou détente). Cada um deles, encarapitado em sua posição ideológica, em sintonia surpreendente promovia a política cujo maior figura simbólica foi Henry Kissinger, aqui e ali ainda lembrado hoje, com exagero, como uma espécie de Metternich desse período. Anos e anos a fio. A China estava fora da dança, ainda ensaiava os primeiros passos de uma escalada que hoje a coloca como maior opositora dos Estados Unidos. Aliás, a détente criou e favoreceu condições para a ascensão chinesa.
Por que lembro tais fatos? Simples. Acompanhando os recentes acontecimentos de Brasília, a pontiaguda qualificação ▬ A Equipe ▬ me obcecava a memória entristecida. Advogados celebrados, magistrados nos galarins da imprensa, jornalistas acólitos, políticos na sombra, quem sabe grandes empreiteiros encalacrados, quais outros partícipes?, em sintonia surpreendente, conduziram os fatos para desfecho combinado, a liminar antes impensada até mesmo por todos os que diuturnamente nos órgãos de divulgação previam qual seria o desenlace da votação do HC, cuja aprovação livraria Lula da cana. Um de tais analistas observou, escrevia sobre o inesperado desfecho provisório do caso (ainda vem coisa por aí), o Brasil não é para principiantes; e nem para experientes. Nem os mais experientes conseguem conjeturar a fundo sobre as tramoias do jeitinho brasileiro (na ocorrência, mal-empregado).
Deixemos de lado os jeitinhos, a coisa é séria. Potencialmente, de apocalípticas consequências. Em substância, não vi verberação dos fatos mais grave que a do senador paranaense Álvaro Dias, de momento também presidenciável, o que confere a suas palavras alcance maior: “O voto suspeito de seis ministros do Supremo provocou grande indignação no país. Afinal, o ex-presidente da República está acima das leis e o Supremo é uma instituição dedicada a protegê-lo evitando sua prisão? Quando uma instituição essencial ao Estado de Direito se divorcia das aspirações da sociedade, a República falece. A República faleceu. Nós vamos continuar defendendo a refundação da República.”
Tomem nota: nas palavras de um dos mais destacados senadores, o Brasil oficial é um cadáver. Sinônimo exato para faleceu, no caso é, a República foi assassinada. Se foi assassinada, existem assassinos. Mais concretamente, de forma metafórica, o Brasil assistiu ao assassinato das instituições do Estado. Aqui, empurrado de forma incoercível por lógica comezinha digo eu, assassinato perpetrado por A Equipe.
Um cambalacho levou a um assassinato nas palavras do senador. Ou o parlamentar paranaense é irresponsável, ou está afirmando que a República faleceu por ter sido assassinada em suas instituições em especial por membros do Supremo. Quem assassina (destrói) instituições basilares do Estado é incompatível com as funções que tão indignamente exerce. Deve sofre, por crime de responsabilidade, processo de impeachment, legalmente conduzido pelo Senado. Claro, embora conjeturável, nada disso acontecerá. Por quê? Inexistem condições políticas para tais providências. Membros de A Equipe o impedirão. De outro modo, o País encontra-se manietado por um contubérnio. E as vítimas indefesas do contubérnio assassino não foram apenas as instituições, a punhalada varou em especial o coração da parte mais sadia do Brasil, aquela particularmente ligada a seu passado cristão.
Em artigo de umas três semanas atrás eu dizia, soa agora quase como vaticínio: “O Brasil parece estar de braço quebrado. Sua ‘maior et sanior pars’, a gente que presta, o pessoal mais ativo e decisivo, sente que, mesmo com os atuais recursos, eliminados obstáculos artificiais, muita coisa boa pode ser feita já. [...] A ‘sana pars’ do Brasil vê com clareza, pode planejar a saída, mas as instituições a bem dizer tornam inviáveis quaisquer movimentos nesse sentido. É uma espécie de imobilidade forçada que não leva à cura.”
Constatava a execração, mas também, causada por instituições que acorrentam a nação, a imobilidade forçada diante do catástrofe. Ia adiante: “No Brasil dos anos 60 a ‘maior et sanior pars’ presenciou desgostada a irrupção nas praças e ruas do padre de passeata e da freira de minissaia, como os ferreteou Nelson Rodrigues. Hoje fazem companhia a eles o juiz de passeata e os procuradores de passeata, horrores impensáveis naqueles já distantes anos, em que a gravidade, a discrição funcional e o senso do bem comum dos magistrados parecia valor adquirido na sociedade brasileira. A espetacularização achincalhante do Judiciário avança despudorada sob o olhar asqueado da ‘sana pars’ do Brasil. São trincas em uma das colunas institucionais do Brasil. O que fazer? De certa maneira, aqui também, de forma temporária, estamos condenados à imobilidade”.
