17ª Domingo do Tempo Comum
Por motivo de férias, como tem acontecido nos anos anteriores, não será atualizado o blogue durante o mês de Agosto.
A Igreja Católica celebra no mês de agosto eventos comemorativos enfocando a FAMÍLIA com o objetivo de destacar sua importância como instituto jurídico e entidade religiosa, razão pela qual, vale ressaltar que um dos aspectos importantes para sua consolidação é o casamento, que ao contrário da concepção de inúmeras pessoas, deve ser efetivado com muito conhecimento de seus direitos e deveres.
Com efeito, além das preocupações com a casa e os móveis, o vestido e o terno – que não deixam de ter sua importância no contexto geral da - , o cuidado maior deve estar voltado à consciência profunda de compromisso a ser assumido através dele. É por isso que se diz que é um processo de autoconhecimento através do outro. Por isso ele é sacramento: pessoas se encontram na vida diante de Deus, através do outro que está mais próximo.
É importante na convivência a dois que a escolha do par se faça com maturidade, a lógica não deixa por menos o cultivo do bom relacionamento após as núpcias. As crises tão inerentes não desabarão sobre os casais que estiverem fundados sobre o binômio tão conhecido: “comunhão e participação”, que, por seu lado, pressupõe a primazia do diálogo, da co-responsabilidade e do respeito mútuo.
Em nossa carreira profissional pudemos constatar que muitos divórcios se efetivaram ao menor sinal de frustração ou cobrança. Faltaram aos consortes uma preparação mais sólida sobre a relevância, os efeitos legais e as responsabilidades advindas do matrimônio que não se revela apenas em momentos de prazer e de alegria. A despeito do amor e da intenção de viver bem, todos os que compartilham o cotidiano estão sujeitos a uma série de problemas. Para superá-los, os conjugues devem se esforçar permanentemente no sentido de preservarem valores como a cumplicidade, a solidariedade e honestidade em seus relacionamentos, que só se consolidarão, com uma concreta formação pré-matrimonial.
As diferenças de individualidades mais os preconceitos clássicos não podem ameaçar as uniões. É preciso afastá-los no período que as precede através de um recíproco conhecimento. O casamento também não pode ser concebido como uma apólice de seguro, pois as partes sabem que terão que enfrentar uma série de realidades muito concretas que reclama uma resposta séria, responsável e eficiente. Enlaces matrimoniais precipitados ou passionais, dificilmente propiciarão relações fortificadas. Daí a importância de um tempo de preparação que forneça aos futuros pares, noções fisiológicas, psicológicas e morais indispensáveis ao bom êxito da vida conjugal, mesmo porque a união estável oficial, como instituição social, necessita de pressupostos a fim de se estabelecer e perdurar.
Para que a aliança seja satisfatória e duradoura, a escolha do companheiro deve ser baseada na afeição e atração mútuas, com a complementação harmoniosa das personalidades. A simetria do casal requer um intercâmbio contínuo de amor iniciado no tempo de namoro. E o verdadeiro amor é aquele que traz a marca da partilha: o indivíduo sai de si mesmo, rompendo as barreiras que o separam do outro. É aquele que sabe perder para ganhar, dar-se para receber, renunciar para possuir, morrer para si, a fim de nascer para o outro e para os dois. O ser humano só será feliz quando compreender que a felicidade está em se doar e não se fechar em seu próprio egoísmo.
JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é advogado, jornalista, escritor e professor da Faculdade de Direito do Centro Universitário Padre Anchieta de Jundiaí. É presidente da Academia Jundiaiense de Letras (martinelliadv@hotmail.com)
Sei que o assunto é controverso, mas preciso dizer que eu me compadeço das pombas. Aparentemente elas são agora o alvo de muitas críticas e até mesmo de ódio coletivo. Há várias questões a considerar quanto à questão de saúde pública que envolve as pombas, mas também é preciso lembrar de que são seres vivos e que, como tudo que respira, lutam pela sobrevivência.
Minha história com essas aves vem de longa data. Ainda criança eu já me definira o meu lado: era uma aliada das pombas. Sempre foram delas as minhas migalhas, os meus restos de comida. Descoberto seu local de ninhos, era comum que eu lá subisse para olhar e pegar os pequenos ovinhos brancos. Quando os pequenos filhotes nasciam, eu sempre estava por perto para deles me enamorar.
Meu avô muitas vezes me perguntava se tinha ovos lá encima do forno, na parte externa, ao que eu respondia que não. Muitas foram as vezes nas quais eu os escondi, evitando que fossem quebrados para conter a população de pombas cinzas, brancas e pretas. Quando as pequenas aves emplumavam eu me dava por vitoriosa, pois ninguém mais teria coragem de fazer-lhes qualquer mal.
Acredito que muitos que agora leem esse texto irão pensar que tenho sido inconsequente, mas não serei hipócrita ou mentirosa. Não há um só lugar no qual eu esteja comendo que, havendo pombas (ou qualquer outro pássaro) por perto que eu não lhes destine pedaços de pão ou qualquer alimento que me esteja à mão. Simplesmente sou incapaz de agir de forma contrária.
Não sou, contudo, indiferente a tudo o que se diz de ruim sobre as pombas. Muito pelo contrário, antes de mais nada, busquei me informar, através de vias confiáveis, se tais aves são mesmo as vilãs da vez, propagadoras de toda espécie de doenças, “ratos de asas” ou coisa que o valha. E o que encontrei não as condena liminarmente. Muitos aspectos devem ser considerados, mas não se pode imputar às pombas muitas das mazelas que decorrem da falta de higiene da população e da ausência de políticas públicas adequadas.
Quando a sujeira impera, quando outras aves mais frágeis e predadores sucumbem pela falta de espaços verdes, as aves mais resistentes e adaptadas ao caos urbano como as pombas, acabam se multiplicando de forma desordenada. Como qualquer grupo populoso, produzem excrementos que, se não lavados, podem servir de vetores para doenças.
