Próximos à noite de Halloween, celebrada a cada 31 de outubro, compartilhamos 8 coisas que todo cristão deve saber sobre esta festa pagã que aos poucos foi difundida no mundo inteiro.
“Como o demônio faz para nos afastar do caminho de Jesus? A tentação começa brevemente, mas cresce: sempre cresce. Esta cresce e contagia o outro, é transmitida e tenta ser comunitária. E, finalmente, para tranquilizar a alma, justifica-se. Cresce, contagia e se justifica”, advertiu o Papa Francisco em abril de 2014.
A seguir, os 8 dados:
A Solenidade de Todos os Santos é comemorada no dia 1º de novembro e é celebrada na Igreja desde às vésperas. Por isso, a noite de 31 de outubro, no inglês antigo, era chamada “All hallow’s eve” (véspera de todos os santos). Mais tarde, esta expressão virou “Halloween”.
No século VI a.C., os celtas do norte da Europa celebravam o fim de ano com a festa do “Samhein” (ou Samon), festividade do sol, iniciada na noite de 31 de outubro e que marcava o fim do verão e das colheitas. Eles acreditavam que naquela noite o deus da morte permitia aos mortos retornarem à terra, fomentando um ambiente de terror.
Segundo a religião celta, as almas de alguns defuntos estavam dentro de animais ferozes e podiam ser libertadas com sacrifícios de toda índole aos deuses sacrifícios, inclusive sacrifícios humanos. Uma forma de evitar a maldade dos espíritos malignos, fantasmas e outros monstros era se disfarçando para tentar se assemelhar a eles e desta maneira passavam despercebidos ante seus olhares.
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Quando os povos celtas foram cristianizados, nem todos renunciaram os seus costumes pagãos. Do mesmo modo, a coincidência cronológica da festa pagã de “Samhein” com a celebração de todos os Santos e a dos defuntos, comemorada no dia seguinte (2 de novembro), fez com que as crenças cristãs fossem misturadas com as antigas superstições da morte.
Através da chegada de alguns irlandeses aos Estados Unidos, introduziu-se neste país o Halloween, que chegou a ser parte do folclore popular do país. Logo, incluindo a contribuição cultural de outros migrantes, introduziu-se a crença das bruxas, fantasmas, duendes, drácula e diversos monstros. Mais tarde, esta celebração pagã foi difundida no mundo inteiro.
Segundo o testemunho de algumas pessoas que praticaram o satanismo e depois se converteram ao cristianismo, o Halloween é considerada a festa mais importante para os cultos demoníacos, porque se inicia o novo ano satânico e é como uma espécie de “aniversário do diabo”. É nesta data que os grupos satânicos sacrificam os jovens e especialmente as crianças, pois são os preferidos de Deus.
No Halloween, as crianças e alguns adultos costumam se disfarçar de seres horríveis e temerários e vão de casaem casa exigindo “trick or treat” (doces ou travessuras). A crença é de que se não lhes dão alguma guloseima, os visitantes farão uma maldade ao morador do lugar. Muitas pessoas acreditam que o início deste costume está na perseguição aos católicos na Inglaterra, onde suas casas eram ameaçadas.
Existe uma antiga lenda irlandesa que conta que um homem chamado Jack tinha sido tão mau em vida que supostamente não podia nem entrar no inferno por ter enganado muitas vezes o demônio. Assim, teve que permanecer na terra vagando pelos caminhos com uma lanterna, feita de um legume vazio com um carvão aceso.
As pessoas supersticiosas, para afugentar Jack, colocavam uma lanterna similar na janela ou na frente de suas casas. Mais adiante, quando isto se popularizou, o legume para fazer a lanterna passou a ser uma abóbora com buracos em forma do rosto de uma caveira ou bruxa.
Hollywood contribuiu para a difusão do Halloween com uma série de filmes nos quais a violência gráfica e os assassinatos criam no espectador um estado mórbido de angústia e ansiedade. Estes filmes são vistos por adultos e crianças, criando nestes últimos medo e uma ideia errônea da realidade. Do mesmo modo, as máscaras, as fantasias, os doces, as maquiagens entre outros artigos são motivos para que alguns empresários fomentem o “consumo do terror” e favorecem a imitação dos costumes norte-americanos.
Segundo Padre Jordi Rivero, grande apologista, celebrar uma festa à fantasia não é intrinsecamente ruim, sempre e quando se cuidar para que esta não esteja contra o pudor, o respeito pelas coisas sagradas e a moral em geral.
É por esta razão que nos últimos anos cresceu a comemoração alternativa do “Holywins” (a santidade vence), que consiste em disfarçar-se do santo ou santa favorito e participar na noite de 31 de outubro de diversas atividades da paróquia, como Missas, vigílias, grupos de oração pelas ruas, adoração eucarística, através de cantos, músicas e danças em “chave cristã”.
Fonte: https://www.acidigital.com/noticias/8-dados-que-todo-cristao-deve-saber-sobre-halloween-85634
FELIPE AQUINO - Escritor católico. Prof. Doutor da Universidade de Lorena. Membro da Renovação Carismática Católica.
Durante o verão, estive na casa de praia. Nas horas de lazer, que eram quase todas, entretinha-me a reorganizar a minha biblioteca de férias, que há muito não o fazia.
Deparei, entre outros livros, a colectânea de crónicas do conhecidíssimo jornalista: Agostinho Campos (“Jardim da Europa” - Edição Alaud e Bertrand - Lisboa, 1919)
Abri, a obra, ao acaso, e encontrei referencias a velho abade da Igreja de Santo Ildefonso, no Porto, o Dr. Moreira Freire.
