Comemora-se a quatro de outubro o DIA DE SÃO FRANCISCO DE ASSIS, que viveu apenas 44 anos (1182-1226) e, no entanto, deixou em nossos corações marcas indeléveis, entre as quais, a de amor e de veneração pela natureza, tanto que é considerado o “Santo da Ecologia”, pois conversava com pássaros e lobos, vivia numa cabana silvestre nas cercanias da cidade de Assis, tendo criado a expressiva oração que leva o seu nome. Também foi dele a idéia de comemorar o Natal em torno do presépio, no qual introduziu inúmeros bichos ao redor do Menino Jesus, além de ter sido o autor dos hinos ao “irmão Sol” e à “irmã Lua”. Por isso, nesta data, também se celebra o DIA DOS ANIMAIS, o que nos motiva a refletir sobre a situação dos mesmos, merecedores de respeito e bons tratos.
A interação entre pessoas e animais, na troca de carinho, confiança e cuidados, tem se tornado um excelente remédio contra ansiedade, depressão, estresse e baixa auto-estima. Revela-se num tratamento indicado até mesmo para casos de deficiência física e psíquica. É cada vez mais comum, portanto, que cachorros, gatos, cavalos, coelhos, etc, sejam reconhecidos por seus surpreendentes poderes terapêuticos.
De acordo com matéria publicada pelo jornal “Correio Popular” de Campinas (18.10.2007- p. A7), “os primeiros relatos históricos do uso de animais na terapia em humanos são da Bélgica, quando ainda no século IX uma instituição para deficientes mentais descobriu que o convívio entre pacientes e animais exercia efeitos benéficos no comportamento. No século XX, na década de 60, um psiquiatra americano relatou o caso de um adolescente que refutava qualquer processo de comunicação iniciado pelo médico. O dilema foi resolvido por acaso depois que este paciente demonstrou interesse em “conversar” enquanto o terapeuta alimentava seu cão”.
Infelizmente, muitas pessoas, desrespeitando não só aos ditames naturais, mas às leis especificas de preservação, promovem agressões gratuitas aos seres vivos organizados, dotados de sensibilidade e movimento. Proclamada pela UNESCO em sessão realizada em Bruxelas no dia 27 de janeiro de 1978, a Declaração Universal dos Direitos dos Animais, além de desconhecida, permanece desprezada, levando os homens a continuarem cometendo crimes.
O que se espera agora, é o que o mundo acorde para a causa destes seres vivos, distinguindo o uso do abuso e buscando outras formas de lazer que não às custas da dor, como rinhas, rodeios, espetáculos circenses e outras atividades recreativas que os utilizam, impondo-lhes quase sempre, os mais diversos tipos de maus tratos. É preciso garantir-lhes vida e respeito. De uma forma geral, estas espécies de seres vivos concorrem com as vegetais para manter o equilíbrio ecológico indispensável à sobrevivência dos homens na Terra.
A título reflexivo, citemos trecho de artigo publicado por Maria Helena Brito Izzo “Tudo o que existe no universo deve ser preservado. Deus criou um mundo lindo, perfeito e harmônico e ordenou ao ser humano que cuidasse dele, preservando a natureza, os animais, as plantas, a harmonia dos cosmos e a própria humanidade. Então, a vontade de Deus, que fez tudo com amor, é que as pessoas também amem e defendam sua obra” ( revista “Família Cristã”- p. 28 – 03/1999).
“A vivência com os pássaros nos dá uma formação de paz, amor e respeito ao próximo”. Esta afirmação foi feita pelo ornitólogo Johan Dalgas Frisch e dá uma idéia clara da razão dos pássaros serem a representação viva da liberdade. O “Dia da Ave” é comemorado a 05 de outubro, no próximo domingo e foi criado, por inspiração da Associação da Vida Selvagem e da Sociedade Ornitológica Bandeirante, em 1965. A data foi oficializada pelo Governo Federal em 1968. O pássaro símbolo é o sabiá, que chega a cantar quatro melodias durante sessenta segundo
DIA INTERNACIONAL DO IDOSO
A Organização das Nações Unidas decretou que 1º de outubro é o Dia Internacional do Idoso e a celebração se baseia na Declaração dos Princípios para os Idosos, estabelecida na reunião geral da entidade de 03 de dezembro de 1982. Em homenagem a data, que ocorre quarta-feira próxima, novamente publicamos aqui os cinco princípios básicos que norteiam o texto composto de dezoito itens: INDEPENDÊNCIA – Idosos devem ter acesso a comida, água, abrigo, roupas e cuidados médicos; devem ter oportunidade de trabalho e estudo e devem morar em sua própria casa o maior tempo possível; PARTICIPAÇÃO – Idosos devem permanecer integrados à sociedade, participando da elaboração e da implementação de políticas que afetem diretamente o seu bem-estar; devem desenvolver maneiras de servir à comunidade e dividir seus conhecimentos com os jovens; BEM-ESTAR – Idosos devem ser beneficiados pela proteção dos familiares ou da comunidade, por serviços legais e de assistência social, por planos de saúde; devem ter seus direitos humanos respeitados; DESENVOLVIMENTO – Idosos devem estar aptos a buscar oportunidade para desenvolver seus potenciais e ter acesso aos recursos educacionais, culturais, religiosos e de recreação oferecidos pela sociedade e DIGNIDADE – Idosos devem viver com dignidade e segurança, livres de explorações e maus-tratos; devem ser tratados com justiça, independentemente de idade, sexo ou raça.
JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é advogado, jornalista, escritor e professor da Faculdade de Direito do Centro Universitário Padre Anchieta de Jundiaí. Ex-presidente das Academias Jundiaienses de Letras e Letras Acadêmicas (martinelliadv@hotmail.com)
Tratei, no último artigo, da escola historiográfica metódica ou positiva, que se propunha como objetivo produzir uma história objetiva e exata, com a exatidão de uma ciência exata, como se tal fosse possível. Essa escola, como expliquei, imaginava que uma história escrita somente (ou quase somente) em documentos escritos de fonte oficial exprimiria a realidade objetiva dos fatos e, assim sendo, seria objetiva e confiável. Ledo engano! Por mais absurda que parece, na nossa perspectiva atual, essa ideia, ela esteve “na moda” na Europa e nas Américas desde meados do século XIX até as primeiras décadas do século XX. Foi somente a partir de 1929, com o surgimento daquilo que mais tarde foi designado como “Escola dos Annales”, que essa ideia cerebrina começou a ser questionada.
