PAZ - Blogue luso-brasileiro
Sexta-feira, 8 de Fevereiro de 2019
EUCLIDES CAVACO - AMOR FEITO POESIA
Para cantar mais alto o AMOR, inicio hoje uma série de poemas românticos, apropriados para as celebrações do dia de SÃO VALENTIM.
Veja e ouça neste video elaborado pela talentosa Gracinda Coelho.
https://www.youtube.com/watch?v=T5N7ix3WkDI&feature=youtu.be
EUCLIDES CAVACO - Director da Rádio Voz da Amizade , Canadá.
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Palavra do Pastor, com Dom Vicente Costa,
Bispo diocesano de Jundiaí
5ª Domingo do Tempo Comum
https://youtu.be/8HPyXFW-uaI
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Sexta-feira, 1 de Fevereiro de 2019
JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI - SE HÁ UM PROBLEMA COMUM, É SEMPRE MAIS FÁCIL UNIR ESFORÇOS
A formação e existência de grupos que partilham problemas ou objetivos comuns, prática muito exercida em países desenvolvidos, felizmente, ainda que de modo tímido, começa a ganhar corpo no Brasil. Reunidos pelos mais diversos interesses e com enorme pressão sobre os Poderes Públicos, acabam por obter respeito aos anseios e reivindicações de seus integrantes, recebendo uma assistência concreta do Estado. Entre elas estão as Associações de Moradores, a Associação de Vitimas de Atrasos Aéreos, a Associação Brasileira de Parentes e Amigos das Vítimas de Acidentes Aéreos, e tantas outras de autoajuda ou preocupadas com a reparação de direitos violados com troca de experiências e efetividade.
Apesar desses avanços, em nosso país ainda se cultiva uma postura individualista ao extremo. Embora a Constituição Federal incentive a agremiação de pessoas em diversos dispositivos, ela não é muito praticada pelos brasileiros. Estranhamente têm um espírito comunitário pouco desenvolvido e se acomodam na esperança de que terceiros apresentem soluções para suas inúmeras e variadas questões, que vão desde problemas de saúde até os comportamentos compulsivos e conflitos psicológicos.
É muito importante somar esforços na busca de resultados comunitários e principalmente favorecer a aproximação dos cidadãos em torno deles. E são tantas as necessidades presentes numa cultura discriminatória e diante das desigualdades sociais, que efetivamente precisamos desenvolver diversos mecanismos coletivos de defesa, já que qualquer relação interpessoal fica dificultada ou corre o risco de se tornar meramente protocolar.
Para o consagrado jurista Dalmo de Abreu Dallari, em entrevista à revista “Família Cristã”. (08/1998 - p. 18 – “A força que vem da união” – reportagem de Fúlvio Giannella Jr. e Elton Bozzetto), “a proliferação desses grupos demonstra um forte espírito comunitário e indica a capacidade de organização da sociedade civil e o grau de consciência da população acerca de seus direitos”. Como lembra o jurista, essa prática é a expressão de um conceito bastante antigo, segundo o qual a força do agrupamento compensa a fraqueza do individual. É o popular “a união faz a força”, mote que orienta a ação de quase todas essas associações.
Viver em comunhão com outras pessoas faz parte da condição humana. No entanto, nem sempre elas se unem e num triste quadro atual, os valores nessas relações se embasam na desconfiança, na competição, na apologia ao individualismo, no acentuado consumo e na sobreposição dos bens materiais sobre os princípios espirituais. Cria-se um quadro unilateral, perigoso e perverso, cujas palavras de ordem são “salve-se quem puder” ou “cada um por si”.
Precisamos dar um basta definitivo nestas posturas egoístas, rompendo a indiferença alimentada por esse estado de coisas, redescobrindo que partilhar angústias, medos e ansiedades, pode ser um caminho para encontrar saídas diante de problemas contra os quais, isolados, nos sentimos impotentes.
A predominância do poder econômico, a ausência de vontade política, os efeitos do congestionamento do Poder Judiciário e tantos outros aspectos como pedantismo e a comodidade dos indivíduos, estão estimulando a formação de entidades e organizações que através da colaboração mútua favorecem a concretização de objetivos que beneficiem todos. Efetivamente, se há um problema comum, é sempre mais fácil unir esforços e através do impulso da cumplicidade alcançar uma vida melhor, em todos os sentidos.
JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é advogado, jornalista, escritor e professor universitário. É presidente da Academia Jundiaiense de Letras (martinelliadv@hotmail.com)
ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOS - BALANÇO FINAL DE UMA GUERRA ASSIMÉTRICA
A Guerra do Vietnã não foi perdida militarmente pelos Estados Unidos. Do ponto de vista da estratégia militar, ela foi apenas mal conduzida, mas poderia ter sido corrigida sem dificuldade. Ela foi perdida politicamente, no campo da propaganda, da chamada Guerra Psicológica.