Condenados à imobilidade, outra vez, ferrolhos institucionais. Eu dizia, a coluna está trincada. Álvaro Dias, agredido pela realidade, foi mais longe, a coluna desmoronou em nossas cabeças. O que fazer, dentro do ordenamento que nos agrilhoa, contra a degenerescência nos três Poderes e em numerosas elites (ou oligarquias) da sociedade civil? Aqui está o ponto.
Atribui-se a Konrad Adenauer, o lendário chanceler do pós-guerra alemão, não sei se com fundamento, princípio político verdadeiro: o primeiro dever de todo chefe político é cobrir a própria área. Em outros termos, falar para ela, articulá-la, vivificá-la. No caso, tudo fazer para os que agora inconformados não se acomodem, mas se solidifiquem em suas posições. A expansão da inconformidade entre os de momento passivos e hesitantes, providência essencial, fica para segundo momento lógico.
A reconfiguração do panorama é urgente, a opinião pública ultrapassou um meridiano nos últimos dias. Com efeito, o Brasil inconformado com a deterioração verificou traumatizado que nossas instituições, mesmo as mais prestigiadas, estão podres, cheiram mal. Álvaro Dias chegou a dizer que membros seus assassinaram a República.
E aí, fomos jogados diante do pavoroso. Posta a decomposição geral do Brasil oficial, estando carcomidas as amarras da lei, a porta ficou aberta para destruições em proporção agora incalculável do que resta de progresso, esperança e dignidade em nosso futuro. Serão passos largos na mesma estrada rumo ao precipício, já trilhada pela Venezuela.
Para tal, poderemos assistir o espetáculo repetitivo de magistrados graves, à vera contrafações burlescas de Nelson Hungria e de tantos outros, no meio de vazia e aparatosa erudição, esbofeteando despudoradamente disposições da legislação brasileira, para a adaptar aos intuitos inconfessáveis de membros decisivos de A Equipe. Entre elas, vão aqui apenas como ilustração, as constantes do artigo 8º do novo Código de Processo Civil: “ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do bem comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência”. Onde nos últimos dias se escondeu a preocupação com o bem comum? Com a dignidade? A obediência à razoabilidade?
Diante da aparente inutilidade de reagir, a tentação dos inconformados será a acomodação diante da inflexibilidade dos que conduzem a farândola demolidora. Quando não a adesão a soluções amalucadas. O caminho é outro: fugir do desânimo, lucidez e persistência na esperança, mesmo dentro da tragédia. Deus não abandonará um País fruto de tantas lágrimas. Como santo Agostinho, resgatado do descaminho pelo sofrimento e oração de santa Mônica, um dia brilhará para o Brasil aurora de enorme grandeza cristã.
PÉRICLES CAPANEMA - é engenheiro civil, UFMG, turma de 1970, autor do livro “Horizontes de Minas"
Alguns discípulos não reconheceram Jesus ressuscitado. Isso aconteceu, por exemplo, com Maria Madalena (João 20,15), com os discípulos quando estavam pescando (João 21,4) e com os dois discípulos no caminho de Emaús (Lucas 24,13-35). Fica claro, porém, que a fisionomia de Jesus era diferente nessas aparições.
Cristo ressuscitou com seu próprio corpo: “Vede as minhas mãos e os meus pés: sou Eu!” (Lc 24,39). Mas ele não voltou a uma vida terrestre como antes. O nosso Catecismo explica que o corpo de Jesus ressuscitado era o mesmo corpo dele:
“Jesus ressuscitado estabelece com seus discípulos relações diretas, em que estes o apalpam e com Ele comem. Convida-os, com isso, a reconhecer que Ele não é um espírito, mas sobretudo a constatar que o corpo ressuscitado com o qual Ele se apresenta a eles é o mesmo que foi martirizado e crucificado, pois ainda traz as marcas de sua Paixão. Contudo, este corpo autêntico e real possui, ao mesmo tempo, as propriedades novas de um corpo glorioso: não está mais situado no espaço e no tempo, mas pode tornar-se presente a seu modo, onde e quando quiser, pois sua humanidade não pode mais ficar presa à terra, mas já pertence exclusivamente ao domínio divino do Pai. Por esta razão também Jesus ressuscitado é soberanamente livre de aparecer como quiser: sob a aparência de um jardineiro ou “de outra forma” (Mc 16,12), diferente das que eram familiares aos discípulos, e isto precisamente para suscitar-lhes a fé” (n.645).
Com essas palavras a Igreja deixa claro que Jesus podia aparecer de maneiras diferentes (“como jardineiro ou outra forma”), já que seu corpo ressuscitado tem propriedades novas por não estar mais sujeito ao tempo e ao espaço. Isto significa que as leis da natureza já não tem mais poder sobre o seu corpo, por isso Ele pode entrar e sair do Cenáculo onde estão os Apóstolos, sem abrir a porta e sem rasgar as paredes; seu corpo já não ocupa mais espaço como antes. É agora como se vivesse de maneira “invisível”, embora pudesse se deixar ver quando quisesse.
