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Sexta-feira, 28 de Fevereiro de 2020
JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI - " DEZ MINUTOS ORANDO SÃO MELHORES DO QUE UM ANO MURMURANDO "

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Celebra-se sexta-feira próxima, sempre na primeira de março, o Dia Mundial da Oração, que se originou de um movimento iniciado por mulheres em 1887 e, desde então, congrega pessoas de diferentes raças, culturas e tradições religiosas, para orarem em conjunto.

Constitui-se num evento de grande relevância já que visa difundir uma das principais e mais importantes condutas ou até hábitos praticados pelos seres humanos. Realmente a oração se revela num ato interior do indivíduo, com a qual conversa com Deus para pedir graças; solicitar proteção, saúde, melhores condições de vida, emprego, cura interior, paz e segurança para si, familiares e amigos; declarar seus temores, anseios e necessidades diárias; e muitas vezes, para se redimir, desculpando-se por suas atitudes egoístas, invejosas e outras contrárias aos princípios e valores espirituais.

Outras vezes, para agradecer por tudo que o Criador nos oferece como o ar que respiramos; a natureza que continuamente floresce; as realizações que temos em nossas vidas; os alimentos que ingerimos; os trabalhos que executamos e as dádivas e coisas, simples ou importantes que alcançamos, ou seja, louvamos o Senhor demonstrando nossa fé, sem discriminação de religião, crença ou seita.

Busca-se uma força que se pode dizer divina, para obter o que almejamos principalmente certa tranquilidade de consciência perante o momento da morte e também mais harmonia, amizade e respeito, tão difíceis na atualidade.

O autor de “O Pequeno Príncipe”, Antoine de Saint-Exupéry disse com brilhantismo: “A grandeza da oração reside principalmente no fato de não ter resposta, do que resulta que essa troca não inclui qualquer espécie de comércio”.

Façamos um convite a nós mesmos: inspirados por esta data comemorativa também nos silenciemos por alguns instantes e oremos. O propósito da prece, segundo o profeta Mateus, “não seria o de alterar a vontade de Deus, mas de obter para nós mesmos ou para os outros, bênçãos e graças que Ele já estaria disposto a conceder, mas que deveriam ser solicitadas para se obter. Através da oração, poderemos compreender que a Sua palavra é a que ensina, reconforta e traz esperança, revelando-se nas mais diversas formas, tais como um sorriso infantil, a emoção de uma descoberta, um instante de reflexão, os gestos comuns, a liberdade, a luta por igualdade, o respeito ao próximo e principalmente, a partilha”.

A maioria das pessoas tem consciência desses atributos, mas por comodidade e apego material, adapta os ensinamentos religiosos aos próprios interesses. Interpretam-nos de acordo com tudo que lhes convém, modificando a essência clara e extremamente nítida dos princípios e pregações. Cria normas de conduta específicas, justificando isoladamente o egoísmo de que é dotada, permanecendo inaudita aos verdadeiros valores. Pratica auto-religião, simula atos caridosos e tenta enigmaticamente esconder-se do remorso que a persegue. É por isso que o mundo se encontra moralmente tão instável e frágil, no qual o predomínio de uma cultura consumista, obediente a ditames exclusivamente econômicos, vem sufocando a espiritualidade e esfriando a convivência humana.

Rezemos para que o mundo seja mais humano, fraterno e solidário e que consigamos manter uma postura digna mesmo diante dos percalços da vida Reitere-se que “dez minutos orando são melhores do que um ano murmurando” como asseverou Charles Haddon Spurgeon.

 

 

 

JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é advogado, jornalista, escritor e professor da Faculdade de Direito do Centro Universitário Padre Anchieta de Jundiaí. Ex-presidente das Academais Jundiaienses de Letras e de Letras Jurídicas (martinelliadv@hotamail.com)



publicado por Luso-brasileiro às 11:55
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ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOS - O PORQUÊ DE UMA DESIGNAÇÃO

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Vez por outra ouço, em ambientes dos mais variados, a pergunta sobre o porquê da designação que a Igreja Católica atribuiu a si mesma. Por que Católica? Por que Apostólica? E por que Romana? Não bastaria dizer simplesmente Igreja?

Em outras palavras, qual a razão pela qual o cristianismo primitivo, tão simples e direto, se formalizou e institucionalizou tanto? Por que a primitiva Igreja (que provém de ecclesia, ou seja assembleia) chegou a se transformar numa Igreja Católica Apostólica Romana?

A ideia de catolicismo, ou seja de uma Igreja destinada a todos os povos, é antiquíssima, pois se baseia no mandado do próprio Jesus Cristo: "Ide por todo o mundo, pregai o Evangelho a toda a criatura. O que crer e for batizado, será salvo; o que, porém, não crer, será condenado” (Mc, 16, 15-16). Há duas palavras, ambas de sentidos muito próximos, que exprimem essa ideia de universalidade: catolicismo e ecumenismo. “Oikouméne” é termo que, em grego, designa o mundo todo, e “katholikós”, no mesmo idioma, significa universal, geral, referente à totalidade.

Até o aparecimento do cristianismo, todas as religiões e todos os deuses eram nacionais. Mesmo entre os hebreus, a religião mosaica era entendida como algo exclusivo do povo de Israel, e isso se consolidou de tal maneira que, até entre os Apóstolos e os primeiros discípulos de Jesus Cristo houve grande resistência psicológica à ideia de uma pregação aberta a todo o gênero humano, fora dos limites do Povo Eleito. Os capítulos 10 e 11 dos Atos dos Apóstolos narram a conversão de Cornélio, o centurião romano batizado por São Pedro, e a profunda estranheza que tal fato causou entre os primeiros cristãos, que não compreendiam como Pedro, sendo judeu, podia ter entrado na casa de um pagão e com ele se sentado à mesa.