Claro que não me qualifico para poder opinar de forma técnica sobre o tema, mas me parece que o tem comporta, no mínimo, discussão, com direito ao contraditório. Por ora, até provas científicas em contrário, advogo para as pombas. Em verdade, parece-me que quase ninguém se compadece delas.
Símbolos de paz utilizam a imagem dessas aves marginalizadas, mas ninguém recolhe ou trata (com raríssimas exceções) daquelas que se machucam e que ficam pelas calçadas agonizando. São praticamente invisíveis. Enxotadas de quase todos os lugares, parecem, de forma que julgo injusta, serem meros estorvos, coisas que se movem debilmente.
Dias atrás eu me sentei para almoçar nas dependências de uma universidade. Notei que algumas pombas ficavam por ali, esperando os restos de comida esquecidos pelo chão. Para meu absoluto espanto vi que quase todas que ali estavam eram mutiladas ou apresentavam defeitos genéticos nos pés. Algumas não os tinha, mas somente andavam sobre tocos. Outras tinham um dos pés somente, com o outro composto por uma massa disforme.
Não sei se ficam assim por conta de linhas de cerol, por defeito genético ou por pousarem em fios de alta tensão, mas me entristece vê-las assim, capengando por um mundo indiferente e cruel. Impressionante como conseguem se equilibrar, como se locomovem ignorantes de um mundo que basicamente lhes despreza. Sinto muito por quem discorda, mas prefiro as pombas.
CINTHYA NUNES VIEIRA DA SILVA - Advogada,professora universitária, membro da Academia Linense de Letras e escritora. São Paulo
Nas vivências do envelhecer, em meio à sabedoria, há um traço de amargura.
Estava parada no semáforo e observei um senhor que acabara de atravessar a Rua Torres Neves da Praça São José para a calçada da Rua Rangel Pestana, em frente à Galeria Bochino. Um pouco alquebrado e de cabeça protegida pelo frio por uma boina xadrez. Meu pai tinha uma dessas. Recordar-me de meu pai me faz sorrir, sem perder a dor da saudade. Demorou mais do que deveria o seu acesso à calçada. Tentava e retornava à sarjeta. Dois ônibus tinham acabado de estacionar, os passageiros seguiam apressados e o senhor, para eles, me parecia invisível. Notei que temia, ao subir na calçada, que alguém esbarrasse e o derrubasse. Em lugar de priorizar o espaço dele, preferiram o andar alucinado que nubla os olhos. Que coisa! Sei desses medos, pois minha mãe os possui, até mesmo na fila da Comunhão.
Na velhice, as pessoas, para determinados, se tornam despercebidas ou pesadas, estorvos ou minúsculas. É o tempo em diminuem as possibilidades de sugar delas interesses escusos. Encontram-se desfeitas de lucros e serviços para terceiros. Titubeiam no andar, no enxergar, no ouvir e, muitas vezes, também na lucidez. Mas são por inteiras; são o resultado do que viveram e do que experimentaram durante décadas. São destinadas a um canto empoeirado da casa, a um quarto de despejo, à distância de seu aconchego, em um depósito de idosos ou numa clínica que, por melhor que seja, não possui o cheiro e o abraço de seu lar. Não cabem, entretanto, na alma de gente de sangue e de desconhecidos. Tornam-se tão insignificantes que podem representar apenas o risco de um tropeço. Que horror! A falta de comunhão com os idosos, que carregam claridades de suas descobertas e práticas, retira de nosso meio o saber que fortalece e dá sentido à caminhada.
Infeliz o coração enrijecido que encolhe o idoso e se sustenta no pedestal de barro de sua soberba.
MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE -
Professora e cronista. Coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher – Santa Maria Madalena/ Magdala. Jundiaí, Brasil.
“fez-se primavera em agosto –/ eu me lembro:/ foi um escândalo/ pois nem era ainda setembro!/ da mesma maneira súbita/ rompeu/ floriu meu mundo/ sozinha enchi um vaso vário/ ao frenesi deste ovário/ renovado/ fecundo/ nada mais é o mesmo/ nada se repete/ não repito uma sentença/ nem por isso minto/ apenas difiro no que sinto/ e sinto que a alma é frase imensa/ em que não cabe porém/ a complexidade do que se pensa/ o meteoro da entrelinha/ o vocábulo-além enfim/ como eu agora/ olhando-me de fora/ não caibo mais em mim”.
Por isso há muito, inclusive, pelo que chorar. Porque equivalente ao ganho há a perda.
Sobretudo se não existe troca; se só há pressa; só o gozo individual, egoísta e impessoal. O de praxe.
Temos nisso, aliás, sido clássicos no pior sentido. Temos buscado mesquinharias momentâneas às quais, por conseguinte, limitadas vão nossas conquistas.
Teimosamente ainda espero mais. Apesar de ir topando com tão pouco!
Viver não é isso?: ter esperança?
O ideal seria, não obstante esperarmos, sermos menos desesperados!
Mas, intentamos tanto a felicidade – de cuja invenção bastar-nos-ia tirar o ímpeto da busca em si –, que acabamos forjando-a, e contentamo-nos com essa coisinha reles.
Contamos a nós mesmos mentira sobre mentira: “invenção é dizer que a felicidade foi inventada”.
Então vamos passando, evaporando, esvaindo, esvanecendo, esquecendo e esquecendo-nos de que de tão apavorados acabaremos exatamente repetindo de novo e sempre de novo e sempre o mesmo erro: esquecer que “de novo e sempre” é igualmente ficção.
Antes nascêssemos poemas! Aqueles se mantêm belos, já que tal e qual os sonhos não envelhecem.
Contudo, o papel em que os escrevemos, estes amarelecem. Idem as telas dos computadores que sucessivamente viram obsoletos.
Até a inspiração à vista d’olhos muda. Mudou com a guerra. Mudou com a máquina.
Nós também.
