PAZ - Blogue luso-brasileiro
Sexta-feira, 20 de Março de 2020
MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE - AMPLIAR A TENDA

Contou-me emocionada, assim que cheguei à entidade, sobre seu sonho da noite anterior. Caminhava por uma mata fechada, de verde escuro com sombras diversas, destituída de flores e frutos. Andava a esmo, inconsciente sobre um porto de chegada. De súbito, veio ao seu encontro um rapaz de fisionomia inexpressiva. Ela, contudo, sabia do que se tratava. O susto a paralisou por instantes. Veio-lhe na mente, porém, que era o dia de ir ao Carmelo São José para a Missa em Ação de Graças pelos 33 anos da Pastoral da Mulher – Santa Maria Madalena e 20 anos da Magdala, nas quais está inserida. Ao se recordar de Nossa Senhora do Carmo, de Santa Teresa d’Ávila, de Santa Teresinha do Menino Jesus, das Irmãs, disse em voz alta: “Creio em Deus Pai!” E enquanto repetia o início do Credo, o menino, aos poucos, perdeu as forças, curvou-se e murchou. Relatou-me impressionada, mais com a realidade do que com a imaginação.
À medida que falava, lembrei-me de parte do que sei de sua história: a fazenda onde nasceu, no lugar em que seus pais eram empregados. A morte prematura deles. O seu tempo de menina, sem infância, colo e escola. A sobrevivência difícil, o abuso sexual infantojuvenil que lhe deixou marcas, o apito do trem que a conduziu a paisagens desiguais, mas que lhe ofereceram o mesmo sabor áspero da meninice. Embora, na atualidade, carregue abalos do passado e do presente também, assim como temores, sabe por quem chamar nas horas de aflição maior: Deus Pai, Deus Misericórdia, Deus da compaixão, Deus Amor, “que faz justiça aos indefesos e aos órfãos”, como diz o Salmo 81(82). A Ele rende louvores.
Naquele dia, 11 de novembro passado, durante a Missa, celebrada pelo Padre José Brombal, as Monjas cantaram: “É tua alma qual um castelo, nela habita Divino Rei./ Aberto e amplo quanto um mundo cheio de segredos... / Como um diamante é o seu brilho, sol interior,/ que a casa enche de luz, o Amado e Bom Jesus!/ Alarga tua tenda: é seu lugar, em ti Deus vem morar!”
Venceu os ogros, que usam corpos dos frágeis para saciar seus instintos bestiais, ao se saber digna de alargar sua tenda para o Senhor habitar.
Bendito seja Deus que, no tempo que é dEle, dispersa os que têm planos orgulhosos no coração, derruba os poderosos de seus tronos e exalta os humildes, conforme encontramos no Magnificat (Lucas1, 51.52).
MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE -
Professora e cronista. Coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher – Santa Maria Madalena/ Magdala. Jundiaí, Brasil.
JOSÉ RENATO NALINI - A HILEIA EM COMBUSTÃO

Foi Alexander von Humboldt (1769-1859), o naturalista alemão que, pela primeira vez, chamou de Hileia a imensa floresta equatorial amazônica, denominação também atribuída àquele patrimônio universal pelo francês Aimé Bonpland (1773-1858).
Pois é esse o tesouro que estamos destruindo, depois de eloquentes acenos de “liberou geral” emitidos por quem está obrigado, pela Constituição da República, a preservá-la para as presentes e futuras gerações.
Agosto de 2019 foi outro mês fatídico para o Brasil. Quase 30 mil quilômetros quadrados daquele bioma irrecuperável foram queimados. Para ser mais exato, 29.944 mil quilômetros quadrados. Para que se tenha uma ideia, isso significa a destruição de uma cobertura vegetal que a natureza ofereceu à humanidade depois de centenas ou até milhares de anos, superior a 3,4 milhões de campos de futebol.
Quem apurou foi o insuspeito INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, cujo responsável foi exonerado, a lembrar a solução do marido traído: queimar o sofá do adultério. Quatrocentos por cento de queimada a mais do que em agosto de 2018.
Quanta bobagem não tem sido repetida e com repercussão nas redes sociais, por aqueles que acreditam nas conspirações, no interesse internacional, no malefício causado pelas ONGs, uma das mais notáveis conquistas democráticas das últimas décadas. O caminho para a cidadania protagonizar a Democracia Participativa, em mais do que urgente substituição de uma Democracia Representativa em estágio terminal.
A Amazônia não é só brasileira. Ela crescia sobre vários Estados. O Brasil, como detentor do maior território coberto de verde, seria aquele de quem se esperaria o melhor exemplo de preservação. Ele chegou a prometer isso. Foi considerado uma promissora experiência de cultura ecológica. Hoje, ostenta um território queimado que nos envergonha e nos coloca na condição de vilões da natureza, perante todas as inteligências terrestres.
Para piorar, além de registrar um número recorde de incêndios, estes foram maiores do que nos anos anteriores. Cada foco representou mais de 800 metros quadrados de destruição por foto. No ano passado, a média fora 580 metros quadrados. O fatídico agosto registrou 30.901 focos, ou 63% do total de bioma dizimado.
Oito meses foram suficientes para superar o total incendiado em 2018. E agosto nem foi o mês mais seco da média histórica. Setembro é que é o pior. Neste 2019, nos seus dois primeiros dias, foram detectados 1.514 focos novos.
É a Hiléia em combustão, cena dantesca e cujas consequências o Brasil lamentará, embora tarde demais. O solo amazônico é insuscetível de regeneração. É composto de areia, porque na pré-história era mar. Areia destinada a ostentar um deserto, num espaço em que a biodiversidade reinava, era exuberante, luxuriosa e preciosa.
Pobre e miserável animal humano, incapaz de racionalidade e de bom senso. Amargará um destino catastrófico, por não se reconhecer parte integrante de uma cadeia vital que, rompida, nunca mais será recuperada.
JOSÉ RENATO NALINI é Reitor da UNIREGISTRAL, docente da Pós-Graduação da UNINOVE e Presidente da ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS – 2019-2020.