Já no século II muitos se referiam à Igreja como Católica, para realçar seu caráter universal e mostrar que não tinham razão os romanos que consideravam os cristãos apenas como uma seita dissidente do Judaísmo. As primeiras versões do Símbolo dos Apóstolos (mais conhecido como Credo), indistintamente falavam em "Creio na Santa Igreja", ou em "Creio na Santa e Católica Igreja"; às vezes a mesma pessoa usava as duas formulações, em diferentes ocasiões. Santo Agostinho, por exemplo, cujos escritos foram preservados, às vezes dizia “creio na Igreja Santa”, às vezes acrescentava o adjetivo Católica. Heinrich Denzinger, que compilou cuidadosamente as primeiras versões do Credo, cita textualmente dois sermões de Santo Agostinho, cada um deles com uma das duas versões. (Enchiridion Symbolorum Definitionum et Declarationum de Rebus Fidei et morum. Barcelona: Herder, ed. XXXII, 1963, p. 17-42).

A adoção da designação Católica, pois, foi um meio de diferenciação, de auto-afirmação, de alteridade em relação ao judaísmo que historicamente era uma religião nacional. Pouco a pouco, por um processo análogo de diferenciação, em relação a alguns orientais, e para realçar sua ligação com os Apóstolos, o costume foi fixando outra designação, a de Apostólica. Isso se prende a um problema teológico muito profundo, de grande importância na teologia: o papel da Tradição Apostólica como fonte da revelação, a par da Bíblia. O Romana acrescentou-se bem mais tarde, depois do Grande Cisma do Oriente (1054), quando boa parte da Igreja do Oriente se separou de Roma e constituiu a chamada Igreja Ortodoxa. Era um elemento de diferenciação. Mais tarde ainda, já no tempo da Contrarreforma, acentuou-se o caráter de diferenciação do termo Romana, desta vez em relação aos protestantes que não aceitavam a autoridade papal.

Os três adjetivos, Católica, Apostólica e Romana, são, pois, posteriores à fundação da Igreja, e foram adotados como elementos de diferenciação de outras confissões religiosas e como melhor definição de uma realidade histórica contínua, desde a Fundação da Igreja.

A designação cristianismo, que inicialmente tinha um sentido unívoco, passou a ter um sentido multívoco e impreciso, abrangendo várias confissões religiosas: os grecocismáticos (ortodoxos), os coptas, os protestantes históricos (luteranos, presbiterianos, episcopalianos, metodistas, adventistas, batistas), os protestantes de origem mais recentes (de vários tipos, pentecostais, mórmons etc.) e até outras que se dizem cristãs, mas não o são em sentido estrito, como, por exemplo, o espiritismo.

 

 

 

 

ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOS é licenciado em História e em Filosofia, doutor na área de Filosofia e Letras e professor da Unisul. Também é Membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e da Academia Portuguesa da História

 



publicado por Luso-brasileiro às 11:26
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CINTHYA NUNES - NOUTROS CARNAVAIS

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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                     Houve um tempo em que eu gostava de brincar o Carnaval. Algo entre minha adolescência e juventude. Esperava ansiosa pelos dias nos quais passaria dançando nos clubes ao som de marchinhas e sambas clássicos. Depois de cinco dias de olhares furtivos, de alguns beijos roubados, de risadas e confissão de amores juvenis, restava a certeza de que às vezes a vida nos permite a fantasia.

              Por outro lado, nunca me encantei com o Carnaval apoteótico, de luxo e luxúria, das passarelas das pequenas ou imensas sapucaís. Não aceitei Momo como meu sumo imperador e sequer assisto aos desfiles pela televisão. Não venho aqui, no entanto, fazer uma crítica aos que curtem a festa. Embora eu discorde de várias atitudes tomadas nesses dias e em função deles, acredito que a cada um apetece o que lhe é bom ou conveniente.

              Da mesma forma como aconteceu com muitas outras datas festivas, o Carnaval virou, há muito tempo, um grande negócio. E até aí tudo bem, porque negócios fazem a economia girar e as pessoas precisam trabalhar para pagar suas contas. Então sem problemas as pessoas faturarem costurando fantasias, vendendo alegorias, bem como o turismo de um modo geral se beneficiar, só não gosto mais é de ver a quantidade de penas de pássaros que são utilizadas em roupas, com o sofrimento de milhares de aves, por exemplo. Na minha infância, eu desconhecia isso e a ignorância é quase sempre uma dádiva ou um bálsamo.

              A falta de educação das pessoas que descartam todo tipo de lixo pelas ruas, seja nas concentrações dos desfiles, seja pelas ruas mesmo, é algo inimaginável. Só que seria hipocrisia afirmar que isso só acontece no Carnaval. Antes fosse. Difícil admitir que a idade vai me transformando, pouco a pouco, em alguém cujo olhar não se limita a mirar o belo, o lúdico, pois é com pesar imenso que constato o estado das vias públicas, bem como das praias e parques após grandes festas populares.

              Fato que nunca gostei de aglomerações, pois sou um pouco claustrofóbica. Assim, óbvio que tenho passado pela vida evitando ambientes lotados, ainda mais em época de coronavírus, mas acho muito bacana esse retorno às ruas dos bloquinhos de carnaval nos bairros, muitos dos quais repletos de crianças, boa música e alegria. Nessas horas eu me pego cantarolando os sambas que marcaram minha vida e até ensaio uns passos desajeitados.

              Atualmente, gosto do Carnaval mais pelo feriado, pela oportunidade de poder utilizar alguns dias livres para fazer o que me apraz, seja viajar, assistir séries, ler um bom livro ou mesmo me reunir com amigos. Quando jovenzinha, eu teria horror de me ouvir dizer isso, mas, como se diz, o tempo passa e quando nos damos conta estamos vestindo as roupas dos nossos pais, literal e figurativamente.

              Inconteste é que, carnavalescos ou não, estamos todos esperando que agora o Brasil comece a funcionar de verdade. Finda a brincadeira, jovens ou nem tanto, porque “a tristeza nem pode pensar em chegar”, é hora de colocarmos mãos à obra. Feliz Ano Novo a todos os brasileiros e que não tenhamos o desejo de estarmos noutros carnavais.