Leia também: As provas da Ressurreição de Jesus
Quantas vezes Jesus apareceu após sua ressurreição?
A Ressurreição, mito ou realidade?
Quando São Paulo explica como será o nosso corpo ressuscitado, ele afirma que, da mesma forma, em Jesus “ressuscitarão com seu próprio corpo, que têm agora”; porém, este corpo será “transfigurado em corpo de glória”, em “corpo espiritual” (1Cor 15, 44): “Semeado corruptível, o corpo ressuscita incorruptível (…) os mortos ressurgirão incorruptíveis. (…) Com efeito, é necessário que este ser corruptível revista a incorruptibilidade e que este ser mortal revista a imortalidade” (1Cor 15,35-37.42.52-53).
Alguns levantam a hipótese de que os discípulos no caminho de Emaús, não o reconheceram porque o Senhor teria fechado os olhos deles para que não o reconhecessem, só permitindo isso na fração do pão. O evangelista São Lucas afirma que “os olhos deles estavam como que fechados, para que o não conhecessem” (Lc 24,16) e “abriram-se-lhes então os olhos, e o conheceram, e ele desapareceu-lhes” (Lc 24,31).
Parece-me, no entanto, que esta não é a melhor explicação, embora possa ser possível, uma vez que a Igreja diz no Catecismo que o seu corpo ressuscitado “pode tornar-se presente a seu modo, onde e quando quiser”, com outras aparências, “diferente das que eram familiares aos discípulos” (n 645).
De fato, diante de Jesus ressuscitado estamos perante um corpo em um estado novo que é completamente desconhecido da criação natural. A ciência não tem condições de explicar isso.
Outros alegam que os discípulos não o reconheceram por vários motivos, como incredulidade (Jo 20,24-25); decepção (Jo 20.11-15); pavor (Lc. 24,36-37); embaçamento da luz por ocasião da aurora (Jo 20,1,14-15), etc.. Mas essas hipóteses também não parecem ser as melhores, tendo em vista que a Igreja afirma que o não reconhecimento Dele foi “precisamente para suscitar-lhes a fé”; então, foi algo da vontade de Jesus mesmo e não de outras causas.
Há que se notar que em todos os casos a dificuldade em reconhece-Lo foi apenas temporário, em seguida o reconheceram; os discípulos em todas as aparições do Mestre estavam absolutamente convencidos de que se tratava do mesmo Jesus, no mesmo corpo físico que Ele possuía antes da ressurreição.
E, com esta certeza saíram pela mundo testemunhando corajosamente a Sua ressurreição, enfrentando as perseguições e até a morte sem medo, tal era a certeza e a alegria da ressurreição do Senhor. Isto foi a causa da força com que evangelizaram o mundo.
Jesus ressuscitou em glória. Não carregava mais nossas fraquezas nem enfermidades. Não estava mais desfigurado, e nem tinha mais a aparência de um condenado, nem era mais desprovido de beleza como disse Isaías (Is 52,13; 53,12). Isto pode, de certa forma, ter também dificultado de certa forma o Seu reconhecimento por seus discípulos, mas não foi a causa mais importante.
São Paulo diz que “o Senhor Jesus Cristo transformará o nosso mísero corpo, tornando-o semelhante ao seu corpo glorioso, em virtude do poder que tem de sujeitar a si toda criatura” (Fl 3.20). Só então poderemos saber exatamente como é corpo de Jesus ressuscitado.
FELIPE AQUINO - Escritor católico. Prof. Doutor da Universidade de Lorena. Membro da Renovação Carismática Católica.
Eu conheço uma história que é mais ou menos assim:
“Uma senhora muito elegante levou o marido enfermo a uma clínica e pediu que o médico o examinasse. Assim que terminou a consulta, em conversa particular, a esposa perguntou ao médico se o caso do seu companheiro era grave. Ouviu, então, a resposta:
- Pode ficar tranquila que ele sente apenas uma carência afetiva no casamento. Eu sei que a senhora é uma empresária de sucesso, viaja muito e quase não tem tempo para dedicar à família, mas, se quiser que ele sare, precisa começar a cozinhar pra ele, levá-lo pra passear, dormir sempre em casa e, assim, em uma semana ele estará bom.
Na saída do consultório, o marido quis saber dela o que o médico havia dito. E a esposa lhe respondeu:
- Ele disse que você vai morrer daqui a uma semana!”