CINTHYA NUNES - RENASCIMENTO

Minha ideia inicial era escrever sobre qualquer assunto que não fosse o Corona Vírus, o Covid-19, mas admito que não sou capaz. Não tem se passado um só dia sem que eu me encontre pensando sobre isso tudo, até porque, segundo especialistas, no Brasil ainda não chegamos ao “olho do furação”. Então é realmente impossível escrever sobre qualquer coisa sem parecer alienação ou fuga.
Ao mesmo tempo eu creio que já há muita gente qualificada (e desqualificada também) se manifestando quanto ao momento tão triste, sério e preocupante vivenciado pela população mundial. São tantas recomendações, avisos, alertas, críticas e até deboches, que quase ninguém sabe no quê ou em quem acreditar. Penso que a maior parte das pessoas viva entre o pânico, a negação e a esperança. Assim, quem sou eu para engrossar esse coro, sem qualquer conhecimento médico ou científico?
Proponho, então uma reflexão sobre o que esse tempo tem nos ensinado e quais as lições que poderemos tirar quando isso tudo passar. Antes de mais nada, precisamos acreditar que irá passar. Se voltarmos nossos olhos para China, onde aparentemente o pior já aconteceu, é possível vislumbrarmos uma perspectiva a médio prazo. Há uma luz no fim do túnel, ainda que agora o túnel pareça interminável e escuro demais.
O que mais tenho pensado nesses dias de isolamento forçado tem sido em como deve ser horrível uma situação de guerra. Aqueles de nós que não exercem funções essenciais, como médicos, enfermeiros e policiais entre outros, tem estado em casa, podendo descansar, ler, ver televisão ou simplesmente interagir com aqueles com os quais reside. Muito diferente de viver sob a ameaça de bombas, de fome ou de ataques. E ainda assim, quase todos estamos apavorados, fora de nossa zona de conforto.
Não posso dizer pelos outros, mas de minha parte tenho certeza de que nunca mais serei a mesma pessoa, de que jamais pensarei nas dificuldades e agruras de meus antepassados da mesma forma, com o mesmo distanciamento. Fugiram de guerras, passaram fome, resistiram a muitas doenças e enquanto muitos ficaram pelo caminho, somos o resultado da sobrevivência.
Outro ponto é que no começo a gente tende a pensar que ficar em casa não vai ser tão ruim e de fato não é, mas ter que permanecer distante de quem se ama, da família, sem poder interagir com os amigos, sem poder sair para passear ou mesmo ir tranquilamente ao mercado, à academia ou ao trabalho são privações que começam a pesar, mas que, sobretudo, fazem com que reflitamos sobre o que realmente importa, sobre o quanto as coisas mais simples são aquelas que mais dão significado aos nossos dias.
Agora é hora de manter a calma, apesar de todos os pesares. Tempo de solidariedade, de empatia, de compaixão e de responsabilidade. Que o vírus, quando não nos matar, possa extrair de nossas entranhas o que tivermos de melhor. Que o amor pelo próximo nos possa redimir e salvar nossas almas e corpos. Que a convivência nos reaproxime, permitindo o exercício da tolerância e do cuidado. Que o próximo abraço em nossos familiares e amigos tenha o gosto de quem se reconhece e se sabe valioso.
Acredito que nunca antes, ao menos na história recente, o Mundo todo esteve tão afetado do mesmo modo. Com todas as nossas diferenças, jamais fomos tão iguais e se isso não for capaz de nos ensinar algo importante, é porque realmente estamos mais condenados do que imaginamos.
CINTHYA NUNES - é jornalista, advogada, professora universitária e tem vivido de esperanças – cinthyanvs@gmail.com
VALQUÍRIA GESQUI MALAGOLI - MINHA VAIDADE