Após tecer rasgado elogios ao insigne sacerdote, como homem e como padre, o cronista, narra curiosas anedotas, ou melhor: ditos espirituosos, do ilustre abade, que corriam, na época, pela cidade do Porto.
Para regalo do leitor portuense, amante das coisas e ocorrências de inilio tempore, vou utilizar a saborosa prosa do grande jornalista e notável linguístico, do início do século XX.:
“ Já nos últimos anos, minado pela dispepsia cujos caprichos dolorosos o faziam dizer que tinha estômaga, o abade saíra à rua pela primeira vez, emagrecido por uma longa crise. Todos o saudaram carinhosamente pela convalescença, e uma das suas ovelhas mais fiéis e mais indiscretas cumprimentou-o desta maneira:
“ Muito folgo, Sr Abade, de o ver outra vez restabelecido. De mais a mais alguém me disse que V. Revª não tinha cura.
“- Enganaram-na, minha senhora: tenho duas curas, respondeu logo o Dr. Moreira Freire.
“ De outra vez, numa sala, em conversa ligeira, certa dama queixava-se da injustiça com que os homens acusavam as mulheres de curiosidade. E, voltando-se para ele, perguntou-lhe de chofre:
“ - Não é verdade, Sr. Abade, que os homens são tanto ou mais curiosos do que as mulheres? …
“ - Os homens mais curiosos são os padres no confessionário. Mas é prudente não esquecer que são homens… vestidos de saias.”
Consta que o Dr. Moreira Freire, foi sacerdote exemplar e irrepreensível. Possuía grandes virtudes, e era bastante modesto, a ponto de recusar honras e distinções, que lhe quiseram dispensar.
Nos tempos prosaicos, que correm, nem sempre é fácil topar sacerdote de semelhante quilatar. É pena…para bem da Igreja e dos fieis.
HUMBERTO PINHO DA SILVA - Porto, Portugal
EUCLIDES CAVACO - Director da Rádio Voz da Amizade , Canadá.
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NOTICIAS DA DIOCESE DO PORTO
NOTICIAS DA DIOCESE DE JUNDIAÍ - SP
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Leitura Recomendada:
Jornal católico da cidade do Porto - Portugal
Opinião - Religião - Estrangeiro - Liturgia - Area Metropolitana - Igreja em Noticias - Nacional
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HORÁRIOS DAS MISSAS NO BRASIL
Site com horários de Missa, confissões, telefones e informações de Igrejas Católicas em todo o Brasil. O Portal Horário de Missas é um trabalho colaborativo onde você pode informar dados de sua paróquia, completar informações sobre Igrejas, corrigir horários de Missas e confisões.
https://www.horariodemissa.com.br/#cidade_opcoes
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O Dia Nacional da Poesia no Brasil era comemorado em 14 de março, no aniversário de Castro Alves. A partir de 2015, a Lei 13.131 mudou a data para a do nascimento de Carlos Drummond de Andrade, ou seja, 31 de outubro, próxima terça-feira.
Vale a pena comemorá-lo. Com efeito, a poesia é a voz da alma e, como tal, imprescindível para que possamos retratar nossa imaginação. Tanto que pouco antes de morrer em 1987 o próprio Drummond, com toda razão, se expressou: “A poesia, que é um alimento para o espírito e o coração, pode ser vivida todos os dias. Ela tem me acompanhado por toda a vida”. Tenho um hábito: leio e posto diariamente trabalhos de poetas, consagrados ou não, tornando minha existência mais alegre, serena e permanentemente esperançosa. Agradeço a Deus por existirem pessoas que em determinados momentos recebem inspiração para criar obras poéticas que nos encantam e levam a um mundo de magia, fantasia e até de reflexão. Prestando-se como meio de comunicação e expressão, dotado de inúmeros recursos, é um gênero literário que se diferencia por ter como matéria prima a interioridade de seus autores. Apesar de se originar do grego, significando criação ou fabricação, a palavra vem há muito tempo denominando a arte de escrever em versos e eu completo: para nosso deleite. Evan do Carmo escreveu que “poesia é a arte da contemplação, da beleza e do absurdo. Música que se exprime com palavras”, enquanto Cecília Meirelles dizia que “a arte de amar é a mesma de ser poeta”. E o ensaísta argentino Ernesto Sábato se expressou: “Arte e literatura se unificam naquilo que chamamos poesia”. Mário Quintana extremava-se: “A diferença entre um poeta e um louco é que o poeta sabe que é louco... Porque a poesia é uma loucura lúcida”. Qualquer que seja sua concepção, a poesia é necessária para exaltarmos nossa sensibilidade, inspirando-nos a compartilha-la com quem convivemos. “A poesia imortaliza tudo o que há de melhor e de mais belo no mundo (Mary Shelley)
Por isso novamente invoco a Sociedade dos Poetas Mortos: “Não lemos e escrevemos poesia porque é bonitinho. Lemos e escrevemos poesia porque somos membros da raça humana e a raça humana está repleta de paixão. E medicina, advocacia, administração e engenharia, são objetivos nobres e necessários para manter-se vivo. Mas a poesia, beleza, romance, amor... é para isso que vivemos” Sociedade dos Poetas Mortos)
Dia Nacional do Livro
O Dia Nacional do Livro no Brasil, 29 de outubro surgiu em homenagem à fundação da Biblioteca Nacional do Livro, em 1810, pela Coroa Portuguesa. Na época, D. João VI trouxe para o Brasil milhares de peças da Real Biblioteca Portuguesa, formando o princípio da Biblioteca Nacional do Brasil (fundada em 29 de outubro de 1810). A data, além de homenagear e destacar a importância da Literatura e dos escritores, também busca conscientizar as pessoas sobre os prazeres da leitura. Com efeito, desde a Antiguidade, a obra literária é a grande companheira do ser humano, tanto que André Maurois brilhantemente indicou: “A leitura de um bom livro é um diálogo incessante: o livro fala e a alma responde”
Breve reflexão
Perguntaram para Carlos Drummond de Andrade se ele gostava de poesia. Sua resposta: “Se eu gosto de poesia?