Realmente, Marc Bloch e Lucien Febvre, figuras exponenciais da primeira geração da Escola dos Annales, seguidos por Fernand Braudel (1902-1985) e outros, na segunda geração, e por Philippe Ariès (1914-1984), Georges Duby (1918-1996), Jacques Le Goff (1924-1914), Michel de Certeau (1925-1986), Emmanuel Le Roy Ladurie (1929-), Pierre Nora (1931-) e outros mais, na terceira, revolucionaram - no bom sentido do termo - os estudos históricos.
Para se entender o abalo profundo causado por esses inovadores, há que ter em conta como eram e como pensavam as pessoas formadas (ou deformadas, melhor se diria) nos moldes do positivismo. Nos primeiros anos do século XX, numa sala de aula de prestigiosa universidade suíça, certo grande mestre, tido na época como o maior físico da Europa, dirigindo-se aos estudantes do alto da sua cátedra, disse-lhe:
– Os Srs. escolheram uma bela ciência para estudar, a Física. Cumprimento-os pelo bom gosto, mas devo dizer-lhes que não fizeram uma boa escolha. Se quisessem ter futuro, deveriam ter escolhido alguma outra ciência que ainda oferecesse possibilidades de progresso. Isso não acontece, infelizmente, com a nossa Física, em que tudo o que podia ser descoberto já o foi.
Um dos estudantes que o ouviam era um jovem de nome Albert Einstein. Enquanto ouvia essa tolice proferida solene e pomposamente do alto de uma cátedra, devia estar ruminando suas ideias, porque já em 1905, ano da conclusão de seu curso, aos 26 anos de idade, publicou os célebres cinco artigos nos quais expôs suas teorias que revolucionariam o ensino da Física.
O mesmo Einstein, anos depois, mais amadurecido e experimentado nas lutas da vida, resumiu em uma frase o seu desencanto com a mentalidade errônea de quem pensa que já sabe tudo, de quem acha que nada mais há para aprender: "É mais fácil quebrar um átomo do que romper uma ideia preconcebida".
O professor de Física que julgava já ter abarcado todo o campo abarcável por sua ciência era, por certo, formado na escola e com a mentalidade do positivismo, que tanto marcou o século XIX e cuja influência se prolongou nas primeiras décadas do século XX.
De fato, os homens do século XIX eram em geral dogmáticos, acreditavam sinceramente estar na posse da verdade em qualquer campo. Eles, que muitas vezes negavam os dogmas religiosos, acreditavam nos dogmas da Ciência, erigida quase ao nível de uma inquestionável e intolerante religião nova. Eram positivos, metódicos, maduros, "espíritos fortes" sem feminilidades ou infantilidades.
Nasci na metade do século XX, mais precisamente em 1954, mas convivi, na minha infância, com muitas pessoas da geração de meus avós ou tios-avós, nascidos ainda no século XIX ou no comecinho do século XX. Todos, homens e mulheres, eram afirmativos em excesso, até nas coisas mais simples. Pareciam viver só de certezas, de nada tinham dúvidas ou hesitações. Tudo para eles era branco ou preto, bom ou mau, certo ou errado, não entendiam os matizes, os meios-tons, os aspectos fugidios ou camaleônicos da realidade.
Eram pessoas que acreditavam piamente no mito do progresso irrefreável da Humanidade, imaginando que, tão logo a Medicina resolvesse o problema do câncer (que na época era o grande espantalho que aterrorizava as mentes, já que um diagnóstico "daquela doença", cujo nome muitos nem ousavam pronunciar, equivalia a uma sentença de morte) a expectativa de vida subiria para 120 ou 130 anos. Foram pessoas dessa geração que pagaram custosos procedimentos para serem congeladas, na esperança de, mais tarde, serem reanimadas e curadas de seus males, por avanços imaginários da futura Medicina. Os Estados Unidos estão cheios de "clínicas" dessas, com cadáveres congelados há 50, 60 ou mais anos.
Desculpem-me os leitores essa longa divagação acerca de pessoas que conheci na minha infância. Se a faço, é porque ela me parece conveniente para que possam imaginar o clima psicológico prevalente em 1929, quando Bloch e Febvre começaram a publicar a Revue des Annales, que se tornaria famosa e haveria de revolucionar os estudos da História no mundo inteiro. Voltaremos ao assunto.
ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOS é licenciado em História e em Filosofia, doutor na área de Filosofia e Letras e professor da Unisul. Também é Membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e da Academia Portuguesa da História.
O dia estava cinzento e chuvoso. Já era fim de tarde e o trânsito estava meio parado sobre o “Minhocão”, o elevado Presidente João Goulart. Pela janela do carro, no banco de trás, eu ia observando a paisagem urbana. Para minha sorte o motorista que eu tinha chamado pelo aplicativo não era daqueles que ficam puxando assunto, pois há dias nos quais não queremos conversar. O rádio ia sintonizado em alguma estação com repertório romântico e quando me dei conta já estava no modo cronista-observadora.
Talvez seja minha impressão, mas parece-me que os prédios ao redor do Minhocão aos poucos vão sendo recuperados e ocupados. Embora ainda haja muitos em situação deplorável e aparentemente vazios ou vandalizados, outros apresentam cenários inusitados. Pelas janelas eu fui invadindo em olhar e pensamento, as casas alheias.
Observando uma das janelas vi um gato e um cachorro sentados, como quem aprecia a paisagem. De início achei que eram estátuas, de tão imóveis que estavam. O cachorro era preto e o gato era frajola. Como se saídos de uma mesma paleta de cores, lado a lado, eram como pequenos guardiões ou meros contempladores atônitos diante de tanto cinza.
Um pouco adiante vi uma ampla janela de vidro sem cortinas. Lá dentro, em um ambiente bem organizado, com paredes novas, um jovem homem manuseava um violino, como se o consertasse. Pelas paredes daquela sala havia dezenas de outros violinos pendurados, tudo muito bem arrumado. Nessa hora, embalada por uma música dos anos 90, a cena parecia cinematográfica e mil estórias começaram a surgir em minha imaginação. Talvez aquela fosse uma imagem refletida do passado, somente para lembrar as pessoas de que a música é repleta de tempos e de pausas.
