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Sexta-feira, 26 de Abril de 2019
JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI - DIA INTERNACIONAL DA EDUCAÇÃO, POUCO A COMEMORAR, MUITO A FAZER

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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         Celebra-se a 28 de abril o Dia Mundial da Educação em referência ao encontro de representantes de 180 países participantes do Fórum Mundial de Educação, realizado em abril de 2000, na cidade de Dakar, no Senegal. Comemora-se a 28 de abril o DIA DA EDUCAÇÃO, instituído para que ocorram reflexões e debates sobre as questões negativas e as positivas que a cercam. Na ocasião, foi assinado um documento no qual estas nações se comprometiam a não poupar esforços para que a educação chegasse a todas as pessoas do planeta até 2015.

Infelizmente esse propósito não se concretizou e no Brasil está bem distante de alcançá-lo. E muitos motivos contribuíram para isso. O maior deles foi a falta de vontade política. Utilizando-se de opiniões populares, podemos dizer que “o maior inimigo de um governo é uma população culta”. Assim, o assunto não interessa a maioria dos representantes públicos, que prefere que as pessoas não pensem, já que para eles basta que saibam gritar gol. Contraria-se o objetivo central da educação que é o de desenvolver seres humanos com uma razão crítica, com uma visão de mundo ético e humanista, com criatividade, senso estético e equilíbrio afetivo e psíquico. Tanto que é um direito social, um pré-requisito para usufruir-se dos demais anseios civis, políticos e sociais.

Em vários países ainda não desenvolvidos,  um dos aspectos que agravam a péssima situação da educação é o da justiça social desconhecer que todos os cidadãos, sem distinções, devem ter acesso à educação, reservando a cultura a uma classe privilegiada,  fossilizando, assim, muitas forças humanas, mesmo porque, o seu fim é determinado pelo fim último do homem. E assim vão perdendo um tempo precioso para superar o desafio da revolução qualitativa da estrutura educacional.

Não podemos esquecer que o seu valor simbólico fecunda o processo civilizatório, dos valores às leis, da política à vida e que ela se enquadra na Segunda Geração dos Direitos Humanos, àqueles que traduzem o valor da igualdade e dizem respeito aos direitos sociais, culturais e econômicos.

         Assim, uma educação adequada e crítica, visando sobretudo a elevar o ser humano, decorrerão inúmeros benefícios para toda humanidade, porque quando os indivíduos se sentem partes integrantes de um todo, colaboram grandemente para aprimorar o crescimento desse todo.

         Ela não pode ser vista como responsabilidade apenas das escolas. Tudo na sociedade pode ser e é pedagógico, em sentido positivo ou negativo.     Na família, no trabalho, nos meios de comunicação, na ação política, nos atos religiosos, em qualquer setor de atividade humana, estamos ensinando às novas gerações modelos e propostas de conteúdo técnico, político e moral.         Isso é tanto mais verdade na sociedade moderna, em que a criança está em contato com o mundo pela informática, televisão, outros meios da mídia e pela interação intensa com os adultos.

         É visível, portanto, a necessidade de empenho coletivo para que os reais objetivos educacionais sejam plenamente atingidos, e essa responsabilidade não se limita à autuação do educador, como profissional, mas envolve também uma sensível participação dos órgãos governamentais e dos demais setores sociais para prover e alocar recursos suficientes e adequados ao perfeito cumprimento desses propósitos.

 

 

 

JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é advogado, jornalista, escritor e professor da Faculdade de Direito do Centro Universitário Padre Anchieta de Jundiaí. É presidente da Academia Jundiaiense de Letras .(martinelliadv@hotmail.com)

 



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ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOS - IMPROVISAÇÃO E PROCRASTINAÇÃO: DOIS VÍCIOS NACIONAIS

 

 

 

 

 

 

 

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Uma das características do povo brasileiro é sua capacidade extremamente desenvolvida de improvisar, de encontrar rapidamente soluções hábeis para os problemas mais inesperados. É o famoso “jeitinho”, indissociável do modo de ser brasileiro. Acho que essa é, sem dúvida, uma qualidade positiva do nosso povo, se bem que tenha, também, uma contrapartida menos boa.

Precisamente porque consegue improvisar soluções para os problemas, o brasileiro não gosta de planejamentos e tem preguiça de fazê-los. Acha-os, ademais, supérfluos. Perder tempo  prevendo problemas lhe parece ocioso e contraproducente. Afinal, não é melhor poupar as energias para resolver o problema na “hora H”? O resultado é que, muitas vezes, não conseguimos evitar problemas que, com um pouquinho de previsão, poderiam ter sido evitados. A tragédia de Brumadinho, por exemplo, poderia não ter enlutado tantas famílias mineiras.

Quando um papa está começando a ficar velho e doente, os grandes jornais já costumam preparar as matérias que figurarão no seu obituário. Já de longa data estão elas prontas. Não só isso, também já têm preparadas as biografias completas dos principais “papáveis”, ou seja, dos cardeais mais cotados para suceder ao Pontífice reinante. Também as grandes editoras já encomendam, sigilosamente, a jornalistas ou escritores especialmente dedicados ao estudo dos assuntos eclesiásticos, livros com biografias dos principais “papáveis”. A editora arca com os custos da redação de livros que nunca serão editados… mas o lucro obtido com as vendas da biografia completa do novo papa, lançada logo na mesma semana da sua eleição, compensa largamente os gastos.

Grandes grupos econômicos europeus, quando se aproximam eleições particularmente decisivas para os rumos nacionais e de resultado incerto, já contratam equipes especializadas que, de modo sigiloso, fazem projeções econômicas na previsão das várias hipóteses de resultados das urnas, e já propõem medidas a serem adotadas em qualquer delas. Nunca deixam para resolver esses assuntos depois de apurados os votos.

Conta-se que em certa madrugada de julho de 1870, o Marechal von Moltke, comandante do exército prussiano, foi acordado por um oficial assistente, que lhe informou ter sido o território da Prússia invadido pelas tropas de Napoleão III, imperador dos franceses. O velho militar, imperturbável, recomendou ao assistente que fosse até seu gabinete e executasse imediatamente as medidas emergenciais que já estavam prontas para essa eventualidade. Estavam numa das gavetas de sua escrivaninha, em um envelope especial. Em seguida, despediu o assistente, virou-se para o outro lado e continuou calmamente a dormir. A Prússia, como se sabe, ganhou essa guerra.