Gosto de gente, bichos, plantas, lugares, chocolate, vinho, papos amenos, amizade, amor. Acho que a poesia está contida nisso tudo”.
JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é advogado, jornalista, escritor e professor da Faculdade de Direito do Centro Universitário Padre Anchieta de Jundiaí. É ex-presidente das Academias Jundiaienses de Letras e Letras Jurídicas (martinelliadv@hotmail.com)
Por que algumas coisas são conservadas na memória e outras são esquecidas? Por que alguns fatos, ou alguns aspectos dos fatos, são considerados importantes por algumas pessoas e são relegados à condição de pouco significativos e rapidamente esquecidos por outras?
O mecanismo psicológico da memória é muito singular. Vamos falar um pouco sobre ele.
O famoso médico e cientista francês Jean-Martin Charcot (1825-1893), considerado como um dos fundadores da moderna neurologia, definiu a memória como “a faculdade pela qual o espírito conserva o sentimento vago ou preciso de impressões anteriores”. Essa definição é adotada pelo psicólogo francês Raymond de Saint-Laurent (1879-1949), que, desenvolvendo o pensamento de Charcot, realça a extrema variabilidade com que um mesmo fato é recordado por testemunhas que o presenciaram. Compreende-se essa variabilidade: sendo as pessoas diferentes, o mesmo fato pode impressioná-las de modo muito diverso.
Para dar ideia dessa variabilidade, Saint-Laurent propõe aos seus leitores que façam uma experiência concreta, ou seja, interroguem separadamente várias pessoas as quais acabaram de assistir juntas à mesma peça teatral e lhes peçam que falem acerca do que presenciaram.
Umas se recordarão de modo particularmente vivo dos cenários, das cores, das vestimentas dos atores, dos gestos que cada um deles fez ao longo da peça. O que mais as impressionou foi o que viram, e é sobre isso que falarão.
Outras se lembrarão mais dos cantos e dos diálogos travados na peça. Conservarão na memória frases inteiras ou até mesmo a melodia dos cantos. Foram impressionadas pelo que ouviram.
Outras, ainda, terão ficado mais impressionadas com as emoções focalizadas no enredo da peça, ou que sentiram ao assisti-la, e falarão sobre isso longamente.
Outras, por fim, mais frias e ponderadas, discorrerão sobre a ideia central da peça, sobre os argumentos ou os aspectos filosóficos do enredo: o que pensaram e julgaram acerca da peça foi o que mais as marcou.
Esses quatro tipos de reações correspondem aos quatro tipos de memória humana: a visual, a auditiva, a afetiva ou emocional e a intelectual. Todos nós temos essas quatro memórias, mas em graus diferenciados, em proporções extremamente desiguais. (SAINT-LAURENT, Raymond de. La Mémoire. Avignon: Edouard Aubanel Éditeur, 1947, p. 19-2)
Por que as memórias variam tanto de pessoa para pessoa? Porque não há duas pessoas iguais na face da terra, todos somos diferentes. Ainda bem! Se todos os homens fossem iguais, a monotonia e a mesmice seriam insuportáveis. Se todos os sons se reduzissem a uma única nota musical, a sirene de uma ambulância ou a buzina de um automóvel... seriam a mais bela das sinfonias!
Em última análise, o critério da memória humana é valorativo. Lembramos das coisas ou delas nos esquecemos em função do valor que atribuímos a elas.
A axiologia (ou seja, em sentido etimológico, o estudo dos valores, dos critérios valorativos e de julgamento das coisas) é fundamental para se entender os valores individuais e os critérios da memória humana. É, por isso, também muito importante no estudo da História, em geral.
Todas as coisas que influenciam os critérios de julgamento humano – as ideologias, as doutrinas filosóficas ou religiosas, os princípios morais, os costumes dos povos, os fatores culturais, as preferências estéticas – têm enorme importância no estudo da História. Não podem ser ignorados ou menosprezados esses fatores todos.
Como ensinou o Prof. Friedrich von Hayek, Prêmio Nobel da Economia em 1974, os princípios teóricos acabam se impondo "ainda quando não reconhecidos explicitamente", de tal modo que "o único resultado de nossa falta de preocupação pelos princípios é, ao que parece, sermos governados por meio de uma lógica de acontecimentos que em vão procuramos ignorar." (Citação extraída de conferência intitulada "O individualismo: verdadeiro e falso", publicada em "Estudios Públicos", n° 22, outono de 1986.)
Em última análise, todas essas questões se relacionam com o problema da memória.
ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOS é licenciado em História e em Filosofia, doutor na área de Filosofia e Letras e professor da Unisul. Também é Membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e da Academia Portuguesa da História.
Sou usuário e praticamente dependente da internet. Não costumo anotar as horas que passo a me utilizar do computador, do celular, a visitar Face, Google, WhatsApp ou Instagram. Maravilho-me com o milagre da comunicação online que me permite acompanhar a viagem de pessoas queridas, do outro lado do planeta, e até conversar com elas. A capacidade produtiva avançou até o infinito. Escrever artigos, enviá-los a uma capilaridade inimaginável, tudo isso causa impacto em alguém que começou a escrever em cadernos de caligrafia, que já usou caneta tinteiro de molhar a pena, que aprendeu datilografia com as mãos escondidas sob um grande aparato de lata, para aprender a encontrar as teclas sem olhar o teclado. O mundo progrediu muito. Mas será que é só progresso?
