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Sexta-feira, 22 de Fevereiro de 2019
MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE - UMA QUESTÃO DE PRUDÊNCIA

 

 

 

 

 

 

 

 

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Gostei muito da atitude de Dom Frei Manoel Delson Pedreira da Cruz, religioso capuchinho e Arcebispo Metropolitano da Paraíba, em publicar decreto direcionado aos membros daquela arquidiocese, proibindo-os de ficar acompanhados de crianças, adolescentes e adultos, em situação vulnerável, em lugares reservados. A nova normativa entrou em vigor em seis de fevereiro. Dentre as medidas determinadas no decreto estão a proibição de que as paróquias ofereçam alojamento a menores e adultos vulneráveis sem a presença dos pais ou responsáveis e que confissões e/ou atendimentos espirituais realizem-se em espaços adequados para tal, em confessionários ou em locais dentro das igrejas em que seja possível garantir segurança e visibilidade. É a Igreja fazendo a sua parte.
A atitude de Dom Manuel demonstra seu compromisso com o bem e a verdade e é, ainda, uma medida de segurança para os Sacerdotes, pois há quem deseja, através da maledicência, denegri-los. Difamação não falta.
É muito sério o abuso sexual infantojuvenil e as sequelas ficam para uma vida inteira. Não é, no entanto, um assunto específico de membros do clero – é mínima a porcentagem de padres envolvidos com abuso -, mas muito mais de diferentes segmentos da sociedade e, infelizmente, o maior índice se encontra dentro das famílias.  Seria sensata uma medida como do Arcebispo em todos os trabalhos com crianças e adolescentes, resguardando-os de intimidades funestas. Em relação à Igreja, que se estenda a leigos que atuam, por exemplo, junto a creches. Considero coerente que, ao se saber de criança que sofreu algum tipo de abuso sexual, a instituição, que a acolhia, responsabilize-se por acompanhá-la, com os profissionais adequados, até a maioridade. Segundo a psicóloga Ana Cristina Codarin Rodrigues, o abuso causa: ausência do eu, provocando um grande vazio e fazendo que o abusado fique no silêncio e na distância nas atividades em grupo. É nítida, no comportamento da vítima, a questão da desproteção, da submissão ao desejo de terceiros, da erotização inadequada, da dificuldade em estabelecer vínculos, do comportamento sedutor com adultos, da falta de emoção e do sentimento de culpa. Ou seja, a criança abusada é “preparada” para todos os tipos de uso. 
Cruel o abusador e, também, o entorno que lhe dá responsabilidade sem o acompanhar.

 

 

 

MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE -

 Professora e cronista. Coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher – Santa Maria Madalena/ Magdala. Jundiaí, Brasil.


 


 



publicado por Luso-brasileiro às 11:54
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PAULO R. LABEGALINI - AS PROMESSAS DO SAGRADO CORAÇÃO

 

 

 

 

 

 

 

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Walmir Alencar compôs ‘Cantando as doze promessas’ – o autor de ‘Perfeito é quem te criou’, ‘Vinde, Espírito Santo’, ‘Imagem e semelhança’ etc. Veja a letra, releia, divulgue, coloque em prática e a guarde sempre no coração.

“Doze promessas do Sagrado Coração aos filhos seus que abandonaram o pecado: darei as graças necessárias, diz Jesus, para cumprirem seus deveres de estado. A paz darei às suas almas angustiadas, outra promessa de seu Grande Coração. ‘Ó, vinde a mim vós todos que estais cansados, consolarei em toda vossa aflição’.

Feliz promessa do Coração de Jesus que dá certeza e esperança à própria sorte: ‘Serei refúgio e proteção durante a vida, mas sobretudo na hora de sua morte’. Aos seus devotos, que no amor forem constantes, Jesus promete suas bênçãos abundantes. Abençoará todos os seus empreendimentos, derramará bênçãos em todos os momentos.

Misericórdia, piedade e compaixão, os pecadores em Jesus encontrarão. E um oceano de amor, grande, infinito, abraça o filho que retorna arrependido. Tornar-se-ão as almas tíbias, fervorosas; linda promessa do Sagrado Coração. E as fervorosas subirão rapidamente à santidade, fruto dessa devoção.

Jesus promete abençoar aqueles lares onde estiver exposta e honrada a sua imagem. Dará a graça aos sacerdotes, seus amigos, de converter os corações endurecidos. Terão o nome bem escrito e bem gravado os que buscarem propagar a devoção. E este nome não será mais apagado – ficou gravado no Sagrado Coração.

E no extremo do Amor-Misericórdia, grande promessa para a última hora. É: quem fizer as comunhões reparadoras, não morrerá sem sua graça salvadora. Olhando a cruz nós vemos uma porta aberta: a entrada certa para a nossa salvação! É o Coração de Jesus Cristo transpassado! Ressuscitado! Glorioso Coração!”

Vale a pena decorar os pedidos do Mestre, não? Logicamente que, cantando, a letra se torna ainda mais bonita; e quem pratica a verdadeira devoção ao Coração de Jesus pode ter a certeza de que receberá as graças necessárias para cumprir fielmente sua missão: de pai, de mãe, de filho, de padre, de religiosa, de agente pastoral etc.

Sempre digo que herdarmos o céu ou o inferno é uma questão de opção – e cada um faz a sua! Como já abordei algumas vezes o tema ‘Paraíso Celeste’, hoje escreverei um pouco a respeito do ‘Inferno’ – lugar de tormentos (Lc, 16-28), para onde vão as almas daqueles que morrem na inimizade de Deus.

O texto que segue foi extraído da renomada obra ‘Preparação para a morte’, do grande Santo Afonso Maria de Ligório.

“O inferno é um abismo fechado de toda a parte, onde nunca penetrará raio de sol ou de qualquer outra luz. Neste nosso mundo o fogo ilumina; no inferno, deixará de ser luminoso. O fumo que sair dessa fornalha formará o dilúvio de trevas – de que fala São Judas Tadeu – e que afligirá os olhos dos condenados. São Tomás diz que os condenados só terão luz suficiente para serem mais atormentados; a esta sinistra claridade, verão o estado horrendo dos outros réprobos e dos demônios, que tomarão diversas formas para lhes causarem mais horror.

