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Sexta-feira, 28 de Junho de 2019
JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI - SÃO PEDRO, O " CHAVEIRO DO CÉU "

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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A Igreja Católica comemora a 29 de junho, o Dia de São Pedro e São Paulo, dois dos mais importantes seguidores de Jesus Cristo. O primeiro foi um dos doze apóstolos escolhidos, sendo considerado o primeiro papa razão pela qual também se celebra nesta data o Dia do Papa, que é o seu sucessor. São Paulo, de perseguidor, transformou-se num dos principais pregadores da fé cristã, e num dos mais autênticos e firmes se seus seguidores. São festejados juntos pois os dois foram julgados e condenados no mesmo dia, sendo que o primeiro, no entanto, não é destacado nas festividades deste mês

 Com a festa de São Pedro se encerra o ciclo das celebrações dos santos juninos. Em  sua homenagem a São Pedro, com muita empolgação, fogueiras são acesas, mastros  são erguidos com as suas bandeiras e fogos são queimados.

Vale dizer que são muitas as tradições indicadas a ele.  Depois da sua morte, foi nomeado o chaveiro do céu, segundo o folclore e assim, para entrar lá, é necessário que ele abra as portas. Também lhe é atribuída a responsabilidade de fazer chover. Desta forma, quando começa a trovejar, e as crianças choram com medo, suas mães tentam acalmá-las dizendo: "é a barriga de São Pedro que está roncando" ou " ele está mudando os móveis do lugar".

Na data de sua celebração, ele é cultuado como protetor das viúvas (sendo estas mulheres que, geralmente, organizam a sua festa) e dos pescadores, por isso são realizadas procissões marítimas em sua homenagem em algumas localidades brasileira, como Ubatuba no litoral paulista e em Fortaleza, na praia de Iracema.

Após se encontrar com São Paulo, em Jerusalém, passou a viver em Roma, onde, segundo a tradição, foi executado por ordem de Nero.  Conta-se, também, que pediu para ser crucificado de cabeça para baixo, por se julgar indigno de morrer na mesma posição de Cristo.
               Como pode se observar, ele é um santo de muitas tradições, estórias e cultos populares. Por isso, no dia de sua celebração, nada melhor do que lembrar de suas proezas em prol de inúmeras causas (ou causos). E viva São Pedro!

 

 

                DIA DA RENOVAÇÃO ESPIRITUAL

 

 

Celebra-se a 28 de junho, o Dia da Renovação Espiritual, com caráter ecumênico. Foi criado para louvarmos a vida e agradecer a Deus pela nossa existência, trabalho e dedicação ao próximo. Incentiva-nos ao culto de familiares e amigos, que estão sempre ao nosso lado dando força para seguirmos em frente, em nossa jornada terrena, nem sempre muito fácil e incita algumas reflexões: o apego exclusivo as coisas materiais é um sinal notório de inferioridade, porque quanto mais o homem se prende aos bens do mundo, menos compreende sua destinação. Esquece-se de que deste mundo nada se leva, a não ser bons momentos com aqueles que nos rodeiam e os atos de carinho, amor, afeto e respeito praticados em nossa convivência. Por outro lado, não se pode ter guia mais seguro do que tomar como medida do que se deve fazer aos outros, o que se deseja para si mesmo.

 

 

 

JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é advogado, jornalista, escritor e professor da Faculdade de Direito do Centro Universitário Padre Anchieta de Jundiaí. É ex-presidente das Academias Jundiaiense de Letras e Letras Jurídicas.

 

 

 

 

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ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOS - CORRIDAS DE TOUROS E SAUDADES DE HERNÂNI

 

 

 

 

 

 

 

 

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Há duas semanas, transcrevi nesta coluna trecho do livro “Ordem e Progresso”, de Gilberto Freyre, sobre os nomes preferencialmente adotados para batizar crianças nascidas no Brasil, na última década do século XIX e nas duas primeiras do século XX.

No mesmo livro, encontrei uma curiosa ilustração, com propaganda fac-similar estampada no jornal carioca A IMPRENSA FLUMINENSE, de 21 de maio de 1888. Transcrevo com a ortografia da época o respectivo texto:

"Quarta-feira, 23 de Maio: Grande e admiravel corrida por conta do artista portuguez Francisco Pontes de 8 bravos e valentes touros escolhidos com todo o esmero. Ás 8 1/2 horas da noite. Será toureado o grande e valente touro portuguez do qual os amadores se devem recordar bastante. Este valente animal foi gentilmente offerecido pelo seu proprietario, o Exm. Sr. Barão da Taquara, para ser bandarilhado pelo bem recebido espada JOSÉ JEMENEZ (El Panadero) e o applaudido artista FRANCISCO PONTES. O celebre hercule francez o lutador Mr. Jules Mollnas, unico rival dos celebres hercules BATAGLIA e BARTOLLETTI, pegará á unha um bravissimo touro. Será corrida uma bravissima vacca. O amador FREITAS, que tanto enthusiasmo tem causado, toureará um bravissimo touro. É cavalleiro nesta corrida o bem recebido cavalleiro amador Henrique José Duarte. O resto dos bilhetes á venda por especial obsequio da charutaria Neves, rua de Gonçalves Dias n. 77, esquina da rua do Ouvidor." (op. cit,  3a. edição, José Olympio, Rio, 1974).

Pouca gente sabe hoje em dia, mas no Brasil havia touradas, até um passado não muito remoto. Mais precisamente, até cerca de 100 anos atrás. Essa tradição luso-espanhola foi preservada em vários países hispano-americanos (por exemplo, México e Colômbia), mas perdeu-se completamente no Brasil.

Minha avó materna, nascida em 1880 em Portugal, veio menina de 6 anos para São Paulo, e contava ter assistido a muitas corridas de touros na praça da República, no centro de São Paulo.

 Perguntei certa vez ao saudoso amigo Hernâni Donato, presidente de honra perpétuo do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo o porquê de terem acabado as touradas no Brasil. Hernâni, que já estava àquela altura com perto de 90 anos de idade, era uma enciclopédia viva sobre assuntos culturais e históricos do Brasil em geral, e de São Paulo em especial. Ele conhecia bem o assunto e respondeu com total segurança que as touradas, no Brasil, existiram em vários locais, mas parecem nunca ter despertado grande entusiasmo popular, diferentemente do que ocorreu com as cavalhadas e com as festas do Divino.

Segundo ele, as touradas deixaram de ser feitas entre nós por uma conjugação de dois motivos: de um lado, houve uma espécie de cansaço e desinteresse da população, e, por outro, também faltaram toureiros. Até cerca de 1915 ainda se realizavam, em alguns municípios do interior de S. Paulo, corridas de touros, mas já muito decadentes e descaracterizadas, incluindo elementos não tradicionais (por exemplo, um palhaço que fazia brincadeiras com o touro). Hernâni também se recordava de ter visto referências a uma toureira façanhuda que andou se apresentando no interior do Estado de São Paulo, mas não se lembrou bem do local. Disse que se encontrasse seus apontamentos a esse respeito, me telefonaria. Lamentavelmente, não encontrou, ou talvez se tenha esquecido de procurar. Tantos eram os consulentes que o procuravam que, se fosse atender a todos, não faria outra coisa na vida.