Nada mais é suscetível de aceitação em termos absolutos. Tanto que há críticos acerbos das redes sociais e demonizam as gigantes Face, que controla o Instagram e o WhatsApp e Google, dona do Gmail e do YouTube, assim como as três outras grandes: Amazon, Apple e Microsoft.
Jaron Lanier, cientista com atuação no Vale do Silício desde os anos 1980, escreveu um livro cujo nome dispensaria explicação: “Dez Argumentos para Você Deletar Agora Suas Redes Sociais”, publicado no Brasil pela Editora Intrínseca. A mera leitura do índice do livro, com esse decálogo que pretende derrubar nossa submissão às redes sociais, talvez seja inspiradora: 1. Você está perdendo seu livre-arbítrio; 2. Largar as redes sociais é a maneira mais certeira de resistir à insanidade dos nossos tempos; 3. As redes estão tornando você um babaca; 4. Elas minam a verdade; 5. Transformam o que você diz em algo sem sentido; 6. Destroem sua capacidade de empatia; 7. Deixam você infeliz; 8. Não querem que você tenha dignidade econômica; 9. Tornam a política impossível; 10. Odeiam sua alma.
Cada argumento mereceria reflexão e análise. O primeiro já é um desafio. Li os três best-sellers de Yuval Harari – Sapiens, Homo Deus e 21 Lições para o século 21 – e o jovem professor israelense sustenta que já não temos livre-arbítrio. Tudo é uma questão de bioquímica a impactar os neurônios. A aceitar-se a tese, eu, particularmente, me auto-indagaria: como pude passar 43 anos a julgar, a acreditar que as pessoas tiveram condições de escolher e de selar o seu destino?
Mas a advertência de Jaron é interessante. O mundo que ficou menor com a possibilidade de diálogo online instantâneo independentemente da distância física, também tornou mais iradas e agressivas as pessoas. A construção de uma sociedade humana fraterna e solidária não foi o resultado atingido. Ao contrário, vê-se muita agressão, muito bullying, muita crueldade, falta de caridade, de decência e tudo poderia convergir para o melancólico reconhecimento de que a humanidade se tornou ainda mais desumana.
Cada qual terá condições de escolher o bem, ao invés de optar pelo lado do mal? Investir naquilo que dignifique o ser humano e banir aquilo que o desqualifique?
Minha experiência pessoal é a de que tenho conseguido revisitar momentos mágicos da inspiração humana, com as mensagens mais edificantes que poderiam ser produzidas. Músicas que nos marcaram, frases que nos fazem crescer, aqueles pontos altos que propiciam concluir: a vida valeu a pena.
Embora atento à advertência de Jaron Lanier e sem desconhecer os perigos das redes, que são controladoras de nossos instintos e cujos algoritmos definem e precificam nossas preferências, vou continuar a me servir delas. Não desconheço que o capitalismo de vigilância desconfigurou a hierarquia do poder no globo e que, muita vez, somos parte da manada que num inconsequente “estouro da boiada”, faz muito estrago no acervo civilizatório produzido ao largo da História. Mas procuremos nos servir daquilo que nos torna mais sensíveis e mais humanos e, se possível, nos livrar do contrário: o que nos converte em seres frios, impassíveis, incapazes de reagir diante da injustiça e da maldade.
Por enquanto, concluo que todos estamos, irremediável e definitivamente, enredados nessa teia da qual é impossível se livrar.
JOSÉ RENATO NALINI é Reitor da Uniregistral, ex-Secretário da Educação do Estado de São Paulo – 2016/2018 e Presidente da Academia Paulista de Letras – 2019/2020.
Acabo de ler o livro “Espiritualidade do Avental” – Ed. Loyola - do Frei Patrício da Ordem dos Carmelitas Descalços, neste tempo em que o olhar de muitos se voltou para a canonização de Santa Dulce dos Pobres (1914-1992), primeira santa nascida no Brasil e que de sua vida fez acolhimento e salvação para tantas outras vidas, em especial às dos menos favorecidos. O lema de sua ação era “amar e servir”. Para tentar arrecadar dinheiro aos empobrecidos, chegou a tocar acordeão e a cantar nas ruas de Salvador. Assim como ia em busca dos marginalizados nas periferias, não tinha preconceito em relação aos poderosos: aproximava-se deles para mostrar a realidade que muitos não viam e ignoravam, a fim de que a partilha se tornasse real, pois como ela mesma afirmou: “As pessoas que espalham amor não têm tempo e nem disposição para jogar pedras”. E ainda: “No coração de cada homem, por mais violento que seja, há sempre uma semente de amor prestes a brotar”.
Mas voltando à “Espiritualidade do Avental” do Frei Patrício, a respeito do lava-pés, segundo o autor é o testamento prático e vivencial que Jesus nos deixou – serviço gratuito e amoroso ao próximo - para que, dessa forma, agíssemos e déssemos testemunho de que o reino de Deus está entre nós.
Frei Patrício destaca, no acontecimento, os sete verbos de serviço: levantar-se da mesa, tirar o manto, tomar a toalha, cingir-se com a toalha, derramar água numa bacia, lavar os pés e beijá-los. Servindo, Jesus não perde a sua autoridade de Mestre. Segundo o autor, é necessário destruir as resistências, como o orgulho, que estão dentro de nós para reconstruir um novo tipo de relacionamento, recordando que o coração é o “útero” das gestações do bem e do mal.
O lava-pés é um convite para nos levantarmos da nossa preguiça interior, “que nos impede de ir ao encontro dos outros para ajudá-los, para estender as nossas mãos”, conclui o Frei.