 

 

 

 

CINTHYA NUNES    -   é jornalista, advogada, professora universitária e já sambou para toda sua existência – cinthyavns@gmail.com



publicado por Luso-brasileiro às 11:25
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MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE - CONTRIÇÃO

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Hoje, para os cristãos católicos tem início o tempo da Quaresma. Tempo propício para se enxergar interiormente - não que os outros tempos não o sejam - e perceber com clareza aquilo que vai mal e, com a misericórdia e o poder de Deus, é possível mudar.
Gosto da colocação de Clive Staples Lewis (1898-1963) sobre a Quaresma. Professor e tutor de literatura inglesa na Universidade de Oxford, é considerado um dos gigantes intelectuais do século XX e um escritor influente. Escreve em seu livro “Deus no banco dos réus”: “A época da Quaresma é dedicada especialmente ao que os teólogos chamam de contrição. (...) Contrito, como vocês sabem, é uma palavra traduzida do latim que significa triturado ou pulverizado. Pois bem, os homens modernos queixam de que há menção demais a este assunto em nosso Livro de oração comum. Eles não querem que seu coração seja pulverizado e não conseguem declarar com sinceridade que são ‘transgressores miseráveis’.”
Colocação forte e verdadeira.  Na Liturgia de hoje se encontra a Leitura de Joel 2, 12-18): “Agora, diz o Senhor, voltai para mim com todo o vosso coração, com jejuns, lágrimas e gemidos; rasgai o coração, e não as vestes, e voltai para o Senhor vosso Deus; ele é benigno e compassivo, paciente e cheio de misericórdia, inclinado a perdoar o castigo”.
Penso que destacar o pecado social, sem buscar firme, primeiramente ou em paralelo, o que é preciso triturar dentro do próprio coração, como também escreve C.S. Lewis, afasta da “amarga tarefa de arrepender-nos dos nossos próprios pecados e, em vez disso, voltarmo-nos ao dever mais agradável de lamentar – mas, primeiro, de criticar a conduta dos outros. (...) Podemos nos entregar ao vício popular da maledicência sem restrições, sentindo o tempo todo, que estamos praticando a contrição”. É por isso que as ideologias – algumas até chamadas de teologia disso ou daquilo - que colocam o pecado social acima do pecado individual não me seduzem e nem me acrescentam nada.
Permaneço rezando, todos os dias, o Salmo 50(51), que me cabe:
“... Eu reconheço toda minha iniquidade,/ o meu pecado está sempre à minha frente./ Foi contra vós, só contra vós, que eu pequei,/ pratiquei o que é mau aos vossos olhos! Criai em mim um coração seja puro,/ dai-me de novo um espírito decidido./ Ó Senhor, não me afasteis de vossa face/ nem retireis de mim o vosso Santo Espírito!...”

 

 

 

 

MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE -

 Professora e cronista. Coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher – Santa Maria Madalena/ Magdala. Jundiaí, Brasil.


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publicado por Luso-brasileiro às 11:20
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PÉRICLES CAPANEMA - FUNÇÃO SOCIAL ÀS AVESSAS

 

 

 

 

 

 

 

 

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No Brasil, como em qualquer lugar do mundo, ramos de negócio existem às dezenas de milhares. De outro jeito, ninguém sabe quantos galhos seguram a árvore da atividade econômica. Bancos, postos de gasolina, armazéns, açougues, padarias, escolas, cervejarias. Nunca acaba. Quando a empresa produz pouco, vendas mirradas, vira galho seco, em geral afunda e quebra. Triste a falência, preocupante a recuperação judicial; contudo, são fatos corriqueiros, acontecem todos os dias. E a vida segue.

 

Corta. Vocês já ouviram falar de alguma firma que sofra desapropriação se for considerada improdutiva por órgão do governo? Produziu pouco? Governo em cima. Já escutaram, supermercado improdutivo, desapropriação nele? O boteco comercia pouca cachaça e salgadinhos? Vai ser desapropriado, onde já se viu. O banco tem empregados preguiçosos, produtividade pequena segundo índices do governo? Vai passar para outras mãos, estatais. Seus funcionários virarão barnabés e aí sim, a produtividade irá para as alturas. Nunca, né?

 

Para infelicidade social, temos segmento econômico no Brasil, só um, que, se você for considerado improdutivo, pode sofrer a punição da desapropriação, em linhas muito gerais logo que dê na telha dos donos do poder (deixo de lado aqui o lote urbano, tem algo longinquamente parecido) Para tal, índices foram aplicados fraudulentamente, agitações foram orquestradas, laudos fajutos foram feitos às pencas. Está no campo, é a novela macabra da reforma agrária, um dos tumores de estimação dos brasileiros. No caso de que vou tratar abaixo, destaca-se autarquia aparelhada para a perseguição ▬ o INCRA.

 

No conjunto, considerando tudo, o programa da reforma agrária no Brasil, velho de mais de 50 anos, autenticamente poderia ser titulado de a prática obsessiva e fanática da função social às avessas. Sempre deu com os burros n’água, sempre agrediu objetivos sociais, mas não tem importância, é tumor cancerígeno de estimação nosso, a gente tem xodó dele. Fôssemos objetivos, desapegados de retrocessos sociais, seria extinto; é exigência imperiosa da justiça social acabar com ele. Não só ajudaria a sociedade como um todo, facilitaria o combate à pobreza.

 

Em duas palavras, continua entre nós esse disparate renitente, que já foi abandonado pela maior parte dos países que algum dia entraram nessa fria. É jabuticaba nossa (dizem, sei lá se é verdade, jabuticaba só dá no Brasil). Tem apoiadores, promotores do atraso, por exemplo, em 22 de dezembro, Lula e Chico Buarque vão jogar futebol no campo do MST em Saquarema. Pedro Stédile certamente estará presente.

 

O programa da reforma agrária no Brasil sempre teve como base um fundamentalismo refratário aos dados da realidade. É clara opção preferencial pela atrofia. Com efeito, diminui a produtividade (baixíssima a produtividade nas áreas assentada), desperdiça dinheiro público (quando não é roubalheira descarada) que poderia minorar problemas sociais, traz insegurança jurídica, exaspera tensões sociais, favorece fuga de capitais do campo. Tal política, xodó da esquerda e do progressismo das sacristias, se não for desinfetada zelosamente com o confronto da realidade, assepsia permanentemente necessária para quem acha que ele ajuda os pobres, continuará a provocar tragédias pelas décadas na frente,  pobrezas, exclusões e regressões sociais.