Em 1940, quando as tropas nazistas invadiram o território francês por uma região onde jamais se esperaria um ataque, e em poucas semanas tomaram a cidade de Paris, o plano militar seguido pelos invasores tinha sido elaborado nos seus mínimos detalhes quase 100 anos antes, por um aluno da academia militar prussiana. Era um plano velho, mas, analisado pelo alto comando alemão, foi julgado perfeitamente atualizado e adequado. Deu certo, infelizmente. O mais incrível era que o alto comando alemão possuía dezenas de planos similares, muitos deles feitos por jovens alunos de academias militares, todos perfeitamente conservados e catalogados. Apenas foi preciso escolher um.

Esses planejamentos de longo prazo são desagradáveis ao espírito brasileiro, que prefere resolver na última hora, valendo-se da sua incrível criatividade improvisadora. Mas são indispensáveis para um trabalho sério.

Outro problema é o da procrastinação. Nós, brasileiros gostamos de deixar tudo para a última hora, Trata-se de defeito herdado de nossos maiores portugueses, pelo menos a julgar por Eça de Queiroz, que criticava sempre esse mau hábito dos seus compatriotas. “Procrastinare lusitanum est”, escreveu ele em “A ilustre casa de Ramires”, para explicar o porquê de Gonçalo Mendes Ramires, que havia prometido ao Castanheiro, seu antigo colega na Universidade de Coimbra, uma novela histórica sobre as glórias dos passados Ramires, sempre empurrava para mais adiante o início do trabalho.

A procrastinação, no fundo, é uma forma de preguiça. Os alemães, que por temperamento e hábito normalmente são o contrário disso, têm uns versinhos muito expressivos: “Morgen, morgen, nur nicht heute, / sagen alle faulen Leute”  (amanhã, amanhã, desde que não seja hoje, dizem todos os preguiçosos).

           Os ingleses, como os alemães, também têm muitos defeitos, mas geralmente não são  procrastinadores contumazes como nós. Traduziram, também em versinhos rimados, o mesmo pensamento: “Later, later, not today, / all the lazy people say” (mais tarde, mais tarde, mas não agora, dizem todas as pessoas preguiçosas).

No Brasil, temos um dito muito sábio, que contém a mesma filosofia de vida: “Não deixes para amanhã o que podes fazer hoje”. O espírito brincalhão do nosso povo logo fez uma adaptação a esse sábio conselho. Ficou assim: “Não deixes para amanhã o que podes fazer depois de amanhã”.

Faço em tempo, para evitar más interpretações, uma importante ressalva: quando, neste artigo, aponto qualidades ou defeitos de brasileiros, portugueses, alemães ou ingleses, falo das tendências gerais desses povos, não afirmo que não haja exceções... Também há alemães e ingleses procrastinadores e imprevidentes, como também há portugueses e brasileiros que não possuem esses defeitos e até são exemplo das virtudes opostas.

 

 

 

 

ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOS   -    É licenciado em História e em Filosofia, doutor na área de Filosofia e Letras, membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e da Academia Portuguesa da História.



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CINTHYA NUNES VIEIRA DA SILVA - PANCS

 

 

 

 

 

 

 

 

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                Há algum tempo descobri, meio por acaso, que de uma bananeira se aproveita muito mais do que as bananas. Vendo uns vídeos disponíveis na internet eu aprendi que do tronco das bananeiras se pode extrair um saboroso palmito, coisa que eu nem desconfiava. Usar as folhas da bananeira como opção ecológica para embalar alimentos, bem como assá-los, são mais algumas das formas de se aproveitar essa planta.

                Lendo um pouco mais sobre o assunto, descobri ainda que as bananeiras são o que se chama de PANC – planta alimentícia não convencional. Desconhecia o termo até a semana passada, mas não pude me contentar apenas com essa informação e fui pesquisar melhor. Fiquei encantada com minhas descobertas. As PANCs são plantas cujas propriedades alimentícias ou são mais amplas do que as conhecidas ordinariamente ou que praticamente são desconhecidas como alimento.

                Muitas PANCs são consideradas mato e até mesmo erva-daninha. Paradoxal termos comida nascendo por aí e gente morrendo de fome, sobretudo em um país de um solo tão rico e fértil. Como morei no interior e em uma chácara durante vários anos, até me gabo de conhecer muitas plantas, mas a maior parte das PANCs me passou despercebida. A “ora por nobis” é uma delas.

                Trepadeira, a “ora por nobis” tem folhas, flores e frutos comestíveis. As Folhas, ricas em proteínas, fibras e vitaminas, podem ser secas, trituradas e usadas como suplementos em sopas, sucos ou misturada à comida. Verdes, podem ser usadas na salada ou refogadas. Ainda é possível fazer chá com as folhas e utiliza-lo como substituto da água na preparação de pães, enriquecendo-os.

                As flores, perfumadas, abrem uma única noite e também são comestíveis. Os frutos, amarelos e pequenos, são doces e podem ser utilizados para fazer geleia ou doce em compotas. Em resumo, é uma planta que pode ser amplamente utilizada, com muito potencial. Além de tudo, é rústica e se adapta a várias regiões do país, sem requerer muitos cuidados. Fiquei feliz da vida quando ganhei de um amigo, uma pequena muda.

                Quando estive dias depois em uma loja de plantas para comprar um pé de limão, encontrei outra PANC para comprar, com folhas que também podem ser usadas em salada. Comprei na mesma hora, mesmo sem saber onde colocaria mais uma trepadeira que logo estará esticando seus “braços” e gavinhas por aí. Mas nem tentei resistir. Agora, somadas à pequena bananeira que plantei em um vaso, já são três as minhas PANCs.

                Li praticamente tudo que achei sobre o assunto na internet e, nessas pesquisas, vi que há algumas publicações sobre o tema. E foi assim que encomendei o livro Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC) no Brasil, de Valdely Ferreira Kinupp e Harri Lorenzi. Hoje, dia em que escrevo esse texto, recebi o exemplo e, para quem deseja saber mais sobre as PANCs, recomendo a leitura. Repleto de fotos, descrições e receitas, o livro é um verdadeiro e belíssimo manual.