Sim, os leio e releio aos atropelos!
Sim, os cultuo, os amo; me alucinam!
Confesso sob os céus que nos encimam:
jamais eu fiz sequer por merecê-los.
Nem sei como me vêm e entre si rimam...
Não sei se pela mão ou pelos pelos...
Derretem as calotas dos meus gelos...
E entre os meus afazeres, enfim, primam.
Só sei que se algo tenho a dar ao mundo
além desse andejar trôpego e imundo
em que ora desanimo ora me arvoro...
isso não será feito por meus braços,
que eles não têm o alcance destes traços:
tão mal traçados versos – que eu adoro!
Valquíria Gesqui Malagoli, escritora e poetisa, vmalagoli@uol.com.br
FILIPE AQUINO - CIÊNCIA E FÉ NA "DISPUTA" QUE MARCA O ÍNICIO DA VIDA

O Dr. Michael Guillen, ex-instrutor de física na Universidade de Harvard e apresentador do programa “De onde veio?”, no History Channel, assinalou que a “faísca” da fecundação encontrada recentemente, que acompanha o início da vida humana, é um novo ponto de encontro entre a fé e a ciência.
Em um artigo publicado na página da Fox News, Guillen explicou que ao seu parecer “as imagens publicadas recentemente por cientistas da Northwestern University de luzes diminutas que assinalam o momento da concepção humana evocam uma verdade maior, de tamanho cósmico, a qual se aderem tanto a ciência como a Bíblia”.
“Pois a própria criação do universo – a mãe de todos os momentos de concepção – esteve igualmente marcada por uma explosão de luz”.
Em um artigo publicado no dia 26 de abril, a Northwestern University informou que cientistas de seu centro de estudos descobriram que “uma impressionante explosão de fogos de artifício de zinco ocorre quando um óvulo humano é ativado por uma enzima do espermatozoide”.
Guillen assinalou que de acordo com a ciência, no momento do Big Bang – a grande explosão que teria dado início ao universo – uma explosão inimaginável de luz acompanhou a criação de hidrogênio e hélio, os primeiros átomos do cosmos embrionário.
“Até hoje, o tênue resplendor dessa luz seminal – o assim chamado fundo de micro-ondas – é visível para certos tipos de poderosos telescópios”, indicou.
Entretanto, continuou, de acordo com a teoria do Big Bang, as coisas não acabaram aí. “Os átomos de hidrogênio eventualmente começaram a se fundir, da mesma forma que acontece em uma bomba de hidrogênio, e – pronto! – novamente, em um resplendor de luz, as primeiras estrelas começaram a existir”.
Essas estrelas, por sua parte, “cozinharam os elementos mais pesados conhecidos até hoje. Inclusive os átomos de zinco que explodem, como fogos de artifício, cada vez que um ser humano é concebido”.
https://youtu.be/b9tmOyrIlYM

Leia também: A Ciência e a fé podem conviver em harmonia?
Estas imagens impressionantes demostram que a vida humana começa na concepção
5 vezes em que a ciência assegurou que a vida começa na fecundação
A ciência pode ser usada para negar Deus?
A harmonia da ciência com a fé
Para o Dr. Michael Guillen, resulta “notável” que “a Bíblia coincida com a ciência em que o universo foi concebido em um paroxismo de iluminação”.
De acordo com o Livro do Gênesis, explicou, “esse evento aconteceu no momento exato em que Deus pronunciou as palavras imortais ‘Faça-se a luz’”.
A Sagrada Escritura outorga um status sagrado à luz, indicou Guillen, pois na primeira carta de João “a luz é identificada com o próprio Criador: ‘Deus é luz, e nele não há trevas’”.
“Os cientistas não usam esse tipo de linguagem, é obvio, mas surpreendentemente, estão de acordo em que a luz definitivamente tem um status transcendente”, assinalou.
Mas isto nem sempre foi assim, recordou o cientista americano, pois Albert Einstein, com sua teoria da relatividade em 1905, revolucionou o conceito da luz que os cientistas tinham até então.
De acordo a Einstein, indicou Guillen, “a luz experimenta uma realidade totalmente diferente da que nós experimentamos”, pois “habita uma realidade de outro mundo onde, entre outras coisas, as leis comuns do espaço e do tempo não se obedecem”.
“Como Deus, a luz transcende as restrições do mundo ordinário, físico”.
Embora relutante inicialmente à proposta de Einstein, atualmente isto “é um componente chave do catecismo científico moderno”, sublinhou Guillen.
“Portanto, assim como a Bíblia, a ciência agora aceita que quando interagimos com a luz, interagimos com algo que está ao mesmo tempo dentro deste mundo, mas não é deste mundo”.
O cientista norte-americano disse que, entre estes encontros com a luz, destacam-se aqueles em que “a luz aparece de maneiras abruptas, que chamam a atenção. Como um momento de criação quando um pouco verdadeiramente especial que não estava aí antes repentinamente começa a existir – tanto um embrião humano, uma estrela ou um universo inteiro”
Fonte: https://www.acidigital.com/noticias/ciencia-e-fe-coincidem-na-disputa-que-marca-o-inicio-da-vida-98194
FELIPE AQUINO - é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br Twitter: @pfelipeaquino
PAULO R. LABEGALINI - A SOLUÇÃO PARA O SEU PROBLEMA