E, caso sigamos olvidando a essencial identidade, sobrar-nos-ão carne, ossos, cabelos, pele, costas, pernas, pés, braços, dentes, unhas...
Restar-nos-á matéria.
Faltará, todavia, matéria-prima emocional capaz de às mãos transmitir a emoção perdida.
E o coração não mais a ditará.
Enquanto isso, aquela primavera esquecida murchará na memória.
Valquíria Gesqui Malagoli, escritora e poetisa, vmalagoli@uol.com.br
Você pode ficar doente por causa de seu celular. E não está a se pensar na dependência, na fixação ou vício, sintomas psicológicos de anomalia. O problema é o número de bactérias encontrado em cada aparelho.
A bióloga Rosana Siqueira, da UniMetrocamp Wyden, testou a quantidade de microorganismos encontrada em mobiles. Encontrou cerca de 23 mil bactérias em algumas das 10 amostras analisadas. Entre elas, a staphylococcus aureus, causadora de conjuntivite e infecção de garganta, a shigella, que leva a disenteria, além de coliformes fecais.
Gente com o sistema imunológico saudável pode não se contaminar, nem ficar enfermo. Porém os grupos de risco: crianças, idosos, grávidas, os doentes com imunidade afetada, podem contrair moléstias até graves por uso de celular contaminado.
Com a mania que hoje os pais têm de entregar celular para crianças cada vez mais novas, o perigo aumenta. As crianças levam imediatamente o telefone à boca. Depois para o chão. E outro perigo é entrar com o mobile no banheiro. Os microorganismos estão ali e vão se alojar no aparelho.
Outro lugar de intensa contaminação é a academia de ginástica. Quem coloca o aparelho no chão corre o risco de trazê-lo com uma carga imensa de bactérias causadoras de enfermidade.
Outras coisas que contaminam e que nem sempre merecem nossa atenção: a tábua de cortar carne. Mais de 130 mil bactérias por amostra em tábuas de madeiras. Muitas delas causadoras de infecções.
A mais perigosa é a esponja de cozinha, aparentemente inofensiva, mas com 700 milhões de bactérias após o uso de quinze dias. A simples esponjinha pode causar febre, pneumonia e diarreia, entre outras doenças.
Os fontes de ouvido também carregam dez mil micro-organismos, dentre eles os causadores de infeções e conjuntivite.
O bom mesmo é não precisar usar nada disso. Mas quem é que hoje consegue se afastar do seu celular? Há crises de abstinência já registradas e parece que ele chegou para ficar. Então o negócio é limpar. Passar álcool, depois um pano seco ou um lenço de papel. E fazer isso todas as noites. Não é só de vez em quando…
JOSÉ RENATO NALINI é desembargador, reitor da Uniregistral, escritor, palestrante e conferencista
Em prédio alto, vários andares, colunas e vigas de concreto, trincas de alvenaria enfeiam, porém não ameaçam a estabilidade. Trincas na estrutura, em especial a corrosão nas armaduras, não reparadas, podem causar o desmoronamento do edifício.
Desde os anos 40 do século passado as potências contrárias ao totalitarismo (comunismo, em outra palavra) constituíram estrutura de poder, baseada em acordos internacionais, que impediu parte do mundo de afundar na escravidão (alguns países imergiram). Tal estrutura teve como esteio os Estados Unidos. Ao lado, em posição preeminente, Inglaterra, Japão, Alemanha, França, outros ainda. Sua coligação mais forte foi a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte). O Japão, por óbvio, dela não participa, mas exerce função análoga no oriente.
Para vários desses países, havia a questão premente da reconstrução. E o acordo tácito de cavalheiros ▬ no miolo da confiança mútua ▬, foi, reconstruímos o país, os Estados Unidos cuidam da defesa para nós. Em troca, agiremos como aliados muito próximos. O episódio mais simbólico desse longo período foi a visita de John Kennedy a Berlim, junho de 1963, no meio de gravíssima crise entre União Soviética e Estados Unidos, quando o mandatário norte-americano proclamou em discurso: “Ich bin ein Berliner” (sou um berlinense). Podem ficar tranquilos, os Estados Unidos cumprem compromissos. Pacta sunt servanda.
Após o fim da União Soviética, apareceram outros adversários da aliança ocidental, como as políticas expansionistas (quase um eufemismo, melhor seria, imperialistas) da Rússia e da China. A aliança comandada pelos Estados Unidos continua a garantia maior contra a queda na tirania e barbárie. Em que pé está a aliança ocidental? Ou, mais ao ponto, como está a confiança mútua?
Estará viva na medida em que vigorarem os tratados que a constituem. Vigorarem, tiverem vigor. Atrás da letra dos acordos, relevância maior tem a comunhão de aspirações, os interesses comuns, a sensação fundada de que nada mudou. A letra mata, o espírito vivifica.
Como em um casamento, sob tantos aspectos um contrato, vale mais a confiança mútua que a tinta dos papeis assinados. As primeiras trincas na confiança entre os esposos podem anteceder por anos o dia em que rasgarão contenciosamente o contrato nupcial. No caso de países, por décadas. Infelizmente estão visíveis as trincas nas relações entre a Comunidade Europeia e os Estados Unidos. Fica a pergunta: serão na alvenaria? estarão na estrutura?
Em café da manhã na capital belga, em meio a dignitários dos Estados Unidos e da Europa, presente imprensa, Donald Trump afirmou: “O que tenho a dizer é muito triste. A Alemanha faz um gigantesco contrato de petróleo e gás com a Rússia e nós devemos proteger a Alemanha contra a Rússia. A Alemanha paga bilhões de dólares por ano à Rússia. Assim, os Estados Unidos protegem a Alemanha, protegem a França, protegem todos esses países. E muitos desses países celebram contratos de óleo e gás com a Rússia em que pagam bilhões de dólares à Rússia. Assim, devemos protegê-los contra a Rússia, mas eles estão pagando bilhões de dólares à Rússia. Penso que não é correto. No fim, a Alemanha terá quase 70% do país controlado pela Rússia por meio do fornecimento de gás. A Alemanha está totalmente controlada pela Rússia. Eles obterão entre 60% e 70% de sua energia da Rússia. Devemos proteger a Alemanha da Rússia. Por que ela está pagando bilhões de dólares à Rússia? A Alemanha está cativa da Rússia. Vocês estão enriquecendo a Rússia”.