Quando estava à beira da morte, internado num hospital e lutando contra um câncer, pedia ao médico que lhe conseguisse mais um ou dois anos de vida, porque não queria morrer sem ter concluído quatro livros nos quais estava trabalhando...

Uma vez perguntei a ele como se fazia a iluminação das casas paulistas no século XVII. Ele respondeu, com toda a precisão, que antes da exploração sistemática do petróleo e da utilização do querosene, nas casas ricas se usava vela de cera, que também iluminava as igrejas. Nas casas pobres, se usava lamparina com óleo de baleia, produto abundante e barato que também servia como elemento aglutinador na argamassa de algumas construções.

Grande homem, o saudoso Hernâni! E pensar que já há mais de 6 anos nos deixou, em novembro de 2012!

 

 

 

 

 

ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOS   -    É licenciado em História e em Filosofia, doutor na área de Filosofia e Letras, membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e da Academia Portuguesa da História.

 

 

 

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CINTHYA NUNES - O INSEPULTO

 

 

 

 

 

 

 

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            Talvez eu não seja cronista por acaso. Tenho o hábito de olhar os detalhes por todos os locais nos quais circulo. Como ando muito a pé ou então como passageira, fica mais fácil (e seguro) me deixar seduzir pela paisagem. Gosto de ver a diversidade de plantas e arranjos nas milhares de sacadas dos arranha-céus que povoam a imensidão chamada São Paulo. Para uma observadora contumaz, todo ponto é um potencial conto.

            E foi assim, olhando para tudo é que eu o vi. Fiquei um pouco chocada inicialmente, até porque imaginei que pudesse ainda estar vivo. Ele estava em meio a um canteiro de flores silvestres que se formou naturalmente na minha rua. Há alguns anos a prefeitura abriu uma faixa na calçada e plantou três pequenas árvores que morreram em poucos meses.

            No espaço vazio, abandonado pelo Poder Público, sementes de florezinhas levadas pelo vento e pelos pássaros logo se instalaram. Infelizmente, o mesmo órgão negligente, ao invés de replantar no local, periodicamente aparecia e ceifava tudo, deixando somente um espaço com terra batida. Liguei e registrei uma reclamação que foi tão ignorada quanto às falecidas árvores.

            Conto esse fato para explicar que, como passo por ali todos os dias, fico olhando as pequenas flores brancas e cor-de-rosa repletas de abelhinhas, sempre pensando quanto tempo irão durar. Em um desses dias, notei algo marrom entre o verde das folhas e o avistei, imóvel que estava. Imenso e gordo, ali estava o rato. Fiquei admirada com o seu tamanho e a sensação seguinte foi a de asco.

            Engraçado que as pessoas gostam de desenhos de ratinhos, de bonecos e histórias sobre esses animais, mas poucos tem por eles simpatia no mundo real. Imaginei que não morrera de morte violenta, pois não estava aparentemente machucado. Preocupou-me o fato de haver um animal morto, quase do tamanho de um filhote de cachorro, exposto sobre a terra.

            Cogitei retirar o corpo dali e colocar no lixo, mas faltou-me coragem, em vários sentidos. Os dias foram se passando e o corpo do animal continuou como e onde estava. Acredito que sequer tenha sido notado por mais alguém. Não sei explicar ao certo, mas aquela imagem me remeteu ao abandono. Sei que um rato transmite doenças, mas vê-lo voltar ao pó, ignorado e insepulto foi perturbador.

            Acredito que tenha sido envenenado, já que após alguns dias parecia seco, como se tivesse sido drenado. Sobre a terra, ele tinha seu corpo material devolvido às origens, insepulto, como se fosse indigno de estar coberto para ela. Lamentei por ele, pela sua condição, pela sua existência ignorada, finalizada em um canteiro de flores ocasionais, também esquecido e abandonado.

            Quiçá eu seja a estranha, mas não pude ignorar aquela situação, tão desprezada pelos humanos, os auto declarados donos e algozes do mundo, que mal se dão conta de que essa também é a sua natureza: a frágil efemeridade da vida.

 

 

 

CINTHYA NUNES   -   é jornalista, advogada e professora universitária – cinthyanvs@gmail.com



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MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE - MISÉRIAS E DESENCANTOS

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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A moça veio para nos relatar suas dificuldades. Não a reconheci de imediato. Encobrira a moça com viço e sonhos de poucos anos atrás. Com ela estava o filho, de aparência cansada e exasperada, aos berros os momentos todos. Não consegui decifrar se quem carregava mais desenganos era ele em seus três anos ou ela nos trinta e poucos.
Recordei-me de Jesus Cristo, em acontecimento narrado por São Mateus (9, 36): “Vendo a multidão, ficou tomado de compaixão, porque estava enfraquecida e abatida como ovelhas sem pastor”. Bem a situação dela: enfraquecida e abatida. Permanece com o pai do filho há dez anos. Um amor desesperado que se fez na rua e nas visitas à cadeia. As drogas o dominam há décadas. A ilusão de mudança tomou conta dela em todas as etapas. Fragilizado por sua história, o vício se apossou dele. Fragilizada, nos caminhos que percorreu, o apego a ele se apoderou dela.
Por ele, em um ciclo desse relacionamento, retornou aos remédios que lhe protegiam da convulsão. Por ela, em uma etapa dos encontros, prometeu deixar de ser desencontro. Na soma do tempo de cada um, restaram os dois e agora o filho de olhos assustados, irritados e melancólicos.
Contou-nos que o imagina possuído por algo mal. No barraco, rola no chão, diz coisas desconexas, grita também e a quer desfeita de vaidades, para não correr o risco de que alguém a leve. Ela reclama, mas aceita. Encolhe o pescoço para ser menos vista, esconde os cabelos no boné surrado, contudo carrega medos. Teme que o barranco volte a cair sobre o barraco em que residem em cidade próxima. Teme pelos desatinos dele, pela solidão enquanto ele “trabalha” em troca de margarina, pão e duas marmitex. É a dívida. A maldita dívida das pedras e dos pinos que ele continua a consumir. “Trabalha de atrativo” para quem deve no ilícito, conduzindo-os a lugares ermos. Pela primeira vez, nos mais ou menos quinze anos que a conheço, noto que esgotou suas possibilidades de suavidade e doçura.
O menino me parece o resultado da desarmonia do pai e do tremor da mãe. Desconhece viagens em cavalinho de pau e voos na observação de avezinhas.
Tão pouco a lhes oferecer! Se não fosse minha fé em Deus e a possibilidade de diálogo, com Ele, teria saído fatigada como os três. Convidamos para que volte ao convívio conosco. Quem sabe? Precisam do olhar de salvação do Senhor.
 
 

 

 

MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE -

 Professora e cronista. Coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher – Santa Maria Madalena/ Magdala. Jundiaí, Brasil.


 



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JOSÉ RENATO NALINI - COMO APRENDER DIREITO?

 

 

 

 

 

 

 

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O Brasil, com suas mais de 1.300 Faculdades de Direito, não tem primado pela originalidade. Continua a produzir bacharéis no padrão de Coimbra que, ao ser transplantado para o Brasil em 1827, já possuía uma experiência milenar, eis que inspirada em Bolonha. A Universidade de Bolonha é do século XIII, mas desde o oitocentos já se aprendia ciência jurídica.