 

Vou lembrar dois exemplos. o IPEA em relatório informou que até 2011 já haviam sido gastos 7,6 bilhões de dólares no programa. Até hoje? Não achei o número amazônico. Se essa montanha de dinheiro tivesse sido aplicada em programas sociais de verdade (escola, saúde, infraestrutura), muito melhor estaria a situação dos pobres e da economia no Brasil.

E temos ainda a considerar os gastos gigantescos com o INCRA, 30 superintendências, funcionários, viagens etc.

 

O site do INCRA informa quanto já foi gatunado [desapropriado] assim ao longo de mais de 50 anos. 87.953.588 milhões de hectares [879 mil km2], área muito maior que a Bahia e o Rio Grande do Sul somados, muito mais do que o agronegócio brasileiro usa para nos colocar na dianteira do mundo na agricultura e pecuária. Segundo dados de 2017, o Brasil utiliza 63.994.479 hectares para agricultura.

 

Vou continuar no site do INCRA e reproduzir aqui um objetivo da entidade: “em relação aos beneficiários, a atuação do Incra no campo é norteada pela promoção da igualdade de gênero”. É isso, a ideologia de gênero, combatida oficialmente, está colocada pelo INCRA como objetivo seu no campo.

 

Lembrei de forma passageira apenas alguns pontos, que a imprensa gosta de esquecer, mas agora divulgo trechos esparsos de artigo do advogado Paulo Márcio Dias Mello no Consultor Jurídico (8 de dezembro de 2019 – íntegra no site) que põe a nu a bagunça com que se tocam as coisas no Brasil. O título do trabalho já é evidência do descalabro “O INCRA não existe, é uma autarquia fantasma”. Continua o advogado: “o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária não existe como autarquia federal, dotada de personalidade jurídica própria, há mais de 32 anos. O Incra foi criado pelo artigo 1º do Decreto-lei 1.110, de 1970 como entidade autárquica. Em 21 de outubro de 1987, o Instituto foi extinto pelo decreto-lei nº 2.363/1987, sendo criado, no seu lugar, outra autarquia, o Inter – Instituto Jurídico de Terras Rurais. O decreto-lei 2.363/1987 encontrava-se em tramitação no Congresso Nacional, quando foi promulgada a Constituição de 1988, que atribuiu competência diretamente à União, em seu artigo 184, para ‘desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária’. A regra do §1º, I, do art. 25 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias: § 1º Os decretos-lei em tramitação no Congresso Nacional e por este não apreciados até a promulgação da Constituição terão seus efeitos regulados da seguinte forma: I - se editados até 2 de setembro de 1988, serão apreciados pelo Congresso Nacional no prazo de até cento e oitenta dias a contar da promulgação da Constituição; II - decorrido o prazo definido no inciso anterior, e não havendo apreciação, os decretos-lei ali mencionados serão considerados rejeitados’. Assim, o decreto-lei nº 2.363/1987 foi rejeitado expressamente pelo Congresso Nacional pelo Decreto Legislativo nº 2/1989. O Decreto Legislativo teve, portanto, dois efeitos: confirmar a extinção do Incra e promover a extinção do Inter. Os atos praticados pelo ‘Instituto’ durante todos esses anos são eivados de vício. O INCRA é entidade fantasma”.

 

Alguém imaginava essa? Cabe aos especialistas do Direito Constitucional e do Direito Administrativo resolver o caso que bem podia acabar com fantasma que assombra o Brasil. Menos um. E com ele a esdrúxula função social às avessas com a qual convivemos há tantas décadas.

 

 

 

PÉRICLES CAPANEMA - é engenheiro civil, UFMG, turma de 1970, autor do livro “Horizontes de Minas"

 



publicado por Luso-brasileiro às 11:06
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JOSÉ RENATO NALINI - A NOBREZA INTRÍNSECA DE PAULO BOMFIM

 

 

 

 

 

 

 

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Sintoma explícito de que a Humanidade cai de nível é a impossibilidade de se produzir outro exemplar da espécie que se possa comparar a Paulo Lébeis Bomfim.

Não falo de sua poesia que jorrou incessante por décadas, levando-o a conquistar por eleição o título de “Príncipe dos Poetas Brasileiros”, sucedendo a Guilherme de Almeida e a Olavo Bilac. Nem penso em sua fabulosa memória, capaz de recordar nomes inteiros de família, linhagem, origem, datas e estórias. Nem no seu fervor cívico, a defender São Paulo com galhardia e entusiasmo.

Tudo isso era Paulo Bomfim. Mas muito mais, para quem teve o privilégio de conviver com ele.

Conheci-o já poeta consagrado e eu, humilde redator de jornal do interior. Concedeu-me idêntica atenção àquela dispensada a figurões e a celebridades. E assim foi sempre, comigo e com os demais.

Polido, gentil, cordial, caloroso, profundamente simpático e de uma generosidade sem igual.

Quando nos é dado conviver com pessoas que se aproximam dos cargos e das funções, as quais encerradas, mostram a verdadeira face dos aproveitadores dessas efêmeras gloríolas, mais reverenciamos Paulo Bomfim. Ele sempre foi capaz de identificar a condição do que chamava “elite de alma”. Nunca foi cortejador dos poderosos. Quando detectava qualidades pessoais em qualquer ser humano, passava a cultivar uma amizade verdadeira. Não só preservava as amizades. Zelava por elas, regava com carinho e com a fidalguia de atenções hoje inexistentes na barbárie que regula os relacionamentos por interesse.

Incapaz de criticar ou de condenar semelhantes. Sempre encontrava um aspecto de excelência a ressaltar, ainda que o modelo não o facilitasse. Comprava as lutas de seus amigos. Leal e solidário, companheiro fiel, amigo de verdade.

Pude aquilatar todas as virtudes de Paulo Bomfim durante praticamente toda a minha vida funcional. Esteve ao meu lado quando perdi meu irmão, René. Depois quando partiu meu pai, Baptista. Participou de todos os aniversários de minha mãe, Benedicta, para quem escreveu bela página, quando completou 80 anos.

Foi meu Chefe de Gabinete na Presidência do Tribunal de Justiça, entre 2014 e 2015. Quando deixei a Magistratura, ao contrário de tantos, mostrou-se ainda mais presente. Insistia em que eu almoçasse todos os dias em sua casa, saliente a compensação pelo desaparecimento daqueles que perseguem qualquer espécie de autoridade e, fiéis discípulos da tática das homenagens, continuam a envolver os cargos, nunca atentos às pessoas.