A imprensa ocidental - inclusive e sobretudo a norte-americana - foi a que mais se opôs à Guerra. A Guerra era apresentada como impopular, como antipática. Chegou-se ao extremo de veteranos de guerra norte-americanos, condecorados por seu valor em campos de batalha, aderirem a manifestações contra a Guerra diante do Pentágono, jogando ao chão, com desprezo, as condecorações recebidas...
Como manifestação de triunfo de uma guerra psicológica e de propaganda, não conheço nada igual. Os vietcongs venceram, não porque eram fortes e superiores no campo de batalha, mas unicamente porque, de acordo com os ensinamentos do genial filósofo e teórico militar chinês Sun Tzu (544 a.C. - 496 a.C.), conseguiram que os norte-americanos perdessem a vontade de lutar e vencer.
Desde 1969, os Estados Unidos deram início a uma nova política, chamada de “vietnamização da guerra”. Entenda-se: crescente desinteresse pela guerra, que afinal de contas era um negócio a ser resolvido entre os vietnamitas do norte e os do sul... Os teóricos da “vietnamização” não diziam isso com essa clareza, evidentemente, mas pregavam que os Estados Unidos deviam armar e fortalecer seus aliados sulvietnamitas para que estes vencessem a guerra por si mesmos e sem precisar da presença de tropas norte-americanas. Essa política foi sendo desenvolvida nos anos seguintes, até que em 1973, os norte-americanos decidiram retirar todas as suas tropas do país. Na verdade, bateram vergonhosamente em retirada. A luta ainda prosseguiu por mais dois anos, entre sulistas e nortistas. Mas, em 1975 oVietnã do Sul caiu e teve início a dominação comunista em todo o país. De acordo com a famosa Teoria geopolítica do Dominó, caíram também em sequência Laos e Camboja. Neste último país, a chacina e o genocídio praticados pelos fanáticos do Kmer-Rouge foram além de todo o imaginável. Entre 1975 e 1979, mais de 2 milhões de pessoas foram barbaramente assassinadas; bastava alguém usar óculos para ser fuzilado ou abatido a golpes de enxada, por ser “intelectual” e “inimigo do povo trabalhador”!
O conflito do Vietnã foi muito importante no desenvolvimento da doutrina militar norte-americana, como registra Magnoli: “O estilo americano de guerra, delineado na Guerra da Secessão, alcançou seu apogeu na Segunda Guerra Mundial. Esse estilo se baseava na mobilização geral das forças de uma poderosa economia industrial, numa rude estratégia de atrito, na superioridade oferecida por um poder de fogo arrasador, na tática de ofensivas diretas e decisivas. A Guerra da Coreia revelou, pela primeira vez, as limitações dessa tradição militar e a Guerra do Vietnã assinalou seu esgotamento” (História das Guerras, p. 418).
Paro por aqui. Julgo ter mostrado bem, embora de modo muito prolixo, a influência da geografia sobre os resultados da guerra assimétrica do Vietnã. Foi enorme, mas não foi decisiva. O fator decisivo, a meu ver, foi o lado psicológico e propagandístico. Nesse campo é que o Ocidente se encontrava despreparado, desmobilizado, acovardado. E por isso mesmo foi derrotado.
Concluo, mais uma vez, citando Magnoli: “Contrariamente ao mito popular, os Estados Unidos não foram derrotados nas florestas do Vietnã, mas no campo de batalha da opinião pública americana. Historiadores que, corajosamente, encaram as indagações contrafactuais sustentam com argumentos poderosos a tese de que a decisão política da retirada americana representou a renúncia à perspectiva realista de vitória militar” (op. cit., p. 392).
Tinha inteira razão Sun-Tzu...
ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOS - Licenciado em História e em Filosofia, doutor na área de Filosofia e Letras, membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, da Academia Portuguesa da História e da Academia Piracicabana de Letras.
CINTHYA NUNES VIEIRA DA SILVA - REI E RAINHA
Como toda criança, eu também tive medo irracionais na infância. Adorava assistir filmes de terror, mas simplesmente morria de medo de vampiros. Aliás, essas criaturas até hoje habitam meu lugar de pavor não explicável. Em todas aquelas noites na expectativa cruel de que o Conde Drácula pudesse invadir meu quarto, minha mãe era meu porto seguro. Muitas foram as noites nas quais dormi ao lado dela, certa de seus poderes mágicos protetores.