Sinal dessa atrofia é o fenômeno da judicialização da vida brasileira. Tudo aquilo que poderia ser solucionado mediante o diálogo, ferramenta de obtenção do consenso, é submetido à apreciação de um juiz. O Judiciário não dá conta de responder a todas as demandas e as críticas se avolumam, na mesma proporção da formação de autos: aqueles robustos calhamaços de papel. A informatização ainda não surtiu todos os benéficos efeitos que dela se espera.

Mas aprender Direito poderia ser algo mais simples. Começaria em casa. Porque a origem etimológica de “direito” não poderia ser mais compatível com a ideia que exprime: aquilo que não é torto. Aquilo que é certo. Que é correto. Que é decente!

É no lar que as mães – principalmente as mães – ensinam as pessoas a respeitar as outras. A ter limites. A reconhecer no próximo um ser que merece a mesma consideração que se espera merecer do outro.

A observância espontânea das obrigações, dos deveres e responsabilidades já seria um estupendo salto qualitativo no ensino do direito. A ciência jurídica é um compartimento ético. Tudo pode ser bem explicado à luz dos círculos concêntricos: o raio maior é o das convenções sociais. A polidez, a boa educação de berço, as regras de tratamento. Em seguida, um círculo menor comporta a área reservada às regras administrativas e disciplinares. Adentrando ao centro do círculo, vêm as normas civis, para culminar no menor espaço – o quanto mais reduzido melhor – das infrações penais.

A última escala da degradação humana é a prática de ilícitos criminais. Mas permeando todas as camadas concêntricas, está a ética. A ciência do comportamento moral do ser humano em sociedade. É uma preocupação perene e transversal a todas as formas de atuação dos seres racionais nessa frágil e efêmera passagem pelo planeta Terra.

Se isto impregnasse a cultura dos educadores da Ciência Jurídica, para adequada transmissão ao alunado, esta Nação recuperaria a noção do justo, do adequado, do sensato e do racional.

Entretanto, não é o que acontece. Muitas Faculdades oferecem ao acadêmico de Direito apenas o diploma, pré-requisito a que ele possa vir a desempenhar a profissão de advogado. Não é incomum que o curso contenha o mínimo de conteúdo, insuficiente para habilitar o bacharel a submeter-se ao Exame de Ordem, promovido pela OAB, com chances de vir a ser aprovado logo na primeira vez.

Outras que nasceram como “nichos de excelência”, oferecem uma formação direcionada. São filhos de famílias de elite e já têm destinação prevista. Cuidarão das empresas, das fazendas, dos interesses dos genitores. Não necessitarão do diploma para exercer profissão jurídica.

Nessa categoria, algumas escolas se especializam na produção de advogados empresariais e focam sobretudo as questões que interessam ao mundo de negócios. Direito Tributário é um alvo muito contemplado, porque o Estado guloso costuma levar parcela considerável do trabalho desenvolvido pelo empreendedor. É preciso saber lidar com a volúpia fiscal do governo.

A maioria das Faculdades de Direito prioriza o processo, por considera-lo a única forma de resolução de controvérsias. Isso já foi verdade. Ante a justiça pelas próprias mãos, a lei de Talião foi um progresso, pois trouxe proporcionalidade: “olho por olho, dente por dente”. Finalmente, considerou-se conquista civilizatória o processo judicial: um terceiro neutro soluciona a questão mediante incidência concreta da norma abstrata sobre a situação fática submetida à apreciação do julgador.

Isso está superado. O grau civilizatório se avalia pela condição de obter consenso mediante o exercício do diálogo. Uma sociedade ideal é aquela em que a observância espontânea das normas de conduta não necessita da intervenção formal, dispendiosa e lenta de uma estrutura sofisticada como a do Poder Judiciário.

Conduzir todas as questiúnculas ao equipamento da Justiça, tão sobrecarregado e tão burocratizado, é preservar um clima de animosidade que desagua numa generalizada descrença na função estatal encarregada de compor as controvérsias.

O Brasil precisa de uma cidadania apta a resgatar valores hoje esmaecidos ou em evidente oblívio, para que o povo – único titular da soberania – possa desincumbir-se dos deveres e responsabilidades próprios ao exercício da Democracia Participativa.

Disseminar a cultura de uma civilizada troca de argumentos, mediante uso da comunicação e do discurso como forma saudável de persuasão do outro é missão da qual devem se desincumbir todos os brasileiros de boa vontade. Mas a responsabilidade maior é dessa comunidade jurídica que tende a expandir-se quantitativamente, sem investir no crescimento qualitativo. Este se avalia pela concretização da paz e da harmonia, não pelo número calamitoso de processos judiciais em curso por todos os Tribunais desta República.

O processo já exerceu o seu papel na História do Direito. Deve ser reservado para o que é complexo, para os “hard cases”, não para insignificâncias que só contribuem para o seu desprestígio e, em tantos casos, para a sua desmoralização.

O Brasil e seu futuro merecem mais do que isso.

 

 

 

 

 

JOSÉ RENATO NALINI   é Reitor da Uniregistral, docente universitário, palestrante e autor de “Ética Geral e Profissional”, 13ª ed., RT-Thomson Reuters.

 

 

 

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VALQUÍRIA GESQUI MALAGOLI - ROXO E AMARELO

 

 

 

 

 

 

 

 

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Gostar, penso eu, é tão relativo quanto a Verdade, que de absoluta tem absolutamente nada!

Por exemplo, me fugiria ao entendimento tanto melindre em torno da duração do mês de agosto.

Tanto ele dura, quanto, enquanto dura, ouço uma piada atrás da outra acerca de sua longevidade e de como (sabe-se lá por que), por conseguinte, isso é supostamente ruim.

Porém, claro, isso não me foge ao entendimento. Eu disse que me fugiria.

Disse-o e repito porque sabemos quão vário é o homem e, no universo deste, seu vário universo do pensar.

Gostoso, penso eu, enfim, é sentir e viver Simplicidade.

E acho que sinto e vivo isso que ora digo, cada vez mais rasgadamente, à medida que a vida vem me afastando de tudo que é simples.

Aliás, acho que isso, aqui dentro, bem lá no fundo, é mais do que gostar. É questão de identidade. Coisa de identificação.

Mas, tudo bem. Eu consigo viver assim. A gente se adapta.

A criatura humana tem uma capacidade admirável de se adaptar aos torvelinhos que ela mesma cria. Ora se gira em falso, ora se roda a baiana...

Tenho me adaptado e, confesso, vivido bem vivendo bem bastante apesar de bastante mal em vista do incômodo com o mal ao redor.

Entendeu?

Apesar do exposto, há, como digo, um constante desgosto em relação a sobreviver em meio a tanto gosto não gosto.

Sinto que este não é meu lugar. Seja ele qual lugar for.

Sinto um desamparo.

Contudo, como volta e meia topo com outros desamparados como eu, me consolo.

Quanto ao mês de agosto... ah, que gosto! Foi a respeito e – em respeito – a ele que escrevi um dos meus mais simples poemas e que, portanto, figura entre os meus prediletos: “ainda nem é agosto/ e já estou agostar de tudo”. Um simples dístico.

Em agosto, aqui em nossa cidade, as ruas amarelam e arroxeiam em tons diversos sob as sombras de quaresmeiras tardias, jacarandás mimosos que fazem jus ao nome, ipês estupidamente radiantes, sibipirunas e outras árvores, arbustos e florinhas rasteiras das quais não sei os nomes, todavia, nem por isso me entontecem menos por ver.