Na mitologia grega, o gigante Procusto convidava pessoas para passarem a noite em sua casa e as colocava para dormir na cama de ferro, mas havia uma armadilha na hospitalidade: ele exigia que os visitantes coubessem com perfeição na cama. Se fossem muito baixos, ele os esticava; se fossem altos demais, cortava suas pernas!
Por mais estranho que isto possa parecer, será que não buscamos soluções ainda piores para os nossos problemas? E o que dizer das pessoas que tentam resolver questões embaraçosas forjando resultados rápidos e fantásticos? Por exemplo:
Certa mulher que acabou de perder o marido foi ao necrotério onde o corpo estava sendo preparado para o velório. Lá, viu que o falecido vestia um terno que não era dele e percebeu que o morto do caixão ao lado estava com a roupa do seu marido. Profundamente ofendida, chamou o responsável e, em meio a muitas lágrimas, apontou-lhe o erro. Assim que a senhora saiu, o gerente do necrotério gritou: ‘Pedrão, troque depressa as cabeças nos esquifes 2 e 3’.
Trata-se apenas de uma anedota de péssimo gosto? Pode ser, mas, insisto, já fizemos coisas piores na vida e muitos ainda o fazem! E se você ficou chocado(a) com estas histórias, lembre-se que a televisão nos mostra reportagens muito mais fortes, como: sequestros de bebês, espancamento de velhinhas, homens-bomba, assassinato dos próprios pais etc. Por que fatos como estes não param de acontecer?
Eu li um relato que serve de explicação para muita coisa que vem ocorrendo:
Uma operária regressava ao lar no final do trabalho noturno. Com a cabeça distante e perdida em problemas, caminhava pelas ruas escuras de seu bairro distante quando, de repente, foi tomada de assalto por um marginal. Assustada, mas incapaz de uma reação mais forte – talvez pelo cansaço do trabalho ou pelo cansaço da alma –, ouviu o rapaz dizer: ‘A bolsa ou a vida’. De pronto, ela respondeu: ‘Qualquer uma das duas, ambas estão vazias mesmo!’
Agora, eu pergunto: ‘É justo deixarmos que a nossa vida se torne tão vazia quanto uma bolsa sem dinheiro? O sentido sagrado da nossa existência não vale nada?’ Sinceramente, não sei qual foi a maior violência da história: o assalto ou a resposta da operária.
Da maneira que a sobrevivência se apresenta injusta e sofrida pra tanta gente neste mundo, é preciso arranjar tempo para se aproximar de Deus, caso contrário, tudo fica sem sentido e uma bolsa velha vale tanto quanto a própria vida! Se não tivermos fé e esperança na salvação, acabaremos concordando com as monstruosidades de Procusto ou com as trocas de cabeças na história do necrotério, não é mesmo?
Santo Agostinho dizia: “A oração sobe e a misericórdia desce”, mas é preciso rezar com fé e diariamente! Muita gente diz que não é atendido nos pedidos que faz ao Céu, mas só reza nas horas de aperto, ou reza sem convicção, ou está manchado de pecados e não se confessa, ou pouco faz para merecer a graça.
Portanto, há soluções para todos os nossos problemas sim, porque o nosso Pai não nos colocou na Terra para nos castigar. Ele tem um plano maravilhoso para cada um de nós que, logicamente, se completará no Céu, desde que obedeçamos os seus Mandamentos. Nada mais justo, já que nós, pais, também fazemos o mesmo com nossos filhos: se nos obedecem, nos alegramos e caminhamos lado a lado; se desobedecem, os repreendemos e procuramos mostrar-lhes o caminho do bem – para que não sofram mais tarde.
Se você concorda que é muito mais fácil preencher um coração com a Palavra do Senhor do que encher uma bolsa com dinheiro, concordará também que tudo pode ser resolvido com paciência, amor e confiança na oração, pois, para Deus, nada é impossível!
E se me disser que acha difícil falar das maravilhas do Evangelho para um irmão sofrido, eu diria que a sua ‘bolsa’ nunca esteve vazia o suficiente para sentir o que ele está sentindo. Ou será que a nossa condição privilegiada de animal racional serve pra tudo na vida, menos para evangelizar?
Você sabia que se colocar um falcão num cercado de um metro quadrado, aberto apenas na parte de cima, apesar de sua habilidade para o voo, o pássaro será um prisioneiro? A razão é que um falcão sempre começa o voo com uma pequena corrida em terra. Sem espaço para correr, nem mesmo tentará voar e permanecerá prisioneiro pelo resto da vida na pequena cadeia sem teto!
O morcego, criatura notavelmente ágil no ar, não pode sair de um lugar nivelado. Se for colocado num piso completamente plano, tudo que ele conseguirá fazer será andar de forma confusa, procurando alguma ligeira elevação de onde possa se lançar.
Um zangão, se cair num pote aberto, ficará lá até morrer ou ser removido. Ele não vê a saída no alto, por isso, persiste em tentar sair pelos lados, próximo ao fundo. Procurará uma maneira de fugir onde não existe nenhuma, até que se destrua completamente de tanto jogar-se contra o fundo do vidro.
Não podemos ser como o falcão, o morcego e o zangão, que atiram-se obstinadamente contra os obstáculos sem perceber que a saída está logo acima. Se você souber de alguém que está como um deles – cercado de problemas por todos os lados –, peça que olhe para cima! Deus é a solução de todos os problemas e nunca deixa de responder àqueles que O procuram: "Clama a mim e responder-te-ei e anunciar-te-ei coisas grandes e ocultas que não sabes" (Jer. 33, 3).
PAULO ROBERTO LABEGALINI - Escritor católico. Vicentino de Itajubá - Minas Gerais - Brasil. Professor Doutor do Instituto Federal Sul de Minas - Pouso Alegre.‘Autor do livro ‘Mensagens Infantis Educativas’ – Editora Cleofas.
HUMBERTO PINHO DA SILVA - O DIABO: O QUE FOI E O QUE É