Para meu total desespero, em uma certa altura, perto dos meus 5 ou 6 anos eu comecei a ficar tomada pela ideia de que algum dia meus pais iriam morrer, de que eles não estariam perto de mim para sempre. Eu nem me importava de que eu também teria o mesmo destino. Tudo o que eu pensava era de que a morte, um conceito abstrato demais para meu entendimento, pudesse levar meus pais para longe de mim. Para sempre era algo mais perto da minha compreensão. Comecei a sonhar com isso e acordava em um misto de horror e alívio supremo.
Mais ou menos na mesma época comecei a esperar meu pai, que lecionava à noite, chegar em casa após um extenuante dia de trabalho. Se caso eu já estivesse dormindo, acordava ao simples ouvir da voz dele e corria para sala, tudo para poder desfrutar um pouco da companhia do homem da minha vida. De lá para cá nunca mais dormi antes da meia-noite. Hoje sou eu quem chega tarde da noite em casa, também após lecionar e para minha alegria, sei que mesmo distante, posso pegar o telefone para ouvir a voz das pessoas que mais amo nessa vida e, quiçá, em outras tantas.
Ainda tenho medo da morte. Menos da minha e mais daqueles que me são caros. A diferença é que agora sei que há muito mais pessoas a quem perder e eu sei que cada dia que termina com todos juntos, vivos e saudáveis é um milagre, uma dádiva. Sei que haverá um tempo de despedidas e eu imploro a Deus para que isso demore muito a acontecer. Para algumas coisas cada novo dia é um dia a mais, mas também é um dia a menos.
Meus pais sempre foram e sempre serão os meus exemplos de virtudes, de amor ao próximo, de amigos, de amor. Nunca os vi negar uma ajuda a um amigo ou a um familiar com problemas. Os dois são presenças constantes onde muitas vezes só há ausências. Visitam amigos doentes, aqueles que se encontram em asilos ou somente esquecidos pelos outros. Entre outras tantas coisas, aprendi com meus pais que para receber é preciso doar, pois ninguém dá aquilo que não tem.
Ninguém é perfeito e isso é fato. Somos humanos e a nossa natureza é da imperfeição. Erramos tentando acertar e acertamos quando nem nos damos conta. Vivemos uma vida que não tem roteiros prévios (ou conhecidos), tampouco ensaio. Contudo, mesmo diante de todas as coisas que poderiam ter sido ou que poderiam não ter ocorrido, eu jamais seria capaz de escolher pais melhores, mentores mais amorosos para essa minha jornada na Terra.
No dia 31 de janeiro meus pais completaram 49 anos de casados. Tenho certeza de que nem tudo foram flores, mas sei que souberam tirar lições de cada erva daninha que o destino semeou em seus canteiros. Da minha parte, além dessa singela homenagem, que sei também ser das minhas irmãs Ivy e Tricya, só me resta agradecer pela oportunidade de ser filha de vocês, o que continuarei sendo mesmo quando todos nós não estivermos mais aqui. Luiz e Beth, vocês são meu Rei e minha Rainha. Amo vocês. Ontem, hoje e para sempre...
Feliz Bodas de Heliotrópio! E ah, eu também não sabia que se chamava assim, rs...
CINTHYA NUNES – jornalista, advogada e professora universitária.
cinthyanvs@gmail.com
MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE - VIVÊNCIAS COM O PAPA FRANCISCO
As vivências com o Papa Francisco se dão de inúmeras formas e, no final da semana passada, aconteceram na Jornada Mundial da Juventude, um evento lindo da Igreja, instituído por São João Paulo II em 1985.
Enquanto acompanhava as falas do Papa no Panamá, sede da JMJ neste ano, especialmente aos jovens reclusos no Centro Correcional de Menores de Las Garças de Pacora, durante a liturgia penitencial, recordava-me do empobrecido com quem estivera na véspera.
Aliás, cabe uma interrupção na sequência deste texto: gostei demais da liturgia penitencial naquela prisão que, segundo o diretor interino da sala de imprensa da Santa Sé, Alessandro Gisotti, acontecia pela primeira vez em uma jornada da juventude. Considero impossível a reconstrução de uma pessoa, por mais eficaz que sejam os caminhos do empoderamento, se não houver um olhar sobre si, o arrepender-se, pedir perdão a Deus e se perdoar.
Retorno ao empobrecido. Conheço-o há uns vinte anos. Sempre de bom humor, jamais o vi em atitude agressiva. Olha carros na feira, bate em algumas casas pedindo um troco, não se importa com a vestimenta. Desconheço se possui família e um local para morar. Com certa frequência me deparo com ele cheirando cola. Dizem, no entanto, que usa cocaína da mesma forma e que se abriga, em algumas noites, no meio de umas árvores de eucalipto.
Divertido ele: tocou a campainha, certa vez, aqui de casa em dois dias seguidos. A mamãe o atendeu. No primeiro, ofereceu uma ajuda. No segundo, da janela, deu uma bronca por voltar em período tão próximo. Respondeu a ela: “Entendi, vó, a aposentadoria ainda não saiu”. E se distanciou rindo.