O olfato terá também o seu suplício. Quanto não sofreríamos se nos metêssemos num quarto onde jazesse um cadáver em putrefação! O condenado deve ficar no meio de milhões e milhões de condenados, cheios de vida com relação às penas que sofrem, mas verdadeiros cadáveres enquanto ao mau cheiro que exalam. Diz São Boaventura que o corpo de um condenado, se acaso fosse atirado à Terra, bastaria com sua infecção para fazer morrer todos os homens.

O ouvido será continuamente atormentado pelos rugidos e queixas dos desesperados. Quando desejamos dormir, é com o maior desespero que ouvimos o lastimar contínuo de um doente, o ladrar de um cão ou o choro de uma criança. Pelo que diz respeito ao gosto, sofrer-se-á fome e sede. O condenado sentirá uma fome devoradora, mas nunca terá nem uma só migalha de pão. Além disso, será atormentado de tal sede que nem todas as águas do mundo bastariam para saciar.

Pela maneira como o condenado cair no inferno no último dia, dessa maneira viverá ali constrangidamente, sem nunca mudar de situação e sem nunca poder mexer pés nem mãos, enquanto Deus for Deus.”

Para nunca conhecer esse lugar horrível, reze assim ao Sagrado Coração de Jesus:

Senhor, eis-me aqui, remido por Teu precioso Sangue. Deixa-me entrar mais e mais dentro desse Coração misericordioso. Deixa-me perceber os Teus sentimentos, o Teu grande amor ao Pai e à humanidade. Que, do Teu Coração aberto, possa emanar o poder da Divindade que, atingindo o meu coração, renove-o totalmente à semelhança do Teu Coração! Amém!

 

 

 

 

PAULO ROBERTO LABEGALINI - Escritor católico. Vicentino de Itajubá - Minas Gerais - Brasil. Professor Doutor do Instituto Federal Sul de Minas - Pouso Alegre.‘Autor do livro ‘Mensagens Infantis Educativas’ – Editora Cleofas.



publicado por Luso-brasileiro às 11:51
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JOSÉ RENATO NALINI - VENENO PARA DAR E VENDER

 

 

 

 

 

 

 

 

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Os agrotóxicos estão em quase todos os produtos que consumimos. Ainda não há consciência ambiental capaz de optar pelo orgânico, ou para exigir que venenos proibidos em outros Países aqui entrem indiscriminadamente, sob argumento de que a lavoura está salvando o Brasil.

O Rio Grande do Sul, um dos Estados mais desenvolvidos do País, está sofrendo com a proliferação dos herbicidas utilizados na plantação de soja. Seus vitivinicultores alegam perdas de até 70% em virtude da contaminação de suas parreiras pelo 2,4-D, um agrotóxico utilizado para eliminar ervas daninhas antes do plantio da soja.

Os plantadores de soja culpam o vento. É como a piada do sofá do adultério. Não questionam o uso de uma substância tóxica, venenosa, que é cancerígena. Será que os produtores de soja indagam se o herbicida também não contamina a própria soja? Sabe-se que em grande parte ela é destinada a alimentar animais. Só que, depois disso, os animais servirão de nutrição para os humanos. É uma cadeia venenosa infernal.

Há também a falta de cuidado na aplicação do veneno. Despreparo dos trabalhadores. Não são treinados para isso.

O resultado é que a viticultura se tornará inviável no Rio Grande do Sul. O Instituto Brasileiro do Vinho chegou a pedir a proibição total do agrotóxico no Estado. Já as fabricantes, todas multinacionais, aquelas que mudam de nome porque são constante alvo de coletividades mais conscientes e mais esclarecidas do que a brasileira, confirmam que a contaminação de áreas vizinhas se deve à má aplicação do produto.

Não é que o produto seja venenoso. Não é que ele seja tóxico. É que o agricultor ou seu subalterno não sabem aplica-lo.

Inexiste qualquer expectativa de solução para esse, que é apenas um dos inúmeros problemas que acometem o ambiente brasileiro, em todos os espaços e em todos os níveis. O Brasil assiste a um retrocesso acelerado na proteção de seus recursos naturais.

Duas causas se uniram e são indissolúveis: a ignorância ecológica e a cupidez ou ambição. Juntas, são indestrutíveis. Destrutível é o ser humano.

 

 

 

 

JOSÉ RENATO NALINI    -    é Reitor da Uniregistral, ex-integrante da Câmara Reservada ao Meio Ambiente do TJSP, autor de “Ética Ambiental”, 4ª ed., RT-Thomson.



publicado por Luso-brasileiro às 11:45
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FELIPE AQUINO - A TRANSITORIEDADE DAS COISAS

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Uma das reflexões mais profundas que podemos fazer é sobre a efemeridade de todas as coisas que envolvem nossa existência. Deus dispôs tudo de modo que nada fosse sem fim aqui nesta vida. Qual seria o desígnio de Deus nisso?

 

Cada dia de nossa vida temos de renovar uma série de procedimentos: dormir, tomar banho, alimentar-nos, etc. Tudo é precário, nada é duradouro, tudo deve ser repetido todos os dias. A própria manutenção da vida depende do bater interminável do coração e do respirar contínuo dos pulmões. Todo o organismo repete sem cessar suas operações para a vida se manter. Tudo é transitório (…) nada eterno. Toda criança se tornará um dia adulta e, depois, idosa. Toda flor que se abre logo estará murcha. Todo dia que nasce logo se esvai (…) e assim tudo passa, tudo é transitório, Por que será? Qual a razão de nada ser duradouro? Compra-se uma camisa nova, e logo já está surrada; compra-se um carro novo, e logo ele estará bastante rodado e vencido por novos modelos (…), e assim por diante.