Alguns metros à frente e uma senhora muito idosa colocava água em numerosos vasos que mantinha em uma pequena sacada. Por uma fresta era possível ver o interior do apartamento e uma sensação meio opressiva se apoderou de mim. Era tudo meio escuro, triste de uma forma que não sei explicar. Quiçá fosse o modo dela se movimentar ou o fato de parecer que estava em meio a uma pequena selva, mas tudo remetia à solidão e tristeza, daquela que causa frio e medo.
Pelo caminho todo segui buscando pelo interior daquelas janelas que se tornaram quase públicas após a construção do Elevado, em 1970. Exibicionistas tem ali um palco perfeito. Desavisados, idem. Por sinal vi um rapaz que se examinava diante de um espelho no banheiro, admirado ou frustrado com o que via, pois isso não posso precisar, mas o curioso é que ele o fazia alheio a outros olhares curiosos. Ou será que estava consciente disso?
O percurso de 3400 metros já acabando e eu ia chegando ao meu destino, mas ainda estava encantada com as dezenas de universos particulares que eram passíveis de serem vistos de onde eu estava. Foi quando meu olhar se encontrou com o de alguém que espiava detrás de uma persiana. Algo de segundos, mas inegável. Dei-me conta de que eu também era objeto da observação alheia. Não pude ver quem era meu observador, mas ele estava lá e disso estou certa. Escorreguei um pouco no banco do carro e abracei minha bolsa, procurando segurança. Morrendo de medo de virar a crônica de algum escritor maluco.
Cinthya Nunes é jornalista, advogada e professora universitária – cinthyanvs@gmail.com
Desfile da Independência no Jardim Novo Horizonte em cinco de setembro.
“...Parabéns, ó brasileiro,
Já com garbo varonil,
Do universo entre as nações
Resplandece a do Brasil.
Brava gente brasileira!
Longe vá, temor servil...”
A senhorinha veio à rua para ver o desfile passar. Manhã gelada. Não se intimidou. A sacolinha nas mãos, gorro na cabeça e paletó de lã. Só sorrisos, em especial quando via passar as fanfarras.
A felicidade e o ritmo dela me pareciam de “A Banda” de Chico Buarque:
“Estava à toa na vida
O meu amor me chamou
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor.
A minha gente sofrida
Despediu-se da dor
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor...”
Por certo, entrou na cadência do passado com vontade de caixa de repique, bumbo, pratos, baqueta, corneta... Uma mistura de saudade e sonho, que as rugas não detiveram. Fazia questão de inclinar-se ao passar os integrantes da fanfarra e de lhes tocar a mão ou o braço. Alguns a olhavam com estranheza, contudo não se importava, estava ali em plenitude e desejava se fazer presença nos aplausos e apoio. De certa forma, ia e retornava; voltava e prosseguia... Para aonde? Não sei. O essencial é que o ritmo se estendia pela Estrada Municipal do Varjão e ela se encontrava ali, dentre tons, sons, fantasias, maracatu, capoeira, conquistas...
“...Brasil, um sonho intenso, um raio vívido,
De amor e de esperança à terra desce,
Se em teu formoso céu, risonho e límpido,
A imagem do cruzeiro resplandece. (...)
Teus risonhos lindos campos têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida no teu seio mais amores...”
Um dos jovens, que tocava surdo, encantado com o brilho de seus olhos, voltou-se para ela e lhe beijou as mãos. “Brava gente brasileira”. Que gesto mais lindo!
E “a marcha alegre se espalhou na avenida e insistiu...”
MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE -
Professora e cronista. Coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher – Santa Maria Madalena/ Magdala. Jundiaí, Brasil.
“Amigos a gente encontra/ O mundo não é só aqui”...
Em qualquer lugar, hoje em dia, a gente topa com amigos que, pessoalmente, não reconhece.
Sim, são eles, somos nós, os faceamigos.
E, sim!, eles existem. São de verdade. Não, não são – não somos – extraterrestres. Mas, face a face, não raramente é impossível identificá-los no parque, na rua, no bar, na esquina, na praia, aqui e acolá.
Simples: porque nem todo rosto, virtualmente, dá-se a ver como de fato é. Fora isso, é tanta gente!!!
De vez em quando, interpelo alguém “oi, acho que somos amigos”...
Só que não dá pra sair por aí perguntando a torto e a direito “ei, você me conhece?”.
Aliás, não obstante quase todo mundo se curta, bem como compartilhe coisas on-line, nem todos curtem cumprimentar-se concretamente. Nem todos, por conseguinte, compartilham da convivência além do virtual.
Talvez seja uma nova maneira que o ser humano inventou pra se proteger. Pra viver os benefícios da amizade sem os inconvenientes que um convívio mais próximo gera. Sem aquelas pequenas ou grandes mazelas que, convivendo também, fácil ou dificilmente se resolvem. Ou não.
Talvez seja o contrário. Quem sabe se trate de forma mais cômoda de ampliar o leque de conhecimentos e das ditas-cujas amizades sem bater de frente – de frente mesmo – no quesito opinião.
Muito nesse universo é aparência. Muito mesmo.
Vê-se um desfile de satisfações públicas ou meras indiretas.
Fico intrigada com a capacidade das pessoas acreditarem em seus méritos em decorrência do número de curtidas ou confirmações de presença que receba.
A gente, esteja onde estiver, física ou imaginariamente, sofre de humanidade.
Facebook é como bíblia: humano demasiadamente humano tanto quanto.
Não é o meio, é quem conduz.
Já fiquei triste por fazer parte da rede. Tristíssima. Deveras triste. Saí. Voltei.
Voltei diferente. Pra ficar.
Pra ficar até quando minha humanidade suporte a forjada e exposta humanidade alheia e vice-versa.
“Quem me levará sou eu/ Quem regressará sou eu/ Não diga que eu não levo a guia/ De quem souber me amar”...
Salve Dominguinhos!
Salve Manduka! Ah... amigos, faceamigos e ambos, fica a dica pra conhecer melhor esse letrista, filho do poeta Thiago de Mello.