Questionava-me o fato de, embora não se interesse por banho, o cabelo sempre muito bem cortado.
Em sua homilia, o Papa comenta que Jesus quebra a lógica que separa, exclui, isola e divide e que cada um de nós é muito mais do que os rótulos que nos dão. E, em outra homilia, na Via-Sacra, o Papa diz que Jesus “caminha e sofre em tantos rostos que padecem a indiferença satisfeita e anestesiante da nossa sociedade que consome ese consome, que ignora e se ignora na dor dos seus irmãos”. Conclui com um pedido a Deus: “Pai, como Maria, queremos aprender a ‘estar’. Ensinai-nos, Senhor, a estar ao pé da cruz, ao pé das cruzes...”
No dia em que estive com o empobrecido, acabei lhe perguntando por que o cabelo a toda hora cortado. Uma paixão? Respondeu-me que, onde corta o cabelo – creio que em algum projeto social -, massageiam sua cabeça e que esse toque carinhoso o faz lembrar-se do colo de sua mãe.
Como pediu o Papa Francisco, peço também: “Pai, ensina-me a estar ao pé da cruz, ao pé das cruzes!”
MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE -
Professora e cronista. Coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher – Santa Maria Madalena/ Magdala. Jundiaí, Brasil.
JOSÉ ANÍBAL GOMES - O REGICÍDIO - "LISBON'S SHAME !"
Foi há 105 anos que no dia 1 de Fevereiro de 1908, teve lugar o assassinato do Rei D. Carlos e do Príncipe D. Luís Filipe. Este acto bárbaro, baptismo de sangue da República que em nada deve orgulhar os portugueses, precipitou o fim da monarquia constitucional no nosso país e anulou uma última tentativa séria de reformas em Portugal, impondo um regime que era apenas pretendido por uma minoria e que nunca foi referendado, resultando unicamente de um golpe de Estado que, pelas armas, substituiu um regime por outro e que trouxe uma nova escalada de violência na vida pública do País.
Em 1908 vigorava a Carta Constitucional e, para além de liberdade individual e colectiva, existia liberdade de associação e de expressão. A comunicação social de 1908, à semelhança do que acontece nossos dias, era hábil em crucificar pessoas na praça pública e sem culpa formada. A propaganda republicana não descansou enquanto não denegriu a imagem do Rei, contando para o efeito com a colaboração de alguns que se declaravam monárquicos e estavam melindrados com o monarca.
Os republicanos temiam as reformas em curso e sobretudo Dom Carlos, astuto diplomata e estadista de excelência. El-Rei era patriota e defensor da liberdade, tendo-se destacado nas artes como um pintor de grande qualidade e sensibilidade extrema e um cientista oceanográfico de reconhecidos méritos que ultrapassou fronteiras.
A 1 de Fevereiro de 1908, após uma estadia em Vila Viçosa, D. Carlos e o Príncipe D. Luís Filipe, regressam a Lisboa e, apesar do clima de enorme tensão que se vivia na capital, D. Carlos preferiu seguir numa carruagem aberta, praticamente sem escolta, apenas com os batedores protocolares e um oficial a cavalo, ao lado da carruagem do rei, que trajava o uniforme de Generalíssimo, pretendendo com esta atitude, mostrar ao povo alguma normalidade.
No trajecto el-Rei e D. Luís Filipe são bárbara e covardemente abatidos pelos assassinos a soldo da república (que ainda recentemente alguém os pretendia considerar heróis), o braço armado da Maçonaria – a Carbonária.
Não podemos contudo esquecer que existiram outros implicados na trama assassina os quais, pelo menos da fama, não se livram: são eles Alberto Costa, Virgílio de Sá, Domingos Fernandes, Aquilino Ribeiro e, quanto a este último está sepultado desde o dia 19 de Setembro de 2007 no panteão nacional (pasme-se...).
De igual modo não pode cair no olvido a tenebrosa personagem que foi José Maria Alpoim, que dizia que em Portugal só existiam duas pessoas com conhecimento total do que se passou no Regicídio, sendo ele uma delas, pois sabia em que casa teve lugar a reunião preparatória e onde se efectuou a troca ao Buíça do revólver pela carabina.
Pelos relatos históricos sabemos que a Rainha D. Amélia, de pé na carruagem fustigou com um ramo de flores que trazia na mão, um dos regicidas, gritando ao mesmo tempo “Infames! Infames!”. Aliás esta imagem correu mundo nos jornais da época.
No Arsenal, para onde foram levados os corpos, a Rainha D. Maria Pia, mãe de D. Carlos disse devastada a D. Amélia: “Mataram-me o meu filho” ao que D. Amélia respondeu: “E o meu também.”