Sinto que meus olhos são abençoados e minha alma surpreendida toda vez que vejo uma dessas magníficas criaturas que nascem ou resistem ao mês de agosto.

Como eu gosto! Como eu gosto!

 

 

 

Valquíria Gesqui Malagoli, escritora e poetisa, vmalagoli@uol.com.br

 

 



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FELIPE AQUINO - ALGUNS DOS PENSAMENTOS DE SÃO JOSEMARIA ESCRIVÁ

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Quando dava a Sagrada Comunhão, aquele sacerdote tinha vontade de gritar: aí te entrego a Felicidade!” (Forja, nº 267).

“Não abandones a visita ao Santíssimo. – Depois da oração vocal que tenhas por costume, conta a Jesus, realmente presente no Sacrário, as preocupações do dia. – E terás luzes e animo para a tua vida de cristão” (Caminho, nº 554).

“Quando te aproximares do Sacrário, pensa que Ele… há vinte séculos que te espera” (Caminho, nº 537).

“Gosto de chamar “cárcere de amor!” ao Sacrário. Há vinte séculos está Ele ali…, voluntariamente encerrado!, por mim e por todos” (Forja, nº 827).

“Sê alma de Eucaristia! – Se o centro dos teus pensamentos e esperanças está no Sacrário, filho, que abundantes os frutos de santidade e de apostolado!” (Forja, nº 835).

“Vai perseverantemente ao Sacrário, fisicamente ou com o coração, para te sentires seguro, para te sentires sereno: mas também para te sentires amado… e para amar!” (Forja, nº 837).

“Jesus ficou na Eucaristia por amor…, por ti. Ficou, sabendo como o receberiam os homens… e como o recebes tu. Ficou para que o comas, para que o visites e lhe contes as tuas coisas e, ganhando intimidade com Ele na oração junto ao Sacrário e na recepção do Sacramento, te enamores cada dia mais e faças com que outras almas – muitas! – sigam o mesmo caminho” (Forja, nº 887).

“’Portanto tu és Rei’… – Sim, Cristo é o Rei, que não só te concede audiência quando desejas, mas que, em delírio de Amor, até abandona – bem me entendes! – o magnífico palácio do Céu, ao qual tu ainda não podes chegar, e te espera no Sacrário. – Não te parece absurdo não acorrer pressuroso e com mais constância a falar com Ele?” (Forja, nº 1004).

“Deves manter – ao longo do dia – uma constante conversa com o Senhor, que se alimente também das próprias ocorrências da tua tarefa profissional. Vai com o pensamento ao Sacrário… e oferece ao Senhor o trabalho que tiveres entre mãos” (Forja, nº 745).

“Jesus ficou na Hóstia Santa por nós! Para permanecer ao nosso lado, para nos sustentar, para nos guiar. – E amor apenas se paga com amor. – Como não havemos de correr para o Sacrário, todos os dias, ainda que seja apenas por uns minutos, para Lhe levar a nossa saudação e o nosso amor de filhos e de irmãos?” (Sulco, nº 686).

 

 

 

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Leia também: Quem foi São Josemaria Escrivá de Balaguer?

12 Pensamentos de São Josemaría Escrivá, fundador do Opus Dei

Novena do trabalho a São Josemaria Escrivá

 

“Agradar-me-ia que, ao considerar tudo isto, tomássemos consciência da nossa missão de cristãos, voltássemos os olhos para a Sagrada Eucaristia, para Jesus que, presente entre nós, nos constituiu seus membros: vos estis corpus Christi et membra de membro,”vós sois o corpo de Cristo e membros unidos a outros membros”. O nosso Deus decidiu ficar no Sacrário para nos alimentar, para nos fortalecer, para nos divinizar, para dar eficácia à nossa tarefa e ao nosso esforço”.

“Agiganta a tua fé na Sagrada Eucaristia. Pasma ante essa realidade inefável!: temos Deus conosco, podemos recebê-lo cada dia e, se quisermos, falamos intimamente com Ele, como se fala com o amigo, como se fala com o irmão, como se fala com o pai, como se fala com o Amor” (Forja, nº 268).

“Compreendo o teu empenho por receber diariamente a Sagrada Eucaristia, porque quem se sente filho de Deus tem imperiosa necessidade de Cristo” (Forja, nº 830).

“Temos de receber o Senhor na Eucaristia, como aos grandes da terra, melhor!: com adornos, luzes, fatos novos… – E se me perguntares que limpeza, que adornos e que luzes hás-de ter, responder-te-ei: limpeza nos teus sentidos, um por um; adorno nas tuas potências, uma por uma; luz em toda a tua alma” (Forja, nº 834).

“Quando receberes o Senhor na Eucaristia, agradece-lhe com todas as veras da tua alma essa bondade de estar contigo. – Nunca te detiveste a considerar que passaram séculos e séculos, para que viesse o Messias? Os patriarcas e os profetas a pedir, com todo o povo de Israel: “A terra tem sede, Senhor, vem!” Oxalá seja assim a tua espera de amor” (Forja, nº 991).

“Jesus esconde-se no Santíssimo Sacramento do altar, para que nos atrevamos a tratar com ele, para ser o nosso sustento, com o fim de que nós façamos uma só coisa com Ele. Ao dizer sem mim nada podeis, não condenou o cristão à ineficácia, nem o obrigou a uma busca árdua e difícil da sua Pessoa. Ficou entre nós com uma disponibilidade total. Quando nos reunimos no altar enquanto se celebra o Santo Sacrifício da Missa, quando contemplamos a Hóstia Sagrada exposta na custódia ou a adoramos escondida no Sacrário, devemos reavivar a nossa fé, pensando nessa existência nova, que vem a nós, e comovermo-nos com o carinho e a ternura de Deus” (Cristo que Passa).

“É preciso adorar devotamente este Deus escondido. Ele é o mesmo Jesus Cristo, que nasceu da Virgem Maria; o mesmo que padeceu e foi imolado na cruz; o mesmo, enfim, de cujo peito trespassado jorrou água e sangue” (Cristo que Passa).

“Procura dar graças a Jesus na Eucaristia, cantando louvores a Nossa Senhora, à Virgem pura, sem mancha, àquela que trouxe o Senhor ao mundo. E, com audácia de criança, atreve-te a dizer a Jesus: – Meu lindo Amor, bendita seja a Mãe que te trouxe ao mundo! Com certeza que lhe agradas, e porá mais amor ainda na tua alma” (Forja, nº 70).

“Dir-vos-ei que, para mim, o Sacrário foi sempre Betânia, o lugar tranquilo e aprazível onde está Cristo, onde Lhe podemos contar as nossas preocupações, os nossos sofrimentos, as nossas aspirações e as nossas alegrias, com a mesma simplicidade e naturalidade com que aqueles amigos seus, Marta, Maria e Lázaro, lhe falavam. Por isso, ao percorrer as ruas de alguma cidade ou de alguma aldeia, alegra-me descobrir, ainda que ao longe, a silhueta duma igreja: é um novo Sacrário, mais uma ocasião para deixar a alma escapar-se para estar com o desejo junto do Senhor Sacramentado” (Cristo que Passa).

“Da falta de generosidade à tibieza não vai senão um passo” (s. 10).

“Quanto mais generoso fores – por Deus -, mais feliz serás” (s. 18).