Certa noite de Outono, em amena conversa com familiar, este, declarou-me, parecendo sincero:
- “Não acredito em muito que me ensinaram. Por exemplo: a existência do Diabo “.
Satanás, não é a figura grotesca, de cornos e forquilha, que os pintores de antanho, representavam, nem as caricaturas dos livros devotos de outrora, cujas vestes são utilizadas, por muitos, no Carnaval e Réveillon.
Lúcifer, durante longo tempo – antes do aparecimento de Adão, – foi “príncipe”, que convivia com o Todo-poderoso, administrando parte do Universo.
Segundo a Bíblia, o Reino do Céu é governado por espíritos, que administram: principados, denominações, tronos e potestades – Col:1,16.
Satanás ocupava lugar de relevo; revoltou-se, porque queria ser semelhante ao Omnipotente. Desceu aos céus inferiores, e desde então, o Cosmo dividiu-se; entrando em conflito.
Por desobediência (pecado), o primeiro homem, a quem Deus concedera livre arbítrio, veio a perder a “imagem” de Deus, ficando com a imagem dos progenitores, e herdeiro do pecado original.
Desorientado, o Homem, procurou e procura na Filosofia e na técnica, o bem-estar, e a paz, perdida por Adão.
Deus enviou, então, o Filho, para chamar o Homem à razão.
O Diabo tentou-O, mas Cristo resistiu:
.-“Vai-te Satanás! Porque escrito está: ao Senhor, teu Deus, adorarás e a Ele só servirás. - Mt.4:10
Lúcifer, desconfiava, mas não estava seguro, ,nessa ocasião, que Jesus era o Salvador.

Cristo, ensinou a única conduta que nos levaria à liberdade plena: ao bem-estar, que gozava o primeiro homem; mas, os homens, apesar, dos extraordinários milagres realizados, e da pureza da doutrina, não O aceitaram: tinham os olhos cerrados e as orelhas tapadas.
Por causa da influência do Diabo, o Homem não consegue libertar-se do Mal (do pecado,) levado pela tentação. Só com o auxílio de Deus é que pode resistir-lhe.
Jean Guitton *, em: “O Trabalho Intelectual”, explica o que é a tentação: “ É estar-se às voltas com uma imagem que se sente que irá agir sobre as nossas glândulas, evidente que uma certa maneira de orientar o esforço para dissipar a imagem corre o risco de a intensificar. O corpo não conhece a diferença entre sim e não. Dizer: “ Não tenho medo, não quero ter medo desta granada” é aumentar imagens que nos são adversas. Não querer tremer nos momentos de medo, aumenta o estremecimento. Irritar para não ceder à tentação é dispor-se a ceder ainda mais depressa. É por isso que se pede ao Pai do Céu para não ser tentado e não para resistir, que é muito difícil.”
O Diabo não está vencido. A Bíblia adverte-nos, que virá o Anticristo (Ap.16,13-Jo:2,18), o falso Messias, que enganará muitos. Fundará nova (a sua) igreja. Avisa, também, para se estar vigiante, porque o Príncipe das Trevas, procurará arrebatar as almas a Deus.
Eis, em suma; o que foi, e o que é, o Diabo. Que existe, não tenho dúvidas, e que continuará a influenciar tudo e todos, provocando o mal que pode. Todos nós o sentimos, e o vemos na nossa vida, e na vida da sociedade.
* - Escritor e filósofo, amigo de Pio XII, Paulo VI e Mitterand. Professor da Sorbonne e membro da Academia de França. Defino Guitton, considerou-o: “O Pascal do nosso tempo.”
HUMBERTO PINHO DA SILVA - Porto, Portugal
EUCLIDES CAVACO - PREVENÇÃO COVID -19 - Poema e voz de Euclides Cavaco

Na minha capacidade poética partilho convosco este meu apelo num momento em que devemos estar todos unidos e solidários.
Vídeo actualizado esta manhã pelo talentoso amigo Afonso Brandão.
Desejos duma magnífica semana.
EUCLIDES CAVACO - Director da Rádio Voz da Amizade , Canadá.
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NOTICIAS DA DIOCESE DO PORTO
http://www.diocese-porto.pt/
NOTICIAS DA DIOCESE DE JUNDIAÍ - SP
https://dj.org.br/
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Leitura Recomendada:

Jornal católico da cidade do Porto - Portugal
Opinião - Religião - Estrangeiro - Liturgia - Area Metropolitana - Igreja em Noticias - Nacional
https://www.jornalaordem.pt/
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HORÁRIOS DAS MISSAS NO BRASIL
Site com horários de Missa, confissões, telefones e informações de Igrejas Católicas em todo o Brasil. O Portal Horário de Missas é um trabalho colaborativo onde você pode informar dados de sua paróquia, completar informações sobre Igrejas, corrigir horários de Missas e confisões.
https://www.horariodemissa.com.br/#cidade_opcoes
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Domingo, 15 de Março de 2020
INFORMAÇÃO OFICIAL SOBRE O COVID - 19 EM PORTUGAL, E CONSELHOS ÚTEIS - Ponto de Situação Actual em Portugal

https://www.dgs.pt/corona-virus/materiais-de-divulgacao.aspx

Últimas Informações
12/03/2020
Comunicado do Conselho de Ministros de 12 de março de 2020
O Conselho de Ministros aprovou hoje um conjunto de medidas extraordinárias e de caráter urgente de resposta à situação epidemiológica do novo Coronavírus – COVID 19.
Leia maisO que é o Novo Coronavírus?
O novo coronavírus, designado SARS-CoV-2, foi identificado pela primeira vez em dezembro de 2019 na China, na cidade de Wuhan. Este novo agente nunca tinha sido identificado anteriormente em seres humanos.
Leia maisComo me posso proteger?
Nas áreas afetadas, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda medidas de higiene e etiqueta respiratória para reduzir a exposição e transmissão da doença.
Leia maisDevo Viajar?
A Organização Mundial da Saúde não recomenda restrições de viagens, comércio ou produtos, de momento e com base no conhecimento atual. No entanto, existem áreas do globo com transmissão Comunitária ativa em que o risco de contágio é elevado.
Leia maisÁreas com transmissão comunitária ativa
Leia mais 
Sexta-feira, 13 de Março de 2020
JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI - CONSUMO CONSCIENTE, IMPORTANTE E NECESSÁRIO

O Dia Mundial do Consumidor teve origem em um discurso feito em 15 de março de 1962 pelo então presidente dos Estados Unidos John Kennedy ao Congresso americano. Naquele dia, ele expressou sua visão sobre os direitos relativos à área: “Por definição, a palavra consumidor diz respeito a todos nós. Ela estabelece um grupo econômico amplo que afeta e é afetado por quase toda decisão econômica pública ou privada. E que, estranhamente, é o único grupo importante, cujas opiniões raramente são consideradas”. Foi a primeira vez que o tema foi discutido formalmente no mundo.
A data foi oficializa 21 anos depois, em 1983 pela Organização das Nações Unidas- ONU e no Brasil, apesar de ter entrado em vigor em 11 de março de 1991 – está completando hoje 27 anos - o Código de Defesa do Consumidor (CDC) foi instituído no país no dia 11 de setembro de 1990, com a Lei nº 8.078. Ele veio regularizar as relações entre clientes e empresas, já que inexistia uma legislação específica sobre o assunto, facultando às empresas até então, estabelecerem suas próprias normas, o que deixava os clientes vulneráveis, respaldados tão somente em orientações jurisdicionais específicas. Foi um avanço e uma grande conquista da cidadania.
Efetivamente todo ser humano é um consumidor real ou em potencial. As pessoas adquirem ou consomem produtos e bens diversos e se utilizam de vários serviços. Por isso se diz que atualmente consumir é uma responsabilidade sem par, porque afeta as relações de trabalho, ecologia e ambiente, relações humanas e empresariais. Comprar algo ou serviço significa, de alguma maneira, chancelar ou não comportamentos, práticas e decisões. Assim, ao mesmo tempo em que está amparado e protegido por uma avançada legislação específica, ele também precisa colaborar no sentido de que ocorra uma conscientização de todos os aspectos e circunstâncias que cercam a situação em geral, reclamando e reivindicando os direitos neste setor.
No mesmo dia 15 de março em 2001, foi criado em nosso país o Instituto Akatu pelo Consumo Consciente. A organização não governamental e sem fins lucrativos tem por missão mobilizar os cidadãos para o uso do poder transformador dos seus atos consumistas como instrumento de construção da sustentabilidade da vida no planeta.
Efetivamente, esse aspecto começa a dar seus primeiros passos, ou seja, nas decisões de compra leva-se em consideração a responsabilidade social das empresas produtoras, verificando se elas estão comprometidas, entre outras circunstâncias, com a preservação do meio ambiente; com investimentos nas comunidades; com a participação de seus funcionários nos lucros e com questões trabalhistas. Nos países desenvolvidos, ele já se constitui numa realidade e influencia diretamente no comportamento das companhias.
Desta forma, ao praticarmos qualquer ato de consumo – compra, uso ou descarto de produtos ou serviços – podemos fazer algo pelos outros, contribuindo para mudar o mundo, tentando impactar positivamente a sociedade e o planeta, através de atos voluntários e cotidianos, tais como o não desperdício de recursos naturais; a aquisição de mercadorias de firmas comprometidas com anseios sociais e ambientais; a preferência pela compra de cooperativas de economia solidária e o uso do que temos até que tenha esgotado a sua vida útil.
De acordo com Helio Mattar, fundador do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, “ao consumirmos com consciência, buscando maximizar os impactos positivos de nossos atos de consumo, estaremos beneficiando a economia, a sociedade ou o meio ambiente e, portanto, fazendo um mundo melhor por meio de nossos atos de consumo. E assim, ao final de cada dia, quando cada um de nós se perguntar sobre o que fez hoje para melhorar a vida dos que sofrem, dos que estão impedidos de se realizarem minimamente como humanos, para melhorar as condições ambientais para que a vida possa continuar em nosso planeta, teremos uma resposta. Teremos consumido com nossa consciência voltada para os outros, e não somente para nós mesmos, tornando o consumo um ato de solidariedade” (Folha de São Paulo, 03.01.2008- A3).
JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é advogado, jornalista, escritor e professor da Faculdade de Direito do Centro Universitário Padre Anchieta de Jundiaí. É ex-presidente das Academias Jundiaienses de Letras e de Letras Jurídicas.
ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOS - ERA ANALFABETO. MAS A ELE RECORRIAM SÁBIOS E LETRADOS