Em seu sermão, na canonização dos cinco novos santos, dentre eles Santa Dulce dos Pobres, o Papa Francisco disse sobre a importância da oração, como porta da fé e remédio para o coração, e encerrou assim a sua fala: “Peçamos para ser (...) ‘luzes gentis’ no meio das trevas do mundo’. Jesus, ‘ficai conosco e começaremos a brilhar como brilhais Vós, a brilhar de tal modo que sejamos uma luz para os outros’.”
Amém!
MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE -
Professora e cronista. Coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher – Santa Maria Madalena/ Magdala. Jundiaí, Brasil.
“A palavra/ Se pressupõe/ É a linguagem/ Que se expõe (...) Morre a raiz/ O ademais/ Só o que se diz”.
Gosto de palavras. Para tudo acho que há diálogo.
Bobagem!
Meus gatos melhor se entendem, melhor nos atendem e por nós são atendidos sem proferirem uma sequer.
O que faz o diálogo não é o meio, mas o inteiro. A inteira disposição.
Pela metade é monólogo.
Lembro-me de que, quando adolescente, certa vez eu quis conversar com meu pai...
Deixei ao invés um bilhete. Conversar, a meu ver, nos levaria a lugar algum. Minha opinião me pareceria a mais imbuída de verdade. Superestimei minha opinião. Quando percebi o engano, aprendi a ouvir.
Por isso, quando outro dia alguém me disse “você é mesmo muito boa com as palavras”, no intuito de me sugerir manipuladora do objeto em questão... eu calei.
Não há discussão quando nos prejulgam. O tempo dirá (por nós).
“Palavras não se apagam/ Nem sozinhas/ Nem à força/ Palavras cicatrizam/ Vincam pele/ Algemam poros/ Enlameiam sangue/ Palavras não se calam/ Desbastam/ Bastando-lhes/ Uma vez/ Uma só/ Uma única/ Palavras e silêncios/ Frente a frente/ Verso a verso/ Magos invisíveis/ Vasos inodoros/ Bestas indomáveis”.
Permaneço calada. E assim permanecerei. À sombra delas sem das ditas-cujas, no entanto, fazer uso.
Aqui, por exemplo, elas servem de que senão queixa?
E a queixa leva a quê?
Nada!
Por que há guerras? Porque palavras são insuficientes.
Por que o desamor grassa? Porque palavras além de não bastantes... são bastante sem graça.
“A pior palavra/ A mais dura/ Mais cruel/ Menos sutil/ Feito unha encrava/ Bela figura/ Finge-se céu/ Simula cio/ A pior palavra/ Sugere cura/ Derrete e é mel/ Depois vazio”.
Chegará o dia em que eu cumprirei a meta de outro poema autoral de tempos atrás: “Não ter voz/ Calar a palavra/ Que inaudita/ Feito indizível mantra/ Inativa cava/ A própria cova/ Na garganta...”.
Por ora “Longe de mim dizer/ Que a palavra seja inútil/ Até porque para dizê-lo/ Eu precisaria dela (...) Não serei intolerante/ Chamando-a de intolerável/ Tentarei manter o nível/ Sem tomar por pessoal/ Isso que a faz tão radiante:/ Me encontrar só e miserável/ E deixar-me (o que é incrível)/ Mais que antes – muda e mal!!!”.
Valquíria Gesqui Malagoli, escritora e poetisa, vmalagoli@uol.com.br
A entrevista de Luiz Antônio Nabhan Garcia, secretário de Assuntos Fundiários do ministério da Agricultura, concedida ao Estadão (4.8.2019), é brisa de bom senso, ventinho bom em região que padecia calmaria asfixiante e onde faz enorme falta a ventania da sensatez.
Com efeito, em profundidade no setor da reforma agrária ▬ falo dele e dói dizê-lo ▬ tudo continua igual como nos governos FHC, Lula, Dilma e Temer. A legislação permanece a mesma e, sintoma pressagioso, não se percebe nenhum movimento para mudá-la num sentido que favoreça a segurança jurídica, prosperidade no campo, salários e renda melhores para quem vive da terra. Enfim, leis que promovam a dignidade humana, obrigação dos homens de bem, a mais de preceito constitucional. Seria o mais decisivo, fincaria proteção para agora e compraria seguro para as gerações futuras. No caso, nada mais social, solidário e favorecedor dos pobres.
É sabido, Salvador Allende comunistizou o campo e a cidade com o marco legal lá existente (los resquicios legales), não precisou de instrumental novo. Igual pode acontecer com o Brasil, precipitando-nos na rota de Cuba e da Venezuela, o caminho da servidão, o que seria o inferno dos pobres, com presenciamos de momento especialmente em Roraima. E estamos em momento propício para dinamitar tal estrada.
Adiante. Infelizmente o aparelhamento do INCRA subsiste em boa medida. Permanece dando as cartas parte dos chamados técnicos que, muitas vezes em altos cargos de confiança, colaboraram em governos anteriores para a destruição do campo mediante a aplicação manipulada da legislação de redação malandra (aliás facilmente manipulável), relativa à reforma agrária; por exemplo, na feitura dos índices e na avaliação do valor da propriedade. E, nesse quadro, prosseguem indicações políticas para as superintendências do INCRA nos Estados. Em suma, como antes, o futuro agrícola do Brasil continua ameaçado.