A razão inexorável dessa precariedade das coisas também está nos planos de Deus. Por mais durável que seja um objeto, depois de algum tempo estará velho ou obsoleto, a marca da vida é a renovação. Tudo nasce, cresce, vive, amadurece e morre.

A razão profunda dessa realidade tão transitória é a lição cotidiana que Deus nos quer dar de que esta vida é apenas uma passagem, um aperfeiçoamento, em busca de uma vida duradoura, eterna, perene.

Em cada flor que murcha e em cada homem que falece, sinto Deus nos dizer: “Não se prendam a esta vida transitória. Preparem-se para aquela que é eterna, quando tudo será duradouro, e nada precisará ser renovado dia a dia”.

E isto mostra-nos também que a vida está em nós, mas não é nossa. Quando vemos uma bela rosa murchar, é como se ela estivesse nos dizendo que a beleza está nela, mas não lhe pertence.

 

 

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Leia também: O apego que faz sofrer

Por que tudo nesta vida acaba?

 

 

 

 

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Certa vez, um sacerdote cansado me dizia que desejava ir logo para Deus, viver uma vida mais estável; então não precisaria tomar banho todos os dias nem usar desodorante para não ficar com o corpo malcheiroso. Aquele sacerdote já estava cansado da transitoriedade da vida e já ansiava pela vida permanente.

Com a precariedade da vida e de tudo o que nos cerca, Deus nos ensina, diária e constantemente, que tudo passa e que não adianta querermos construir o céu aqui nesta terra.

Ainda assim, mesmo com essa lição permanente que Deus nos dá, muitos de nós somos levados a viver como aquele homem rico da parábola narrada por Jesus. Ele abarrotou seus celeiros de víveres e disse à sua alma: “Descansa, come, bebe e regala-te” (Lc 12,19b); ao que Deus lhe disse: “Insensato! Nesta noite ainda exigirão de ti a tua alma” (Lc 12,20a).

A efemeridade das coisas é a maneira mais prática e constante que Deus encontrou para nos dizer a cada momento que aquilo que não passa, que não se esvai, que não morre, é aquilo de bom que fazemos para nós mesmos e, principalmente, para os outros. Os talentos multiplicados no dia a dia, a perfeição da alma buscada na longa caminhada de uma vida de meditação, de oração, de piedade, essas são as coisas que não passam, que o vento do tempo não leva e que, finalmente, nos abrirão as portas da vida eterna e definitiva, quando “Deus será tudo em todos” (cf. 1Cor 15,28b).

A transitoriedade de tudo o que está sob os nossos olhos deve nos convencer de que só viveremos bem esta vida, se a vivermos para os outros e para Deus.

São João Bosco dizia que “Deus nos fez para os outros”.

Só o amor; a caridade, o oposto do egoísmo, pode nos levar a compreender a verdadeira dimensão da vida e a necessidade da efemeridade terrena.

Se a vida na terra fosse incorruptível, muitos de nós jamais pensaríamos em Deus e no céu. Acontece que Ele tem para nós algo mais excelente, aquela vida que levou São Paulo a exclamar:

Coisas que os olhos não viram, nem os ouvidos ouviram, nem o coração humano imaginou (Is 64,4), tais são os bens que Deus tem preparado para aqueles que o amam” (1Cor 2,9).

 

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A corruptibilidade das coisas da vida deve nos convencer de que Deus quer para nós uma vida muito melhor do que esta – uma vida junto d’Ele. E, para tal, Ele não quer que nos acostumemos com esta, mas que busquemos a outra, onde não haverá mais sol porque o próprio Deus será a luz, e não haverá mais choro nem lágrimas.

Aqueles que não creem na eternidade jamais se conformarão com a precariedade desta vida terrena, pois sempre sonharão com a construção do céu nesta terra.

Para os que creem, a efemeridade tem sentido: a vida não será tirada, mas transformada; o “corpo corruptível se revestirá da incorruptibilidade” em Jesus Cristo (cf 1Cor 15,54).

 

 

 

 

FELIPE AQUINO - Escritor católico. Prof. Doutor da Universidade de Lorena. Membro da Renovação Carismática Católica.



publicado por Luso-brasileiro às 11:30
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VALQUÍRIA GESQUI MALAGOLI - O ANTES E O DEPOIS

 

 

 

 

 

 

 

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Quatro e vinte exatamente.

Os dois ponteiros sobre o número quatro. Cada um deles vindo dizer coisas distintas, que juntas apontam para uma só.

E eu estou só. Isso nunca acaba bem.

...

Horas, minutos... tudo é conta do mesmo dia. E ao mesmo tempo, todo dia é um novo dia. Só que anoitece! Isso é que conta.

E nesse meio de tempo?

Seja no decorrer da tarde... seja agora em plena madrugada, esquecemos que tudo é dia. Este dia.

E já já esse tudo será nada. Será outro. E só o outro existirá. Por pouco.

Talvez isso se dê porque a toda coisinha carecemos nominar diferentemente. Forjamos assim dar-lhes distinção, dissimulamos organizá-las e organizarmo-nos.

Pode ser que seja por isso. Pode, todavia, ser que não. Pode ter sua função. Pode nem por isso ser infalível. Porém, hoje isso é irrelevante.

Hoje, inclusive, somente o hoje me sugere relevância.

Fato. Afinal, se amanhã posso não mais estar em pé, quanto mais ao pé de discuti-lo ou refleti-lo. Posso estar MOR-TA! Posso até morrer hoje ainda.

Ok. Tem muita gente que odeia falar em morte, porém não ama a vida a ponto de vivê-la.

Vai adiando... adiando... juntando tijolinhos pro céu enquanto cava em terra o particular inferninho cotidiano. E abre dele as janelas com vistas pros jardins dos outros, onde a grama é sempre mais verde e bla bla bla...

Tem muita gente também que não gosta sequer de ouvir falar nisso e naquilo – fingindo-se de morta! – a fim de melhor viver a vida.

– Nem me fale em doença!