                Gosto muito de novidades, ainda mais aquelas que acrescentam valor à vida. No caso das PANCs, ainda acrescentam sabor e a certeza de que, com informações e boa vontade, ninguém poderia morrer de fome nesse país.

 

 

 

 

CINTHYA NUNES   -   é jornalista, advogada e professora universitária – cinthyanvs@gmail.com

 



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MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE - REFERÊNCIA

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Conheci-a no bar que era famoso pelo comércio do sexo. Espaço da frente com mesa de sinuca e nas prateleiras bebidas. Luz sombria em ambiente soturno de compra e venda de peles e emoções, em sua maioria desgastadas.  Depois dos degraus, os quartos escuros e abafados com sons que iludiam muitos dos clientes. Recordo-me de outra moça, de carne judiada, que escapou de um orfanato, aos dez anos, em outra região, pelos maus tratos. Tropeçou de imediato em um bordel. De lá, se evadiu e chegou àquele local. A espuma de colchão, que colocava dentro do corpo, uma vez por mês, em certo momento, apodreceu, juntamente com o útero, os ovários, as trompas... Mais um vazio. Dizia-me temer que, no hospital, a condenassem por sua forma de sobrevivência e pela fuga de menina. Foram tantos comentários sobre o seu gesto tresloucado, sem prudência alguma sobre a saúde, que escapuliu do hospital antes da alta e jamais soube dela.  Fazia muito tempo que não me lembrava da moça que, dentre outras, me despertou um sentimento materno. Estive naquela espelunca por incontáveis vezes, para dizer às mocinhas e às senhoras desesperançadas sobre o colo de Deus, que acolhe sem barreira, acalma os medos, cura chagas...

Mas voltando à mulher, cuja referência era o tal bar. Trocávamos sorrisos e quase não conversávamos.

Décadas após, “mudou de referência”. Veio para os cantos expostos da praçacentral e se tornou, por algum tempo, novidade para os consumidores. Cabelos azuis, amarelos... Unhas de cor semelhante e a boca borrada de coloral.Percorria um único quarteirão. Agradável sempre comigo e jamais deixava de perguntar sobre a nossa mãe, especialmente quando quebrou o braço. Para elas, com o passar dos anos, também se fez doschamegos que não tiveram.

Em outubro, se não me engano, avisou-me que viria esporadicamente a Jundiaí. Voltara à sua cidade natal. Lá havia gente sua. Era bom estar próxima aos laços de sangue, em uma época em que se considerava enfraquecida. Encontramo-nos na segunda semana de dezembro. Contou-me que, em todas as vindas, fazia questão de entrar na Catedral e rezar. Os sinos da Igreja fizeram-na perceber que o Azul sobre ela. Alegrei-me.

Avançaram os problemas vasculares acompanhados de outros. Partiu.  Entristeci-me, contudo creio que levou, como referência maior daqui, as torres que lhe fizeram olhar o Céu.

 

 

 

 

MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE -

 Professora e cronista. Coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher – Santa Maria Madalena/ Magdala. Jundiaí, Brasil.



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VALQUÍRIA GESQUI MALAGOLI - OVO(S) PODRE(S)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Tudo começou por causa de um ovo podre...

Arrisquei-me sem que houvesse pressa. Foi excesso de confiança mesmo.

Lição do dia: nem em ovos se pode confiar!

Ao quebrar o segundo, a fim de acrescentá-lo à massa do pão, perdi todo o trabalho.

Quem aí já experimentou esse desgosto entende: pior do que não saber quem veio primeiro – o ovo ou a galinha – é não saber mais que produtos empregar de modo a eliminar aquele cheiro ruim impregnado na cozinha.

Durante a limpeza do ambiente e recomeço do serviço de padeira, lembrei-me de pronto do papo de algumas semanas atrás, na casa de uma amiga...

Falávamos que não obstante os tantos anos de cozinha (duas de nós uns vinte e poucos cada, e a outra o dobro), exatamente a com mais experiência jamais passara por tal infelicidadezinha, enquanto que as outras duas, entre as quais eu, uma vez apenas cada.

Lembrei-me, após, da infância. Claro! Eu não poderia ter devorado tanto Casimiro de Abreu em tenra idade sem ter absorvido, ou melhor, ter sido absorvida por certo lirismo essencialmente saudoso de colos e outras coisas tais.

O que quero dizer é que me lembrei de que, quando via minha mãe cozinhar, eu enlouquecia; achava tudo mágico!!!

Hoje sei que a ciência explica o fermento fazer crescer... os bolinhos de chuva subirem no óleo durante a fritura e os nhoques na água do cozimento... sei até porque a cebola me faz chorar, e não é porque sou poeta e choro por qualquer coisa!!!

Sei agora que minha avó não era feiticeira. Só que quando ela colocava semente de erva-doce no bolo de fubá e eles não iam todos para o fundo da forma, ao contrário se distribuíam organizadamente em meio a tanta fofura... ah, eu achava que ela era sim!

Uma tia me fez amar pimentão, a outra me fez adorar quiabo... Hoje acho simples, só que à época, ah, foi mágica!

Será que de geração em geração a mágica se dilui? Desfaz-se?

Ou minha pinta no nariz não indica bruxaria alguma, ou sei lá... minha filha é mesmo inteligente demais pra se encantar com as pequenas lidas do cotidiano...

Às vezes acho que essa onda de delivery deixou tudo insosso. Só que quando é um sabadão à noite e eu estou esgotada do umbigo no fogão... dou graças por ele existir.

Tudo tem seu fim.

 

 

 

Valquíria Gesqui Malagoli, escritora e poetisa, vmalagoli@uol.com.br

 



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FELIPE AQUINO - POR QUE OS DISCÍPULOS NÃO RECONHECERAM JESUS APÓS A RESSURREIÇÃO ?

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Alguns discípulos não reconheceram Jesus ressuscitado. Isso aconteceu, por exemplo, com Maria Madalena (João 20,15), com os discípulos quando estavam pescando (João 21,4) e com os dois discípulos no caminho de Emaús (Lucas 24,13-35). Fica claro, porém, que a fisionomia de Jesus era diferente nessas aparições.