Trump deseja que a Alemanha ponha mais dinheiro na defesa própria. Que façam o mesmo outros países europeus. Aliás, muitos deles já firmaram compromisso a respeito. O Presidente alega, estão ricos, podem gastar mais com sua proteção. O argumento soa convincente, é assunto a ser discutido. Contudo, dessa forma, em público? Parecendo um pito na quarta maior economia do planeta, um país de enorme importância, qualificado por aliado, com poucos véus, de protetorado de potência adversária? Poucos dias antes Donald Trump, de forma inesperada, havia afirmado, os “piores inimigos” dos Estados Unidos muitas vezes são os ditos “melhores amigos”.
Obviamente, as palavras do café da manhã foram rebatidas em público pela chanceler Angela Merkel. Houve problemas parecidos, embora de menor gravidade, com Therese May. Trincas.
O que está oculto nos entreveros? Claro, há um assunto econômico a ser resolvido e existem obrigações financeiras diferentes, nascidas de circunstâncias novas. Acima delas, em geral oculta, paira a questão da liderança natural, nascida dos fatos, que coloca os Estados Unidos com deveres especiais inegáveis. Que, diga-se de passagem, via de regra não quiseram eludir no passado, evitando quase sempre o isolacionismo suicida. Bem compreendidos, tais deveres podem ser considerados decorrência direta de um “manifest destiny” ▬ tantas vezes entendido de maneira torta ▬ dos Estados Unidos no século passado e no presente. Noblesse oblige.
PÉRICLES CAPANEMA - é engenheiro civil, UFMG, turma de 1970, autor do livro “Horizontes de Minas".
Infelizmente, muitas vezes, nos perdemos pelos muitos caminhos deste mundo, porque, por orgulho ou por teimosia, insistimos em andar por onde queremos e não pelo caminho que Deus quer que sigamos.
O caminho de Deus pode não ser o mais fácil, ou o mais curto, mas com certeza, Ele nos leva pelos caminhos mais acertados. Como é desagradável em uma longa viagem errarmos o caminho! Incrível, como o lugar desejado nunca parece chegar.
A nossa vida na fé também é assim. Se não nos deixamos guiar por Deus, erramos o caminho, e nos atrasamos para alcançar o que tanto desejamos: a verdadeira felicidade.
É muito fácil rezar com o salmista o salmo 22:
“O Senhor é meu pastor, nada me faltará.
Em verdes prados ele me faz repousar.
Conduz-me junto às águas refrescantes, restaura as forças de minha alma. Pelos caminhos retos ele me leva, por amor do seu nome.
Ainda que eu atravesse o vale escuro, nada temerei, pois estais comigo. Vosso bordão e vosso báculo são o meu amparo.
Preparais para mim a mesa à vista de meus inimigos. Derramais o perfume sobre minha cabeça, e transborda minha taça.
A vossa bondade e misericórdia hão de seguir-me por todos os dias de minha vida. E habitarei na casa do Senhor por longos dias”.
No entanto, parece que não é tão fácil assim de viver. Será que estamos deixando que Deus nos guie? Qual voz temos escutado? A voz do nosso egoísmo, a voz do mundo ou a voz do nosso pastor?
Leia também: Como Deus guia o mundo e a minha vida?
Qual a vontade de Deus para minha vida?
Nossa primeira vocação: A Vida
Jesus disse: “Eu sou o bom Pastor. Conheço as minhas ovelhas e as minhas ovelhas conhecem a mim, como meu Pai me conhece e eu conheço o Pai. Dou a minha vida pelas minhas ovelhas” (Jo 10, 15). Para seguir o Pastor são necessárias duas coisas: Escutar sua voz e confiar, abandonar-se aos seus cuidados.
Para escutar a Deus é preciso intimidade com Ele. Será que temos buscado estar com o Senhor? Com que frequência? Como está a nossa vida de oração? Nossos ouvidos e coração estão atentos aos Seus chamados?
Para abandonar-se é preciso acreditar nisso: Deus nos conduz em nossa caminhada para Ele. É Ele mesmo quem realiza em nós a santificação; não temos poder para guiar a nossa santificação. Só Deus sabe o caminho que temos de trilhar para chegar nela; e Ele nos leva por esse caminho quando nos abandonamos confiantes em Suas mãos.
A nós cabe nos entregar dóceis em Suas mãos como o barro nas mãos do oleiro, como ovelhas nos braços do Pastor, como a criança que é leva pelo pai, segurando em sua mão; sem perguntar o que Ele está fazendo conosco. Isso é abandonar-se em Deus. Nós não sabemos o que precisamos, muito menos qual é o caminho melhor a seguir; só Ele sabe por que nos criou e teceu cada fibra de nosso ser no ventre materno, como diz o Salmo 138.
Padre Joseph Schrijvers, autor de um livro fabuloso intitulado “O Dom de si”, insiste nisso: “Viver cada instante o dom de si, é um ato de amor a Jesus a cada momento, acolhendo sem questionamento, o que o Artista divino está fazendo”. Precisamos aprender a nos abandonar nos braços do Pai a cada dia. É um exercício de fé.
Podemos comparar o abandonar-se em Deus com o que Michelangelo fazia com um bloco de pedra. Ele dizia aos seus alunos, ao ensiná-los a trabalhar com arte escultural: “Aí dentro tem um anjo, vamos colocá-lo para fora. Vamos tirar com o cinzel, carinhosamente, o que está sobrando”. E o mármore precisa ficar quietinho e aceitar todas as batidas do Artista. É a obra de Deus em nós. Só um coração que ama a Deus entende e aceita tudo isso.