No Brasil celebra–se a 5 de outubro a festa de São Benedito, que tem no centro de Piracicaba, na Rua do Rosário, uma capela erigida em sua honra. Em outros países, é a 4 de abril que se comemora essa festa.
Benedito nasceu na Sicília, por volta de 1526, filho de negros que haviam sido escravos ou que descendiam de outros que o tinham sido.
Ingressou num convento franciscano de Palermo, capital da Sicília, e foi religioso exemplar, primando sempre pelo espírito de oração, pela humildade e pela obediência. Foi, sem a menor dúvida, um observante modelar da regra e do espírito de seu fundador, São Francisco de Assis. Foi favorecido por Deus com o dom dos milagres.
Embora simples irmão leigo e analfabeto, a sabedoria e o discernimento que possuía fizeram com que fosse nomeado mestre de noviços e mais tarde fosse eleito superior do convento.
Atendia a consultas de muitas pessoas que o procuravam para pedir conselhos e orientação segura. Muitos dos seus consulentes eram da nobreza, da alta burguesia ou eram sábios e letrados com formação universitária, mas era ao humilde servo de Deus que todos recorriam em seus momentos de aflição, à procura de uma palavra orientadora.
Tendo concluído seu período como superior, retornou com humildade e naturalidade para a cozinha do convento, reassumindo com alegria as funções modestas que antes desempenhara. E assim, na mais sublime indiferença pela sua própria pessoa, faleceu em 1589, com fama de eminente santidade.
Foi canonizado em 1807 e é um dos padroeiros da cidade de Palermo, no Sul da Itália.
No Brasil, entre os escravos e as pessoas de cor, foi muito difundida sua devoção, geralmente associada à de Nossa Senhora do Rosário, à de Santo Elesbão, Imperador negro da Etiópia, e à de Santa Efigênia, princesa também negra e igualmente etíope.
Ainda hoje, a Imperial Irmandade de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos, sediada no Rio de Janeiro, congrega numerosos descendentes de antigos escravos, numa série de atividades de caráter cultural e beneficente. É dirigida pelos Drs. Aristides Valentim Lobo, Juiz de Nossa Senhora do Rosário, e Roberto Machado Passos, Juiz de São Benedito. Importante iniciativa dessa Irmandade foi a fundação, realizada há alguns anos, do Instituto Cultural D. Isabel I.
De acordo com o convite que recebemos para a solenidade, "o Instituto D. Isabel I tem por finalidade fomentar projetos culturais relacionados ao resgate da memória da Princesa Imperial D. Isabel a Redentora e proporcionar subsídios à manutenção e restauração de tudo quanto se relacione ao período de vida e atuação da Princesa enquanto Regente do Império e, depois, Chefe da Casa Imperial do Brasil".
Também em São Paulo análoga confraria, existente na tradicional Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, no Largo do Paissandu, mantém viva a devoção ao grande São Benedito.
ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOS - é licenciado em História e em Filosofia, doutor na área de Filosofia e Letras, membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e da Academia Portuguesa da História.
MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE - CONSTRUÇÃO