– Nem me fale em pobreza!

– Injustiça? Nem me fale!

– Nem me fale...

– Nem me fale...

Ok; não falo. As coisas todas: as boas e as ruins, falam por si mesmas.

Voltemos cá ao hoje, que dizia eu é só o que me importa hoje.

Este hoje que quando você estiver lendo terá ido pras cucuias. Este hoje que terá valido a pena? Terá valido a ruguinha nova na face que não rejuvenesce a cada dia que passa? Terá sido cheio de graça? De graça?

De graça? Decerto tudo tem seu preço. E adivinhe quem paga?

Portanto...

Depois do portanto geralmente vem uma conclusão. Hoje, porém, o dia está mais para poréns.

É como se diz: "a cada dia basta o seu mal".

Por sorte se diz também que "não há mal que sempre dure".

A continuação? O amanhã dirá. "Quem viver verá".

 

 

 

 

Valquíria Gesqui Malagoli, escritora e poetisa, vmalagoli@uol.com.br

 



publicado por Luso-brasileiro às 11:15
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HUMBERTO PINHO DA SILVA - A BURRA DE MARTIM TIRADO

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

No meu tempo de menino e moço, em terras de Bragança, ainda havia simpáticas e acolhedoras velhinhas, genuínos relicários, de velhas tradições e de verdadeira portugalidade.

Pela fresca de uma manhã de Agosto, ainda ensonado por mal dormida noite, abalava, jovial, da estação de S. Bento, em pitoresco comboio, que mais parecia regressado do passado, das terras áreas e ainda selvagens, do velho Texas.

Em velhíssima carruagem, de bancos de madeira envernizada, de cortinas de algodão, encardidas, que desfraldavam como bandeiras batidas pelo vento, observava o rio, que corria mansinho, sem pressa, entalado por montes cobertos de vinha.

Após atribulada viagem – comboio, carreira, jerico, – entrava, finalmente, pelo único caminho lajeado, que atravessava a aldeia de minha mãe.

Por trás de cada postigo, por trás de cada portada, entreaberta, pressentia curiosos olhinhos, observadores, como se fosse estranho ser, recentemente chegado a zoológico.

Em breve, familiarizava-me com a saudável vida campesina, e sentia-me tão bem, que, por lá ficaria, para sempre, se me deixassem.

Em noites de luar, o tio João e a “tia” Matilde, vinham sentar-se na soleira da porta de minha casa. Com eles, ajuntavam-se outros, em amena cavaqueira.

Para contentarem as crianças, contavam-se velhas e relhas histórias, algumas com bastante colorau e pimenta, nada próprias para gente miúda…; que arrancavam reparo dos sisudos, e valentes gargalhadas dos folgazões.

Entre outras, recordo a da: “ Burra de Martim Tirado”.

Vou tentar reproduzi-la, com o saboroso linguarejar da região, infelizmente quase desaparecido, porque, agora, todos querem falar à “cidadosa”:

 

 

 

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Fiandeira e maçadeira, da Vilariça

 

 

 

Ele era uma vez um home que tinha uma burra muito manhosa. Quando ia ao trabalho, com uma carga de lenha ou pão, sobre as engarelhas, sempre havia de deixar mal o patrão.

Um dia, que ia com ele, de Martin Tirado, à feira de Carviçais, ficava para trás…sempre p’ra trás…Até que passou um amigo do home, e viu aquele disparate:

- Bô!: então a burra não anda!?; ó João? Esgoda-lhe uma malagueta debaixo do rabo!

- Bô!: ele dará resultado?!

E dito e feito, o home assim fez.

Foi por uma malagueta, esgodelhou-a no lugar indicado, e o resultado não se fez esperar: a burra desapareceu, a trote, pela estrada fora.

Vendo que não a podia alcançar, o home, pensou: “ora se fez andar a burra, também me faz a mim “. E fez a si próprio, o mesmo.

E dai a pouco, corria a bom correr, a caminho de Carviçais.

Quando passou pela burra, não conseguiu parar, e apenas pode dizer:

-Bô!: tu ainda ai vais? Eu lá te espero, na feira, que agora não pode ser.

 

Será que ainda há transmontanos que conheçam essas velhas historietas, que os avós contavam à lareira?; ou ao serão, nas noites de luar?

Receio bem que não…

 

 

 

 

HUMBERTO PINHO DA SILVA   -   Porto, Portugal



publicado por Luso-brasileiro às 10:45
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JORGE VICENTE - OH! TEMPO

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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JORGE VICENTE    -   Fribourgo, Suiça

 

 

 

 

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Leitura Recomendada:

 

 

 

 

 

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Jornal católico da cidade do Porto   -    Portugal

 

Opinião   -   Religião   -   Estrangeiro   -   Liturgia   -   Area Metropolitana   -   Igreja em Noticias   -   Nacional

 

 

https://www.jornalaordem.pt/

 

 

 

 

 

 

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Horário das missas em, Jundiai ( Brasil):

 

http://www.horariodemissa.com.br/search.php?opcoes=cidade_opcoes&uf=SP&cidade=Jundiai&bairro&submit=73349812

 

 

 Horário da missas em São Paulo:


http://www.horariodemissa.com.br/search.php?uf=SP&cidade=S%C3%A3o+Paulo&bairro&opcoes=cidade_opcoes&submit=12345678&p=12&todas=0

 

http://www.horariodemissa.com.br/search.php?uf=SP&cidade=S%C3%A3o+Paulo&bairro&opcoes=cidade_opcoes&submit=5a348042&p=4&todas=0

 

 

Horário das missas na Diocese do Porto(Portugal):

 

http://www.diocese-porto.pt/index.php?option=com_paroquias&view=pesquisarmap&Itemid=163

 

 

 

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publicado por Luso-brasileiro às 10:31
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Sexta-feira, 15 de Fevereiro de 2019
JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI - A DOAÇÃO DE ÓRGÃOS DEVE SER INCENTIVADA E SEUS BENEFÍCIOS, DIVULGADOS.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A doação de órgãos se constitui num gesto de profunda solidariedade humana circunstância que embasa a terceira geração dos Direitos Humanos. Ela possibilita que, mesmo após a morte física de uma pessoa, outras possam continuar vivendo graças a esse ato de amor. Por outro lado, os transplantes representam uma manifesta vitória na luta pela vida trazendo para muitos doentes, uma visível esperança de sobrevivência.