Valquíria Gesqui Malagoli, escritora e poetisa, vmalagoli@uol.com.br
"E chegavam-se a ele todos os publicanos e pecadores para o ouvir. E os fariseus e os escribas murmuravam: ‘Este homem recebe e come com pessoas de má vida!’. Então, lhes propôs a seguinte parábola: ‘Quem de vós que, tendo cem ovelhas e perdendo uma delas, não deixa as noventa e nove no deserto e vai em busca da que se perdeu, até encontrá-la? E, depois de encontrá-la, a põe nos ombros, cheio de júbilo, e, voltando para casa, reúne os amigos e vizinhos, dizendo-lhes: Regozijai-vos comigo, achei a minha ovelha que se havia perdido. Digo-vos que assim haverá maior júbilo no céu por um só pecador que fizer penitência do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento’”. (Lc, 15, 2-7)
Enquanto escutava o Evangelho, comecei a imaginar a cena. Ela se passa no deserto. Já me chamou especialmente a atenção. Ovelhas pastando em região árida. Muitas, cem ovelhas, de repente uma tresmalha que afunda na imensidão (ou na escuridão). Saí o pastor atrás dela sem hora para voltar; enquanto não a localiza não retorna ao rebanho.
Aí tomei um susto. Deserto, noite provavelmente, o pastor na procura. E, de início, não consegui resolver o nó. Pensei em quem ouvia a parábola, alguns deles pastores, outros parentes, gente do ramo. E não experimentaram estranheza, como a minha?
Aqui vai meu assombro. De fato, se um pastor tiver a seu cargo e lado cem ovelhas, com os instrumentos pobres de agregação daquela época (um bordão, brados, comidas pobres), nunca delas se afastaria para ir atrás de uma desaparecida. Sem direção, expostas a predadores, lobos rondando, a ladrões, ao descaminho, dispersas na escuridão, perderia todas, sem ao menos ter a garantia de que encontraria a tresmalhada. Veio-me naturalmente ao espírito outro versículo: “E vendo aquelas multidões, [Jesus] compadeceu-se delas, porque estavam fatigadas e como ovelhas sem pastor” (Mt, 9, 36).
Ainda, a parábola da ovelha perdida nada diz sobre a possibilidade de as colocar sob os cuidados de outro pastor ou de as trancar no redil. Estão no descampado, o pastor as deixa e vai atrás da extraviada.
Contudo, pelo que sei, a parábola nunca provocou perplexidades; ao contrário, encantou os presentes e vem encantando os que a ouvem ao longo dos séculos. A razão é simples: os ouvintes fixam o espírito nas realidades morais, objeto da parábola, e abstraem a realidade tangível naquilo que não se coaduna com a beleza espiritual ali ensinada. Não era sobretudo uma cena bucólica, era principalmente ensinamento moral.
No mundo para o qual o conto nos convida o olhar, o bom pastor à vera nunca abandonou as noventa e nove, delas sempre cuidou. “Dos que me deste, não perdi nenhum” (Jo 18, 9). Apenas uma coisa a parábola queria destacar, amava a ovelha tresmalhada, perdida nas brenhas, exposta aos predadores, e atrás dela se lançou disposto a todas as formas de sacrifício.
Adiante. São Lucas diz que todos os publicanos e pecadores ouviam a Cristo. Os judeus odiavam os publicanos, coletores de impostos para os romanos. De outro modo, drenavam riquezas de um povo pobre, eram agentes da dominação estrangeira em nação profundamente nacionalista. E os pecadores viviam de costas para a Lei. Os dois grupos atraíam o desprezo dos bem-pensantes, fariseus e mestres da lei.
De um lado, aparentemente a justiça, fria e implacável. De outro, o espírito da Lei Nova, colocando a misericórdia em extremos que poderiam parecer demasias.
No mesmo capítulo 15 está a parábola do filho pródigo; ela também pode provocar perplexidades. O filho gastador e irresponsável exige e recebe a herança inteira em vida. Vira as costas para os seus, some no mundo, queima o dinheiro em farras. O pai, todos os dias, deixa a casa e caminha pela estrada para ver se lá longe surgiria a silhueta do filho. Nada. Um dia o filho sumido volta pobre, faminto e humilhado: “Não sou mais digno de ser chamado teu filho, trata-me como um dos seus empregados”.
Resposta do pai: “Depressa! Tragam a melhor roupa e vistam nele. Coloquem um anel em seu dedo e calçados em seus pés. Tragam o novilho gordo e matem-no. Vamos fazer uma festa e alegrar-nos. Pois este meu filho estava morto e voltou à vida; estava perdido e foi achado”. E começaram a celebrar o regresso.
A música estrondeava os ares, corriam soltos os festejos, o bom filho primogênito longe, labutava no campo paterno. Quando se aproximou da casa, surpreso se informou do que estava acontecendo e se enfureceu pela suposta injustiça gritante. Recusou-se então a participar da comemoração e ainda repreendeu o pai: “Olha! todos esses anos tenho trabalhado como um escravo ao teu serviço e nunca desobedeci às tuas ordens. Mas tu nunca me deste nem um cabrito para eu festejar com os meus amigos. Mas quando volta para casa esse teu filho, que esbanjou os teus bens com as prostitutas, matas o novilho gordo para ele!”.
Demasias? De novo, a Lei Nova leva a misericórdia a extremos que, de fato, não destroem. Edificam. Vivificaram a Igreja, vivificaram a ordem temporal cristã, vivificaram famílias, levaram almas a realizar maravilhas inconcebíveis no mundo pagão. É a vida divina fluindo no meio dos homens.
PÉRICLES CAPANEMA - é engenheiro civil, UFMG, turma de 1970, autor do livro “Horizontes de Minas"
Se não somos felizes com o que temos, também não seremos com o que nos falta
Ensine as crianças a serem felizes, não a serem ricas. Faça-as saber que o valor de uma pessoa não está no que ela tem ou deixa de ter do lado de fora, mas no que ela tem por dentro. Ensine-as a desenvolver boas estratégias e habilidades que as ajudem a compreender quem elas são no mundo.
Essa educação em valores e em emoções apoiará seus sucessos como pessoas e como sociedade. Assim, se uma criança sabe estabelecer limites e respeitar a si mesma, saberá fazer o mesmo com os demais.
Por isso, se quisermos colher, teremos que semear o campo e tentar evitar dar valor ou protagonismo a alguma coisa sem fazer valer princípios moralmente adequados.