No terreno em que morava as construções eram precárias. No máximo três cômodos para que coubessem todos. No ar, um clima de insatisfação e brigas constantes. Menina ainda, desejava ter, pelo menos, uma casinha de madeira para brincar, com dois andares, móveis, jardineiras... Nos pequenos compartimentos, colocaria seu anseio de liberdade, de um quarto somente seu, de uma sala com mesa e cadeiras, suas histórias e personagens... Manteve-se na intenção.
Era ainda adolescente quando passou a se utilizar do alcoolismo para mascarar as feridas por dentro que insistiam em sangrar. Repetiu, nesse aspecto, a trajetória do pai. A mãe a abominou e a afastou para sempre do convívio e das batidas ternas de seu coração. Nos intervalos entre a bebida e a lucidez precária, dava um passo firme e outro trôpego na tentativa de acertar o rumo. Veio o marido ébrio e os filhos. Um deles se desacertou aos 10 anos, mesmo ela tendo se ajustado. Ofereceram-lhe a roleta russa das drogas como rito de passagem para o mundo adulto. Disse sim em meio aos inúmeros nãos que já ouviu. Caiu no mundo. A mãe teme que, em algum momento, a bala única do tambor do revólver o atinja. Já alcançou tantos que tiveram a vida cancelada.
Os olhos escuros dela contêm em grande parte desesperança, mas sobra ainda uma réstia de luz.
Para criar os filhos, que permanecem, trabalha na separação de sucata em um depósito. Um dia desses, em meio aos materiais, encontrou uma casinha parecida com a que sonhara na infância. Encantou-se. Pediu ao patrão para levar com ela. Limpou da melhor maneira possível e colocou, na pequena sacada do brinquedo, uma bonequinha de pano. Ficou em destaque em sua estante de caixotes.
Dias mais tarde, concluiu que não seria mais o tempo. Tornara-se apenas uma peça de adorno, desfeita de sua imaginação da infância. Doou-a para um projeto que trabalha com crianças. A elas daria a oportunidade de um lugar para habitarem as suas fantasias ingênuas.
Ao se despedir, pode ser impressão, mas todos viram miosótis nos olhos dela.
MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE -
Professora e cronista. Coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher – Santa Maria Madalena/ Magdala. Jundiaí, Brasil.
CINTHYA NUNES - CAOS MUNDIAL ?

Durante minha vida adulta, assim que alguma maturidade me alcançou, tenho buscado viver de forma equilibrada. Nem sempre isso tem sido fácil, sobretudo porque há momentos nos quais as coisas fogem ao controle, ao previsível. Manter a calma e ponderar as opções tem sido um exercício constante e um objetivo a ser alcançado. Nos últimos dias, no entanto, e creio que não apenas para mim, isso tem se tornado bem mais difícil.
As notícias mundiais estão assustadoras. Mais gente doente, mais mortes. Dólar nas alturas, Bolsas nas profundidades. Gente saindo como louca para comprar comida com medo de faltar. Especulação fazendo o preço de produtos como álcool gel ir às alturas. E a maior parte das pessoas sem saber ao certo o que pensar.
Em tempo de mídias sociais somos bombardeados a todo momento com notícias verdadeiras e falsas. O complicado é saber qual é qual. Uma hora não é para desesperar, mas dez minutos depois e já tem um áudio de um Phd em sei lá o que dizendo que é para se desesperar sim. E aí fica o medo de ser otimista e ingênuo demais ou de ser alguém que vai colaborar com a disseminação do caos.
Talvez para quem resida em cidades menores a percepção de tudo isso possa ser um pouco menor, mas amenizada. Em cidades grandes como São Paulo, uma imensa e louca Babel, os fatos são vistos sempre com lentes de aumento. E nem sei se isso é ruim, porque às vezes é a única forma de se enxergar o que é preciso.
Complicado não saber ao certo o que pensar e como agir. Claro que os cuidados básicos como lavar bem as mãos, evitar aglomerações e viagens desnecessárias são indiscutíveis. A cautela é o mínimo para autopreservação. As pessoas precisam também ser responsáveis pelo bem-estar do próximo, evitando a exposição de outras pessoas ao risco do vírus.
Quando vejo a situação na Itália e na China, por exemplo, com quarentena, muitas mortes, falta de abastecimento, superlotação de hospitais, fico imaginando o que eventualmente pode ou não estar para acontecer também aqui no Brasil. Como estaremos daqui a alguns meses? Alguns especialistas apostam em controle da situação dentro de 4 meses. E até lá? Confesso que não sei mesmo o que pensar.
Continuo, como escrevi em texto anterior, com medo da ignorância que pode levar as pessoas ao desespero injustificado, com escassez de mercadorias, por exemplo, por estocagem indevida. Temo igualmente a ganância que já faz preços aumentarem injustificadamente e que vê na crise e no pavor alheio, a chance de tirar vantagens financeiras.
Nessas horas eu me lembro de algumas leituras que fiz envolvendo relatos de períodos pré grandes guerras. O que tinha em comum era o fato de muitos não acreditavam que o pior aconteceria. No momento atual fico imaginando se estamos nesse mesmo lugar de fala. E se estivermos, o que será o melhor a fazer? Particularmente não tenho lá grandes convicções a respeito. Só consigo rezar e torcer para que possamos todos sobreviver a isso.
De outro lado, não consigo deixar de pensar que a humanidade padece de causas auto inflingidas. Mais dia, menos dia, isso iria acontecer. É tanto descaso, tanta destruição, que de forma cada vez mais veloz vamos colhendo, culpados ou não, os amargos frutos das sementes lançadas a esmo. Fica aqui meu desejo de que dias melhores possam vir. Por ora, tentemos não enlouquecer.
CINTHYA NUNES, é jornalista, advogada, professora universitária e no momento luta para não perder a esperança e a sanidade mental – cinthyanvs@gmail.com