Vamos à entrevista do secretário de Assuntos Fundiários. O mais alvissareiro ali é o anúncio de mutirão para fechar acordos com proprietários espoliados que lutam anos a fio no Judiciário contra o verdadeiro confisco (ou esbulho, se quisermos) que sofreram ▬ promessa por enquanto, para ser cumprida até dezembro. É reparação de injustiças e destinação de áreas consideráveis, antes sujeitas à, por baixo, bagunça do INCRA e do MST, focos habituais de toda sorte de malfeitos, que passarão a ser utilizadas na produção agrícola moderna. Nabhan observa: “Não tem dinheiro. Não é para beneficiar produtor, pelo contrário. Aquele depósito feito há 10, 15 anos volta aos cofres públicos”.
Tem razão. De fato, o INCRA em conluio com o MST (CPT também) via de regra implanta Brasil afora o desatino dos assentamentos e num sem-número de casos fica depositado o valor relativo às benfeitorias, enquanto se arrastam os processos. O restante da indenização (ou, pelo menos, grande parte dela) será pago futuramente, na conclusão do processo, em títulos da dívida agrária, com forte deságio no mercado. O proprietário quer é a terra de volta, devolverá aliviado o valor que está dormindo em depósito bancário.
De passagem, noto na declaração do secretário, talvez inadvertidamente, a influência do bafo antipático ao proprietário rural, em larga proporção soprado pelos grandes meios de divulgação e sintoma aziago do ambiente intoxicado contra o produtor do campo (latifundiário, ocioso, explorador de mão de obra barata, inimigo do meio ambiente, vai por aí afora). Nem o presidente licenciado da UDR a ele ficou imune: “não é para beneficiar o proprietário, pelo contrário”. Devagar, é sim para beneficiar o proprietário injustiçado, a medida vai ajudar em primeiro lugar o produtor rural, e é coisa ótima, para celebrar como marco de política social (reflexos benéficos no bem comum). Merece foguetório. Sentimos ainda o mesmo mau hálito em outro trecho da entrevista: “Se tiver algum proprietário que diga ‘votei no Bolsonaro’ se o terreno está improdutivo, vai ser desapropriado”. Epa! Escutei direito? Proprietário desapropriado? Com exploração abaixo dos índices oficiais, cravados por funcionários do INCRA?
O sensato para um líder rural seria trabalhar para modificar a presente legislação, celebrada pela esquerda, na qual deposita grandes e fundadas esperanças, que permite expropriação de fazendas com base em índices de utilização facilmente manipuláveis e falsificáveis ▬ e que foram continuamente manipulados ao longo dos últimos governos. E em pagas (só na promessa em geral) com base em avaliações largamente arbitrárias. Infelizmente, temos aqui, repito, talvez inadvertidamente, endosso a diplomas legais que são punhais desembainhados nas costas dos produtores rurais.
Estamos esquecidos que podem existir justificadas razões de mercado para deixar uma propriedade ociosa? Entre outros motivos, superprodução e crise internacional. Estamos esquecidos que compreensíveis motivos familiares podem determinar a interrupção de uma exploração por alguns anos? No Brasil, no campo, a ociosidade não prejudica o bem comum, em certos casos pode até favorecê-lo. E há saída clara para distribuição de lotes a gente que de fato queira plantar, o Brasil tem terras públicas, existem proprietários que venderiam a preços de mercado suas terras ao governo em negociações livres.
Tem mais e não custa lembrar. Se não fosse o disparate da reforma agrária, que infelicita o Brasil desde a década de 60, hoje teríamos mais produção, maior produtividade, salários melhores no campo. Inexistiriam essas milhares de favelas rurais em 88 milhões de hectares. E o Brasil não teria jogado fora bilhões e bilhões de reais, favorecendo roubalheiras, perseguições, crimes de vida, comércio de drogas, inibição de investimentos; no melhor dos casos, péssima aplicação de dinheiro público. A reforma agrária foi e está sendo uma desgraça para o pobre, para a agricultura e para o Brasil. É um tumor de estimação instalado nas entranhas da Pátria. O sensato seria extirpá-lo, óbvio ululante. Observei em artigo recente: “R$300 bilhões de terras na bagunça. Coloque os empréstimos não devolvidos, os perdões de dívidas, a assistência técnica estatal para aproveitadores, o controle tirânico dos assentamentos pelos agentes do MST, a venda ilegal de madeira. Os escândalos do mensalão e do petrolão são fichinha perto do escândalo do programa da reforma agrária. Mas, é claro, não se pode extinguir o programa. Razão técnica? Nenhuma. Não aumenta a produtividade. Razão social? Nenhuma. Piora a situação dos pobres. Razão de paz social? Nenhuma. Tensiona a região em que se implantam os assentamentos. Mas trona e sobrepassa tudo uma razão inamovível. É tumor de estimação. Tumores de estimação são intocáveis”. (“A anemia do abril vermelho, postado em 19 de abril em periclescapanema.blogspot.com, em que estão argumentos que por falta de espaço deixo de alinhar aqui; a respeito, ver ainda no mesmo blogue “O INCRA precisa mudar de nome” e “Artigo sem título”)
Termino. Louvável e refrescante brisa de bom senso, autorizando esperanças, a promessa do mutirão dos acordos com proprietários espoliados. O Brasil que presta ainda espera que a brisa se transforme em forte ventania da sensatez.
PÉRICLES CAPANEMA - é engenheiro civil, UFMG, turma de 1970, autor do livro “Horizontes de Minas"
Dicas eficazes e criativas para os pais
Se você ensinar uma criança teimosa a fazer o que é correto, ela fará o que é correto com toda a determinação de que é capaz.
Educar um filho de temperamento forte pode esgotar suas energias se você não tiver esmero e criatividade em sua formação. Quanto mais esperto seu filho for, mais difícil será seu trabalho como pai ou mãe.