         É por isso que, sob qualquer aspecto, eles devem ser incentivados e seus efeitos benéficos, divulgados. A sociedade deve se conscientizar da importância desses procedimentos científicos para que possam ser mais e melhor utilizados. Atualmente, há uma infinidade de indivíduos angustiados e até desesperados, aguardando por uma chance nas filas dos bancos de órgãos.

         A vida é um bem precioso, sendo inclusive, o de maior proteção jurídica e pela qual devemos lutar com tenacidade e todos os meios possíveis. Nessa trilha, o ato de doar é um compromisso que denota a vontade de alguém de estar em permanente estado de comunhão com toda a humanidade, desejo que se prolonga até mesmo após o seu fim biológico.

         Além das questões administrativas, como a constante e profunda crise que envolve a saúde no país, outro fator inibidor da disposição de órgãos humanos,  motivado principalmente pela falta de informação, é o preconceito. Muitos familiares de pacientes com morte cerebral, por exemplo, entendem que é desrespeitoso os extrair de um entre querido.

         A captação e implantação de órgãos disponíveis no Brasil permanecem difíceis por ausência de doadores e lenta, por razões técnicas. Desta forma, muitos seres humanos não podem melhorar sua qualidade de vida, recuperando a visão ou deixando de passar horas de diálise ao receber uma nova córnea ou um novo rim.

         A Lei 8.489/92 normalizou no Brasil a realização dessas intervenções cirúrgicas no país. Apesar de moderna, suas disposições ainda são desconhecidas. E ela estabeleceu duas formas oficiais para se efetivar a doação: a feita em vida, quando   individuo expressa ele mesmo essa vontade, e a realizada após a morte, quando a família do falecido a autoriza.

         Acima de preceitos legais e de quaisquer outros aspectos, a atitude de doar se aproxima muito do mandamento cristão que assegura não existir prova maior de amor do que dar a vida pelo próximo.  Assim, com a doação de órgãos a vida renasce da solidariedade, daí a necessidade de estimulá-la e nos conscientizarmos de seus efeitos benéficos.

 

 

 

 

  JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é advogado, jornalista, escritor e professor da Faculdade de Direito do Centro Universitário Padre Anchieta de Jundiaí. É presidente da Academia Jundiaiense de Letras (martinelliadv@hotmail.com)



publicado por Luso-brasileiro às 13:52
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ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOS - ASPECTOS GEOGRÁFICOS DO SUDESTE ASIÁTICO

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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O Sudeste Asiático é composto fundamentalmente pelo Vietnã (entre 1954 e 1975 dividido em dois, o Vietnã do Norte, comunista, e o Vietnã do Sul, pró-Ocidente), pelo Laos, pelo Camboja e pela Tailândia (antigo Reino da Tailândia). O foco principal da luta foi o Vietnã, que tem uma forma sinuosa de um longo e retorcido S. Bem ao norte, não distante da fronteira chinesa, situa-se Hanói, cidade importante que foi durante muito tempo a capital do Vietnã do Norte. Quase no Extremo Sul, confrontando com a província da Cochinchina, situa-se Saigon, cidade bastante importante e populosa, que foi capital do Vietnã do Sul e agora, renomeada Ho-Chi-Min-Ville, é a capital da República do Vienã, até hoje oficialmente comunista.

Ao longo de toda a orla marítima, desde o Golfo de Tonquim, ao Norte, até o extremo Sul da Cochinchina, havia povoados e cidadezinhas, localizando-se nessa orla a maior parte da população civil. Para o interior, seguia-se uma faixa não muito larga de planícies, com arrozais e, logo se fechava a vegetação numa floresta luxuriante que ia subindo cada vez mais, até chegar a uma cadeia de montanhas elevadas, que dividia o Vietnã dos vizinhos Laos e Camboja. Do outro lado, ia a topografia descendo, em direção ao importante vale do Rio Mekong, que dividia o Laos da Tailândia, depois cortava o Camboja ao meio e, por fim, penetrava em território vietnamita, ao sul de Saigon, já em plena Cochinchina. A região das montanhas cobertas de florestas constituía o terreno ideal para uma guerra assimétrica, como é, por excelência, a de guerrilhas.

Já a Guerra da Indochina, contra os franceses, foi assimétrica, como metaforicamente o reconheceu o generalíssimo vietnamita Nguyen Van-Giap: “Será a guerra entre um tigre e um elefante. Se acaso o tigre parar, o elefante o transpassará com suas poderosas presas: só que o tigre não vai parar; ele se esconde na selva durante o dia para só sair à noite; ele se lançará sobre o elefante e lhe arrancará o dorso por grandes nacos, depois desaparecerá e, lentamente, o elefante morrerá de exaustão e de hemorragia” (M. FERRO. História das colonizações. São Paulo, Companhia das Letras, 1996, pp. 315-316, apud MAGNOLI, História das Guerras, p. 395).

A Guerra da Indochina terminou em 1954, com a retirada dos franceses e a divisão do Vietnã em dois países, como acima aludido. Após alguns anos de relativo apaziguamento, por volta de 1960 se reacenderia o conflito, com o Norte acolhendo vietnamitas do sul, partidários do regime comunista - os chamados vietcongs, armando-os, treinando-os e lançando-os em sucessivas ofensivas contra o regime do Sul. Teve início, então, propriamente a chamada Guerra do Vietnã - que só pode ser bem entendida se considerada no contexto mais amplo da Guerra Fria.