Engraçado como até na gramática não costumamos usar “abandonar-se” como verbo reflexivo, ou seja, quando o sujeito pratica e recebe uma ação. Não é comum abandonar a si mesmo. No entanto, na caminhada na fé, a linguagem é diferente. A gramática de Deus é outra. Para fazermos a vontade de Deus, e não nos perdemos pelo caminho, é preciso abandonar a nós mesmos para confiar única e exclusivamente nas mãos de Deus que é Pai, é Pastor. Isso exige de nós atitudes de fé, confiança, humildade e perseverança, para que diante das muitas adversidades que enfrentamos na vida, não esmoreçamos; ao contrário, que possamos sentir a verdadeira paz de quem realmente acredita que Deus está cuidando de tudo. Pois um bom Pastor, jamais deixaria sua ovelha se perder.
FELIPE AQUINO - Escritor católico. Prof. Doutor da Universidade de Lorena. Membro da Renovação Carismática Católica.
Graças ao nosso batismo, nos tornamos templos do Espírito de Deus! Dá para imaginar o que isso significa em nossas vidas? Certamente, para a maioria das pessoas que fossem consultadas, usando de sinceridade responderiam: “não”. Pelo menos é assim que muitos se comportam: convivendo diariamente com o pecado.
Eu sei que todos nós somos pecadores e também não me julgo santo – quem me dera! –, mas, se cada filho de Deus quisesse realmente que o Espírito Santo nele habitasse, não se esforçaria um pouco mais para isso?
É comum ouvir palavrões a todo instante em recintos públicos ou até mesmo nas redes abertas de televisão. Embora isso não seja um pecado mortal, também não é importante para a nossa sobrevivência. Quem usa um ou outro palavrão na sua comunicação, deveria refletir melhor sobre o mau exemplo que dá à sociedade e, até mesmo, àqueles que não gostariam de ouvir aquilo naquele momento – inclusive o Espírito Santo!
Se apenas este parágrafo anterior fosse colocado em debate, com certeza, causaria muita polêmica porque muitos diriam que falam palavrões apenas nos desabafos e sem nenhuma intenção maldosa. Na minha opinião, mesmo assim, poderiam evitá-los e, com o tempo, substitui-los por outros termos mais adequados.
Eu fui aos poucos me educando nesse sentido e não me arrependo. Aliás, porque me arrependeria de me comunicar segundo Jesus Cristo espera que eu o faça? Hoje, não consigo me comportar indignamente sabendo que estou magoando a minha Mãe Santíssima que tanto me ajuda! Se, um dia, espero estar junto de Jesus e de Maria no Céu, sei que preciso começar a me preparar para isso aqui na Terra o quanto antes – e já perdi muito tempo!
Como não entrei nesse caminho sozinho (sempre dou graças a Deus por permitir que eu me relacione com pessoas de bem das comunidades católicas), sugiro que cada um que ler este artigo se espelhe em ‘alguém mais puro’ – para, assim, melhorar a sua vida. O ideal seria se esse alguém fosse um religioso ou uma religiosa, mas, mesmo sendo leigo(a), pode e deve servir como espelho de vida cristã.
Saiba também que quando algum pecado tentar você insistentemente, é preciso que se confesse, comungue e reze um pouco mais para se livrar do mal que procura entrar na sua vida. Aliás, se no mesmo dia em que você se confessar e comungar, também oferecer pelo menos um Pai-Nosso e uma Ave-Maria ao Papa e rezar um Terço (ou participar de uma Via-sacra, ou refletir na Palavra de Deus por trinta minutos etc.), ganhará indulgência plenária (remissão da pena temporal devida). Se tiver dúvidas nesse sentido, peça uma orientação ao seu vigário.
Portanto, ser templo do Espírito Santo é uma missão muito séria e devemos nos comprometer com a purificação do nosso corpo e da nossa alma para que Ele possa habitar em nós vinte e quatro horas por dia! Como? Fugindo dos pecados e praticando obras de caridade que fortaleçam o Reino de Deus entre nós.
Para quem nunca tentou, é muito fácil: basta ter amor no coração e querer morar no paraíso... santamente, alegremente e eternamente!
PAULO ROBERTO LABEGALINI - Escritor católico. Vicentino de Itajubá - Minas Gerais - Brasil. Professor Doutor do Instituto Federal Sul de Minas - Pouso Alegre.‘Autor do livro ‘Mensagens Infantis Educativas’ – Editora Cleofas.
Brian J. Grim esteve em Portugal. Grim é o Presidente da: “Religious Freedon & Business Foundation”.
A revista “ Sábado”, entrevistou-o. Entre as perguntas que lhe fez, houve uma, que valeu a seguinte resposta:
“ O impacto da religião é visível em vários sectores, quer se trate de uma mesquita, igreja, sinagoga ou templo. Nas maiorias cristãs, sobretudo as igrejas tornaram-se centros não só de culto, mas de outras atividades com impacto económico. Muitas igrejas têm escolas, centro de assistência social e desportivo. Isso implica salários, conta de eletricidade e luz e tantas outras coisas que é preciso gerir. Há um estudo que diz que se uma igreja ou uma congregação religiosa sair de uma cidade, o bairro onde está instalada entrará em declínio económico na década seguinte. Nos EUA, as pessoas visitam três vezes mais igrejas do que museus, quando querem apreciar arte – “ Sábado” 16 a 22 de Dezembro de 2017.
Grim, como alguns responsáveis pelas Confissões religiosas, parece preocupar-se mais com a igreja material, do que A espiritual.
Alguns sacerdotes estão mais interessados na promoção social, do que difundir o Evangelho, e levar almas a Cristo.
Pastores há, que vivem de congresso em congresso; que misturam: religião com política; vivendo do dizimo, e das doações dos crentes, quase sem evangelizarem.