Apresentamos, a seguir, 5 conselhos que poderão ajudar você a educar seus filhos de temperamento forte sem perder a alegria e a diversão desta nobre tarefa:
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O truque para educar uma criança temperamental com amor é jamais bater de frente com ela. Você terminará esgotado(a), e poderá fazer seu filho perder a força de vontade. Sua tarefa não é ensinar seu filho quem manda em casa, e sim ajuda-lo a canalizar seu temperamento na direção do bem, ao mesmo tempo em que reforça certas normas básicas do lar.
Faça uma lista das normas básicas do lar, escrevendo-as de maneira clara. Os filhos mais novos precisam de menos regras. Você pode usar uma norma para cada ano de idade: para uma filha de 4 anos, 4 regras serão suficientes, por exemplo. Se tem vários filhos, escreva normas suficientes para suprir as necessidades do mais velho.
Coloque a lista em um lugar visível da casa (por exemplo, na geladeira) e leia-a com regularidade. Quando um filho quebrar uma regra, releia a norma para ele. Por exemplo, uma norma poderia ser “Seja grato, não invejoso”. Assim, cada vez que começam as reclamações de caprichos, vale a pena repetir: “Seja grato, não invejoso”.
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Com um filho de temperamento forte, sempre existe a tentação de impor disciplina pela força: ficar sem sair do quarto, não jogar, ficar sem sobremesa, dar palmadas, gritar etc. Isso não funciona a longo prazo. A criança não precisa de castigos corporais, e sim de uma educação harmônica, para um desenvolvimento mental saudável.
Seja criativo, optando por medidas que exijam reflexão ou que permitam que seu filho possa compensar seu comportamento inapropriado. Por exemplo: se seu filho tratou alguém mal, poderia compensar isso fazendo um favor à pessoa prejudicada. Outra opção é fazer o filho escrever uma reflexão sobre a regra da casa que ele quebrou, sua importância etc.; isso o ajudará a refletir sobre seu comportamento.
Os caprichos obstinados são fundamentalmente egoístas. Nossa tarefa como pais é reconduzir esta força de vontade na direção do bem. Ofereça ao seu filho oportunidades de liderança, mesmo que ele tenha pouca idade: ele pode cuidar do irmão mais novo por alguns minutos, por exemplo. Se já tiver idade escolar, você pode envolvê-lo em causas nobres: refúgio de animais, banco de alimentos, cuidado de idosos etc. Quanto mais idade, maior deve ser o desafio, para que sirva de válvula de escape para o temperamento forte e incentivo para a vivência dos valores.
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Um conselho de Deus para educar os filhos – Eclo 30,1-13
5. Acalme o temperamento forte do seu filho por meio da ternura
Com um filho de temperamento forte, é comum que o cansaço e a frustração nos façam esquecer da ternura, do carinho e do amor. Mas, sem o nosso exemplo, nossos filhos não poderão aprender a ser amáveis e carinhosos por si mesmos. Dedique sempre alguma atividade ou momento do dia para o contato físico, para um abraço, uma conversa carinhosa. Boas oportunidades para isso podem ser: a hora de acordar, a volta do colégio, a hora de dormir.
Seus filhos são o maior e melhor investimento da sua vida. Dedicar seu tempo a amar e educar seus filhos lhe oferecerá abundantes doses de alegria.
Fonte: http://pt.aleteia.org/2016/01/22/5-conselhos-para-educar-uma-crianca-de-temperamento-forte/
FELIPE AQUINO - Escritor católico. Prof. Doutor da Universidade de Lorena. Membro da Renovação Carismática Católica.
Conheci – já passaram algumas décadas, – gestor, considerado exemplar. Sempre, que trabalhador era levado à sua presença, para ser repreendido, inteirava-se, primeiro, da influência que tinha entre os “seus “.
Após averiguações, obtidas facilmente, consultando “ espias”, traçava a sentença:
Se era trabalhador, educado, cumpridor, e nada dado a politiquices, mas, infelizmente, por descuido, errara ou prevaricara, lançava, sobre ele, severa reprimenda, e castigava-o, com pena leve ou pesada, consoante a gravidade.
Dizia ele, enfaticamente: “ Era para dar o exemplo…”
Mas, se descobria que era influente sindicalista ou militante ativo de partido buliçoso, amaciava a voz, e aconselhava-o com prudência, concluindo: que tivesse cuidado, porque para a próxima, não sairia dali só com palavras amigas, mas com pesada pena.
Era prudente, como D. Afonso de Aragão, que sempre foi generoso com seus detratores. Certa ocasião – conta Manuel Bernardes – os amigos, estanhando a razão do insólito comportamento, inqueriram:
- Por que dá benesses a quem não lhe é fiel?
Ao que este respondeu:
- “ Aos cães, dá-se-lhes sopa, para que não ladrem nem mordam.”
Assim agia o nosso astuto gestor, permeando, os operários, não pelo saber ou dedicação, mas pela influência politica e amizades que contavam.
Havia na fábrica trabalhador, que por mais que se esforçasse, nunca era permeado por mérito. Bem via, com tristeza, que sempre havia recompensa para os que não sendo exemplares, eram membros de núcleos políticos, da empresa; mas, para ele, apenas haviam… promessas e mais promessas…
Cansado de esperar, assentou inscrever-se na secção decerto partido, e enchendo-se de coragem, deitou “faladura”.
Todos ficaram estupefactos, e aplaudiram o neófito, que prometia lutar, defendendo os “seus”.