 

Guerra Fria é como se designa o longo período de confrontação estratégica e política entre os Estados Unidos e a União Soviética, desde o final da Segunda Guerra Mundial até o desabamento do império soviético, ocorrido em 1991. Nesse período, as duas superpotências não se enfrentaram militarmente de modo direto, mas fizeram-no indiretamente, em numerosos conflitos localizados na imensa “terra de ninguém” disponível em quase todo o globo terrestre. Corrida armamentista, corrida espacial, guerra de propaganda, terceiro-mundismo, “descolonização”, guerra psicológica revolucionária etc. etc. - foram aspectos ou episódios dessa guerra. Em fins da década de 1970, o bloco comunista estava levando nítida vantagem e parecia destinado a isolar os Estados Unidos e dominar o mundo inteiro, mas a situação inverteu-se com a eleição de Ronald Reagan (1981-1989), apoiado por Margaret Thatcher, a “Dama de Ferro” que esteve à testa do governo inglês de 1979 a 1990. Esses dois notáveis estadistas, com pulso firme, conseguiram inverter um quadro que parecia irremediavelmente comprometido, de modo que foi a União Soviética que desabou espetacularmente, revelando ao mundo a triste realidade de miséria e ditatura que durante décadas procurara velar.

Falaremos da Guerra do Vietnã, em que os Estados Unidos sofreram vergonhosa derrota no campo político, diplomático e propagandístico (mais do que no campo militar propriamente dito), no próximo artigo.

 

 

 

 

ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOS   -   Licenciado em História e em Filosofia, doutor na área de Filosofia e Letras, membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, da Academia Portuguesa da História e da Academia Piracicabana de Letra

 



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CINTHYA NUNES VIEIRA DA SILVA - PONTEIROS

 

 

 

 

 

 

 

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            Já perdi as contas de quantas vezes o tempo foi o protagonista de um texto meu. Tenho certa fixação pelo tema. Complexo não pensar em algo que segue regendo nossas vidas, abreviando nossas horas ao mesmo tempo em que nos acrescenta de dias. Ora algoz, ora nosso salvador, o tempo é um elemento intrínseco à existência humana.

            Nessa semana, enquanto me arrumava no vestiário de uma academia, antes de entrar na aula de natação, ouvia, ainda que não propositalmente, uma conversar entre uma mãe e seu filho, que deveria ter no máximo 6 anos. Ele olhava fixo para o relógio de parede e, num repente, perguntou para a mãe porque os ponteiros do relógio giravam.

            A mãe, pega desprevenida, até que tentou responder algo que fizesse sentido, mas após umas engasgadas, acho que preferiu deixar para lá. Deu uma risadinha sem graça e falou: _Porque sim! É assim para passar o tempo. Ainda sem demonstrar ter entendido ou se conformado com a resposta da mãe, a criança insistiu: “Mas porque o tempo tem que passar?”

            Já demonstrando irritação, a mãe pegou o filho pela mão e falou “Vamos embora”. Fui para natação e me dei conta de que estava perturbada com as perguntas da criança. De fato, por que o tempo tem que passar? Quem será que acionou esse trem que segue sempre em desabalado curso, rumo ao fim? Naquele dia, nem fui capaz de nadar direito, pois no silêncio submerso, onde os pensamentos fazem eco, fica difícil não dar atenção ao que nos incomoda.

            Ocorreu-me que um dia, no futuro, aquele menininho talvez descubra a razão pela qual os ponteiros do relógio giram e porque o fazem tão depressa. Filosoficamente, no entanto, é provável que nunca saiba ao certo. Eu, ao menos, não faço ideia. Lamento, no entanto. Há muito pouco tempo em uma vida. A existência humana não permite ensaios ou grandes devaneios. Basta um descuido e pronto: foi-se metade dela.

            Às vezes penso que todos nós somos como aquele garotinho. Voltamos nossos olhos para nossa mãe, a existência, ou a razão e a ela, inocentes, perguntamos sobre o Tempo, sobre o que não entendemos. Fascinados, seguimos na ilusão de que para nossas perguntas simples surjam respostas igualmente simples, mas recebemos outras perguntas em contrapartida.

            Vivemos na esperança de que alguém nos esclareça, nos redima de nossas inquietações e acalente nossos corações.  Rascunhos frágeis da Criação, falta-nos a compreensão para entender a relatividade do tempo e as mil formas pelas quais o tempo nos conduz. Míopes, não sabemos enxergar ao longe e vivemos apavorados pelos borrões que mal distinguimos.

            Todos os dias os ponteiros do relógios seguem fazendo seu papel. Dão a volta ao mundo das horas, deixando para trás minutos e segundos que jamais retornarão. Transformam crianças em velhos, presente em passado. Tudo é efêmero, mas também pode ser eterno, a depender dos olhos e corações de quem contempla seu girar.

 

 

 

 

CINTHYA NUNES – jornalista, advogada e professora universitária.

cinthyanvs@gmail.com



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MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE - VIVÊNCIAS PARA APLAINAR O CORAÇÃO

 

 

 

 

 

 

 

 

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Vivências para aplainar o coração são feitas de histórias que comovem.
Primeiro, para não desgostar o pai viúvo, que se encontrava adoentado,  foi para o Estado de origem e ficou com ele. Idoso não gosta de sair de seu canto. Ao piorar, no entanto, decidiu vir com ela para Jundiaí. A moça mora em área de interesse social. Conseguiu ali construir uma pequena moradia – primeiro de madeira e depois de alvenaria -, onde criou os filhos e, hoje, olha também os netos. Com o avanço da doença dele, a filha precisou deixar a maioria das faxinas. Internado, ela ficava ao lado. Em casa, os cuidados eram muitos e, quando um neto podia ficar com ele, lá ia ela para a reunião da pastoral.
Semana passada, aos 87 anos, faleceu. Embora convivesse com os limites paternos, em momento algum considerava que desse trabalho e jamais aventou a possibilidade de colocá-lo em algum lar para idosos. Comunicou-me em carne viva a partida do pai. Tinham-no sobre o pedestal da luta e zelo para criar os filhos. 
Ligaram para que levasse as roupas ao hospital. Recordou-se de que ele falava que o arrumassem com esmero ao morrer, pois desejava se apresentar bem ao Senhor.Na véspera, ela fora retirar a aposentadoria dele. 
Não havia pago conta alguma e nem adquirira remédios ou alimentos com a aposentadoria do pai. Foi a uma loja e comprou terno, camisa, meia, gravata e cueca. Levou para que o vestissem com o novo.
No velório, havia claridade em suas lágrimas doloridas. Realizara o sonho do pai. Ele se apresentaria bonito no abraço com Deus.
A farmácia, o mercadinho e outras contas encontrará uma forma de, posteriormente, acertar.
Que postura mais linda em um mundo que exclui idosos ou os suga! É a santidade dos pobres.