Cristo ressuscitou com seu próprio corpo: “Vede as minhas mãos e os meus pés: sou Eu!” (Lc 24,39). Mas ele não voltou a uma vida terrestre como antes. O nosso Catecismo explica que o corpo de Jesus ressuscitado era o mesmo corpo dele:

“Jesus ressuscitado estabelece com seus discípulos relações diretas, em que estes o apalpam e com Ele comem. Convida-os, com isso, a reconhecer que Ele não é um espírito, mas sobretudo a constatar que o corpo ressuscitado com o qual Ele se apresenta a eles é o mesmo que foi martirizado e crucificado, pois ainda traz as marcas de sua Paixão. Contudo, este corpo autêntico e real possui, ao mesmo tempo, as propriedades novas de um corpo glorioso: não está mais situado no espaço e no tempo, mas pode tornar-se presente a seu modo, onde e quando quiser, pois sua humanidade não pode mais ficar presa à terra, mas já pertence exclusivamente ao domínio divino do Pai. Por esta razão também Jesus ressuscitado é soberanamente livre de aparecer como quiser: sob a aparência de um jardineiro ou “de outra forma” (Mc 16,12), diferente das que eram familiares aos discípulos, e isto precisamente para suscitar-lhes a fé” (n.645).

Com essas palavras a Igreja deixa claro que Jesus podia aparecer de maneiras diferentes (“como jardineiro ou outra forma”), já que seu corpo ressuscitado tem propriedades novas por não estar mais sujeito ao tempo e ao espaço. Isto significa que as leis da natureza já não tem mais poder sobre o seu corpo, por isso Ele pode entrar e sair do Cenáculo onde estão os Apóstolos, sem abrir a porta e sem rasgar as paredes; seu corpo já não ocupa mais espaço como antes. É agora como se vivesse de maneira “invisível”, embora pudesse se deixar ver quando quisesse.

 

 

 

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Leia também: As provas da Ressurreição de Jesus

Quantas vezes Jesus apareceu após sua ressurreição?

A Ressurreição, mito ou realidade?

 

 

Quando São Paulo explica como será o nosso corpo ressuscitado, ele afirma que, da mesma forma, em Jesus “ressuscitarão com seu próprio corpo, que têm agora”; porém, este corpo será “transfigurado em corpo de glória”, em “corpo espiritual” (1Cor 15, 44): “Semeado corruptível, o corpo ressuscita incorruptível (…) os mortos ressurgirão incorruptíveis. (…) Com efeito, é necessário que este ser corruptível revista a incorruptibilidade e que este ser mortal revista a imortalidade” (1Cor 15,35-37.42.52-53).

Alguns levantam a hipótese de que os discípulos no caminho de Emaús, não o reconheceram porque o Senhor teria fechado os olhos deles para que não o reconhecessem, só permitindo isso na fração do pão. O evangelista São Lucas afirma que “os olhos deles estavam como que fechados, para que o não conhecessem” (Lc 24,16) e “abriram-se-lhes então os olhos, e o conheceram, e ele desapareceu-lhes” (Lc 24,31).

Parece-me, no entanto, que esta não é a melhor explicação, embora possa ser possível, uma vez que a Igreja diz no Catecismo que o seu corpo ressuscitado “pode tornar-se presente a seu modo, onde e quando quiser”, com outras aparências, “diferente das que eram familiares aos discípulos” (n 645).

De fato, diante de Jesus ressuscitado estamos perante um corpo em um estado novo que é completamente desconhecido da criação natural. A ciência não tem condições de explicar isso.

Outros alegam que os discípulos não o reconheceram por vários motivos, como incredulidade (Jo 20,24-25); decepção (Jo 20.11-15); pavor (Lc. 24,36-37); embaçamento da luz por ocasião da aurora (Jo 20,1,14-15), etc.. Mas essas hipóteses também não parecem ser as melhores, tendo em vista que a Igreja afirma que o não reconhecimento Dele foi “precisamente para suscitar-lhes a fé”; então, foi algo da vontade de Jesus mesmo e não de outras causas.

Há que se notar que em todos os casos a dificuldade em reconhece-Lo foi apenas temporário, em seguida o reconheceram; os discípulos em todas as aparições do Mestre estavam absolutamente convencidos de que se tratava do mesmo Jesus, no mesmo corpo físico que Ele possuía antes da ressurreição.

E, com esta certeza saíram pela mundo testemunhando corajosamente a Sua ressurreição, enfrentando as perseguições e até a morte sem medo, tal era a certeza e a alegria da ressurreição do Senhor. Isto foi a causa da força com que evangelizaram o mundo.

Jesus ressuscitou em glória. Não carregava mais nossas fraquezas nem enfermidades. Não estava mais desfigurado, e nem tinha mais a aparência de um condenado, nem era mais desprovido de beleza como disse Isaías (Is 52,13; 53,12). Isto pode, de certa forma, ter também dificultado de certa forma o Seu reconhecimento por seus discípulos, mas não foi a causa mais importante.

São Paulo diz que “o Senhor Jesus Cristo transformará o nosso mísero corpo, tornando-o semelhante ao seu corpo glorioso, em virtude do poder que tem de sujeitar a si toda criatura” (Fl 3.20). Só então poderemos saber exatamente como é corpo de Jesus ressuscitado.

 

 

 

 

FELIPE AQUINO - Escritor católico. Prof. Doutor da Universidade de Lorena. Membro da Renovação Carismática Católica.

 

 

 

 

 

 



publicado por Luso-brasileiro às 11:42
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PÉRICLES CAPANEMA - COMPUNÇÃO

 

 

 

 

 

 

 

 

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Era pouco antes das sete da noite, segunda-feira pacata de abril, e de repente em Paris o fogo, parecendo vomitado do inferno, estralejou violento no madeirame da catedral de Notre-Dame de Paris. Subia, ardia, baixava, lambia e devorava o que encontrava, diante de espectadores aterrados. O mundo, estarrecido e aturdido, julgava ter diante dos olhos o que não podia acontecer. Continuou por horas o espetáculo dantesco.

 

Pouco a pouco, na capital francesa, depois do choque inicial, pairou o silêncio, a dor, aqui e ali magotes rezavam e entoavam cânticos. Houve também silêncio, dor, desnorteamento, orações no mundo inteiro. Perplexidade. Por fim, cintilou uma nota de alívio. As duas torres estavam salvas. Aos poucos, foi sendo divulgado que muita coisa não tinha sido consumida pelas labaredas. Acidente? Atentado? Por enquanto é prematuro concluir.