Para isso poderemos aproveitar seu desconhecimento e não danificar sua inocência; por exemplo, para uma criança que ainda não compreende a administração do dinheiro, tem mais valor uma pequena moeda do que uma nota. Por quê? Porque as moedas a divertem, podem rodar, elas podem simular uma compra, etc.
Ou seja, as crianças ficam felizes com tudo aquilo que lhes proporcione carinho, diversão e apoio. Somos nós que ensinamos a elas que o valor está no preço e não nas intenções, nas possibilidades ou no carinho.
Como é evidente, geralmente fazemos isso sem querer, com o simples gesto de dar mais importância ou relevância a aquilo que julgamos mais importante, bonito ou divertido.
Em definitiva, o objetivo é que a criança compreenda que as pessoas são as que têm o protagonismo de sua vida, não seus pertences. Do mesmo modo, elas deverão entender que o importante por trás de tudo que tentam fazer é a intenção e o esforço.
Portanto, para alcançar tudo isso, temos que conseguir que entendam o que é o esforço, o que são as boas intenções.
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Como passar os valores cristãos para meus filhos?
Tenha sempre tempo para os seus filhos
Ser feliz tem pouco a ver com o material
É difícil não cometer erros pelo caminho quando vivemos em um mundo que se move muito bem quando se trata de dinheiro. Entretanto, partimos do princípio de que todos nós queremos que as nossas crianças sejam felizes.
Assim, como a felicidade real se consegue com carinho, com experiências compartilhadas, com amor e com compreensão, o essencial é que ajudemos as nossas crianças a dar tudo de si para que compreendam que as recompensas estão no seu interior.
Oferecemos a vocês algumas ideias simples para estimular que aprendam desde pequenos o valor das coisas:
É muito importante que a criança tenha uma caixa com coisas que lhe chamam a atenção nos seus passeios pela rua, pelo parque ou pelo bosque. Ou seja, a ideia é que elas possam ter um lugar para guardar aqueles pauzinhos, pedras, pinhas, folhas, flores que tenham chamado sua atenção e que lhes parecem atraentes.
Neste sentido, isto os ajuda não só no nível sensorial, mas também no cognitivo. Elas podem fazer artesanatos, construir contos ou histórias, inventar jogos… São luxos ao alcance de suas mãos.
Estamos tão acostumados a ir à loja para comprar o que for, que já nem sequer fazemos postais ou cartões de aniversário. Os trabalhos manuais nos ajudarão a acabar com esse vício tão materialista, premiando sempre o esforço através da gratidão e da felicidade de outros.
Elaborando um selo pessoal conseguiremos que cada coisa seja única e insubstituível. Ou seja, quando um brinquedo se quebra, o que irá substituí-lo não poderá significar o mesmo.
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Chaves para ensinar o valor do esforço
– A criança deve “merecer” os prêmios. Não é adequado comprar por comprar (ou dar por dar) simplesmente porque gostamos deles, porque eles nos pedem isso ou porque gostam daquilo. Cada coisa deve adquirir um significado positivo, além do material.
– Dê o exemplo. Se as crianças virem que você se esforça e que valoriza aquilo que tem, compreenderão que isso é algo positivo e o assumirão mais facilmente.
– Recompense seu esforço; ou seja, incentive o empenho e dê importância para cada pequeno ganho. Nesse sentido, devemos enfatizar cada pequena decisão através da qual elas assumam o esforço como a via para conseguir aquilo que querem.
– Assinale aquelas situações que forem mais claras nesse sentido e faça-o diariamente. Ou seja, simplifique os valores e coloque-os como protagonistas sempre que puder. Assim, a criança poderá se identificar com eles e isso as ajuda a transportar os aprendizados para elas mesmas.
– Sempre é positivo incorporar contos e histórias, pois são ferramentas muito úteis na hora de implementar valores. Eles as fazem refletir e adequar seus sentimentos a elas mesmas e ao mundo real.
Lembre-se de que, se não somos felizes com o que temos, também não seremos com o que nos falta, pois o verdadeiro valor e a melhor recompensa estão naquilo que pertence à nossa essência e que se guarda no armário do nosso coração.
Fonte: http://pt.aleteia.org/2016/01/20/ensine-as-criancas-o-valor-das-coisas-nao-o-preco/
FELIPE AQUINO - Escritor católico. Prof. Doutor da Universidade de Lorena. Membro da Renovação Carismática Católica.
Uma das formas mais eficazes de falar sobre assuntos complexos é a linguagem figurativa ou simbólica. Muitas vezes os assuntos mais difíceis se tornam de fácil compreensão quando contados de forma simples. Jesus fazia muito isso através de parábolas e comparações; Ele utilizava o cotidiano da época e eu – muito distante de Sua sabedoria – conto histórias para fazer alguns questionamentos do nosso tempo. Eis mais uma:
Certa ocasião, um empresário de sucesso, mas cheio de problemas familiares, foi procurar um psicólogo. Durante a consulta, o profissional pediu ao homem rico que fosse à janela e descrevesse tudo o que estava enxergando. O empresário falou: ‘Vejo prédios, restaurantes, automóveis e viadutos.’
Em seguida, o psicólogo chamou uma funcionária da limpeza à sala e disse-lhe: ‘Quero que você olhe com atenção e tente me dizer o que está vendo de importante lá fora. E ela relatou assim: ‘Vejo uma fila de pessoas esperando ser atendidas no Posto de Saúde; lá adiante, vejo mendigos deitados debaixo da marquise de um prédio; em frente ao restaurante, vejo gente procurando comida no lixo; percebo também crianças desnutridas pedindo comida nos faróis, jovens com ar de drogados, idosos doentes... quanta coisa triste!’
O psicólogo, novamente a sós com o homem rico, falou: ‘Muito bem, meu caro amigo, agora toma este espelho, olha para ele e diga o que está enxergando.’ Ele respondeu: ‘Ora, pelo tamanho do espelho, vejo tão somente a mim mesmo!’ E voltando a chamar a faxineira, também pediu que olhasse no espelho e descrevesse o que via. Ela estranhou a pergunta, mas disse-lhe: ‘Vejo uma filha abençoada de Deus que tem uma missão importante no mundo: ajudar os que nada têm.’ E o empresário, emocionado, chorou.