 

 

 

 

MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE -

 Professora e cronista. Coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher – Santa Maria Madalena/ Magdala. Jundiaí, Brasil.


 
 
 



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JOSÉ RENATO NALINI - GOLPE NO BOLSO

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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As pessoas que moram na região do Polo Petroquímico de Capuava, divisa dos municípios de Santo André, Mauá e São Paulo, pagam muito caro por viverem ali. Verificou-se um elevado índice de tireoidite de Hashimoto, ou tireoidite linfocítica crônica entre os habitantes desse espaço. A doença é autoimune e se caracteriza pelo ataque à glândula tireoide, pelas células que deveriam defender o corpo humano.

O Ministério Público promoveu um inquérito civil e, em seguida, entrou com uma ação civil pública contra a Braskem, Cabot Brasil, Chevron Oronite, Oxicap Indústria de Gases, Oxieno, Petrobrás, Unipar Comercial e Distribuidora, Vitopel do Brasil e White Martins Gases Industriais.

A enfermidade resultaria da poluição ambiental produzida pelas indústrias rés. Seus sintomas são fadiga, obesidade e presença de bócio. Não é coincidência que, em cotejo com a população de outras cidades e bairros, aquela situada sob a área de influência desse polo registre a tireoidite de Hashimoto. Há um liame que o MP associa à emissão do complexo industrial e, por isso, aciona todo o conglomerado a indenizar por danos morais a coletividade em R$ 100 milhões, mais R$ 100 mil por dia em caso de descumprimento das obrigações impostas.

É claro que um processo judicial de tamanha envergadura, movido contra poderosas empresas, destina-se a perdurar até o infinito. Afinal, estamos no País das quatro instâncias e das mais de cinquenta possibilidades de reapreciação do mesmo tema, ante o caótico sistema recursal.

Todavia, é importante mostrar ao empreendedor de que a produção consiste em atividade geradora de bônus – o lucro – e de ônus, a responsabilidade social, a preocupação com a sustentabilidade que não é apenas ambiental, mas econômica e humanitária.

As rés já responderam que o nitrogênio não é tóxico, que sempre colaboram com o MP, que cumprem as normas de segurança e ambientais, seguem padrões internacionais do setor petroquímico e são constantemente monitoradas. Mas nada como trazer a discussão para o espaço em que amplitude de defesa, contida no contraditório, permitirá às partes produzir prova pertinente.

Vale o aviso de que a preocupação com a natureza e o ambiente ultrapassa a defesa da cobertura vegetal, mas – na visão antropocêntrica predominante – o essencial é poupar o homem das consequências nocivas de exploração de qualquer atividade que possa vir a ser lesiva para a higidez integral das criaturas.

Quando a consequência de qualquer ação é financeira, garante-se um especial empenho e apuro na aferição das condutas, pois é a regra do capitalismo selvagem que impõe essa cultura do custo/benefício em todas as situações.

 

 

 

 

JOSÉ RENATO NALINI  é Reitor da Uniregistral, docente universitário e autor de “Ética Ambiental”, 4ª ed, RT-Thomson Reuters

 

 

 



publicado por Luso-brasileiro às 13:28
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ALEXANDRE ZABOT - COMO DEFENDER A FÉ NA UNIVERSIDADE ?

 

 

 

 

 

 

Alexandre Zabot

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Por ser professor universitário e católico, costumo receber perguntas de estudantes universitários católicos que têm dificuldades na universidade com professores e colegas que não são católicos. Relatos de preconceito, ironias e piadas são comuns. Geralmente me perguntam como agir para serem coerentes com sua fé e ao mesmo tempo não colocarem-se desnecessariamente em uma situação de risco acadêmico. Além disso, gostariam de poder ajudar as pessoas que lhes agridem, mostrando a beleza da fé. Nesse artigo vou responder à pergunta com mais detalhes do que costumo fazer por e-mail.

Antes de tudo devemos lembrar que somos chamados a amar, compreender e desculpar. Você não deve sentir raiva da pessoa. Por mais ofendido que possa ter sido, deve procurar compreender aquela atitude e cobri-la com milhares de desculpas e razões para ter agido daquele modo. Não é assim que uma mãe faz com aqueles pequenos erros que um filho comete? “Ah, tadinho, está com fome, está cansado, está entediado …”, ou então, “ele ainda é muito novinho, não entende essas regras de adultos”. Sempre podemos fazer o mesmo: “coitado, nunca teve contato com o verdadeiro Evangelho, só versões deturpadas e simplificadas”, “não conhece História a fundo”, “teve alguma dificuldade na vida e colocou a culpa em Deus”. Provavelmente você irá acertar, pois como dizia o bispo americano Fulton Sheen: "Não há cem pessoas nos EUA que odeiam a Igreja Católica, mas existem milhões que odeiam aquilo que pensam ser a Igreja Católica".

O primeiro passo precisa (necessariamente!) ser esse acolhimento da pessoa que lhe agride. Sem isso, você irá querer agredi-la também, e assim não poderá ajudá-la. A agressão pura e simples nunca é boa. Você pode até dizer palavras duras como resposta, mas essas palavras precisam ser ponderadas na caridade, caso contrário, não serão um remédio (amargo às vezes), mas sim um instrumento que fere.