A extrema violência deste acto deixa a Europa revoltada, não só pelo facto de D. Carlos ser uma figura estimada pelos restantes Chefes de Estado europeus, mas também pelo facto de se ter tratado de um acto orquestrado por uma associação secreta e assassina “a carbonária”.
A imprensa internacional publicou imagens do atentado, com base em narrações que iam chegando. Em Inglaterra escrevia-se “Lisbon’s shame!”.
O Juiz Alves Ferreira iniciou e presidiu ao 1.º inquérito ao regicídio, seguindo-se-lhe José da Silva Monteiro e o Dr. Almeida de Azevedo que, após dois anos de investigação, concluiu ter sido o atendado cometido por membros da Carbonária, que pretendia assim derrubar a Monarquia. O Julgamento estava marcado para o dia 25 de Outubro de 1910, mas acabou por não acontecer em virtude da implantação da república dias antes, pelo que não houve qualquer tipo de condenação para os implicados sobrevivos.
O processo acabou por ir para às mãos de Afonso Costa, na altura ministro da Justiça do Governo Provisório, após o que se lhe perdeu o rasto. Também D. Manuel II era detentor de uma cópia, que providencialmente desapareceu pouco antes da sua morte em 1932, na sequência de um roubo à sua residência em Inglaterra.
Este hediondo acto removeu da cena política portuguesa um grande estadista que se encontrava em posição de estimular e o refundar o regime, e com ele o seu auspicioso sucessor, Dom Luís Filipe, pessoa muito culta, e muitíssimo bem preparada para assumir os destinos do País.
Através de eleições nunca a república seria implantada em Portugal, pelo menos nessa altura. Basta vermos os resultados eleitorais obtidos pelo Partido Republicano nas eleições do dia 5 de Abril de 1908, que num total de 157 deputados, conseguiu apenas eleger 7 deputados.
Assim, só eliminando o Rei é que os republicanos conseguiriam implantar a república mas como com a perpetração deste acto não conseguiram os seus intentos, de novo surgem com as suas intenções de derrubar o regime pela força – o que acabam por conseguir, em 1910.
O regicídio permitiu a implantação da república.
E à 1ª república, violenta e sanguinária, sobreveio a 2ª república, da ditadura salazarista e do Estado Novo. E à 2ª república sucedeu a actual 3ª república, falida e corrupta.
Em 1 de Fevereiro de 1908 assassinaram o Rei e o príncipe herdeiro.
Em 5 de Outubro de 1910 mataram Portugal. Desde então o nosso País deixou de ser Portugal e transformou-se na República Portuguesa (é assim que nos identificamos nos documentos oficiais e nas relações com os outros países).
JOSÉ ANÍBAL GOMES - Ponte de Lima, Portugal
JOSÉ RENATO NALINI - IN DUBIO, NATIONE
Nós da “família” jurídica, estamos acostumados com o latim. Aliás, faz falta o Latim no ensino fundamental. Toda a estrutura de nosso pensamento é greco-romano. Os Romanos sistematizaram a genialidade helênica. Há expressões que ganharam a linguagem do povo e são insubstituíveis, como o tão propalado “data vênia”.
O princípio do Direito Penal bastante citado é “in dubio pro reo”. Ou seja: para condenar uma pessoa, é preciso ter absoluta certeza de sua culpa, seja sob a modalidade dolosa, seja a culposa em sentido estrito. Há autores que sustentam ser preferível “soltar um culpado do que condenar um inocente”.
Se isso vale para o Direito Penal, é preciso refletir se também se aplica a interesses coletivos como o destino da Pátria. Ainda não temos outra fórmula de entregar a coordenação da administração pública senão mediante eleições. O eleitor é o autêntico titular da soberania. Único e exclusivo. Dele depende entregar o Poder – e o Erário, ou seja, a soma do sacrifício de todos os brasileiros – ao eleito. A partir da eleição, instaura-se uma “ditadura a prazo fixo”. Não se dispõe ainda do “recall”, que poderia interromper o mandato daquele que traiu o representado e já o não representa. Só nas próximas eleições é que se poderá fazer faxina.
Pois para as eleições, o mais conveniente para o Brasil é servir-se de uma formatação diversa do princípio. Em vez do “in dubio pro reo”, o “in dubio pro Natione”. Ou seja: na dúvida sobre a idoneidade do candidato, a Nação reclama que ele não seja eleito. Quando paira a menor incerteza sobre o envolvimento em falcatruas, em desonestidade, em ilicitude, em ligações perigosas – dize-me com quem andas… – é melhor não arriscar.