 

Perdoem o chavão, tentei ouvir o silêncio, explicitar o imponderável. Pus atenção nas reações do povo de Paris e do mundo inteiro. De forma particular, nos magotes em torno da catedral crucificada pelas chamas. Havia um denominador comum, a compunção, muito relevante na multidão que rezava e cantava hinos religiosos.

 

Não pretendo aqui repetir o que outros já comentaram com talento, em especial, valor simbólico, perda, prognósticos. Foco em outro ponto, tem relação próxima com a compunção que, esperançado, observei surpreso.

 

Imaginei situações diversas, comparações, sempre admitindo a origem acidental do incêndio. Tudo muda, existindo mão criminosa. Se o fogo tomasse a catedral da Milão, também joia da arquitetura gótica, que reações desencadearia entre os milaneses? Na Itália? No mundo? E se o incêndio fosse na catedral de Colônia? Em Chartres? Em Reims? Catedral de Sevilha? Basílica de São Marcos? Na própria catedral de São Pedro? Como reagiriam os nacionais? Como reagiria o mundo?

 

Ampliei a figuração. Fogo na abadia de Westminster? No Kremlin? Na estátua da Liberdade? No Taj Mahal? Na Esfinge ou nas pirâmides? De que forma reagiria o mundo?

Lembrei-me do horror mundial quando o Estado Islâmico ▬ no caso, de forma criminosa ▬ destruiu dezenas de sítios arqueológicos no Iraque e na Síria.

 

Entre nós, se o fogo acabasse com o Cristo Redentor? A imagem da Aparecida?

 

Existe, parece-me certo, em muitos aspectos, traços mais fortes, uma comoção maior, por ter sido Notre-Dame de Paris. Tem relação com o templo, extraordinária expressão da alma medieval, com a ordem temporal cristã, com a França. E com seus reflexos na cultura ocidental.

 

Por associação, lembrei-me de discurso pronunciado pelo cardeal Eugênio Pacelli, futuro Pio XII, na ocasião legado pontifício, na catedral de Notre-Dame de Paris ▬ 13 de julho de 1937. Foi leitura minha anos atrás, na ocasião fiquei impressionado. Recolhi alguns pequenos extratos: “Como exprimir, meus irmãos, tudo o que evoca no meu espírito, na minha alma, igual na alma e no espírito de todo católico, até direi, em toda alma reta e em todo espírito culto, o nome de Notre-Dame de Paris! Porque aqui é a própria alma da França, a alma da filha primogênita da Igreja”. O Purpurado diz que ali ecoam as vozes de Clóvis, de santa Clotilde, de Carlos Magno, sobretudo a voz de são Luís IX. Ele parece escutá-las. E se pergunta a causa de tanto simbolismo em Notre-Dame. O futuro Pio XII pôs de lado raça e determinismos como causas: “É inútil invocar fatalismo ou determinismo racial. À França de hoje que lhe pergunta, a França de outrora responderá dando a tal herança seu nome verdadeiro: vocação”

 

Vocação, chamado providencial, realidade superior, imponderável por vários lados, evocada de forma incomparável por Notre-Dame de Paris. Na compunção pela agressão ao símbolo, ainda que de forma germinativa, havia abertura para o simbolizado, a vocação da França.

 

O impulso extraordinário para reconstruir a catedral, expresso em doações gigantescas (família Pinault, grupo LVMH, família Arnault, família Bettencourt-Meyers, grupo L’Oréal, Apple, para citar alguns grandes doadores) é sintoma do horror que causou na opinião francesa e mundial a devastação do incêndio. Tem importância ímpar. Traz, porém, no bojo uma ameaça: tornar fashion, prestigioso, o movimento pela reconstrução. Com isso, facilmente poderá sair do foco a compunção. Iria minguando, chegaria até ao esquecimento. Semente de restauração, a compunção vale mais que qualquer riqueza.

 

 

 

 

PÉRICLES CAPANEMA - é engenheiro civil, UFMG, turma de 1970, autor do livro “Horizontes de Minas"

 

 

 

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publicado por Luso-brasileiro às 11:37
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PAULO R. LABEGALINI - A SENHORA DO ROSÁRIO DE FÁTIMA

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Como o primeiro dia do ano a Igreja festeja a devoção à Santa Mãe de Deus, começo 2019 com uma história de profundo amor da Maria Santíssima por seus filhos, que ocorreu em 1917, Portugal. Começa em 1916, quando o mundo passava pela I Guerra Mundial e por todas as desgraças que ela trazia às famílias – destruídas pela morte, pobreza e descrença. Naquela época, num vilarejo de Fátima, viviam três crianças: os irmãos Francisco e Jacinta Marto – 9 e 7 anos – e a prima Lúcia de Jesus – 10 anos. Felizes, eles tomavam conta de ovelhas, brincavam e, principalmente, rezavam o Terço.

Um dia, tocando o rebanho, descobriram uma gruta. Entraram para descansar e, de repente, apareceu-lhes um anjo convidando-os para rezar a seguinte oração: “Meu Deus, eu creio, adoro, espero e amo-vos. Peço-vos perdão pelos que não creem, não adoram, não esperam e não vos amam. Amém.” E o Anjo da Paz disse-lhes também que os Corações de Jesus e Maria ficariam profundamente tocados se eles rezassem com muita fé.

A partir daquele dia, os pastorzinhos passaram a rezar constantemente, preparando seus corações para as próximas visitas do anjo; e, na sua última visita, ele deu às crianças três Hóstias pingando o Preciosíssimo Sangue de Jesus – a Primeira Comunhão! Assim, os pequenos foram perfeitamente preparados para as revelações futuras em suas vidas.

Os videntes receberam a primeira aparição de Nossa Senhora de Fátima ao meio dia de 13 de maio de 1917. Ela apareceu sobre uma árvore pequena, com uma nuvem a seus pés, vestida de branco e segurando um lindo Rosário. Naquele momento tão abençoado, a Virgem Maria disse-lhes: “Não temam, não lhes farei nenhum mal. Vim do Céu para pedir que venham aqui seis meses seguidos, no dia 13, a esta mesma hora e, em outubro, direi quem sou e o que desejo de vocês para o futuro.”