Assim é a nossa vida! Muitas vezes nossos olhos ficam cobertos por uma camada de egoísmo que nos impede de ver o quanto somos abençoados. Também não vemos a dor e o sofrimento dos nossos semelhantes e insistimos em resolver somente as nossas dificuldades. A indiferença, a ganância, o individualismo e o comodismo da vida nos impedem de sentir e partilhar a dor dos irmãos. Somos tão 'miseráveis' que não vemos outra coisa a não ser o dinheiro.
É por isso tudo que o Céu está pedindo socorro. Está sobrando lugar no Paraíso! Cada vez menos almas se salvam! Poucos atendem o chamado de Deus! Quase ninguém se importa com a pobreza! Multidões só pensam em acumular bens aqui na Terra!
São Tomás de Aquino comparava a alma do homem a uma folha em branco, na qual, no decorrer de sua vida, registra tudo quanto se refere à sua espiritualidade e à sua conduta moral. Assim, a alma assimila o que chegou a conhecer e a amar. Enquanto o ‘homem religioso’ coleciona o amor a Deus e ao próximo, o ‘pecador que não se converte’ transforma-se em ferrenho adversário do Senhor.
Um chega ao Céu e, o outro, entra no além com tudo quanto assimilou em sua vida terrena: paixões proibidas, vícios, maldades e perversidades. O que buscou a Deus descansará na paz eterna e a alma manchada de pecados mortais irá uivar e ranger os dentes para sempre. Enfim, ou imitamos a Cristo e nos salvamos, ou aceitamos os prazeres da carne e nos condenamos. Nada mais justo!
Eis outra história para reflexão:
Um sujeito fugia de um urso e, ao cair num barranco, agarrou-se às raízes de uma árvore. O animal, bem acima dele, rosnava, babava e mostrava-lhe os dentes. Embaixo, prontas para engoli-lo se caísse, estavam nada menos do que três onças!
Meio perdido, ele olhou para o lado e viu um grande e lindo morango vermelho. Num esforço supremo, sustentou o seu corpo com a mão direita e, com a esquerda, pegou o morango. Então, levou a fruta à boca e se deliciou com aquele sabor doce e suculento. Final da história: ‘Foi um prazer imenso para ele comer aquele morango!’
Mas, vendo que a narrativa acabou, talvez você pergunte: ‘Mas, e o urso?’ Com todo respeito, eu lhe responderia: ‘Dane-se o urso! O importante é saber que o sujeito comeu o morango.’ E as onças? Azar delas que ficaram vendo ele comer o morango!
Lembre-se, leitor, sempre existirão ursos querendo devorar nossas cabeças e onças prontas para arrancar nossos pés, mas nós precisamos saber ‘comer morangos’. E perdoe-me pela insistência, mas você ainda poderia me dizer assim: ‘Eu tenho problemas muito mais complicados para resolver do que os do sujeito da história!’ Eu acredito e imagino que sim, mas os problemas não impedem ninguém de se salvar.
Nas suas maiores provações, coma também o ‘morango’ que Deus lhe dá. Poderá não haver outra oportunidade de atender o grito de socorro que vem do Céu.
PAULO ROBERTO LABEGALINI - Escritor católico. Vicentino de Itajubá - Minas Gerais - Brasil. Professor Doutor do Instituto Federal Sul de Minas - Pouso Alegre.‘Autor do livro ‘Mensagens Infantis Educativas’ – Editora Cleofas
Se vivíamos melhor ou pior, em Portugal, antes ou depois de 25 de Abril, de 1974, é assunto polémico, que divide a população.
Uns, dizem que sim (vivia-se melhor). As famílias sustentavam-se, na maioria, só com o vencimento do Chefe de Família, – já que o conjugue, não usufruía salário, para a árdua lida doméstica. Agora, mesmo com dois vencimentos, mal se consegue pagar as despesas…
Dirão outros: antes, havia muita necessidade, muitos filhos… e muita fome. Era preciso renunciar muito, para ter vida decente.
Quem tem razão? Ambos?
Mas, vamos aos preços, antes e depois da Revolução da Liberdade.
Antigo diretor do: “ Jornal de Tondela”, homem de vasta cultura e ideias lúcidas, no ano de 2014, a 5 de Junho, escreveu sobre o que se podia fazer com nota de cem escudos (equivalente, agora, a cinquenta centavos,) e inúmera os bens que se podia comprar.
Termina a curiosa crónica, dizendo, que hoje serve apenas para gorjeta, se ainda se tem o antigo costume de gratificar o empregado de mesa! …
Em 1973, ano antes da Revolução, podia-se hospedar, em Lisboa, no hotel Alameda, por 120$00 (duas pessoas) e quatro, no mesmo hotel, por 160$00!
Um belo almoço, custava, no mesmo hotel, 25$00!
Velho folheto, do ano da inauguração do: “ Pão de Açúcar”, na Avenida da Boavista, Porto, mostra, entre outros, os seguintes preços: Arroz Gigante Nacional 6$90; Café Sical, lote 5 Estrelas (250gr) 10$50; Vermouth Martin 27$20; Sumos Compal 3$80; Açúcar Granulado (1Kg) 7$50; Cacau Instantâneo (250 gr) 6$70; Farinha Maizena 10$40... E por ai adiante.
Vamos comparar, agora, o nível de vida da época, indicando o valor do vencimento dos militares: Furriel 1830$00; 1º Sargento 2684$00; Alferes 3360$00; Capitão 6000$00; Coronel 9900$00; General 12000$00.
Não sei, porque não sou economista, ainda que tenha formação em Economia, se, viver antes ou depois de 1974, era melhor ou pior.
Sei, apenas, que antes, não havia tantos a pedir na via publica ou à porta dos supermercados e restaurantes. Não havia recolha de alimentos, nem pedidos para auxiliar, Associações e Fundações; nem gente a dormir na rua e bancos de jardim, Mas, que havia necessidades, havia, e muita! …Mais que agora? Não sei.
HUMBERTO PINHO DA SILVA - Porto, Portugal
Com a chegada do Outono ao Hemisfério Norte, partilho este meu vaguear poético em jeito de boas vindas ao belo Outono.
Elaboração videográfica do talentoso amigo Afonso Brandão.
https://www.youtube.com/watch?v=Yr0P026AmYo&feature=youtu.be
EUCLIDES CAVACO - Director da Rádio Voz da Amizade , Canadá.