Pois bem, quando não há comprometimento com o objetivo a ser alcançado, o resultado pode vir a ser o pior possível. Isso também acontece com a missão que recebemos de Deus: ou a abraçamos com amor e buscamos superar as dificuldades com dignidade ou fracassamos.
Eu sei que é tentar fazer ‘chover no molhado’ falar de oração e mostrar o ‘caminho das pedras’ para conseguir superar os problemas do dia a dia com tranquilidade, mas, como a minha missão neste espaço do jornal é evangelizar, vou insistir naquilo que já escrevi algumas vezes.
Geralmente dizemos que temos um problema quando existem vários caminhos para chegarmos à solução de alguma preocupação e não sabemos qual a melhor opção. Se isso acontece, será que refletimos o quanto a oração pode encurtar esses caminhos?
É comum estarmos atribulados com dezenas de compromissos de trabalho, pessoais e sociais, mas quase sem tempo às coisas de Deus. Na correria em que vivemos, a oração perde espaço e, em muitos casos, cai no esquecimento. Quando isso ocorre, realmente fica mais difícil a solução de qualquer tipo de problema.
Portanto, sem oração, ficamos desprotegidos para vencer o mal e – o que é pior! – desprezamos pedir para a Providência Divina guiar os nossos passos neste mundo cercado de pecados. De alguma forma temos que dar valor e sentido ao nosso comprometimento com a missão que o nosso Pai nos deu, não? E tudo começa com oração!
As dezenas de imagens de Nossa Senhora, dos anjos e dos santos que tenho em casa me fazem lembrar de rezar várias vezes ao dia e não somente quando ‘sobra tempo pra Deus’. Cada vez mais, quero aumentar a minha ‘coleção’ e me aprofundar na oração.
PAULO ROBERTO LABEGALINI - Escritor católico. Vicentino de Itajubá - Minas Gerais - Brasil. Professor Doutor do Instituto Federal Sul de Minas - Pouso Alegre.‘Autor do livro ‘Mensagens Infantis Educativas’ – Editora Cleofas.
Passou, há muitos anos, nas salas de cinema, filme, intitulado: “ O Mundo Cão”, onde se desenrolavam atos asquerosos e cruéis.
O realizador deveria ter chamado à “ fita”: “ O Mundo Homem”, porque só este, e nunca o cachorro, executaria tais cenas.
Dizia Pitágoras, que os animais tinham alma. Que me desculpe o matemático de discordar. Não tem alma, mas sentimentos: choram, amam, sofrem e são leais – se forem mentalmente sadios, – ao dono e a todos, que, com eles, convivem diariamente.
Embora haja dúvidas, se o cão sente remorsos, certo é, que têm arrependimento: humilhando-se e aproximando-se, de cabeça baixa e cauda caída.
Tive cachorro rafeiro, a pedido de minha filha, quando era pequena. Certa vez ralhei-lhe, seriamente, por ter roubado pedaço de queijo. Tentou morder-me.
Ao ver-me irritado, fugiu. Momentos depois, aproximou-se, submisso, parecendo ter remorsos pela atitude repentina
A amizade que nutrem por aqueles que, com eles vivem, é enternecedora.
Ao saírem, em passeio, com a família ou amigos dos donos, olham frequentemente para trás, para se certificarem se alguém se perdeu. É instinto de matilha – bem sei, – mas comove a dedicação.
Têm, em regra, a tendência de quererem dormir na cama, junto aos donos. O desejo reflete o afeto por aqueles que consideram ser seus protetores.
É o amor filial, que existe na criança, que ao acordar, pede para se deitar na cama da mãe.
O cão (mesmo adulto) não passa – como alguns humanos, – de criança. Sente especial prazer, estar junto ao corpo do dono, como a criança procura o da mãe.
É animal que gosta de conviver e dormir em companhia. Se é escorraçado da matilha, sente-se triste e desamparado.
Para ele, os humanos com quem vive, é a “ matilha”. Compete-lhe proteger e ajudar a defende-la, como se vivesse na vida selvagem.
Quando é abandonado, sofre imenso, já que o sentimento de gratidão está muito desenvolvido.
Não existem cachorros maus. O lobo, domesticado, em bebé, torna-se dócil, tal qual, como cão meigo; o que há, é caninos mal-educados.
Os cães – como fazem as crianças, aos progenitores, – tendem a copiar virtudes e defeitos dos donos. Se estes são agressivos, por certo, o cachorro é briguento.
Para concluir: quem não pode, por motivo económico, de espaço ou porque quer gozar plena liberdade, melhor é não ter a companhia de animal.
Mas, se adquiriu um, deve cuidar com respeito e muito amor.
Os animais não são filhos de Deus, mas criaturas criadas por Ele. Compete, a nós, cuidar do mesmo jeito, como sentimos a obrigação de proteger o nosso semelhante.
HUMBERTO PINHO DA SILVA - Porto, Portugal
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