Devo a ele muito do que sou. Aprendi a respeitar o próximo. A relevar as falhas. A perdoar. A tentar exercer a missão de tornar o mundo menos amargo, menos cruel e menos decepcionante.

Atribuo a ele o privilégio honroso e imerecido de integrar a Academia Paulista de Letras. Meu eleitor e cabo eleitoral nas duas vezes em que disputei. Tentando suceder a Odilon da Costa Manso, a cuja família me afeiçoara por inúmeras razões, quando perdi para Paulo José da Costa Júnior e na segunda vez, quando sucedi a Duílio Crispim Farina.

Era um acadêmico empenhado em fazer da Instituição aquela “Casa de bom convívio” acolhedora da diversidade e destinada ao florescimento do estudo, do aprimoramento contínuo, do debate e do diálogo civilizado.

Ainda recentemente, propus a ele escrevermos juntos algo como o “Anedotário da Academia Brasileira de Letras”, de Josué Montello, aplicado à nossa Academia Paulista. Havia aceito, porque não sabia recusar uma intimação de amigo. Teria sido uma obra esplêndida, tamanho o acervo de estórias, de curiosidades, de folclore que envolve o convívio dessa Casa que tem 110 anos e de que foi Decano por 56 anos!

 

 

JOSÉ RENATO NALINI é Presidente da ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS, devedor insolvente da excelsa generosidade de PAULO BOMFIM.

 

 

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JORGE VICENTE - DESTINO...

 

 

 

 

 

 

 

 

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JORGE VICENTE    -   Fribourgo, Suiça



publicado por Luso-brasileiro às 10:47
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FELIPE AQUINO - 5 RAZÕES PARA SE ANIMAR A IR À MISSA TODOS OS DIAS

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O preceito da Missa dominical é essencial na vida de todo católico, mas ainda é mais proveitoso participar da Eucaristia todos os dias, como muitos grandes santos fizeram ao longo da história.

Em um artigo publicado no jornal ‘Catholic Herald’, Pe. Matthew Pittam, sacerdote da Arquidiocese de Birmingham (Inglaterra), refletiu sobre a importância de participar da Eucaristia todos os dias.

O sacerdote recordou as palavras de São Bernardo de Claraval para definir a importância da Missa: “Gganha-se mais assistindo a uma única Santa Missa do que distribuindo a fortuna aos pobres e peregrinando a todos os santuários mais sagrados da cristandade”.A seguir, confira 5 razões propostas por Pe. Pittam para participar da Missa diariamente:

 

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  1. Crescer na fé

Pe. Pittam indicou que é correto e importante participar da Eucaristia no domingo, mas a Missa diária “é um testemunho silencioso da necessidade de ter uma fé que se prolonga por toda a semana e em toda a nossa vida”.

“Só com a Missa dos fins de semana, estamos reforçando a ideia de que só é possível ser católicos de domingo. A dimensão espiritual de tudo isso não deve ser subestimada”, advertiu.

 

Leia também: A missa como sacrifício

8 dicas para aproveitar melhor a missa

Viver os quatro fins da Missa

O sentido da Santa Missa

O Valor da Santa Missa

 

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  1. É o coração da paróquia e da Igreja

Pe. Pittam assinalou que a Missa diária é “como o pulsar do coração da vida da paróquia” e os que participam, embora sejam poucos, “são os que fazem com que a Igreja siga em frente”.

O sacerdote citou como exemplo a sua própria paróquia, onde os que participam diariamente da Missa são “as pessoas que eu posso chamar se preciso fazer alguma coisa”.

“Eles são os que limpam a igreja, ajudam na programação da catequese, organizam os eventos e administram as finanças. Eles também são os que mantêm a igreja com a sua contribuição econômica e com o seu apoio”, referiu.

 

  1. Sustenta a comunidade

A Missa diária também tem um papel importante na comunidade paroquial porque, segundo Pe. Pittam, esta une os fiéis.

Inclusive nos momentos de oração, antes e depois da Eucaristia, como por exemplo a oração das laudes ou a adoração ao Santíssimo Sacramento.

Além disso, “a Missa diária sustenta e ajuda os fiéis a crescer em sua fé. A Missa diária também os ajudou a desenvolver sua relação com a comunidade”, expressou.

Embora somente a metade da paróquia participe da Missa diária, para o presbítero, “eles proverão de um firme fundamento de oração no qual a vida da comunidade é construída”.

“Estas celebrações silenciosas e modestas são um tesouro que nos arriscamos a perder em detrimento de toda a vida da paróquia”, sublinhou.

 

Assista também: Algumas pessoas acham a missa chata. O que podemos fazer para que entendam o sentido da Santa Missa?

 

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  1. É um gesto de acolhida em momentos difíceis

Pe. Pittam indicou que as pessoas começam a frequentar a Missa todos os dias quando passam por momentos de crise, como uma dor ou a perda de um ente querido. Recordou que uma mulher começou a participar da Missa diariamente depois da morte do seu pai.

 “Ela não era uma paroquiana durante a semana, mas começou a vir porque sabia que estávamos ali e que naquele momento de necessidade Jesus estaria presente através do sacramento”, contou.

“Há algo na Missa diária que nos mostra que a Igreja está disponível para nós. Por isso, tem consequências missionárias”, expressou.

 

  1. Forma futuros líderes

O sacerdote assinalou que a Missa diária faz parte da formação de muitos líderes paroquiais e colaboradores.

“O que substitui esta oportunidade nas paróquias se já não houver uma celebração diária ou que se compartilha em vários centros?”, perguntou.

 

Fontehttp://www.acidigital.com/noticias/5-razoes-para-se-animar-a-ir-a-missa-todos-os-dias-76373/

 

 

 

FELIPE AQUINO   -      é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br Twitter: @pfelipeaquino

 

 

 

 



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PAULO R. LABEGALINI - OS BONS AMIGOS DE CADA ÉPOCA

 

 

 

 

 

 

 

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Uma senhora estava molhando o jardim de sua casa quando foi interpelada por um garotinho de 9 anos, dizendo:

- Dona, tem pão velho?