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NOTICIAS DA DIOCESE DO PORTO
NOTICIAS DA DIOCESE DE JUNDIAÍ - SP
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Leitura Recomendada:
Jornal católico da cidade do Porto - Portugal
Opinião - Religião - Estrangeiro - Liturgia - Area Metropolitana - Igreja em Noticias - Nacional
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HORÁRIOS DAS MISSAS NO BRASIL
Site com horários de Missa, confissões, telefones e informações de Igrejas Católicas em todo o Brasil. O Portal Horário de Missas é um trabalho colaborativo onde você pode informar dados de sua paróquia, completar informações sobre Igrejas, corrigir horários de Missas e confisões.
https://www.horariodemissa.com.br/#cidade_opcoes
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O Dia Internacional da Paz, 21 de setembro, quarta-feira próxima, foi instituído pela Assembléia Geral das Nações Unidas em 1981 para “comemorar e fortalecer os ideais de paz em cada nação e cada povo entre elas”. Objetiva despertar a solidariedade e a fraternidade entre os povos, sobrepondo-se ao egoísmo, ao unilateralismo e principalmente, as conseqüências de um capitalismo desenfreado, onde o lucro dá tônica às relações.
Efetivamente, não podemos perder de vista que a paz é fruto da justiça, inclusive por indicação bíblica (cf. Is 32,17). Sem a sua prática não há harmonia nos relacionamentos entre as pessoas e até entre os povos. Na mesma trilha, pode-se dizer que ela é uma conquista a ser buscada, exigindo nossa indignação pelo desrespeito aos direitos fundamentais do ser humano e nossa preocupação com a prevalência da concórdia entre todos, ainda que tais posicionamentos conflitem muitas vezes, com privilégios de muitos que os pretendem imutáveis.
Os embates sociais e a competitividade crescente em todos os campos colocam os países, as empresas e os indivíduos em constante posição de agressão/defesa. Esquecemos assim, que a tranqüilidade pública pressupõe uma base em valores profundos e inabaláveis, notadamente em épocas como a atual em que a corrupção é um mal visível e a situação política complexa em função mais dos interesses pessoais dos representantes da população do que da própria administração pública, gerando desigualdades sociais, fontes de tensões e explosões de violência.
Somos responsáveis por esta infeliz realidade. Para vencer a injustiça social e a situação hoje do Brasil indispensável que cada um seja capaz de reconhecer a dignidade do próximo e se disponha a lutar por seus anseios fundamentais. Invocando trecho de Paulo Freire, podemos dizer que “a paz se cria, se constrói, na e pela superação de realidades sociais perversas. A paz se cria, se constrói, na construção incessante da justiça social.”
SUBSTITUIR “PRECONCEITO” POR RESPEITO
Um caminho mais produtivo para substituir o preconceito seria canaliza-lo construtivamente para tornar o portador de necessidades especiais, independente tanto quanto a si próprio, como consequentemente em relação à sociedade. Talvez seja este o caminho para atingir um degrau a mais na evolução do desenvolvimento e integração da pessoa com deficiência. Celebrações como a do Dia Internacional de Luta da Pessoa Portadora de Deficiência – 21 de setembro - revestem-se de suma importância para refletirmos sobre importantes questões de cidadania que afetam tais indivíduos e que não podem mais ser tidas, como de puro assistencialismo, mas sim de Justiça e Dignidade.
JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é advogado, jornalista, escritor e professor da Faculdade de Direito do Centro Universitário Padre Anchieta de Jundiaí. Ex-presidente das Academias Jundiaienses de Letras e Letras Jurídicas
(martinelliadv@hotmail.com)
Ontem, quando informado do falecimento do meu inesquecível amigo Prof. Dr. Antonio Carlos Neder, estava em viagem e não havia mais tempo para retornar a Piracicaba e assistir ao seu sepultamento. Ainda há menos de duas semanas estivemos juntos em longa conversação. À guisa de homenagem póstuma, aqui transcrevo texto que redigi há um ano para uma obra coletiva que estava sendo preparada para ser lançada no próximo mês de julho:
Antonio Carlos Neder, um homem de conselho.
Pediu-me meu bom amigo e xará Alexandre Neder que escrevesse um texto breve sobre seu pai - o Prof. Dr. Antonio Carlos Neder - para integrar uma obra coletiva que será publicada em homenagem ao ilustre cientista, professor de Farmacologia Odontológica, ex-diretor da Faculdade de Odontologia da UNICAMP, sediada na nossa cidade, e membro da Academia Piracicabana de Letras.
O homenageado é muito conhecido e admirado em Piracicaba, tanto nos meios culturais e científicos como na sociedade em geral. Se eu fosse me estender sobre seu currículo brilhante - e mesmo sobre algum aspecto específico dele - correria grande risco de repetir o que outros dirão muito melhor do que eu. Seria, como se diz em linguagem popular, “chover no molhado”. Falar do grande papel que teve na vida acadêmica e profissional, ou como membro expoente da colônia de origem libanesa em nosso município, também me parece mais adequado a alguém que seja dessas áreas. Falar dele como amigo, como chefe de família exemplar, como cidadão de uma integridade e de uma retidão a toda prova, igualmente seria dizer coisas sabidas e ressabidas por todos.
Que posso dizer dele, então, que exprima adequadamente minha admiração por ele e que represente algo diferente do que os demais colaboradores da obra coletiva provavelmente dirão?
Vou destacar um aspecto de sua rica personalidade que, a meu ver, nem sempre é notado e que merece ser posto à luz do dia. É o de Antonio Carlos Neder como homem de conselho.
Sim, penso que ele tem verdadeiramente o dom do conselho, não no sentido teológico estrito daquilo que é um dos sete dons do Divino Espírito Santo, mas num sentido mais geral, mais amplo e abarcativo das relações humanas.
Que é dom? O conceito de dom é muito claro. Dom é dádiva, é presente. Dom é tudo aquilo que uma pessoa dá a outra por liberalidade e com benevolência. Note-se com cuidado cada um dos elementos dessa formulação. Para haver dom, é preciso haver duas pessoas ou partes, a doadora e a receptora. Por outro lado, a doação deve ser por pura liberalidade de quem dá, ou seja, por generosidade, sem contrapartida, sem interesse. Não se paga uma dívida com um dom: se se deve a alguém, o que se dá a esse alguém é por justiça, não é por liberalidade. Não se faz um dom esperando uma recompensa: quem faz isso é um vendedor ou um investidor, não é um doador. Por outro lado, ainda, a doação deve ser benevolente, ou seja, deve ser fruto da boa vontade, do benquerer, do desejo de beneficiar e fazer bem ao receptor. Tudo aquilo que alguém dá a alguém com essas características e condições é um dom.