Outra razão para procurar desculpar a pessoa é que assim você poderá começar a trabalhar o segundo passo: por que ela age assim? Você precisa “entrar” na mente e no coração dessa pessoa. Nunca esqueça que nós agimos sempre com a mente e o coração (razão e sentimentos), e que nosso agir depende muito da nossa história pessoal. Você precisa se tornar próximo, verdadeiramente amigo daquela pessoa para poder conhecê-la e ajudá-la. Como um médico poderia tratar um doente se não quisesse gastar tempo em descobrir a doença que acomete o paciente? Veja-se como um médico, médico de almas, e que foi colocado pela Providência Divina junto daquela pessoa para ajudá-la.

Quando se trata de um professor universitário, valem algumas dicas que em geral nos ajudam a encontrar o problema com mais facilidade. Você precisa saber que o defeito mais comum (quase unânime!) dos professores universitários é a soberba. Há uma piada que diz que depois do doutorado as pessoas se tornam PhDeuses (uma brincadeira com o nome do título de doutor fora do Brasil: PhD). Infelizmente, a maioria dos professores universitários sofre de vanglória e vaidade. Se vangloriam de saber muito e acreditam ser admirados por todos. Consideram-se o que há de melhor na sociedade porque estudaram muito e são cientistas. Claro que isso é uma bobagem, e é evidente que estão errados. Sabem muito só de uma área (às vezes nem isso!) e não são admirados pelas outras pessoas só porque têm doutorado.

Assim, você precisa tomar cuidado quando contraria um professor, especialmente se for na sala de aula e na frente de outros alunos, pois provavelmente ele é soberbo e a vaidade o tornará muito agressivo. Em geral os professores soberbos consideram os alunos como muito ignorantes e por mais que você possa usar os argumentos mais sábios, mais bem elaborados, não será em uma discussão na frente de toda a turma que você sairá ganhando. Aliás, nem deveria pensar em ganhar discussões, evangelizar não é ganhar discussões. O que você provavelmente ganhará será um problemão com um professor ofendido no seu pé. A sala de aula é o templo do professor orgulhoso. É lá que ele tem poder e é admirado pelos alunos. Eu tive um professor de Cálculo que dizia que só ele podia tirar a nota máxima, por melhor que o aluno fosse na prova, ele sempre encontrava algo para descontar, nem que fosse a letra feia!

Infelizmente, esta visão inferior dos alunos que os professores universitários mantém é alimentada muitas vezes pelos próprios alunos que, não raro, são péssimos estudantes e muito pouco comprometidos com as disciplinas. Para você ganhar respeito do seu professor, mostre empenho no estudo, ordem nas suas anotações e manifeste interesse em entender a matéria, não somente em tirar uma nota boa. Procure-o para fazer perguntas sobre as questões difíceis, não falte às aulas, vá bem vestido (uma parte considerável dos meus alunos vêm vestidos como se estivessem indo à praia! Já tive aluno descalço na sala -- e o celular dele mostrava que não era por falta de dinheiro).

Com o passar do tempo, tendo caridade pelo seu professor e tendo ganhado o respeito dele por ser bom aluno, vá procurando falar com ele a sós das piadas e ironias que ele faz na sala. Procure deixar claro que além de você há vários outros estudantes que são ofendidos por ele e que não falam nada por medo de retaliações. Acredito que ele irá mudar o comportamento. Se houver abertura, vá falando da sua fé para ele.

Com os colegas o apostolado deve seguir o mesmo esquema. A maioria dos estudantes universitários que se diz ateu é tão soberbo quanto os professores. Além disso, como os professores, também foi muito mal formado na fé e em assuntos de humanidades, como História e Filosofia. Mesmo nos departamentos de humanas é possível constatar uma imensa ignorância nessas matérias, pois costumam estudar somente uma dúzia de autores favoritos e que pensam todos de forma igual. Faça o teste, escolha um autor -- moderno ou não -- que escreva fora da linha ideológica marxista e verifique que a maioria nem mesmo o conhece!

Para encerrar, gostaria de fazer uma advertência. As meninas não devem procurar fazer apostolado com os professores homens, assim como os rapazes não devem fazer apostolado com as professoras. Provavelmente seu professor(a) é casado(a) ou tem namorada(o). Além disso, mesmo que não seja o caso, o envolvimento de alunos com professores é muito antiético. Nestes casos, você deveria procurar por um(a) colega que têm fé e pedir ajuda, explicado que você não pode se tornar próximo de uma pessoa que é casada pois isso poderia acabar mal.

O apostolado direto passa por tornar-se amigo da pessoa, amigo íntimo, em compartilhar das alegrias e penas da vida. Uma relação íntima assim pode acabar em paixão quando se trata do sexo oposto e todo cuidado é pouco nestes casos. São Josemaria Escrivá dizia que para ajudar um amigo podemos ir até às portas do inferno, mais não, pois lá dentro já não se pode mais amar a Deus. O conselho vale para essa situação, pois que tipo de ajuda você dará para a pessoa fazendo-a pensar em adultério?

Por fim, mesmo que você não consiga se aproximar do seu professor ou colega, a sua atitude de bom estudante, de católico coerente e que vive sua fé com profundidade e naturalidade, de bom amigo, irá chamar a atenção. Talvez não dessa pessoa, mas de outra que Deus colocou do seu lado para ser ajudado e você nem tenha reparado. Muitas palavras de fé que dizemos hoje só vão germinar anos mais tarde, em algum momento decisivo da vida. Tenha fé, todos procuram a Deus, mesmo o professor mais soberbo da sua universidade, e não será um arcanjo que irá falar do Reino dos Céus para essa pessoa, mas você.

Escrito em 10/2015

 

 

 

ALEXANDRE ZABOT   -    Fisico. Doutorado em Astrofisica. Professor da Universidade Federal de Santa Catarina.   www.alexandrezabot.blogspot.com.br

 

 



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