“Nós, os que nos dedicamos a Deus, nada perdemos” (s. 21).

“Gostaria de gritar ao ouvido de tantas e de tantos; não é sacrifício entregar os filhos ao serviço de Deus; é honra e alegria” (s. 22).

“Desde que Lhe disseste “sim”, o tempo vai mudando a cor do teu horizonte – cada dia mais belo -, que brilha mais amplo e luminoso. Mas tens de continuar a dizer “sim”” (s. 32).

“Não te comportes como esses que se assustam perante um inimigo que só tem a força da sua “voz agressiva”” (s. 39).

“Há os que erram por fraqueza – pela fragilidade do barro de que estamos feitos -, mas se mantêm íntegros na doutrina. São os mesmos que, com a graça de Deus, demonstram a valentia e a humildade heroica de confessar a seu erro, e de defender – com afinco – a verdade” (s. 42).

“É uma loucura confiar em Deus!…, dizem. – E não é maior loucura confiar em si mesmo, ou nos demais homens?” (s. 44).

“Para nos convencermos de que é ridículo tomar a moda como norma de conduta, basta olhar para alguns retratos antigos” (s. 48).

“Um conselho, que vos tenho repetido até cansar: estai alegres, sempre alegres. – Que estejam tristes os que não se considerem filhos de Deus” (s. 54).

“Não és feliz, porque ficas ruminando tudo como se sempre fosses tu o centro: é que te dói o estômago, é que te cansas, é que te disseram isto ou aquilo… – Experimentaste pensar n‘Ele e, por Ele, nos outros?” (s. 74).

“A tua felicidade na terra identifica-se com a tua fidelidade à fé, à pureza e ao caminho que o Senhor te traçou” (s. 84).

“Esperar não significa começar a ver a luz, mas confiar de olhos fechados em que o Senhor a possui plenamente e vive nessa claridade. Ele é a luz” (s. 91).

“Se arrancares pela raiz qualquer assolo de inveja, e te alegrares sinceramente com os êxitos dos outros, não perderás a alegria” (s. 93).

“Há uma quantidade bem considerável de cristãos que seriam apóstolos…, se não tivessem medo. São os mesmos que depois se queixam, porque o Senhor – dizem! – os abandona. Que fazem eles com Deus?” (s. 103).

“Não o esqueçamos: no cumprimento da Vontade divina, as dificuldades se ultrapassam por cima…, ou por baixo…, ou ao largo. Mas…, ultrapassam-se!” (s. 106).

“Quando se trabalha para expandir um empreendimento apostólico, o “não” nunca é uma resposta definitiva. Insiste!” (s. 107).

“Às vezes penso que uns poucos inimigos de Deus e da sua Igreja vivem do medo de muitos bons, e encho-me de vergonha” (s. 115).

“Sê atrevido na tua oração, e o Senhor te transformará de pessimista em otimista; de tímido em audaz; de acanhado de espírito em homem de fé, em apóstolo!” (s. 118).

“Nem todos podem chegar a ser ricos, sábios, famosos… Em contrapartida, todos – sim, “todos” – estamos chamados a ser santos” (s. 125).

 

 

 

ensinamentos_dos_santos2.png

 

 

Assista também: O que é o Opus Dei?

 

“A santidade, o verdadeiro afã por alcançá-la, não faz pausas nem tira férias” (s. 129).

“Não dialogues com a tentação. Deixa-me que te repita: tem a coragem de fugir, e a energia de não manusear a tua fraqueza pensando até onde poderias chegar. Corta, sem concessões!” (s. 137).

 “Sempre pensei que muitos chamam “amanhã”, “depois”, à resistência à graça” (s. 155).

“Complicações?… Sê sincero, e reconhece que preferes ser escravo de um egoísmo seu, ao invés de servires a Deus ou àquela alma. – Cede!” (s. 159).

“Converte-te agora, quando ainda te sentes jovem… Como é difícil retificar quando a alma envelheceu!” (s. 170).

“Diz que não tem tempo?… Muito melhor. Precisamente os que não têm tempo é que interessam a Cristo” (s. 199).

“Não atinges as pessoas porque falas uma “língua” diferente. Aconselho-te a naturalidade. Essa tua formação, tão artificial!” (s. 203).

“Ajuda-me a pedir um novo Pentecostes, que abrase outra vez a terra” (s. 213).

 

 

 

 

 

FELIPE AQUINO - Escritor católico. Prof. Doutor da Universidade de Lorena. Membro da Renovação Carismática Católica.

 



publicado por Luso-brasileiro às 10:37
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PAULO R. LABEGALINI - PRECISAMOS PARAR DE RECLAMAR

 

 

 

 

 

 

 

Paulo Labegalini.jpg

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Certa vez, cansado da vida cheia de pecados que levava, um cidadão resolveu ser monge. Dirigiu-se a um mosteiro e demonstrou disposição de se redimir dos pecados, viver uma vida de meditação e de sacrifícios, pois, apesar de ser rico, queria doar todos os seus bens à irmandade onde passaria o resto da vida. Sabia que seria uma caminhada difícil, mas o desejo de purificação da alma estava em primeiro lugar.

Ao chegar no mosteiro, foi recebido pelo Superior que, ao ouvir todo o seu relato de vida, argumentou que ele iria encontrar muitas dificuldades por perder o contato com o mundo de onde vinha. O candidato continuava firme em seu propósito; dizia renunciar a tudo e a todos para alcançar a paz interior e, principalmente, o reino dos céus.

Vendo a firmeza de caráter e a vontade de pertencer àquela irmandade, o Monge Superior aceitou-o como iniciante, mas alertou-o que, além das dificuldades já expostas, teria que se contentar em pronunciar apenas duas palavras a cada ano. Sem hesitar, o homem aceitou todas as condições.

Passado o primeiro ano, ele foi chamado e autorizado a dizer as suas duas primeiras palavras. E ele disse: ‘Comida fria.’ Falou-lhe o Superior: ‘Pode voltar para a sua reclusão.’ Após mais um ano, ele disse: ‘Cama dura.’ No final do terceiro ano, mais duas palavras: ‘Vou embora.’ O Superior, olhando bem nos seus olhos, exclamou: ‘Eu já sabia. Desde que você entrou aqui não faz outra coisa senão pensar em reclamar!’

Pois é, sabemos que existem pessoas que não resistem a qualquer dificuldade – reclamam de tudo e de todos. São pessoas que, na maioria das vezes, não fazem nada para melhorar as coisas, sempre dependem dos outros e nada está bom. Geralmente, quem mais reclama é quem menos direito tem.

Não é preciso que sejamos monges, mas é indispensável fazermos uma reflexão sobre as maneiras simples de viver. Jesus Cristo não pregou nenhuma conduta de vida tão extraordinária que ninguém conseguisse cumprir sem reclamar; muito pelo contrário, resumiu tudo em ‘nos amarmos e vivermos sem pecados’. Para isso, é permitido a qualquer um: se divertir, ter dinheiro, usufruir de plena liberdade pessoal a cada dia etc.; porém, sem deixar de rezar e praticar a caridade.