O Brasil já não suportará mais quatro anos de conduta lesiva aos interesses de seu heroico e sacrificado povo. Povo que morre de bala perdida e de bala premeditada. Que morre à espera de atendimento nos hospitais. Que não tem noção de como a educação poderia ser melhor se o governante se interessasse, efetivamente, por aprimorá-la e não fizesse do verbete apenas uma cereja a mais na retórica populista.
Uma excelente estratégia para estas eleições é votar em quem não tem a menor mácula em seu passado, em sua vida pública, em suas vinculações. Se tiver, que “procure sua turma”. O povo exige decência. Decência já! E Lava-Jato para os que não honraram a confiança que os ingênuos neles depositaram.
JOSÉ RENATO NALINI é Reitor da Uniregistral, docente universitário, palestrante e autor de “Ética Geral e Profissional”, 13ª Ed. RT.
FELIPE AQUINO - O MÉTODO DE EDUCAR DE DOM BOSCO
“Basta que você seja jovem para que eu te ame” Dom Bosco
Educar é uma bela e nobre missão, pela qual vale a pena gastar o tempo, o dinheiro e a vida; afinal, estamos diante da maior preciosidade da vida: os nossos filhos. Tudo será pouco em vista da educação deles.
O Grande São João Bosco, fundador da Congregação dos padres, irmãs e cooperadores salesianos, um dos quais o nosso querido Monsenhor Jonas Abib, fundador da Canção Nova, foi Pai e Mestre da Juventude; viveu para os jovens a pedido de Nossa Senhora Auxiliadora, que lhe apareceu aos nove anos e pediu isso.
Toda a vida de Dom Bosco foi dedicada aos jovens; ele dizia: “basta que você seja jovem para que eu te ame”. E Dom Bosco tinha esperança em todos os jovens e não desistia de nenhum deles, por mais difícil que fosse.
Nesta sua vida ele elaborou um método pedagógico simples e eficaz para educá-los.
Educar é algo complexo, é como burilar um diamante bruto, que o pecado original obscureceu. A graça de Deus e a educação humana e religiosa fazem o diamante voltar a brilhar. É o que Dom Bosco fazia.
Leia também: Um sonho de Dom Bosco
Como conquistar seu filho, segundo Dom Bosco
Carta de São João Bosco para os jovens
7 frases para ser feliz como Dom Bosco
Dom Bosco, um Mestre perene
O educador precisa saber, com carinho e pulso, corrigir os defeitos, estimular as qualidades, e levar os jovens a amar as virtudes que orientarão a vida e lhe darão a felicidade duradoura. Dom Bosco dizia que numa boa educação jamais poderia faltar a formação religiosa, porque sem o auxílio da graça de Deus o jovem não consegue vencer as paixões desordenadas da alma humana, especialmente hoje em que Deus é expulso da Terra e a moral cristã é pisoteada.
A juventude em todos os tempos tem sede de novidades e se afasta de Deus e da religião e se perde muitas vezes nas drogas, na violência na bebida, no sexo desvairado, etc. Mas este é um grande desafio que no seu tempo, um pouco diferente de hoje, Dom Bosco soube vencer. E muitos educadores do seu tempo queriam saber qual o “milagre” que Dom Bosco fazia para ganhar para Deus tantos jovens rebeldes. Entre outras coisas, Dom Bosco respondia: “Consigo de meus meninos tudo o que desejo, graças ao temor de Deus infundido em seus corações”.
Dom Bosco dizia que em primeiro lugar era necessário conquistar a confiança do jovem. Ele disse isso ao Cardeal Tosti, em Roma, em 1858., disse-lhe São João Bosco: “Veja, Eminência, é impossível educar bem a juventude se não se lhe conquista a confiança”.
Outro item básico do processo educativo de Dom Bosco era levar os jovens a evitar o pecado. Para isso ele usava com os jovens de uma grande vigilância e muita atenção e carinho, de maneira paterna. Por isso ele chamou seu método de “preventivo”, em substituição ao “repressivo”, com base em castigos. Seu olhar estava atento aos jovens nos recreios, para de imediato fazer a correção, eliminar as brigas, os maus costumes, as iras, etc. Mas para isso Dom Bosco entrava nas brincadeiras deles, disputava corridas com eles e praticava esportes em seu meio, e participava de seus jogos e diversões. Gostava de brincar com eles de “tudo o que o seu mestre fizer”. Ia a frente e os meninos tinham que repetir o que ele fazia.
Dom Bosco nunca dava castigos físicos porque dizia que isso só revoltava os jovens. Ele usava uma palavra adequada, um olhar triste de decepção, enfim, mostrava seu desagrado e decepção.
Um dia ele não conseguiu dar o “boa noite” aos meninos por causa da algazarra que faziam; então, ele os mandou dormir sem ouvir a sua palavra por causa do mau comportamento deles; nunca mais isso aconteceu.