Há muitos tipos de dons. Dinheiro, um serviço profissional, um apoio moral, uma palavra amiga e estimulante, um reconforto numa hora de provação ou depressão, o oferecimento de um ombro leal para o outro “chorar suas mágoas”, uma carta de recomendação, um elogio, uma crítica construtiva, uma correção fraterna - tudo isso pode ser um dom. Depende das circunstâncias, da hora e do modo como se faz.
Quem é rico, pode fazer dom de uma parcela de seu patrimônio. Quem é feliz, pode compartilhar, à maneira de doação, sua felicidade com outras pessoas menos afortunadas. Quem é sábio, pode (e até deve) iluminar com seu saber com os demais.
É, pois, muito ampla a noção de dom, e são infinitas as modalidades e variedades de dom. O conselho é uma delas.
O dom do conselho é a dádiva que uma pessoa experiente, equilibrada, carregada de bom senso e sabedoria, proporciona a quem não tem essas qualidades, ou as tem em menor grau. E nisso o Professor Neder é exemplaríssimo. Com sua imensa experiência de vida e com a bondade característica de sua personalidade, com a comunicatividade e a capacidade de empatia de um autêntico libanês-brasileiro, com a prática adquirida durante décadas de docência, em que se habituou a falar a gerações e gerações de alunos de todas as procedências e condições - ele exerce a todo o momento, e quase sem o perceber, o dom do conselho.
Sem adotar tom professoral, mas com simplicidade e naturalidade, quem conversa com ele ouve, a todo momento, lições de vida, de sabedoria e de conduta que valem por verdadeiros conselhos. Sem se dar conta, a todo momento ele ensina, ele forma, ele conforta, ele estimula os melhores lados dos seus interlocutores. E isso com uma bondade, um desinteresse, uma simpatia e uma empatia impressionantes.
Quantas vezes, em circunstâncias diversas, não telefonei eu a ele para ler um texto e pedir sua opinião! Ou lhe submeti uma questão qualquer e ele, sem vacilar, logo exprimiu seu pensamento e resolveu o problema!
Minha homenagem a ele, pois, nesta obra coletiva, resume-se a isto: Antonio Carlos Neder é, verdadeiramente, um homem de conselho.
Como falar do Professor Neder sem lembrar de sua digníssima Esposa, D. Jamile Sarkis Neder? Costuma-se dizer que por trás de todo grande homem existe sempre uma grande mulher. Basta, aqui, acrescentar que D. Jamile é a grande mulher que Deus quis que, na trajetória da existência terrena, fosse a indefectível companheira do Prof. Dr. Antonio Carlos Neder. A ela, pois, se estende com toda a justiça esta singela homenagem.
ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOS é licenciado em História e em Filosofia, doutor na área de Filosofia e Letras e professor da Unisul. Também é Membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e da Academia Portuguesa da História.
Certa noite, já passado das 22h, uma conhecida me mandou mensagem de whatsapp, pedindo uma orientação. Sabendo que eu tenho gatos e uma cachorra, queria saber se os gatinhos dela, ainda filhotes, se acostumariam a uma cachorra. Contou-me, com revolta, que a irmã se mudara de casa e lá no quintal, sozinha, havia deixado uma cachorrinha, uma pinscher, alegando que não poderia levar o animalzinho para o novo endereço, por exigência do proprietário.
Expliquei a ela como fazer para adaptar os animais e que eu a ajudaria com o que fosse preciso, como ração e outros. Após resgatar a cachorrinha e enviar-me um vídeos dela, notei que era muito pequena, quase parecendo um brinquedo. Acredito que deveria estar sem comer há algum tempo, porque comia como se não houvesse amanhã.
Fiquei indignada pensando em como alguém pode ter coragem de abandonar um animal à própria sorte, sobretudo um animal tão frágil. Fazem isso porque acreditam na impunidade e que os animais valem menos do que coisas. Se não fosse pelo auxílio da minha amiga que teve disposição de ir à noite buscar o animal, mesmo diante de suas dificuldades econômicas pelas quais ela passa, por certo a cachorrinha estaria morta.
Passadas algumas semanas minha amiga me ligou novamente. Precisava arrumar um lugar para o animal. Com filhos pequenos, um marido desempregado e morando de aluguel, ela não teria condições de propiciar os cuidados como vacina e castração. Combinei com uma vizinha tão maluca como eu por animais e em uma segunda-feira, vinda de táxi, a cachorrinha chegou. Quando a vi pessoalmente fiquei extremamente surpresa, pois era a menor cachorra que eu já tinha visto na minha vida.
Minúscula seria a definição exata. Meus gatos parecem gigantes perto dela. Eu sequer sabia que um cachorro poderia ser daquele tamanho. No mínimo ela é peculiar, pois fica parte do tempo com a língua de fora, saindo pelo lado da boca. Valente, não tem a menor noção dos seus 1,7 kg! Nas poucas horas nas quais ficou em casa, andou para todo lado, entre os gatos e minha cachorra que, curiosamente, pareciam não ter ideia do que era aquele bicho. Minha vizinha irá ficar com ela até que a adotante que arrumamos possa vir busca-la em novembro, pois mora em outra cidade, um pouco distante. Enquanto isso estamos dividindo os gastos, cuidando de um animal que foi negligenciado por muito tempo e que, pela sua fragilidade, sobreviveu por milagre.
Rebatizada como Minie e apelidada de Pulguinha, ela se parece com um brinquedo movido à pilha, correndo de um lado para outro como se sempre estivesse estado ali na casa da minha vizinha e com os três cachorros dela. Em verdade é muito bom vê-la bem alimentada, saudável e bem cuidada. Pena termos sempre menos braços, dinheiro e espaço do que seria necessário para cuidar de outros animais negligenciados.
Ao menos, por aqui, nesse momento, a menor de todas as cachorras está pronta para ser feliz!
CINTHYA NUNES - é escritora, professora universitária e advogada – cinthyanvs@gmail.com
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