Hoje, eu só estou escrevendo sobre este assunto – parar de reclamar – porque um dia ouvi uma opinião que mexeu comigo. Foi durante o baile de formatura de minha filha, em Campinas. O meu sobrinho, casado e papai, me disse mais ou menos isto: ‘Tio, a partir de hoje, a Thaís precisa agradecer muito a Deus por estar formada. Muito pouca gente neste país tem o privilégio de tirar o diploma numa faculdade e ela conseguiu!’

Naquela noite, antes de dormir, fiquei pensando naquilo que ouvi e, embora tivesse a mesma opinião, conclui duas coisas interessantes: a primeira, que o meu sobrinho reza pouco – como ele mesmo confessou – e, mesmo assim, no meio da festa, falou de um grande dever espiritual de cada um de nós: agradecer quando recebe uma bênção; e, a segunda coisa que mexeu comigo, foi a reflexão sobre a oportunidade que tão poucos têm: estudar até se formar!

Eu vivo no meio de estudantes e, por isso, passo muitos dias convivendo com um ‘mundo irreal’ no nosso país: alunos bem alimentados, com capacidade para aprender, sorrisos nos lábios, contando os dias para se tornarem engenheiros etc. E depois que se formarem, será que darão valor ao presente que receberam de Deus ou serão novos ‘reclamões’ na face da Terra?

O sobrinho que citei dá um duro danado para sobreviver com dignidade e nem por isso reclama; aliás, vive sorrindo! Eu também poderia contar muitas histórias tristes que vejo no meu trabalho de vicentino e, assim, puxar a orelha de quem vive reclamando de barriga cheia, mas, para não chocar o coração de alguém, vou relatar apenas um curioso testemunho dado pelo poeta Rupert Brooke.

Ele estava para embarcar num navio e viajar da Inglaterra para a América. No convés, todos tinham alguém para se despedir, menos ele. Rupert se sentiu terrivelmente solitário ao observar aqueles abraços, beijos e desejou ter alguém que sentisse sua falta. Logo vislumbrou um jovem à sua frente e perguntou seu nome. ‘William’, foi a resposta do rapaz. E o poeta lhe disse:

- William, você gostaria de ganhar algumas moedas?

- Claro que sim! O que devo fazer?

- Apenas acene para mim quando eu partir – instruiu o poeta solitário.

E, mesmo sabendo que o dinheiro não pode comprar o amor, por algumas moedas, o jovem William fez Rupert Brooke se sentir querido enquanto o navio se afastava. Algum tempo depois, o poeta escreveu: “Algumas pessoas sorriam, outras choravam; algumas abanavam lenços brancos, outras abanavam chapéus. E eu? Eu tinha William que, por poucas moedas, abanava entusiasmado seu enorme lenço vermelho e impedia que me sentisse completamente só.”

Que lição isso nos traz? Mostra que pessoas solitárias construíram paredes ao invés de pontes ao redor? Nem sempre, não é mesmo? Madre Teresa costumava descrever a solidão como ‘a maior doença do nosso tempo’. E os mais solitários não residem somente em asilos, nem vivem todos sozinhos. Rupert, por exemplo, estava só, com centenas de pessoas à sua volta!

É necessário reconhecer que, espiritualmente, não estamos sós. Precisamos buscar mais o sentido cristão de nossa vida e, assim, nunca estaremos no lugar do poeta: reclamando e dando moedas em troca de um simples aceno.

Há um provérbio hindu que diz: ‘Ajuda o barco do teu irmão a atravessar o rio e, quando menos esperares, o teu também já fez a travessia.’ Quem agir assim, certamente nunca se sentirá só e talvez não terá do que reclamar.

 

 

 

PAULO ROBERTO LABEGALINI - Escritor católico. Vicentino de Itajubá - Minas Gerais - Brasil. Professor Doutor do Instituto Federal Sul de Minas - Pouso Alegre.‘Autor do livro ‘Mensagens Infantis Educativas’ – Editora Cleofas.

 



publicado por Luso-brasileiro às 10:29
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HUMBERTO PINHO DA SILVA - OS VELHOS CONTINUAL A SER TRAPOS ?

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Não é a primeira vez – e não será a última, – que abordo a situação desesperante dos idosos; mas, creio, infelizmente, que ninguém se preocupa com a velhice e seus problemas.

Se faltam alojamento, a preços módicos, a estudantes, o que se faz? Transformam-se quartéis, em lares; e, os conventos vazios, levam o mesmo destino…

Mas, o que faz a sociedade e o Estado, aos idosos?

O mesmo que fez o filho da velha e tradicional história:” Filho és Pai Serás”…

Todos conhecem, que a pobreza, não diminuiu; caso contrário, não haveria tantos a pedirem, na via pública; à porta dos templos; e a dormirem em vãos de estabelecimentos…Nem peditórios, para: Associações e Fundações… e recolha de alimentos, à porta dos supermercados.

Pensa-se aumentar pensões? Pensa-se fornecer, à Classe Média, recursos para quando a velhice lhes bater à porta, permita recolherem-se a lares decentes, a preços compatíveis às reformas?

Pensa-se adaptar casas e quartéis, a lares para idosos, da Classe Média? Não; ou penso que não. Só se pensa na pobreza infantil – como se a pobreza fosse das crianças, e não dos pais.

Pensa-se, também: legalizar, drogas leves e eutanásia – para libertar camas hospitalares?

Que sociedade cristã e humanista, é esta, que deixa os pais e avós, abandonados, com suas mazelas e dificuldades?!

Ao abordar o assunto, não o faço por mim, ou pela minha família. Felizmente, tenho, por agora, o bastante para meu conforto; mas por milhares de idosos, que não têm voz, nem quem os defenda.

É triste, que se pense na imigração – porque a população está envelhecida, – e não se cuide dos nossos maiores, que não têm culpa de viverem tanto… devido ao progresso da Medicina.

Para quando o aumento das pensões, da Classe Média? Para quando será a inauguração, nas principais cidades, de Casas de Repouso, para os nossos idosos, com dignidade e direito à privacidade, a preços acessíveis?

Ou espera-se, que esta geração – sacrificada por uma guerra, – desapareça?! …

 

 

 

 

HUMBERTO PINHO DA SILVA   -   Porto, Portugal



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Quarta-feira, 26 de Junho de 2019
EUCLIDES CAVACO - RAÍZES - Intérprete : J. PIMENTEL

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Hoje partilho este tema feito canção em jeito de saudação a Portugal, onde conto chegar dentro de algumas horas.
Estarei sem acesso à net até restabelecer os contactos em Portugal.
 
 


https://www.euclidescavaco.com/raizes
 
 
 
 

EUCLIDES CAVACO  -   Director da Rádio Voz da Amizade , Canadá.

 

 

 

***

 

 

 

=BLOGUE LUSO - BRASILEIRO=

 

 

 

É com grande satisfação, que informamos, os leitores, que dois dos habituais colaboradores, do nosso blogue, vão ser homenageados com o Prémio:

 

 

COLAR GUILHERME DE ALMEIDA 

 

 

 

Na Camara Municipal de São Paulo

 

 

 

ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOS

 

e

 

JOSÉ RENATO NALINI

 

 

***

 

O "Luso - brasileiro", apesar da sua modéstia, honra-se de contar com escol de ilustres colaboradores, considerados do mais elevado gabarito,

Não será, portanto, de admirar, que esteja amplamente divulgado, não só no Brasil e Portugal, mas em muitos países de língua portuguesa.

O nosso muito obrigado.