Soube atónito, o gestor, do sucesso. Mandou-o chamar, e com palavras mansas, declarou: que chegara sua vez, por ter sido leal e bom trabalhador…
Como o rei de Aragão, deu-lhe “sopa”, para que não viesse, depois, a ladrar… e morder… Até o promoveu por mérito! …
HUMBERTO PINHO DA SILVA - Porto, Portugal
As lições de vida que temos presenciado como vicentinos poderiam ser contadas aqui por várias semanas, mas, respeitando a privacidade de muitas pessoas conhecidas na cidade, vou relatar uma história real narrada por um confrade de Belo Horizonte:
“Certa vez fui visitar um homem indicado para uma sindicância. Seu barraco, com uma minúscula porta e entulhado de velharia, mal deixava a luz do sol entrar em meio à fumaça de um fogão de lenha. Bati palmas e gritei: ‘Ô de casa, sou confrade!’ Ouvi uma voz fraca seguida de tossidos: ‘Entre, entre!’
Aquela visão e o cheiro de fumaça provocou-me lágrimas de comoção. Ali sentado no chão, perto do fogão em que cozinhava dois pedaços de costela quase sem carne, ele apenas disse: ‘É meu almoço, partirei para nós’. Agradeci e começamos a conversar. Contou-me ter 92 anos, vivia com Deus e mais um cachorro que, deitado do lado da cama, quase não enxergava mais. Outra vez chorei.
Precisava fazer algo urgente para amenizar a situação daquele velho homem. Ainda conversamos um pouco mais em meio aos tossidos, depois fui embora e prometi voltar com a solução de um lugar melhor.
Voltei após dois dias para comunicar-lhe um novo lar no asilo. Ali o tempo parecia não ter passado, pois a cena era a mesma, exceto pelo fato dele ter no colo o cão que estava muito doente. Disse a ele: ‘Voltei para ajudar-lhe na sua mudança’. Com dificuldade, ele se pôs de pé. Era um homem alto e muito magro que, chegando à porta, perguntou: ‘Como vamos levar todas as coisas? Não vejo nenhuma carroça!’
Eu lhe disse que não precisava levar nada e percebi o cachorro lambendo-lhe as mãos. O velho abaixou-se, apertou o cão no peito e disse com voz embargada: ‘Não, eu não posso abandonar este que foi meu melhor amigo nos últimos anos e jamais me abandonou. Enquanto eu viver, ele ficará comigo’.
Mais uma vez fiquei comovido porque passei a pensar em quanto sentimento cabia dentro de um homem tão humilde! Dias depois ele morreu, mas, antes, disse-me meio sorrindo: ‘Enterre o meu cachorro à sombra da mangueira, por favor’. Na mesma tarde de seu falecimento, o velho cão também deu seu último suspiro.”
Se este relato fosse apenas uma ficção, seria o suficiente para muita gente refletir na necessidade de fazermos mais caridade, mas o fato realmente aconteceu. E muitos velhos abandonados continuam esperando calados serem socorridos da miséria – que os coloca abaixo da mínima dignidade imaginável de sobrevivência.
Quem não é vicentino e não visita as situações de pobreza pode pensar que estou exagerando, porém, embora estejamos numa cidade e região privilegiadas do Brasil, muita coisa triste acontece bem perto de nossas casas. Eu concordo que nem o prefeito, nem o governador e nem o presidente podem resolver todos os problemas de uma hora para outra, portanto, temos o dever cristão de ajudar os pobres – mas ajudar como Jesus pediu!
Se cada um de nós entendesse que ‘ajudar o irmão necessitado’ não significa só ‘dar esmolas’, tudo se resolveria rapidamente. Jesus pediu que praticássemos a partilha e não apenas déssemos as migalhas que estão sobrando. Quem é capaz de tirar do bolso uma nota de dez e outra de um real e doar a maior a um mendigo? Eu confesso que também não tenho agido assim, mas já fiz isso e me senti muito bem em fazê-lo.
Há uma história a respeito de um diálogo entre notas, assim:
– Olá, por onde tens andado? – perguntou a nota de um real à de cinquenta.
– Eu estou em todas as contas bancárias deste país, em bolsos de calças caras, em caixas de lojas bacanas etc. E você, prima pobre, onde se esconde?
– Eu e minhas moedinhas não temos moradia fixa. Ora estamos no cesto de coleta da igreja, ora estamos sendo deixadas nas mãos de famintos nas ruas, enfim, somos usadas como esmolas.
E então, isso não é verdade? Quando será, meu Deus, que os homens aprenderão que dar esmolas não resolve a vida de ninguém? Por que as pessoas de posses não procuram os vicentinos e lhes perguntam o que as suas famílias assistidas precisam para sair da miséria? Eu tenho as respostas e, peço, veja se você também não se ‘encaixa’ numa dessas opções:
– Não sou rico e ajudo o quanto posso.
– Pago os meus impostos e não vejo o governo promover a justiça.
– Não tenho tempo para ajudar a construir o Reino de Deus.
– Preciso formar o meu patrimônio e deixar alguma coisa para os meus filhos.
Perdoe-me colocá-lo(a) nessa condição de ‘exame de consciência’, mas se não pararmos e pensarmos seriamente em mudar a situação da pobreza, o que será do mundo? Se dar esmolas fosse suficiente para ganhar o céu, somente os ricos seriam santos, já que nada sobra aos pobres para doar!
Então, lembre-se que a verdadeira partilha não é darmos o que sobra, mas dividirmos o que temos. Reze também para que isso venha a acontecer conosco um dia.
PAULO ROBERTO LABEGALINI - Escritor católico. Vicentino de Itajubá - Minas Gerais - Brasil. Professor Doutor do Instituto Federal Sul de Minas - Pouso Alegre.‘Autor do livro ‘Mensagens Infantis Educativas’ – Editora Cleofas
EUCLIDES CAVACO - Director da Rádio Voz da Amizade , Canadá.
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