- Se está com fome, posso dar um jeito. Onde você mora?

- Depois do zoológico.

- Bem longe daqui, hein? Você está na escola?

- Não. Minha mãe não tem dinheiro para comprar material.

- E seu pai, mora com vocês?

- Já faz tempo que ele sumiu!

- Antes do pão, quero que você me conte um pouco de sua vida, de seus irmãos...

E o papo prosseguiu. A bondosa senhora jogou água nos pés do menino, deu-lhe uma toalha para se enxugar e sentou-se alguns minutos ao seu lado. Depois, disse-lhe sorrindo:

- Vou buscar alimento. Serve pão novo?

- Não precisa, não. A senhora já conversou bastante comigo, isso é suficiente. Vou andando e volto amanhã. A que horas a senhora estará aguando estas plantas novamente?

A resposta caiu como um raio. Ela teve a sensação de ter absorvido toda a solidão e a falta de amor daquela criança sem sonhos, sem comida, sem escola e tão necessitada de uma conversa amiga. Deu-lhe um abraço e pediu que voltasse no dia seguinte, às nove da manhã, para tomarem café juntos.

Que poder mágico tem o gesto de falar e ouvir com amor, não? Por acaso, você já ouviu isto de alguém: ‘Não preciso de mais nada hoje. Já conversou bastante comigo, isso é suficiente’? Há quanto tempo você sabe que os pobres só ganham pão velho? Apenas o ‘pão de amor’ não fica velho, porque é fabricado no coração de quem acredita Naquele que disse: "Eu sou o pão da vida!"

Bem, voltando à história, assim que o menino pobre veio para tomar café, a senhora contou-lhe um pouco de sua própria vida, assim:

“Quando eu era muito jovem, minha mãe me perguntou qual era a parte mais importante do corpo. Eu achava que o som era muito importante para nós, seres humanos, então eu disse: ‘as orelhas, mãe’. Ela discordou: ‘Não, muitas pessoas são surdas. Mas continue pensando sobre este assunto que em outra oportunidade eu volto a lhe perguntar’.

“Algum tempo se passou até que minha mãe me questionou outra vez sobre aquilo. Desde que fiz minha primeira tentativa, eu imaginava ter encontrado a resposta correta, assim, dessa vez eu lhe disse: ‘Mãe, a visão é muito importante para todos, então, deve ser os olhos’. Ela falou: ‘Você está aprendendo rápido, mas a resposta ainda não está correta porque há muitas pessoas que são cegas’.

“Pensei: ‘Dei mancada novamente!’ Continuei minha busca ao longo do tempo, minha mãe me perguntou em várias outras oportunidades e, sempre que eu opinava, sua resposta era a mesma: ‘Não, mas você está ficando mais esperto a cada ano’.

“Então, um dia, meu avô morreu. Todos choravam. Até mesmo meu pai chorou! Eu me recordo bem porque tinha sido apenas a segunda vez que eu o via chorar. Quando fui dar o meu adeus final ao vovô, minha mãe olhou para mim e me perguntou: ‘Você já sabe qual a parte do corpo mais importante?’ Eu fiquei meio chocado por ela me fazer aquela pergunta naquele momento! Eu sempre achei que era apenas um jogo entre ela e eu.

“Observando que eu estava confusa, ela me disse: ‘Esta pergunta mostra como você viveu realmente a sua vida. Para cada parte do corpo que você citou no passado, eu lhe disse que estava errada e lhe dei um exemplo que justificava. Hoje é o dia que você necessita aprender esta importante lição’.

“Então, ela me olhou de um jeito que somente uma mãe pode fazer. Eu vi lágrimas em seus olhos quando disse: ‘Minha querida, a parte do corpo mais importante é o seu ombro’. Eu estranhei e lhe perguntei: ‘Porque eles sustentam minha cabeça?’ Ela respondeu: ‘Não, é porque pode apoiar a cabeça de um amigo ou de alguém muito amado que chora. Todos precisam de um ombro para chorar em algum momento da vida! Eu espero que você tenha bastante amor, amigos e que tenha sempre um ombro para chorarem quando precisarem’.

“Então, eu descobri que a parte do corpo mais importante não é indiferente à dor dos outros. Portanto, meu querido amiguinho, nunca se esqueça disso: ‘As pessoas se esquecerão do que você disse, se esquecerão de muita coisa que você fez, mas nunca se esquecerão de como você as amparou’. Os bons amigos são como estrelas: você nem sempre as vê, mas sabe que sempre estão lá.”

Agora, leitor(a), reflita comigo:

Não é verdade que, no jardim da infância, a ideia de um bom amigo era a pessoa que segurava a sua mão quando passavam por lugares que davam medo? No primário, o grande amigo não era a pessoa que dividia o lanche quando você esquecia o seu? E no ginásio, o bom amigo não era aquele que ajudava a enfrentar o fortão da escola? Os critérios vão mudando...

Talvez, hoje, sua ideia de um bom amigo seja a pessoa que lhe passa confiança, desfaz planos para arranjar tempo para você, ajuda a consertar seus erros, sorri quando você está triste e, acima de tudo, ama você de verdade! Tudo isso se resume no ‘ombro amigo’, certo?

Portanto, entre seus amigos, coloque sempre em primeiro lugar aquele que lhe dá ‘pão novo’... aquele que lhe oferece os dois ombros... aquele que lhe entrega o coração... aquele que se faz pobre à sua porta... Jesus Cristo! Quem o conhece, não o troca por outros jamais.

 

 

 

PAULO ROBERTO LABEGALINI - Escritor católico. Vicentino de Itajubá - Minas Gerais - Brasil. Professor Doutor do Instituto Federal Sul de Minas - Pouso Alegre.‘Autor do livro ‘Mensagens Infantis Educativas’ – Editora Cleofas.

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HUMBERTO PINHO DA SILVA - DESCOBRIR UM PORTUGUÊS, EM PORTUGAL

 

 

 

 

 

 

 

 

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Afazeres profissionais, levaram-me à cidade de Aveiro. Terra de moliceiros e ovos-moles.

Fui de comboio, que ia repleto de passageiros e malas. Levava comigo pequeno saco de viagem, com muda de roupa e objectos de higiene.