 

 

thumbnail_Convite premiação Colar Guilherme de A

 

 

 

***

 

NOTICIAS DA DIOCESE DO PORTO

 

 

 

 http://www.diocese-porto.pt/

 

 

NOTICIAS DA DIOCESE DE JUNDIAÍ - SP

 

 

 https://dj.org.br/

 

***

 

 

 

Leitura Recomendada:

 

 

 

 

 

Resultado de imagem para Jornal A Ordem

 

 

 

 

 

Jornal católico da cidade do Porto   -    Portugal

 

Opinião   -   Religião   -   Estrangeiro   -   Liturgia   -   Area Metropolitana   -   Igreja em Noticias   -   Nacional

 

 

https://www.jornalaordem.pt/

 

 

 

 

 

 

***

 

HORÁRIOS DAS MISSAS NO BRASIL

 

 

Site com horários de Missa, confissões, telefones e informações de Igrejas Católicas em todo o Brasil. O Portal Horário de Missas é um trabalho colaborativo onde você pode informar dados de sua paróquia, completar informações sobre Igrejas, corrigir horários de Missas e confisões.



https://www.horariodemissa.com.br/#cidade_opcoes 

 

***

 


publicado por Luso-brasileiro às 11:14
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Sexta-feira, 21 de Junho de 2019
JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI - REFUGIADOS, POR CIRCUNSTÂNCIAS DESUMANAS, ACABAM PERDENDO SUAS IDENTIDADES.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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No dia vinte de junho, celebramos o Dia Mundial do Refugiado e o Dia do Migrante, datas comemorativas que nos levam a refletir sobre estes fenômenos (imigratório e migratório), que não podem ser vistos apenas como deslocamentos geográficos de indivíduos, nem mero exercício do direito de ir e vir. Eles envolvem aspectos sociais, políticos e culturais, que suscitam proteção jurídica especial.  

            Tanto que, para atender às necessidades das populações sofridas que acabam injustamente sendo perseguidas a ponto de abandonarem suas Nações, criou-se, em 1945, após a Segunda Guerra Mundial, o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur). A iniciativa, que se destinava a proteger as vítimas da guerra, acabou por tornar-se um serviço permanente devido à dura realidade de conflitos e perseguições internacionais, sendo firmada a Declaração de Cartagena, estabelecendo a partir de 1964, os direitos e deveres dos refugiados.

            Segundo relatório dessa entidade, o número de refugiados no mundo passa de quatorze milhões. Trata-se de uma situação que contraria manifestamente os direitos fundamentais dos indivíduos, pois aqueles que deixam suas pátrias forçados por perseguições de raça, de religião, de nacionalidade, de grupo social e de opiniões políticas e que se sentem temerosos e excluídos, acabam por perder as próprias raízes e são obrigados a fugir e a buscar asilo em outros países.

             Esse quadro mostra a necessidade da solidariedade da sociedade organizada na tentativa de amenizar o problema, principalmente no Brasil que há décadas constata grandes migrações internas, sendo alvo de numerosos imigrantes de outras localidades, recebendo ainda, um considerável número de refugiados.

               De acordo com Luiz Paulo Teles Barreto e Luis Varese, “a lei brasileira sobre refúgio (nº 9.474, de 22/07/1997) é considerada pela ONU uma das mais modernas, abrangentes e generosas do mundo. Seu texto contempla todos os dispositivos da proteção internacional aos refugiados, incorpora as razões de refúgio consagradas universalmente e inova ao beneficiar também quem deixa seu país em busca de abrigo devido a graves e generalizadas violações de direitos humanos - muito comuns em casos de conflitos armados” (Folha de São Paulo, 22/06/2010- p. 03).

            Nesse contexto, conforme dados extraídos de matéria publicada pelo jornal “O Estado de São Paulo” (20/06/2007- p. A18), após manifestar o desejo de permanecer no Brasil como refugiado, o imigrante é encaminhado à Polícia Federal e depois à Cáritas Arquidiocesana de São Paulo ou do Rio de Janeiro, conveniadas com o Acnur e que dispõe de três programas principais de atendimento: proteção (cuidando dos aspectos jurídicos e regularização de documentação), integração (cursos de português e profissionalizante) e assistência social (moradia, alimentação e saúde). O processo de aprovação dura cerca de três meses e nesse período o imigrante passa por duas entrevistas, que depois são analisadas por representantes do Acnur, do Comitê Nacional dos Refugiados (Conare), ligado ao Ministério da Justiça, e da sociedade civil (Cáritas). Nesse tempo, os solicitantes ficam em albergues determinados e fazem cursos de idiomas e profissionalizantes. Aprovados, recebem um Registro Nacional de Estrangeiros (RNE), renovável a cada dois anos e passam a ter os mesmos direitos dos estrangeiros que residem legalmente em nosso país. Recebem ainda por seis meses uma ajuda de subsistência no importe de um salário mínimo.

Embora o ideal fosse o de um mundo sem perseguidos nem refugiados, é gratificante constatar que o Brasil está ciente de suas responsabilidades na proteção internacional às vítimas desta intolerância e de possuir uma política clara, honesta e generosa sobre o tema, embora às vezes cometa alguns deslizes, motivados mais por  paixões políticas de alguns agentes da Administração Pública do que por nossas orientações normativas, como ocorreu com os boxeadores cubanos nos Jogos Pan Americanos do Rio de Janeiro, sumariamente deportados, sem que seus pedidos de asilo  político fossem analisados. Esperamos que essas condutas não se repitam, sob pena de prejudicarem os avanços obtidos e manifestamente adequados aos ideais democráticos e  defesa dos direitos humanos.

 

 

 

JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é advogado, jornalista, escritor e professor da Faculdade de Direito do Centro Universitário Padre Anchieta de Jundiaí. Mestre em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito da Pontíficia Universidade Católica de Campinas (martinelliadv@hotmail.com)



publicado por Luso-brasileiro às 11:56
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ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOS - AS CONTURBAÇÕES DO PERÍODO REGENCIAL (1831- 1840)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Armando Alexandre dos Santos.jpg

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O período regencial do império brasileiro, que se estendeu desde a abdicação de nosso primeiro Imperador, D. Pedro I, no dia 7 de abril de 1831, até 1840, quando seu filho D. Pedro II foi declarado maior com apenas 14 anos de idade e assumiu a plenitude de suas atribuições constitucionais, foi muito conturbado.

Foram nove anos agitados, que não deixaram boa lembrança na memória nacional. Esse período é geralmente entendido como uma pré-experiência republicana. De fato, a característica principal do regime monárquico é sua unidade. É em torno da pessoa do monarca - que por definição está fora e acima dos partidos e das facções - que se constitui a unidade nacional. A pessoa do monarca é de todos e não é de ninguém. Ninguém o contesta, mas também ninguém se apropria dele. É, por natureza, agregador, aglutinante, unitivo e centrípeto o papel representado pelo monarca. Com esse fator presente e ativo, todos os partidos, todas as facções e todos os interesses pessoais ou de grupos podem se combinar, se confrontar, se enfrentar livremente, sem que a unidade do conjunto fique ameaçada.

Vemos isso, por exemplo, no Reino Unido atual, a debater-se apaixonadamente na rumorosa questão do “Brexit”. Lá, a pessoa da soberana paira acima das paixões partidárias - o que de modo algum significa que essas paixões não existam e atuem livremente. O partido na oposição lá recebe a designação de "leal oposição de Sua Majestade", não porque se oponha à Rainha, mas porque, em nome da Rainha e, em princípio, para melhor servir à Rainha, faz “leal oposição” ao partido no poder.