Ela perguntou aos meninos: “Vocês se oferecem a Deus para suportar os sofrimentos que Ele enviar, em reparação pelos pecados com que é ofendido e pela conversão dos pecadores?” Eles responderam ‘sim’ e um pacto divino teve seu início. Os três compreenderam o que Maria pediu e nos pede até hoje: oração e conversão.

Assim, eles começaram a sofrer grandes tribulações, mas sempre eram fortalecidos pelos Sagrados Corações. Chegaram a viver uma experiência ímpar na história da humanidade: no dia 13 de julho de 1917, Nossa Senhora permitiu que eles tivessem uma terrível visão do inferno e das almas ali condenadas. Depois disso, tiveram ainda mais horror do pecado e do mal, dedicando-se com muito ardor à oração e à penitência.

Durante os seis meses das aparições e mesmo depois que elas terminaram, os três foram interrogados e pressionados pelas autoridades. Chegaram a ser raptados, presos, ameaçados de morte, sofreram violências físicas e todos zombavam deles, mas, pela graça de Deus e pela intercessão de Nossa Senhora, superaram as dificuldades.

É importante sabermos que, na última das aparições, em 13 de outubro de 1917, Maria revelou em sua mensagem: “Eu sou a Senhora do Rosário. Vim para exortar os fiéis a reformarem o seu comportamento e pedirem perdão dos pecados que cometeram. É preciso que eles não ofendam mais a Jesus, já bastante ofendido e ultrajado pelos pecados e crimes da humanidade. Meu Coração Imaculado haverá de triunfar!”

Em seguida, a chuva forte que caía parou e o sol girou no céu milagrosamente, fazendo mais de cinquenta mil pessoas acreditarem que Nossa Senhora estava aparecendo ali na Cova da Iria. Ela insistiu também em quatro pontos muito importantes para que o seu Imaculado Coração possa realmente triunfar e nos trazer muitas graças:

1.      Que tenhamos uma grande devoção ao seu Imaculado Coração;

2.      Que rezemos o Rosário diariamente, com muita fé e devoção;

3.      Que façamos sacrifícios pelos pecadores, pelo Papa e em reparação aos pecados cometidos contra o seu Imaculado Coração; e

4.      Que haja a nossa consagração sincera ao seu Imaculado Coração.

Que história maravilhosa! É por este e outros fatos que confio plenamente na proteção de Nossa Senhora. Ela olha por mim, pela minha família, pela nossa Comunidade, pelos nossos padres, pelos nossos doentes, enfim, Ela está à frente de tudo o que pensamos e fazemos. E quando algo me preocupa em excesso, rezo assim: “Mãezinha, toma conta disso pra mim.” E preciso dizer o que acontece?

Em julho do ano passado, quando estive em Fátima com um grupo de devotos, senti a emoção de presenciar os lugares onde a Virgem Maria esteve com os pastorinhos, pude rezar o Terço e missa naquele local e participar da comovente procissão de luz à noite. Não há palavras para descrever essa forte experiência de fé. E também por isso, eu quero continuar sendo um pastorzinho da Rainha, e você?

 

 

 

PAULO ROBERTO LABEGALINI - Escritor católico. Vicentino de Itajubá - Minas Gerais - Brasil. Professor Doutor do Instituto Federal Sul de Minas - Pouso Alegre.‘Autor do livro ‘Mensagens Infantis Educativas’ – Editora Cleofas.



publicado por Luso-brasileiro às 11:07
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HUMBERTO PINHO DA SILVA - TER NOME, É O QUE INTERESSA

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Naquele fim de tarde de Verão, de 1971, estava na livraria Figueirinhas, na companhia de meu pai, folheando as últimas novidades, expostas nos escaparates.

O Sr. Ferreira, chefe de balcão, passou por nós, cumprimentando-nos efusivamente:

- “Lindo dia! …Hem!?” – Perguntou, de semblante risonho.

Afirmativamente, respondemos:

De súbito, aproximou-se o Sr. Fernando Figueirinhas – sócio da firma, – cumprimentando-nos apressadamente, estendendo a mão:

- “ Sr. Pinho da Silva, gostava de conhecer, pessoalmente, António Lopes Ribeiro?!”

 Antes que meu pai respondesse, acrescentou:

- ” Está no meu gabinete. Venha dai! …”

Meu pai acompanhou-o, e eu, fiquei a conversar com o Sr. Ferreira, que me revelou: que o cineasta tinha vindo negociar o seu novo livro: “ Anticoisas & Telecoisas”.

Em breve, caminhavam em minha direcção; meu pai, e o apresentador do programa: “ Museu do Cinema” – popular rubrica da RTP.

 

 

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Pararam junto de mim. Conversavam animadamente, sobre teatro e da obra que o realizador de cinema, ia publicar.

A determinado passo da conversa, meu pai, interrompe, para interroga-lo sobre o Maestro António de Melo, tratando-o por Sr. doutor.

António Lopes Ribeiro, recurvou-se ligeiramente, e pedindo desculpa, disse-lhe:

- Ó Sr. Pinho da Silva, vou-lhe pedir um grande favor: não me trate por doutor! …Eu tenho nome! …Chame-me António ou António Lopes Ribeiro. Sabe?: só é doutor, quem não tem nome…Já reparou: aos grandes homens, ninguém os trata por doutor?! …”

Meu pai concordou, sacudindo afirmativamente a cabeça. Quem chama de doutor: Egas Moniz ou Carrel?

A conversa terminara. O cineasta estava com pressa. Tinha compromissos inadiáveis, e retirou-se, desaparecendo entre a multidão dos transeuntes da Praça.

O Sr. Ferreira, que tudo ouvira, ainda ficou a remoer nas palavras que escutara:

- “ Na verdade, ninguém trata por doutor, os grandes homens da ciência! Não é verdade ?!…; Sr. Pinho da Silva?…”

 

 

 

HUMBERTO PINHO DA SILVA   -   Porto, Portugal



publicado por Luso-brasileiro às 10:54
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EUCLIDES CAVACO - IRONIA DO TEMPO

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



Volto hoje a partilhar mais um tema sobre o misterioso tempo, que continua a ser para mim uma eterna interrogação.
Video composto pela talentosa amiga Gracinda Coelho.
 