Diante de mim, senhora, já idosa, de cabelos aloirados, sentou-se junto da janela. Na mão trazia subscrito e papéis dobrados em quatro.

Deu-me os bons dias, num português macarrónico, de timbre italiano. Rapidamente soube, que era de origem alemã, mas conhecia um pouco de italiano.

Para manter conversa, perguntou-me se era italiano ou espanhol, como lhe responde-se: que era português, mostrou expressão de espanto:

- Mesmo português?! …

- Sim: português do Porto. Nascido e criado nessa cidade…

- Não parece! … Há tão poucos! … – Disse-me, atónita, em italiano pouco inteligível.

Esse encontro e conversa comboiana, fez-me recordar: realmente é difícil ouvir falar português, na baixa portuense. Na Rua de Santa Catarina, o pouco português, que se pode escutar, quase sempre, tem sotaque carioca.

Certa ocasião, ao ler crónica, numa publicação lisboeta, o autor comentava que fora ao Bairro-Alto, e pensara, que ele é que era o turista; só ouvia palavras estrangeiras! …

Recomendava o cronista, que o Departamento de Turismo, colocasse nas ruas dos bairros típicos portugueses, para os turistas poderem escutar o linguarejar lisboeta…

O turismo é vantajoso, para o nosso País: traz-nos preciosas divisas. Mas, o excesso, incomoda…

Todos ficamos satisfeitos que nos venham visitar, e fiquem encantados com a hospitalidade (já no séc. XVIII, José Gorani, dizia: “ os portugueses eram gentis e hospitaleiros” - “Portugal”, Editorial Àtica, 1955)

É bom para o comércio e hotelaria. Os nossos preços, em regra, são baixos, comparados com os da Europa; portanto favorece o turismo. Além de criar emprego, na maioria temporário.

Mas, que os portugueses considerem-se estrangeiros, na sua própria terra, parece-me demais! …

A senhora, que viajou, comigo, para Aveiro, admirou-se que fosse português!

- “ É tão raro encontrar um, em certas ruas e certos restaurantes! …”

Serão poucos?; ou as pensões e os vencimentos, não permitem que frequentem certas ruas e certos restaurantes?

 

 

 

HUMBERTO PINHO DA SILVA   -   Porto, Portugal



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EUCLIDES CAVACO - TEMPO DE QUARESMA

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



Com o intento de acompanhar sempre a actualidade, aqui partilho hoje este tema apropriado para o tempo de quaresma.
Veja neste registo videográfico do talentoso amigo Afonso Brandão.

 



https://www.youtube.com/watch?v=I5TA-MkBDSc&feature=youtu.be

 

 

Desejos duma magnífica semana.
 
 
 
 
 

EUCLIDES CAVACO  -   Director da Rádio Voz da Amizade , Canadá.

 

 

 

 

***

 

 

 

NOTICIAS DA DIOCESE DO PORTO

 

 http://www.diocese-porto.pt/

 

 

NOTICIAS DA DIOCESE DE JUNDIAÍ - SP

 

 

 https://dj.org.br/

 

***

 

 

 

Leitura Recomendada:

 

 

 

 

 

Resultado de imagem para Jornal A Ordem

 

 

 

 

 

Jornal católico da cidade do Porto   -    Portugal

 

Opinião   -   Religião   -   Estrangeiro   -   Liturgia   -   Area Metropolitana   -   Igreja em Noticias   -   Nacional

 

 

https://www.jornalaordem.pt/

***

 

HORÁRIOS DAS MISSAS NO BRASIL

 

 

Site com horários de Missa, confissões, telefones e informações de Igrejas Católicas em todo o Brasil. O Portal Horário de Missas é um trabalho colaborativo onde você pode informar dados de sua paróquia, completar informações sobre Igrejas, corrigir horários de Missas e confisões.



https://www.horariodemissa.com.br/#cidade_opcoes 

 

***

 

 



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Sexta-feira, 21 de Fevereiro de 2020
JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI - O CARNAVAL MUDOU. MAS AINDA PERMANECE IMPORTANTE PARA OS BRASILEIROS

 

 

 

 

 

 

 

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             O carnaval é tido como espetáculo folclórico, diversão popular e até catarse coletiva, existindo inúmeras palavras ou expressões que o definem. O fato é que em alguns países, como o Brasil, tornou-se uma grande festividade nacional e popular. Historiadores e sociólogos não têm uma única teoria para explicar a importância que ele passou a ter para os brasileiros, mas todos concordam que ele promove uma ruptura provisória da hierarquia social, com ricos e pobres, homens e mulheres, adultos e crianças transgredindo ou dissolvendo símbolos de gênero, poder ou classe. No entanto, ele sempre teve beleza poética, exibições artísticas e riqueza rítmica.

Além do mais, durante muitos anos serviu como instrumento de demonstração de cidadania e de participação, possibilitando aos foliões,  através de marchas, fantasias e outros aspectos típicos criticarem a sociedade em geral, principalmente as atitudes negativas de alguns políticos e protestarem contra determinadas situações. Nessa trilha, transcrevemos trecho de editorial do jornal “A Tribuna” de Santos (04.02.2008-A2): “Para além do simples divertimento descompromissado, que constitui a sua verdadeira essência, no Carnaval, alguns aspectos a destacar. Um deles são as manifestações do senso crítico da população. Desde os seus primórdios, o Carnaval serviu para extravasar sentimentos coletivos, seja na forma da critica dos costumes, seja como expressão de desagrado em relação ao establishment e aos seus barões. A ferroada ferina, mordaz, implacável, a exacerbação do ridículo dos fatos e das pessoas, notadamente das pessoas poderosas ou que estejam em evidência, sempre foi uma das marcas registradas da folia...”.

O antropólogo Roberto DaMatta, autor de  “Carnavais, Malandros e Heróis”, publicada em 1979, coloca o período carnavalesco como um ritual de inversão de papéis, ou seja, no cotidiano o Brasil é um universo dividido entre o mundo da rua – baseado em leis universais, numa burocracia antiga e fortemente ancorada e num formalismo legal-jurídico quase absurdo – e o mundo da casa – fundado na família, na amizade, na lealdade, na pessoa e no compadrio. No reinado de Momo,prevalece um estado de que vale quase tudo. Na visão do  saudoso Darcy Ribeiro, “o nosso povo é tão sacrificado,  que alenta e comove a todos” e que manifesta uma “inverossímil alegria e espantosa vontade de felicidade”.