Dom Bosco sabia ensinar os jovens a usar a liberdade que Deus nos deu, sem sufocá-la, mas também sem permitir que abusassem dela e caíssem na libertinagem; que é o uso da liberdade fora da verdade e da responsabilidade. Sabia para isso aplicar a boa disciplina.
Uma forma de conquistar os jovens era a alegria. Ele dizia que os jovens são como abelhas, atraídas por uma colher de mel. No convívio amoroso com os jovens ele aproveitava para contar histórias edificantes, dar bons conselhos e, desafiá-los a repetir as boas ações dos santos. Dom Bosco tinha aprendido com seu santo inspirador, São Francisco de Sales, que um cristão triste é um triste cristão. Para isso ele usava também a música e dizia que “uma casa sem música é como um corpo sem alma”.
Assista também: Um sonho de Dom Bosco…
Dom Bosco sabia que o mais difícil com os jovens era a perseverança no bem; por isso dizia-lhes que sem os Sacramentos e a devoção a Nossa Senhora era impossível permanecer no bem. Por isso, gastava tempo com eles nas Confissões, onde perdoava e moldava cada jovem diamante que Deus lhe confiou. Ali ele era um pai que sabia compreender e corrigir. Com a Comunhão frequente Dom Bosco levava os jovens a fortalecerem contra as tentações do demônio. Ele queria que os jovens fizessem a Primeira Comunhão tão cedo quanto possível, desde que pudessem distinguir entre o pão comum e o Pão Eucarístico, e estivessem instruídos. Queria que logo “o Rei do Céu viesse reinar nessa alma”.
Penso que tudo isso que Dom Bosco viveu e ensinou seja necessário hoje mais do que nunca, neste tempo triste em que a infância e a juventude são empurradas, até pelo governo, para o mau caminho da imoralidade e dos maus costumes.
FELIPE AQUINO - Escritor católico. Prof. Doutor da Universidade de Lorena. Membro da Renovação Carismática Católica.
PAULO R. LABEGALINI - COISAS DE CRIANÇA
Uma criança pronta para nascer perguntou a Deus: ‘Dizem que estarei sendo enviada à Terra amanhã, mas como vou viver lá sendo assim tão pequena e indefesa?’ E Deus disse: ‘Entre muitos anjos, eu escolhi um especial para você. Estará lhe esperando e guiará os seus passos.’ A criança ainda quis saber como faria para ser feliz, e o Senhor lhe respondeu: ‘Seu anjo alegrará você e sempre será possível sentir-se muito amada.’
Ainda confusa, a pequena criatura continuou perguntando: ‘Como poderei entender quando falarem comigo, se não conheço a língua deles?’ O Criador explicou que, com muito carinho e paciência, o bom anjo lhe ensinaria primeiro a rezar e depois a falar. E querendo logo encerrar as dúvidas, a criança exclamou: ‘Eu serei muito triste se estiver longe do Senhor!’ Aí, Deus sorriu e disse: ‘Seu anjo sempre falará de mim, lhe ensinará como me encontrar e, assim, eu também estarei dentro de você.’
Nesse momento, havia muita paz no céu e as vozes da Terra já podiam ser ouvidas. A criança, apressada, pediu suavemente: ‘Oh, Deus, se eu estiver pronta para ir agora, diga-me, por favor, qual o nome do meu anjo?’ E Deus respondeu: ‘Você chamará seu anjo de Nossa Senhora!’
Belo conto, não? Apesar de ser apenas uma história e Maria não ser anjo – mas a eterna Rainha dos anjos –, cada vez que eu a conto a alguém, digo que essa criança sou eu. O amor que sinto pela Santíssima Mãe do Céu é tão grande que chego a imaginar, quando pequeno, o Divino Pai me tocando e recomendando que eu nunca largue as mãos de Nossa Senhora. E quantas outras pessoas devem agora estar imaginando ter passado por isso também!
Quando Roberto Carlos compôs a sua grande homenagem à Virgem Maria, deve ter voltado a ter um humilde espírito de criança para escrever: ‘Nossa Senhora, me dê a mão, cuida do meu coração, da minha vida, do meu destino, do meu caminho, cuida de mim.’
Até um grande amor pode se fundamentar em brincadeiras sadias de criança. Por exemplo, contam que um casal chegou a completar bodas de ouro sem nunca ter brigado, porque eles faziam um jogo muito interessante: um escrevia a palavra ‘Neoqerpv’ num lugar inesperado e, assim que o outro achasse, deveria escrevê-la em outro lugar escondido.
Eles colocavam Neoqerpv dentro do açucareiro para que o próximo que fosse usá-lo achasse, escreviam na janela embaçada pelo sereno, escreviam no sabonete e até no final do rolo de papel toalha! Não havia limite para colocar a palavra Neoqerpv e surpreender o parceiro.