No caso do Brasil, D. Pedro I, enquanto imperador, assegurou essa unidade. A meu ver, é óbvio que o Brasil se teria desintegrado numa série de republiquetas se, em 1822, não tivéssemos prudente e sabiamente conservado o regime monárquico (o único que, naquelas circunstâncias, poderia garantir a unidade nacional) e a dinastia de Bragança. Foi esse um "jeitinho" muito bem achado (e a história do Brasil, desde 1500 até agora, é cheia de "jeitinhos"; acho mesmo que não pode entender a História do Brasil quem não toma em consideração essa característica do nosso povo) para fazer uma ruptura política com Portugal sem perder a continuidade com o passado e a esperança num futuro não caótico.

É verdade que D. Pedro, levado por sua impulsividade e por sua insuficiente habilidade política, acabou se transformando, ele próprio, num protagonista da disputa política e, com isso, sua figura, que deveria manter-se fora e acima dos debates, acabou se envolvendo e se indispondo com muita gente. Isso enfraqueceu e comprometeu sua posição, chegando, como todos sabemos, à abdicação. Mas, apesar de tudo, enquanto reinou conseguiu assegurar a unidade, e teve habilidade suficiente para deixar seu filho menor como imperador, confiando-o à guarda e aos cuidados da Nação. Em torno do menino-imperador, do "órfão coroado" confiado "a todas a mães do Brasil", com autoridade moral e simbólica, conseguiu-se assegurar a unidade até 1840, com o episódio da Maioridade.

De qualquer forma, sem embargo de seu altíssimo simbolismo, era fraca, na ordem concreta dos fatos, a autoridade de um menino de 5 a 14 anos (1831 a 1840). E o que atuou mais decididamente, nesse período crítico, foram os fatores desagregadores, centrífugos, presentes mais ou menos por todas as partes do Império. Esses fatores que tinham começado a influir em 1823-24, por ocasião da primeira Constituinte, e que D. Pedro I, autoritariamente, mas também com muito jeito, conseguiu neutralizar, oferecendo ele próprio uma Constituição e submetendo-a à aprovação das Câmaras Municipais de todo o país (note-se, aí, mais uma vez o "jeitinho" de legitimar, do ponto de vista liberal, uma constituição outorgada...), esses fatores se reapresentaram com força nova e produziram várias revoltas em várias províncias.

A tradição histórica de Portugal sempre foi a de um reino unitário. Em Portugal, existe um regionalismo muito vivo, mas ele nunca assumiu um caráter desagregador, como ocorre na vizinha Espanha. Sendo um país territorialmente menor, sempre conservou, ao longo de seus quase nove séculos de existência, um senso muito vivo da sua unidade.

Curiosamente, essa característica não se transmitiu ao Brasil independente sem percalços. A extensão por assim dizer desmedida do novo Império, o exemplo das numerosas nações fragmentadas em que se transformou o antigo império espanhol do Novo Mundo, a tentação do caudilhismo (também característica indissociável das nações hispano-americanas), os interesses políticos das elites locais, muitas vezes divergentes entre si, tudo isso constituíam fatores centrífugos, desagregadores. E tudo isso adquiriu força nova durante os 9 anos de Regência, carente que estava o Brasil de um Poder Moderador atuante.

É assim que interpreto as crises e conturbações da Regência, que puseram em sério risco a unidade nacional. Não fosse a força moral do menino-imperador, o Brasil se teria fragmentado, como quase se fragmentaria mais tarde, durante as conturbações havidas pouco depois da proclamação da República.

 

 

 

 

ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOS   -    É licenciado em História e em Filosofia, doutor na área de Filosofia e Letras, membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e da Academia Portuguesa da História.

 

 

 

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publicado por Luso-brasileiro às 11:49
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CINTHYA NUNES - SACODE A POEIRA

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Cinthya Nunes Vieira da Silva.jpg

 

 

 

 

 

 

 

 

            A vida é mesmo um amontoado de surpresas. Nem todas boas, infelizmente. Nesse momento em que me debruço sobre essas linhas que compõem um meu divã coletivo, estou com a alma doída. De uma só tacada eu perdi, no intervalo de 3 horas, os dois empregos dos quais tirava meu sustento. Foi como se um caminhão passasse por cima de mim.

            Segundo me informaram, e não posso saber ao certo se isso corresponde à verdade, os motivos foram puramente financeiros. Corte de gastos em tempos de crise. Claro que as faculdades precisam pagar seus funcionários e possuem várias outras despesas, mas o fato é que há muito o ensino superior privado, para os professores ao menos, vem em crescente transformação para a cada dia mais viver a filosofia mercantil. Praticamente tudo se resume a números.

            Não escrevo aqui para falar mal dos meus ex-empregadores. Até porque em um deles trabalhei por 10 anos. Em ambos conheci muita gente. Fiz vários amigos, os quais já integram meu núcleo próximo. Só por eles e pelos milhares de alunos, valeu a pena. Fiz o meu melhor, o que não significa que tenha sido o melhor desejado. Apenas o melhor do que fui capaz naquele período, naquelas condições. Seja como for, sempre o fiz com ética e dedicação.

            Nos dois lugares, em momentos distintos, eu fui gestora, tarefa que, nos moldes atuais, espero nunca mais exercer. Contudo, enquanto o fui, jamais agi de forma a prejudicar deliberadamente alguém e, mesmo que possa ter falhado nisso involuntariamente, nunca retirei aulas de quem quer que fosse para atribuí-las a mim ou a amigos. Tenho minha consciência tranquila. Por certo que nem sempre agradei, pois isso é algo que não está ao alcance de nenhuma criatura vivente, mas agi na convicção da ética.

            Não é a primeira vez que saio de um emprego. Ordinariamente essa situação não é boa. Remanescem dores indizíveis e até inexplicáveis. A sensação é das piores. Só que aprendi que a gente sobrevive. Somente da morte não temos escapatória ou alternativa. Do restante damos conta. A duras penas às vezes, mas damos conta.

            Acredito que a vida nos tire, periodicamente, das nossas zonas de conforto. Talvez sejam os ciclos evolutivos, talvez um pacto prévio que fizemos com o Criador. Não sei. Só que entendo que os ciclos se fecham sobre nós como casulos e é preciso ter força imensa para de lá sairmos renovados, borboletas.

            Talvez tenha chegado a hora de seguir adiante com outros projetos, com as levezas que minha alma cobra e as quais eu segui soterrando. Vou me retirar do trabalho por algum tempo. Resolvi respirar com mais vagar, comer melhor, dormir quando me der sono. Fazer uma pausa, um oásis no deserto de sensações no qual andei pisando. Escrever é um dos planos que seguirá comigo.

            Peço desculpas pelo texto hoje tão biográfico e particular. Provavelmente não interesse a ninguém, mas eu precisava expurgar esse sentimento. E àqueles que estiverem na mesma situação, desejo força e amigos da mesma qualidade que os meus...

 

 

 

CINTHYA NUNES   -   é jornalista, advogada e professora universitária – cinthyanvs@gmail.com

 



publicado por Luso-brasileiro às 11:45
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