O sacerdote deve viver do altar (Iº Co:9,13). Receber o bastante para que nada lhe falte; mas não para adquirir: viaturas topo de gama, aviões e luxuosas residências.
Quando andava a recolher dados biográficos de Diogo Cassels – pastor anglicano, que não foi canonizado, porque não era católico, – falei com jovem sacerdote para obter informações sobre o Sr. Dioguinho (Diogo Cassels); e fiquei a saber, durante a conversa, Que, como o Sr. Dioguinho, também ele nada recebia da Igreja. Como Professor, tinha o bastante para seu sustento.
O dinheiro do crente, não pode servir para se viver, em almoços de “ serviço”, e em hotéis de cinco estrelas; mas para cuidar necessitados e atividades evangélicas.
Era assim que Fr. Bartolomeu dos Mártires, pensava. Diz Frei Luís de Sousa – um dos nossos melhores clássicos, – que o Arcebispo, dizia a quem o censurava de sovinice:
“ Do casal que herdei de meu pai posso dispor à minha vontade. Enriquecer o meu sangue com o alheio, que são bens da Igreja, deputados somente pera obras pias, não sei teologia que aconselhe nem consinta – “ Vida de D. Fr. Bartolomeu dos Mártires”, de Frei Luís de Sousa. Edição da Sá da Costa, 1946 - Volume II, Cap. XXV, Pág.: 174.
Infelizmente nem todos são como o Arcebispo, se o fossem, o cristianismo estava mais expandido, e a evangelização era mais convincente.
Todo crente, dentro das suas posses deve auxiliar a Igreja. Sem dinheiro, a evangelização torna-se difícil. Meio fácil, e sem custo, é doar no Imposto de Renda, a percentagem que o Estado oferece às comunidades religiosas. Quantos católicos contribuem, por esse meio?
Uma percentagem ínfima. Grande parte “ esquecem-se” de o fazer.
Há católicos, que “ choram”, os contributos anuais para a paróquia. Em regra, dá-se o que se quer.
Conheço crente, que vive no interior; quando solicitado para pagar a côngrua, responde: “ Para o padre nada dou! …” E vive na abastança e grande luxo!...
Em conclusão: se sacerdotes há, que vivem como nababos. Há, igualmente, fiéis, que pouco se preocupam com a divulgação da Palavra.
Por tudo isso, é que, decorridos mais de dois mil anos, o cristianismo ainda não chegou a todos…e até está regredindo em muitos países.
HUMBERTO PINHO DA SILVA - Porto, Portugal
JORGE VICENTE - Fribourgo, Suiça
Palavra do Pastor, com Dom Vicente Costa,
bispo diocesano de Jundiaí
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ESCAPULÁRIO, OBJETO SANTO, MAS NÃO MÁGICO
( PARTE 1)
Entres os títulos que carinhosamente são dados a Maria, Mãe de Jesus, se encontra o de Virgem do Carmo, ou Nossa Senhora do Monte Carmelo, cuja festa se celebra dia 16 de julho. Tal apelativo tem fundamentos bíblicos, históricos e pertence, de alguma forma, ao Magistério da Igreja, porquanto muitos papas legislaram e deram frutuosas orientações sobre ele.
Em primeiro lugar recordemos que a palavra “Carmelo” tem origem na língua hebraica, o idioma de Jesus, mesmo se, conforme estudos recentes, ele falasse corriqueiramente o dialeto aramaico. Porém o aramaico era um linguajar somente falado, não escrito. Os textos da thorá e dos profetas eram escritos em hebraico e Jesus os lia (cf Lc 4, 14-20).
A palavra Carmelo é junção de dois termos hebraicos: “Carmo” que significa “vinha”, e “El” que significa “Deus”. Portanto, Carmelo se traduz por “Vinha de Deus”, ou “Jardim de Deus”. Carmelo é um monte que está no norte do território de Israel, onde viveu o Profeta Elias e alguns discípulos seus, por volta dos anos 900 a 850 antes de Cristo. Tem, ao seu lado oeste, o Mar Mediterrâneo, numa beleza sem par. O Rei Salomão quando quis elogiar a beleza da esposa exclamou: “Tua cabeça é tão bela quanto o Carmelo e teus cabelos têm a cor da púrpura” (Ct 7, 6).
Sobre este soberbo monte de cerca de 600 metros de altitude, se passou o famoso episódio da chuva que, pela oração de Elias, depois de um longo período de seca, caiu abundante sobre as terras da região, tirando o povo do perigo de morrer de fome, por falta de víveres para as pessoas e os animais. Antes, porém de descer a generosa precipitação atmosférica, uma pequena nuvem, do tamanho do punho de um homem, anunciou a grande alegria para o povo sedento. Chegou a salvação para suas lavouras e seus animais (Cf I Reis 18, 43-45).
A Igreja sempre viu na figura desta nuvem da qual caiu a benfazeja chuva salvadora, a prefiguração de Maria, da qual nasceu o Redentor da humanidade, Jesus Cristo, Nosso Senhor. Interessante observar que, quando Deus criou o organismo feminino, colocou dentro dele o útero, o santuário da vida, que tem, em seu estado natural, o tamanho de um punho e que, ao se desenvolver nele a criança, vai se elastificando num movimento de muita beleza e precisão para proteger o ser que nele cresce.
Na Idade Média, um grupo de anacoretas foi morar sobre este monte e entre seus eremitérios construíram uma capela dedicada à Mãe de Jesus que passaram a chamar de Nossa Senhora do Monte Carmelo, ou Nossa Senhora do Carmo.