 


https://www.youtube.com/watch?v=SfySjQLFa6k&feature=youtu.be
 
 


Desejos dum aprazível fim de semana.
 
 
 
 
 
EUCLIDES CAVACO  -   Director da Rádio Voz da Amizade , Canadá.
 

 

 

***

 

 

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Palavra do Pastor, com Dom Vicente Costa, 

 

Bispo diocesano de Jundiaí

 

2º Domingo de Páscoa

 

https://youtu.be/F68AVM4Hx2M

 

 

 

 

 

 

 

 

***

 

 

 

Leitura Recomendada:

 

 

 

 

 

Resultado de imagem para Jornal A Ordem

 

 

 

 

 

Jornal católico da cidade do Porto   -    Portugal

 

Opinião   -   Religião   -   Estrangeiro   -   Liturgia   -   Area Metropolitana   -   Igreja em Noticias   -   Nacional

 

 

https://www.jornalaordem.pt/

 

 

 

 

 

 

***

 

 

 

Horário das missas em, Jundiai ( Brasil):

 

http://www.horariodemissa.com.br/search.php?opcoes=cidade_opcoes&uf=SP&cidade=Jundiai&bairro&submit=73349812

 

 

 Horário da missas em São Paulo:


http://www.horariodemissa.com.br/search.php?uf=SP&cidade=S%C3%A3o+Paulo&bairro&opcoes=cidade_opcoes&submit=12345678&p=12&todas=0

 

http://www.horariodemissa.com.br/search.php?uf=SP&cidade=S%C3%A3o+Paulo&bairro&opcoes=cidade_opcoes&submit=5a348042&p=4&todas=0

 

 

Horário das missas na Diocese do Porto(Portugal):

 

http://www.diocese-porto.pt/index.php?option=com_paroquias&view=pesquisarmap&Itemid=163

 

 

 

 ***

 

 


publicado por Luso-brasileiro às 10:44
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Quinta-feira, 18 de Abril de 2019
JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI - PÁSCOA, " A LUZ HÁ DE CHEGAR AOS CORAÇÕES "

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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“...A luz há de chegar aos corações, do mal será queimada a semente, o amor será eterno novamente”. Nelson Cavaquinho em sua música  “Juízo Final” exalta a esperança, não como uma abstração, uma fuga ou mera imaginação, mas como a consciência de que, apesar das contradições, todos os momentos têm importância e não são gratuitos. Eles significam, revelam e possuem razão de ser nesta história de fatos interligados, em que um acontecimento gera outro, que por sua vez, clareia o anterior.

A Semana Santa nos convida à reflexão de que a esperança deve existir, pois a ressurreição faz justiça, transforma e perpetua em vida o que era opressão, injustiça e sofrimento. Demonstra-nos a dedicação de Deus para com o pobre e o sofrimento. O Papa João XXIII, na encíclica “Pacem in Terris” de 11 de abril de 1963, analisando do ponto de vista cristão os direitos da pessoa humana, deixa ver como a vida nova trazida por Jesus e que explode no dia de Páscoa manifesta o plano significativo de direitos e deveres que definem a dignidade do ser humano.

Por isso, como escreveu certa vez D. Aloísio Lorscheider, “poderíamos dizer que a Páscoa é a festa solene dos direitos da pessoa humana. Desaparece o velho da opressão, do não reconhecimento do valor irrepetível de cada pessoa e surge o novo da libertação e do respeito a cada criatura humana”.

Inúmeros e graves erros judiciais marcaram o julgamento de Cristo. Identificam-se, entre outros, a ausência de acusação formal, inexistência absoluta de defesas e condenação condicional à absolvição de terceiro com o qual não manteve qualquer vínculo. Alguns juristas elaboraram excelentes trabalhos sobre o assunto. Tais defeitos e evidenciaram a perseguição de que o Salvador foi vítima durante toda a sua peregrinação.

         Infelizmente, ainda hoje persiste a grande indiferença aos que procuram germinar na humanidade um Reino feito de justiça, de amor, de reconciliação e de abertura irrestrita a Deus. Mais do que nunca, o anúncio da Boa Nova de Jesus, que culmina com a ressurreição é um contínuo apelo à promoção da vida - a grande vitória na Páscoa do senhor e que marcou definitivamente o seu triunfo sobre a morte, o da liberdade sobre a escravidão, o da graça sobre o pecado. Esta é a mensagem que se traz para cada um de nós: vencer a força insidiosa do mal que se manifesta cotidianamente em egoísmo, em exploração do outro, em cinismo, desconfiança, inveja e ódio, fontes da desordem, da desarmonia e do desajuste.

         Já se disse que o próprio cristianismo corre o risco de trair a Páscoa se faltar o empenho em promover a vida. Uma fé cheia de missas e comunhões, mas que no cotidiano pouco se interessa pelo reino e sua justiça, é uma fé morta. Sem ressurreição. Hoje, mais do que nunca, se tornam evidentes as implicações éticas da fé cristã: a solicitude pelos pobres, migrantes e excluídos; a educação em favor da paz; a defesa dos direitos humanos; a promoção da saúde e da moradia; a luta ecológica; a formação político-cristã do povo. A festa pascoalina é uma realidade atual, que nasce da certeza da ressurreição e reflete os diversos aspectos da vida. Para que cada ceia eucarística seja honesta deverá haver pão sobre as mesas e justiça nas ruas.

 

 

 

 

JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é advogado, jornalista, escritor e professor da Faculdade de Direito do Centro Universitário Padre Anchieta de Jundiaí. É presidente da Academia Jundiaiense de Letras (martinelliadv@hotmail.com)

 



publicado por Luso-brasileiro às 11:25
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ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOS - MAIS UM NÚMERO DA " REVISTA DO IHGSP"

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Será lançado ao público em São Paulo, no próximo dia 24 (última quarta-feira deste mês) o número 102 da Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, referente ao ano de 2018. Trata-se de uma das mais antigas publicações periódicas do País, com 124 anos de existência, tendo seu primeiro número sido lançado em 1895, e vem sendo editada desde então, com alguns períodos de interrupção.