Atualmente, no entanto, essa fusão de mundos, talvez seja válido ainda nos lugares onde o Carnaval é tão forte quanto intenso, levando todos às ruas, como no Recife, Olinda ou Salvador. Em outros lugares, prevalece só o espetáculo, destinado à contemplação, como nos desfiles do Rio de Janeiro. O Carnaval está se transformando num período de descanso – um feriado prolongado, como tantos outros – onde, quando muito, se assiste aos desfiles das escolas de samba pela televisão, numa nítida constatação que estamos perdendo esse pequeno espaço de superação das desigualdades.

Por outro lado, a sociedade se transforma a cada geração, incorporando novos hábitos às tradições que se modificam ao sabor das novidades e da forma como as pessoas se relacionam. Cabe a cada grupo determinar as vantagens de estabelecer comunicação em todos os níveis, respeitando-se os limites do bom senso e da convivência saudável. Efetivamente mudou o Carnaval e talvez nós tenhamos mudado também. Alguma coisa se perdeu e como não foi dado conta, pelo gradativo da alteração, não houve como reaver. Ainda que as tentativas de resgate sejam válidas, importantes. Na década de 70, sem que diminuísse sua força, a marcha carnavalesca, ora fazendo críticas aos políticos e aos costumes, foi deixada de lado pelos grandes meios de comunicação como o rádio e a televisão.

Outro aspecto que o diferencia no presente é o significado exacerbadamente econômico que prevalece no Carnaval. É uma gigantesca engrenagem que se movimenta pelo País inteiro, a estimular negócios e a gerar empregos e renda para não pouca gente, deixando bastante de lado o simples divertimento descompromissado, que se constitui a sua verdadeira essência. E apesar de todas essas circunstâncias, de um jeito ou de outro, que fique um pouco de Carnaval em nossos corações e que aquela infantilidade gostosa de outrora não se perca de vez.

                       

 

JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é adgovado, jornalista, escritor e professor da Faculdade de Direito do Centro Universitário Padre Anchieta de Jundiaí. Ex-presidente das Academias Jundiaienses de Letras e de Letras Jurídicas (martinelliadv@hotmail.com)



publicado por Luso-brasileiro às 14:45
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CINTHYA NUNES - ENSAIEI MEU SAMBA O ANO INTEIRO

 

 

 

 

 

 

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            Era quase véspera de Carnaval outra vez e os blocos da cidade se preparavam para a festa de Momo. No rádio um sambinha antigo embalava a tarde quente e parecia hipnotizar as duas moscas preguiçosas que zanzavam pela cozinha. Não entendia direito, mas sempre chorava quando escutava Benito de Paula cantando Retalhos de Cetim.

            Esse ano faria diferente dos demais. Embora estivesse muito cansada depois de  costurar as fantasias dos mais de cinquenta foliões do Chega de Saudade, havia uma tarefa a concluir. No quartinho que fazia as vezes de ateliê improvisado, havia panos, miçangas e paetês para todo lado. Faltava uma ainda a finalizar. Pegou os óculos velhos, mas imprescindíveis para a tarefa que tinha pela frente e por mais duas horas se dedicou àquela que era a mais importante: a sua própria alegoria.

            Separou as linhas cor de esperança e cada em ponto no tecido aplicou um desejo, um sonho. Escolheu pedras de alegria, aproveitando para costurar um pouco de risos bobos também. Pregou botões de sorte, daqueles que desabrocham quando menos se espera. Eram os últimos, guardados para o seu momento especial. Iria vestida de Futuro

            Dessa vez conseguiria, tinha certeza. Economizara todas suas vontades e até algumas emoções. Toda uma vida tecendo sonhos alheios. Estava velha e cansada, mas ainda tinha forças para uma derradeira tentativa. Havia reunido todos os retalhes, todas as sobras dos outros. Chegara o dia, por fim. De pedaços de uma existência, havia pano para outra vida, mesmo uma que durasse poucos dias.

A noite já se deitara sobre o mundo, especialmente sobre a velha e pequena casinha que dividia com um cachorro igualmente idoso, cego de um olho. Ela pensava sempre em como seria quando até mesmo cachorro a deixasse. Por isso mesmo precisava ousar. Teria que ser capaz de produzir a melhor fantasia, aquela que mudaria seu destino. Primeiras e últimas vezes se confundiriam

            Assim que ficou pronta, colocou-se a admirar sua obra prima. Não tinha dúvidas de que nunca mais seria capaz de semelhante feito, bem como de que não haveria novos carnavais para ela. Esgotara seu estoque de sambas-enredo, derrubara inadvertidamente suas provisões de marchinhas e seu coração não acompanhava mais os acordes ritmados da cuíca e do pandeiro. Após dezenas de horas de exaustivo trabalho, com as mãos em brasa e os olhos  ardentes,  ela soube que seria um desfile único, definitivo.

            Vestiu-se como a um manto sagrado. Pintou o rosto como a um retrato da saudade. Era a imagem do Porvir, o reflexo da espera que se anuncia realizada. Com as pernas ainda vacilantes, ensaiou os primeiros passos. Estava pronta. Fechou as portas do seu passado e arriscou-se pela noite, sambando no ritmo dos sonhos que jaziam dormentes por tanto tempo.

            Foi encontrada na terça-feira de Carnaval, nua, desacordada sobre pilhas de retalhos. Vizinhos relataram que era reclusa há décadas, principalmente depois da morte do cãozinho e de perder os movimentos das pernas ao cair de um carro alegórico. Os médicos não conseguiram determinar a causa, mas foram unânimes em atestar que a pobre não resistiria muito tempo.     

            Na quarta de cinzas ela se despediu, não sem antes desfilar sambando pela última vez, vestida de retalhos de cetim multicor.

 

 

CINTHYA NUNES ,  é jornalista, professora universitária, advogada e às vezes mata seus personagens em alguns Carnavais, mas sempre em legítima defesa – cinthyanvs@gmail.com



publicado por Luso-brasileiro às 14:36
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