Perseguidos por mulçumanos que desejavam destruir todos os sinais e vestígios de Cristo, tiveram que fugir para Europa, encontrando abrigo na Inglaterra, onde foram acolhidos e passaram a ser chamados de carmelitas, tendo sido constituídos, mais tarde, em Ordem Carmelitana. Porém, também aí, tal Ordem religiosa passou por terríveis momentos de incompreensões, perseguições, problemas externos e internos ao ponto de se ver ameaçada de extinção. Necessitados de boa direção, foi eleito Prior Geral, o Padre Simão Stock, um Sacerdote contemplativo que havia aderido a Ordem. Homem de muita oração, profundidade mística e teológica, também suplicou a misericórdia de Deus em favor de seu povo, tal como Elias em Israel, para que viesse a sair dos perigos que os ameaçavam.
Quando se encontrava em oração, no dia 16 de julho do ano de 1251, teve, em experiência mística, a visão da Mãe de Jesus, trazendo nos braços o Menino Deus, e lhe entregou o escapulário, prometendo proteção diante dos perigos e garantindo a salvação eterna, conquistada por seu Divino Filho na cruz, àqueles que o trouxessem consigo até a hora da morte, obedecendo aos mandamentos divinos. Foram as seguintes as palavras ditas por Maria ao Monge: "Este será o privilégio para ti e todos os carmelitas; quem morrer vestido do escapulário, se salvará".
Quanto ao termo “Escapulário”, a etimologia nos remete ao conceito de proteção, sendo uma peça do vestuário medieval, destinada a cobrir o peito e as costas, partindo dos ombros. O vocábulo vem do latim scapula-arum, que significa ombro, costas, espaldas.
Prosseguiremos semana que vem.
Dom Gil Antônio Moreira
Arcebispo Metropolitano de Juiz de Fora
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NOTÍCIAS DE PORTUGAL
(Jornal " A Ordem" 26/07/2018)
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Horário das missas em, Jundiai ( Brasil):
Horário da missas em São Paulo:
Horário das missas na Diocese do Porto(Portugal):
http://www.diocese-porto.pt/index.php?option=com_paroquias&view=pesquisarmap&Itemid=163
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O Dia Nacional do Escritor, 25 de julho, foi instituído no Brasil por decreto governamental, em 1960, após o sucesso do I Festival do Escritor Brasileiro, organizado naquele ano pela União Brasileira de Escritores, por iniciativa de seu presidente, João Peregrino Júnior, e de seu vice-presidente, Jorge Amado. Trata-se de uma data de grande importância, pois se constitui numa justa reverencia a todos aqueles que receberam o dom de transcrever em palavras, relatos, histórias, fantasias, sentimentos e vivências, propiciando-nos entretenimento e formação.
São os grandes responsáveis pelo avanço no desenvolvimento da sociedade em todos os aspectos, até no de construir sonhos, sem os quais a vida não tem quase nenhum encanto. E, apesar dos avanços tecnológicos e com a utilização plena e quase total da internet, continuam fiéis ao nobre ofício de escrever, perpetuando assim nossa história, nossas tradições e nossa cultura.
Desde a Antiguidade, a obra literária é a grande companheira do ser humano, que através dela, pode adquirir os mais diversos conhecimentos. E em nosso país, cujo maior desafio neste século é apagar os vestígios indesejáveis da ignorância, da injustiça e miséria, sua relevância é nítida. E um dos aspectos para que tal quadro se instale é possibilitar o acesso de todos à educação que tem nos livros e nos autores, seus maiores instrumentos de consolidação.
Tanto uns, como outros são necessários à efetivação educacional que se pretende para o desenvolvimento do país. E ambos sempre se reciclam, mantendo-se vivos, apesar de todas as dificuldades impostas pelo consumismo desenfreado e pela comunicação virtual. Vale aqui invocarmos o escritor francês André Gide que escreveu:- “Todas as coisas já estão ditas, mas como ninguém escuta, é preciso recomeçar sempre”. O catarinense Emanuel Medeiros Vieira assim se expressou:- “E o ofício de escrever é um eterno recomeçar; lutar com palavras mil rompe a manhã para usar a expressão do poeta brasileiro Carlos Drummond de Andrade. Creio que travamos, através da linguagem, o que Thomas S. Eliot, poeta norte-americano chamou de “combate intolerável com as palavras” que “se esticam, racham, escorregam, perecem!”.
Avós, força estabilizadora dentro do lar
Em homenagem a Santa Ana, mãe de Nossa Senhora e avó de Jesus, comemora-se a 26 de julho, terça-feira, o Dia da Vovó. Uma data especial já que avós merecem consideração e respeito, pois já viveram muito, possuem grande experiência de vida e podem transmitir muitos ensinamentos a todos de sua família. A maioria se constitui num grande exemplo de trabalho, de honestidade, de paciência, de fé, de firmeza e principalmente de muito amor. Às vezes, revelam-se em força estabilizadora dentro do lar, em exemplos reais de superação humana e em arquivos imensos de bons conselhos.
JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é advogado, jornalista, escritor e professor na Faculdade de Direito do Centro Universitário Padre Anchieta de Jundiaí. É presidente da Academia Jundiaiense de Letras (martinelliadv@hotmail.com)
Desde que me conheço por gente, sempre tive certeza de que, quando crescesse, seria escritor. Já na escola primária eu sabia que nasci para escrever, e que só sobreviveria cumprindo suada e esforçadamente os requisitos que o Ministério da Fazenda exige para se poder pagar Imposto de Renda na categoria "Profissional das Letras"...
Essa vocação sempre foi clara para mim, nunca tive a menor hesitação a respeito. Confesso que tenho muita dificuldade para compreender certos jovens que, às vésperas do vestibular, se põem a procurar critérios para a escolha de uma carreira, ou de uma área de atividades.
Ainda não sabem se serão médicos, advogados, engenheiros, matemáticos, artistas ou professores de educação física...
Põem-se então ansiosamente à procura de psicólogos, ou a fazer testes vocacionais para descobrir seu caminho na vida. Ou então, de modo menos nobre, se põem a pesquisar, nos jornais, qual é a relação candidato/vaga nos vestibulares de cada curso. Optarão mediocremente pelo que ofereça maiores chances de sucesso, seja ele qual for...