É uma revista cultural de altíssimo nível, com um Conselho Editorial do qual fazem parte grandes nomes da Cultura, como os professores Antonio Roque Dechen (piracicabano e diretor da ESALQ), o historiador Arno Wehling (Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e membro da Academia Brasileira de Letras), os juristas Damásio de Jesus, Ives Gandra da Silva Martins e João Grandino Rodas, o poeta Paulo Bomfim, os intelectuais portugueses D. Marcus de Noronha da Costa e José António Falcão (ambos da Academia Portuguesa da História) e outros mais.

Esse número da Revista, com 216 páginas, contém matéria não só de grande interesse, como também muito diversificada, tanto nos temas escolhidos pelos respectivos autores como nas abordagens pelas quais optaram.

Entre os artigos científicos, merecem especial atenção as sugestivas pesquisas históricas, historiográficas e cartográficas efetuadas a partir de um painel de azulejos conservado em Itu, pelo Prof. Jorge Pimentel Cintra; a rememoração dos 30 anos da promulgação da Carta Magna de 1988, pelo Dr. Ives Gandra: a rememoração da Expedição Roncador-Xingu (que nos anos 40 do século passado atraiu as atenções de todo o Brasil para o nosso até então inexplorado hinterland e preparou o clima que propiciaria a transferência da Capital para o Planalto Central), pelo Prof. Luiz Alberto Schneider e sua orientanda Thays Fregolent de Almeida ; as considerações críticas sobre a sistemática dessacralização de topônimos que se seguiu à proclamação da República, pelo Prof. Lincoln Etchebéhère Junior; um interessante estudo sobre Revolução Constitucionalista de 1932, focalizando a atuação da imprensa na propaganda dos dois lados em conflito, pelo Coronel Carlos Roberto Carvalho Daróz; e preciosas e pouco divulgadas informações sobre a chamada “farmacopeia jesuítica”, que nos últimos anos vem atraindo a atenção dos pesquisadores e também dos grandes laboratórios farmacêuticos de vários países.

Na parte II da Revista, os leitores encontram - ou melhor, reencontram - textos dignos de memória de alguns sócios veteranos do IHGSP, assim como a merecida homenagem prestada à Presidente de Honra Dra. Nelly Martins Ferreira Candeias, na sessão solene em que ela passou a presidência efetiva da entidade para o atual Presidente, Prof. Jorge Pimentel Cintra.

Na Sessão de Noticiário, especial destaque para o Projeto “Roteiro dos Príncipes”, desenvolvido pelo jornalista Malcolm Forest - um primeiro passo dado no sentido das comemorações do Segundo Centenário da Independência, a ser celebrado em 2022 - e para os Passeios/Bandeiras e as Tardes Culturais, iniciativas da atual Diretoria do IHGSP.

Com uma nota de tristeza e luto a Revista se encerra com dois textos escritos em homenagem à memória de Edivaldo Machado Boaventura, ilustre membro do Conselho Editorial da Revista do IHGSP, escritos por dois consócios que particularmente privaram de sua amizade.

O lançamento será, repito, no dia 24 de março, na sede do IHGSP (Rua Benjamin Constant, 158), bem no chamado Centro Velho de São Paulo. Às 15 horas. Anotem em suas agendas, compareçam se puderem e, garanto, encontrarão um ambiente acolhedor, simpático e verdadeiramente devotado à Cultura e às tradições brasileiras e paulistas.

 

 

 

ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOS   -    É licenciado em História e em Filosofia, doutor na área de Filosofia e Letras, membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e da Academia Portuguesa da História.



publicado por Luso-brasileiro às 11:18
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MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE - O AMOR QUE SINTO POR TI

 

 

 

 

 

 

 

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Deus me falou muito na Quaresma deste ano: dEle, do próximo e a meu respeito. 
Dentre as reflexões, segui o retiro online da Quaresma 2019, com Edith Stein, preparado pelo Frei Philippe de Jesus, ocd, do Convento de Avon - Inglaterra. 
Edith Theresa Hedwing Stein (1891-1942), filósofa e teóloga alemã, de origem judia, que se converteu a partir da leitura de um livro de Santa Teresa d’Ávila. No Carmelo, assumiu o nome de Teresa Benedita da Cruz. Faleceu no campo de concentração de Auschwitz. Canonizou-a o Papa João Paulo II.
Nesse tempo de interiorização, Deus me reafirmou o quanto Ele é misericórdia; Ele é e não muda, “Eu sou aquele que sou” (Êxodo 3, 14), assim se apresentou a Moisés, por isso, se desejo olhar o mundo com olhos do Céu - e anseio por isso - é preciso ver, em cada um,  a pepita de ouro que carrega.  Como escreveu Edith Stein, não julgar o próximo, pois só o Criador conhece a verdade.  E do retiro online, “Jesus morreu para dar a vida a todos. Todo homem torna-se um próximo por quem Cristo morre”, tanto aquele que faz bater meu coração com ternura como o que me traz a sensação de: “Argh”!
Em suas meditações a respeito da cruz, Stein escreve: “O mundo está em chamas. (...). Mas a cruz ergue-se ainda mais alto que todas as chamas”. É convite para erguermos os olhos em unidade com o Crucificado, para transformamos a nossa cruz pessoal em bem-aventurança. 
Fiz memória do caminho percorrido com o Senhor desde a minha infância. Recordo-me do quanto me enterneceu, aos cinco anos, em 1959, o coração da imagem de Jesus na Catedral NSD. Veio a Primeira Eucaristia, os Movimentos de Jovens, as mulheres em situação de vulnerabilidade social, a quem o Senhor me convidou a anuncia-Lo... E, nas lembranças, as tantas vezes que, por me colocar em lugar de Deus, em minha autossuficiência, enlameei minha alma, contudo Ele não deixou de me buscar.  Mas eu também necessitava de que o pedestal de barro, em que me apoiava, se fizesse pó e me derrubasse para, pelo menos, ter consciência do quanto o orgulho me impedia de ver o Deus da Revelação.
Concluo com uma música de minha juventude: “Houve um dia que a Ti disse sim... Muitas vezes é forte o sofrer, / e cem vezes repito o meu sim, / bem maior é o amor, / esse amor que sinto por Ti”. 
Uma Páscoa abençoada, querida leitora, querido leitor!

 

 

 

 

MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE -

 Professora e cronista. Coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher – Santa Maria Madalena/ Magdala. Jundiaí, Brasil.



publicado por Luso-brasileiro às 11:13
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