Aquilo era mais do que um jogo de diversão – era um modo de vida! Muita gente não entendia a brincadeira que faziam e a felicidade que sentiam quando um achava o bilhete do outro, até que um dia, quando ela morreu, as palavras tristes do bondoso velhinho revelaram o grande segredo.
Durante o velório, ele disse a todos o que significava a palavra ‘Neoqerpv’: ‘Nunca esqueça o quanto eu rezo por você!’ E as pessoas passaram a compreender a vida que levaram: agradecendo a refeição que comiam, indo de mãos dadas à missa, ajudando os necessitados, criando os filhos na fé cristã, e, principalmente, um intercedendo a Deus pelo outro. O marido até mandou gravar Neoqerpv no caixão da eterna amada.
São coisas de criança que nos ajudam a chegar ao céu! E quanta gente se esquece que Jesus Cristo gravou ‘Eu te amo’ no coração de cada um de nós, no dia do batismo. Sem dúvida, aquela foi a data mais abençoada de nossa vida de criança e, como parte de minha missão evangelizadora, eu sempre dou testemunhos a casais, dizendo que a partir do dia que começamos a rezar e a trabalhar juntos a serviço de Deus, eu e minha esposa deixamos de brigar. E isso já faz mais de vinte anos!
Também os pais de uma criança devem cuidar bem dos valores que farão parte da vida dela. É triste saber que existem crianças rezando assim:
Pois é, saiba que não há nada que compense o fracasso familiar na cabeça de uma criança.
PAULO ROBERTO LABEGALINI - Escritor católico. Vicentino de Itajubá - Minas Gerais - Brasil. Professor Doutor do Instituto Federal Sul de Minas - Pouso Alegre.‘Autor do livro ‘Mensagens Infantis Educativas’ – Editora Cleofas.
HUMBERTO PINHO DA SILVA - AS ONDAS QUE CAPTAMOS
Já repararam, que o nosso céu, o nosso espaço, é atravessado por imensas ondas de Rádio e TV, que se cruzam e se recruzam, percorrendo distâncias, quase infinitas?
Não as vemos, é certo, nem as sentimos; mas existem.
Como os aparelhos de rádio e TV, captam as ondas, o nosso cérebro, também, sintoniza, não essas, mas outras, que não podemos ver, mas sentimo-las.
Nunca ouviram dizer: “ Anda qualquer coisa no ar! …”, referindo-se a mudança de regime ou calamidade? São “ondas” de boatos, de notícias tendenciosas, que a mente capta, e guarda no subconsciente.
Dizem: “ Está na moda”; “ Isto ou aquilo, é preconceito”; “Agora é assim.”; “Todos o fazem”…
E por que está na moda?!
Porque grupo de indivíduos, que têm o poder de influenciar, através da mass-media, conseguiu-nos hipnotizar, a tal ponto, que não somos capazes de pensar nem raciocinar, discernidamente.
Outrora, usavam a literatura; depois, o cinema; agora: a TV, Rádio e Internet.
Servem-se de tudo (até das telenovelas,) apresentando-nos cenas e atitudes indignas, para nos narcotizar. O hábito de as vermos, adormece os nossos valores (quando os há,) despertando o desejo de aceitar o que outrora rejeitávamos.
E aceitamos, porque não queremos ser considerados: retrógrados e antiquados.
Adotamo-nos, então, à realidade, ao que a maioria: aceita e acata.
Todavia, defendemo-nos, culpando: companhias e o meio ambiente. Sem dúvida, que as pessoas que conhecemos ou vivem na nossa cidade, exercem grande influência, no nosso modo de pensar e agir; mas, é bom lembrar: que cada um pode e deve, criar o seu próprio meio.
Se frequentarmos lugares sadios; se lermos livros edificantes; se assistirmos a espetáculos dignos; se escolhermos amigos respeitosos, edificaremos o nosso próprio carácter, com pensamentos positivos.
Claro que não é possível o isolamento, porque não somos uma ilha, nem isso seria útil; nem é necessário apartarmo-nos de tudo que é negativo; mas devemos pesar e confrontar tudo, com os nossos valores.
Ser responsável; ter princípios; ideias próprias; não se deixar levar pela corrente; e, muito menos, ser marioneta e imitador, é que forma o homem inteligente e de carácter.
Sejamos apenas nós próprios, e seremos felizes.
HUMBERTO PINHO DA SILVA - Porto,Portugal
ZITA VICENTE - MELANCOLIE
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Palavra do Pastor, com Dom Vicente Costa,
Bispo diocesano de Jundiaí
4ª Domingo do Tempo Comum Lc4,21-30
https://youtu.be/40vbaSxDbic
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