Às vezes ocorre que depois de várias tentativas frustadas de ingressarem em cursos "prestigiosos" como os de Medicina, Engenharia ou Direito, acabam optando por matérias menos "brilhantes", como Biologia, Matemática, Letras ou História (apenas para citar alguns exemplos).
Há também muitos que entram num curso e o abandonam depois de algum tempo, porque se dão conta de que não têm a menor vocação para aquilo.
Conheci uma jovem inteligentíssima que completou o curso de Arquitetura com as melhores notas da sua turma. Logo depois de formada, prestou concurso para um cargo público que requeria o diploma de Arquitetura, e obteve sem esforço o primeiro lugar, sendo imediatamente nomeada. Mas, depois de algumas semanas de trabalho, desistiu de tudo. Descobriu que sua verdadeira vocação era outra... Ainda bem que desta vez acertou: fez nova faculdade, de Psicologia, e hoje é uma das melhores psicólogas infantis de São Paulo.
Pelo menos essa reencontrou seu caminho e deu certo na vida. Outros não têm essa felicidade.
Tive no Ginásio (ainda sou desses tempos pré-históricos...) um colega brilhante na área de Humanas. Inteligente, comunicativo, de palavra fácil, escrevia com facilidade, sabia argumentar vigorosamente para defender seus pontos de vista. Era o líder natural da turma. Teria dado um ótimo advogado, um excelente professor universitário, um brilhante jornalista ou político, talvez um genial corretor de imóveis... Mas preferiu fazer Engenharia, a carreira que na época era considerada a mais rendosa. Hoje, procuro em vão na Internet seu nome... Por onde andará ele? É triste, mas quando me lembro dele tenho muita pena: é uma pessoa que julgo ter falhado na sua vocação, andou por onde não devia ter andado.
Aliás, a meu ver uma das causas mais profundas da atual crise do ensino no Brasil é, sem dúvida, o grande número de professores de ensino fundamental e médio que lecionam sem vocação, resignados a uma situação que não desejaram, fazendo sem entusiasmo algo que não amam, transmitindo às novas gerações, de modo subconsciente, mensagens de frustração e mediocridade, ao invés de espelharem para seus alunos um modelo de realização humana plena como professores.
Fora da verdadeira vocação é muito difícil trabalhar com entusiasmo. E sem entusiasmo é muito difícil ter sucesso.
Por isso sempre recomendo aos alunos, nos cursos que dou: procurem a sua verdadeira vocação, procurem a área em que poderão exercitar a sua criatividade. Ainda que essa área seja pouco valorizada, é nela, e não em qualquer outra, que serão criativos e terão sucesso.
ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOS, é historiador e jornalista profissional, membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e da Academia Portuguesa da História.
Gosto de viajar e de programar as minhas viagens. Não viajo muito, no entanto. Primeiro porque não é fácil economicamente me ausentar por longos períodos. Como professora universitária, eu tenho que conciliar minhas férias com as férias escolares, período de alta temporada, o que encarece, infelizmente, quase todos os destinos. Além disso, tenho vários animais de estimação e não é tarefa simples deixá-los aos cuidados de outras pessoas por muito tempo. Tanto as viagens nacionais como as internacionais sofrem um expressivo aumento em seu custo, o que acaba dificultando viagens para locais mais distantes.
Mas a questão financeira não é o único empecilho para maiores viagens. O fato é que não fico confortável ficando afastada de casa por muito tempo. É até difícil de explicar, mas chega um ponto em que sinto legítimas saudades de casa. Fico com banzo. Sinto falta do cheiro e da maciez da minha cama, dos meus programas de televisão, dos meus bichos, dos meus livros. Em resumo: daquilo que verdadeiramente é meu, no sentido mais filosófico da coisa.
Viajar, é claro, é sempre muito bom. Conhecer lugares, pessoas, culturas, paisagens, tudo acrescenta aos olhos e ao coração. Se as companhias são boas, o trajeto é ainda melhor. Toda viagem, penso, é uma espécie de missão de reconhecimento ou de reencontro. Não se sai ileso, emocionalmente, de uma viagem a lugares desconhecidos. Sempre voltamos maiores, repletos de outras pessoas, aquelas que conhecemos ou apenas notamos em meio às multidões.
Costumo tirar sempre muitas fotos das minhas viagens, feitas com meu celular mesmo, muito menos para exibi-las aos outros, mas muito mais para eternizar as imagens que me marcaram. Lamento a infelicidade de não sermos capazes de registrar de forma perene tudo o que vemos, lugares, pessoas e mesmo aquilo que sentimos nessas horas, nos momentos nos quais o vento nos acaricia ou açoita a pele, nos quais o sol nos aquece daquela forma que só sentimos quando estamos em férias, quando desligamos de nossas preocupações.
Viajar, inegavelmente, expande nossos horizontes, mas eu acredito que um de seus principais efeitos está nas novas cores nas quais pinta nossas antigas e às vezes já desbotadas paragens. Acredito, de o fato de nos distanciarmos um pouco de nossa realidade faz com que sejamos capazes de enxergar nossos lugares de forma mais isenta. Ao menos é o que acontece comigo: o retorno sempre me significa um recomeço.
Quando chego de viagem, com a cabeça a mil e a mala repleta de roupas sujas e souvenires, após matar a saudades daqueles que por aqui ficaram, sinto uma paz de espírito por estar onde tudo é familiar, onde os sabores e aromas são conhecidos. Gosto de voar, literal e simbolicamente, mas amo a segurança de sentir o chão sob meus pés. Sou grata por ter um porto a aportar, por saber um pequeno lugar nesse mundo eu posso chamar de lar. Chegar significa ter vencido mais uma aventura. Estar de volta é uma benção, pois só assim serei capaz de partir novamente...
CINTHYA NUNES VIEIRA DA SILVA - Advogada,professora universitária, membro da Academia Linense de Letras e escritora. São Paulo
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